Notícias
CNS
Câncer e Trabalho: SUS terá sobrecarga de tratamentos oncológicos após pandemia, avalia presidente do CNS em seminário
Foto: CNS
O presidente do Conselho Nacional de Saúde (CNS), Fernando Pigatto, participou, nesta quarta (16/03), da mesa de abertura do Seminário Câncer Relacionado ao Trabalho – Desafios e Perspectivas para a Estruturação da Vigilância Nacional, realizado em Brasília.
O evento, promovido pela Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, reunirá até amanhã (17/03) gestoras(es), técnicas(os) e pesquisadoras(es) para debater os caminhos e os desafios para a vigilância relacionada à temática.
Segundo dados do Atlas do Câncer Relacionado ao Trabalho no Brasil: Análise Regionalizada e Subsídios para a Vigilância em Saúde do Trabalhador, publicação que será lançada durante o seminário, o Brasil registrou 3.010.046 óbitos decorrentes de 18 tipologias de câncer, no período de 1980 a 2019.
Oito das tipologias representaram pouco mais de 80% do total de óbitos considerando todo o período de análise, sendo, em ordem de proporção: pulmão (21,13%); mama (12,18%); próstata (10,88%); estômago (10,58%); esôfago (7,52%); fígado (7,43%); leucemia (5,44%) e sistema nervoso central (5,29%).
“Milhões de agentes químicos são lançados no mercado anualmente e não temos avaliação sobre efeitos crônicos, principalmente relacionados ao câncer. Quando falamos de câncer relacionado ao trabalho, estamos falando de agentes químicos, físicos e biológicos, que são totalmente evitáveis. Temos um grande desafio a enfrentar”, avalia a doutora em Saúde Pública Ubirani Barros, que gerencia a área técnica Área Técnica Ambiente, Trabalho e Câncer do Instituto Nacional do Câncer (Inca).
A representante da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) no Brasil, Priscilla Bueno, destacou a importância da Agenda 2030 e dos Objetivos de Desenvolvimentos Sustentáveis (ODS). Entre eles, acabar com a pobreza, assegurar uma vida saudável e promover crescimento econômico e emprego produtivo para alcançar um trabalho saudável e decente para todos.
“Essa iniciativa é fundamental e fortalece os caminhos e compromisso com o tema. Desde a perspectiva local, com base em evidências e especificidades regionais, até o contexto global. É assim que conseguiremos avançar. Vamos seguir trabalhando juntos, pois juntos somos mais fortes”, afirma.
Segundo levantamento realizado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO), ao menos 50 mil pessoas podem ter ficado sem diagnóstico entre 11 de março e 11 de maio de 2021.
“Ainda temos muitas dificuldades para enfrentarmos, inclusive agravadas pela pandemia da Covid-19, como serviços descontinuados ou adiados e atrasos para diagnósticos e tratamentos oncológicos, que estão associados com o aumento da mortalidade”, afirma Pigatto. “É um grande desafio para o SUS e o Controle Social vai enfrentar de forma conjunta com as demais instituições que estão preocupadas com o tema”.
“Esse é um momento ímpar, que a gente traz para melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores e trabalhadoras em todo país”, completa a diretora do Departamento de Saúde Ambiental, do Trabalhador e Vigilância das Emergências em Saúde Pública, Daniela Buosi.
Ascom CNS