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Dezembro Vermelho: CNS debate políticas públicas para tratamento de HIV/Aids no Brasil
Foto: CNS
No mês “dezembro vermelho”, o plenário do Conselho Nacional de Saúde (CNS) abriu a sua 327ª Reunião Ordinária, nesta quarta (15/12), discutindo a importância de se fortalecer as ações de prevenção, diagnóstico e campanhas que tratem do HIV/Aids no Brasil.
A reunião ocorre na Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), em Brasília, e conta com a participação de conselheiros nacionais de Saúde online (formato híbrido).
Segundo dados registrados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), de 2007 a 2020, o percentual de casos de infecção por HIV entre os homens totalizava 39,8% decorrentes de exposição homossexual ou bissexual; 31,3% heterossexual; e 1,9% se deram entre usuários de drogas injetáveis. Já entre as mulheres, notou-se que 86,6% dos casos se inseriam na categoria de exposição heterossexual e 1,3% entre usuários de drogas injetáveis.
Com relação à raça/cor, o sistema apontou que 40,1% de infecção por HIV ocorreram entre brancos e 50,7% entre negros. O número de óbitos também é desigual, quando comparado entre brancos e negros: entre 2010 e 2020 houve uma queda de 10,6% dos óbitos em pessoas brancas e um crescimento de 10,4% em pessoas negras.
“Estes números nos mostram como a epidemia é evidenciada no Brasil e desmistifica que HIV/Aids está relacionada à população LGBT, porque não é assim”, afirma o conselheiro nacional de saúde Moyses Toniolo, que representa a Articulação Nacional de Luta contra a Aids (Anaids).
O conselheiro destaca que a epidemia ainda ocorre no Brasil, principalmente devido à falta de diagnóstico. “Se as pessoas não têm diagnóstico, elas não buscam tratamento e estão passíveis de passar para outras pessoas. Portanto, quanto mais a gente aumentar o diagnóstico, menos transmissibilidade do vírus teremos”, avalia.
A promoção de programas específicos, para públicos diferentes, esteve entre as discussões apresentadas pelos conselheiros nacionais de saúde durante a reunião. “A gente também nota um aumento de casos, principalmente, na faixa de idosos acima de 60 anos, homens e mulheres, e entre os adolescentes. São extremos, o idoso que nunca teve contato com preservativo e o adolescente que trata como uma doença crônica”, afirma a conselheira nacional de saúde Ana Lúcia Paduelo, que representa a Associação Superando Lúpus no CNS.
O plenário também abordou a importância do fortalecimento da atenção básica e de campanhas para enfrentar o preconceito e estigma sobre a Aids no nosso país. “Acreditamos que o poder do estigma é subestimado na questão de políticas públicas relacionadas a estas doenças. O Ministério da Saúde precisa incluir nos seus programas esta questão, não podemos subestimar isso. O preconceito ocorre de maneira sutil e discutir isso também é questão de saúde pública”, avalia o conselheiro nacional de saúde Artur Custódio, do Movimento Nacional de Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan).
Ascom CNS