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Diversidade religiosa: CNS se une à marcha de abertura do Fórum das Resistências
Foto: CNS
O Brasil é, constitucionalmente, um país laico. Ou seja, a liberdade de culto deve ser garantida a todas as pessoas em território nacional. Porém, o avanço do fundamentalismo e do racismo religioso tem feito o número de ataques às religiões de matriz africana ampliar de 2016 até aqui. Por isso, o Conselho Nacional de Saúde (CNS) participou, nesta terça (21/01), da 12ª Marcha Estadual Pela Vida e Pela Diversidade Religiosa do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre.
O evento também marcou a abertura do Fórum Social das Resistências 2020, que reúne ativistas de várias partes do mundo contra a perda de direitos sociais. Em 2018, com dados do Disque 100, foram mais de 500 ataques a espaços de culto da umbanda e do candomblé. De acordo com Fernando Pigatto, presidente do CNS, é preciso que a Saúde seja compreendida de forma ampla, onde a liberdade de expressão e de culto fazem parte da qualidade de vida.
“A presença do CNS aqui demonstra o caráter diverso do controle social brasileiro nesse momento da história. A democracia, os direitos dos povos de matriz africana e os direitos humanos estão sendo violados. Democracia e Saúde precisam caminhar juntas”. Segundo ele, “estão construindo um cenário onde, intencionalmente, a saúde pública está sendo entregue à saúde privada”, criticou.
Kafelê Medusa, representante do Fórum dos Povos Tradicionais de Matriz Africana, denuncia que os ataques estão aumentando a ponto de ocasionarem, inclusive, assassinatos. “Essa marcha acontece no Brasil inteiro. É nosso direito constitucional. Somos povos seqüestrados da África e mantemos nossa tradição no Brasil. A perseguição aumentou muito de 2016 pra cá”. Ele também relata a dificuldade do registro das denúncias, pois muitas delegacias pessoalizam os ataques sem registrar o crime de intolerância. “Estão recrutando muitos policiais com o fundamentalismo religioso”, disse.
Para Itamar Santos, vice-presidente do Conselho Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul (CES/RS), é preciso mobilização popular para a defesa da diversidade religiosa e de todos os direitos sociais. “A conjuntura mundial mudou drasticamente nos últimos anos. Há uma ascensão evidente do fascismo e do neonazismo, que oprime as religiões de matriz africana, indígena e outras. O Fórum, depois da realização da primeira edição, há 20 anos, mostra que, para termos o poder popular novamente, precisamos nos organizar”. O evento segue até sábado (25/01).
Ascom CNS