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“Não podemos produzir saúde se não tivermos democracia”, diz professor da Universidade de Bolonha
Foto: Agência Rede Unida, por Danilo Castro (Ascom CNS)
Qualidade de vida, bem-estar e liberdade só são possíveis por meio do binômio “democracia e saúde”. Essa foi uma das conclusões que a atividade “Desafios para a defesa da saúde e da vida em tempos sombrios”, realizada pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS) nesta sexta (01/06), trouxe, durante o 13º Congresso Internacional da Rede Unida. O evento, que acontece na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), em Manaus (AM), tem o objetivo de construir uma rede de enfrentamentos aos retrocessos nas políticas sociais, que vêm sendo gravemente afetadas desde 2016.
O médico e professor da Universidade de Bolonha, na Itália, Andigo Martino, foi um dos convidados para o debate. Segundo ele, a ciência e a academia não podem se afirmar sem que sejam uma força motriz para a consolidação dos direitos humanos. “Quando falamos de saúde, estamos falando do desejo de uma pessoa de poder viver. Ser feliz é ter saúde. Fazer planos e atingir os objetivos da nossa vida. Só assim chegaremos a um lugar de liberdade”, afirmou.
Para ele, essa liberdade só é possível por meio de uma democracia consolidada. “Com a diminuição das políticas de Estado, temos mais desigualdades e mais doenças. Os países com bem-estar social forte têm menos violência, menos doenças”, disse. A experiência brasileira, apesar dos ganhos que a Constituição de 1988 trouxe para a sociedade, vem mostrando tempos difíceis, em especial na restrição orçamentária do Sistema Único de Saúde (SUS) devido à Emenda Constitucional 95/2016.
A mudança constitucional deve gerar um prejuízo ao SUS estimado em R$ 400 bilhões até 2036, enquanto atende aos interesses do capital financeiro. Conceição Silva, conselheira nacional de saúde, afirmou que infelizmente ainda “há uma polarização muito grande do estado capitalista contra toda a sociedade”, que pode ser elucidada a partir da mercantilização da saúde, como a proposta especulada pelo Ministério da Saúde de potencializar os planos de saúde privados em detrimento do SUS.
Defender o SUS é papel de todos e todas
Ronald dos Santos, presidente do CNS, convocou todos para engajarem-se na 16ª Conferência Nacional de Saúde (8ª+8), maior evento de participação social no Brasil, agendado para ter sua etapa nacional em 2019. “Esse é um processo de luta permanente. Precisamos ter clareza do tamanho da força que teremos que ter diante da gravidade dos tempos atuais. A velocidade com que se efetiva a destruição de tudo que foi construído é assustadora. Precisamos mobilizar forças sociais e políticas para esse enfrentamento”, disse.
Para isso, a conselheira nacional de saúde, Carol Abad, afirmou que a mobilização precisa reverberar além dos movimentos sociais e dos defensores do SUS. “Precisamos trazer os usuários do SUS para a luta. Explicar para nossos vizinhos o que é o SUS e que não é ‘coisa de pobre’. Temos que tentar chamar a população. Eleger candidato é fácil, mas promover uma real mudança na cabeça das pessoas não é tão simples”, disse.
Agência Rede Unida, por Danilo Castro (Ascom CNS)