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Formação além da sala de aula: CNS e estudantes da Saúde debatem SUS no Assentamento da Invernadinha
Foto: CNS
A luta do movimento rural brasileiro é ampla. Uma das principais pautas para quem vive longe dos grandes centros urbanos é a falta de acesso às políticas de Saúde. Diante disso, o projeto Vivências e Estágios na Realidade do Sistema Único de Saúde (VerSUS), parceria entre Associação Rede Unida e Movimento Estudantil, proporcionou dias intensos de imersão aos futuros profissionais no Assentamento da Invernadinha, situado em Júlio de Castilhos (RS).
No último domingo (26/01), o presidente do Conselho Nacional de Saúde (CNS), Fernando Pigatto, foi recebido pelos estudantes para dialogar sobre a Lei nº 8.142/1990, que dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS). “Estar num domingo à tarde trocando ideias com estudantes em pleno período de férias é a prova concreta de que a defesa do SUS é prioridade também para a juventude brasileira”, disse.
Leandro da Silva, presidente do Conselho Local de Saúde da Estratégia de Saúde da Família (ESF) do Bairro Maringá, em Santa Maria (RS), também discutiu com os estudantes sobre o tema. “O SUS é importante para todo o povo brasileiro. Nesse encontro, eles [os estudantes da Saúde] aprenderam com a gente, mas a gente aprendeu mais ainda, compartilhando a experiência do nosso conselho local”, afirmou.
A enfermeira chefe da ESF Maringá, Sharon da Silva Martins, frisou a necessidade de os profissionais da Saúde ampliarem sua capacidade de escuta às demandas da sociedade. “Fizemos uma roda de conversa sobre controle social. A gente acha bem importante divulgar para os estudantes essa experiência, que está dando certo, no intuito de multiplicar o movimento da participação da comunidade e estimular os profissionais a ouvirem mais. O SUS é para os usuários. Precisamos ouvi-los conforme suas necessidades e não só atuar com prescrições e ordens”.
Vivência além da sala de aula
Muitas vezes, estudantes da Saúde saem de suas formações sem um contato real com a Saúde Pública brasileira, por isso o projeto foi criado. Nesta edição, os 30 estudantes que participam da imersão ao longo de dez dias, junto ao Diretório Central dos Estudantes (DCE), conseguiram recursos com a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) para as atividades. Eles são de diferentes cursos da Saúde em instituições do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, selecionados via edital.
De acordo com Marília Barrios, que está à frente da coordenação do projeto ao lado de outros estudantes, há “pessoas da Psicologia, Terapia Ocupacional, Fisioterapia, Medicina, Enfermagem, Odontologia, Veterinária e outros cursos de fora da área da Saúde como Ciências Sociais, Geografia e Pedagogia”. Em edições anteriores, o projeto já passou por estados como Amazonas, Rio Grande do Norte, Ceará e Maranhão.
Para ela, esse é também um espaço plural de formação cidadã. “Estamos discutindo sobre a conjuntura da Saúde, a importância do controle social, o histórico do SUS, da Reforma Sanitária, dialogando com movimentos sociais do campo, de mulheres, negros e negras, LGBTs. Tudo isso com o objetivo de promover a formação dos futuros profissionais”, disse.
Formação para o Controle Social
Um outro projeto formativo importante é o Curso de Formação para Controle Social no SUS. Realizadas pelo CNS desde de 2017, as oficinas são responsáveis por formar agentes do controle social em defesa SUS, em todo o Brasil. O trabalho é desenvolvido em parceria com Centro de Educação e Assessoramento Popular (Ceap), em diferentes regiões do país.
O objetivo do curso é fortalecer os participantes que atuam na luta pelo Direito Humano à Saúde, como sujeitos sociais que deliberem as políticas, desenvolvendo também o intercâmbio de experiências sobre o controle social no SUS. A promoção de diálogos formativos sobre controle social é mais uma ação da Política Nacional de Educação Permanente para Controle Social no SUS (PPNEPCSS), criada em 2006, após uma série de debates e oficinas.
Sueli Barrios, conselheira nacional de saúde representante da Associação Rede Unida, destacou o caráter transformador de ações do gênero, em especial o VerSUS. “Os estudantes entram de um jeito e saem de outro. Eles veem na prática o SUS acontecendo. O Versus faz uma imersão. Eles vivem no cotidiano o SUS, os serviços , a gestão, o trabalho em Saúde. Veem aquilo que funciona e o que é problema nos diferentes espaços, vivenciam as potencialidades e dificuldades do controle social”, afirmou.
O que é um assentamento?
O assentamento rural é um conjunto de unidades agrícolas independentes entre si, instaladas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) onde originalmente existia um imóvel rural que pertencia a um único proprietário. Cada uma dessas unidades, chamadas de parcelas, lotes ou glebas, é entregue pelo Incra a uma família sem condições econômicas para adquirir e manter um imóvel rural por outras vias.
Assista ao documentário VerSUS
Ascom CNS