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Transtorno do Espectro Autista precisa de mais visibilidade, afirmam conselheiros de saúde
Fotos: CNS
Ampliar a visibilidade para o Transtorno do Espectro Autista (TEA), com perspectivas para o fortalecimento da rede pública de habilitação e reabilitação, esteve entre os destaques da 316ª Reunião Ordinária do Conselho nacional de Saúde (CNS), realizada nesta quinta-feira (11/04).
O TEA é um distúrbio do neurodesenvolvimento caracterizado por dificuldades de interação social, deficiências verbais, físicas e padrões restritos e repetitivos de comportamento. O TEA tende a persistir na adolescência e na idade adulta e, na maioria dos casos, as condições são aparentes durante os primeiros cinco anos de vida.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 70 milhões de pessoas em todo o mundo estão no Transtorno do Espectro Autista (TEA). No Brasil, estimam-se 2 milhões de casos de TEA, sendo que a metade ainda não foi diagnosticada. Destes, somente 20% tem vidas independentes ou parcialmente independentes e um em cada cinco estão em tratamento psiquiátrico ou psicológico.
A pouca oferta de tratamento para jovens e adultos está entre os principais problemas apresentados pela médica psiquiatra especializada em TEA Rosa Magaly Campelo Borba de Morais, durante a reunião. “O diagnóstico precoce é cada vez mais estudado, enquanto a vida adulta não recebe a mesma atenção. O desafio é pensar no autismo durante o período de envelhecimento”, avalia.
Para Marion dos Santos Sales, mãe de Gabriel com 25 anos e Transtorno de Espectro Autista, a falta de visibilidade e preparação por parte das instituições e sociedade em geral são permanentes obstáculos a serem enfrentados. “O autista adulto é invisível. Ninguém está preparado, mas as pessoas precisam entender as nossas dificuldades. A gente precisa de ajuda, mas as instituições estão capengando. Eu gostaria muito de ter visibilidade “, desabafa.
A distribuição das unidades que apresentam serviços a pessoas com TEA no Brasil também é um entrave para a qualidade do tratamento. Conforme informações publicadas no livro Retratos do Autismo no Brasil, em todo país existem 650 instituições que assistem pessoas com TEA, no entanto a concentração destes profissionais está nas regiões sul e sudeste. Somente em São Paulo encontram-se 431 instituições.
“No Brasil, as ações ainda são muito insuficientes. É urgente a necessidade de aprofundar esse debate e pensar em uma estrutura que realmente os atendam, como ampliar as residências terapêuticas que fazem atendimento adequado a eles”, afirma a conselheira nacional de saúde Marisa Furia, mãe de Renato com 41 anos e Transtorno de Espectro Autista.
O plenário do CNS vai aprofundar a discussão nas próximas reuniões ordinárias. O tema foi trazido à pauta neste mês, quando se comemora o Dia Mundial da Conscientização sobre o Autismo, em 2 de abril. A data foi criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) para ampliar o conhecimento e reduzir o estigma em torno desta condição.
Ascom CNS