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Região Norte: CNS inicia encontros online com Conselhos Estaduais de Saúde para traçar estratégias de enfrentamento ao Covid
Foto: CNS
A região Norte do Brasil é uma das que mais preocupam quando o assunto é a disseminação do novo coronavírus. Isso porque, levando em consideração a proporção e o número de habitantes, os números são bastante elevados. De acordo com os dados mais recentes do Ministério da Saúde*, os sete estados do norte somam 9.594 casos de pessoas infectadas e 589 mortes. Por conta desse cenário, a região foi a escolhida para dar início a uma série de encontros online promovidos pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS) com representantes dos Conselhos Estaduais de Saúde (CES). O encontro foi promovido na segunda-feira (24/04).
A falta de equipamentos de proteção individual para os profissionais de saúde ou a demora na entrega, as dificuldades de logística e lotação das Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) foram os principais problemas apontados pelos representantes dos CES presentes no encontro. Com o maior número de casos da região – 4801 pessoas infectadas e 380 óbitos – o Amazonas conta com uma taxa de ocupação dos leitos de UTIs de quase 100%, concentrados quase em sua totalidade na capital Manaus.
“Praticamente não temos leitos de UTI no interior. É preciso que o estado instale os leitos ao menos em municípios-pólo [de referência], para que não continue a situação caótica que está”, detalhou a secretária executiva do CES AM, Luana Santana. A secretária também falou sobre o colapso no sistema funerário enfrentado por Manaus, com a possibilidade de faltar caixões para enterrar as vítimas em menos de duas semanas.
O encontro online foi promovido pelo CNS com o objetivo de alinhar estratégias de fortalecimento das ações do controle social da saúde diante da pandemia. “Juntos, enquanto controle social, precisamos dar uma resposta para a sociedade. Os CES são as bases de apoio para os Conselhos Municipais de Saúde (CMS)”, destacou o presidente do CNS, Fernando Pigatto, durante a atividade.
Como principal encaminhamento, o Conselho Nacional de Saúde reforçou que continua à disposição dos Conselhos Estaduais para atividades online, lives, entrevistas e outras ações promovidas junto aos Conselhos Municipais de Saúde. “Continuem contando com o apoio do CNS, tanto da mesa diretora, do comitê de acompanhamento à Covid-19, quanto das conselheiras e dos conselheiros nacionais que atuam também em seus estados”, ressaltou Pigatto.
Relatos dos participantes
Os representantes dos CES tiveram espaços para falar sobre as ações que estão sendo desenvolvidas em seus estados e os principais desafios encontrados. Uma referência destacada por todos foi a contribuição dos instrumentos e ferramentas que estão sendo enviadas pelo CNS para toda a rede de conselhos. Elas estão servindo como subsídios para reforçar o papel do controle social no enfrentamento à pandemia nos estados e municípios.
Presente no encontro, o presidente do CES-AP relatou que a atuação no conselho está focada em medidas para aumentar o número de leitos de UTI e para garantir os equipamentos de proteção individual adequados para todos os profissionais da saúde. “Mesmo antes de imaginarmos viver uma situação de pandemia, já cobrávamos da secretaria da Saúde a ampliação dos leitos de UTI. Com a disseminação do vírus esse problema ficou ainda maior”, destacou o presidente do CES-AP Kliger Fabiano Costa Campos. O presidente justificou o cansaço da sua voz referindo-se que, por ser enfermeiro e atuar na linha de frente, teria se contaminado pela Covid-19.
A preocupação com a contaminação dos profissionais de saúde também foi compartilhada pelo presidente do CES do Acre, Carlos Henrique Lima e Silva. De acordo com ele, somam-se a isso, os desafios da readequação da forma de trabalho, o enfrentamento a falta de conscientização e o cumprimento das orientações de prevenção. “Estamos nos comunicando por telefone com os 22 Conselhos Municipais de Saúde, buscando informações sobre a prevenção e controle da Covid-19”. Também foi apontada a dificuldade com internet na localidade que prejudica o trabalho virtual.
Em Rondônia, o presidente do CES, Marcuce Antônio falou sobre o desafio de aliar o cumprimento dos decretos estaduais que orientam o isolamento social com a necessidade de realização de ações in loco para fiscalizações dos serviços de saúde. “Mesmo assim, temos realizado as ações de fiscalização na capital, sede do CES-RO, além de responder às demandas encaminhadas pelos profissionais de saúde e usuários”, relatou.
O presidente do CES de Roraima, Francisco Monteiro, falou também sobre a preocupação com a disseminação do novo coronavírus entre às populações indígenas. “Somos o estado com maior número de etnias indígenas. São mais de 100 mil índios que estão em situação de vulnerabilidade para enfrentar a pandemia”. O presidente também destacou a preocupação com o custeio efetivo das ações a cada mês, a prioridade para a testagem rápida e a logística de transportes de equipamentos e respiradores.
No Tocantins, estado com os menores índices da região, o presidente Mário Benício dos Santos relatou que o CES-TO está orientando conselhos e as secretarias municipais de Saúde por meio de ofícios, ligações e e-mail. “Acreditamos que a rápida resposta ao isolamento social foi preponderante para o que os índices de contaminação não tenham disparado”, destacou citando também o planejamento de ações preventivas, de monitoramento e controle para o enfrentamento ao cenário de crise.
O Conselho Estadual de Saúde do Pará está em meio a mudanças, com um processo eleitoral aberto para escolha dos nomes dos representantes que irão compor o CES para o biênio 2020/2022. Por conta disso, as atividades estão temporariamente canceladas, somente funcionando a parte administrativa, com horário reduzido e com rotatividades entre os funcionários. Representando a entidade, acompanhou a reunião o secretário executivo, Mauro Ferreira.
Ascom CNS
*Dados divulgados pelo Ministério da Saúde até às 16h de 29 de abril de 2020.