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CNS debate estratégias de combate ao HIV/Aids e ao preconceito
Foto: CNS
O combate ao conservadorismo, preconceito, discriminação e a defesa da diversidade, na luta cotidiana contra qualquer opressão e retrocesso, foi destaque durante o debate sobre infecções sexualmente transmissíveis e do HIV/Aids, que cresce entre jovens. O tema foi pauta da 300ª Reunião Ordinária do Conselho Nacional de Saúde (CNS), na quinta-feira (7/12), em virtude do Dia Mundial de Combate ao HIV/Aids, comemorado no último dia 1º de dezembro.
De acordo com o panorama do HIV/Aids no Brasil, elaborado pelo Departamento das Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), HIV/Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, em 2016, a cada 84% das pessoas diagnosticadas com HIV, somente 72% estavam em tratamento. Estes são os dados da Meta 90/90/90 (a cada 90 pessoas diagnosticadas, quantas estão em tratamento antirretroviral e destas quantas estão na condição de soropositivos sem transmitir HIV).
“Hoje é imposto um silêncio sobre a sexualidade no ambiente escolar e isso tira o direito do jovem se entender enquanto cidadão. Como você vai falar de prevenção de DST/Aids se o jovem não fala sobre sexualidade? Estamos totalmente na contramão do que deve ser feito. Noção de risco, gênero e preconceito são temas fundamentais para dialogar com jovens”, afirma Carla Regiane Diana, presidenta da Articulação Nacional de Luta Contra a Aids (Anaids).
“Ainda temos um gap que precisamos superar em relação ao número de pessoas que estamos diagnosticando e quantas estamos, de fato, vinculando aos serviços de saúde para que possam ser tratadas. Isso nos preocupa”, afirma Ivo Ferreira Brito, colaborador do Departamento das IST, Síndrome da Imunodeficiência Adquirida e Hepatites Virais.
Segundo informações da Anaids, a cada 15 minutos um novo caso de Aids é registrado no Brasil e 34 pessoas morrem, diariamente, por causa da doença. Os dados ainda apontam que os jovens estão se infectando cada vez mais. Em 10 anos, os casos de Aids na faixa etária de 15 a 24 anos dobraram. “Não há estratégia clara para levar o tratamento a mais de 260 mil pessoas que sabem que são HIV positivas, mas ainda não se beneficiam das terapias com antirretrovirais”, avalia Carla Regiane Diana.
Mais que uma disputa de siglas
A sigla utilizada atualmente pelo Ministério da Saúde para Pessoas Vivendo com HIV é PVHIV. No entanto, a Anaids defende a continuidade da sigla PVHA (Pessoas Vivendo com HIV/Aids), para que a Aids não saia do contexto do HIV e para que doentes de Aids tenham acesso e garantia de tratamento adequado. Para a Ainaids, a retirada da sigla Aids pode fragilizar a luta daqueles que vivem com a doença, diferente de quem vive com HIV, mas é intransmissível por estar em tratamento.
“Essa nova terminologia foi adotada após uma ‘pseudoconsulta’, com pessoas que acharam por bem seguir tendências internacionais. Não aceitamos a mudança. PVHA é identidade assumida por movimento social e por pessoas que vivem com HIV/Aids, porque as pessoas não só morrem de Aids nesse país, apesar de tudo, elas continuam vivendo com Aids. Vamos insistir nesta mudança, que nos afeta sobre o estigma e a discriminação”, afirma o conselheiro nacional de saúde Moyses Toniolo, que representa a Anaids no CNS.
Ascom CNS