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“Saúde é a aposta do Brasil para o século 21”, diz pesquisador Carlos Gadelha em seminário sobre os desafios para o futuro da ciência
Foto: Lucas Almeida / Nexxto
A importância de investimento em ciência e tecnologia para o desenvolvimento da Saúde e do país foi tema central da mesa redonda virtual Pandemia, Insumos e Estratégias Futuras para o Complexo Econômico-Industrial da Saúde (Ceis). O debate foi realizado pelo Núcleo de Estudos Avançados do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), nesta quinta-feira (23/09), e contou com a participação do presidente do Conselho Nacional de Saúde (CNS), Fernando Pigatto.
Na ocasião, os pesquisadores discutiram o crítico momento que vivemos no Brasil e destacaram que a pandemia escancarou um grave problema que impacta o nosso país: a dependência, vulnerabilidade e fragilidade que atinge o Sistema Único de Saúde (SUS), seja na área da farmoquímica, produção de biofármacos e vacinas, nos hemoderivados, nos equipamentos médicos, de serviços hospitalares, ambulatoriais ou diagnósticos.
“Importamos em torno de 90% dos insumos que utilizamos, somos quase dependentes totalmente da China, Índia e de outros países, que perceberam a importância da área e investiram maciçamente, sem descontinuidade, e souberam coordenar as melhores políticas públicas para obtenção da soberania tecnológica”, afirma o pesquisador e coordenador do núcleo de estudos Renato Cordeiro.
Para os acadêmicos, o momento é de definir estratégias, com parceria da comunidade científica, agências de fomento e fundações de amparo a pesquisa, para o fortalecimento do complexo econômico industrial da saúde, uma vez que a economia mundial caminha para um novo ciclo, com novas biotecnologias, inteligência artificial, robótica, computação quântica, revolução tecnológica preservando o meio ambiente.
“Não conversamos mais sobre desenvolvimento econômico, bem estar social e questão ambiental sem envolver a ciência. Ficou muito claro que hoje a agenda do futuro, da saúde, do bem estar tem de estar vinculada à ciência e tecnologia e inovação. A ciência e o conhecimento são as bases para essa sustentação, o maior risco que podemos ter é a dependência do conhecimento”, completa o pesquisador Carlos Gadelha.
Durante a sua apresentação, Gadelha destacou que a Saúde é um espaço econômico decisivo para o país, um sistema produtivo que mobiliza 9% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, gerando 9 milhões de empregos diretos. “A Saúde é a única chance de o Brasil não ficar para trás no contexto da 4ª revolução tecnológica industrial e garantir os direitos mais elementares à sua população. É a aposta do Brasil para o século 21. Ela está para o século 21 como esteve o aço, o petróleo e o automóvel para o século 20, permitindo o desenvolvimento”, conclui.
Ações do CNS
O presidente do CNS destacou as ações do colegiado para auxiliar no combate à Covid-19 e a importância da participação social na construção de políticas públicas. Em relação à temática discutida no debate acadêmico, Pigatto ressaltou os posicionamentos do CNS pela adoção de estratégias para a aquisição de medicamentos e garantia de acesso à vacinação para toda a população, enquanto estratégia de enfrentamento a pandemia.
Também falou sobre o apoio ao Projeto de Lei nº 1.462/2020, que trata do licenciamento compulsório para tecnologias e insumos necessários para a produção de vacinas contra a Covid-19. Além disso, abordou a atuação do colegiado na ciência, tecnologia e inovação em saúde, destacando as diretrizes e principais estratégias da Política Nacional de Ciência. Tecnologia e Inovação.
“Embora tenhamos aprovado uma política robusta, sabemos que é preciso muito mais. A pandemia evidenciou nossas fragilidades e nossa dependência na produção nacional. A Emenda Constitucional do Teto de Gastos e a incapacidade de alocação de recursos orçamentários por parte do governo federal foram ainda mais acentuados na pandemia”, afirma Pigatto.
Dificuldades e desafios
O respeito à propriedade intelectual, a instabilidade econômica e política, a baixa conversão de conhecimento em inovação, a baixa valorização do pesquisador e universidades com recursos escassos também estiveram entre os temas debatidos no encontro.
Os pesquisadores também abordaram as características das vacinas que estão sendo desenvolvidas no Brasil e o papel das instituições de ciência e tecnologia no país.
A mesa redonda contou com a participação do diretor do Centro de Inovação e Ensaios Pré-Clínicos (Cienp), João Batista Calixto, o professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), Jorge Kalil, e o diretor científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Luiz Eugênio Mello.
Ascom CNS