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“Mulheridades. Somos muitas, somos múltiplas” foi destaque na 341ª Reunião Ordinária do CNS
Fotos: CNS
As condições vulneráveis das mulheres, principalmente, relacionadas à saúde em diferentes etnias, raças e gêneros foram discutidas durante a 341ª Reunião ordinária do Conselho Nacional de Saúde (CNS), na mesa “Mulheridades. Somos muitas, somos múltiplas.” A discussão foi aberta pela coordenadora da Comissão Intersetorial de Saúde da Mulher (CISMU/CNS), Helena Piragibe, que dividiu a mesa com a adjunta Shirley Morales (CISMU) e as conselheiras do CNS, Ana Lúcia Paduello e Francisca Valda da Silva.
“Há 20 anos a Associação Internacional Maylê Sara Kalí (AMSK) vem crescendo com o apoio do CNS, principalmente, na época mais crítica da pandemia da Covid-19”, destacou Elisa Costa, presidenta da AMSK.
Ela citou as barreiras e o preconceito vivido pelas mulheres do Povo Romani, (popularmente, conhecidos como Povo Cigano) na procura do atendimento à saúde, ao utilizarem suas vestes típicas, por exemplo. Ela reforçou que essa é uma luta constante, já que nem o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) possui dados sobre o seu povo.
O acesso aos relatórios com as atividades de fortalecimento dos direitos e das políticas públicas para os romani podem ser acessados no site da AMSK, inclusive a Política de Apoio à Saúde Integral do Povo Romano, aprovada em 2018, com o apoio do CNS há 20 anos.
A falta de acolhimento pela sociedade às mulheres em situação de rua
As provocações feitas por Joana D’Arc, coordenadora do Movimento de População de Rua do DF, emocionaram a todos, todas e todes pela maneira com que expôs os desafios que a mulher em condições de rua sofre. Joana, que viveu mais de 10 anos nas ruas, destacou os diversos tipos de violência que as pessoas que moram nas ruas recebem, principalmente, as mulheres.
Ela falou dos silenciamentos sofridos quando decidem denunciar as agressões sexuais e verbais vivenciadas, porque ficam expostas a diversas agressões cometidas pela própria polícia, assim como a violação do direito de ter um filho ou filha, cometida pelo estado e sociedade. “São poucos os lugares que a gente ouve falar da saúde da mulher em situação de rua. Eu mesma nunca ouvi nenhuma pesquisa que se aprofundasse no tema para levantar o que esses corpos femininos sofrem na rua”, afirmou Joana.
A necessidade de visibilidade da mulher transexual no SUS
“A gente sabe que o espaço do Conselho Nacional de Saúde vai dialogar e vai ajudar a construir resoluções e políticas que vão contribuir com as causas. Que é um espaço decisório, participativo e de criação e que está muito mais próximo do poder do que as minhas vivências”, comentou Ludymilla Santiago, do Movimento de Travesti e Transexuais do DF (ANAV-Trans), durante a mesa de debates sobre a saúde física e mental da mulher transexual.
Ela abordou ainda os preconceitos e as agressões sofridas por todas as mulheres, em especial, àquelas consideradas à margem da sociedade, mas que na verdade, estão inseridas e fazem parte de uma sociedade patriarcal, machista e misógina.
Outro ponto de reflexão que Ludymilla levou ao pleno foi a discussão sobre um novo ensino médio que não retrata as ancestralidades e a história originária e real da mulher brasileira, principalmente, as pretas, gays, transexuais, pobres e tantas outras que constituem a sua diversidade.
Ascom/CNS