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Por que o controle social é importante para a saúde das mulheres?
Foto: CNS
Com o objetivo de potencializar e criar Comissões Intersetoriais de Saúde da Mulher (Cismu) em conselhos municipais e estaduais de saúde, 80 mulheres estiveram reunidas em Brasília no 2º Seminário Nacional de Saúde das Mulheres, que aconteceu de 29 de novembro a 1º de dezembro. O evento garantiu a elaboração conjunta de um plano de trabalho para implementação de várias Cismu pelo Brasil. Na ocasião, cinco lideranças de referência para vários segmentos sociais no país falaram sobre a importância das mulheres pautando o controle social na saúde.
Heliana Hemetério – Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT)
A implementação de Cismu é para garantir que as mulhres tenham visibilidade. Muitas vezes ainda há uma dificuldade de alguns conselhos darem prioridade às questões referentes à mulher. Temos 27 estados representados nesse seminário, mas apenas 30% possuem Cismu. Ainda falta muito trabalho pela frente. Muitas vezes ficamos no eterno binômio mãe e filho, pensando política somente nessa área. Precisamos debater o câncer de mama, câncer de útero, a hanseníase. Em alguns estados, as políticas não fazem o recorte de gênero em suas ações. E são as mulheres negras as mais afetadas. A Cismu tem um papel fundamental nas políticas de saúde integral. Precisamos estar nesses espaços para propor ações que acompanhem a mulher em todos os ciclos de vida.
Silvia Aloia – Articulação Nacional de AIDS (Anaids)
A participação na Cismu possibilita ricas trocas. Nós somos lésbicas, negras, indígenas, com deficiência, dentre tantas outras. Precisamos reforçar as demandas e deliberações das mulheres no controle social. A Cismu permite reflexões sobre desigualdades para que possamos reduzí-las e permite o debate com diversos movimentos sociais. É um espaço de fortalecimento e de aprendizado.
Rayanne França – Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira
Faço parte do Povo Baré, do Amazonas. A Coiab representa os 160 povos da Amazônia. Estamos cada vez mais dando mais voz às mulheres indígenas. Os povos indígenas serão os que mais vão ser afetados nesse novo contexto político. Precisamos pensar na saúde da mulher indígena e pensar sobre nosso direito de existir. Com a Cismu eu fico bastante feliz em poder aprender com outras mulheres sobre nossos direitos na saúde.
Elaine Neves – Central Única dos Trabalhadores (CUT)
A Cismu permite que a gente se encontre, de mulher para mulher. Assim a gente se fortalece. Se olharmos para o processo de adoecimento das mulheres no trabalho, há várias complexidades por conta do processo produtivo, que muitas vezes é adoecedor. A reforma trabalhista permitiu que mulheres grávidas trabalhem inclusive em ambientes insalubres. Com a ajuda da Cismu, temos o desafio e o dever de defender as mulheres no espaço de trabalho.
Vitória Bernardes – Mulheres com Deficiência
Sempre associam deficiência à doença. O espaço da Cismu é um espaço para todas nós. E não estamos sozinhas. As mulheres com deficiência são mais um grupo na nossa diversidade. Nossos corpos são espaços políticos que muitas vezes evidenciam desigualdades. Ainda há muitas mulheres que se tornam pessoas com deficiência após sofrerem violência doméstica. A Cismu é esse espaço de discussão e fortalecimento entre nós.
Fonte: Conselho Nacional de Saúde