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Falta de dados sobre perfil da mortalidade por Covid-19 dificulta implementação de políticas mais efetivas
Foto: Marcos Serra Lima/G1
O perfil de mortalidade da Covid-19 no Brasil foi tema de encontro virtual do Comitê do Conselho Nacional de Saúde (CNS), nesta quinta-feira (27/08). Os dados do Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica (Sivep) do Ministério da Saúde, apresentados pelo epidemiologista e professor da Universidade de Brasília (UNB) Wildo Navegantes, permitem traçar o perfil por região e faixa etária.
O estudo aponta que entre os estados que apresentam a maior taxa de mortalidade para pessoas acima de 50 anos estão Amazonas, Roraima, Ceará, Pará e Pernambuco. A cada 100 mil habitantes, acima de 50 anos, morrem 447 pessoas no Amazonas, 416 em Roraima, 343 no Ceará, 334 no Pará e 288 em Pernambuco. Já para a população abaixo de 50 anos, os índices de mortalidade são maiores nos estados de Roraima (17 mortes, a cada 100 mil habitantes), Rio de Janeiro (15 mortes), Sergipe (14 mortes), Rondônia (13 mortes) e Ceará (12 mortes).
“Em lugares onde não há acesso ao sistema de saúde ou a leitos clínicos o risco de óbitos é maior, seja para pacientes mais jovens ou não. Por mais que tenhamos ouvido falar de São Paulo e do grande número de casos no estado, a mortalidade é relativamente baixa, comparada com outros locais” afirma Wildo.
Este é 23º encontro do Comitê do CNS de acompanhamento da Covid, criado em março, para monitorar e acompanhar os assuntos relacionados à pandemia do novo coronavírus. “Entendemos que é fundamental que o controle social receba subsídios, informações, dados e análises técnicas para propormos ações eficazes no combate à pandemia”, avalia o presidente do CNS, Fernando Pigatto.
Para o conselheiro nacional de saúde Moyses Toniolo, que compõe a mesa diretora do CNS, apesar dos dados apresentados durante o encontro virtual, ainda falta transparência nas informações, o que dificulta a implementação de políticas mais efetivas no enfrentamento à pandemia.
“Nossas comissões têm dificuldades para estabelecer estratégias e sugerir recomendações que nos ajudem minimizar o impacto da Covid-19. É fundamental melhorar a obtenção de dados que nos ajudem a pensar nestas questões”, afirmou.
No último dia 14, o Conselho aprovou recomendação para que o Ministério da Saúde apresente o percentual global da população de pessoas com doenças crônicas e outras patologias afetadas pela Covid-19. Em maio, os conselheiros também recomendaram transparência na divulgação de dados relacionados a morbimortalidade entre os trabalhadores da saúde. E em abril a solicitação ao Ministério da Saúde foi pela publicação dos dados desagregados por raça/cor, com objetivo de facilitar a elaboração de estratégias no enfrentamento à pandemia.
O encontro virtual contou com a participação de representantes das comissões intersetoriais do CNS e conselheiros nacionais de saúde dos segmentos de gestores, usuários e trabalhadores do SUS. Também foi convidada para o debate a bióloga geneticista e professora da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Nilza Maria Diniz.
Na quinta-feira (27/8), o Brasil atingiu a marca de 118 mil óbitos causados pela Covid-19 e mais de 3,7 milhões de casos confirmados. “Do ponto de vista genético, temos o sistema imune respondendo de maneiras diferentes. Existe uma variação muito grande, tanto da ação do vírus dentro do corpo quanto da reação do nosso sistema imune”, afirma Nilza. “Porém, o Brasil está sem governança. O governo deveria estar fazendo campanhas para as pessoas se protegerem, deveria ter feito no início a contenção do vírus. Agora já temos uma tragédia e, sem dúvida, são mortes desnecessárias”, completa.
Ascom CNS