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Profissionais de Saúde: pandemia agravou condições adversas de trabalho
Foto: CNS
“Neste momento de pandemia, as contradições do modo desigual e explorador de como a sociedade se organiza e também das relações de trabalho se agudizam e são explicitadas”. A fala é da conselheira nacional de Saúde pelo Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) Elaine Pelaez, uma das convidadas da mesa virtual que debateu o cenário atual do trabalho em saúde, nesta sexta (30/10). O painel foi promovido pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS) como parte da programação do 14º Congresso Internacional da Rede Unida (Ciru), realizado de 28 de outubro a 1º de novembro.
De acordo com Elaine, este impacto desigual da pandemia fica mais evidente quando, ao mesmo tempo em que dobrou para 270 milhões o número de pessoas em insegurança alimentar – quando o acesso e a disponibilidade de alimentos são escassos -, cresceu a riqueza de bilionários no mundo, atingindo a marca recorde de US$ 10,2 trilhões. Os dados são do Programa Mundial de Alimentos da Organização das Nações Unidas e de pesquisa divulgada recentemente pelo banco suíço UBS e pela PwC, respectivamente.
Para a conselheira nacional de Saúde pela Associação Brasileira de Enfermagem (Aben), Francisca Valda da Silva, mediadora do debate, a situação é agravada pelo cenário de retrocesso e precarização das relações trabalhistas e das políticas públicas. “A pandemia revelou uma situação pré-pandêmica e agravou o crescimento de cidadãos invisíveis no ciclo orçamentário”.
Também mediando o debate, a conselheira nacional de Saúde pela Associação Brasileira de Nutrição (Asbran), Ruth Guilherme ressaltou a atuação do controle social. “Estamos preocupados com todo esse contexto e as recomendações do CNS vem para esse enfrentamento”.
O perfil dos profissionais da saúde
“O trabalhador do SUS [Sistema Único de Saúde] vai desde o segurança das unidades, quem trabalha na limpeza dos serviços, quem produz ciência, investigação e manutenção dos equipamentos. Todas as pessoas que fazem com que o sistema funcione”, definiu a socióloga e sanitarista da Rede Unida, Maria Luiza Jaeger.
A socióloga também destacou a importância do debate sobre a formação dos trabalhadores e trabalhadoras da saúde evidenciada pela pandemia. “A população brasileira sentiu na pele a falta de formação clínica do conjunto de trabalhadores de saúde e a deficiência da de trabalhadores especializados em determinado tipo de atenção como o intensivismo”.
Sobre isso, o coordenador técnico do Departamento Intersindical de Estudos Pesquisas de Saúde e Ambiente de Trabalho (Diesat), Eduardo Bonfim da Silva também destacou o trabalho dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS). “São mais de 260 mil pessoas, em sua maioria mulheres e negras, considerando que estão na porta de entrada do sistema único de saúde, pela atenção básica, e que muitas vezes trabalham sem condições nenhuma, sobretudo nesta pandemia”.
Ascom CNS