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Conitec recomenda incorporação de medicamento no SUS que pode mudar o tratamento da fibrose cística no Brasil
O Ministério da Saúde vai ofertar no SUS um medicamento que muda o paradigma da fibrose cística no Brasil. Chamada de terapia tripla (elexacaftor/tezacaftor/ivacaftor), o Trikafta foi avaliado pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) e recebeu recomendação favorável à incorporação no SUS por trazer benefícios clínicos importantes, como a melhora da função pulmonar, do estado nutricional do paciente, com consequente redução das internações hospitalares, retirada do paciente da fila de transplante pulmonar e melhora da qualidade e expectativa de vida.
A demanda que chegou à Conitec solicitou a avaliação da tecnologia para o tratamento da fibrose cística em pacientes com 6 anos de idade ou mais que tenham pelo menos uma mutação F508del no gene CFTR, mutação mais comum entre os que vivem com a doença. Hoje, o Registro Brasileiro de Fibrose Cística (REBRAFC) estima cerca de 1,6 mil pessoas elegíveis a esse tratamento. "Essa decisão faz parte do compromisso do presidente Lula com a vida, da perspectiva do Ministério da Saúde na reconstrução do SUS e da capacidade de o estado brasileiro incorporar aquelas tecnologias necessárias para nossa população, sem distinção de gênero, raça, local de nascimento e de nível de renda. Viva o SUS e viva a ciência!", destacou a ministra da Saúde, Nísia Trindade.
De acordo com o secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Complexo da Saúde, Carlos Gadelha, essa decisão permite também “combater a desinformação de que poderia existir qualquer restrição à saúde decorrente da necessidade de importação de produtos essenciais". "A expectativa sempre é a de termos uma inovação mundial a serviço das pessoas e não apenas dos interesses comerciais. Para isso, é preciso ter uma relação com o setor privado que seja altiva e respeitosa. Mas o nosso compromisso é com a ciência e a nossa missão é garantir a vida”, concluiu Gadelha.
O SUS conta com uma rede de tratamento estruturada que permite diagnóstico, monitoramento e assistência aos pacientes, sendo 75% deles com menos de 18 anos de idade, dada a mortalidade precoce dos acometidos pela doença no Brasil. A incorporação do medicamento poderá mudar essa realidade. Outra vantagem no manejo da doença é o diagnóstico por meio do teste do pezinho. Segundo informações da REBRAFC, cerca de 70% dos diagnósticos são feitos por meio da triagem neonatal.
A fibrose cística é caracterizada clinicamente pelo excesso de produção de muco espesso no pulmão, o que provoca quadros frequentes de inflamação brônquica e infecção pulmonar, com comprometimento progressivo da função pulmonar. Essa secreção também pode ocasionar diminuição de função do pâncreas e outros órgãos do trato digestivo. O tratamento padrão é baseado no controle de sintomas da doença. Já o tratamento novo atua na causa base, normalizando a produção e eliminação do muco das vias respiratórias, o que diminui a inflamação, melhora a função pulmonar, diminui exacerbações e infecções recorrentes.