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Formação humanizada para a saúde mental é fundamental na atenção básica, afirmam especialistas
Foto: CNS
Com o objetivo de fortalecer a participação social diante da Política Nacional de Saúde Mental, o Conselho Nacional de Saúde (CNS) iniciou hoje (19/11), em Brasília, o 1º Seminário de Saúde Mental preparatório para a 16ª Conferência Nacional de Saúde (8ª+8). O evento segue até amanhã, reunindo 150 ativistas do controle social brasileiro, que foram selecionados mediante convocatória pública. A pauta “Cuidado e Formação” foi tema da primeira mesa de debates, que destacou a importância de um atendimento humanizado na Atenção Básica.
O debate evidenciou que o cuidado com a Saúde Mental deve abranger todos os ciclos de vida, do nascimento à velhice de qualquer cidadão e cidadã no Brasil. Neste sentido, é preciso que sejam discutidas e asseguradas, no Sistema Único de Saúde (SUS), ações de promoção, prevenção e intervenção em Saúde Mental nos diferentes pontos a Rede de Atenção Psicossocial (RAPs), que incluem a atenção básica, especializada e hospitalar. Porém, é na atenção primária que a maioria dos casos devem ser atendidos e levados a um tratamento digno, em liberdade.
De acordo com a professora do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Cristina Maria Loyola, o SUS precisa ensinar aos seus trabalhadores, cada vez mais, um “cuidado humanizado, com identificação e empatia. É preciso incentivar a formação em saúde mental para agentes de saúde”. Segundo ela, dados da Organização Mundial de Saúde, mostram que o suicídio aumentou no mundo cerca de 60% em relação a quatro décadas atrás. E que a depressão tem afetado muitas pessoas na atualidade. Diante disto, “os agentes de saúde têm capilaridade nas comunidades. Por isso é importante que eles sejam formados com capacidade de escuta”, defendeu.
Ana Paula Freitas Guljor, professora da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Owaldo Cruz (Fiocruz), destacou a necessidade do fortalecimento da participação social para que seja possível um atendimento cada vez mais humanizado no SUS. “Precisamos sair do modelo hospitalocêntrico e partir para o cuidado em liberdade”. A professora criticou ainda a formação em saúde em muitas universidades públicas e privadas no país. “A formação universitária em saúde ainda é muito conservadora, mesmo após trinta anos na nossa Constituição de 1988, que deveria induzir a formar nossos profissionais para o SUS”.
Também participaram da mesa o professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Walter Ferreira de Oliveira e Maria de Lourdes Feriotti, membro da Comissão Intersetorial de Saúde Mental do CNS. O Seminário de Saúde Mental deve elaborar elaborar um documento com propostas que serão apresentadas na 16ª Conferência Nacional de Saúde (8ª+8), que será realizada de 4 a 7 de agosto de 2019.
Fonte: Conselho Nacional de Saúde