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Pacientes imunocomprometidos e com infecções fúngicas ganham novas opções de tratamento pelo SUS
O Ministério da Saúde (MS) incorporou novas tecnologias no SUS para tratamento de pacientes imunocomprometidos e com infecções fúngicas. Os medicamentos recomendados pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) passaram pelo fluxo de avaliação de tecnologias e devem ser disponibilizados nos próximos meses na rede pública.
Conheça quais as tecnologias incorporadas:
Anidulafungina para tratamento de pacientes com candidemia e outras formas de candidíase invasiva: trata-se de um agente antifúngico administrado na veia que possui ação fungicida contra um amplo espectro de espécies do gênero Candida.
A candidíase engloba um conjunto de infecções que podem se manifestar tanto de forma localizada, como na boca e/ou faringe (candidíase orofaríngea), quanto de forma disseminada. Esta última inclui infecções de corrente sanguínea e de outros tecidos, como o sistema nervoso central, coração, olhos, ossos, peritônio (membrana que recobre a parede do abdômen e a superfície dos órgãos ali localizados), fígado etc.
Nesse sentido, a candidíase invasiva é definida como uma infecção sistêmica por alguma espécie de fungo ligada ao gênero Candida, podendo estar associada (ou não) a um resultado positivo em exame para detectar a presença de microrganismos no sangue, como fungos e bactérias.
Quando o resultado é positivo, percebe-se que o fungo infectou a corrente sanguínea (candidemia). Essa infecção ocorre principalmente em pessoas com imunodeficiência, como pacientes com cânceres sanguíneos, transplantados e em quimioterapia ou que necessitam de cuidados prolongados em Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
A cada ano, a candidíase invasiva afeta mais de 250 mil pessoas em todo o mundo e causa mais de 50 mil mortes. No Brasil, dados apontam para a ocorrência de 2,5 casos de candidemia para cada mil internações hospitalares. Em um estudo recente realizado no Paraná e publicado em 2021, verificaram-se 2,7 casos de candidemia para cada mil pacientes por dia e 1,2 episódios para cada mil internações.
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Voriconazol para tratamento de pacientes com aspergilose invasiva: a aspergilose é uma doença causada por espécies de fungos do gênero Aspergillus e pode se manifestar nas vias aéreas e pulmões, podendo envolver outros órgãos, causando infecção do sistema nervoso central, do trato gastrointestinal, dos olhos, da pele, do revestimento interno do coração e mesmo se disseminar por todo o organismo. Os sintomas incluem febre, calafrios, choque, delirium e coágulos sanguíneos. Podem ocorrer dificuldade de respirar, insuficiência renal e do fígado (nesse caso, a pele e os olhos ficam amarelados devido ao mau funcionamento desse órgão).
É considerada, portanto, uma infecção oportunista, progressiva, aguda e severa, com maior risco de vida em doentes imunodeprimidos ou que estão em tratamento com uso agressivo de corticoides, antibióticos e medicamentos que diminuem a atividade do sistema imune. Estima-se que ocorram, por ano no Brasil, 12 casos de infecção invasiva por fungos do gênero Aspergillus para cada um milhão de habitantes.
O voriconazol é um agente que combate diversos tipos de fungos, sendo empregado no tratamento da aspergilose invasiva e de várias outras infecções fúngicas. Quanto mais cedo se inicia o tratamento, maiores são as chances de recuperação.
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Isavuconazol para tratamento da fase de consolidação de pacientes diagnosticados com todas as formas de mucormicose: a mucormicose é uma infecção rara, com alta taxas de letalidade. Afeta principalmente pessoas com imunidade comprometida, vítimas de traumas com perfuração de alguma parte do corpo, pessoas com alto índice de ferro no sangue, pacientes com diabetes ou câncer nas células sanguíneas, ou que já tenham realizado transplante de órgãos. O isavuconazol é um medicamento antifúngico que age eliminando ou parando o crescimento de diversos tipos de fungos, incluindo os da ordem Mucorales. Ele é indicado para o tratamento da mucormicose e da aspergilose invasiva (outra doença causada por fungos).
O tratamento da mucormicose consiste em administração imediata de medicamentos antifúngicos, composta por duas fases: a de indução (ou ataque) e a de consolidação (ou manutenção).
A fase de indução dura em média 4 semanas e o medicamento indicado é a anfotericina B. A depender das condições clínicas do paciente, podem ser recomendadas cirurgias para remoção dos tecidos que foram atingidos pelo fungo.
A fase de consolidação se caracteriza por um período de manutenção do tratamento, quando existe o controle da doença e tem duração média de aproximadamente seis meses. Nessa fase, apesar de ser possível continuar o tratamento com anfotericina B, o isavuconazol é o tratamento recomendado.