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Ampliação de uso de medicamento beneficia tratamento de pacientes com doença renal crônica no SUS
O Ministério da saúde ampliou o uso da dapagliflozina para o tratamento da doença renal crônica (DRC) em uso de terapia padrão no SUS, após recomendação feita pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec). Observou-se que o medicamento reduz o risco de progressão da DRC, falência renal e mortalidade. A doença renal crônica é prevalente no Brasil e importante causa de morbidade e de custos para os sistemas de saúde. O medicamento já foi incorporado ao SUS para o tratamento adicional de pacientes adultos com insuficiência cardíaca e para tratamento de diabetes mellitus tipo 2.
Acesse o relatório aqui.
Dados da Pesquisa Nacional de Saúde (IBGE/2019) e do Censo Brasileiro de Diálise (2020) revelam que há 2,5 milhões de pacientes com diagnóstico da DRC no Brasil, e cerca de 145 mil pessoas em diálise no país.
Tecnologia
A dapagliflozina atua inibindo o cotransportador sódio-glicose 2 (uma proteína que auxilia na reabsorção de sódio e glicose no rim), o que melhora os níveis de açúcar no sangue e promove benefícios cardiovasculares e renais. As evidências indicam que o uso do medicamento em associação ao tratamento já preconizado (anti-hipertensivos inibidores da enzima conversora de angiotensina e bloqueadores dos receptores de angiotensina) tem efeito benéfico na prevenção da insuficiência cardíaca e na redução da mortalidade.
Essa associação reduz, em média, 44% das taxas de declínio da função dos rins e em 31% a mortalidade por causas cardiovasculares. Além disso, observou-se também uma diminuição da perda de albumina e creatinina na urina em 24 semanas de uso, o que contribui para a melhora da função renal.
DRC
As condições que podem colaborar com a evolução da DRC são: pessoas com níveis de pressão arterial, glicemia e colesterol não controlados; pessoas em estágios mais avançados da DRC; pessoas que apresentam perda acima do normal de albumina na urina; fumantes e pessoas em uso de medicamentos que podem comprometer os rins, como os anti-inflamatórios.
Assim como outras condições de saúde podem contribuir para a declínio da função dos rins, a DRC também é um fator determinante para o paciente desenvolver a doença cardiovascular (DCV), responsável por 30% de todas as mortes no mundo. Dessa forma, deve-se considerar que os pacientes com DRC poderão também ter a necessidade de tratar a DCV.
Ampliação de uso da dapagliflozina
O tema esteve em pauta na 110ª Reunião da Conitec e recebeu contribuições de uma das chamadas públicas para Perspectiva do Paciente, em março deste ano. A paciente selecionada participou da reunião de apreciação inicial e relatou a experiência com o medicamento.
O Plenário o encaminhou para consulta pública com parecer desfavorável à incorporação, já que seriam necessárias mais informações de longo prazo a respeito da eficácia do tratamento com dapagliflozina em participantes dos estudos clínicos apresentados para a formulação de uma recomendação.
Na 112ª Reunião, foram avaliadas as contribuições enviadas pela sociedade, em que houve a apresentação de novas evidências, resultando na aprovação do relatório com recomendação favorável à incorporação. Para a comissão, “as contribuições submetidas foram suficientes para dirimir as dúvidas técnico-científicas remanescentes da apreciação inicial”.