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Nova apresentação de medicamento incorporada ao SUS beneficia crianças com doença falciforme
Uma nova apresentação da hidroxiureia para o tratamento de pacientes com doença falciforme (DF) foi incorporada ao SUS na última semana. Esse medicamento atenua o processo inflamatório desencadeado pela doença, uma alteração genética com impactos nos vasos sanguíneos e tecidos, resultando em crises de dor aguda. Anteriormente disponível na rede pública de saúde apenas na forma de cápsula de 500 mg, a recente incorporação da apresentação de 100mg irá beneficiar os pacientes pediátricos, facilitando que o conteúdo da cápsula seja diluído em água e administrado nas quantidades necessárias de acordo com o peso da criança. Além disso, essa nova apresentação contribui para evitar desperdícios, erros de administração e dificuldade de manipulação por parte dos usuários e cuidadores.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) recomendou a incorporação desse medicamento após avaliá-lo em duas situações distintas: para o tratamento de pacientes com doença falciforme (SS, Sbeta0, Sbeta+ grave e SD Punjab), entre 9 e 24 meses de idade, sem sintomas e complicações, e para o tratamento de pacientes com doença falciforme com pelo menos 9 meses de idade. Assim, além da nova apresentação, houve a ampliação para todos pacientes com mais de 9 meses de idade.
O Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Doença Falciforme (PCDT-DF) em sua versão vigente recomenda o tratamento com hidroxiureia para indivíduos a partir dos 2 anos de idade e em casos especiais para a faixa etária entre 9 meses e 2 anos. São também necessários cuidados abrangentes ao longo da vida, a fim de diminuir a ocorrência de manifestações clínicas e aumentar a expectativa e a qualidade de vida do paciente. O conteúdo será atualizado em breve.
Apesar de estar presente em todo o território nacional, a DF se manifesta sobretudo na população negra (pretos e pardos) e sua maior prevalência ocorre nas Regiões Norte e Nordeste, onde a prevalência estimada do traço falciforme varia de 6% a 10%11. A DF foi negligenciada pelo pouco investimento em inovação e políticas públicas na área, o que a deixou invisibilizada durante muito tempo por falta de interesse decorrente também do racismo estrutural e institucional.
A doença
Nas pessoas com DF, as hemácias (glóbulos vermelhos do sangue), que normalmente são redondas, assumem a forma de “meia lua” ou “foice” (daí o nome “doença falciforme”). Nesse formato, os glóbulos vermelhos não oxigenam o organismo de maneira satisfatória, o que causa os sintomas de cansaço excessivo e anemia.
As manifestações clínicas da doença falciforme podem afetar quase todos os órgãos e sistemas, ocorrendo a partir do primeiro ano e se estendendo por toda vida. As principais incluem: crises de dor, icterícia, anemia, infecções, síndrome mão-pé, crise de sequestração esplênica, acidente vascular encefálico, síndrome torácica aguda, ulcerações, complicações renais, oculares, dentre outras, incluindo complicações tardias relacionadas à sobrecarga de ferro secundária às transfusões.
Diagnóstico
O diagnóstico da DF é feito principalmente pelo Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN), por meio do Teste do Pezinho, quando é coletado sangue do recém-nascido para verificar a presença de várias doenças, incluindo a doença falciforme.
Crianças a partir dos quatro meses de idade, jovens e adultos que não passaram pela detecção da doença podem realizar o exame de sangue chamado eletroforese de hemoglobina, disponível no SUS. A eletroforese de hemoglobina também está inserida na rotina do pré-natal, que é garantido a todas as gestantes e parceiros.
Com informações do Ministério da Saúde