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Ministério da Saúde incorpora no SUS tratamento para cura mais rápida de pacientes com tuberculose resistente
Pacientes com tuberculose (TB), doença ainda considerada um grave problema de saúde pública no Brasil, poderão contar com um novo medicamento no SUS que traz uma perspectiva de cura rápida e eficaz para o grupo com resistência às opções terapêuticas já disponíveis na rede pública de saúde. O medicamento pretomanida é administrado via oral, com menos efeitos colaterais, o que facilita a adesão e exige menos visitas de acompanhamento. Além disso, o tempo de tratamento também é reduzido: de dezoito para seis meses. A portaria de incorporação da pretomanida foi publicada nesta terça-feira (19) pelo Ministério da Saúde. Os principais beneficiados com os tratamentos serão pessoas diagnosticadas com tuberculose resistente à rifampicina (TB RR), tuberculose multidrogarresistente (TB MDR) e pré-extensivamente resistente a medicamentos (TB pré-XDR).
A recomendação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) considerou, além dos ganhos para os pacientes, a redução dos custos que a disponibilização do medicamento trará para o sistema de saúde. A estimativa é de uma economia de quase R$ 14 milhões no primeiro ano e de R$ 100 milhões no acumulado de cinco anos após a incorporação. ” A incorporação, após recomendação da Conitec, é exemplo de uma gestão compromissada com acesso à saúde e com a qualidade de vida das pessoas, com a ciência e as necessidades do SUS”, afirmou o secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Complexo da Saúde do Ministério da Saúde (SECTICS), Carlos Gadelha.
A oferta de esquemas de tratamento com a pretomanida é recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para enfretamento da tuberculose. Isso porque, além de mais caro, o tratamento com os outros medicamentos é mais longo e causa mais efeitos adversos. Em 2020, quase metade dos pacientes com TB resistente não tiveram sucesso no tratamento. A recente inclusão poderá melhorar esse cenário.
A incorporação da pretomanida vai permitir o uso de dois esquemas encurtados, o BPaL (bedaquilina, pretomanida e linezolida) e o BPaLM (bedaquilina, pretomanida, linezolida e moxifloxacino) – que possibilitam encurtar o período do tratamento da tuberculose multirresistente (TB MDR).
Tuberculose: doença de determinação social
Por ano, a tuberculose afeta cerca de 80 mil pessoas no país. A estimativa é de mais de 5,5 mil mortes. Em 2022, cerca de 770 novos casos de TB resistente a medicamentos foram diagnosticados no SUS.
O Brasil faz parte dos países prioritários para enfrentamento da doença, elencados pela OMS, e está entre os 30 países do mundo com maior índice de transmissão da doença.
O compromisso do país é zerar, até 2030, o número de famílias afetadas pela doença, que gera ainda mais vulnerabilidade e gastos com o tratamento. A incorporação da pretomanida representa um importante passo nesse sentido