Notícias
Medicamento incorporado ao SUS previne sangramentos e reduz a frequência de hemorragia em adultos e crianças com hemofilia A
Pacientes com hemofilia A ganham mais uma opção de tratamento no SUS com a incorporação do emicizumabe, conforme publicação de portaria no Diário Oficial da União nesta segunda-feira (9). O medicamento previne sangramentos e reduz a frequência de hemorragias, proporcionando, assim, melhor qualidade de vida aos usuários adultos e pediátricos. A incorporação ocorre após recomendação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) que avaliou a tecnologia e a considerou vantajosa também em termos de eficiência econômica para o SUS, em função dos custos médicos diretos evitados. A hemofilia A é caracterizada pela deficiência ou anormalidade do fator VIII da coagulação. Nessa condição de saúde, a manifestação clínica mais frequente é a hemorragia musculoesquelética, que leva a episódios de sangramento nas articulações. Eles afetam, sobretudo, as articulações do joelho, tornozelo, cotovelo, ombro e a que conecta o fêmur ao quadril. Quando isso ocorre repetidamente em uma mesma articulação, pode se dar uma degeneração progressiva e um consequente aumento da dificuldade de executar atividades da vida cotidiana. O emicizumabe já está no SUS para o tratamento de pacientes com hemofilia A e inibidores ao fator VIII refratários ao tratamento de imunotolerância.
O tema ficou em consulta pública até julho. Entre as contribuições recebidas, o relato de pacientes, familiares e profissionais de saúde que opinaram a favor da incorporação do medicamento no SUS.
“Tive uma melhor qualidade de vida em diversos aspectos: não tive mais problemas com faltas ao trabalho e em outros compromissos; não tive mais sangramentos, nem nas articulação mais comprometidas; pude realizar diversas atividades com mais segurança e sem ter sangramentos. Inclusive, tive que fazer uma cirurgia no tornozelo direito e foi um sucesso. O sangramento foi controlado.”
"Meu neto nunca mais teve sangramentos depois que começou a usar o medicamento. Antes, eu tinha até medo de cuidar dele porque qualquer batida era motivo de preocupação e, às vezes, ter que sair correndo para tomar Fator VII. Hoje em dia, cuido dele como qualquer outra criança. Levo na praça para brincar, no campo para brincar de bola, e não tem nenhum sangramento. Às vezes cai e se machuca, mas é normal, rapidinho para de sangrar e não acontece nada de mais.”
“Temos sete pacientes com hemofilia A grave em tratamento com emicizumabe. Todos sem sangramento desde que iniciaram o uso desse medicamento, e sem a necessidade de nenhum outro produto adjuvante."
Segundo o Manual de Hemofilia do Ministério da Saúde, o tratamento dos pacientes com hemofilia A requer a administração direta do fator coagulante (VIII) na corrente sanguínea. Todos os pacientes devem ser cadastrados no registro nacional de coagulopatias hereditárias (Hemovida WebCoagulopatias). Uma rede com mais de 30 hemocentros em todas as regiões do país conta com o sistema Hemovida, que dispõe de uma base nacional para o cadastro de pacientes, inserção de dados clínicos, informações sobre o tratamento, registro de aplicações, além do controle de estoque de medicamentos.
Dados gerais
Segundo a Universidade Aberta do SUS (UNA-SUS) e a Secretaria de Atenção Especializada à Saúde (SAES), atualmente, o Brasil tem a quarta maior população de pacientes com hemofilia do mundo - com aproximadamente 13 mil pessoas. Até o ano de 2020, havia 10.984 registros no país de pessoas com hemofilia A, sendo 98,5% do sexo masculino. Destes registos, a forma grave compreende 39,2% dos pacientes, enquanto 19,7% têm a forma moderada e 23,3% a leve.
Na grande maioria dos casos, a hemofilia A é transmitida a indivíduos do sexo masculino (em 2016, eles correspondiam a 98,39% dos casos) por mães portadoras da mutação genética.
Acesse mais informações no Relatório para Sociedade.