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Bastidores da 16ª Conferência: as pessoas e os números por trás do maior evento de participação social do Brasil
Fotos: CNS
Fernanda Guedes percorreu os quase 2,5 mil quilômetros que separam Bagé, no interior do Rio Grande do Sul, de Brasília em duas etapas: primeiro de ônibus até a capital gaúcha e depois de avião. Dez horas de percurso a entregaram ao maior evento de participação social do Brasil. No fim da manhã de domingo (4/08), Fernanda iniciava sua primeira grande experiência como jornalista, integrando a equipe de comunicação colaborativa do evento. A jovem, de 22 anos, é uma das centenas de pessoas que tornaram possível a 16ª Conferência Nacional de Saúde (8ª+8): profissionais que trabalharam na comunicação, atendimento de urgência, práticas integrativas, alimentação, limpeza, segurança, pesquisa, credenciamento e relatoria.
“Construímos uma grande 16ª Conferência Nacional de Saúde” – Os números da participação
O processo de credenciamento começou muito antes do momento da chegada dos participantes à etapa nacional da conferência: a partir do momento da eleição dos delegados e delegadas de cada etapa anterior, foi criada uma plataforma de pré-inscrição, cujos dados foram checados e validados por uma equipe. É o que explica a assessora técnica do Conselho Nacional de Saúde (CNS) Maria Eugenia Cury. “No momento do credenciamento os participantes foram distribuídos nos 45 grupos de trabalho, buscando uma paridade entre delegados usuários, gestores e trabalhadores”, informa. Para a resolução de problemas durante o credenciamento no evento, foi montada ainda uma sala de soluções.
Além da equipe de apoio, integrantes da comissão organizadora e pessoal contratado, a equipe foi coordenada pela secretária executiva do CNS, Ana Carolina Dantas Souza, e pelo secretário adjunto Marco Aurélio Pereira.
O credenciamento presencial registrou um total de 5.457 participantes, sendo 3.026 delegados (as) , 871 convidados (as), 22 participantes de conferências livres, 1.020 participantes de atividades autogestionadas, 115 integrantes do apoio, 107 profissionais de imprensa, 45 membros da organização, 103 pesquisadores, 79 integrantes da relatoria e 69 acompanhantes.
“Trabalhamos para que todos pudessem retornar para casa com esse dever cumprido de defesa do SUS e da democracia. Construímos uma 16ª Conferência Nacional de Saúde”, completa Maria Eugenia.
O processo deliberativo – Números da democracia
Foram mais de três mil conferências preparatórias, em todos os estados brasileiros, que resultaram em 331 propostas e 31 diretrizes a serem debatidas na etapa nacional. Esse material foi consolidado pela Comissão de Relatoria e discutido, avaliado e alterado em 45 grupos de trabalho durante a conferência, resultando em um Relatório Final com 31 diretrizes e 329 propostas aprovadas.
Nos corredores do evento, delegados (as) também recolheram assinaturas que resultaram na inscrição de dezenas de moções, entre as quais 56 foram aprovadas na plenária deliberativa. As moções marcam o posicionamento do evento em relação a diversos temas ligados à saúde. Entre eles, garantia de direitos, medicamentos, assistências integrais, financiamento adequado e fortalecimento do SUS. Para a coordenadora da Comissão de Relatoria da 16ª Conferência, Francisca Rêgo, as moções “buscam tornar o SUS mais forte e reiteram a garantia dos direitos constitucionais”,
E o envolvimento democrático dos participantes da 16ª Conferência não se deu apenas no processo deliberativo: 49 apresentações culturais foram realizadas na Tenda Paulo Freire SUS EmCena e 31 atividades autogestionadas movimentaram o pavilhão de eventos do Parque Sarah Kubitscheck.
“A comida ajuda as pessoas a se entender na política” – Os números da alimentação
Composta por 110 trabalhadores que cozinharam, serviram e limparam os materiais da área da alimentação, a equipe da cozinha transformou 45 toneladas de alimentos e 16 mil litros de suco natural em mais de 50 mil refeições e lanches nos quatro dias de evento. Um desses trabalhadores é Ricardo Teodoro, o chefe de cozinha da equipe. “Aqui nos bastidores acompanhamos as discussões e divergências políticas que acontecem às vezes e ficamos felizes de ver que as pessoas se reúnem na hora das refeições. A comida, se for boa, ajuda as pessoas a se entender na política”, brinca o profissional, para quem a conferência não era desconhecida, já que ele também trabalhou na 15ª edição do evento quando era um dos cozinheiros da equipe.
O coordenador deste serviço prestado, Reiner Lopes, explica que os lanches que não foram retirados pelos participantes foram encaminhados para quatro instituições de assistência social, beneficiando três mil pessoas.
Das práticas integrativas à urgência – Os números do cuidado e da assistência
Dois espaços foram integralmente dedicados à assistência e às práticas de cuidados: o posto de urgência e emergência e o Espaço de Cuidados Neide Rodrigues. No posto, trabalharam 11 profissionais de saúde, entre médicos (as), enfermeiros (as), técnicos (as) de enfermagem e condutores, contando com três ambulâncias, sendo uma de suporte básico do SUS e duas UTIs móveis, equipadas para qualquer situação de emergência. Nos quatro dias de evento, o número total de atendimentos realizados no posto de urgência e emergência foi de 326. Nenhum caso grave, todos devidamente assistidos e/ou encaminhados.
O Programa de Treinamento em Epidemiologia Aplicada aos Serviços do Sistema Único de Saúde (Episus) também desenvolveu um trabalho junto ao posto. “Dez profissionais realizaram o monitoramento dos atendimentos de saúde para descrever as causas de atendimento e identificar oportunamente doenças que possam ser de preocupação para a saúde pública”, informa a assessora técnica do CNS Éveni Meireles Santos.
Uma equipe de oito bombeiros civis também circulava pelo pavilhão de eventos que recebeu a conferência, acompanhando os participantes para eventuais assistências, encaminhando casos para o posto de urgência e fiscalizando a estrutura do evento, que teve seus extintores, hidrantes e outros critérios técnicos de segurança averiguados antes do início dos trabalhos.
Já o Espaço de Cuidados Neide Rodrigues atendeu mais de 2 mil pessoas. As práticas integrativas oferecidas no local envolveram terapia comunitária, roda de conversa sobre óleos essenciais, reiki, auriculoterapia, massoterapia, aromaterapia, naturologia, reflexologia, quiropraxia, reza, pajelança, benzedura, homeopatia, tai chi chuan, TRE (técnica de redução de estresse), johrei e outras práticas.
“Muda completamente a forma como a gente olha o SUS” – Os números da comunicação colaborativa
Para a jornalista Fernanda Guedes, a personagem sobre a qual falamos no princípio desta matéria, a experiência com os bastidores de um evento do controle social do SUS foi transformadora. “Muda completamente a forma como a gente olha o SUS, eu tive uma experiência com o atendimento do SUS aqui em Brasília e já olhei com outra visão o trabalho dos profissionais e os usuários que estavam ali”, conta a jovem de 22 anos que produziu material para o Instagram do Conselho.
Como ela, dezenas de comunicadores ativistas colaboraram com a Assessoria de Comunicação do CNS, coordenada pela jornalista Laura Fernandes, para a cobertura do evento. O grupo produziu, até o momento, 47 matérias relacionadas à 16ª Conferência, antes e durante o evento, para o portal SUSconecta, além de centenas de fotos, vídeos e posts para plataformas do Facebook, Flickr, YouTube e Instagram.
Impulsionada pela campanha da Associação Brasileira Superando o Lúpus e parceiros, que presentearam com tablets as cinco pessoas que mais marcaram a hashtag #16CNS em publicações, essa hashtag movimentou a internet com 530 posts, de 110 usuários das redes, gerando 14,2 mil engajamentos, alcançando 951,3 mil pessoas, com um total de 6,8 milhões de visualizações, até o final da manhã do dia 7 de agosto.
Conferência histórica
A 16ª Conferência Nacional de Saúde (8ª+8) foi organizada pelo CNS e realizada pelo Ministério da Saúde. Considerada o maior espaço de participação social do Brasil, o evento reuniu mais de cinco mil pessoas de todo o país para propor melhorias ao SUS, sendo um resgate à 8ª Conferência, realizada em 1986, responsável por definir as bases para construção do SUS na Constituição de 1988.
Ascom CNS