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Aprendizados e legado da pandemia para as pessoas com deficiência foram destaques na live do CNS
Foto: CNS
O impacto da pandemia na vida das pessoas com deficiência esteve em debate durante a “live Dia Internacional das Pessoas com Deficiência: Amanhã vai ser outro dia!”, promovida pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS), na terça (06/12).
A live foi promovida pela Comissão Intersetorial de Atenção à Saúde das Pessoas com Deficiência (Ciaspd) do CNS. Segundo o censo realizado em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 23,9% da população brasileira é composta por pessoas com deficiência.
“Nós somos mulheres, homens, pessoas idosas, LGBTI, pessoas vivendo com HIV Aids, negras, pessoas ativas profissionalmente, vivendo em situação de rua, pessoas com doenças crônicas, ou seja, somos sujeitos políticos e vários marcadores nos atravessam”, afirma Vitória Bernardes, coordenadora da Ciaspd, ao reforçar que acessibilidade é direito de todos e instrumento do exercício da cidadania.
Dificuldades
Durante o encontro virtual, Diego Ferreira, diretor do documentário “Pandora: Histórias de vidas, saudades e esperanças”, Luciana Viegas, idealizadora do Movimento Vidas Negras com Deficiência Importam, e Érico Gurgel Amorim, coordenador do GT Deficiência e Acessibilidade da Abrasco, relembraram as dificuldades enfrentadas pelas pessoas com deficiência para sobreviverem à Covid-19.
“No início, nossos direitos quanto à priorização nos grupos de risco foram rechaçados e negados. Somente depois de muita insistência de movimentos sociais, com base nas experiências internacionais e depois que muitos estudos já haviam comprovado que a pessoa com deficiência sofre muito mais exposição à Covid-19, foi que conseguimos conquistar o espaço de grupo de risco”, afirma Érico.
“É extremamente importante se debater raça e deficiência e o quanto essa população é estigmatizada e violentada”, completa Luciana.
Relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que as pessoas com deficiências têm um risco maior de contrair a Covid-19 por diversas razões, entre elas obstáculos à implementação de medidas básicas de higiene, dificuldade de manter o distanciamento social devido às necessidades de apoio, problemas de saúde preexistentes ou até mesmo necessidade de encostar em objetos para obter informações sobre o ambiente ou para se apoiar fisicamente.
Apesar disso, Diego Ferreira relembra que a inclusão da confirmação sobre deficiência na ficha de notificação da confirmação do diagnóstico e óbito pela Covid-19 foi negado pelo Ministério da Saúde. “Eu não compreendi essa negativa, vi como um desserviço porque em minha pesquisa de doutorado nós pudemos saber que as pessoas com deficiência morreram em número muito maior”, afirma Diogo.
Documentário
A indignação de Diogo o levou a transformar sua tese de doutorado no documentário “Pandora: Histórias de vidas, saudades e esperanças”, que traz as histórias de seis personagens com deficiência contadas a partir da perspectiva da saudade e da tristeza, ao mesmo tempo que transmite a ideia de esperança.
“Isso nos sustentou no período da pandemia, sabíamos que ia passar, só não sabíamos quando. As pessoas se entregaram a contar suas histórias em meio ao turbilhão de tudo o que estava acontecendo e isso me comoveu muito”, afirma.
17ª Conferência Nacional de Saúde
Vitória Bernardes também cita a 17ª Conferência Nacional de Saúde, que será realizada de 2 a 5 de julho de 2023, que traz o tema Garantir Direitos e Defender o SUS, a Vida e a Democracia – Amanhã Vai Ser Outro Dia.
“Para a gente pensar no amanhã é preciso entender o hoje e na construção deste amanhã também deve estar incluída a perspectiva da pessoa com deficiência, para que não sejamos mais invisibilizados”.
Assista o documentário Pandora: Histórias de vidas, saudades e esperanças
Confira a live pelo Dia Internacional da Pessoa com Deficiência
Ascom CNS