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Conferência livre quer saber: o que a juventude deseja para o Brasil e para o SUS?
Foto: CNS
A resposta vai poder ser conferida logo mais no relatório final da 1ª Conferência Nacional Livre de Juventude e Saúde (1ª CNLJS), evento que está ocorrendo desde sexta (16/11) e segue até domingo (18/11), na Universidade de Brasília (UNB). O encontro reúne 400 lideranças jovens de todos os estados brasileiros. Eles e elas, que têm prioritariamente entre 15 e 29 anos, trazem suas demandas para o Sistema Único de Saúde (SUS) em um contexto de ameaças graves à democracia nos próximos anos e à uma das maiores políticas sociais do mundo.
“Entre a intenção e o gesto, me encontras”, repetiu a plenária como um mantra de resistência enquanto distribuíam abraços. Assim teve início o segundo dia de debates da 1ª CNLJS, organizada pelo Conselho Nacional de Saúde, que também pôde conferir o número de piano do estudante da UNB Fernando Marques. “Estamos apostando na resistência coletiva. O processo civilizatório sempre teve a juventude no protagonismo. Nossa responsabilidade é com a humanidade. Temos que ter energia para mobilizarmos corações e garantirmos o direito à saúde”, disse Ronald dos Santos, presidente do CNS.
A conferência traz inúmeros debates e rodas de conversa sobre medicalização, direitos humanos, desfinanciamento do SUS, racismo, machismo e LGBTfobia, agrotóxicos, judicialização na saúde, dentre outros temas. Tudo isso vai qualificar o debate na 16ª Conferência Nacional de Saúde (8ª+8), o maior evento de participação social do Brasil, marcado para ocorrer de 4 a 7 de agosto de 2019. “Temos que resistir, lutar e dar as mãos. Se algum de nós for calado no próximo governo, nós seremos a voz de quem for silenciado”, defendeu Sara Alves Gomes, residente do Hospital Universitário da Universidade Federal do Amazonas (Ufam).
Nara Arruda, representante da União Nacional dos Estudantes (UNE), lamentou a saída dos médicos cubanos do Programa Mais Médicos, após as ofensas e ataques do próximo presidente eleito. “Essa atitude sinaliza como será o próximo período. Favelas, escolas, associações de moradores, todos juntos teremos que conseguir garantir espaços participativos”, disse. A plenária também deve aprovar uma carta de apoio aos médicos cubanos nesse momento de ataques às dignidades dos profissionais que se dedicaram à saúde da população vulnerabilizada no Brasil.
Respeito à Constituição de 1988
O professor de Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Emerson Elias Merhy, acredita que em um cenário de retrocessos é necessário exigir a manutenção da Constituição de 1988 e sua aplicação. “O extermínio é uma prática constante no país, mas a memória não é eliminável. Uma das formas de resistência é exigir que a lei seja cumprida”, disse. Para ele, daqui para frente será ainda mais necessário que “a resistência esteja no cotidiano de socialização de todas as pessoas”.
O conselheiro nacional de saúde Douglas Vinicius Pereira, coordenador da 1ª CNLJS, falou sobre a responsabilidade de todos os participantes do evento. “Somos representações de vários segmentos diferentes. Temos que dar continuidade ao nosso desejo de uma sociedade alicerçada na solidariedade e no respeito”. O conselheiro nacional de saúde Márcio Florentino Pereira, que participou jovem da 8ª Conferência Nacional de Saúde, em 1986, lembrou da importância do evento para a democracia no país. “Colocamos fim na ditadura militar. Muitos deram a vida para que tivéssemos hoje a liberdade de sonhar. Temos que nos unir e nos comprometer a reverter o processo que está posto hoje”.
Fonte: Conselho Nacional de Saúde