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CNS e UNE debatem estratégias para universidades defenderem SUS
Foto: UNE
A UNE Volante desembarcou na Universidade Federal do Ceará (UFC) e promoveu nesta manhã (23) o debate “O papel estratégico da Universidade na manutenção e ampliação do Sistema Único de Saúde-SUS”.
A mobilização sobre o tema é urgente. A Proposta de Emenda Constitucional 55 (EC 55) limita drasticamente os gastos públicos com educação e saúde por duas décadas. Em abril, foi realizado em Brasília um evento que propõe a substituição do SUS pelo “Novo Sistema Nacional de Saúde”. A ideia central é que este “novo” sistema seja gerido segundo os ditames dos planos de saúde.
Diante disso, a UNE convocou estudantes, professores, especialistas em saúde e perguntou: qual é o papel da Universidade para deter esses retrocessos?
A mesa do debate foi mediada por Marianna Dias, presidenta da UNE, e contou com a presença de Ronald Ferreira, Presidente do Conselho Nacional de Saúde (CNS), Alberto Novaes, Professor da UFC, Helena Serra Azul, Coordenadora da pós-graduação de Medicina e vice-presidenta da Associação dos Docentes da Universidade Federal do Ceará (ADUFC), Emille Sampaio Cordeiro, professora da Universidade Federal do Cariri e Militante da Rede de Médicos e Médicas Populares, Gustavo Di Lourenzo Villas Boas, Coordenador Geral da Direção Executiva Nacional dos Estudantes de Medicina (DENEM) e Pedro Almir, Coordenador Geral da Executiva Nacional dos Estudantes de Fisioterapia.
A presidenta da UNE Marianna Dias abriu as falas agradecendo a participação de todos e explicando a vital importância da caravana da UNE Volante:“Nós optamos por homenagear nossa história percorrendo todas as regiões do Brasil para conversar com os estudantes sobre os problemas, o contexto e a perspectiva do Brasil”, disse.
Representando o reitor da UFC, Henry Campos, o professor Alberto Novaes pontuou que a PEC 55 vai trazer retrocessos inimagináveis e que a comunidade acadêmica precisa se fazer presente e combativa para lembrar a população da importância do SUS e do desenvolvimento científico gerado na Universidade. “O SUS está presente na disponibilidade de medicamentos, no refeitório da universidade, nas vacinas, no Instituto do Câncer, nas pesquisas que desenvolvemos. Ele está amplamente presente em nossas vidas e, por isso, precisamos defendê-lo. Também é nosso papel mobilizar e articular estratégias de defesa no espaço universitário”, disse.
Ronald Ferreira também mostrou apoio à caravana da UNE. “A nossa liberdade foi conquistada por luta e não nos foi dada pela elite. A proteção social da saúde é uma conquista histórica e é justamente a primeira pauta debatida na UNE Volante para podermos reafirmar que saúde no Brasil não é mercadoria. Entendo o espírito da UNE Volante como uma contribuição histórica para o enfrentamento de resistência e também de construção do Brasil que queremos”, disse.
Alberto Novaes: “Não é possível ter cultura, tecnologia e educação sem liberdade”, concluiu Novaes, explicando que o espaço de livre expressão da UNE Volante é vital para o momento do País.
O presidente da CNS também pontuou que nos novos modelos de saúde no contexto da reforma trabalhista não cabe o profissional crítico ou o acesso à saúde de qualidade para todos. “Nesse modelo atroz de Brasil, o que prevalece são os retornos financeiros das planilhas dos planos de saúde. É preciso mobilização para que não se perca uma serie de conquistas de movimentos sociais e também dos estudantes”, afirma.
Cada debatedor foi contundente em sua fala quando defendeu um modelo de País diferente do que está sendo imposto pelo governo ilegítimo. Helena Serra Azul foi presa na ditadura e comparou os períodos. “Estamos vivendo um golpe judiciário e midiático para implementar um projeto excludente no Brasil. Quem pode confiar no judiciário brasileiro que tem em sua história a entrega da Olga Benario grávida para nazistas? E não podemos nos enganar, a intolerância que vivemos hoje é parecida com a intolerância dos anos 60 e tem nome, chama-se Fascismo. Não podemos dar outro nome”.
Gustavo Villas Boas lembra que se a saúde tem um planejamento para ser tratada como mercadoria, é certo que alguém estará enriquecendo com isso. “Nessa duas questões, SUS e Universidade, precisamos ter em mente que a população brasileira está envelhecendo e a demanda vai aumentar, além disso, o papel da universidade é ter o olhar popular, que atenda a comunidade”, disse.
O papel dos trabalhadores da saúde nesse contexto de golpe foi analisado por Emille Sampaio. “A nossa formação está muito ligada à prática, mas essa formação precisa estar vinculada às demandas da população”, disse. Ela pediu para que a plateia presente cantasse naquele momento e depois espalhasse uma paródia de “Nâo deixe o samba morrer” para tratar do assunto tão complexo como o desmonte do SUS.
♪♫ Não deixe o sus morrer
Não deixe o sus acabar
o sus foi feito pro povo
a luta não pode parar ♫
Pedro Almir pontuou a responsabilidade histórica dos estudantes para o debate e para as ações efetivas de defesa do Sistema Único de Saúde: “Defender o SUS passa por todos nós. Na universidade, passa pelos professores, pelos trabalhadores do RU, por nós estudantes. Não basta apenas o debate. Precisamos da força da juventude. Lembrando que o desmonte do SUS não vem de agora”, disse.
Vários estudantes participaram do debate pontuando as situações do cotidiano que enfrentam para debater política dentro da universidade. “Queremos um SUS do tamanho do povo brasileiro”, defendeu Vanessa, estudante de Fisioterapia. Defender a democracia também é defender um projeto de saúde com qualidade.
A UNE Volante segue as atividade na Universidade Federal do Ceará nesta terça-feira (24).
Fonte: UNE