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Delegadas e delegados no Rio Grande do Sul apresentam demandas para a saúde no Brasil
Fotos: CNS
A 8ª Conferência Nacional de Saúde do Rio Grande do Sul continua sua programação com grupos de trabalho reunidos neste sábado (25/05) no Colégio Júlio de Castilho e Protásio Alves, em Porto Alegre. Cerca de 3.500 participantes debatem 206 propostas que estão sendo compiladas para serem votadas amanhã e, em seguida, enviadas à etapa nacional, que vai ocorrer em Brasília, de 4 a 7 de agosto.
Ao todo, as 20 propostas mais votadas vão representar as prioridades dos delegados e delegadas na 16ª Conferência Nacional de Saúde (8ª+8). A diversidade de pautas e demandas trazidas pelos participantes evidenciam o quanto é necessário que o Sistema Único de Saúde (SUS) leve em conta características regionais na execução de suas ações, atendendo às necessidades específicas da população, como aspectos culturais e identitários.
Rose Winter – delegada do município de São Leopoldo
“Represento os povos ciganos no Rio Grande do Sul. Precisamos da aceitação das nossas características dentro do SUS, a partir das nossas perspectivas. Na nossa cultura, mulheres devem ser tratadas somente por mulheres. Por isso, os atendentes públicos precisam ser capacitados. Muitas vezes a gente deixa de ser atendido por conta da nossa indumentária, mesmo que a Constituição de 1988 nos ampare, o tratamento que nos dão ainda é discriminatório. Um outro ponto é que, por não termos endereço fixo, às vezes não conseguimos atendimento nas políticas de saúde”.
Alexon Messias – delegado do município de Tupaceretã
“Estou aqui para afirmar que as políticas publicas têm que ter responsabilidade com a identidade racial. Temos uma política de Estado que ainda mina, diminui e exclui a população negra. O SUS precisa ter responsabilidade com as populações em vulnerabilidade. Há uma dívida histórica que precisa de reparação. O Brasil se desenvolveu a partir da exploração do povo preto. É algo nocivo para a dignidade humana. E isso reverbera na nossa saúde mesmo após abolição. A população ainda sofre ainda que sejamos a maioria do país. Precisamos de olhares especializados na saúde”.
Milton Brasil – presidente do Conselho Municipal de Saúde de Bagé e conselheiro estadual de saúde
“Estamos defendendo o SUS e queremos a extinção da Emenda Constitucional 95/2016, que é trágica aos cidadãos brasileiros. Estou aqui também para mostrar a perspectiva do trabalhador rural. O uso descontrolado dos agrotóxicos nas lavouras tem trazido agravos à nossa saúde. As medidas do Estado e do parlamento nesse contexto estão tirando direitos dos trabalhadores. Por isso a participação popular é fundamental para que possamos levantar nossas vozes. O controle social deve exigir nossos direitos. Não tivemos espaço para discutir a Reforma Trabalhista e agora querem aprovar a Reforma da Previdência”.
Jorge Antônio Soares – delegado do município de São Lourenço do Sul
“Estamos aqui fazendo a fusão das nossas propostas, que vieram de vários municípios no Rio Grande do Sul, para melhorar a saúde no Brasil. É muito importante que os movimentos sociais estejam dentro da luta. Não podemos perder nossos direitos. Hoje em dia uma arma tem mais valor que a vida. Somente com a união dos diferentes segmentos sociais poderemos reverter esse quadro. A 16ª Conferência Nacional de Saúde (8ª+8) é um espaço em defesa da vida”.
Anibal Machado – conselheiro nacional de saúde representante da Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST)
"O SUS é o melhor plano de saúde que temos no Brasil. Aqui estamos discutindo e decidindo aquilo que nós temos no país. Nós começamos lá da base, nos conselhos municipais, chegamos à etapa estadual, que é quando todo o estado discute suas especificidades. Estamos fazendo um trabalho grande para ouvir a situação de cada município e, juntos, estamos decidindo o que é melhor para a nossa saúde. Precisamos de muita união para lutar contra o que vem acontecendo. O espaço da conferência é o que nos dá forças para seguirmos lutando”.
Clari Poncio – delegada do município de Cruz Alta
“Sou trabalhadora da saúde, aqui pretendemos que os governos cumpram o que a gente está colocando no papel. Vários hospitais em todo o território nacional estão passando por problemas. Queremos a revogação de qualquer emenda que corta investimento do SUS. Nossas normas aqui instituídas precisam ser cumpridas. O SUS deve ser uma política firme e responsável. Independentemente de gestão, é uma política de Estado”.
Jaime Vhera – delegado do município de Viamão (Aldeia Cantagalo)
“A cultura indígena precisa estar presente no SUS. Nós acreditamos em doenças espirituais por uma questão cultural. Queremos que os trabalhadores do SUS respeitem as questões indígenas no nosso atendimento. Muitas vezes os profissionais da saúde não respeitam nossa espiritualidade. Estou aqui para reivindicar capacitação e atendimento especializado às diferentes culturas”.
Karina Zuge – delegada do município de Porto Alegre
“Luto pelos direitos das pessoas com deficiência e com doenças raras. São segmentos da população que necessitam de atendimento específico no SUS, com atenção integral. Temos várias normas e leis como a Lei Brasileira de Inclusão, mas as políticas públicas ainda não conseguem cumprir as exigências. Queremos tudo isso não para termos privilégios, mas porque o SUS deve equidade e os profissionais devem ter capacitação técnica e empatia para lidar com essas demandas”.
Saiba mais sobre a 16ª Conferência Nacional de Saúde (8ª+8)
Ascom CNS