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“Se não trouxermos o povo para perto, não vamos conseguir defender o SUS”, diz ativista
Foto: CNS
Na manhã deste sábado (26/05), diversos ativistas que lutam em defesa do Sistema Único de Saúde (SUS) participaram da Formação para Controle Social no SUS, realizada pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS) em parceria com o Centro de Educação e Assessoramento Popular (Ceap). A atividade vem passando por todos os estados brasileiros e, neste final de semana, foi a vez do Distrito Federal (DF) receber formação, que acontece até amanhã na Associação Brasileira de Enfermagem (Aben), em Brasília.
A realização da oficina é motivada diante de tantos retrocessos recentes nas políticas públicas de saúde. O CNS possui uma comissão de Educação Permanente para o Controle Social do SUS, responsável por formar multiplicadores dessa luta. “Cada um desses tem a responsabilidade de mobilizar outras pessoas”, disse [em vídeo de apresentação] a conselheira nacional de saúde Sueli Góis, representante da Associação Brasileira da Rede Unida.
Nos últimos dois anos, houve uma restrição orçamentária para políticas sociais que deve durar até 2036 devido à Emenda Constitucional 95/2016, além das reformas nas políticas de atenção básica, de saúde mental, da possibilidade dos “planos de saúde populares”, que quer investir em saúde privada em detrimento da saúde pública, além da potencialização do Ensino à Distância (EaD) na graduação em saúde, que desqualifica a formação na área, dentre outros retrocessos.
SUS tem histórico de luta popular
O SUS nasceu em 1989, após a 8ª Conferência Nacional de Saúde, realizada fruto de muita luta dos movimentos sociais. O SUS então tornou-se direito constitucional. É o que afirma a Arindelita Arruda, representante da Frente Popular em Defesa do SUS. “Quem é a mãe e o pai do SUS? São os movimentos populares! Se não trouxermos o povo para perto, não vamos conseguir defender o SUS. Pelo senso comum, estão achando que SUS é gasto em vez de investimento. A sociedade civil e a força do povo precisam ser trazidas para segurarmos o SUS. Precisamos ter coragem para chamar o povo para avançarmos socialmente”, disse.
Rosalina Sudo, presidenta da Aben no DF, destacou o risco da implementação da proposta dos planos de saúde supostamente populares. “Temos que continuar na luta para que o SUS possa sobreviver. Após 2016 está complicado, os nossos direitos estão sendo retirados. A grande mídia defende o neoliberalismo e os planos de saúde populares. Dessa forma, o Estado vai tirando sua responsabilidade com o povo. Os conselhos de saúde precisam se movimentar”, afirmou.
Para Oswaldo Bonetti, membro da comissão do CNS e da Articulação Nacional de Educação Popular em Saúde (Aneps), “saúde é democracia e democracia é saúde”. Segundo ele, “esse era o lema da reforma sanitária durante os anos de ditadura militar. O SUS é um projeto de sociedade é uma construção coletiva”, defendeu.
Diante das mudanças drásticas atualmente, o presidente do CNS [em vídeo de apresentação], destacou os riscos reais de chegarmos em um estado de caos nacional. “É uma volta à barbárie. Restringir políticas sociais alimenta o ódio o preconceito. Discutir o direito à saúde é discutir o direito à vida do ponto de vista civilizatório”, disse. A oficina acontece em meio a uma crise de abastecimento de serviços fundamentais promovida pela paralisação de diversos caminhoneiros no país, que protestam acerca do preço da gasolina.
Lo-Ruama Mendes é técnica em nutrição da Secretaria de Saúde do DF, graduanda em Terapia Ocupacional pela Universidade de Brasília (UNB). Para ela, ainda há um desconhecimento em relação à quantidade de benefícios que a população brasileira possui com SUS, por isso, a luta muitas vezes fica invisibilizada. “As pessoas não entram mais na luta por não conhecerem. Espero que eu possa levar o conhecimento para minha comunidade. SUS é luta e equidade”, disse. Ao final do processo, estima-se que tenham sido realizadas mais de 70 oficinas.
Ascom CNS