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Consulta pública sobre tecnologia que pode curar pacientes com malária de maneira rápida e eficaz recebe contribuições até maio
A Secretaria-Executiva da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) está com consulta pública aberta sobre o medicamento tafenoquina em dose única, com cura radical da malária, e sobre o teste que identifica quais pacientes podem fazer uso do tratamento. O prazo para o envio de contribuições sobre os temas se encerra no dia 8 de maio. Participe aqui. A recomendação inicial do Comitê de Medicamentos da Conitec é favorável a proposta de incorporação das tecnologias no SUS. Ambas demonstraram eficácia principalmente em populações vulneráveis, geralmente localizadas em reservas indígenas e áreas de garimpo. A malária é uma doença infecciosa e parasitária transmitida por mosquito. A demanda para avaliação das tecnologias é da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA).
A tecnologia foi avaliada pela Conitec em 2021, quando a incorporação do medicamento foi condicionada a realização do estudo TRuST desenvolvido pela SVSA que coletou dados de mundo real durante 12 meses. O conteúdo revelou evidências de efetividade da tecnologia, complementando avaliação anterior. A estratégia terapêutica de realização do teste e dispensação do medicamento a pacientes foi realizada em Porto Velho (RO) e Manaus (AM). À época, apesar de evidências de eficácia na literatura tivessem sido consideradas de boa qualidade, faltava o levantamento de dados de efetividade. Agora, com os resultados de vida real desse estudo, a tecnologia voltou à discussão na Conitec.
O Monitoramento do Horizonte Tecnológico (MHT) realizado pelo Departamento de Gestão e Incorporação de Tecnologias em Saúde (DGITS/SECTICS/MS) não identificou outro medicamento emergente que pudesse ser utilizado como alternativa de tratamento à população em futuro próximo.
Tecnologia avaliada
A tafenoquina é um medicamento de dose única com indicação para a cura radical da malária por Plasmodium vivax, em pacientes com 16 anos ou mais que estejam recebendo cloroquina como terapia para a infecção aguda. Para avaliação, ela foi comparada com a primaquina, já incorporada ao SUS, e que apresenta tratamento de duração de sete dias ou oito semanas, e posologias variadas que dependem do nível de gravidade da doença e peso do paciente.
Para a realização do tratamento é necessária a realização do teste quantitativo da atividade da enzima glicose-6-fosfato desidrogenase (G6PD), já que a tecnologia provoca a destruição de glóbulos vermelhos, célula responsável pelo transporte de oxigênio no corpo, em pessoas que tenham a deficiência da enzima G6PD, uma doença hereditária.
Estudo TRuST
Durante a 117ª Reunião, o grupo da SVSA apresentou novas evidências de mundo real e o impacto econômico da tecnologia no SUS, que chegou a R$ 31 milhões em cinco anos.
O estudo identificou que houve uma boa aceitação com relação à inclusão da tafenoquina no esquema de tratamento tanto para os profissionais da saúde como para pacientes, já que a dose única promove a adesão. Ainda, concluiu que é uma estratégia inovadora que se alinha à principal estratégia do Programa de Malária do MS, já que há mais de dez anos trabalha com apenas um esquema de tratamento.
Malária
O Ministério da Saúde (MS) lançou nesta terça-feira (25) uma campanha voltada para a prevenção e combate à malária. O foco é a Região Amazônica, que concentra 99% dos casos no país. A doença, cuja incidência ocorre nas populações de maior vulnerabilidade social, representa um grande problema de saúde pública no país. A data marca o Dia Mundial de Luta Contra a Malária e os 20 anos de atuação do Programa Nacional de Prevenção e Controle da Malária.
A doença provoca calafrios, febre, sudorese, além de dores de cabeça, náuseas e vômito. De acordo com o relatório Mundial da Malária, existem cerca de 228 milhões de casos. O Brasil é uma área endêmica e soma mais de 150 mil casos por ano.
Recentemente, a doença tomou as manchetes dos jornais brasileiros devido à crise humanitária dos Yanomamis, que envolveu casos de desnutrição, pneumonia e malária. Dados de 2022 sugerem a concentração de quase 10% dos casos de malária nessa região do país. Nos mais de dois meses de ações de assistência à população indígena realizada pelo Ministério da Saúde, foram feitos quase 3 mil testes, em que foram identificados cerca de 500 casos para malária.