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Dezembro vermelho alerta sobre efeitos da pandemia nas políticas para pessoas que convivem com HIV/AIDS
Foto: CNS
No dia 1° de dezembro é comemorado o Dia Mundial de Luta contra a Aids e, por isso, o mês foi escolhido para despertar a necessidade da prevenção, promover o entendimento sobre a doença e incentivar a análise sobre a aids pela sociedade e governos de todo o mundo. Em 2020, ano da pandemia da Covid-19, o Dezembro Vermelho convoca para a reflexão sobre os impactos da crise sanitária nas pessoas que convivem com HIV/AIDS.
O Brasil tem 920 mil pessoas com HIV, segundo dados do Ministério da Saúde, publicados na terça (1/12). Dessas, 89% foram diagnosticadas, 77% fazem tratamento com antirretroviral e 94% das pessoas em tratamento não transmite o HIV por via sexual por terem atingido carga viral indetectável. A pandemia da Covid-19 impactou a estrutura de cuidado e prevenção que sustenta a resposta ao HIV/aids. Como por exemplo as testagens e a continuidade dos tratamentos.
Um levantamento preliminar sobre o impacto da epidemia de Covid-19 nos serviços especializados de HIV/Aids e Tuberculose foi realizado pela Articulação Social Brasileira para o Enfrentamento da Tuberculose (ART TB Brasil), pelo Comitê Comunitário de Acompanhamento de Pesquisas em Tuberculose no Brasil (CCAP TB Brasil), do segmento da Sociedade Civil (SC) da Parceria Brasileira TB (Stop TB Brasil) e da Articulação Nacional de Luta contra a Aids (Anaids). Os dados apontam que 25% dos gestores e 30% dos profissionais de saúde relataram redução na oferta de testagem nos serviços de referência. Além disso, 32% de gestores e trabalhadores em saúde alertam para a redução de testagem nas Unidades de Saúde.
“A todo momento precisamos afirmar que, para além da nossa atual pandemia de Covid-19, estamos caminhando para a quarta década de uma epidemia que precisa de mais ações enérgicas do Estado, da responsabilidade dos governantes em cumprir as metas e também as verbas pactuadas com estados e municípios para enfrentamento das ISTs/Aids em todo os país”, destacou o conselheiro nacional de Saúde pela Anaids, Moysés Toniolo.
A pesquisa também apontou que 56% dos gestores e 57% dos profissionais de saúde afirmam que não mantiveram a rotina de consultas, enquanto 64% dos usuários afirmam que a rotina de consultas não está mantida e 60% informa que já teve algum cancelamento ou dificuldade em agendamento das consultas regulares.
Os dados foram coletados nas cinco macrorregiões brasileiras entre junho e agosto de 2020 e refletem as percepções de três segmentos: gestores, profissionais de saúde e usuários dos serviços de saúde em tratamento para ambos os agravos. O levantamento completo deve ser divulgado em breve.
Para a conselheira nacional de Saúde pelo Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas (MNCP), Evalcilene Santos, é preciso que os prefeitos e as prefeitas eleitos se comprometam com a política para pessoas que vivem com HIV/Aids em seus municípios. “Precisamos fortalecer as reivindicações na garantia de políticas de Aids no Brasil, que já foi referência mundial, e hoje vem sofrendo retrocessos e ataques todos os dias. As pessoas que vivem com HIV/Aids já foram chamadas de despesa pelo governo atual. Isso é vergonhoso para a sociedade brasileira”, destacou.
#EuNãoSouDespesa
Em fevereiro o CNS promoveu a campanha #EuNãoSouDespesa em repúdio às declarações do presidente da república que associou o tratamento de pessoas com HIV/Aids à despesa para o país.
Na ocasião, foram reunidos depoimentos de ativistas, estudantes, aposentados(as), jornalistas, assistentes sociais, advogados(as), médicos(as), atores e diversos outros cidadãos e cidadãs que defendem o Sistema Único de Saúde (SUS), contra o estigma, o preconceito e a discriminação.
Ascom CNS