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“O neoliberalismo quer destruir a democracia e as políticas sociais”, diz Boaventura
Foto: CNS
Uma tenda da participação e do controle social foi montada pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS) no Fórum Social Mundial 2018, evento que reúne 50 mil ativistas de 160 países para debater uma agenda de desenvolvimento solidário e resistência popular entre as nações. A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB) e o professor da Universidade de Coimbra, Boaventura de Souza Santos, foram convidados para debater “Democracia e Saúde como Direito” na manhã desta quarta (14/03), na Universidade Federal da Bahia (UFBA), em Salvador.
“O SUS é nosso, ninguém tira da gente. Direito garantido não se compra não se vende”, gritava em coro a plenária do debate, que chegou ao consenso de que a ascensão do neoliberalismo no Brasil e no mundo tem prejudicado gravemente as políticas sociais, em especial, o Sistema Único de Saúde (SUS). “A singularidade do momento político nos faz estar juntos. A democracia está rompida. E não é um problema só no Brasil, é da democracia mundial. Diluem-se os conceitos de cidadania e soberania. Como imaginar SUS neste quadro? O direito do povo é a contramão do tsunami do capitalismo contemporâneo”, disse Jandira.
A deputada clamou a todos para que o momento político não faça com que os brasileiros e brasileiras percam a esperança e a força para resistir com amor, afeto e solidariedade. “Precisamos de um estado democrático e popular. Não vamos retomar o SUS se não tivermos um projeto nacional humano. Nós precisamos de um Estado que incorpore novas formas de fazer política, que movimente corações e mentes, que faça falar quem está em silêncio, que faça mover as pessoas a acreditarem novamente no Brasil”, afirmou.
O professor português Boaventura mostrou-se surpreso com a pouca mobilização da população brasileira diante dos recentes retrocessos. “Como foi possível um desmonte tão grande de tantas conquistas com pouca resistência? Estamos adormecidos por uma ilusão. Isso poderá ser fatal. O neoliberalismo quer destruir a democracia e as políticas sociais. Precisamos defender o que conquistamos”, disse, destacando que as empresas e o mercado estão dominando o poder público em detrimento da soberania nacional e da população. “Nossas armas são a igualdade, a compreensão, a liberdade, a cidadania e a unidade”, finalizou. O professor e a deputada também criticaram o fato de a tributação sobre as grandes fortunas ser pouca em relação aos impostos cobrados aos mais pobres.
O presidente do CNS, Ronald dos Santos, afirmou que a participação do controle social brasileiro no FSM 2018 é histórica. “Num momento de instabilidade no Brasil e em várias partes do mundo, com diversas ameaças à democracia e às políticas sociais, a pauta ‘Resistir para Transmofar’ tem uma interface direta com a agenda da participação social e dos movimentos sociais”, afirmou.
Ascom CNS