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HTAI 2019: Estamos preparados para a próxima década?
Ao invés de evidências de ensaios clínicos controlados, dados de vida real. Informações obtidas do uso das tecnologias em saúde por pacientes e que se transformam em parte do embasamento utilizado para a ATS, num movimento mundial. Este foi um dos temas discutidos em um dos maiores eventos científicos sobre o assunto do mundo, o Encontro Anual do HTAi.
Durante quatro dias, 75 países se reuniram na cidade de Colônia, na Alemanha, para pensar em projetos, avanços e possíveis obstáculos que as agências de ATS podem enfrentar em um futuro próximo. Mais de 1.200 participantes, envolvidos em diversas etapas do tema, para responder à pergunta: estamos preparados para a próxima década?
Esta pergunta mais abrangente foi desdobrada, durante os dias do evento, em uma série de questionamentos:
Como vamos aplicar dados de vida real? Em que momento eles irão aprimorar a avaliação de tecnologias? Como avaliar quais tecnologias digitais podem trazer melhorias aos serviços de saúde?
Como incluir a visão do paciente e trazer mais transparência para ATS? Como aprimorar a comunicação entre os diversos atores envolvidos? Como incorporar medicamentos para doenças raras, considerando os desafios de analisar benefícios e segurança para os pacientes em um universo com evidências tão restritas?
Buscar respostas para essas e outras perguntas foi o que guiou a vasta programação do evento. Entre mesas redondas, workshops, painéis, conferências, apresentações orais e de pôsteres esses temas foram discutidos entre agências de ATS (como a Conitec), pacientes, especialistas, representantes da indústria e outros atores envolvidos.
Mas se engana quem pensa que reunir grandes referências do mundo em ATS pode trazer respostas conclusivas para tantos questionamentos. Corah Prado, coordenadora geral do Departamento de Gestão e Incorporação de Tecnologias e Inovação em Saúde (DGITIS), Secretaria-Executiva da Conitec, ressaltou que esteve “claro que enfrentamos os mesmos desafios que todos os outros países ali presentes. Ainda precisamos construir soluções e fica mais fácil quando temos as mesmas perguntas”.
Participação da Conitec
Colaboradores da Secretaria-Executiva da Conitec destacaram a ATS no Brasil para o cenário mundial, com a apresentação de seis trabalhos. Além disso, a Comissão foi a única participação da América Latina em um momento importante do evento: O encontro do Global Policy Fórum.
Soluções Conjuntas
Em um universo de desafios para próxima década, o Fórum deixou claro o quanto a cooperação e a troca de experiências podem ser um caminho para o desenvolvimento da ATS e dos sistemas de saúde. Um dos pontos levantados durante a plenária do evento foi a possibilidade de criação de uma agência única de ATS na Europa.
Para Vania Canuto o resultado do encontro foi a confirmação de que, além de compartilhar dúvidas para o desenvolvimento da ATS, o Brasil parece seguir os mesmos passos apontados como solução. “Nesse ano, o Ministério da Saúde está delineando uma diretriz para orientar acordos de compartilhamento de risco, iniciativa que pode trazer avanços na utilização de dados de vida real para a incorporação de tecnologias, principalmente na reavaliação daquelas já incorporadas – trazendo maior sustentabilidade para o sistema”.
É importante destacar também que a participação de pacientes nas avaliações de tecnologias feitas pela Comissão tem sido ampliada, a exemplo das reuniões preliminares para elaboração e atualização dos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (chamadas de reunião de escopo).
A troca de experiências para o progresso da ATS é apenas um dos ganhos que eventos como o HTAi trazem para toda a sociedade. A participação dos profissionais brasileiros ressalta a importância e a seriedade com que a Conitec tem lidado com o tema no Brasil.