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Atividades culturais em defesa do SUS marcam na 16ª Conferência Nacional de Saúde
Fotos: CNS
O movimento de Educação Popular e Cultura marca presença, pela primeira vez, na programação da 16ª Conferência Nacional de Saúde (8ª+8), que acontece de 4 a 7 de agosto, em Brasília. Durante quatro dias, mais de 50 experiências de todo o Brasil acontecem na Tenda Paulo Freire, no espaço Sus EmCena, envolvendo atividades culturais de música, dança, cinema, rodas de conversa, poesia, espiritualidade e outras atividades lúdicas com temáticas em defesa do Sistema Único de Saúde (SUS).
“O espaço tem a proposta de despertar nos delegados e convidados a importância dos eixos de Educação Popular e Cultura estarem presentes no SUS. A ideia é sensibilizar as pessoas que estão na conferência para que eles sejam protagonistas nos seus estados e municípios, incorporando em seus postos de saúde a educação popular e atividades culturais juntamente com o cuidado a saúde”, destacou a coordenadora da Comissão de Educação Popular e Cultura, Sonia Maria Brito. Para ela, o espaço coloca em cena a amorosidade, o diálogo, o compartilhamento do saber, o saber popular e científico, com o objetivo de fazer um SUS diferente, voltado para o cuidado e para a cultura.
Para o presidente do Conselho Nacional de Saúde (CNS), Fernando Pigatto, iniciar as atividades na Tenda Paulo Freire é simbólico porque representa o legado que o educador e filósofo Paulo Freire (1921-1997) deixou. “Ao mesmo tempo em que a gente vai estar lutando com firmeza pelas ideias das nossas propostas e diretrizes aprovadas aqui na 16ª Conferência, que esse espaço seja também um lugar de reflexão, acolhimento, ternura, amor, paz e felicidade, fazendo com que a gente saia daqui com um brilho no olhar de que a gente cumpriu a nossa tarefa nesses quatro dias”, disse.
Irmã Terezinha Barreto, da Congregação Divino Mestre do Maranhão, participa da 16ª Conferência. Para ela, esse é um espaço político de defesa do SUS. Religiosa há 42 anos, ela também participa da Tenda Paulo Freire desde a primeira construção, que aconteceu no 1º Fórum Social Mundial, em 2001. “Luto pelo SUS, pelo povo, pelos menos favorecidos e por todo o nosso país. Temos que fazer uma análise de conjuntura do Brasil 500 anos até agora e dos retrocessos que estamos tendo. Continuarei participando da Tenda Paulo Freire sempre”.
Indígena da etnia Grarani de São Paulo, Mirim Ju Yan, chamou a atenção dos presentes na Tenda ao declarar que os povos indígenas não fazem guerra, na verdade existe uma guerra contra eles e a ferramenta que eles usam em defesa é a reza, a espiritualidade. “Nós viemos aqui para compartilhar a nossa reza, a nossa espiritualidade e para caminharmos juntos. A cultura é unificadora, dentro dela está a educação, saúde, plantio, a relação respeitosa entre a família com a natureza e toda a vida. A cultura unifica, quando a gente aprende através da cultura a gente não aprende só a ciência do pensamento a gente aprende a ciência da vida, aprendemos tudo o que precisamos através da cultura, das nossas tradições”.
A parteira e rezadeira Josefa Maria da Guia também está presente nas atividades da Tenda. Quilombola de Sergipe, Maria parteja há mais de 50 anos e já fez mais de 5 mil partos. Para ela, desde a última conferência muita coisa mudou, inclusive com um olhar diferenciado no SUS. “Isso nos ajuda porque não temos muito conhecimento técnico e também porque muitas vezes não somos aceitas, reconhecidas como pessoas que ajudam as mulheres. Os médicos tradicionais nem sempre querem nossa ajuda. Ao mesmo tempo, da última conferência pra cá já mudou muita coisa, alguns médicos já estão nos aceitando, nos reconhecendo. Estamos aqui para lutar e conseguir. Sou uma parteira de coragem e que quer lutar muito mais”.
Além das atividades programadas, a Tenda Paulo Freire recebe a todo momento outras atividades que são encaixadas durante a programação, tornando-se um espaço que vem sendo construído coletivamente ao longo da 16ª Conferência.
Sobre a 16ª Conferência
A 16ª Conferência Nacional de Saúde (8ª+8) é organizada pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS) e realizada pelo Ministério da Saúde (MS). Considerada o maior espaço de participação social do Brasil, o evento reúne mais de cinco mil pessoas de todo o país para propor melhorias ao Sistema Único de Saúde (SUS), sendo um resgate à 8ª Conferência, realizada em 1986, responsável por definir as bases para construção do SUS na Constituição de 1988. O relatório final do evento vai gerar subsídios para a elaboração do Plano Plurianual 2020- 2023 e do Plano Nacional de Saúde.
Ascom CNS