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O SUS que você não conhece: experiências bem sucedidas mudam a qualidade de vida de brasileiros país afora
Fotos: CNS
Um Hospital de Urgência e Emergência que acolhe mulheres vítimas de violência doméstica, uma Unidade Básica de Saúde (UBS) que navega pelo rio Madeira para oferecer atendimento à população ribeirinha e um programa que reinsere usuários de álcool e drogas à sociedade. Estes são alguns exemplos das inúmeras experiências bem sucedidas que acontecem diariamente no Sistema Único de Saúde (SUS) em todo o país.
Criada com o intuito de divulgar iniciativas bem sucedidas no âmbito municipal, a Mostra Brasil, aqui tem SUS é um marco na defesa do Sistema Único de Saúde e na valorização de trabalhos que respeitam a diversidade do território nacional e que oferecem serviços de qualidade à população. Realizada há 15 anos, com cerca de duas mil experiências inscritas nesse período, a Mostra é uma grande vitrine de boas ideias e proporciona a troca de experiências entre gestores municipais de saúde que, muitas vezes, vivem realidades socioeconômicas diferentes.
“O Sistema Único de Saúde é complexo, e cada dia fica mais difícil fazê-lo acontecer; conhecer e compartilhar o que trabalhadores e gestores ‘criam’ para viabilizar a saúde numa UBS Ribeirinha na região norte do país ou num grande hospital de uma capital como São Paulo, por exemplo, é o grande objetivo da Mostra. O Conasems, enquanto entidade que representa as secretarias municipais de saúde, valoriza e busca divulgar boas ideias, que muitas vezes não dependem de aumento no orçamento, mas sim de um olhar atento e diferenciado para a realidade que aquele município enfrenta”, defende a coordenadora da Mostra Nacional, Marcia Pinheiro.
Além da premiação por categorias temáticas, as experiências bem sucedidas concorrem a melhor experiência por região e por estado. Neste ano, 500 iniciativas participarão da Mostra, transformando esta na edição com maior quantidade de experiências inscritas. Os trabalhos serão apresentados durante o 25º Congresso Co
“Somente em 2017, foram 364 casos atendidos aqui no ‘Socorrão’. O atendimento a uma mulher vítima de violência doméstica não é um atendimento comum. É preciso saber interpretar os sinais que ela te dá durante uma consulta ou prestando um depoimento”, explica Silvia Leite, assistente social e autora do projeto Setor de Atividades Especiais Espaço Mulher, implementado em São Luís-MA. O projeto envolve ainda os serviços prestados nas delegacias da Mulher, Criança e Adolescente e do Idoso, Defensoria Pública e acompanhamento psicossocial para a família.
O trabalho foi um dos premiados na 15ª edição da Mostra Brasil, aqui tem SUS, no ano passado e mudou a política interna do hospital quando o assunto é violência contra a mulher. “Nós temos contribuído com muitas mulheres a quebrarem o ciclo da violência e essa não é uma tarefa fácil. Porque ela procura o serviço de saúde para cuidar do físico, mas nós vamos além porque é fundamental cuidar do subjetivo dela. Nós mostramos os direitos dela, mostramos que existe a possibilidade dela romper com este ciclo, de conquistar independência financeira e voltar a ser feliz”, comenta Sílvia.
Assista o episódio do Webdoc sobre a experiência em São Luís-MA.
Peculiaridades do Brasil
“Muitas vezes o SUS oferece o serviço, mas não consegue ver a realidade do paciente. Quando a gente está na UBS fluvial e vamos até o local onde essa pessoa mora, a gente consegue ver de perto as dificuldades que ela tem. Então nós conseguimos adequar todo o atendimento de acordo com a condição de vida daquele paciente”, explica a enfermeira e uma das servidoras da UBS Fluvial Igaraçu, Bruna Maria Souza de Oliveira.
Assista o episódio do Webdoc sobre a experiência em Borba-AM
Em Porto Seguro-BA, o projeto “Reinserção social dos usuários do Centro de Apoio Psicossocial AD: um desafio possível” acolhe e faz um trabalho de recuperação social com dependentes químicos. Premiada na 14ª Mostra Brasil, aqui tem SUS, em 2017, a iniciativa proporciona mais do que acompanhamento psicossocial e oferta também atividades esportivas, culturais, artísticas, oportunidade de estudo e de reintegração ao mercado de trabalho.
Segundo a superintendente de saúde mental no município baiano e autora do projeto, Nathielly Andrade, “a reinserção de usuários de substâncias psicoativas é um tema tratado com preconceito de forma geral na sociedade principalmente porque é um tema desacreditado. As pessoas não apostam nesse grupo, não conseguem enxergar isso como uma patologia e acabam associando que essas pessoas estão sempre ligadas à questão da marginalização”.
“O que apareceu de melhor na minha vida foi esse projeto. Fui usuário de drogas e alcóolatra e depois de muito tempo voltei a estudar. Quando eu ponho o uniforme eu me sinto gente de novo”, comenta o usuário do projeto, Maurilio Rodrigues. Um dos principais parceiros da iniciativa é a Casa do Trabalhador, serviço ofertado pela Secretaria Municipal de Trabalho e Desenvolvimento Social, que disponibiliza vagas voltadas para o público atendido no CAPS.
Assista o episódio do Webdoc sobre a experiência em Porto Seguro-BA