Perguntas e Respostas sobre Tecnologias em Saúde
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Abemaciclibe para câncer de mama :: Outubro/2022
Data de elaboração: Outubro/2022 Data de publicação: Outubro/2022 O que é o câncer de mama?
O câncer de mama é uma doença causada pela multiplicação desordenada de células da mama. Esse processo gera células anormais que se multiplicam, formando um tumor.O diagnóstico para o câncer de mama pode incluir estratégias de detecção precoce e rastreamento. A estratégia de diagnóstico precoce contribui para a redução do estágio de apresentação do câncer e possibilidade de melhor efetividade do tratamento. São considerados sinais e sintomas suspeitos de câncer de mama e de referência urgente para a confirmação diagnóstica:
Quadro 1. Sintomas suspeitos de câncer de mama.
Sintomas suspeitos de câncer de mama Qualquer nódulo mamário em mulheres com mais de 50 anos. Nódulo mamário em mulheres com mais de 30 anos, que persistem por mais de um ciclo menstrual. Nódulo mamário de consistência endurecida e fixo ou que vem aumentando de tamanho, em mulheres adultas de qualquer idade. Descarga papilar sanguinolenta unilateral. Lesão eczematosa da pele que não responde a tratamentos tópicos. Presença de linfadenopatia axilar. Aumento progressivo do tamanho da mama com a presença de sinais de edema, como pele com aspecto de casca de laranja. Retração na pele da mama. Mudança no formato do mamilo. Fonte: Site Conitec4
Em geral, pode ser dividido em três subgrupos biológicos, cada um dos quais tem uma influência direta nas escolhas de tratamento: aqueles que expressam o receptor de estrogênio (ER); aqueles que expressam o receptor 2 do fator de crescimento epidérmico humano (HER2); e aqueles que não expressam nenhum destes, nem o receptor de progesterona (triplo-negativo). Embora seja improvável que o câncer de mama metastático seja curado, tem havido melhorias significativas na sobrevida devido à disponibilidade de terapias sistêmicas mais eficazes, incluindo terapia endócrina no tratamento de doenças sensíveis aos hormônios1.
O câncer de mama é uma das doenças mais estudadas em Oncologia, considerado muito heterogêneo e, portanto, com diferentes abordagens em diretrizes, guidelines, e trabalhos científicos. O câncer de mama tem seu prognóstico e tratamento definidos pela localização, idade de apresentação e estadiamento, e ainda fatores de risco que levam em consideração critérios histopatológicos, biológicos e, mais recentemente, moleculares e genéticos2.
Trata-se do segundo cancer mais incidente no mundo, ficando atrás apenas do câncer de pulmão. No Brasil, o câncer de mama é o tipo mais comum de câncer entre as mulheres no mundo e no Brasil, depois do câncer de pele não melanoma, correspondendo a cerca de 25% dos casos novos a cada ano. Estima-se que no período de 2020 a 2022 há incidência de câncer de mama seja de aproximadamente 66.280 casos para cada ano. Esse valor corresponde a um risco estimado de 61,61 casos novos a cada 100 mil mulheres. O câncer de mama é mais frequente em mulheres mais velhas e menos de 5% dos casos são diagnosticados em mulheres abaixo dos 35 anos2.
A identificação de fatores de risco e da doença em seu estágio inicial e o encaminhamento ágil e adequado para o atendimento especializado dão à Atenção Básica um caráter essencial para um melhor resultado terapêutico e prognóstico dos casos2.
O desenvolvimento do câncer de mama está relacionado a uma combinação de fatores de risco, no entanto algumas mulheres podem ter câncer de mama mesmo sem quaisquer outros fatores de risco que conheçam8.
Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar o câncer de mama?
Sim. O SUS oferece estratégia de cuidado que pode ser verificada nas Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas (DDT) do Carcinoma de Mama1, publicado por meio da Portaria SAS/SCTIE/MS nº 53, de 18 de abril 2019. As Diretrizes estão em fase de atualização.A tecnologia possui registro na Anvisa?
Sim. O abemaciclibe foi registrado na Anvisa em março de 2019, sob a marca comercial Verzenios®. O medicamento é indicado em combinação com terapia endócrina para o tratamento adjuvante de pacientes adultos com câncer de mama precoce, com alto risco de recorrência, receptor hormonal positivo (HR positivo), receptor do fator de crescimento epidérmico humano 2 negativo (HER2 negativo) e linfonodo positivo. Também é indicado para o tratamento de pacientes adultos com câncer de mama avançado ou metastático, receptor hormonal positivo (HR positivo) e receptor do fator de crescimento epidérmico humano 2 negativo (HER2 negativo): em combinação com um inibidor da aromatase como terapia endócrina inicial; em combinação com fulvestranto como terapia endócrina inicial ou após terapia endócrina; como agente único, após progressão da doença após o uso de terapia endócrina e 1 ou 2 regimes quimioterápicos anteriores para doença metastática. As mulheres tratadas com a combinação de VERZENIOS mais terapia endócrina diferente de tamoxifeno devem estar em um estado de pós-menopausa antes da terapia4.Possui genérico?
Não5.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Verzenios® - comprimido revestido com 50 mg em apresentações com 30 e 60 comprimidos;
Verzenios® - comprimido revestido com 100 mg em apresentações com 30 e 60 comprimidos;
Verzenios® - comprimido revestido com 150 mg em apresentações com 30 e 60 comprimidos; e
Verzenios® - comprimido revestido com 200 mg em apresentações com 30 e 60 comprimidos.*Medicamento disponível no mercado de acordo com a lista CMED5, de 29/08/2022, atualizada em 12/08/2022.
O medicamento está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename)?
Não, de acordo com consulta realizada à Rename6, em 29/08/2022.Quanto custa o tratamento com o abemaciclibe?
Considerando a dose recomendada em bula de 300 mg, ao dia, em combinação com terapia endócrina para pacientes com câncer de mama precoce e câncer de mama avançado ou metastático, o custo mensal estimado para tratamento com abemaciclibe é de R$ 19.834,97 (dezenove mil, oitocentos e trinta e quatro reais e noventa e sete centavos). Já a indicação para pacientes com câncer de mama avançado ou metastático, e uso do abemaciclibe como agente único a dose recomendada é de 400 mg, ao dia, o custo mensal estimado para tratamento com abemaciclibe, nessa indicação, é de R$ 24.770,41 (vinte e quatro mil, setecentos e setenta reais e quarenta e um centavos). O valor foi calculado considerando-se o Preço Fábrica (PF) e a alíquota de 18% em relação ao ICMS do medicamento de referência, segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED/Anvisa5, pois esse medicamento não consta na lista de isenção de ICMS ou com aplicação do desconto CAP.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar o câncer de mama?
Sim. O SUS disponibiliza o tratamento para o câncer de mama, conforme a DDT do Carcinoma de Mama2. Esclarece-se que para o tratamento de câncer no SUS, não há uma lista específica de medicamentos, vez que o cuidado ao paciente deve ser feito de forma integral nas Unidades de Alta Complexidade em Oncologia (UNACON) ou Centros de Alta Complexidade em Oncologia (CACON). Nesses estabelecimentos de saúde, o fornecimento de medicamentos é feito via autorização de procedimento de alta complexidade (APAC), conforme os procedimentos tabelados. Assim, esses hospitais habilitados como UNACON ou CACON devem oferecer assistência especializada e integral ao paciente com câncer, atuando no diagnóstico e tratamento do paciente, sendo ressarcidos pelo gestor federal quando da realização dessa assistência, inclusive farmacêutica, de acordo com valores pré-estabelecidos na Tabela de Procedimentos do SUS.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou a tecnologia para esta condição clínica em adultos?
Sim, a Conitec avaliou o abemaciclibe para o tratamento de pacientes adultas com câncer de mama avançado ou metastático com HR+ e HER2-. Durante a 103ª reunião ordinária, realizada no dia 10 de novembro de 2021, os membros da Comissão recomendaram a incorporação ao SUS dos inibidores de ciclina (abemaciclibe, palbociclibe e succinato de ribociclibe) para o tratamento do câncer de mama avançado ou metastático com HR+ e HER2-, de acordo com a assistência oncológica no SUS e as Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas do Ministério da Saúde2. Os documentos técnicos foram encaminhados ao Secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde (SCTIE/MS), que ratificou as recomendaçãos e publicou a Portaria SCTIE/MS nº 73/2021, no Diário Oficial da União (DOU) nº 229, de 07/12/2021, Seção 1, pág. 160.O que a literatura científica relata sobre o uso dessa tecnologia para o câncer de mama?
Zhang et al7 no estudo duplo-cego, randomizado de fase 3, realizado de 2016 a 2019, com mulheres pós-menopausa, realizaram tratamento com abemaciclibe associado a anastrozol ou letrozol apresentaram sobrevida global (SG) de 56 meses; com anastrozol ou letrozol foi de 30,3 meses; com abemaciclibe associado a fulvestranto foi de 38,5 meses; e com fulvestranto foi de 7,5 meses. Foi verificada diferença significativa entre os grupos, favorecendo o grupo que realizou tratamento com abemaciclibe associado a anastrozol ou letrozol, o qual apresentou SG média superior de 25,7 meses (IC95%: 14,98 – 36,42) quando comparado ao anastrozol ou letrozol. Foi verificada diferença significativa entre os grupos, favorecendo o grupo que realizou tratamento com abemaciclibe associado a fulvestranto, com SG média superior de 31 meses (IC95%: 19,83 – 42,17) quando comparado ao fulvestranto.Johnston et al (2019)8, no estudo denominado MONARCH 3, duplo-cego, randomizado de fase 3 com abemaciclibe mais um inibidor de aromatase não esteróide (anastrozol ou letrozol), no qual foi verificado a sobrevida livre de progressão (SLP) e a taxa de resposta objetiva (ORR) com perfil de segurança tolerável como tratamaento inicial para receptors hormonais positivos (HR+), câncer de mama avançado para fator de crescimento epidérmico negativo 2 (HER2-). Pacientes que realizaram tratamento com abemaciclibe associado a anastrozol ou letrozol apresentaram uma SLP 28,18 meses e com anastrozol ou letrozol foi 14,73 meses. Foi verificada diferença significativa entre os grupos, favorecendo o grupo que realizou tratamento com abemaciclibe associado a anastrozol ou letrozol, o qual apresentou SLP média superior de 13,45 meses (IC95%: 10,03 – 16,87).
Referências bibliográficas
1 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação n°. 678, de nov 2021. Abemaciclibe, palbociclibe e succinato de ribociclibe para o tratamento de pacientes adultas com câncer de mama avançado ou metastático com HR+ e HER2- [Acesso em 29 agosto 2022]. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/2021/20211207_relatorio_678_abemaciclibe_palbociclibe_ribociclibe_carcinoma_mama_final.pdf.2 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Portaria Conjunta nº 5, de 18 de abril de 2019. Aprova as Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas do Carcinoma de Mama. [portaria na internet] Diário Oficial da União 29 abril 2019 [acesso em 29 ago 2022]; Seção 1, (44). Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/protocolos/ddt/ddt-carcinoma-de-mama_portaria-conjunta-n-5.pdf.
3 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Portaria Conjunta SAS/SCTIE/MS nº 5, de 28 de abril 2019. Aprova as Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas do Mieloma Múltiplo. [Portaria na internet]. Diário Oficial da União 29 abr 2019 [Acesso em 29 ago 2022]; Seção 1, (44). Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/portaria/2019/portariasconjuntas_sctie_sas_5_2019.pdf.
4 Verzenios. [Bula]. Brasil: Eli Lilly do Brasil Ltda.
5 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Medicamentos. Câmera de Regulação do Mercado de Medicamentos. Listas de Preços de Medicamentos [Acesso em 29 agosto 2022]. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/cmed/precos.
6 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2022. Brasília: Ministério da Saúde; 2022 [Acesso em 29 agosto 2022]. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/20220128_rename_2022.pdf.
7 Zhang QY, Sun T, Yin YM, Li HP, Yan M, Tong ZS, et al. MONARCH plus: abemaciclib plus endocrine therapy in women with HR+/HER2- advanced breast cancer: the multinational randomized phase III study. Ther Adv Med Oncol. 2020; 12:1758835920963925. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7586037.
8 Johnston S, Martin M, Di Leo A, Im SA, Awada A, Forrester T, et al. MONARCH 3 final PFS: a randomized study of abemaciclib as initial therapy for advanced breast cancer. NPJ Breast Cancer. 2019;5(1):5. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6336880.
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Acetato de abiraterona para neoplasia maligna de próstata :: Abril/2020
Data de elaboração: Fevereiro/2020 Data de publicação: Abril/2020 O que é Neoplasia maligna de próstata?
A próstata é uma glândula que produz parte do sêmen, líquido espesso que contém os espermatozoides. A neoplasia maligna de próstata (CP) é o tipo de câncer (neoplasia) mais frequente nos homens, e de grande relevância clínica, em função da sua elevada incidência e das altas taxas de cura desses pacientes quando a doença é detectada em fases iniciais. Raramente este tipo de câncer produz sintomas, até que se encontre em sua forma avançada. Todavia, nos casos sintomáticos, o paciente se queixa de dificuldade para urinar, jato urinário fraco e sensação de não esvaziar bem a bexiga1. O câncer de próstata metastático é considerado incurável e o tratamento visa aumentar a sobrevida e melhorar a qualidade de vida do paciente.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Neoplasia maligna de próstata?
Sim. O SUS oferece estratégia de cuidado que pode ser verificada nas Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas (DDT) do Adenocarcinoma de Próstata. De acordo com essa diretriz as opções terapêuticas disponíveis atualmente no SUS variam conforme a agressividade do tumor e características do paciente2.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O acetato de abiraterona3 está registrado na Anvisa, para tratamento de: pacientes com câncer de próstata que se espalhou para outras partes do corpo, que não apresentam sintomas ou apresentam sintomas leves, após falha à terapia de privação de androgênios (um hormônio sexual); e pacientes com câncer de próstata que se espalhou para outras partes do corpo e que já receberam quimioterapia com o medicamento docetaxel. O medicamento inibe seletivamente uma enzima necessária para a produção de androgênios (hormônios sexuais) pelos testículos, glândulas suprarrenais e tumores da próstata, diminuindo os níveis destes hormônios, os quais levam à progressão da doença.Possui genérico?
Sim.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Zostide® - comprimidos de 250 mg (caixa com 120).
Matiz ® - comprimidos de 250 mg (caixa com 120).
Zytiga ® - comprimidos de 250 mg (caixa com 60 e 120).
Abba ® - comprimidos de 250 mg (caixa com 120).
Balefio® - comprimidos de 250 mg (caixa com 120).
Rarija® - comprimidos de 250 mg (caixa com 120).Lista CMED4
*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 02/03/2020.A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não.Quanto custa o tratamento com Acetato de abiraterona?
Considerando que a dose diária recomendada em bula são quatro comprimidos de 250 mg (1000 mg) em uma única tomada diária, o custo estimado mensal foi de R$ 7.216,87. O valor foi calculado considerando-se o Preço Máximo de Venda ao Governo (PMGV) estabelecido pela ANVISA2 e a alíquota de 0% em relação ao ICMS do medicamento de referência, segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED/ANVISA7.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Neoplasia maligna de próstata?
Sim. Esclarece-se que para o tratamento de câncer no Sistema Único de Saúde, não há uma lista específica de medicamentos, vez que o cuidado ao paciente deve ser feito de forma integral nas Unidades de Alta Complexidade em Oncologia – UNACON ou Centros de Alta Complexidade em Oncologia – CACON. Nesses estabelecimentos de saúde, o fornecimento de medicamentos é feito via autorização de procedimento de alta complexidade (APAC), conforme os procedimentos tabelados. Assim, esses hospitais habilitados como UNACON ou CACON devem oferecer assistência especializada e integral ao paciente com câncer, atuando no diagnóstico e tratamento do paciente, sendo ressarcidos pelo gestor federal quando da realização dessa assistência, inclusive farmacêutica, de acordo com valores pré-estabelecidos na Tabela de Procedimentos do SUS.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, a Conitec avaliou o acetato de abiraterona para tratamento de câncer de próstata metastático resistente à castração em pacientes com uso prévio de quimioterapia. Durante a 76ª reunião ordinária, realizada nos dias 03 e 04 de abril de 2019, os membros da Comissão recomendaram a incorporação da abiraterona em pacientes com adenocarcinoma de próstata metastático resistente a castração (mCRPC), que receberam terapia antineoplásica prévia com docetaxel conforme o modelo da Assistência Oncológica no SUS8. O Secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde (SCTIE/MS), ratificou a recomendação e publicou a Portaria SCTIE/MS nº 38/2019, no Diário Oficial da União (DOU)9.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Das 75 referências encontradas, foi selecionada uma revisão sistemática (RS) com meta-análise que avaliou os efeitos da adição do acetato de abiraterona mais prednisona ou prednisolona (AAP) versus terapia de privação de andrógenos (ADT). A RS se baseia em três ensaios clínicos fase 3 sendo considerados 2201 indivíduos de dois ensaios. Como desfecho, analisou-se a sobrevida global, sobrevida livre de progressão (FS) clínica/ radiológica e toxicidade. A combinação de AAP mais ADT resultou em uma redução de 38% no risco de morte (HR= 0,62; IC 95% 0,53; 0,71) e uma melhora de 14% na sobrevida global em 3 anos. Na sobrevida livre de progressão foi observada redução de 55% no risco de PFS clínica/radiológica no grupo que foi tratado com a associação (HR= 0,45; IC95% 0,40; 0,51) e uma melhora de 28% em 3 anos. Houveram mais toxicidades agudas cardíaca, vasculares e hepáticas de grau III e IV com AAP mais ADT, sem aumento da mortalidade derivada dos eventos adversos. O acetato de abiraterona em associação demonstrou maior benefício em sobrevida global e sobrevida livre de progressão quando comparado com a terapia de privação de andrógenos sozinha10.Referências bibliográficas:
1 Tonon, Thiarles Cristian Aparecido, and João Paulo Ferreira Schoffen. Câncer de próstata: uma revisão da literatura. Saúde e Pesquisa 2.3 (2010). Disponível em: https://periodicos.unicesumar.edu.br/index.php/saudpesq/article/view/1189/900. Acesso em: 19/02/2020.
2 Brasil. Ministério da Saúde. DDT Portaria Conjunta SAS/SCTIE n° 498 - 11/05/2016 ( Publicada em 11/05/2016). Aprova as Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas do Adenocarcinoma de Próstata. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Protocolos/DDT/DDT_Adenocarcinoma_Prostata.pdf. Acesso em: 19/02/2020.
3 Zytiga®. Bula de medicamento. Jassen-cilag Farmacêutica Ltda. Farm. Resp.: Marcos R. Pereira. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp. Acesso em: 20/02/2020.
4 Brasil. Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Disponível em http://portal.anvisa.gov.br/documents/374947/5777008/LISTA_CONFORMIDADE_GOV_2020_02_v5.pdf/ba031938-1f0f-4b7a-bf17-73e838658c92. Acesso em: 20/02/2020
5 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2020 – Brasília: Ministério da Saúde, 2020. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Rename-2020.pdf. Acesso em: 20/02/2020
6 Brasil. Ministério da Saúde. Conitec. Relatório de recomendação n° 464. Abiraterona para câncer de próstata metastático resistente à castração em pacientes com uso prévio de quimioterapia. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2019/Relatorio_Abiraterona_Adenocarcinoma_464_2019.pdf. Acesso em: 20/02/2020.
7 Brasil. Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Disponível em http://portal.anvisa.gov.br/documents/374947/5777008/LISTA_CONFORMIDADE_GOV_2020_02_v5.pdf/ba031938-1f0f-4b7a-bf17-73e838658c92. Acesso em: 20/02/2020
8 Brasil. Ministério da Saúde. Conitec. Relatório de recomendação n° 464. Abiraterona para câncer de próstata metastático resistente à castração em pacientes com uso prévio de quimioterapia. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2019/Relatorio_Abiraterona_Adenocarcinoma_464_2019.pdf. Acesso em: 20/02/2020.
9 Brasil. Ministério da Saúde. Conitec. Publicação em Diário Oficial da União dia 25 de julho de 2019. Acesso em 20/02/2020. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/Portaria/2019/PortariaSCTIE_37_38_39_2019.pdf
10 Rydzewska LHM, Burdett S, Vale CL, Clarke NW, Fizazi K, Kheoh T, Mason MD, Miladinovic B, James ND, Parmar MKB, Spears MR, Sweeney CJ, Sydes MR, Tran N, Tierney JF; STOPCaP AbirateroneCollaborators. Adding abiraterone to androgen deprivation therapy in men with metastatic hormone-sensitive prostate cancer: A systematic review and meta-analysis. Eur J Cancer. Acesso em: 21/02/2020. -
Ácido ursodesoxicólico para hepatopatia crônica criptogênica :: Janeiro/2019
Data de elaboração: Janeiro/2019 Data de publicação: Janeiro/2019 O que é Hepatopatia crônica criptogênica?
A hepatopatia é um termo empregado para designar um conjunto de doenças que acometem o fígado. Segundo a Classificação Internacional de Doenças 10a versão CID-10, compreende as doenças de CID-10 K70 a K77. A hepatopatia crônica criptogênica refere-se a doença hepática sem etiologia conhecida CID-10 K73.9. Além dessas, existem as doenças hepáticas de origem viral CID-10 B15-B19. As principais doenças hepáticas crônicas DHC são: hepatite viral CID-10 B15-B19, alcoólica CID-10 K70 ou autoimune CID-10 K75.4, doença hepática gordurosa não alcoólica DHGNA CID-10 K76.0, cirrose hepática CID-10 K74 e carcinoma hepatocelular CID-10 C22.0. A cirrose, doença difusa do fígado, é considerada estágio próprio da evolução de diversas doenças hepáticas crônicas e pode evoluir para insuficiência hepática e carcinoma hepatocelular1,2,3. As doenças hepáticas apresentam-se classificadas geralmente em duas categorias: hepatocelular e colestática obstrutiva. Nas doenças hepatocelulares (como a hepatite viral ou a doença hepática alcoólica, inflamação e necrose hepáticas predominam como característica do dano celular. Nas doenças colestáticas como a colelitíase, obstrução maligna, cirrose biliar primária e muitas doenças induzidas por fármacos, sobressai a inibição do fluxo biliar. A exuberância dos sintomas iniciais pode sugerir de imediato um diagnóstico, particularmente se os principais fatores de risco forem considerados, como a idade, o sexo e a história de exposição ou comportamentos de risco. Os sintomas típicos da doença hepática incluem icterícia, fadiga, prurido, dor no quadrante superior direito, distensão abdominal e hemorragia digestiva, porém, muitos pacientes que têm diagnóstico de hepatopatia frequentemente não possuem sintomas. As anormalidades aparecem nos exames bioquímicos hepáticos, onde os múltiplos exames disponíveis facilitam a identificação da hepatopatia. A constatação de icterícia, hepatomegalia, dor no hipocôndrio direito, esplenomegalia, aranhas vasculares, eritema palmar, ascite, perda de peso, equimoses, edema, veias abdominais dilatadas, hálito hepático, asterixe, encefalopatia e coma são achados presentes em maior ou menor grau nas doenças hepáticas4.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Hepatopatia crônica criptogênica?
Não. Atualmente, no âmbito do SUS, não há uma estratégia específica para o tratamento da hepatopatia crônica por etiologia desconhecida (criptogênica). Todavia, existem Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) para o tratamento da Hepatite Autoimune, da Hepatite B e Coinfecções e da Hepatite viral C e coinfecções7.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O ácido ursodesoxicólico (Ursacol®) possui indicação em bula para o tratamento das doenças hepato-biliares e colestáticas crônicas nas seguintes situações: dissolução dos cálculos biliares formados por colesterol em pacientes que apresentam colelitíase ou coledocolitíase sem colangite ou colecistite por cálculos não radiopacos com diâmetro inferior a 1,5 cm, que recusaram a intervenção cirúrgica ou apresentam contraindicações para a mesma, ou que apresentam supersaturação biliar de colesterol na análise da bile colhida por cateterismo duodenal. Também é indicado nos tratamentos de: cirrose biliar primária; litíase residual do colédoco ou síndrome pós-colecistectomia; dispepsia na vigência de colelitíase ou pós-colecistectomia; discinesias de conduto cístico ou da vesícula biliar e síndromes associadas; hipercolesterolemia e hipertrigliceridemia; terapêutica coadjuvante da litotripsia extracorpórea para a dissolução dos cálculos biliares formados por colesterol em pacientes que apresentam colelitíase; e alterações qualitativas e quantitativas da bile (colestases)8.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Ursacol® - Comprimido – 50mg, 150mg e 300 mg – embalagem com 20 e 30.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 11/12/2018.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não.Quanto custa o tratamento com Ácido ursodesoxicólico?
Considerando que o ácido ursodesoxicólico não tem indicação em bula para tratamento da Hepatopatia Crônica Criptogênica, não foi calculado o custo do tratamento.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Hepatopatia crônica criptogênica?
Não existe atualmente tratamento específico para a hepatopatia crônica por etiologia desconhecida (criptogênica), no SUS.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Não, até a presente data, não foi protocolada, na CONITEC, demanda para analisar a incorporação, ao SUS, do ácido ursodesoxicólico para tratamento da hepatopatia crônica criptogênica, seja pelo laboratório fabricante ou por outros demandantes. Ressalta-se que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou empresa (produtora da tecnologia ou não), pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à CONITEC, desde que cumpra as exigências legais impostas pelo Decreto nº 7.646 de 2011. Todavia, ressalta-se que o ácido ursodesoxicólico para tratamento da colangite biliar primária já foi avaliado pela CONITEC, e que os membros do plenário, presentes na 71ª reunião ordinária, realizada nos dias 3 e 4 de outubro de 2018, recomendaram, por unanimidade, a incorporação ao SUS do ácido ursodesoxicólico para colagite biliar primária9.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Nas buscas por evidências científicas, não foram encontrados estudos que avaliassem o ácido ursodesoxicólico para o tratamento de doenças hepáticas crônicas de etiologia desconhecida (criptogênica). Foi encontrada uma revisão sistemática que avaliou o uso de ácido ursodesoxicólico para o tratamento da cirrose biliar primária (sua indicação em bula). Esta revisão sistemática incluiu 16 ensaios clínicos randomizados com 1447 participantes de pesquisa. Quatorze ensaios clínicos compararam ácido ursodesoxicólico com placebo e dois ensaios clínicos compararam ácido ursodesoxicólico com 'não intervenção'. A duração dos ensaios variou de 3 a 92 meses, com uma mediana de 24 meses. Os resultados mostraram não haver diferença significativa no efeito entre o ácido ursodesoxicólico e placebo ou 'não intervenção' para mortalidade por todas as causas ou transplante de fígado; eventos adversos graves ou eventos adversos não graves. O ácido ursodesoxicólico não influenciou o número de pacientes com prurido ou com fadiga. A pressão portal, varizes, varizes hemorrágicas, ascite e encefalopatia hepática não foram significativamente afetadas pelo uso do ácido ursodesoxicólico. O ácido ursodesoxicólico diminuiu significativamente a concentração sérica de bilirrubina e a atividade da fosfatase alcalina sérica em comparação com placebo ou nenhuma intervenção. Ácido ursodeoxicólico também pareceu melhorar os níveis séricos de gama-glutamil transferase, aminotransferases, colesterol total e concentração de imunoglobulina M plasmática. O ácido ursodesoxicólico pareceu ter um efeito benéfico sobre a agravamento do estágio histológico. Os autores concluíram que os resultados da revisão sistemática não demonstraram quaisquer benefícios significativos de ácido ursodesoxicólico na mortalidade por todas as causas, transplante de fígado, prurido, ou fadiga em pacientes com cirrose biliar
primária. O ácido ursodesoxicólico demonstra ter um efeito benéfico sobre as medidas bioquímicas do fígado e na progressão histológica em comparação com o grupo controle, quando usado para o tratamento da cirrose biliar primária10.Referências bibliográficas:
1 Brasil. Ministério da Saúde. Departamento de Informática do SUS. CID-10. K70-K77 Doenças do fígado. Disponível em: www.datasus.gov.br/cid10/V2008/WebHelp/k70_k77.htm.
2 Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral; Colégio Brasileiro de Cirurgiões; Associação Brasileira de Nutrologia. Terapia Nutricional nas Doenças Hepáticas Crônicas e Insuficiência Hepática. 10 ago 2011. Disponível em: ;
3 Canadian Liver Foundation. Liver Disease in Canada: A Crisis in the Making. An Assessment of liver disease in Canada. 2013. Disponível em: .
4 Brasil. Ministério da saúde. Manual de perícia médica do Ministério da Saúde – II edição. Doença Hepática Abordagem Pericial. Disponível em: .
5 BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria Conjunta SAS/SCTIE nº 14, de 09 de maio de 2018. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da
Hepatite Autoimune. Brasília: Ministério da Saúde, 2018. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/Portaria/2018/Portaria_Hepatite_Autoimune.pdf Acesso em: 15/01/2019.
6 BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria SCTIE/MS nº 47, de 02 de dezembro de 2016. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Hepatite B e Coinfecções. Brasília: Ministério da Saúde, 2016. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Protocolos/PCDT_hepatite_b_Coinfeces.pdfAcesso em: 15/01/2019.
7 BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria SCTIE/MS nº 84, de 19 de dezembro de 2018. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Hepatite C e Coinfecções. Brasília: Ministério da Saúde, 2016. Disponível em: http://conitec.gov.br/index.php/protocolos-e-diretrizes#H Acesso em: 15/01/2019.
8 ÁCIDO URSODESOXICÓLICO. Bula de medicamento. Zambon Laboratórios Farmacêuticos Ltda. Farm. Resp.: Juliana Paes de O. Rodrigues. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=10262262018&pIdAnexo=10821972 Acesso em 15/01/2019.
9 BRASIL. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias do SUS – CONITEC. Relatório de Recomendação. Ácido ursodesoxicólico para colangite biliar n. Nº392, outubro de 2018. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/Portaria/2018/PortariasSCTIE-43-47a49_2018.pdf Acesso em: 15/01/2019.
10 Rudic JS, Poropat G, Krstic MN, Bjelakovic G, Gluud C. Ursodeoxycholic acid for primary biliary cirrhosis. Cochrane Database Syst Rev. 2012 Dec 12;12:CD000551. doi: 10.1002/14651858.CD000551.pub3. -
Ácido zoledrônico para osteoporose :: Maio/2022
Data de elaboração: Maio/2022 Data de publicação: Maio/2022 O que é osteoporose?
A osteoporose é uma doença caracterizada por diminuição da massa óssea e deterioração do tecido ósseo com consequente aumento da fragilidade óssea e da susceptibilidade a fraturas. Dor crônica, depressão, deformidades, perda da independência e aumento da mortalidade são complicações clínicas da osteoporose além das fraturas. A osteoporose é uma das principais causas de morbidade e mortalidade em idosos1. A osteoporose pode ser classificada em primária ou secundária, conforme sua etiologia. A forma primária, mais comum, é diagnosticada na ausência de doenças ou outras condições associadas à fragilidade óssea. Nesses casos a perda de massa óssea é atribuída ao processo de envelhecimento e/ou pós-menopausa. A osteoporose secundária deve ser considerada na presença de uma condição sabidamente associada à fragilidade óssea. Corresponde a aproximadamente 30% dos casos em mulheres na pós-menopausa, 40-50% em mulheres na pré-menopausa e 50-55% em homens com diagnóstico de osteoporose2. Mundialmente, uma em cada três mulheres e um em cada três homens acima de 50 anos de idade irão ter algum tipo de fratura osteoporótica. No geral, estima-se que 61% das fraturas ocorrem em mulheres, em uma taxa de 1,6 (mulher/homem). Estima-se que a osteoporose afeta cerca de 200 milhões de mulheres no mundo, sendo a causa de mais de 8,9 milhões de fraturas por ano. De acordo com o PCDT da doença há evidências de relação entre inúmeros fatores e risco de fratura, sendo a fratura de quadril o desfecho mais avaliado, seguidos de idade; fratura osteoporótica prévia; baixo peso ou baixo índice de massa corporal ou perda de peso; uso de glicocorticoide (dose superior a 5 mg de prednisona/dia ou equivalente por período igual ou superior a 3 meses); uso de alguns anticonvulsivantes (por interferência no metabolismo da vitamina D); sedentarismo; hiperparatireoidismo primário; anorexia nervosa; gastrectomia; anemia perniciosa; e hipogonadismo masculino. O pico de massa óssea é atingido ao final da adolescência e mantido até a quinta década pela ingestão alimentar adequada de cálcio e vitamina D e pela prática de exercício físico. A partir de então, ocorre progressiva perda de massa óssea, acentuando-se em mulheres na pós-menopausa. Menopausa precoce e história familiar de fratura osteoporótica são consideradas fatores de risco moderado1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar osteoporose?
Sim. O SUS oferece estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Osteoporose1, publicado por meio da Portaria SAS/MS nº 4513, de 9 de junho de 2014. Este documento inclui o conceito geral da osteoporose, critérios de diagnóstico, critérios de inclusão e de exclusão, tratamento e mecanismos de regulação, controle e avaliação, é de caráter nacional e deve ser utilizado pelas Secretarias de Saúde dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios na regulação do acesso assistencial, autorização, registro e ressarcimento dos procedimentos correspondentes. Para indivíduos com risco de desenvolver osteoporose, medidas de intervenção devem ser adotadas para prevenção; para indivíduos que já apresentam baixa densidade mineral óssea ou fraturas, o tratamento deve ser realizado a fim de prevenir uma perda óssea adicional e, assim, reduzir o risco da primeira ou segunda fratura. O tratamento da osteoporose consiste de medidas não medicamentosas e medicamentosas.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O ácido zoledrônico possui indicação em bula no tratamento no tratamento da hipercalcemia induzida por tumor (HIT), definida como cálcio sérico corrigido pela albumina (cCa) ≥ 12,0 mg/dL [3,0 mmol/L], na prevenção de eventos relacionados ao esqueleto (como fraturas patológicas, compressão medular, radiação ou cirurgia ortopédica ou hipercalcemia induzida por tumor) em pacientes com câncer metastático no osso; e na prevenção da perda óssea decorrente do tratamento antineoplásico a base de hormônios em pacientes com câncer de próstata ou câncer de mama, para a apresentação de 4 mg/5 mL, já o ácido zoledrônico monoidratado na apresentação de 5 mg/100 mL possui indicação em bula no tratamento da osteoporose em mulheres na pós-menopausa para reduzir a incidência de fraturas do quadril, vertebrais e não vertebrais e para aumentar a densidade mineral óssea; na prevenção de osteoporose em mulheres com osteopenia na pós-menopausa; na prevenção de fraturas clínicas após fratura de quadril em homens e mulheres na pós-menopausa; no tratamento para aumentar a densidade óssea em homens com osteoporose; no tratamento e prevenção de osteoporose induzida por glicocorticoides; e no tratamento da doença de Paget do osso4.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Zobone® e ácido zoledrônico** - pó liofilizado para solução injetável com 4 mg;
Zolibbs® e ácido zoledrônico** - frasco ampola com 5 mL com concentração de 0,8 mg/mL;
Ácido zoledrônico** - frasco ampola com 5 mL com concentração de 0,04 mg/mL;
Acezo®, Zolibbs®, Zometa® e ácido zoledrônico** - solução para infusão intravenosa de 0,04 mg/mL em frasco de 100 mL;
Aclasta®, Azentex®, Densis®, Teoro®e ácido zoledrônico** - frasco ou bolsa com 100 mL com concentração de 0,05 mg/mL.**Diversos fabricantes de medicamentos genéricos.
*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED05 de 27/05/2022.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Sim, de acordo com consulta realizada à Rename6, em 27/05/2022. No entanto, não é fornecido para essa condição clínica. O medicamento é fornecido no SUS, conforme os critérios do PCDT da Doença de Paget7.Quanto custa o tratamento com Ácido zoledrônico?
A dose usual recomendada para pacientes adultos com osteoporose, de acordo com a bula4 do medicamento aprovada pela Anvisa, são 5 mg anualmente. O custo estimado anual foi de R$ 2.076,66 (dois mil setenta e seis reais e sessenta e seis centavos). O valor foi calculado considerando a média dos Preços Fábrica (PF) estabelecidos pela Anvisa e a alíquota de 0% em relação ao ICMS dos medicamentos ácido zoledrônico genérico, Aclasta®, Azentex®, Densis® e Teoro®, todos com apresentação de 5 mg/100 mL em frasco ou bolsa com 100 mL, segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED/Anvisa)5.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar osteoporose?
Sim, de acordo com o PCDT da osteoporose1, são disponibilizados os medicamentos apresentados na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Carbonato de Cálcio Comprimido 1.250 mg Calcitriol Cápsulas 0,25 mcg Carbonato de cálcio
ColecalciferolComprimidos 500 mg + 400 UI
600 mg + 400 UIAlendronato de sódio Comprimidos 10 mg
70 mgRisedronato de sódio Comprimidos 5 mg
35 mgRaloxifeno Comprimido 60 mg Estrógenos conjugados Comprimido 0,3 mg Calcitonina Spray nasal
Ampolas injetáveis200 UI/dose
50 UI e 100 UIPamidronato dissódico Pó liofilizado para solução injetável 30 mg
60 mgO financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por um ou mais dos três entes federativos (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, a Conitec avaliou o ácido zoledrônico para o tratamento de pacientes com osteoporose. Durante a 106ª Reunião Ordinária, realizada no dia 10 de março de 2022, os membros do Plenário da Conitec, deliberaram por unanimidade que a matéria fosse disponibilizada em Consulta Pública com recomendação preliminar desfavorável à incorporação do ácido zoledrônico para o tratamento de pacientes com osteoporose com intolerância ou dificuldades de deglutição dos bisfosfonatos orais no SUS. O assunto esteve disponível na Consulta Pública nº 16, durante 20 dias, no período de 4/4/2022 a 25/4/2022, para receber contribuições da sociedade (opiniões, sugestões e críticas) sobre o tema. Atualmente o status da solicitação de avaliação de incorporação de tecnologia, pela Conitec, encontra-se em análise após consulta pública e retornará ao Plenário para decisão final.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Em revisão sistemática realizada pela Conitec, após triagem e leitura de todos os estudos restaram 70 estudos que foram incluídos na análise final, provenientes de ECR (ensaios clínicos randomizados), fase II ou III, com participantes do sexo feminino e masculino. Os estudos apresentaram avaliação dos seguintes medicamentos: ácido zoledrônico, alendronato, risedronato, pamidronato ou placebo. A avaliação do risco de viés dos ECR foi conduzida utilizando-se os critérios de risco de viés sugeridos pela Revised Cochrane risk of bias tool for randomized trials (RoB 2.0). Avaliação da qualidade geral da evidência foi feita seguindo recomendações do webapp CINeMA (Confidence In Network Meta-Analysis). A apresentação dos resultados dos estudos foi realizada de forma descritiva e por meio network meta-analisys (NMA). O ácido zoledrônico possui menor risco para a ocorrência de fraturas quando comparado ao placebo (RR: 0,762; IC95%: 0,584 – 0,995) e não possui diferença significativa quando comparado aos demais tratamentos. O ácido zoledrônico possui menor risco para a ocorrência de fraturas vertebrais quando comparado ao alendronato 10 mg (RR: 0,200; IC95%: 0,049 – 0,815) e placebo (RR: 0,343; IC95% 0,218 – 539) e não possui diferença significativa quando comparado aos demais tratamentos. O ácido zoledrônico não possui diferença significativa para ocorrência de fraturas não vertebrais quando comparado aos demais tratamentos ou placebo. O ácido zoledrônico possui maior risco para a ocorrência de eventos adversos quando comparado ao alendronato 70 mg de uso semanal (RR: 1,093; IC95% 1,009 – 1,184) e placebo (RR: 1,048; IC95%: 1,017 – 1,080). O ácido zoledrônico possui maior risco para a ocorrência de eventos adversos graves quando comparado ao alendronato 70 mg de uso semanal (RR: 1,577; IC95%: 1,020 – 2,438). A avaliação do risco de viés (ROB v2) demonstrou que a principal limitação dos estudos incluídos foi o viés de seleção do resultado reportado, dados perdidos e mensuração do desfecho, no entanto o risco de viés geral é moderado e baixo. A análise do CINeMA demonstrou que a evidência da meta-análises em rede varia de muito baixa a moderada nos desfechos avaliados8.Referências bibliográficas
1 Brasil. Ministério da Saúde. Ministério da Saúde. Portaria SAS/MS nº 451, de 9 de junho de 2014. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Osteoporose. [Portaria na internet]. Diário Oficial da União 10 jun 2014. Brasília: Ministério da Saúde, 2014. [Acesso em 26 maio 2022]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Protocolos/Osteoporose.pdf.2 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação versão preliminar, 2022. Denosumabe para o tratamento de osteoporose e doença renal crônica em estágio 4 e 5. [Acesso em 27 maio 2022]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Consultas/Relatorios/2022/20220401_Relatorio_CP_19_Denosumabe_Osteoporose_DRC.pdf.
3 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Portaria Conjunta SAS/MS nº 451, de 9 de junho de 2014. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Osteoporose. [Portaria na internet]. Diário Oficial da União 10 jun 2014 [Acesso em 27 maio 2022]; Seção 1, (109). [Acesso em 27 maio 2022]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/Portaria/2014/Portaria_SAS_451_2014.pdf.
4 Ácido zoledrônico. [Bula]. Brasil: Novartis Biociências S.A.
5 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Medicamentos. Câmera de Regulação do Mercado de Medicamentos. Listas de Preços de Medicamentos [Acesso em 31 maio 2022]. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/cmed/precos/arquivos/xls_conformidade_site_20220527_203000000.xls/view.
6 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2022. Brasília: Ministério da Saúde; 2022 [Acesso em 27 maio 2022]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/20220128_RENAME_2022.pdf.
7 Brasil. Ministério da Saúde. Ministério da Saúde. Portaria Conjunta SAES/SCTIEMS nº 2, de 17 de janeiro de 2020. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Doença de Paget. [Portaria na internet]. Diário Oficial da União 23 jan 2020. Brasília: Ministério da Saúde, 2020. [Acesso em 31 maio 2022]. Disponível em:: http://conitec.gov.br/images/Protocolos/PCDT_DoencaPAGET.pdf.
8 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação versão preliminar, 2022. Ácido zoledrônico para pacientes com osteoporose com intolerância ou dificuldades de deglutição dos bisfosfonatos orais. [Acesso em 30 maio 2022]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Consultas/Relatorios/2022/20220401_Relatorio_CP_16_Acido_Zoledronico_Osteoporose.pdf.
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Adalimumabe para hidradenite supurativa ativa moderada a grave :: Abril/2020
Data de elaboração: Março/2020 Data de publicação: Abril/2020 O que é Hidradenite supurativa ativa moderada a grave?
A hidradenite supurativa (HS), também conhecida como acne inversa, é uma doença inflamatória crônica recorrente e debilitante que acomete os folículos pilosos da pele e afeta as glândulas apócrinas, em particular, nas regiões das axilas, da virilha, do ânus e da genitália. Caracteriza-se pela presença de lesões inflamatórias típicas, dolorosas, que podem levar à formação de cicatrizes e fibrose1,2. HS é uma doença multifatorial que incluem fatores como predisposição genética, influência hormonal na expressão gênica e resposta imune exagerada. Adicionalmente, a HS também está relacionada com tabagismo, obesidade, diabetes, atrito mecânico (uso de roupas apertadas, por exemplo) e utilização de medicamentos como lítio, sirolimo e acetato de medroxiprogesterona1,3. As manifestações clínicas da HS são heterogêneas e normalmente se desenvolvem após a puberdade, durante a segunda e terceira décadas de vida do paciente. Caracteriza-se principalmente pelo aparecimento de lesões inflamatórias como nódulos, fistulas ou abscessos recorrentes, dolorosos e profundos e cicatrizes hipertróficas na região axilar, inguinal, anogenital e/ou intermamária. Aproximadamente 50% dos pacientes apresentam sintomas prodrômicos, que incluem ardor, dor, coceira, calor e hiperidrose (transpiração excessiva), 12 a 48 horas antes da ocorrência de uma lesão evidente. Devido às manifestações clínicas da HS, a doença provoca grande impacto na qualidade de vida dos pacientes. A HS grave tem significativa morbidade, incluindo cicatrizes e mobilidade limitada devido à dor, fato que afeta as atividades diárias e laborais1,4. O diagnóstico da HS é basicamente clínico e a HS é considerada como uma doença negligenciada, sendo que muitas vezes não é reconhecida pelos profissionais de saúde A prevalência global foi relatada entre 0,0033% e 4% e a incidência de 6 por 100.000 pessoas-ano. Esta doença é três vezes mais frequente em mulheres do que em homens e, apesar da história natural da HS continuar incerta, a gravidade da doença pode ser reduzida após a menopausa2,5,6.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Hidradenite supurativa ativa moderada a grave?
Sim. O SUS oferece estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Hidradenite Supurativa7.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O adalimumabe (Humira®) possui indicação em bula para o tratamento de redução dos sinais e sintomas de hidradenite supurativa ativa moderada a grave em pacientes adultos, nos quais a terapia antibiótica foi inadequada, incluindo o tratamento de lesões inflamatórias e prevenção do agravamento de abscessos e fístulas. Além da HS, o adalimumabe também é indicado para o tratamento de artrite reumatoide, artrite psoriásica, psoríase, uveítes, espondiloartrite axial, doença de Chron e colite ulcerativa8.Possui biossimilar?
Sim.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Humira® - 100 mg/ml; 40 mg; 50 mg/ml sol inj.
Amgevita® - 50 mg/ml sol inj.Lista CEMED9
*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 20/02/2020.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Sim, de acordo com consulta realizada à Rename10, em 21/02/2020. Apenas a apresentação de 40 mg sol. Inj.Quanto custa o tratamento com Adalimumabe?
Considerando o tratamento para hidradenite supurativa, a dose recomendada em bula é de 40mg administrada em dose única, por via subcutânea, a cada 14 dias. Sendo assim, o custo mensal (duas doses) estimado para tratamento com adalimumabe foi de R$ 4.543,81. O valor foi calculado considerando-se o Preço Máximo de Venda ao Governo (PMGV) estabelecido pela Anvisa e alíquota de 0% em relação ao ICMS do medicamento de referência, segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED/Anvisa11.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Hidradenite supurativa ativa moderada a grave?
Sim, de acordo com o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Hidradenite Supurativa7, são disponibilizados os medicamentos apresentados na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Prednisona Comprimido 5m
20 mgDexametasona Comprimido
Ampola4m
4 mg/mLMetilprednisolona Ampola 500 mg Fosfato de clindamicina Gel 1% Cloridrato de tetraciclina Cápsula 500 mg Doxiciclina Comprimido 100 mg Cloridrato de clindamicina Cápsula 300 mg Rifampicina Cápsula 300 mg Adalimumabe Solução injetável 40 mg O financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosas, conforme PCDT. O tratamento da HS inclui medidas de suporte, controle da dor e tratamento cirúrgico para os quais deve ser considerada a gravidade do quadro e a sintomatologia dos pacientes.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, a Conitec avaliou o adalimumabe para tratamento da hidradenite supurativa ativa moderada a grave. Durante a 71ª reunião ordinária, realizada nos dias 03 e 04 de outubro de 2018, os membros da Comissão recomendaram a incorporação no SUS do adalimumabe para hidradenite supurativa ativa moderada a grave, nos quais a terapia antibiótica foi inadequada12. O Secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde (SCTIE/MS), ratificou a recomendação e publicou a Portaria SCTIE/MS nº 48/2018, no Diário Oficial da União (DOU)13.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Na busca por evidências científicas foram selecionados uma revisão sistemática (RS) e um estudo que relatou desfechos de dois ensaios clínicos randomizados que avaliaram o uso de adalimumabe para o tratamento da hidradenite supurativa comparado contra placebo. A RS avaliou a eficácia e a segurança de diferentes tratamentos em pacientes com HS em qualquer idade. O objetivo do estudo foi sintetizar e analisar os resultados de ensaios clínicos randomizados para intervenções HS em adultos. Os autores observaram que o adalimumabe 40mg semanal melhorou o Índice de Qualidade de Vida em Dermatologia (DLQI) em 4,0 pontos em comparação com placebo (IC 95%). Comparando os dois grupos, não houve diferença significativa em eventos adversos graves (risco relativo 2,00, IC 95%) ou eventos adversos infecciosos (risco relativo 0,94, IC 95%). O uso do adalimumabe semanal foi superior ao placebo para quase todos os demais desfechos secundários, bem como o desfecho econômico pelo escore Total Work Productivity Impairment14, diferença média de -19,55 IC 95% - 30,07 a -8,93. Para o desfecho aumento da dor, medido pela escala visual analógica, adalimumabe foi pior do que placebo. Outras intervenções, incluindo antibióticos tópicos e orais, foram investigadas por estudos relativamente pequenos, impedindo recomendações de tratamento devido à imprecisão. Considerou-se necessário mais ensaios clínicos randomizados para investigar a maioria das intervenções para HS, principalmente orais e terapia cirúrgica. O segundo estudo descreveu dois ensaios clínicos randomizados, o PIONEER I e II. Ambos foram igualmente desenhados como estudos de fase III, multicêntricos, que avaliaram o adalimumabe para HS, com dois períodos duplo-cegos, controlados por placebo. Foram incluídos 307 pacientes em PIONEER I e 326 em PIONEER II. O adalimumabe (40mg semanalmente), em comparação com o placebo, resultou em taxas de resposta clínica significativamente mais elevadas em ambos os ensaios, para o período de acompanhamento de 12 semanas (PIONEER I: 41.8% vs. 26.0%, P=0.003; PIONEER II: 58.9% vs. 27.6%, P<0.001). Todas as análises de sensibilidade do ponto final primário na 12ª semana produziram resultados semelhantes (P<0,05). As taxas de eventos adversos graves foram semelhantes nos dois grupos de estudo15.Referências bibliográficas
1DynaMed. Ipswich (MA): EBSCO Information Services. 1995. Record No. 115217, Hidradenitis suppurativa; Disponível em: https://www.dynamed.com/condition/hidradenitis-suppurativa. Acesso em: 21/02/2020.
2Ingram JR, Woo PN, Chua SL, Ormerod AD, Desai N, Kai AC, et al. Interventions for hidradenitis suppurativa (Review). Cochrane Database Syst Rev. 2015;(10):CD010081.
3Miller IM, McAndrew RJ, Hamzavi I. Prevalence, Risk Factors, and Comorbidities of Hidradenitis Suppurativa. Dermatol Clin. 2016;34(1):7–16.
4Revuz J. Hidradenitis suppurativa. J Eur Acad Dermatology Venereol. 2009;23(9):985–98.
5Zouboulis CC, Desai N, Emtestam L, Hunger RE, Ioannides D, Juhász I, et al. European S1 guideline for the treatment of hidradenitis suppurativa/acne inversa. J Eur Acad Dermatology Venereol. 2015;29(4):619–44.
6Ianhez M, Schmitt J V., Miot HA. Prevalence of hidradenitis suppurativa in Brazil: a population survey. Int J Dermatol. 2018;57(5):618–20
7PCDT: Brasil. Ministério da Saúde. Portaria conjunta n° 14, de 11 de setembro de 2019. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Hidradenite Supurativa. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2018/Relatorio_Adalimumabe_HidradeniteSupurativa.pdf. Acesso em: 21/02/2020.
8ADALIMUMABE. Bula de medicamento. ABBVIE FARMACÊUTICA LTDA. Farm. Resp.: Carlos E. A. Thomazini. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=12249652018&pIdAnexo=10922390 Acesso em 21/02/2020.
9Brasil. Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/374947/5777008/LISTA_CONFORMIDADE_2020_02_v6.pdf/c302feed-c6bf-46ea-bdd8-166e2e105420. Acesso em: 21/02/2020.
10Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2020 – Brasília: Ministério da Saúde, 2020. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/relacao_medicamentos_rename_2020.pdf
11Brasil. Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/374947/5777008/LISTA_CONFORMIDADE_2020_02_v6.pdf/c302feed-c6bf-46ea-bdd8-166e2e105420. Acesso em: 21/02/2020.
12BRASIL. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS – Conitec. Relatório de Recomendação. Adalimumabe para o tratamento da hidradenite supurativa ativa moderada a grave, n° 395, outubro de 2018. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2018/Relatorio_Adalimumabe_HidradeniteSupurativa.pdf. Acesso em: 21/02/2020
13Brasil. Minnistério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS – Conitec. Publicação em Diário Oficial da União em 17 de outubro de 2018. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/Portaria/2018/PortariasSCTIE-43-47a49_2018.pdf. Acesso em: 21/02/2020.
14Ingram JR, Woo PN, Chua SL, Ormerod AD, Desai N, Kai AC, Hood K, Burton T, Kerdel F, Garner SE, Piguet V. Interventions for hidradenitis suppurativa: a Cochrane systematic review incorporating GRADE assessment of evidence quality. Br J Dermatol. 2016 May;174(5):970-8. doi: 10.1111/bjd.14418. Epub 2016 Mar 30. Review. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5021164/. Acesso em: 04/03/2020. -
Adalimumabe para tratamento da Retocolite Ulcerativa :: Setembro/2022
Data de elaboração: Setembro/2022 Data de publicação: Setembro/2022 O que é a Retocolite Ulcerativa (RCU)?
A RCU é uma doença inflamatória intestinal crônica caracterizada por episódios recorrentes de inflamação que acomete predominantemente a camada mucosa do cólon. O sintoma principal da doença é a diarreia com sangue. Cerca de 90% dos pacientes apresentam hematoquezia (hemorragia retal) na apresentação. Sintomas associados, como dor abdominal em cólica, tenesmo (sensação de defecação incompleta), urgência evacuatória e exsudato mucopurulento nas fezes, podem acompanhar o quadro. Os casos mais graves são acompanhados de sintomas sistêmicos como febre, anemia e emagrecimento. Os sintomas tendem a variar conforme a extensão da doença, evidenciando-se manifestações locais nos pacientes com proctite, enquanto pacientes com colite extensa apresentam usualmente febre, emagrecimento, perda sanguínea significativa e dor abdominal. A doença pode iniciar-se em qualquer idade. O pico de incidência parece ocorrer dos 20 aos 40 anos e muitos estudos mostram um segundo pico de incidência nos idosos1. No Brasil, a incidência e a prevalência de RCU são consideradas baixas, na ordem de 0,19 a 6,76 por 100 mil pessoas-ano e 4,7 por 100 mil habitantes, respectivamente, quando comparadas com as taxas estimadas em países da América do Norte e do Norte Europeu, que podem chegar a 57,9 por 100 mil pessoas-ano e 505 por 100 mil habitantes, respectivamente. Em 2018, um estudo realizado no estado de São Paulo registrou taxas comparáveis a países europeus2. O objetivo principal do tratamento é atingir remissão clínica livre de corticoide e, posteriormente, manter a remissão em longo prazo, evitando recidivas1. Estima-se que 50% das pessoas com RCU terão pelo menos uma recaída por ano. Cerca de 80% destas são leves a moderadas e cerca de 20% são graves. Aproximadamente 25% das pessoas com RCU terão um ou mais episódios de retocolite aguda grave ao longo da vida, com uma taxa de 29% de colectomia.O diagnóstico é estabelecido pela história clínica, exame físico, exames laboratoriais, exame endoscópico e achados histopatológicos. Os exames endoscópicos (colonoscopia ou retossigmoidoscopia) são parte fundamental no diagnóstico e para classificação da doença. A retocolite aguda grave apresenta taxa de mortalidade de até 2%. A mortalidade é diretamente influenciada pelo momento das intervenções, incluindo a terapia médica e a colectomia2.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar a RCU?
Sim. O SUS oferece estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da RCU1, publicado por meio da Portaria Conjunta SAES/SCTIE/MS nº 223, de 20 de dezembro de 2021. Este documento inclui o conceito geral da RU, critérios de diagnóstico, critérios de inclusão e de exclusão, classificação, tratamento e mecanismos de regulação, controle e avaliação, é de caráter nacional e deve ser utilizado pelas Secretarias de Saúde dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios na regulação do acesso assistencial, autorização, registro e ressarcimento dos procedimentos correspondentes. A estratégia de tratamento da RCU é principalmente baseada na gravidade, distribuição (proctite, colite esquerda ou pancolite) e padrão da doença, que inclui frequência de recaída, curso da doença, resposta a medicamentos anteriores, efeitos colaterais de medicamentos e manifestações extraintestinais.A tecnologia possui registro na Anvisa?
Sim. O medicamento adalimumabe possui indicação em bula em adultos para tratamento da artrite reumatoide; artrite psoriásica; espondilite anquilosante; espondiloartrite axial não radiográfica; doença de Crohn; colite ulcerativa ou RCU; psoríase em placas; hidradenite supurativa; e uveíte. Na população pediátrica, tem indicação em bula para tratamento de artrite idiopática juvenil poliarticular; artrite relacionada à entesite; doença de Crohn; colite ulcerativa ou RCU pediátrica; uveíte pediátrica; e hidradenite supurativa em adolescentes4.Possui biossimilar?
Sim5.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Humira® - solução injetável 100 mg/mL – seringa preenchida (0,2 mL) + lenço umedecido em álcool;
Humira® - solução injetável 100 mg/mL – seringa preenchida (0,4 mL) + caneta aplicadora + lenço umedecido em álcool;
Humira® - solução injetável 100 mg/mL – seringa preenchida (0,4 mL) + lenço umedecido em álcool;
Humira® - solução injetável 100 mg/mL – seringa preenchida (0,8 mL) + caneta aplicadora + lenço umedecido em álcool;
Humira® - solução injetável 100 mg/mL – seringa preenchida (0,8 mL) + lenço umedecido em álcool;
Hyrimoz® - solução injetável 40 mg – caneta preenchida (0,8 mL);
Hyrimoz® - solução injetável 40 mg – seringa preenchida (0,8 mL) + agulha;
Xilbrilada® - solução injetável 40 mg - seringa preenchida (0,8 mL) + lenço umedecido em álcool;
Xilbrilada® - solução injetável 40 mg - seringa (0,8 mL) + adaptador + agulha + lenço umedecido em álcool;
Xilbrilada® - solução injetável 40 mg - seringa preenchida (0,8 mL) + sistema aplicador + lenço umedecido em álcool;
Humira® - solução injetável - 50 mg/mL – seringa preenchida (0,8 mL) + sistema de aplicação + lenço umedecido em álcool;
Humira® - solução injetável - 50 mg/mL – seringa preenchida (0,8 mL) + lenço umedecido em álcool;
Amgevita® - solução injetável - 50 mg/mL – seringa preenchida (0,4 mL) + agulha;
Amgevita® - solução injetável - 50 mg/mL – seringa preenchida (0,8 mL) + agulha;
Amgevita® - solução injetável - 50 mg/mL – seringa preenchida (0,8 mL) + caneta aplicadora;
Idacio® - solução injetável - 50 mg/mL – caneta aplicadora (0,8 mL) + lenço;
Idacio® - solução injetável - 50 mg/mL – seringa preenchida (0,8 mL) + lenço; e
Idacio® e Humira® - solução injetável - 50 mg/mL x 0,8 mL – seringa + lenço + agulha + adaptador.*Medicamento disponível no mercado de acordo com a lista CMED5, de 12/08/2022.
O medicamento está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename)?
Sim, de acordo com consulta realizada à Rename6, em 08/09/2022. No entanto, não é fornecida para essa condição clínica. O medicamento é fornecido no SUS, conforme os critérios dos PCDT da Artrite Psoríaca, da Artrite Reumatoide, Doença de Crohn, Espondilite Ancilosante, Hidradenite Supurativa; Psoríase; Uveítes Não Infecciosas; e Artrite Idiopática Juvenil.Quanto custa o tratamento com o adalimumabe?
Considerando a dose de indução recomendada em bula, na forma de injeção subcutânea, de 160 mg na semana 0 e 80 mg na semana 2, e dose de manutenção de 40 mg a cada 14 dias, o custo estimado para tratamento de inicial (1 mês) com adalimumabe foi de R$ 6.568,87 (seis mil, quinhentos e sessenta e oito reais e oitenta e sete centavos). O valor foi calculado considerando-se o Preço Máximo de Venda ao Governo (PMGV) e a alíquota de 0% em relação ao ICMS do medicamento Amgevita®, na apresentação de solução injetável - 50 mg/mL – seringa preenchida (0,8 mL), segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED/Anvisa5, pois esse medicamento consta nas listas com aplicação do desconto Coeficiente de Adequação de Preços (CAP) e de isenção de ICMS.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar a RCU?
Sim, de acordo com o PCDT da RCU1, o tratamento está dividido em fases de indução de remissão e de manutenção da remissão, e a conduta terapêutica estabelecida em termos de extensão da doença e gravidade da agudização. Conforme Protocolo, são disponibilizados os medicamentos apresentados na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Sulfassalazina comprimido 500 mg Ácido fólico comprimido
5 mg
Mesalazina comprimido
supositório
enema400 mg, 500 mg e 800 mg
250 mg, 500 mg e 1000 mg
1 gHidrocortisona pó para solução injetável 100 mg e 500 mg Prednisona comprimido 5 mg e 20 mg Azatioprina comprimido 50 mg Ciclosporina cápsula
solução oral
solução injetável10 mg, 25 mg, 50 mg e 100 mg
100 mg/mL
50 mg e 250 mgInfliximabe pó para solução injetável 100 mg Vedolizumabe pó para solução injetável 300 mg Tofacitinibe comprimido 5 mg Somente o infliximabe pode ser utilizado em casos de crianças.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou a tecnologia para esta condição clínica?
Sim, a Conitec avaliou o adalimumabe para o tratamento de pacientes com RCU. A Comissão, em sua 81ª Reunião Ordinária, no dia 4 de setembro de 2019, deliberou por recomendar a incorporação do infliximabe e do vedolizumabe para tratamento da retocolite ulcerativa moderada a grave, conforme PCDT e não recomendar adalimumabe e golimumabe7. Considerou-se que “há uma população não contemplada no PCDT de RCU vigente que poderiam se beneficiar com o uso de biológico. Os medicamentos infliximabe e vedolizumabe apresentaram como candidatos potenciais para esta lacuna, desde que atendidos os requisitos de eficácia, segurança, custoefetividade e impacto orçamentário para o SUS”. O Secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde (SCTIE/MS) acatou a recomendação e a tornou pública por meio da Portaria SCTIE/MS nº 49/2021, no DOU nº 206, de 23/10/2019, Seção 1, pág. 45.O que a literatura científica relata sobre o uso xxx para essa condição clínica?
Singh et al (2018)[8] avaliou a eficácia e segurança de diferentes terapias em primeira linha (pacientes sem exposição prévia à biológico) e de segunda linha (exposição prévia a fator de necrose tumoral (TNF‐α) para RCU moderada a grave, por meio de uma revisão sistemática e metanálise em rede de doze ensaios clínicos randomizados (ECR). Na metanálise de rede, houve confiança moderada nas estimativas que apoiam o uso de infliximabe sobre adalimumabe (OR: 2,33; IC95%, 1,17‐4,64) na remissão clínica na fase de indução. No geral, infliximabe (SUCRA: 0,85) e vedolizumabe (SUCRA: 0,82) foram os mais bem classificados, seguido por golimumabe (SUCRA: 0,58) e adalimumabe (SUCRA: 0,31) para induzir remissão clínica em pacientes sem exposição prévia à biológicos. Com uma taxa combinada de placebo de atingir uma remissão de 9,8% (variação de 5,7 a 21,9) nos ensaios incluídos, os autores estimaram que 30,9%, 31,6%, 23,0%, 18,9% e 16,1% de pacientes tratados com infliximabe, vedolizumabe, golimumabe, tofacitinibe e adalimumabe, respectivamente, alcançariam indução de remissão. Na metanálise direta, todos os agentes foram superiores ao placebo na indução da cicatrização da mucosa. No geral, infliximabe (SUCRA: 0,91) e vedolizumabe (SUCRA: 0,81) foram os mais bem classificados, seguido por golimumabe (SUCRA: 0,41) e adalimumabe (SUCRA: 0,32). Com uma taxa combinada de placebo de atingir cicatrização da mucosa de 30,2% (variação de 16,3 a 41,5ª metanálise) nos estudos incluídos, os autores estimaram que 59,0%, 55,7%, 46,8%, 42,9% e 40,6% do dos pacientes tratados com infliximabe, vedolizumabe, tofacitinibe, golimumabe e adalimumabe, respectivamente, alcançariam a indução da cicatrização da mucosa. Comparado ao placebo, infliximabe e adalimumabe foram superiores para manutenção da remissão clínica. Comparados entre si, infliximabe foi superior ao adalimumabe (OR: 1,17; IC95% 0,62‐2,20; SUCRA: 0,83 para infliximabe e 0,67 para adalimumabe). Comparado ao placebo, infliximabe e adalimumabe foram superiores na manutenção da cicatrização da mucosa e não houve diferença quando comparados entre si (OR, 1,31; 95 IC% 0,75‐2,28, SUCRA, 0,93 para o infliximabe e 0,57 para o adalimumabe). O infliximabe (SUCRA: 0,83) foi mais bem classificado que o adalimumabe (SUCRA: 0,67) para induzir manutenção da cicatrização da mucosa em pacientes sem exposição prévia à biológicos.O estudo prospectivo comparativo de mundo real de Renna et al (2018)9 avaliou a eficácia de adalimumabe e golimumabe. A resposta clínica foi definida como redução de ≥2 pontos na escala parcial de Mayo em comparação com o valor basal, com um concomitante decréscimo da dose de esteroides até a sua descontinuação dentro de 8 semanas. No final do seguimento, o benefício clínico foi alcançado em 79/118 (66,9%) pacientes tratados com adalimumabe e em 37/79 (46,8%) pacientes tratados com golimumabe (p = 0,008). A remissão clínica foi definida como escore parcial de Mayo <2 sem uso de esteroides. Após 8 semanas, a remissão livre de esteroides ocorreu em 48/118 (40,7%) pacientes no grupo adalimumabe e em 20/79 (25,3%) pacientes no grupo golimumabe (p = 0,038). Na fase de manutenção, a remissão livre de esteroides ocorreu em 50/118 (42,4%) pacientes tratados com adalimumabe e em 23/79 (29,1%) pacientes tratado com golimumabe (p = 0,082).
Referências bibliográficas
1 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Secretaria de Atenção Especializada à Saúde. Portaria Conjunta SAES/SCTIE/MS nº 22, de 20 de dezembro de 2021. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas de Retocolite Ulcerativa. [Portaria na internet]. Diário Oficial da União 29 dez 2021. [Acesso em 07 set 2022]. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/protocolos/20211230_portal-portaria-conjunta-no-22-_pcdt_retocolite-ulcerativa-1.pdf.2 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação nº 707, de fev 2022. Golimumabe para o tratamento de pacientes adultos com retocolite ulcerativa moderada a grave, com resposta inadequada ou intolerantes às terapias convencionais. [Acesso em 07 set 2022]. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/2022/20220315_relatorio_707_olimumabe_retocolite_ulcerativa.pdf.
3 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Especializada à Saúde e Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Portaria Conjunta SAES/SCTIE/MS nº 22, de 20 de dezembro de 2021. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas de Retocolite Ulcerativa. [Portaria na internet]. Diário Oficial da União 29 dez 2021; Seção 1, (245). [Acesso em 07 set 2022]. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/portaria/2021/20211229_portaria_conjunta_22.pdf.
4 Adalimumabe. [Bula]. Brasil: Abbvie Farmacêutica LTDA.
5 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Medicamentos. Câmera de Regulação do Mercado de Medicamentos. Listas de Preços de Medicamentos [Acesso em 08 set 2022]. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/cmed/precos.
6 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2022. Brasília: Ministério da Saúde; 2020 [Acesso em 08 set 2022]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/20220128_RENAME_2022.pdf.
7 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação nº 480, de out 2019. Adalimumabe, golimumabe, infliximabe e vedolizumabe para tratamento da retocolite ulcerativa moderada a grave [Acesso em 08 set 2022]. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/2019/relatorio_biologicos_colite_ulcerativa.pdf.
8 Singh, Siddharth, et al. "Systematic review with network meta‐analysis: first‐and second‐ line pharmacotherapy for moderate‐severe ulcerative colitis." Alimentary pharmacology & therapeutics 47.2 (2018): 162-175.
9 Renna, S., Mocciaro, F., Ventimiglia, M., Orlando, R., Macaluso, F. S., Cappello, M., ... & Pisana, V. (2018). A real life comparison of the effectiveness of adalimumab and golimumab in moderate-to-severe ulcerative colitis, supported by propensity score analysis. Digestive and Liver Disease, 50(12), 1292-1298.
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Aflibercepte para degeneração macular relacionada com a idade :: Setembro/2019
Data de elaboração: Setembro/2019 Data de publicação: Setembro/2019 O que é Degeneração macular relacionada com a idade?
A degeneração macular relacionada com a idade (DMRI) é uma doença degenerativa e progressiva que acomete a área central da retina, chamada mácula, levando à perda da visão central. A DMRI pode ser classificada como seca (85% a 90% dos casos) ou exsudativa (neovascular ou úmida), responsável por 10% a 15% dos casos1,2. Em países desenvolvidos, a DMRI é a principal causa de cegueira irreversível em indivíduos com mais de 50 anos de idade, e cerca de 30% da população com mais de 75 anos apresentam algum estágio da doença3. No Brasil, estima-se uma prevalência de DMRI que varia entre 23% e 30%, em pacientes com mais de 55 anos4, e de 10,3% a 31,5% em indivíduos com mais de 80 anos5,6.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Degeneração macular relacionada com a idade?
Sim. O SUS oferece uma estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Degeneração Macular Relacionada com a Idade. Este documento inclui critérios de diagnóstico, de inclusão e exclusão, tratamento não medicamentoso e medicamentoso, monitorização da doença e regulação pelo gestor, dentro do SUS7.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim8. O aflibercepte possui indicação em bula para o tratamento de pacientes com degeneração macular relacionada à idade, neovascular9.Possui biossimilar?
Não8.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
EYLIA® - Solução injetável – 40 mg/mL – frasco-ampola (0,278 mL) e seringa preenchida (0,165 mL).
*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED10 de 02/09/2019.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 02/09/2019.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não11.Quanto custa o tratamento com Aflibercepte?
De acordo com a bula do medicamento, o regime terapêutico recomendado é 2 mg de aflibercepte, uma vez ao mês, durante três meses consecutivos, e posteriormente, uma dose a cada dois meses9. Assim, para o tratamento de um ano de duração seriam necessários sete frascos-ampola do medicamento. Considerando o Preço Máximo de Venda ao Governo (PMVG) estabelecido pela ANVISA10 e a alíquota de 0% em relação ao ICMS do medicamento Eylia®, o custo anual estimado do tratamento com aflibercepte é de R$ 17.936,94, por paciente com DMRI.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Degeneração macular relacionada com a idade?
Sim, é disponibilizado o medicamento apresentado na tabela abaixo7:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Bevacizumabe Soluçao injetável 25 mg/mL *O financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
As evidências sobre o uso de aflibercepte para o tratamento de DMRI foram avaliadas pela Conitec no momento da elaboração do PCDT de DMRI, no qual identificou-se que as evidências de aflibercepte não pareceram superar a melhor relação custo-efetividade e o custo-minimização de bevacizumabe. Desse modo, a Conitec considerou incluir no PCDT o bevacizumabe, mas não o aflibercepte7. Contudo, até a presente data, não foi protocolada na Conitec proposta para avaliar a incorporação no SUS do aflibercepte para o tratamento de DMRI, seja pelo laboratório fabricante ou por outros entes interessados12. Ressalta-se que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou a empresa (produtora do medicamento ou não), pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à Conitec, desde que cumpra as exigências legais impostas pelo Decreto nº 7.646 de 2011.
Mais informações em: http://conitec.gov.br/faca-sua-proposta-de-incorporacaoO que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Três revisões sistemáticas (RS) avaliaram a efetividade e segurança do aflibercepte no tratamento de DMRI neovascular, sendo que duas incluíram apenas ensaios clínicos randomizados (ECR)13,14 e a outra somente estudos comparativos observacionais15. Ambas as RS de ECR não identificaram evidências comparando aflibercepte com bevacizumabe, contudo concluíram que de acordo com os estudos disponíveis, aflibercepte e ranibizumabe possuem efeitos similares entre si, quanto à acuidade visual com melhor correção (2,1 letras; IC95% 0,1-4,2), ganho de letra ≥15 (p-valor=0,008), eventos adversos oculares e eventos adversos sistêmicos (5,4% vs 11,9%; p-valor=0,047)14. Já a RS dos 18 estudos observacionais com meta-analise demonstrou que aflibercepte e ranibizumabe tiveram efeitos similares em dois anos de tratamento, quanto ao ângulo mínimo de resolução (-0,06; IC95% -0,30 - 0,17) e espessura central da retina (-2,42 µm; IC95% -77,87 – 73,03). Ademais, foram identificados três estudos observacionais nesta RS que compararam aflibercepte com bevacizumabe, e que mostraram que os dois medicamentos apresentaram efeitos similares em relação à melhora da acuidade visual15. Em geral, os estudos sugeriram que esses medicamentos possuem uma segurança semelhante13,14,15.Referências bibliográficas
1Schmidt-Erfurth U, Chong V, Loewenstein A, Larsen M, Souied E, Schlingemann R, et al. Guidelines for the management of neovascular age-related macular degeneration by the European Society of Retina Specialists (EURETINA). Br J Ophthalmol. 2014;98(9):1144-67.
2American Academy of Ophthalmology Retina/Vitreous Panel. Preferred Practice Pattern Guidelines. Age Related Macular Degeneration. San Francisco: American Academy of Ophthalmology, 2015. Acesso em: 2016 Jun 10. Disponível em: http://www.aao.org/preferred-practice-pattern/age-related-macular-degeneration-ppp-2015.
3Bressler NM. Age-related macular degeneration is the leading cause of blindness. JAMA. 2004;291(15):1900-1.
4Santos LP, Diniz JR, Leao AC, de Sena MF. Age-related macular degeneration: analysis in two ophthalmological centers in Pernambuco-Brazil. Arq Bras Oftalmol. 2005;68(2):229-33.
5Elias FT, Silva EN, Belfort R Jr., Silva MT, Atallah ÁN. Treatment Options for Age-Related Macular Degeneration: A Budget Impact Analysis from the Perspective of the Brazilian Public Health System. PLoS One. 2015;10(10):e0139556.
6Romani FA. Prevalence of ocular diseases in a population of elderly residents of the city of Veranópolis, Brazil. Arq Bras Oftalmol. 2005;68(5):649-55.
7Brasil. Ministério da Saúde. Portaria Conjunta nº 18, de 02 de julho de 2018. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Degeneração Macular Relacionada com a Idade (forma neovascular). Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Consultas/Relatorios/2018/Relatorio_PCDT_DMRI.pdf Acesso em 10/09/2019.
8Brasil. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Consultas. Disponível em: https://consultas.anvisa.gov.br/#/ Acesso em: 10/09/2019.
9Bula do medicamento EYLIA: aflibercepte. Farm. Resp. Dirce Eiko Mimura. São Paulo: Bayer S.A. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=21291142017&pIdAnexo=9964366 Acesso em 10/09/2019.
10Brasil. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos. Acesso em: 10/09/2019.
11Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2018 – Brasília: Ministério da Saúde, 2018. Disponível em: http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2018/dezembro/17/170407M2018final.pdf. Acesso em: 10/09/2019.
12Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS. Tecnologias demandadas. Disponível em: http://conitec.gov.br/tecnologias-em-avaliacao. Acesso em: 10/09/2019.
13Sarwar S, Clearfield E, Soliman MK, Sadiq MA, Baldwin AJ, Hanout M, Agarwal A, Sepah YJ, Do DV, Nguyen QD. Aflibercept for neovascular age-related macular degeneration. Cochrane Database Syst Rev. 2016 Feb 8;2:CD011346.
14Low A, Faridi A, Bhavsar KV, Cockerham GC, Freeman M, Fu R, Paynter R, Kondo K, Kansagara D. Comparative effectiveness and harms of intravitreal antivascular endothelial growth factor agents for three retinal conditions: a systematic review and meta-analysis. Br J Ophthalmol. 2019 Apr;103(4):442-451.
15Zhang Y, Chioreso C, Schweizer ML, Abràmoff MD. Effects of Aflibercept for Neovascular Age-Related Macular Degeneration: A Systematic Review and Meta-Analysis of Observational Comparative Studies. Invest Ophthalmol Vis Sci. 2017 Nov 1;58(13):5616-5627. -
Aflibercepte para tratamento do Edema Macular Diabético (EMD) :: Maio/2022
Data de elaboração: Maio/2022 Data de publicação: Maio/2022 O que é Edema Macular Diabético (EMD)?
A retinopatia diabética (RD) é uma complicação microvascular na retina que afeta cerca de 1 em cada 3 pessoas com diabete melito (DM) e está entre as principais causas de perda de visão em pessoas entre 20 e 75 anos1. O edema macular diabético (EMD) é uma das principais complicações relacionadas à perda visual observada na RD, e é caracterizada por um espessamento da retina ou acumulação de lipoproteínas e lipídios na camada plexiforme interna e externa da retina (exudatos duros). O aspecto central é a acúmulo de fluido intra ou sub-retiniano na área macular, provocada pela disrupção da barreira hemato-retiniana2. A proporção de pacientes com EMD e diabete melito tipo 1 (DM1) é de 7 a 10% e 25 a 30% quando diagnosticados há mais de 10 e 20 anos, respectivamente. A incidência de EMD em pacientes com diabete melito tipo 2 (DM2) varia conforme o uso de insulina. Pacientes em insulinoterapia e diagnosticados há mais de 10 anos apresentam uma incidência de 10%; aqueles diagnosticados há mais de 20 anos sobe para 25 a 30%. Pacientes que não utilizam insulina apresentam uma incidência menor (metade daqueles que utilizam o hormônio) de desenvolver o EMD. No geral, condições clínicas sistêmicas que aumentam a passagem de líquido para a retina, como hipertensão grave e hipoalbuminemia, podem influenciar no desenvolvimento do EMD. A presença e a gravidade do EMD não estão relacionadas diretamente com o grau da RD, podendo estar presente em qualquer estágio da doença e evoluir de forma independente2. O tratamento sistêmico é baseado no controle dos níveis de glicemia (hemoglobina glicada), níveis pressóricos, lipídios séricos, a função renal e índice de massa corporal, associado a exercício físico e alimentação adequada. Os tratamentos oculares tem por objetivo reduzir ou impeder a progressão do edema. De acordo com o estágio da doença, o tratamento pode ser realizado com um ou mais dos seguintes métodos: terapia a laser, terapia antiangiogênica, terapia com corticosteroide e tratamento cirúrgico. Até o momento não há nenhum procedimento ou medicamento que cure o EMD sendo importante a utilização dos tratamentos mais eficazes para controle da doença2.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Edema Macular Diabético (EMD)?
Sim. O SUS oferece estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da RD1, publicado por meio da Portaria SAES/SCTIE/MS nº 193, de 16 de novembro de 2021. Este documento inclui o conceito geral da RD, critérios de diagnóstico, critérios de inclusão e de exclusão, classificação, tratamento e mecanismos de regulação, controle e avaliação, é de caráter nacional e deve ser utilizado pelas Secretarias de Saúde dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios na regulação do acesso assistencial, autorização, registro e ressarcimento dos procedimentos correspondentes. A conduta terapêutica é definida conforme a classificação “edema macular diabético com qualquer grau de retinopatia diabética”.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O medicamento aflibercepte 40 mg/mL foi registrado na Anvisa em outubro de 2012, sob a marca comercial Eylia®. Conforme bula, é indicada no tratamento de manutenção para o tratamento de degeneração macular relacionada à idade, neovascular (úmida); deficiência visual devido ao edema macular secundário à oclusão da veia da reitna; deficiência visual devido ao EMD; e deficiência visual devido à neovascularização coroidal miópica4.Possui biossimilar?
Não5.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Eylia® - solução injetável - 40 mg/mL – frasco-ampola (0,278 mL) e seringa preenchida (0,165 mL).*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED05 de 06/05/2022.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Sim, de acordo com consulta realizada à Rename6, em 09/05/2022.Quanto custa o tratamento com aflibercepte?
Considerando a dose recomendada em bula para EMD de 2 mg (0,050mL), uma injeção mensal por cinco doses consecutivas, seguida por uma injeção a cada dois meses, o custo mensal estimado para tratamento com aflibercepte foi de R$ 3.754,45. O valor foi calculado considerando-se o Preço Máximo de Venda ao Governo (PMGV) e a alíquota de 18% em relação ao ICMS do medicamento Eylia®, segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED/Anvisa4, pois esse medicamento consta na lista com aplicação do desconto Coeficiente de Adequação de Preços (CAP).O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Edema Macular Diabético (EMD)?
Sim, de acordo com o PCDT da RD1, os tratamentos são disponibilizados conforme comprometimento da fóvea. Nos casos que que há edema sem o comprometimento da fóvea, o tratamento com laser é uma opção viável para a redução da piora da acuidade visual, e não há terapia farmacológica recomendada. Pacientes com EMD que acomete o centro da fóvea têm indicação de aplicação dos medicamentos anti- fator de crescimento endotelial vascular (anti-VEGF) aflibercepte e ranibizumabe. A fotocoagulação por laser é inferior aos fármacos citados, entretanto, sua utilização é justificada na prática médica por sua maior conveniência. A vitrectomia via pars plana (VVPP) é o tratamento cirúrgico padrão para o EMD que acomete o centro da fóvea com tração vítreo-macular, comumente utilizada após a falha do tratamento medicamentoso. O tratamento do EMD está tabelado no Sistema de Gerenciamento da Tabela de Procedimentos, Medicamentos, Órteses, Próteses e Materiais Especiais do SUS (SIGTAP).A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, a Conitec avaliou o aflibercepte para o tratamento de pacientes com EMD. Durante a 81ª reunião ordinária, realizada nos dias 4 e 5 de setembro de 2019, os membros da Comissão deliberaram, por unanimidade, recomendar a incorporação do referido fármaco para o tratamento de EMD, condicionada a negociação de preço a partir da proposta apresentada pela empresa demandante e a elaboração de Protocolo Clínico do Ministério da Saúde1. O Plenário considerou que existe evidência científica de eficácia do medicamento, que cobre uma lacuna de tratamento de uma doença grave e incapacitante. O documento técnico foi encaminhado ao Secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde (SCTIE/MS), que ratificou a recomendação e publicou a Portaria SCTIE/MS nº 50/2019, no Diário Oficial da União (DOU) nº 215, de 06/11/2019, Seção 1, pág. 195.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
A revisão sistemática seguida de metanálise de Virgili et al (2017)7 avaliou a eficácia e segurança de diferentes medicamentos anti-VEGF. Aflibercepte e ranibizumabe foram mais efetivos que o laser, melhorando a visão em 2 ou mais linhas depois de um ano de tratamento (alta qualidade). Razão de risco (RR) versus laser foi de 3,66 (IC95% 2,79 a 4,79) para aflibercepte e RR 2,76 (IC95% CI 2,12 a 3,59) para ranibizumabe. Os medicamentos anti-VEGF são eficazes para melhorar a visão em pessoas com EMD, sendo que três a quatro em cada 10 pessoas têm melhora de 3 ou mais linhas de acuidade visual em um ano. Há evidências com nível de evidência moderado de que aflibercepte confere alguma vantagem sobre o ranibizumabe em pessoas com EMD em um ano de tratamento em termos visuais e anatômicos.
Ensaio Clínico Randomizado (ECR) de Wells (2016)8 avaliou a eficácia e segurança dos medicamentos aflibercepte, ranibizumabe e bevacizumabe em 660 indivíduos sem nenhum tratamento prévio com anti-VEGF. Entre os participantes que completaram o seguimento de 2 anos, a mediana (intervalo interquartílico) de injeções intravítreas foi de 15 (11-17), 16 (12-20) e 15 (11-19) injeções de aflibercepte, bevacizumabe e ranibizumabe, respectivamente (global p= 0,08). Dos valores basais até o final do seguimento, a acuidade visual melhorou em 12,8 letras com aflibercepte, 10,0 letras com bevacizumabe e 12,3 com ranibizumabe. Com a linha de base de acuidade visual (20/32 ou 20/40), a média da pontuação da carta na visita de 2 anos foi de +7,8 (± 8,4) para aflibercepte, +6,8 (± 8,80) para bevacizumabe e +8,6 (± 7,0) para ranibizumabe sem diferenças estatisticamente significantes entre os grupos.
Brown et al (2014)9 apresentou os resultados visuais e anatômicos dos ensaios clínicos randomizados de fase 3, duplo-cego, randomizados e controlados ativamente VISTA e VIVID. Os participantes (n= 872) incluídos foram indivíduos com DM que apresentavam EMD com comprometimento central. Em ambos os estudos, significativamente mais olhos tratados com aflibercepte ganharam ≥0, ≥5, ≥10 e ≥15 letras, enquanto significativamente mais olhos tratados com controle a laser perderam ≥5, ≥10 e ≥15 letras da linha de base na semana 100. Proporções significativamente maiores de olhos tratados com aflibercepte a cada 4 e 8 semanas em comparação com olhos tratados com controle a laser tiveram pelo menos uma melhora de 2 passos no escore da Escala de Gravidade da Retinopatia Diabética (DRSS) em ambos VISTA (37,0% e 37,1% vs. 15,6%, respectivamente) e VIVID (29,3% e 32,6% vs. 8,2%, respectivamente. Tanto no VISTA quanto no VIVID, a superioridade visual e anatômica de 52 semanas do aflibercepte sobre o controle do laser foi mantida até a semana 100, com eficácia semelhante nos grupos que receberam injeções a cada 4 ou 8 semanas. A segurança nesses estudos foi consistente com o perfil de segurança conhecido do aflibercepte.Referências bibliográficas
1 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Secretaria de Atenção Especializada à Saúde. Portaria Conjunta SAES/SCTIE/MS nº 17, de 1º de outubro de 2021. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Retinopatia Diabética. [Portaria na internet]. Diário Oficial da União 16 dez 2021. [Acesso em 09 maio 2022]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/Portaria/2021/20211217_Portaria_Conjunta_17.pdf.2 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação nº 549, de ago 2020. Ranibizumabe para tratamento de Edema macular Diabético. [Acesso em 09 maio 2022]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Consultas/Relatorios/2020/20200921_Relatorio_Ranibizumabe_EMD_549.pdf.
3 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Especializada à Saúde e Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Portaria Conjunta SAES/SCTIE/MS nº 17, de 1º de outubro de 2021. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Retinopatia Diabética. [Portaria na internet]. Diário Oficial da União 22 nov 2021 [Acesso em 16 dez 2021]; Seção 1, (210). [Acesso em 09 maio 2022]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2021/20211217_Relatorio_PCDT_Retinopatia-Diabetica_618_Final.pdf.
4 Aflibercepte. [Bula]. Brasil: Bayer S.A.
5 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Medicamentos. Câmera de Regulação do Mercado de Medicamentos. Listas de Preços de Medicamentos [Acesso em 09 maio 2022]. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/cmed/precos.
6 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2022. Brasília: Ministério da Saúde; 2022 [Acesso em 09 maiol 2022]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/20220128_RENAME_2022.pdf.
7 Virgili G, Parravano M, Gordon I, Lucenteforte E, Evans JR. Anti-vascular endothelial growth factor for diabetic macular oedema: a network meta-analysis. Cochrane Database Syst Rev. 2017.
8 Wells JA, Glassman AR, Ayala AR, Jampol LM, Bressler NM, Bressler SB, et al. Aflibercept, Bevacizumab, or Ranibizumab for Diabetic Macular Edema Two-Year Results from a Comparative Effectiveness Randomized Clinical Trial. Ophthalmology [Internet]. 2016;123(6):1351–9. http://dx.doi.org/10.1016/j.ophtha.2016.02.022.
9 Brown DM, Schmidt-Erfurth U, Do D V., Holz FG, Boyer DS, Midena E, et al. Intravitreal aflibercept for diabetic macular edema: 100-week results from the VISTA and VIVID studies. Ophthalmology. 2015;122(10):2044–52.
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Agomelatina para depressão :: Novembro/2019
Data de elaboração: Novembro/2019 Data de publicação: Novembro/2019 O que é Depressão?
A depressão é definida como um estado de humor deprimido diário, que perdura por um período mínimo de 2 semanas e se caracteriza por indiferença, apatia, irritabilidade ou tristeza, geralmente, associado a alterações nos padrões de sono, apetite e peso; agitação ou lentidão motora; fadiga, dificuldade de concentração e tomada de decisões; sentimentos de vergonha ou culpa; e pensamentos de morte ou de estar morrendo. Os pacientes com depressão sofrem intensamente pela perda de prazer em todas as atividades agradáveis, despertam muito cedo, sentem que o estado de humor disfórico é qualitativamente diferente da tristeza e, muitas vezes, notam uma variação diurna no humor (pior pela manhã)1.A fisiopatologia da doença pode ser explicada pela existência em menor quantidade dos neurotransmissores serotonina, norepinefrina e dopamina nas sinapses dos neurônios cerebrais. A terapia com medicamentos visa a equilibrar e aumentar os níveis destes neurotransmissores. No entanto, apenas questões de ordem biológica não são capazes de explicar a doença, que envolve também determinantes de ordem psicológica e sociais como, por exemplo, características da personalidade, tendências emocionais negativas e baixa autoestima, pobreza, desajustes familiares, situações de violência física e psíquica, entre outras2.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Depressão?
Sim. O SUS oferece uma estratégia de cuidado integral para o tratamento dos transtornos mentais em geral, que pode ser consultada no Caderno de Atenção Básica – Saúde Mental3.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim4. O medicamento agomelatina possui registro na Anvisa e indicação para o tratamento do transtorno depressivo maior em adultos.Possui genérico?
Sim.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Valdoxan® - comprimidos revestidos de 25 mg, embalados em cartuchos contendo 14, 28 ou 56 comprimidos.
Agomelatina (EMS S/A) - comprimido revestido de 25 mg em embalagens com 7, 14, 15, 20, 28, 30, 56 ou 60 comprimidos revestidos (disponível também embalagem hospitalar contendo 100 ou 200 comprimidos).
*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 14/11/20195 e bula eletrônicas da Anvisa.A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não. Agomelatina não consta na RENAME 20186.Quanto custa o tratamento com Agomelatina?
Considerando que a dose diária recomendada em bula de agomelatina é de um comprimido de 25 mg uma vez ao dia (ao deitar), o custo estimado mensal foi de R$132,08. O custo foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% do medicamento de referência, segundo a ANVISA.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Depressão?
Sim, são disponibilizados os medicamentos apresentados na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Amitriptilina Comprimido 25mg, 75mg Clomipramina Comprimido 10mg, 25mg Fluoxetina Cápsula / comprimido 20 mg Nortriptilina Cápsula 10mg, 25mg, 50mg, 75mg O financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento.7
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Não, até a presente data, não foi protocolada na Conitec demanda para analisar a incorporação no SUS do medicamento agomelatina para tratamento da depressão ou para outras condições clínicas, seja pelo laboratório fabricante ou por outros demandantes. Ressalta-se que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou a empresa (produtora da tecnologia ou não), pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à Conitec, desde que cumpra as exigências legais impostas pelo Decreto nº 7.646 de 2011.
Mais informações em: http://conitec.gov.brO que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Foi realizada uma revisão rápida da literatura, na qual foram incluídas duas revisões sistemáticas8,9. A primeira revisão sistemática com meta-análise (Taylor et al., 2014), incluiu vinte estudos, totalizando 7.460 pacientes e teve como objetivo comparar a eficácia da agomelatina com outros antidepressivos e placebo em estudos publicados8 e não publicados8. O resultado da meta-análise de 12 ensaios clínicos randomizados (ECRs), com 3.951 participantes no total, indicou que, em comparação com o placebo, a agomelatina melhorou significativamente os escores de depressão (SMD=0,24; IC95%=0,12-0,35; I2=66%) e taxas de resposta (RR=1,25; IC95%=1,11-1,41; I2=63%). No entanto, o resultado da meta-análise de 11 ECRs, totalizando 3.620 pacientes, mostrou que não houve diferença estatística nas taxas de remissão (RR=1,22; IC95%=0,97-1,53; I2=56%). Além disso, os pacientes que usavam agomelatina não eram mais propensos a interromper o tratamento quando comparados aos que usavam placebo (RR=0,92; IC95%=0,78-1,08; I2=39%). O resultado foi semelhante para descontinuação do tratamento devido a eventos adversos (RR=1,03; IC95%=0,75-1,41; I2=25%). Em comparação com outros antidepressivos disponíveis no SUS, 4 estudos que compararam agomelatina com a fluoxetina, mostrou que a agomelatina apresentou menos efic´cia (SMD= 0,01; IC95%=- 0,13-0,15; I2=54%). A segunda revisão sistemática com meta-análise (Guaiana et al., 2013), buscou determinar a eficácia da agomelatina no alívio dos sintomas agudos do transtorno depressivo maior em comparação com outros antidepressivos, rever a aceitabilidade da agomelatina e investigar os seus efeitos adversos9. Em comparação com outros antidepressivos disponíveis no SUS, 4 estudos com 1.862 participantes no total, compararam agomelatina com a fluoxetina, e obtiveram como resultado que a agomelatina era menos ou mais eficaz que fluoxetina em relação a taxa de resposta (RR= 1,01; IC 95%= 0,92-1,11; p-valor=0,80; I² = 31%) e remissão (RR= 0,76; IC 95%= 0,55- 1,05; p-valor= 0.10; I² = 84%). Não houve evidências de que a agomelatina era associada a uma maior taxa de abandono total do que fluoxetina (RR=0,96; IC 95%=0,74-1,26; p-valor= 0,78; I² = 43%), nem de que menos ou mais participantes experimentaram pelo menos algum efeito colateral quando tratados com agomelatina em comparação com fluoxetina (RR=1,00; IC95%= 0,89-1,11; p-valor=0,95; I² = 0%; dois estudos; 1.141 participantes). Os resultados sugerem que em comparação com o placebo, a agomelatina melhorou significativamente os escores de depressão e taxas de resposta. No entanto, não houve diferença significativa nas taxas de remissão. Além disso, os pacientes que usavam agomelatina não eram mais propensos a interromper o tratamento devido a eventos adversos quando comparados aos que usavam placebo8. Em comparação com outros antidepressivos disponíveis no SUS, esta revisão rápida encontrou apenas comparações com fluoxetina, na qual em um estudo de revisão sistemática com meta-análise a agomelatina apresentou-se menos eficaz8 e em outra se mostrou similar em termos de eficácia, aceitabilidade e tolerabilidade9. As evidências localizadas por meio desta revisão rápida indicam que a agomelatina é uma droga mais efetiva que o placebo no tratamento da depressão. Contudo, não existem evidências de superioridade ou mesmo equivalência dessa tecnologia em comparação a outros antidepressivos disponíveis no sistema de saúde brasileiro, com segurança e eficácia já estabelecidas.Referências bibliográficas
1Fauci A, Braunwald E, Kasper D, Hauser S, Longo D, Jameson J, et al. Harrison Medicina Interna. 18a. Vol. 1. Rio de Janeiro: McGraw-Hill Interamericana do Brasil; 2013.
2Fuchs F, Wannmacher L. Farmacologia Clínica: Fundamentos da Terapêutica Racional. 4a. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.
3Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. 2013. Disponível em http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/caderno_34.pdf. Acesso em: 26/11/2019.
4Brasil. Ministério da Saúde. Anvisa. Consulta a medicamentos registrados. http://portal.anvisa.gov.br/consulta-produtos-registrados. Acesso em: 26/11/2019.
5Brasil. Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. http://portal.anvisa.gov.br/documents/374947/2829072/LISTA_CONFORMIDADE_GOV_2019-11-14.pdf/db214bb0-c875-435b-bad0-806525f341b4. Acesso em 26/11/2019.
6Brasil. Ministério da Saúde. RENAME – Relação Nacional de Medicamentos Essenciais. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/medicamentos_rename.pdf. Acesso em: 26/11/2019.
7Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2018. Brasília, MS, 2018. 219 p. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Artigos_Publicacoes/Rename/Rename_2018_Novembro.pdf Acesso em: 02/08/2019.
8Taylor D, Sparshatt A, Varma S, Olofinjana O. Antidepressant efficacy of agomelatine: metaanalysis of published and unpublished studies. BMJ. 2014 Mar 19;348:g1888. doi: 10.1136/bmj.g1888. Review. Erratum in: BMJ. 2014;348:g2496.
9Guaiana G1, Gupta S, Chiodo D, Davies SJ, Haederle K, Koesters M. Agomelatine versus other antidepressive agents for major depression. Cochrane Database Syst Rev. 2013 Dec 17;(12):CD008851. doi: 10.1002/14651858.CD008851.pub2. -
Alentuzumabe para esclerose múltipla remitente-recorrente :: Maio/2020
Data de elaboração: Abril/2020 Data de publicação: Maio/2020 O que é Esclerose Múltipla Remitente-Recorrente?
A esclerose múltipla (EM) é uma doença crônica que afeta o sistema nervoso central, danificando o tecido que protege as células nervosas, chamado bainha de mielina, por meio de reações inflamatórias autoimunes. Os adultos entre 18 e 55 anos de idade são os mais afetados, sendo essa doença duas a três vezes mais frequente e mulheres. No Brasil, sua taxa média de prevalência é de 8,69 casos por 100.000 habitantes, variando consideravelmente entre as regiões do país. A EM pode ser classificada de quatro formas: remitente-recorrente (EM-RR), primariamente progressiva (EM-PP), primariamente progressiva com surto (EM-PP com surto) e secundariamente progressiva (EM-SP)1. A forma mais comum da doença é a remitente-recorrente, que compreende cerca de 85 % dos casos de EM. Caracteriza-se por exacerbações seguidas por um grau variável de melhora do déficit neurológico, podendo ser completa ou evoluir com uma disfunção sintomática residual. Cerca de 50% das pessoas com EM-RR irá desenvolver EM-SP dentro de 10 anos de diagnóstico2. Surtos e ataques agudos são as manifestações mais comuns. Os sintomas mais comuns são neurite óptica, paresia ou parestesia de membros, disfunções da coordenação motora e equilíbrio, mielites, disfunções esfincterianas e disfunções cognitivo-comportamentais, de forma isolada ou em combinação. A identificação da doença no início e o direcionamento imediato para o atendimento especializado dá à Atenção Básica um caráter essencial para um melhor resultado terapêutico e prognóstico dos casos1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Esclerose Múltipla Remitente-Recorrente?
Sim. O SUS oferece estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Esclerose Múltipla. Este documento inclui critérios de diagnóstico, de inclusão e exclusão, tratamento, monitoramento da doença e regulação pelo gestor, dentro do SUS1.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O alentuzumabe foi registrado na ANVISA em junho de 2019, sob o nome comercial Lemtrada®. A indicação apresentada em bula é para o tratamento de pacientes com formas reincidentes de esclerose múltipla para diminuir ou reverter o acúmulo de incapacidade física e reduzir a frequência de manifestações clínicas3.Possui biossimilar?
Não4.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Lemtrada® - Solução para diluição para infusão 10 mg/mL (12 mg de alentuzumabe em frasco-ampola de 1,2 mL).*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 28/04/2020.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não, de acordo com consulta realizada à Rename5, em 30/04/2020.Quanto custa o tratamento com Alentuzumabe?
De acordo com a bula, o tratamento, em geral, dá-se em dois ciclos: no primeiro, o paciente receberá uma dose durante 5 dias; no segundo ciclo, aproximadamente um ano depois, será administrada uma dose por dia, durante 3 dias. Ao total, serão necessários 8 frascos-ampolas do medicamento para os dois ciclos de tratamento. Outros ciclos podem ser necessários, mediante recomendação médica3. Considerando que o valor de cada frasco-ampola é R$ 22.864,34, o custo estimado dos dois ciclos será R$ 182.914,72. O valor foi calculado considerando-se o Preço Máximo de Venda ao Governo (PMGV) e a alíquota de 0% em relação ao ICMS do (nome do medicamento de referência), segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED/Anvisa4.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Esclerose Múltipla Remitente-Recorrente?
Sim, de acordo com o PCDT da Esclerose Múltipla1, são disponibilizados os medicamentos apresentados na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Azatioprina Comprimido 50 mg Betainterferonas
Seringa preenchida ou frasco-ampola 1a - 6.000.000 UI (22mcg, 30 mcg)
1a - 12.000.000 UI (44 mcg)1b- 9.600.000 UI (300 mcg)
Fingolimode Cápsula 0,5 mg Glatirâmer Frasco-ampola ou seringa preenchida 20mg e 40mg Metilprednisolona Frasco-ampola 500mg Natalizumabe Frasco-ampola 300mg Fumarato de dimetila Comprimido 120mg e 240mg Teriflunomida Comprimido 14mg O financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por um ou mais dos três entes federativos (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica ao qual pertence o medicamento.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, a Conitec avaliou o alentuzumabe para tratamento de esclerose múltipla remitente-recorrente. Durante a 73ª reunião ordinária, realizada nos dias 05 e 06 de dezembro de 2018, os membros da Comissão recomendaram, por unanimidade, a não incorporação ao SUS do alentuzumabe para os casos de esclerose múltipla remitente-recorrente, nos quais os pacientes apresentaram falha de tratamento a duas ou mais terapias6. O documento técnico foi encaminhado ao Secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde (SCTIE/MS), que ratificou a recomendação e publicou a Portaria SCTIE/MS nº 87/2018, no Diário Oficial da União (DOU) nº 247, de 26/12/2018, Seção 1, pág. 547.O que a literatura científica relata sobre o uso dessa tecnologia para essa condição clínica?
O Relatório 417, da Conitec, avaliou o alentuzumabe no tratamento da EMRR, por meio de nove estudos: quatro revisões sistemáticas com meta-análise de rede, dois estudos observacionais, um ensaio clínico randomizado fase 3 CARE-MS II, um estudo de extensão do ECR CARE-MS II e uma análise post-hoc do ECR CARE-MS II. Os desfechos de eficácia avaliados foram: surto (recidivas), progressão da incapacidade, tolerabilidade (descontinuação por evento adverso) e eventos adversos. Entre todas as terapias avaliadas, alentuzumabe e natalizumabe exibiram probabilidade de 97% e 85%, respectivamente, de ser a terapia mais eficaz para recidiva em doze meses, e 96% e 88% respectivamente para recidiva em 24 meses. Comparado ao natalizumabe, alentuzumabe não apresentou diferença (RR=0,71; IC 95%; 0,50-1,02) para doze meses e para 24 meses (RR=0,83; IC 95%; 0,64-1,07). Os resultados apresentaram benefícios quanto ao uso do alentuzumabe, em comparação ao natalizumabe, para progressão da incapacidade em dois anos (RR=0,55; IC 95%; 0,36-0,84). Os estudos observacionais demonstraram que os pacientes tratados com natalizumabe, em comparação ao alentuzumabe, tinham maior probabilidade de melhoria da incapacidade. Isso significa dizer que, possivelmente, o natalizumabe aumenta a probabilidade de recuperação parcial da incapacidade neurológica acumulada. Em relação aos desfechos de segurança e eventos adversos, os pacientes que receberam alentuzumabe toleraram bem, sendo que 92% demonstraram frequência alta de reações associadas à infusão e às infecções, sendo as mais comuns: dor de cabeça, rash, náusea e febre. Dezessete pacientes, que correspondem a 0,3% da amostra, apresentaram reações graves à infusão. Foram mais frequentes no grupo alentuzumabe as infecções (78% vs. 66%), principalmente: nasofaringite, infecção do trato urinário, infecção do trato respiratório superior, herpes, sinusite e influenza. Além dessas, foram verificadas outras infecções sérias, incluindo pneumonia, gastroenterite e apendicite; assim como alterações tireoidianas e alterações no sistema circulatório e linfático, incluindo púrpura trombocitopênica idiopática6.Referências bibliográficas
1BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria Conjunta SAES-SCTIE/MS nº 7, de 11 de julho de 2019. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Esclerose Múltipla. Brasília: Ministério da Saúde, 2019. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Protocolos/PCDT-Esclerose-Mltipla.pdf. Acesso em: 30/4/2020.
2Noseworthy JH, Lucchinetti C, Rodriguez M, Weinshenker BG. Multiple sclerosis. N Engl J Med. 2000;343(13):938-52.
3ALENTUZUMABE. Bula de medicamento. Sanofi Medley Farmacêutica Ltda. Farm. Resp.: Mauricio R. Marante. Disponível em: https://consultas.anvisa.gov.br/#/medicamentos/25351190476201992/?substancia=23547. Acesso em 30/04/2020.
4Brasil. Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/374947/5839648/LISTA_CONFORMIDADE_GOV_2020_04_v1.pdf/d791ceb6-d436-494e-9e25-59ea59c00b3e. Acesso em 30/4/2020.
5Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2020 – Brasília: Ministério da Saúde, 2020. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/relacao_medicamentos_rename_2020.pdf. Acesso em: 30/4/2020.
6BRASIL. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS – Conitec. Relatório de Recomendação. Alentuzumabe no tratamento da esclerose múltipla remitente recorrente após falha terapêutica a duas ou mais terapias. Nº 417, dezembro de 2018. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2018/Relatorio_Alentuzumabe_EMRR.pdf Acesso em: 30/4/2020.
7BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria SCTIE/MS nº 87/2018 – Publicada em 26/12/2018. Torna pública a decisão de não incorporar o alentuzumabe no tratamento da esclerose múltipla remitente recorrente após falha terapêutica a duas ou mais terapias no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS. Brasília: Ministério da Saúde, 2018. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/Portaria/2018/PortariasSCTIE_86a88_2018.pdf. Acesso em: 30/04/2020. -
Alfa-alglicosidase para doença de Pompe :: Novembro/2019
Data de elaboração: Novembro/2019 Data de publicação: Novembro/2019 O que é Doença de Pompe?
A doença de Pompe (DP), ou glicogenose tipo II, pode ser classificada em DP precoce (idade de início dos sintomas ≤ 12 meses) e DP tardia (idade de início dos sintomas ≥ 12 meses). A DP é uma doença rara, grave, associada à alta morbimortalidade, e que não está incluída no Programa Nacional de Triagem Neonatal. Seu acometimento neuromuscular progressivo é frequentemente fatal nas formas mais graves. A DP é uma glicogenose muscular, não associada à ocorrência de hipoglicemia, causada pela atividade deficiente da alfa glicosidase ácida (ou maltase ácida), enzima lisossômica que libera glicose a partir do glicogênio, conforme a demanda de energia celular. A atividade deficiente desta enzima leva ao acúmulo de glicogênio dentro dos lisossomos e do citoplasma das células da musculatura lisa, esquelética e cardíaca. Este acúmulo acaba danificando o funcionamento celular e destruindo as células, por hipertrofia e ruptura dos lisossomos. A DP precoce envolve pacientes com deficiência completa de alfa glicosidase ácida, com início dos sintomas em média entre 1,6 e 2 meses de vida, podendo se manifestar ainda intra-útero. Caracteriza-se pela presença de sintomas graves da doença, como fraqueza muscular generalizada, cardiomegalia e hipertrofia cardíaca. Na DP tardia, o início dos sintomas ocorre após 12 meses de idade, podendo ocorrer na infância, durante a adolescência ou ainda na idade adulta. Esta forma apresenta evolução mais lenta e tem como características clínicas principais a fraqueza muscular, miopatia, a insuficiência respiratória crônica e a ausência de cardiomiopatia hipertrófica. A prevenção das manifestações clínicas e o tratamento das manifestações já estabelecidas da DP pode ser realizada, quando indicado, com a terapia de reposição enzimática (TRE) com maltase ácida recombinante humana (alfa-alglicosidase), produzida em células de ovário de hamster chinês1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Doença de Pompe?
Sim. Em setembro de 2019, houve decisão da Conitec para incorporar a alfa-alglicosidase para a forma precoce da doença de Pompe, conforme Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas do Ministério da Saúde, no âmbito do Sistema Único de Saúde – SUS. Dada pela Portaria nº 48, seção 1, página 65, em 17 de outubro de 20191.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim2. O medicamento alfa-alglicosidase possui registro na Anvisa e seu uso está aprovado como terapia de reposição enzimática para o tratamento de pacientes com diagnóstico confirmado da doença de Pompe.Possui genérico?
Não.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Myozyme® - 50 mg pó liofilizado para solução injetável – um frasco-ampola contendo 52,5 mg de alfa-alglicosidase, com uma dose extraível de 50 mg após reconstituição, acondicionado em cartucho de cartolina.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 14/11/20193 e bula eletrônica da Anvisa.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não. Alfa-alglicosidase não consta na RENAME 20184.Quanto custa o tratamento com Alfa-alglicosidase?
O regime de dosagem recomendado em bula da alfa-alglicosidase é 20 mg/kg de peso corporal administrados a cada 2 semanas como infusão intravenosa e o volume total é determinado pelo peso corporal). Considerando que a dose indicada em bula é vinculada ao peso do paciente e não existem informações sobre o peso médio dos pacientes com DP no Brasil, optou-se por considerar a dose média para pacientes com menos de 12 meses, entre 12 meses e 18 anos e maiores de 18 anos de idade, segundo recomendação do grupo elaborador do PCDT da doença e custo de tratamento utilizado pelo Relatório de recomendação da tecnologia1. Sendo assim, o custo estimado mensal é de R$10.788,53, R$37.759,84 e R$72.822,55, respectivamente. O custo foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% do medicamento de referência, segundo a ANVISA3.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Doença de Pompe?
Não. Atualmente não há tratamento medicamentoso para a DP no SUS e o diagnóstico dessa doença não está incluído no Programa Nacional de Triagem Neonatal. Sendo assim, como alternativa terapêutica, o paciente deve ser acompanhado por equipe especializada, com sessões de fisioterapia, cirurgias das contraturas articulares, suporte nutricional e alimentar, além de cuidados respiratórios e, quando necessário a traqueostomia.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, a CONITEC avaliou a alfa-alglicosidase para o tratamento da doença de Pompe. Os membros do plenário da Comissão, presentes na 81ª reunião ordinária, realizada no dia 5 de setembro de 2019, deliberaram, por unanimidade, por recomendar a incorporação no SUS da alfa-alglicosidase para o tratamento da forma precoce da doença de Pompe, conforme Protocolo Clínico do Ministério da Saúde a ser publicado.
Mais informações em: http://conitec.gov.brO que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
DP Precoce: Foi encontrada evidência de benefício da TRE para cardiomiopatia, tempo para início de ventilação mecânica, sobrevida e segurança. Como indicador de cardiomiopatia, foi considerada a massa do ventrículo esquerdo, descrita em dez estudos, avaliada de forma bastante heterogênea. Em 8/10 estudos houve redução da massa de VE, sugerindo que a TRE apresenta benefício na cardiomiopatia, porém com qualidade da evidência muito baixa, advinda predominantemente de estudos observacionais sem grupo controle, com magnitude de efeito descrita para este desfecho. ECR aberto5 avaliou tempo de ventilação mecânica (VM). O risco de óbito ou de VM invasiva e este foi reduzido em 92% (HR 0,08, IC95%: 0,03 a 0,21, p=0,001) pela TRE e o risco de óbito ou qualquer tipo de ventilação foi reduzido em 88% (HR 0,12, IC95%: 0,05 a 0,29, p=0,001). Três pacientes apresentaram necessidade de VM antes de 18 meses de idade, com taxa de sobrevida sem VM invasiva por Kaplan-Meier de 88,9% (IC95%: 74,4% a 100%). Ventilação não-invasiva foi necessária para outros três pacientes, com taxa de sobrevida sem qualquer tipo de suporte ventilatório por Kaplan-Meier aos 18 meses de 66,7% (IC95%: 44,9% a 88,4%). Sobrevida foi avaliada em seis estudos na DP precoce. Um estudo de coorte6 descreveu 10 pacientes tratados por, em média, 63 meses, com sobrevivência de todos os pacientes. Análise de Kaplan-Meier indicou que a sobrevida dos pacientes diagnosticados por teste de triagem neonatal foi significativamente melhor que os pacientes não tratados (p <0,001) e que os pacientes com diagnóstico tardio (p = 0,028), valores não demonstrados. Análise de Kaplan-Meier também foi realizada num estudo de caso-controle7, com resultados semelhantes: maior sobrevida nos pacientes com diagnóstico precoce (até 40 meses de seguimento, sem óbitos) em comparação à coorte sem tratamento (100% de óbitos após 35 meses de seguimento; p=0,001) e com tendência à significância em comparação aos pacientes tratados com diagnóstico tardio (65% de mortalidade com seguimento de 80 meses; p=0,48). Ensaio clínico aberto8 comparou a sobrevida de pacientes com início de tratamento antes e após 12 meses de idade com a sobrevida de coorte histórica de controle sem tratamento, descrita em Kishnani et al. (2006)9. A redução do risco de óbito nos pacientes tratados em comparação à coorte histórica foi de 79% (p<0,01). Kishnani et al. (2007)5 avaliaram 15 pacientes ao completarem 18 meses de idade e compararam com coorte histórica sem tratamento, descrita em Kishnani et al. (2006)9, em que apenas 1/61 paciente atingiu esta idade. A TRE reduziu o risco de óbito em 99% (HR = 0,01; p=0,001). Ou seja, houve aumento da sobrevida em todos os estudos que avaliaram este desfecho. Em relação à segurança, um estudo de coorte de 36 meses de seguimento10 relatou dados de segurança para 18 pacientes em tratamento com TRE, dos quais 11 apresentaram 224 efeitos adversos (EA), todos leves ou moderados em intensidade, manejados com redução da velocidade de infusão ou pausa. Os EA mais comuns foram urticaria (n=47 eventos), febre (n=27) e dessaturação (n=24 eventos) e foram mais comumente relatados no grupo com dose de 40 mg/kg. Em Kishnani et al. (2006)9, a TRE foi bem tolerada, com todos os pacientes apresentando pelo menos 1 EA, em sua maioria leve ou moderado. Nicolino et al. (2009)8 descreveram EA em 11 pacientes (52%), sendo os mais comuns: alterações cutâneas (13 eventos), alterações vasculares (10 eventos) e alterações nos sinais vitais (7 eventos), também resolvidos com sintomáticos e ao lentificar ou pausar a infusão.
DP Tardio: Foi encontrada evidência de benefício da TRE para capacidade vital forçada (CVF), teste de caminhada em 6 minutos, sobrevida/mortalidade, tempo de ventilação e segurança. Capacidade vital forçada (CVF) foi considerada como parte da avaliação da capacidade funcional e foi avaliada em diversos estudos. Uma revisão sistemática11 avaliou este desfecho para 124 pacientes tratados e identificou melhora na CVF em 51,6% dos pacientes, estabilização em 13,7% e declínio em 34,7%. Na revisão sistemática com meta-análise12 observou-se um efeito benéfico da TRE na CVF nos grupos recebendo alfa-alglicosidase. Os achados foram os seguintes: pacientes não tratados tiveram um declínio de 2,3% na CVF% após 12 meses e de 6,2% após 4 anos; pacientes tratados tiveram um aumento inicial de 1,4% após 2 meses, com retorno à CVF% basal e leve declínio no seguimento, dados não detalhados. Essa diferença de eficácia entre controle e tratamento variou de 4,5% após um ano, até 6% em 4 anos, não podendo ser considerada, portanto, clinicamente significativa. Teste de caminhada em 6 minutos (TC6M) foi avaliado em duas revisões sistemáticas, sendo uma delas com meta-análise, que demonstrou efeito benéfico da TRE no TC6M nos grupos recebendo alfa-alglicosidase após 12 meses, com melhora, em média, 43 m maior, a partir da avaliação de dados para 171 pacientes em tratamento. Revisão sistemática11 também incluiu o TC6M entre os desfechos de interesse e relatou dados de 122 pacientes, dos quais 77,9% melhoraram, 8,2% estabilizaram e 13,9% pioraram. A média de melhora da distância caminhada descrita nos artigos incluídos nesta revisão sistemática foi entre 10 e 149 metros. Outra revisão sistemática com meta-análise, que incluiu seis estudos observacionais12 avaliou sobrevida para DP tardia. Como resultado observou-se uma redução de 79% no risco de morte para aqueles pacientes em uso de alfa-alglucosidase (HR = 0,21 [IC95% 0,11; 0,41]). Um estudo observacional mostrou um risco de morte reduzido em 59% para aqueles pacientes em uso de alfa-alglucosidase em relação àqueles que não receberam a terapia (HR = 0,41 [IC95% 0,19; 0,87]). Em relação ao tempo de ventilação, um estudo de coorte14 descreveu que dos 74 pacientes seis pararam o suporte ventilatório durante o período de tratamento, enquanto 2 pacientes passaram a necessitar de suporte ventilatório e 21 mantiveram a necessidade de suporte ventilatório. Revisão sistemática11 avaliou dados de 66 pacientes e demonstrou que a TRE resultou em melhora na necessidade de VM em 59,1% dos pacientes, em estabilização em 36,4% dos pacientes e piora em apenas 4,5% dos pacientes. Com relação à necessidade de ventilação não-invasiva, 64,1% melhoraram, 32,1% estabilizaram e 3,8% pioraram. A segurança da tecnologia foi avaliada em um estudo aberto15, no qual houve apenas um EA grave (não descrito) considerado pelos autores como não relacionado ao tratamento e EA leves e moderados presentes em 35,5% dos pacientes, sendo que 25% dos pacientes apresentaram reações associadas à infusão. No estudo de coorte16, a ocorrência de EA associados à infusão relatada foi de 18% (13/73 pacientes), sendo os mais comuns mal-estar generalizado, calafrios e hipertermia. Estudo observacional12 reportou a ocorrência dos seguintes EA à TRE, relatados em 4 dos 74 pacientes (6%) e considerados de intensidade moderada: eritema facial, eritema no local de infusão da enzima, sintomas gripais, prurido generalizado e broncoespasmo. A revisão sistemática11 descreveu EA em sua maioria leves a moderados em gravidade em 303 pacientes em tratamento, sendo EA graves relatados em apenas 4 pacientes.Referências bibliográficas
1Brasil. Ministério da Saúde. Conitec. Relatório de recomendação Alfa-alglicosidase como terapia de reposição enzimática na doença de Pompe (outubro de 2019). http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2019/Relatorio_AlfaAlglicosidase_Pompe.pdf. Acesso em: 27/11/2019.
2Brasil. Ministério da Saúde. Anvisa. Consulta a medicamentos registrados. http://portal.anvisa.gov.br/consulta-produtos-registrados. Acesso em: 26/11/2019.
3Brasil. Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. http://portal.anvisa.gov.br/documents/374947/2829072/LISTA_CONFORMIDADE_GOV_2019-11-14.pdf/db214bb0-c875-435b-bad0-806525f341b4. Acesso em 26/11/2019.
4Brasil. Ministério da Saúde. RENAME – Relação Nacional de Medicamentos Essenciais. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/medicamentos_rename.pdf. Acesso em: 26/11/2019.
5Kishnani PS, Corzo D, Nicolino M, Byrne B, Mandel H, Hwu WL, et al. Recombinant human acid [alpha]-glucosidase: major clinical benefits in infantile-onset Pompe disease. Neurology. 2007;68(2):99-109.
6Chien YH, Lee NC, Chen CA, Tsai FJ, Tsai WH, Shieh JY, et al. Long-term prognosis of patients with infantile-onset Pompe disease diagnosed by newborn screening and treated since birth. J Pediatr. 2015;166(4):985-91.e1-2.
7Chien YH, Lee NC, Thurberg BL, Chiang SC, Zhang XK, Keutzer J, et al. Pompe disease in infants: improving the prognosis by newborn screening and early treatment. Pediatrics. 2009;124(6):e1116-25.
8Nicolino M, Byrne B, Wraith JE, Leslie N, Mandel H, Freyer DR, et al. Clinical outcomes after long-term treatment with alglucosidase alfa in infants and children with advanced Pompe disease. Genet Med. 2009;11(3):210-9.
9Kishnani PS, Hwu WL, Mandel H, Nicolino M, Yong F, Corzo D, et al. A retrospective, multinational, multicenter study on the natural history of infantile-onset Pompe disease. J Pediatr. 2006;148(5):671-6.
10Kishnani PS, Corzo D, Leslie ND, Gruskin D, Van der Ploeg A, Clancy JP, et al. Early treatment with alglucosidase alpha prolongs long-term survival of infants with Pompe disease. Pediatr Res. 2009;66(3):329-35.
11Toscano A, Schoser B. Enzyme replacement therapy in late-onset Pompe disease: a systematic literature review. J Neurol. 2013;260(4):951-9.
12Schoser B, Stewart A, Kanters S, Hamed A, Jansen J, Chan K, et al. Survival and long-term outcomes in late-onset Pompe disease following alglucosidase alfa treatment: a systematic review and meta-analysis. J Neurol. 2017;264(4):621-30.
13Güngör D, Kruijshaar ME, Plug I, D'Agostino RB, Hagemans ML, van Doorn PA, et al. Impact of enzyme replacement therapy on survival in adults with Pompe disease: results from a prospective international observational study. Orphanet J Rare Dis. 2013;8:49.
14Angelini C, Semplicini C, Ravaglia S, Bembi B, Servidei S, Pegoraro E, et al. Observational clinical study in juvenile-adult glycogenosis type 2 patients undergoing enzyme replacement therapy for up to 4 years. J Neurol. 2012;259(5):952-8.
15van der Ploeg AT, Clemens PR, Corzo D, Escolar DM, Florence J, Groeneveld GJ, et al. A randomized study of alglucosidase alfa in late-onset Pompe's disease. N Engl J Med. 2010;362(15):1396-406.
16de Vries JM, Kuperus E, Hoogeveen-Westerveld M, Kroos MA, Wens SC, Stok M, et al. Pompe disease in adulthood: effects of antibody formation on enzyme replacement therapy. Genet Med. 2017;19(1):90-7. -
Alfacerliponase para tratamento da lipofuscinose ceroide neuronal :: Novembro/2023
Data de elaboração: Outubro/2023 Data de publicação: Novembro/2023 O que é a lipofuscinose ceroide neuronal?
A Lipofuscinose Ceroide Neuronal tipo 2 (CLN2) ou Deficiência de Tripeptidil-Peptidase 1 (TPP1) é uma doença genética rara, autossômica recessiva, de depósito lisossômico, causada pela presença de variantes patogênicas no gene CLN2/TPP1, localizado no braço curto do cromossomo 11 (11p15.4). A atividade deficiente da enzima TPP1 causa o acúmulo intracelular de lipopigmentos em diferentes tecidos, o que leva à perda neuronal. Os principais sintomas incluem perda neuronal, crises convulsivas e perda visual progressivas.O diagnóstico de CLN2 é realizado com base na suspeita clínica, e confirmado por marcadores bioquímicos e teste genético. A atrofia cerebelar grave é o principal achado presente na ressonância magnética de crânio e a fotossensibilidade detectada pelo eletroencefalograma é um marcador precoce da condição.
As crianças afetadas pela forma clássica (infantil tardia) apresentam desenvolvimento normal até a idade de 2 a 4 anos, com exceção do atraso da linguagem que pode ser frequente, seguido por um início súbito de convulsões e um rápido declínio na função psicomotora, podendo levar ao óbito no início da adolescência.
Nas formas atípicas há um espectro de variação na idade de início dos sintomas, forma de evolução da doença e multiplicidade de fenótipo, especialmente incluindo outros sinais/sintomas neurológicos. Uma das formas atípicas inclui manifestações parkinsonianas de início mais tardio, com progressão lenta e ausência de crises convulsivas e perda visual. Outra forma atípica descrita inclui ataxia proeminente com ausência de crises convulsivas, regressão cognitiva ou perda visual, exibindo deficiência parcial da enzima TPP1, forma conhecida também com ataxia espinocerebelar autossômica recessiva tipo 7 (SCAR7).
As estimativas de incidência mundiais variam de 6 a 8 casos por 100.000 nascidos. O Serviço de Genética Médica do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (SGM/HCPA), o qual realiza cerca de 90% a 95% dos diagnósticos de CLN2 no Brasil, identificou 25 casos no país, desde 2006. Nesse período, têm sido diagnosticados em média 5 novos casos por ano1.
Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde (SUS) para tratar a CLN2?
Sim. O SUS oferece estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da CLN2, publicado por meio da Portaria Conjunta SAES/SECTICS nº 8, de 26 de junho de 2023. Este documento inclui o conceito geral da condição, critérios de diagnóstico, critérios de inclusão e de exclusão, tratamento e mecanismos de regulação, controle e avaliação1.A tecnologia possui registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)?
Sim. O medicamento alfacerliponase foi registrado na Anvisa em julho de 2018, sob a marca comercial Brineura®. Conforme bula, é indicado para o tratamento CLN2 ou TPP12.Possui biossimilar?
Não3.Quais são as marcas do medicamento disponível no mercado?
Brineura® - solução para infusão 30 mg/mL x 2 frascos x 5 mL.
*Medicamento disponível no mercado de acordo com a lista CMED3, publicada em 02/10/2023, atualizada em 23/10/2023.
A alfacerliponase está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename)?
Não, de acordo com consulta realizada à Rename4 em 24/10/2023. No entanto, considerando que a lista é atualizada a cada 2 anos e que a alfacerliponase foi incorporada ao SUS para o tratamento da CLN2, a tecnologia será inserida na próxima atualização do documento.Quanto custa o tratamento com alfacerliponase?
Considerando a dose recomendada em bula de 300 mg, administrada uma vez a cada duas semanas, por via intracerebroventricular, o custo mensal estimado foi de R$ 336.797,02. O valor foi calculado considerando o Preço Fábrica (PF) e a alíquota de 18% em relação ao Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS), segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED/Anvisa3, pois esse medicamento não consta na lista com aplicação do desconto do Coeficiente de Adequação de Preços (CAP) ou com isenção de ICMS.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar a CLN2?
Sim, de acordo com o PCDT da CLN21 a condição, rotineiramente, requer cuidados por equipe multiprofissional, incluindo fonoaudiólogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, equipe de enfermagem, equipe de assistência psicológica e social e diferentes especialidades na área da saúde. O tratamento é estabelecido com base na melhor evidência disponível, uma vez que se trata de doença rara, e inclui intervenções não específicas, realizadas no nível do fenótipo clínico, e específicas, realizadas no nível da proteína mutante, como a Terapia de Reposição Enzimática - TRE, a qual seja:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Alfacerliponase solução para perfusão 30 mg/mL A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) já avaliou a tecnologia para esta condição clínica?
Sim, a Conitec avaliou alfacerliponase para o tratamento da CLN2. Durante a 107ª Reunião Ordinária, realizada no dia 07 de abril de 2022, os membros presentes deliberaram, por maioria simples, recomendar a incorporação da tecnologia para a condição5. O documento técnico foi encaminhado à então Secretária de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde do Ministério da Saúde, que ratificou a recomendação e publicou a Portaria SCTIE/MS nº 39/2022, no Diário Oficial da União (DOU) nº 76, de 25/04/2022, Seção 1, pág. 177.
O que a literatura científica relata sobre o uso dessa tecnologia para CLN2?
Schulz et al (2018)6 relataram um ensaio clínico aberto de fases 1 e 2 (190-201), cujos resultados foram comparados com os de uma coorte histórica de pacientes não tratados. A duração foi de 48 semanas e aqueles que completassem este período com um escore acima de 0 na escala CLN2 ML poderiam prosseguir para o estudo de extensão (190-202), com duração de 240 semanas. Foram incluídas crianças com diagnóstico confirmado de CLN2, idades entre 3 e 16 anos, com escore entre 3 e 6 na escala CLN2 ML e escore de pelo menos 1 em cada um dos dois domínios desta escala no momento do screening para participação e os pacientes deveriam ter episódios epilépticos controlados e apresentar doença clássica (infantil tardia). Não houve mortes durante o estudo, o qual teve seguimento médio 115±30 semanas. Desta forma, não foi possível inferir sobre ganho de sobrevida. Houve diferença estatística entre o grupo que recebeu alfacerliponase e o grupo controle histórico em relação ao tempo até declínio irreversível de dois pontos na escala CLN2 ML quando os domínios motor e linguagem foram avaliados de forma combinada: HR 0,08, IC 95% 0,02 a 0,23, p=0,003 para o domínio linguagem. O tempo mediano até o declínio irreversível de 2 pontos na escala CLN2 ML não foi atingido no grupo que recebeu alfacerliponase, e foi de 49,3 semanas no grupo controle histórico. O tempo até declínio irreversível de 2 pontos no grupo tratado em comparação com a coorte histórica controle foi estatisticamente diferente em um seguimento mais prolongado (mediana de 246 semanas e intervalo de 162 a 274 semanas), com HR 0,12, IC 95% 0,05 a 0,29, p<0,0001). Após ajuste por covariáveis (idade, escore motor-linguagem e genótipo), as taxas de declínio foram de 0,38±0,10 no grupo intervenção e de 2,06±0,15 no grupo controle histórico, ainda mostrando superioridade para o grupo que recebeu alfacerliponase: diferença absoluta entre grupos de 1,68 pontos (IC 95%, 1,29 a 2,06, p<0,001). A taxa de declínio por período de 48 semanas reduziu com o tempo, atingindo o valor de 0,24 (IC 95% 0,16 a 0,32) no seguimento mediano de 246 semanas. Foram relatados 55 eventos adversos graves em 20 pacientes (83%), em uma média de seguimento de 115±30 semanas. Os principais foram hipersensibilidade (7/24, 29%), infecção do trato respiratório superior (5/24, 21%), crise epilética (4/24, 17%), faringite (4/24, 17%), gastroenterite (3/24, 13%), pirexia (2/24, 8%) e infecção relacionado ao dispositivo para administração do medicamento (2/24, 8%). Dos 55 eventos graves, 11 foram considerados relacionados ao tratamento (medicamento ou dispositivo de infusão). Todos os eventos foram resolvidos e não levaram à descontinuação do tratamento.Referências bibliográficas
1 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Especializada à Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Complexo da Saúde. Portaria Conjunta SAES/SECTICS nº 8, de 26 de junho de 2023. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Lipofuscinose Ceroide Neuronal tipo 2. [portaria na internet]. Diário Oficial da União 4 de julho de 2023.2 Brineura. [Bula]. Brasil: Biomarin Brasil Farmacêutica Ltda.
3 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Medicamentos. Câmera de Regulação do Mercado de Medicamentos. Listas de Preços de Medicamentos [Acesso em 23 out 2023]. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/cmed/precos.
4 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2022. Brasília: Ministério da Saúde; 2022 [Acesso em 23 out 2023]. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/20220128_rename_2022.pdf.
5 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação nº 706, de abril 2022. Alfacerliponase para tratamento da lipofuscinose ceroide neuronal tipo 2 (CLN2). [Acesso em 24 out 2023]. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/2022/20220425_relatorio_706_alfacerliponase_cln2_pos_audiencia.pdf.
6 Schulz A, Ajayi T, Specchio N, Reyes E de L, Gissen P, Ballon D, et al. Study of Intraventricular Cerliponase Alfa for CLN2 Disease. N Engl J Med. 2018;378(20):1898–907.
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Alfaelosulfase para mucopolissacaridose IV-A :: Dezembro/2019
Data de elaboração: Dezembro/2019 Data de publicação: Dezembro/2019 O que é Mucopolissacaridose IV-A?
A mucopolissacaridose IV-A (MPS IV-A), ou síndrome de Morquio A, é uma doença genética rara e hereditária, caracterizada pela falta ou deficiência de enzimas (proteínas que auxiliam as reações químicas que acontecem no organismo) importantes na digestão de determinados tipos de açúcares no organismo (os mucopolissacarídeos). Por conta dessa deficiência, as pessoas com a doença apresentam alguns distúrbios no funcionamento de seus órgãos, podendo apresentar diferentes graus de comprometimento. As manifestações clínicas mais prevalentes são: alterações esqueléticas e articulares, incluindo geno valgo, hipermobilidade articular, subluxação e displasia de quadril, compressão de canal medular, instabilidade atlantoaxial e cifoescoliose toracolombar. Não existem dados de prevalência e incidência para esta doença na população brasileira, porém entre 1982 e 2015 houveram 153 pacientes diagnosticados com MPS IV-A no Brasil1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Mucopolissacaridose IV-A?
Sim. O SUS oferece estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Mucopolissacaridose Tipo IV-A (Síndrome de Morquio A)2. (http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2019/RelatorioPCDT_MucopolissacaridoseTipoIVA.pdf)A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim3. O medicamento alfaelosulfase possui registro na Anvisa e seu uso está aprovado para o tratamento de pacientes com mucopolissacaridose IV-A ou síndrome de Morquio A4.Possui genérico?
Não.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Vimizim® 5mg, solução concentrada para diluição para infusão (1 mg por mL) em um frasco de 5 mL de uso único.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 10/12/2019.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Sim6. Alfaelosulfase consta na RENAME 2020 como parte do componente especializado.Quanto custa o tratamento com Alfaelosulfase?
Considerando-se que a posologia descrita em bula4 varia de acordo com o peso corporal dos pacientes, não foi calculado o custo do tratamento.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Mucopolissacaridose IV-A?
Sim, o SUS disponibiliza, conforme descrito no PCDT da Mucopolissacaridose Tipo IV-A, o medicamento apresentado na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Elosulfase alfa Solução injetável 1 mg/ml O financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento5.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosas, conforme PCDT1.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, a Conitec avaliou a alfaelosulfase para o tratamento da Mucopolissacaridose Tipo IV-A. Os membros do plenário da Comissão, presentes na 73ª reunião ordinária, realizada em 06 de dezembro de 2018, recomendaram a incorporação da alfaelosulfase para o tratamento de pacientes com a síndrome de Morquio tipo A7 . A decisão de incorporação foi dada por meio da Portaria nº 82, publicada no DOU nº 244, seção 1, página 187, em 20 de dezembro de 20188.
Mais informações em: http://conitec.gov.br.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Hendriksz e colaboradores (2016)9 realizaram estudo clínico randomizado, multicêntrico, duplo-cego com 24 semanas de seguimento, para investigar os efeitos da alfaelosulfase em pacientes maiores de 4 anos, com mucopolissacaridose tipo IV-A. Foram randomizados 176 indivíduos em três grupos: i) alfaelosulfase semanal, ii) alfaelosulfase a cada duas semanas, e iii) placebo. O desfecho primário escolhido foi a distância no teste de caminhada de 6 minutos. Na 24ª semana o efeito médio foi de 22,5 m (IC 95% 4,0 a 40,9; p-valor = 0,017) para o grupo semanal e 0,5 m (IC 95% -17,8 a 18,9; p-valor = 0,954) para grupo semanas alternadas. A taxa de normalização do sulfato de queratano no teste de urina foi significativamente superior nos braços de intervenção (p-valor < 0,001). Não houve diferença estatística em relação ao placebo nos testes de função pulmonar, em qualquer domínio avaliado com o questionário de qualidade de vida, na altura ou no crescimento dos pacientes.Referências bibliográficas
1Brasil. Ministério da Saúde. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Mucopolissacaridose Tipo IV A (Síndrome de Morquio A) (dezembro de 2019). http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2019/RelatorioPCDT_MucopolissacaridoseTipoIVA.pdf. Acesso em: 13/12/2019.
2Brasil. Ministério da Saúde. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Mucopolissacaridose Tipo IV A (dezembro de 2019). http://conitec.gov.br/images/Protocolos/PCDT_MucopolissacaridoseTipoIVA.pdf. Acesso em: 16/12/2019.
3Brasil. Ministério da Saúde. Anvisa. Consulta a medicamentos registrados. http://portal.anvisa.gov.br/consulta-produtos-registrados. Acesso em: 13/12/2019.
4Alfaelosulfase. Bula de medicamento. BioMarin Brasil Farmacêutica Ltda. Farm. Resp.: Helena Satie Komatsu. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp. Acesso em 13/12/2019.
5Brasil. Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. http://portal.anvisa.gov.br/documents/374947/2829072/LISTA_CONFORMIDADE_GOV_2019-12-10.pdf/360106da-b97b-43d6-af3f-53df9e88a062. Acesso em: 13/12/2019.
6Brasil. Ministério da Saúde. RENAME – Relação Nacional de Medicamentos Essenciais. Disponível em: http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2019/dezembro/11/Rename-2020.pdf. Acesso em: 13/12/2019.
7Brasil. Ministério da Saúde. Conitec. Relatório de recomendação Alfaelosulfase para o tratamento da mucopolissacaridose tipo IVa (Síndrome de Morquio A) (dezembro de 2018). http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2018/Relatorio_Alfaelosulfase_MPS_IVa.pdf. Acesso em: 13/12/2019.
8BRASIL. Portaria nº 82, de 19 de dezembro de 2018. Torna pública a decisão de incorporar a alfaelosulfase para pacientes com
mucopolissacaridose tipo IVa (MPS IVa; síndrome de Morquio A) no âmbito do Sistema Único de Saúde -SUS. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 20 de dezembro de 2018. Disponível em: http://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/visualiza/index.jsp?data=20/12/2018&jornal=515&pagina=187. Acesso em: 13/12/2019.
9Christian J. Hendriksz, et al. Long-term endurance and safety of elosulfase alfa enzyme replacement therapy in patients with Morquio A syndrome, Molecular Genetics and Metabolism, Volume 119, Issues 1–2, 2016, Pages 131-143, ISSN 1096-7192. Disponível em: http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1096719216301172. Acesso em 13/12/2019. -
Alfagalsidase para doença de Fabry :: Maio/2021
Data de elaboração: Maio/2021 Data de publicação: Maio/2021 O que é Doença de Fabry?
A doença de Fabry é uma condição genética rara em que a enzima lisossômica α-galactosidase A (αGal-A) apresenta atividade reduzida ou ausente, causando o acúmulo dos substratos da enzima no organismo, principalmente na forma de globotriaosilceramida (GL-3 ou Gb3). O acúmulo da Gb3 pode ocorrer em qualquer célula, provocando danos e sintomas diversos, mas principalmente relacionados aos sistemas nervoso, renal, cardíaco e gastrointestinal. Os sinais e sintomas do tipo clássico da doença aparecem ainda na infância, incluindo angioqueratomas, dores neuropáticas, dores abdominais e dores nas extremidades, redução do suor (hipoidrose ou anidrose), baixa tolerância ao calor ou frio, diarreia e disfunção intestinal. Na vida adulta, a evolução da doença pode acarretar insuficiência renal e cardíaca, sendo responsáveis pela morbidade e redução da expectativa de vida dos pacientes. Em decorrência tanto das alterações físicas quanto suas repercussões psicológicas, pacientes com doença de Fabry apresentam importante impacto negativo em sua qualidade de vida. O gene da αGAL-A localiza-se no cromossomo X, afetando homens e mulheres de formas e graus diferentes. Homens que não apresentam atividade da enzima αGal-A são classificados como do tipo clássico da doença, enquanto homens com atividade residual da enzima são considerados não-clássicos, atípicos ou de início tardio. A apresentação da doença em mulheres assemelha-se ao fenótipo masculino de início tardio, com sintomas e implicações fisiológicas mais brandas. A prevalência média da doença de Fabry é estimada em 1 a cada 100.000 pessoas, embora estudos de triagem neonatal tenham encontrado prevalências de até 1 em cada 1.500 homens. Não há informações de prevalência da doença de Fabry no Brasil. O diagnóstico é feito por meio da mensuração da atividade da enzima αGal-A no plasma em pacientes do sexo masculino e por meio de genotipagem em pacientes do sexo feminino. No âmbito do SUS, o diagnóstico é realizado por meio de procedimentos para identificação de erros inatos do metabolismo. Estudos demonstram que os pacientes são diagnosticados normalmente após os 30 anos de idade e eventos renais, cardiovasculares e cerebrovasculares ocorreram nesses pacientes nas idades médias de 37, 47 e 44 anos, respectivamente, na ausência de terapia de reposição enzimática (TRE)1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Doença de Fabry?
Não. Atualmente, no âmbito do SUS, não há uma estratégia específica para o tratamento da doença de Fabry. Todavia, em acordo com a Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doenças Raras (Portaria GM/MS nº 1992, de 30 de janeiro de 2014), que objetivou estabelecer critérios e prioridades para a elaboração de PCDT em Doenças Raras no SUS, está incluída a elaboração de PCDT para a doença de Fabry. Dessa forma, após reunião de escopo, e após análise pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde – Conitec, de tecnologias medicamentosas para tratamento da doença de Fabry, foram propostas as Diretrizes Brasileiras para Diagnóstico e Tratamento da Doença de Fabry. As referidas Diretrizes foram apresentadas na 5ª Reunião Extraordinária3 da Comissão, realizada nos dias 12 e 13 de maio de 2021 e os membros presentes deliberaram preliminarmente que o tema fosse encaminhado para consulta pública com parecer favorável à aprovação das Diretrizes. O objetivo do documento é fornecer subsídios para a equipe de saúde para o gerenciamento da doença de Fabry, desde o diagnóstico, tratamento e monitoramento da doença no SUS e para o apoio aos pacientes com o diagnóstico e seus cuidadores.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. A alfagalsidase, sob o nome comercial Replagal®, é indicada para a terapia crônica de reposição enzimática em pacientes com diagnóstico confirmado de doença de Fabry. O medicamento é utilizado com a finalidade de repor a enzima α-galactosidase A que não funciona adequadamente no corpo e foi registrado pela Anvisa em julho de 20094.Possui biossimilar?
Não5.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Replagal® 3,5mg – Frasco de 3,5 mL (1mg/mL) - solução injetável.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED5 de 11/05/2021.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não, de acordo com consulta realizada à Rename6, em 24/05/2021.Quanto custa o tratamento com Alfagalsidase?
Para a TRE com alfagalsidase, a dose recomendada em bula é de 0,2mg do medicamento por quilo de peso, o que representa 14mg (4 frascos) para um indivíduo com peso médio de 70Kg administrado a cada 2 semanas. O custo estimado por aplicação foi de R$ 25.744,24 e o custo mensal de R$ 51.488,48. Os valores foram calculados considerando-se o Preço Fábrica (PF) estabelecido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a alíquota de 18% em relação ao ICMS do medicamento de referência Replagal®, segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED/Anvisa5.Importante considerar que seu uso é restrito ao ambiente hospitalar. Portanto, os custos não seriam apenas do medicamento em si, mas também da administração e demais monitoramentos necessários.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Doença de Fabry?
Não. Conforme já informado, atualmente, no âmbito do SUS, não há uma estratégia específica para o tratamento da doença de Fabry. Todavia, as Diretrizes Brasileiras para Diagnóstico e Tratamento da Doença de Fabry foram apresentadas na 5ª Reunião Extraordinária3 da Comissão, realizada nos dias 12 e 13 de maio de 2021 e os membros presentes deliberaram preliminarmente que o tema fosse encaminhado para consulta pública com parecer favorável à aprovação das Diretrizes. A consulta pública ficará aberta por 20 dias, permitida a redução para 10 dias em caso de urgência na análise da matéria, conforme dispõe do Decreto nº 7.646/20117 . Após o período da consulta pública, as contribuições recebidas da sociedade serão compiladas e o tema retornará ao Plenário da Conitec para emissão de parecer conclusivo. A decisão final é dada pelo Secretário da SCTIE/MS.• AngioqueratomasPodem ser tratados por diferentes métodos:- 04.01.01.004-0 – Eletrocoagulação de lesão cutânea.- 04.05.03.003-7 – Crioterapia ocular.- 04.01.02.007-0 – Exerese de cisto dermóide.• Acroparestesias O tratamento da dor crônica no âmbito do SUS é realizado de acordo com o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Dor Crônica, por meio do qual são disponibilizados medicamentos analgésicos, anti-inflamatórios, opioides, antidepressivos tricíclicos e antiepilépticos.• Doença vascular cerebral e retinianaRealiza-se prevenção com agentes antiplaquetários ou anticoagulantes. A proteção vascular pode ser intensificada com inibidores da enzima de conversão da angiotensina (IECA), ácido fólico e estatinas (fornecidas pelo PCDT da dislipidemia para a prevenção de eventos cardiovasculares e pancreatite).• Doença renalControle da hipertensão arterial, diálise, até transplante renal. É indicado tratamento agressivo com Inibidores da Enzima Conversora de Angiotensina (IECA) ou com bloqueadores dos receptores da angiotensina para reduzir a proteinúria, além de procedimentos em casos mais complexos:- 05.05.02.001-7 / 05.05.02.002-5 – Transplante renal.- 03.05.01.001-8 / 03.05.01.002-6 – Diálise peritoneal intermitente.• Doença cardíacaControle das arritmias com drogas antiarrítmicas, marcapasso (quando houver indicação), até transplante cardíaco. Pacientes com doença coronariana podem ser candidatos à revascularização coronária:- 04.06.01.093-5 – Revascularização miocárdica.- 05.05.02.004-1 – Transplante de coração.- 04.06.01.065-0 – Implante de marcapasso.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, a Conitec avaliou a alfagalsidase para o tratamento da doença de Fabry em 2 momentos distintos. Primeiramente a alfagalsidase foi avaliada em 2018 para tratamento da doença de Fabry. Durante a 70ª reunião ordinária, realizada no dia 29 de agosto de 2018, os membros da Comissão deliberaram, por unanimidade, recomendar a não incorporação no SUS do alfagalsidase e beta-agalsidase como terapia de reposição enzimática na doença de Fabry1. O documento técnico foi encaminhado ao Secretário da SCTIE/MS, que ratificou a recomendação e publicou a Portaria SCTIE/MS nº 76/2018, no Diário Oficial da União (DOU) nº 241, de 17/12/2018, Seção 1, pág. 76. Em 2020, a alfagalsidase foi novamente avaliada pela Conitec para tratamento da doença de Fabry. Durante a 91ª reunião ordinária, realizada no dia 08 de outubro de 2020, os membros da Comissão deliberaram, por unanimidade, recomendar a não incorporação no SUS do medicamento alfagalsidase para terapia crônica de reposição enzimática em pacientes acima de 7 anos com diagnóstico confirmado de doença de Fabry e do medicamento beta-agalsidase para tratamento de longo prazo da reposição enzimática em pacientes acima de 16 anos com diagnóstico confirmado de Doença de Fabry, devido a: 1) não comprovação de interrupção da progressão da doença, 2) evidências limitadas quanto ao número de pacientes incluídos nos estudos clínicos comparativos, 3) evidências limitadas quanto ao tempo de acompanhamento dos pacientes nos estudos comparativos, 4) elevado impacto orçamentário que a incorporação representaria ao SUS1. O documento técnico foi encaminhado ao Secretário da SCTIE/MS, que ratificou a recomendação e publicou a Portaria SCTIE/MS nº 56/2020, no DOU nº 224, de 24/11/2020, Seção 1, pág. 65.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
As melhores evidências de eficácia da alfagalsidase são baseadas em dois ensaios clínicos randomizados (ECR), quais sejam, os estudos de Schiffmann (2001) e Hughes (2008). Os ECR, duplo-cegos, controlados por placebo, incluíram 41 pacientes adultos do sexo masculino e fenótipo clássico da doença de Fabry, acompanhados por 6 meses. Nenhum dos estudos avaliou os desfechos de sobrevida ou qualidade de vida. O desfecho de dor foi avaliado no estudo de Schiffmann (2001) por meio do instrumento Brief Pain Inventory, no qual se observou redução significativa nos itens de “pior dor possível”, nível geral de dor e interferência na qualidade de vida no grupo intervenção. Não foi observada alteração nesses itens no grupo placebo. Em relação à função renal, houve aumento significativo da filtração glomerular no grupo intervenção do estudo de Hughes (2008) (ainda que permanecendo dentro da faixa de normalidade), e não houve alteração relacionada à proteinúria nos grupos do estudo de Schiffmann (2001). Em relação à função cardíaca, houve decréscimo da massa ventricular esquerda de 12g/m2 no grupo intervenção e aumento no grupo controle de 6,4g/m2 (p=0,02), após 6 meses, no estudo de Hughes (2008). Nos dois estudos houve redução significativa da concentração plasmática de Gb3. Os quatro desfechos de eficácia apresentaram evidência com certeza moderada devido à imprecisão de acordo com a metodologia GRADE. Para os desfechos de segurança, não foi observado óbito durante o período de acompanhamento dos dois estudos. Para eventos adversos graves, foi relatado apenas o desenvolvimento de falência renal em um paciente que recebeu placebo, sem outros eventos adversos graves relatados. Os desfechos de segurança também foram classificados com certeza moderada da evidência devido à imprecisão. Esses resultados apresentam limitações como o baixo número de pacientes incluídos (n=41), o curto tempo de acompanhamento (6 meses) e a ausência de desfechos importantes e relatados pelos pacientes1.Referências bibliográficas
1 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação n°. 574, de out 2020. Alfagalsidase e Beta-agalsidase para o tratamento da Doença de Fabry. [Acesso em 24 mai 2021]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2020/Relatorio_Alfagalsidase_Betagalsidase_Doenca_de_Fabry_574_2020.pdf.
2 Brasil. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria nº 199, de 30 de janeiro de 2014. [Acesso em 24 mai 2021]. Disponível em:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2014/prt0199_30_01_2014.html.
3 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Pauta – 5ª Reunião Extraordinária da Conitec. [Acesso em 24 mai 2021]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Reuniao_Conitec/2021/20210513_Pauta_5_Extraordinaria_Pos.pdf.
4 Replagal. [Bula]. Estados Unidos da América: Cangene bioPharma, Inc.
5 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Medicamentos. Câmera de Regulação do Mercado de Medicamentos. Listas de Preços de Medicamentos [Acesso em 24 mai 2021]. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/cmed/precos/arquivos/lista_conformidade_gov_20210508_083345464_v3.pdf.
6 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2020. Brasília: Ministério da Saúde; 2020 [Acesso em 24 mai 2021]. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/relacao_medicamentos_rename_2020.pdf.
7 Brasil. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Decreto nº 7.646, de 21 de dezembro de 2011. Dispõe sobre a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde e sobre o processo administrativo para incorporação, exclusão e alteração de tecnologias em saúde pelo Sistema Único de Saúde - SUS, e dá outras providências. [Acesso em 24 mai 2021]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/decreto/d7646.htm. -
Alfarurioctocogue pegol para hemofilia A :: Janeiro/2023
Data de elaboração: Janeiro/2023 Data de publicação: Janeiro/2023 O que é hemofilia A?
A hemofilia A é uma doença hemorrágica causada por mutações nos genes do fator VIII, que participa da via intrínseca da coagulação sanguínea. Essas mutações diminuem e retardam a formação da enzima trombina, comprometendo a formação de coágulos e resultam em quadros de hemorragias. Os pacientes apresentam, comumente, episódios de sangramento que afetam tecidos moles, articulações e músculos. O risco de hemorragia depende principalmente da gravidade da deficiência do fator de coagulação e da idade do paciente. A principal e mais precoce complicação em recém-nascidos é a hemorragia intracraniana (1 – 4% dos casos) e pode resultar em sequelas neurológicas permanentes. Independente da gravidade (leve, moderada ou grave), o sangramento após procedimentos cirúrgicos pode ocorrer em todos os indivíduos afetados. As hemofilias são transmitidas de mães portadoras da mutação no gene FVIII aos filhos do sexo masculino. Entretanto, cerca de 30% dos casos ocorrem devido à mutação esporádica na mãe ou no próprio indivíduo afetado. A hemofilia A é considerada uma doença rara, tendo uma prevalência estimada de 1 em cada 5.000 a 10.000 nascimentos do sexo masculino. No Brasil, de acordo com os dados preliminares do Perfil das Coagulopatias Hereditárias, a estimativa de prevalência de hemofilia A no ano de 2019 foi de 1 por 10.000 indivíduos do sexo masculino, com registro de 10.821 indivíduos diagnosticados, sendo cerca de 98% do sexo masculino, consistente com o último Perfil das Coagulopatias Hereditárias publicado pelo Ministério da Saúde em 2016. Dados da Annual Global Survey da World Federation of Hemophilia (WFH) indicaram que em 2019 o Brasil apresentava a terceira maior população com hemofilia A dentre os 115 países participantes da pesquisa. Com relação à idade, os dados preliminares de 2019 revelam o pico de prevalência está entre 20 e 39 anos de idade1. A principal complicação do tratamento da hemofilia A é o desenvolvimento de inibidores, que são aloanticorpos direcionados contra o fator VIII infundido durante o tratamento de reposição. A incidência cumulativa de inibidor é de 20% a 35%, sendo mais incidente em pacientes com a forma grave da doença2.Existe estratégia de cuidado no SUS para tratar a hemofilia A?
Sim. O tratamento de episódios de sangramento é regido pelo Manual Técnico: Hemofilia Congênita e Inibidor: Manual de Diagnóstico e Tratamento de Eventos Hemorrágicos3. O Protocolo de Uso de Emicizumabe por Pacientes com Hemofilia A e Inibidores do Fator VIII Refratários ao Tratamento de Imunotolerância contém o conceito geral da refratariedade ao tratamento de imunotolerância em caso de pacientes com hemofilia A e inibidores do fator VIII, critérios de diagnóstico, critérios de inclusão e de exclusão, tratamento com o medicamento emicizumabe e mecanismos de regulação, controle e avaliação2.A tecnologia possui registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária Sanitária (Anvisa)?
Sim. O medicamento alfarurioctocogue pegol foi registrado na Anvisa em setembro de 2020, sob a marca comercial Adynovate®. Conforme bula, é indicado para crianças e adultos com hemofilia A (deficiência congênita de fator VIII) para tratamento e controle por demanda de episódios de hemorragia, tratamento perioperatório e profilaxia de rotina para reduzir a frequência de episódios de hemorragia4.Possui biossimilar?
Não5.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Adynovate® - pó liofilizado – 250 UI – frascos de 2 mL e 5 mL - sistema de reconstituição + conjunto de infusão;
Adynovate® - pó liofilizado – 500 UI – frascos de 2 mL e 5 mL - sistema de reconstituição + conjunto de infusão;
Adynovate® - pó liofilizado – 750 UI – frascos de 2 mL e 5 mL - sistema de reconstituição + conjunto de infusão;
Adynovate® - pó liofilizado – 1000 UI – frascos de 2 mL e 5 mL - sistema de reconstituição + conjunto de infusão;
Adynovate® - pó liofilizado – 1500 UI – frascos de 2 mL e 5 mL - sistema de reconstituição + conjunto de infusão;
Adynovate® - pó liofilizado – 2000 UI – frascos de 5 mL - sistema de reconstituição + conjunto de infusão; e
Adynovate® - pó liofilizado – 3000 UI – frascos de 5 mL - sistema de reconstituição + conjunto de infusão.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED5, de 13/12/2022.
O medicamento está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename)?
Não, de acordo com consulta realizada à Rename6, em 28/12/2022.Quanto custa o tratamento com o alfarurioctocogue pegol?
A dosagem e duração do tratamento dependem da gravidade da deficiência de fator VIII, localização e extensão da hemorragia, e da condição clínica do paciente. Considerando a dose recomendada em bula para profilaxia de rotina de 40 UI por peso corporal duas vezes por semana em crianças e adultos (12 anos ou mais), o custo mensal estimado para profilaxia de episódios hemorrágicos foi de R$ 76.413,96. O valor foi calculado considerando-se um paciente com peso corporal de 60 Kg, o Preço Fábrica (PF) e a alíquota de 18% em relação ao Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS), segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED/Anvisa5, pois esse medicamento não consta na lista com aplicação do desconto do Coeficiente de Adequação de Preços (CAP) ou com isenção de ICMS.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar a hemofilia A?
Sim, O tratamento da hemofilia A no Brasil é baseado na reposição do fator VIII deficiente por infusão intravenosa de Concentrados de Fator de Coagulação (CFC) derivados do plasma ou recombinantes. Esses medicamentos são utilizados sob a forma de tratamento sob demanda (nos episódios de sangramento) ou de maneira profilática e são a terapia de escolha para a Hemofilia A grave e moderada1. Os pacientes que atendem os critérios de inclusão deverão iniciar o tratamento com concentrado de fator VIII imediatamente ou logo após a ocorrência da primeira hemartrose ou sangramento grave, sejam estes espontâneos ou pós-traumáticos7. Na hemofilia A leve são utilizados o acetato de desmopressina e agentes antifibrinolíticos, como o ácido tranexâmico e o ácido epsilon aminocaproico, para o tratamento dos episódios hemorrágicos. O tratamento de episódios de sangramento nesses pacientes é regido pelo Manual Técnico: Hemofilia Congênita e Inibidor: Manual de Diagnóstico e Tratamento de Eventos Hemorrágicos. Os produtos disponíveis são o acetato de desmopressina; fator VIII (utilizado em altas doses); concentrado de complexo protrombínico e concentrado de complexo protrombínico ativado; e fator VII ativado recombinante10. O medicamento emicizumabe está incorporado ao SUS para o tratamento de pacientes com hemofilia A e inibidores contra o fator VIII que não responderam ao tratamento de imunotolerância. O Protocolo de Uso de Emicizumabe por Pacientes com Hemofilia A e Inibidores do Fator VIII Refratários ao Tratamento de Imunotolerância contém o conceito geral da refratariedade ao tratamento de imunotolerância em caso de pacientes com hemofilia A e inibidores do fator VIII, critérios de diagnóstico, critérios de inclusão e de exclusão, tratamento e mecanismos de regulação, controle e avaliação2.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) já avaliou a tecnologia para esta condição clínica?
Sim, a Conitec avaliou o alfarurioctocogue pegol para tratamento de pacientes com hemofilia A. Durante a 101ª Reunião Ordinária, realizada no dia 1º de setembro de 2021, os membros da Comissão deliberaram por recomendar a incorporação da tecnologia “para tratamento de profilaxia, sob demanda e perioperatório de crianças, adolescentes e adultos com Hemofilia A, conforme Protocolo estabelecido pelo Ministério da Saúde”1. O documento técnico foi encaminhado ao então Secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde do Ministério da Saúde, que ratificou a recomendação e publicou a Portaria SCTIE/MS nº 10/2022, no Diário Oficial da União (DOU) nº 31, de 14/02/2022, Seção 1, pág. 71.O que a literatura científica relata sobre o uso dessa tecnologia para hemofilia A?
O estudo de fase 3b, prospectivo, aberto e multicêntrico de Chowdary et al (2020)8 teve por objetivo avaliar a segurança e eficácia do alfarurioctogue pegol na profilaxia e tratamento de sangramento em crianças e adultos previamente tratados. O estudo analisou o número de participantes que devenvolveram inibidores de FVIII e a Taxa Anualizada de Sangramentos (ABR). Ao todo, 216 pacientes foram incluídos e nenhum desenvolveu inibidores de FVIII. A estimativa média (95% CI) da ABR espontânea foi de 1,20 (0,92-1,56) entre 186 pacientes que receberam dose fixa de profilaxia duas vezes por semana e 0,96 (0,54-1,71) entre 25 pacientes que receberam profilaxia em regime de dose farmacocinética ajustada. A eficácia hemostática geral foi classificada como boa ou excelente em 88,6% de todos os sangramentos. Os pacientes relataram melhorias nas medidas de Qualidade de Vida relacionada com a Saúde (QVRS) de dor e bem-estar físico e mental.O estudo de fase III, prospectivo, não controlado, multicêntrico e aberto de Mullins et al (2019)9 avaliou a segurança e eficácia de alfarurioctogue pegol em pacientes pediátricos com hemofilia A grave e previamente tratados. A estimativa média da taxa de sangramento anualizada em 66 indivíduos que receberam uma mediana de 1,9 infusões semanais de 51,3 UI kg−1 de alfarurioctogue pegol cada foi de 3,04 (mediana 2,0); 1,10 (mediana 0) e 1,16 (mediana 0) para sangramentos espontâneos. No geral, 38% dos indivíduos não tiveram sangramentos. Nenhum sangramento foi grave. A eficácia hemostática foi classificada como excelente ou boa para 90% dos sangramentos; 91% foram tratados com uma ou duas infusões. Nenhum indivíduo desenvolveu inibidores de FVIII ou anticorpos de ligação persistente que afetaram a segurança ou a eficácia. Não ocorreram reações adversas.
Referências bibliográficas
1 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação nº 669, de set 2021. Alfarurioctocogue pegol para tratamento de pacientes com hemofilia A [Acesso em 27 dez 2022]. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/2022/20220214_relatorio_669_alfarurioctocogue-pegol_hemofilia_a.pdf.2 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Especializada à Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Portaria Conjunta nº 15, de 26 de agosto de 2021. Aprova o Protocolo de Uso de Emicizumabe por Pacientes com Hemofilia A e Inibidores do Fator VIII Refratários ao Tratamento de Imunoterância. [portaria na internet]. Diário Oficial da União 30 agosto 2021 [acesso em 27 dez 2022]; Seção 1, (158). Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/protocolos/protocolo_uso/20210831_pu_emicizumabe_hemofilia.pdf.
3 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Especializada. Hemofilia Congênita e Inibidor: Manual de Diagnóstico e Tratamento de Eventos Hemorrágicos. [Acesso em 27 dez 2022]. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/hemofilia_congenita_inibidor_diagnostico_tratamento.pdf.
4 Adynovate. [Bula]. Brasil: Takeda Pharma Ltda.
5 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Medicamentos. Câmera de Regulação do Mercado de Medicamentos. Listas de Preços de Medicamentos [Acesso em 28 dez 2022]. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/cmed/precos.
6 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2022. Brasília: Ministério da Saúde; 2020 [Acesso em 02 dez 2022]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/20220128_RENAME_2022.pdf.
7 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Especializada à Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Portaria Conjunta nº 6, de 5 de abril de 2022. Aprova o Protocolo de Uso de fatores de Coagulação para a Profilaxia Primária em Caso de Hemofilia Grave. [portaria na internet]. Diário Oficial da União 8 abril 2022 [acesso em 02 jan 2023]; Seção 1, (162). Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/protocolos/20220408_portalportariaconjuntano62022_profilaxiaprimaria_hemofiliagrave.pdf.
8 Chowdary P, Mullins E, Konkle BA, McGuinn C, Park Y, Stasyshyn O, et al. Long-term safety and efficacy results from the phase 3b, open-label, multicentre Continuation study of rurioctocog alfa pegol for prophylaxis in previously treated patients with severe haemophilia A. Haemophilia. 2020;26(4):e168–78.
9 Mullins E, Stasyshyn O, Alvarez-Román M, Osman D, Liesner R, Engl W, et al. Extended half-life pegylated, full-length recombinant factor VIII for prophylaxis in children with severe haemophilia A. Haemophilia. 2017;23(2):238–46.
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Alfatirotropina para tratamento coadjuvante para ablação de tireóide em pacientes que se submeteram a tireoidectomia por câncer de tireóide :: Janeiro/2019
Data de elaboração: Janeiro/2019 Data de publicação: Janeiro/2019 O que é Câncer de tireóide?
O câncer de tireóide responde por 1% das neoplasias em adultos, sendo a neoplasia maligna mais comum do sistema endócrino. Os tipos mais comuns são: o carcinoma papilífero e o carcinoma folicular, que juntos correspondem a cerca de 90% dos cânceres da tireóide1,2,3. Como seu diagnóstico e tratamento são muito semelhantes, o papilífero e o folicular podem ser agrupados sob a denominação comum de Câncer Diferenciado de Tireóide (CDT), o que permite simplificar seu estudo. A maioria dos casos de CDT (85-90%) caracteriza-se por uma evolução indolente e baixo risco de morbidade e mortalidade (com o tratamento adequado). São mais comuns em mulheres (3:1) entre a 3ª e 4ª década de vida3. O principal tratamento para o câncer de tireoide é a tireoidectomia (total ou parcial) seguida da radiodoterapia (RIT). O tratamento clássico do CDT é a tireoidectomia seguida da radiodoterapia (RIT), em casos selecionados. A principal medida relacionada à eficácia do tratamento para o câncer é a elevação dos níveis de TSH (hormônio estimulador da tireoide). A elevação deste hormônio estimulante pode ser obtida pela interrupção do uso de levotiroxina, induzindo hipotireoidismo endógeno (causando elevação fisiológica do TSH), ou pela administração exógena de TSH recombinante humano (TSHrh), como por exemplo a alfatirotropina (Thyrogen®)3,4.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Câncer de tireóide?
Sim. O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece uma estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) do Carcinoma Diferenciado de Tireóide (http://conitec.gov.br/images/Protocolos/PCDT_CarcinomaTireoide.pdf)5.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O alfatirotropina (Thyrogen®) possui indicação em bula, como tratamento coadjuvante, para ablação por iodo radioativo de tecidos remanescentes de tireóide em pacientes que se submeteram a tireoidectomia total ou subtotal por câncer de tireóide diferenciado (CDT)6.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Thyrogen® - pó liofilizado para solução injetável – 1,1 mg – embalagem com 2 frascos.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 12/11/2018.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não.Quanto custa o tratamento com Alfatirotropina?
Considerando a dose recomendada em bula de duas doses de 0,9 mg administrada em intervalos de 24 horas por injeção intramuscular na região glútea (ou seja, 0,9 mg IM a cada 24 horas, por 2 dias), o custo estimado das duas doses para tratamento com alfatirotropina foi de R$ 2.752,85. O valor foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% do medicamento de referência, segundo ANVISA7.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Câncer de tireóide?
O alfatirotropina não é um medicamento indicado para tratar o câncer de tireoide e sim para testar a eficácia do tratamento do câncer de tireoide. Neste sentido, esclarece-se que para o tratamento de câncer no Sistema Único de Saúde, não há uma lista específica de medicamentos, vez que o cuidado ao paciente deve ser feito de forma integral nas Unidades de Alta Complexidade em Oncologia – UNACON ou Centros de Alta Complexidade em Oncologia – CACON. Nesses estabelecimentos de saúde, o fornecimento de medicamentos é feito via autorização de procedimento de alta complexidade (APAC), conforme os procedimentos tabelados. Assim, esses hospitais habilitados como UNACON ou CACON devem oferecer assistência especializada e integral ao paciente com câncer, atuando no diagnóstico e tratamento do paciente, sendo ressarcidos pelo gestor federal quando da realização dessa assistência, inclusive farmacêutica, de acordo com valores pré-estabelecidos na Tabela de Procedimentos do SUS.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Não, até a presente data, não foi protocolada, na CONITEC, demanda para analisar a incorporação, ao SUS, da alfatirotropina para tratamento da elevação do TSH em pacientes com câncer de tireoide pós tireidectomia ou para outras condições clínicas, seja pelo laboratório fabricante ou por outros demandantes. Ressalta-se que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou empresa (produtora da tecnologia ou não), pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à CONITEC, desde que cumpra as exigências legais impostas pelo Decreto nº 7.646 de 2011.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Destaca-se que o tratamento pós tireoidectomia com iodo radioativo está indicado no tratamento do CDT, mas não para CMT. Todavia, não foram encontrados estudos que avaliassem especificamente os efeitos do rhTSH com iodo radioativo no CMT, somente em pacientes com CDT. Foram verificadas duas revisões sistemáticas que avaliaram os efeitos do TSH recombinante humano (rhTSH) e a retirada do hormônio da tireoide (THW) para ablação por iodo radioativo de tecidos remanescentes de tireoide no CDT. Em uma revisão foram incluídos um total de 1535 pacientes e na outra 1.660 pacientes. Os resultados destes estudos indicaram que administração de rhTSH resultou numa taxa de ablação semelhante ao do THW para pacientes com CDT, mas rhTSH forneceu uma melhor qualidade de vida no momento da ablação para pacientes com CDT, o que não se manteve no período de três meses. Por fim, a retirada do hormônio da tireoide é uma opção ao uso de rhTSH8,9.Referências bibliográficas
1Katoh H, Yamashita K, Enomoto T, Watanabe M (2015) Classification and General Considerations of Thyroid Cancer. Ann Clin Pathol 3(1): 1045. 2015. Disponível em: < https://www.jscimedcentral.com/Pathology/pathology-3-1045.pdf>.
2Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas em Oncologia/Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde – Brasília : Ministério da Saúde, 2014.
3Projeto Diretrizes. Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina. Câncer Diferenciado da Tireóide: Fatores de Risco e Diagnóstico. Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. Disponível em < http://www.endocrinologia.org.br/media/sbem/downloads/restrita/emc/dire trizes/tiroide/emc_tiroide_04.pdf>.
4Haugen BR, Alexander EK, Bible KC, Doherty GM, Mandel SJ, Nikiforov YE, Pacini F, Randolph GW, Sawka AM, Schlumberger M, Schuff KG, Sherman SI, Sosa JA, Steward DL, Tuttle RM, Wartofsky L. 2015 American Thyroid Association Management Guidelines for Adult Patients with Thyroid Nodules and Differentiated Thyroid Cancer: The American Thyroid Association Guidelines Task Force on Thyroid Nodules and Differentiated Thyroid Cancer. Thyroid. 2016 Jan;26(1):1-133. doi: 10.1089/thy.2015.0020. PubMed PMID: 26462967; PubMed Central PMCID: PMC4739132.
5BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 7 de 03 de janeiro de 2014. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas do Carcinoma Diferenciado da Tireoide.. Brasília: Ministério da Saúde, 2014. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Protocolos/PCDT_CarcinomaTireoide.pdf Acesso em: 08/01/2019.
6ALFATIROTROPINA. Bula de medicamento. Boehringer Ingelheim Pharma. Farm. Resp.: Silvia Regina Brollo. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=10516302018&pIdAnexo=10838634 Acesso em 08/01/2019.
7Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 22/03/2018.
8Pak K, Cheon GJ, Kang KW, Kim SJ, Kim IJ, Kim EE, Lee DS, Chung JK. The effectiveness of recombinant human thyroid-stimulating hormone versus thyroid hormone withdrawal prior to radioiodine remnant ablation in thyroid cancer: a meta-analysis of randomized controlled trials. J Korean Med Sci. 2014 Jun;29(6):811-7. doi: 10.3346/jkms.2014.29.6.811. Epub 2014 May 30. PubMed PMID: 24932083; PubMed Central PMCID: PMC4055815
9Tu J, Wang S, Huo Z, Lin Y, Li X, Wang S. Recombinant human thyrotropinaided versus thyroid hormone withdrawal-aided radioiodine treatment for differentiated thyroid cancer after total thyroidectomy: a meta-analysis. Radiother Oncol. 2014 Jan;110(1):25-30. doi: 10.1016/j.radonc.2013.12.018. Epub 2014 Jan 28. Review. PubMed PMID: 24485353 -
Alirocumabe para dislipidemia :: Dezembro/2018
Data de elaboração: Dezembro/2018 Data de publicação: Dezembro/2018 O que é Dislipidemia?
A dislipidemia é um distúrbio caracterizado pela presença excessiva de lipídios (gordura) no sangue. Assim como a hipertensão, também é um dos fatores de risco para ocorrência de doenças cardiovasculares (DCV) e cerebrovasculares, devido ao desenvolvimento da aterosclerose (formação de placas de gorduras sobre a parede das artérias). A dislipidemia pode ser classificada em hiperlipidemias (níveis elevados de lipoproteínas) e hipolipidemias (níveis plasmáticos de lipoproteínas baixos). Para reduzir o risco de infarto, acidente vascular cerebral (AVC) e outros eventos cardiovasculares, são indicados tratamentos não medicamentosos (basicamente relacionados à alteração do estilo de vida) e medicamentosos, dentre esses as estatinas1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Dislipidemia?
Sim. Para o tratamento de dislipidemia, o SUS oferece estratégias de tratamento que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) de Dislipidemia: Prevenção de Eventos Cardiovasculares e Pancreatite (http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2014/abril/02/pcdt-dislipidemia-livro 2013.pdf)2.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O alirocumabe (Praluent®) possui indicação em bula para o tratamento em adultos com hipercolesterolemia primária (familiar heterozigótica e não familiar) ou dislipidemia mista, como adjuvante à dieta: em pacientes incapazes de atingir os níveis alvos predefinidos da lipoproteína de baixa densidade (LDL-c) com o máximo de dose de estatina tolerada, em combinação à estatina ou à estatina associada a outras terapias hipolipemiantes; ou em pacientes intolerantes a estatina, seja como monoterapia ou em associação a outra terapia hipolipemiante3.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Praluent® - solução injetável – 75 mg/mL e 150 mg/mL – embalagem com 1,2 ou 6 seringas preenchidas.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 19/11/2018.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não.Quanto custa o tratamento com Alirocumabe?
Considerando a dose recomendada em bula de 75 mg, administrado por via subcutânea, uma vez a cada duas semanas, o custo mensal estimado para tratamento com alirocumabe foi de R$ 1.273,89. O valor foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% do medicamento de referência, segundo ANVISA4.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Dislipidemia?
Sim, são disponibilizados os medicamentos apresentados na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Ácido nicotínico Comprimido de liberação prolongada 250 mg, 500 mg, 750 mg Atorvastatina Comprimido 10 mg, 20 mg, 40 mg, 80 mg Bezafibrato Comprimido e comprimido de liberação prolongada 200 mg, 400 mg Ciprofibrato Comprimido 100 mg Etofibrato Cápsula 500 mg Fenofibrato Cápsula e cápsula de liberação prolongada 200 mg, 250 mg Fluvastatina Cápsula 20 mg, 40 mg Genfibrozila Comprimido 600 mg, 900 mg Lovastatina Comprimido 10 mg, 20 mg, 40 mg Pravastatina Comprimido 10 mg, 20 mg, 40 mg Sinvastatina Comprimido 10 mg, 20 mg, 40 mg O financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento1.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosa, conforme PCDT2.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Não, até a presente data, não foi protocolada, na CONITEC, demanda para analisar a incorporação, ao SUS, do alirocumabe para tratamento de dislipidemia ou para outras condições clínicas, seja pelo laboratório fabricante ou por outros demandantes. Ressalta-se que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou a empresa (produtora da tecnologia ou não), pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à CONITEC, desde que cumpra as exigências legais impostas pelo Decreto nº 7.646 de 2011.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Revisão sistemática avaliou a eficácia e a segurança dos inibidores da PCSK-9 (proprotein convertase subtilisin/kexin type 9), alirocumabe e o evolocumabe. No entanto, não foram apresentados resultados de saúde primários (ex. mortalidade) ou comparação direta com inibidores de PCSK-9. O uso de alirocumabe apresentou reduções significativamente maiores no LDL-c em 12 a 24 semanas comparado a placebo ou ezetimibe, em pacientes com hipercolesterolemia familiar heterozigótica, e em pacientes com risco cardiovascular (CV) elevado ou variado, que não alcançaram as metas de LDL-c (-32% a -71%) em terapia com estatina. Como resultado, o uso de alirocumabe também apresentou aumentos de HDL-c de 6 a 12%. Quanto ao uso evolocumabe, foi relatado reduções significativamente maiores no LDL-c (-32% a -71%) em 12 a 52 semanas comparado a placebo ou ezetimibe, em pacientes com hipercolesterolemia familiar heterozigótica ou homozigótica, pacientes intolerantes a estatinas e pacientes com risco CV variado que não alcançaram as metas de LDL-c em terapia com estatina. Sendo assim, observou-se que o alirocumabe e o evolocumabe apresentaram evidências de grande melhoria nos níveis lipídicos. Diante do exposto, pode-se concluir que o alirocumabe apresenta eficácia e segurança para o tratamento da dislipidemia comparado a placebo e ezetimibe. Ressalta-se que nas buscas por evidências não foram encontrados estudos de comparação direta com as estatinas (medicamentos disponíveis pelo Sus para dislipidemia). São necessários mais estudos para confirmar os benefícios e segurança desse medicamento à longo prazo5.Referências bibliográficas
1Faludi AA, Izar MCO, Saraiva JFK, Chacra APM, Bianco HT, Afiune Neto A et al. Atualização da Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose – 2017. Arq Bras Cardiol 2017; 109(2Supl.1):1-76. 10.5935/abc.20170121.
2BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria SAS/MS n 200, de 25 de fevereiro de 2013. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Dislipidemia: Prevenção de Eventos Cardiovasculares e Pancreatite. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. Disponível em: http: http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2014/abril/02/pcdt-dislipidemia-livro-2013.pdf Acesso em: 05/11/2018.
3ALIROCUMABE. Bula de medicamento. Sanofi-Aventis Farmacêutica Ltda. Farm. Resp.: Silvia Regina Brollo. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=9081242018&pIdAnexo=10769672 Acesso em 29/11/2018.
4Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 22/03/2018.
5McDonagh M, Peterson K, Holzhammer B, Fazio S. A Systematic Review of PCSK9 Inhibitors Alirocumab and Evolocumab. J Manag Care Spec Pharm. 2016 Jun;22(6):641-653q. doi: 10.18553/jmcp.2016.22.6.641. -
Alogliptina para diabetes mellitus tipo 2 :: Outubro/2018
Data de elaboração: Outubro/2018 Data de publicação: Outubro/2018 O que é Diabetes Mellitus tipo 2?
O diabetes mellitus (DM) é uma doença caracterizada por distúrbios metabólicos e hiperglicemia, devido aos defeitos na ação da insulina, na secreção de insulina ou em ambas. Dentre as várias classes clínicas da doença, destacam-se o diabetes tipo 1 (DM1) e o tipo 2 (DM2). O DM1 ou insulinodependente ocorre como consequência da deficiência de insulina, causada pela destruição das células beta pancreáticas. O DM2 é caracterizado pela deficiência parcial da produção de insulina pelo pâncreas ou ainda pela resistência à insulina e deficiência na ação desse hormônio1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Diabetes Mellitus tipo 2?
Sim. Para o tratamento do DM, o SUS oferece uma estratégia de tratamento que contempla o cuidado integral do paciente. Essa estratégia é descrita no Caderno de Atenção Básica – Diabetes (http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/caderno_36.pdf), que orienta sobre os critérios de diagnóstico da doença, os tratamentos com as respectivas doses adequadas e mecanismos para o monitoramento clínico em relação à efetividade do tratamento e à supervisão de possíveis efeitos adversos2.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O alogliptina (Nesina®) possui indicação em bula como terapia adjuvante à dieta e à prática de exercícios para melhorar o controle glicêmico em pacientes adultos com diabetes mellitus tipo 2 em vários cenários clínicos. Ressalta que a alogliptina não deve ser utilizada para o tratamento de pacientes com diabetes mellitus tipo 1 ou para o tratamento da cetoacidose diabética, pois não será eficaz nestas situações3.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Nesina® - comprimido revestido – 12,5 mg e 25 mg – embalagem com 10 e 30 comprimidos.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 25/09/2018.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não.Quanto custa o tratamento com Alogliptina?
Considerando a dose recomendada em bula de 25 mg uma vez ao dia, o custo mensal estimado para tratamento da alogliptina é de R$ 105,28. O custo foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% do medicamento de referência, segundo ANVISA4.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Diabetes Mellitus tipo 2?
Sim, são disponibilizados os medicamentos apresentados na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Cloridrato de metformina Comprimido 500 mg
850 mgGlibenclamida Comprimido 5 mg Gliclazida Comprimido de liberação controlada 30 mg
60 mg
80 mgInsulina humana regular Solução injetável 100 UI/mL Insulina humana NPH Suspensão injetável 100 UI/mL O financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento1. Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosa, conforme PCDT2.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Não, até a presente data, não foi protocolada, na CONITEC, demanda para analisar a incorporação da alogliptina para tratamento de diabetes mellitus tipo 2 ou para outras condições clínicas, seja pelo laboratório fabricante ou por determinados demandantes. Ressalta-se que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou a empresa produtora do medicamento, pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à CONITEC, desde que cumpra as exigências legais.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Revisão sistemática com metanálise avaliou eficácia de inibidores da DPP-4 (vildagliptina, sidagliptina, saxagliptina, linagliptina e alogliptina) em relação a placebo e comparadores ativos, acompanhados por pelo menos 12 semanas, tendo como desfecho as alterações nos níveis de hemoglobina-glicada (HbA1c). Os autores constataram que alogliptina demonstrou eficácia na redução dos níveis de HbA1c, embora este achado pode estar relacionado com o nível basal de HbA1c e com a glicemia de jejum.5 Outro estudo de revisão sistemática com metanálise também avaliou eficácia de inibidores da DPP-4 em relação a placebo e comparadores ativos, distinguindo o acompanhamento, que foi de pelo menos 24 semanas, tendo com desfecho os efeitos dos inibidores da DPP-4 na incidência de insuficiência cardíaca aguda que necessitou de hospitalização entre os pacientes diagnosticados com DM2. Os autores verificaram que o risco global de insuficiência cardíaca aguda foi maior nos pacientes tratados com inibidores da DPP-4 (incluindo a alogliptina) em comparação com aqueles tratados com placebo e comparadores ativos6. Conclui-se que alogliptina necessita de mais estudos que evidencie a sua segurança e a sua eficácia no tratamento da DM2, considerando, principalmente, um período maior de utilização do fármaco e comparado-o com os demais antidiabéticos, entre eles aqueles disponibilizados pelo SUS5,6.Referências bibliográficas
1SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES (SBD). Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2015-2016. São Paulo, 2015. Disponível em: http://www.diabetes.org.br/sbdonline/images/docs/DIRETRIZES-SBD-2015-2016.pdf. Acesso em: 30/07/2018.
2BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica: diabetes mellitus. Cadernos de Atenção Básica, n. 36. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. Disponível em: http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/caderno_36.pdf. Acesso em: 27/06/2017.
3ALOGLIPTINA. Bula de medicamento. Takeda Pharma Ltda. Farm. Resp.: Carla A. Inpossinato. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=9570762018&pIdAnexo=10795352 Acesso em 17/02/2018.
4Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 22/03/2018.
5Esposito K, Chiodini P, Maiorino MI, Capuano A, Cozzolino D, Petrizzo M, Bellastella G, Giugliano D. A nomogram to estimate the HbA1c response todifferent DPP-4 inhibitors in type 2 diabetes: a systematic review and meta-analysis of 98 trials with 24 163 patients. BMJ Open. 2015 Feb 16;5(2):e005892. doi: 10.1136/bmjopen-2014-005892.
6Monami M, Dicembrini I, Mannucci E. Dipeptidyl peptidase-4 inhibitors and heart failure: a meta-analysis of randomized clinical trials. Nutr Metab Cardiovasc Dis. 2014 Jul;24(7):689 97. doi: 10.1016/j.numecd.2014.01.017. -
Amfepramona para obesidade :: Novembro/2018
Data de elaboração: Novembro/2018 Data de publicação: Novembro/2018 O que é obesidade?
A obesidade é o acúmulo de gordura no corpo, causado, quase sempre, por um consumo excessivo de calorias na alimentação, superior ao que o organismo necessita para realizar e manter as atividades do dia a dia. Deste modo, a obesidade acontece quando a ingestão alimentar é maior que o gasto energético correspondente. A obesidade apresenta-se como uma crescente epidemia global associada a muitas condições, observa-se uma alta prevalência da doença no hemisfério ocidental, principalmente nos Estados Unidos. Existe uma relação entre o aumento na taxa de mortalidade com o aumento no índice de massa corporal (IMC). Os motivos que podem causar a obesidade em geral são multifatoriais e envolvem fatores genéticos, ambientais, estilo de vida e fatores emocionais. A farmacoterapia (o tratamento farmacológico) pode ser recomendada como uma intervenção complementar de perda de peso. No entanto, alguns dos medicamentos eficazes para perda de peso foram responsáveis por eventos adversos sérios e foram retirados do mercado, o que levou a uma controvérsia em curso sobre a segurança, à longo prazo, de muitos anorexígenos atualmente disponíveis. Os tratamentos principais para perda de peso são atividade física e alimentação saudável1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar obesidade?
Sim. Para o tratamento da obesidade, o SUS oferece estratégias de cuidado integral, que pode ser consultada no Caderno de Atenção Básica - “Estratégias para o Cuidado da Pessoa com Doença Crônica Obesidade”. Destaca-se ainda, que o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) de Sobrepeso e Obesidade está em processo de elaboração3.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Não. O medicamento amfepramona (Dualid®) não possui registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). É indicado para o tratamento da obesidade e atua como inibidor de apetite, levando a redução da ingestão de alimentos.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Dualid® - comprimido – 25 mg ou 75 mg – embalagens com 20, 30, 40 ou 60.A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não.Quanto custa o tratamento com Amfepramona?
Tendo em vista que este medicamento ainda não possui registro na ANVISA, não está precificado pela CMED4.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar obesidade?
Não são disponibilizados medicamentos específicos para o tratamento da obesidade. No âmbito do SUS, o tratamento da obesidade tem como base medidas não medicamentosas e cirúrgicas. De acordo com o Caderno de Atenção Básica do Ministério da Saúde, as medidas não medicamentosas são compostas por alimentação saudável, prática de atividade física e abordagem cognitivo-comportamental. Quanto os procedimentos cirúrgicos, são registrados no SIGTAP para o tratamento da obesidade:2•04.07.01.012-2 - Gastrectomia com ou sem desvio duodenal•04.07.01.017-3 - Gastroplastia com derivação intestinal•04.07.01.018-1 - Gastroplastia vertical com banda•04.07.01.036-0 - Gastrectomia vertical em manga (sleeve)•04.07.01.038-6 - Cirurgia bariátrica por videolaparoscopiaOutros procedimentos pós cirurgia bariátrica também estão disponíveis como acompanhamento, dermolipectomia, mamoplastia e procedimentos sequenciais de cirurgia plástica.O financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento1.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosa, conforme PCDT2.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Não, até a presente data, não foi protocolada, na CONITEC, demanda para analisar a incorporação, ao SUS, da amfepramona para tratamento da obesidade ou para outras condições clínicas, seja pelo laboratório fabricante ou por outros demandantes. Ressalta-se que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou empresa (produtora da tecnologia ou não), pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à CONITEC, desde que cumpra as exigências legais impostas pelo Decreto nº 7.646/2011.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Revisão sistemática com meta-análise avaliou eficácia e segurança da anfepramona, femproporex e mazindol como monoterapia no tratamento de pacientes obesos ou com sobrepeso5. Foi relatado que o uso de anfepramona pode provocar náuseas, boca seca, constipação, desconforto no estômago, tonturas, insônia, dor de cabeça, tremor, sonolência, tensão e irritação como reações adversas mais frequentes, destacando-se que, a boca seca foi observada em todos os pacientes. Como limitações do estudo, constatou-se: descontinuação do tratamento, pequeno tamanho da amostra, baixa qualidade metodológica e altos níveis de heterogeneidade nas meta-análises. Considerando o alto nível de risco de viés e a ausência de importantes resultados publicados para avaliações de terapia anti-obesidade, este estudo descobriu que os medicamentos avaliados apresentaram pouca evidência de eficácia no tratamento de pacientes com sobrepeso e obesidade. Neste sentido, são necessários estudos robustos e com adequada qualidade metodológica para comprovar que os benefícios no uso dos medicamentos superam os seus riscos5.Referências bibliográficas
1Bazan IS, Fares WH. Review of the Ongoing Story of Appetite Suppressants, Serotonin Pathway, and Pulmonary Vascular Disease. Am J Cardiol. 2016 May 15;117(10):1691-1696. doi: 10.1016/j.amjcard.2016.02.049.
2BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica obesidade: diabetes mellitus. Cadernos de Atenção Básica, n. 38. Brasília: Ministério da Saúde, 2014. Disponível em: http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/caderno_38.pdf Acesso em: 31/10/2018.
3BRASIL. Ministério da Saúde. Enquete para elaboração do escopo do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas de Obesidade e Sobrepeso. Brasília: Ministério da Saúde, 2018. Disponível em: http://conitec.gov.br/ultimas-noticias-3/sobrepeso-e-obesidade-participe-da-enquete Acesso em: 31/10/2018.
4Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 09/10/2018. 5Lucchetta RC, Riveros BS, Pontarolo R, Radominski RB, Otuki MF,Fernandez-Llimos F, Correr CJ. Systematic review and meta-analysis of theefficacy and safety of amfepramone and mazindol as a monotherapy for thetreatment of obese or overweight patients. Clinics (Sao Paulo). 2017 May;72(5):317-324. doi: 10.6061/clinics/2017(05)10. -
Apixabana para prevenção de acidente vascular cerebral em pacientes com fibrilação atrial :: Dezembro/2017
Data de elaboração: Dezembro/2017 Data de publicação: Dezembro/2017 O que é acidente vascular cerebral?
A fibrilação atrial refere-se a uma irregularidade nos batimentos cardíacos que pode levar à formação de coágulos no interior do coração. Esses coágulos podem alcançar a circulação sanguínea e provocar obstrução de vasos situados em órgãos sistêmicos com risco, sobretudo, de acidente vascular cerebral1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar acidente vascular cerebral?
Sim, a varfarina é um anticoagulante oral disponível no SUS, capaz de reduzir a incidência de acidentes vasculares cerebrais2.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim e possui indicação em bula para prevenção e tratamento de tromboembolismo venoso e embolia pulmonar, prevenção de AVC, embolia sistêmica e redução de mortalidade vascular em pacientes com fibrilação atrial3.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Eliquis ® - comprimidos revestidos 2,5 mg (caixa com 10, 20 e 60)
Eliquis ® - comprimidos revestidos 5,0 mg (caixa com 20, 60 e 200)4.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 19/12/2017.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não.Quanto custa o tratamento com Apixabana?
Considerando a dose recomendada em bula de 5 mg duas vezes ao dia, o custo mensal estimado para prevenção de eventos cardiovasculares é de R$135,75. O custo foi calculado considerando-se o preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% do medicamento, segundo a ANVISA5.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar acidente vascular cerebral?
Sim, a mesma pode ser conferida abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Varfarina Comprimido 1 mg
5 mgO financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento1.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosa, conforme PCDT2.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, a CONITEC avaliou os novos anticoagulantes orais, incluindo a apixabana, para a prevenção de acidente vascular cerebral em pacientes com fibrilação atrial. Os membros da Comissão recomendaram a não incorporação desses medicamentos, pois os estudos disponíveis, até aquele momento, não comprovaram sua superioridade, seja em termos de eficácia ou de segurança, em relação à varfarina, medicamento disponibilizado pelo SUS6.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
O ensaio clínico ARISTOTLE (Apixaban for Reduction in Stroke and Other Thromboembolic Events in Atrial Fibrillation) avaliou a apixabana em relação à varfarina na prevenção de acidente vascular cerebral ou embolia sistêmica em pacientes com fibrilação atrial. O tempo médio de acompanhamento foi de 1,8 anos. Foram incluídos 18.201 pacientes com fibrilação atrial associada a pelo menos um fator de risco. Os resultados mostraram que não houve diferença significativa em relação ao AVC isquêmico e houve diferença a favor da apixabana em relação a desfechos de segurança: sangramento importante e AVC hemorrágico, o que pode ter afetado o benefício favorecendo a apixabana na prevenção da mortalidade por todas as causas7. Porém, por ser um estudo com limitações metodológicas e de não inferioridade, não é possível afirmar superioridade do medicamento em relação à varfarina, já disponibilizada pelo SUS.
Informações adicionais
A prescrição para o uso da opção disponível no SUS – varfarina – muitas vezes é evitada, justificando-se o risco de sangramento. Todavia, vale frisar esse risco está presente com o uso de qualquer anticoagulante8 e pode ser minimizado pela realização de testagem rotineira da coagulação– RNI, procedimento realizado no SUS. Vale destacar, ainda, que os novos anticoagulantes orais são medicamentos novos protegidos por patentes e têm custo anual cerca de 17 vezes superior à varfarina (incluindo a realização de 20 exames RNI/ano)5.Referências bibliográficas
1MAGALHAES, LP et al. II Diretrizes Brasileiras de Fibrilação Atrial. Arq. Bras. Cardiol., São Paulo , v. 106, n. 4, supl. 2, p. 1-22, Apr. 2016. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0066-782X2016003100001&script=sci_arttext Acesso em: 26/12/2017.
2Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS-CONITEC. Relatório de recomendação nº 195. Apixabana, rivoraxabana e dabigratana em pacientes com fibrilação atrial não valvar. Fevereiro/2016. Acesso em: 26/12/2017. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2016/Relatrio_Anticoagulantes_final.pdf.
3Eliquis: apixabana. São Paulo: Bristol-Myers Squibb Farmacêutica LTDA. Farm. Resp.: Dra. Elizabeth M. Oliveira - CRF-SP nº 12.529. Bula de remédio. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=23469342016&pIdAnexo=3926617 Acesso em: 26/12/2017.
4Câmara de Regulação - CMED Secretaria Executiva PREÇOS MÁXIMOS DE MEDICAMENTOS POR PRINCÍPIO ATIVO, PARA COMPRAS PÚBLICAS PREÇO FÁBRICA (PF) E PREÇO MÁXIMO DE VENDA AO GOVERNO (PMVG). Atualizada em 19/12/2017. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/374947/3464400/LISTA_CONFORMIDADE_GOV_2017-07-21.pdf/ee0c5ac1-00b9-4fdc-b410-4642339a5f03.
5Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precosAcesso em: 26/12/2017.
6BRASIL. Ministério da Saúde. PORTARIA Nº 11, DE 4 DE FEVEREIRO DE 2016. Torna pública a decisão de não incorporação dos medicamentos apixabana, rivaroxabana e dabigatrana para prevenção de acidente vascular cerebral em pacientes com fibrilação atrial crônica não valvar, no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS. Brasília: Ministério da Saúde, 2016. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2016/Relatrio_Anticoagulantes_final.pdfAcesso em: 26/12/2017.
7Granger, Christopher B., et al. Apixaban versus warfarin in patients with atrial fibrillation. New England Journal of Medicine 365.11 (2011): 981-992.
8Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Gestão e Incorporação de Tecnologias em Saúde. CoaguChek® XS no monitoramento do INR em pacientes recebendo tratamento com varfarina. Relatório de Recomendação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS – CONITEC – Setembro/2012. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Incorporados/CoaguChek-final.pdf Acesso em: 26/12/2017. -
Aripiprazol para esquizofrenia :: Dezembro/2017
Data de elaboração: Dezembro/2017 Data de publicação: Dezembro/2017 O que é esquizofrenia?
A esquizofrenia é uma síndrome clínica complexa, que compreende manifestações psicopatológicas do pensamento, percepção, emoção, movimento e comportamento. Pode ser caracterizada por sintomas chamados positivos, como delírios, alucinações e catatonia, bem como por sintomas ditos negativos, como embotamento afetivo, falta de lógica e apatia. A manifestação desses sintomas varia com as características do paciente e com o tempo, mas o efeito cumulativo da doença tende a ser grave e persistente, constituindo-se no perfil de doença psiquiátrica crônica, com prejuízo sócio-funcional marcante dos acometidos1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar esquizofrenia?
Sim. O tratamento da esquizofrenia no SUS é realizado de acordo com os critérios estabelecidos no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da esquizofrenia, que especifica o diagnóstico e o tratamento adequado, garantindo o cuidado continuado do paciente (http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2014/abril/02/pcdt-esquizofrenia-livro-2013.pdf).A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. Possui indicação em bula2 para o tratamento de esquizofrenia.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Abilify® - comprimido de 10mg (caixa com 10 e 30)
Abilify® - comprimido de 15mg (caixa com 10 e 30)
Abilify® - comprimido de 20mg (caixa com 10 e 30)
Abilify® - comprimido de 30mg (caixa com 30)
Aristab® - comprimido de 10mg (caixa com 10 e 30)
Aristab® - comprimido de 15mg (caixa com 10 e 30)
Aristab® - comprimido de 20mg (caixa com 10 e 30)
Aristab® - comprimido de 30mg (caixa com 30)
Confilify® - comprimido de 10mg (caixa com 10 e 30)
Confilify® - comprimido de 15mg (caixa com 10 e 30)
Confilify® - comprimido de 20mg (caixa com 10 e 30)
Confilify® - comprimido de 30mg (caixa com 10 e 30)
Kavium® - comprimido de 10mg (caixa com 10 e 30)
Kavium® - comprimido de 15mg (caixa com 10 e 30)
Sensaz® - comprimido de 10mg (caixa com 10, 30 e 500)
Sensaz® - comprimido de 15mg (caixa com 10, 30 e 500)*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 19/12/2017.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não.Quanto custa o tratamento com Aripiprazol?
Considerando a dose recomendada em bula de 15 mg uma vez ao dia, o custo mensal estimado é de R$345,90. O custo foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% dos medicamentos genéricos, segundo a ANVISA3.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar esquizofrenia?
Sim, as mesmas podem ser conferidas na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Clorpromazina Comprimido
Comprimido
Solução oral25 mg
100 mg
40 mg/mLClozapina Comprimido
Comprimido25 mg
100 mgDecanoato de Haloperidol Solução injetável 50 mg/mL Haloperidol Comprimido
Comprimido
Solução oral1 mg
5 mg
2 mg/mLOlanzapina Comprimido
Comprimido5 mg
10 mgQuetiapina Comprimido 25 mg
100 mg
200 mg
300 mgRisperidona Comprimido 1 mg
2 mg
3 mgZiprasidona Cápsula 40 mg
80 mgO financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento1.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosa, conforme PCDT2.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Não. No entanto, o PCDT da esquizofrenia indica os motivos pelos quais o medicamento não foi incluído no Sistema Único de Saúde, a saber: o aripiprazol mostrou-se muito semelhante em termos de eficácia aos demais antipsicóticos no tratamento da esquizofrenia em geral e, nos casos de esquizofrenia refratária, também não demonstrou superioridade em relação aos demais medicamentos para justificar sua inclusão no SUS4.Embora não tenha sido avaliado pela CONITEC, ressalta-se que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde, sociedade de especialidade ou a empresa produtora do medicamento, pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à CONITEC, desde que cumpra as exigências legais.
O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Revisão sistemática avaliou os efeitos do aripiprazol em comparação com outros antipsicóticos para pessoas com esquizofrenia e psicoses similares à esquizofrenia. O aripiprazol foi comparado com clozapina, quetiapina, risperidona, ziprasidona e olanzapina, todos estes fornecidos pelo SUS. Quando comparado com a clozapina, quetiapina, ziprasidona e olanzapina, não houve diferenças no estado global (nenhuma resposta clinicamente efetiva) e no estado mental dos pacientes, de acordo com escalas de avaliação psiquiátrica. Quando comparado com a risperidona, não houve diferenças para o estado global, porém os dados foram favoráveis ao aripiprazol na melhoria do estado mental. O índice de qualidade de vida usando escalas específicas demonstrou diferença, favorecendo o aripiprazol, quando comparado com clozapina, quetiapina e não houve diferenças quando comparado com a olanzapina5.Referências bibliográficas
1SOUZA, Leonardo Araújo de; COUTINHO, Evandro Silva Freire. Fatores associados à qualidade de vida de pacientes com esquizofrenia. Rev. Bras. Psiquiatr., São Paulo , v. 28, n. 1, p. 50-58, Mar. 2006. Availablefrom. accesson 17 July 2017. http://dx.doi.org/10.1590/S1516-44462006000100011.
2Aripiprazol. São Paulo: Aché Laboratórios Farmacêuticos S.A.. Farm. Resp.: Gabriela Mallmann - CRF-SP nº 30.138. Bula de remédio. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=2131112014&pIdAnexo=1996029. Acesso em: 26/12/2017.
3Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 26/12/2017.
4BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria SAS/MS nº 364, de 9 de abril de 2013.. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Esquizofrenia. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. Disponível em: http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2014/abril/02/pcdt-esquizofrenia-livro-2013.pdf. Acesso em: 26/12/2017.
5Khanna P, Suo T, Komossa K, Ma H, Rummel-Kluge C, El-Sayeh HG, Leucht S, Xia J. Aripiprazole versus other atypical antipsychotics for schizophrenia. Cochrane Database Syst Rev. 2014 Jan 2;(1):CD006569. doi: 10.1002/14651858.CD006569.pub5. Review. -
Aspartato de ornitina para hiperamonemia produzida por doenças hepáticas agudas e crônicas :: Abril/2018
Data de elaboração: Abril/2018 Data de publicação: Abril/2018 O que é Hiperamonemia?
A hiperamonemia é caracterizada pelo elevado nível de amônia na corrente sanguínea, decorrente de falhas no catabolismo de aminoácidos ou amônia para uréia1. As doenças hepáticas são as causas mais comuns de hiperamonemia em adultos. Podem ser agudas, como por exemplo, hepatites virais, isquemia, ou hepatotoxinas, ou crônicas, como cirrose hepática, hepatites, atresia biliar, deficiência de alfa1-antitripsina; doença de Wilson; fibrose cística; galactosemia e tirosinemia2. A encefalopatia hepática (EH) é uma complicação neuropsiquiátrica frequente nos portadores de doenças hepáticas e caracteriza-se por distúrbios da atenção, alterações do sono e distúrbios motores que progridem desde simples letargia a estupor ou coma. É um distúrbio metabólico, portanto potencialmente reversível, sendo a hiperamonemia, o principal fator dessa condição3,4. São alternativas terapêuticas, os dissacarídeos não absorvíveis (lactulose e lactitol), antibióticos orais não absorvíveis, BCAA (aminoácidos de cadeia ramificada) e probióticos. No SUS, a lactulose é a alternativa disponível para tratar essa condição.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Hiperamonemia?
Sim. A lactulose é um dissacarídeo não absorvível, disponível no SUS, capaz de reduzir as concentrações de amônia na corrente sanguínea.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O aspartato de ornitina possui registro na Anvisa, com o uso aprovado para tratar hiperamonemia ocasionada por doenças hepáticas, para a terapia de transtornos mentais iniciais (pré-coma) ou complicações neurológicas (encefalopatia hepática) causados pela alta concentração de amônia no sangue5.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Hepa-Merz ® - 0,5 mg/mL solução injetável (caixa com 5 ampolas de 10mL)
Hepa-Merz ® - 0,6 g/g granulados (caixa com 10 envelopes de 5 g.)*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 09/04/2018.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não.Quanto custa o tratamento com Aspartato de Ornitina?
Considerando a dose recomendada em bula, de 0,5mg/mL de até quatro ampolas diárias, (dependendo da indicação médica), o custo mensal estimado para o tratamento com o aspartato de ornitina na forma de injetável, (estabelecendo-se uma ampola ao dia), é de R$ 5.46,80. Já em relação a forma farmacêutica apresentada em granulados, de acordo com a dose preconizada em bula de dois envelopes ao dia, o custo mensal estimado é de R$ 3.673,20. O custo foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% do medicamento de referência, segundo ANVISA6.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Hiperamonemia?
Sim. O SUS disponibiliza a lactulose conforme apresentada na tabela a seguir:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Lactulose Xarope 667 mg/ml O financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento1.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosa, conforme PCDT2.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim. A CONITEC avaliou o aspartato de ornitina para o de tratamento da hiperamonemia produzida por doenças hepáticas agudas e crônicas. Os membros da Comissão recomendaram a não incorporação, visto que o medicamento não apresentou benefício adicional frente à lactulose (alternativa disponível no SUS), além de ter custo superior7.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
No estudo realizado pela Conitec em 2017 sobre o aspartato de ornitina, destacam-se três pesquisas: uma revisão sistemática que avaliou a eficácia de diferentes intervenções no tratamento da encefalopatia hepática, principal consequência da hiperamonemia8; outra revisão sistemática que analisou a eficácia e segurança do aspartato de ornitina no tratamento da encefalopatia hepática em pacientes com cirrose9; e um ensaio clínico randomizado que ponderou três diferentes intervenções (incluindo lactulose) para tratamento da encefalopatia hepática10. As evidências demonstraram um benefício provável no uso do aspartato de ornitina em comparação à não intervenção ou placebo no tratamento da hiperamonemia decorrente de doenças hepáticas, predominantemente crônicas e presença de cirrose. Entretanto, comparado à lactulose, não foi observado benefício adicional.Referências bibliográficas
1Medical Subject Headings (MeSH). Hyperammonemia [Internet]. National Center for Biotechnology Information Search database (NCBI). Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/mesh/68022124
2Chawla J. Hyperammonemia Clinical Presentation: History, Physical, Causes [Internet]. Medscape. 2016. Available from: http://emedicine.medscape.com/article/1174503-clinical#b5
3Monfort P, Cauli O, Montoliu C, Rodrigo R, Llansola M, Piedrafita B, et al. Mechanisms of cognitive alterations in hyperammonemia and hepatic encephalopathy: Therapeutical implications. Neurochem Int. 2009;55(1–3):106–12.
4P. L. Bittencourt, E. Strauss, C. Terra MRA-S e M do P de E da SB de H. Encefalopatia Hepática: Relatório da 1a Reunião Monotemática da Sociedade Brasileira de Hepatologia. GED gastroenterol endosc. 2011;30(Separata):10–34
5ASPARTATO DE ORNITINA. Bula de medicamento. Biolab Sanus Farmacêutica Ltda. Farm. Resp,: Cristina Matushima. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=4457682015&pIdAnexo=2637453 Acesso em 12/04/2018.
6Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 12/04/2018.
7BRASIL. Ministério da Saúde. PORTARIA Nº N 34, DE 31 DE AGOSTO DE 2017. Torna pública a decisão de não incorporar o aspartato de ornitina para o tratamento da hiperamonemia produzida por doenças hepáticas agudas e crônicas, no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2017/Relat%C3%B3rio_Ornitina_Hiperamonemia_279_2017_FINAL.pdf Acesso em 12/04/2018.
8Zhu GQ, Shi KQ, Huang S, Wang LR, Lin YQ, Huang GQ, et al. Systematic review with network meta-analysis: The comparative effectiveness and safety of interventions in patients with overt hepatic encephalopathy. Aliment Pharmacol Ther. 2015;41(7):624-35
9Bai M, Yang Z, Qi X, Fan D, Han G. L-Ornithine-L-Aspartate for Hepatic Encephalopathy in Patients With Cirrhosis: a Meta-Analysis of Randomized Controlled Trials. J Gastroenterol Hepatol [Internet]. 2013;28(Md):783–92. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23425108
10Dávila-Sosa D, Avilés-Rosas G, Lozano-Nuevo J, Vargas-Ayala G, Rodríguez-L L. Comparación individual de tres terapias antiamonio en el tratamiento de la encefalopatía hepática Individual comparison of three antiamonio therapies for treatment of hepatic encephalopathy. Med Int Méx. 2016;32(3):284–95 -
Associação de aminoácidos (Ketosteril®) para doença renal crônica em restrição proteica :: Junho/2019
Data de elaboração: Junho/2019 Data de publicação: Junho/2019 O que é doença renal crônica em restrição proteica?
A doença renal crônica (DRC) é caracterizada pela presença de alterações estruturais na função dos rins, por um período igual ou maior que três meses. Essa definição classifica os portadores de DRC1 como aqueles pacientes que possuem alguma lesão renal evidenciada por anormalidades histopatológicas ou de marcadores de lesão renal, incluindo alterações sanguíneas, urinárias ou dos exames de imagem, independente da taxa de filtração glomerular (TFG). Além disso, pacientes que apresentam uma TFG < 60 mL/min/1,73 m2 com ou sem lesão renal, por um período igual ou superior a três meses, também são considerados como portadores de DRC. A DRC é atualmente entendida como um problema de saúde pública, devido a sua prevalência crescente, morbimortalidade elevada e altos custos demandados para a manutenção dos pacientes renais crônicos dialíticos nas diversas modalidades de terapia renal substitutiva (TRS) existentes (hemodiálise, diálise peritoneal e transplante renal)2,3,4. No Brasil, cerca de dez milhões de pessoas têm alguma disfunção renal e prevalência de DRC é de 50/100.000 habitantes, inferior ao que é visto nos Estados Unidos (110/100.000) e no Japão (205/100.000), sugerindo a possibilidade de subdiagnostico da doença no pais5.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar doença renal crônica em restrição proteica?
Sim. O SUS oferece estratégia de cuidado que pode ser verificada nas Diretrizes Clínicas para o Cuidado ao Paciente com Doença Renal Crônica – DRC no Sistema Único de Saúde (http://conitec.gov.br/images/Protocolos/diretriz-cuidados-DRC.pdf)5.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. A associação de aminoácidos Ketosteril® tem como princípio ativo os seguintes componentes: 3-metil-2-oxo-valerato de cálcio (α-ceto-análogo da isoleucina), 4-metil-2-oxo-valerato de cálcio (α-ceto-análogo da leucina), 2-oxo-3-fenil-propionato de cálcio (α-ceto-análogo da fenilalanina), 3-metil-2-oxo-butiratode cálcio (α-ceto-análogo da valina), 2-hidróxi-4-metil-tio-butirato de cálcio (α-hidróxi-análogo da metionina), monoacetato de lisina (lisina 75 mg), treonina, triptofana, histidina e tirosina. Possui indicação em bula para prevenção e tratamento de danos causados pelo metabolismo falho ou deficiente de proteínas, na doença renal crônica em conjunto com uma ingestão proteica limitada a 40 g/dia ou menos, no adulto. Normalmente, isto se aplica a pacientes que apresentem taxa de filtração glomerular menor que 25 mL/min7.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Ketosteril® - comprimidos revestidos embalagem com 20 ou 100 comprimidos*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 13/02/2019.
*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 13/02/2019.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não.Quanto custa o tratamento com Ketosteril®?
Considerando a dose recomendada em bula de 4 a 8 comprimidos, 3 vezes ao dia, durante as refeições, o custo mensal estimado para tratamento com Ketosteril®, foi de R$ 559,52. O valor foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% do medicamento de referência, segundo ANVISA 8.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar doença renal crônica em restrição proteica?
Sim. O SUS disponibiliza a terapia nutricional, conforme exposto na Diretriz Clínica para o Cuidado ao Paciente com Doença Renal Crônica – DRC.6A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Não, até a presente data, não foi protocolada, na CONITEC, demanda para analisar a incorporação, ao SUS, da associação de aminoácidos Ketosteril® para tratamento de doença renal crônica em restrição proteica ou para outras condições clínicas, seja pelo laboratório fabricante ou por outros demandantes. Ressalta-se que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou empresa (produtora da tecnologia ou não), pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à CONITEC, desde que cumpra as exigências legais impostas pelo Decreto nº 7.646 de 2011.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Revisão sistemática com meta-análise com o objetivo de determinar se a dieta de baixa proteína suplementada com ceto-análogos contra a dieta de baixa proteína por si só pode retardar a progressão da insuficiência renal, mantendo a TFG estável em pacientes com DRC. A intervenção avaliada foi a dieta de baixa proteína com suplemento de ceto-análogo (Ketosteril®) e o controle foi a dieta de baixa proteína com placebo. Foram incluídos dois ensaios clínicos randomizados, totalizando 79 pacientes com falência renal em estágios de três a cinco, em pré-diálise ou dialisados. Em um dos estudos, o tempo de acompanhamento foi de 48 semanas, enquanto que no outro foi de nove meses. Na meta-análise observou-se que não haver diferença estatística na TFG entre os pacientes tratados com dieta de baixa proteína suplementada com Ketosteril® e pacientes em dieta de baixa proteína sem o suplemento. Há necessidade de mais estudos, com maior número de pacientes e tempo de acompanhamento, que avaliem o uso dos ceto-análogos juntamente com a dieta hipoproteica e os metabólitos tóxicos, como desfecho, em comparação direta9.Referências bibliográficas
1 K/DOQI. Clinical practice guidelines for chronic kidney disease: evaluation, classification and stratification. Am J Kidney Dis 2002;39(suppl):S1-S246.
2 Salgado Filho N, Brito DJA. Doença Renal Crônica: a grande epidemia deste milênio. J Bras Nefrol 2006; 28:1-5.
3 Sesso R, Lopes AA, Thome FS, Bevilacqua JL, Romão Junior JE, Lugon J. Relatório do censo brasileiro de diálise 2008. J Bras Nefrol 2008; 30:233-8.
4 Bastos MG, Carmo WB, Abrita RR et al. Doença Renal Crônica: problemas e soluções. J Bras Nefrol 2004,26:202-15.
5 Sociedade Brasileira de Nefrologia. Dia Mundial do Rim em 14 de março de 2013. OF/PRES/0308/2013.Disponível em .
6 BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria GM/MS nº 389, de 13 de março de 2014. Aprova diretrizes clínicas para o cuidado ao paciente com Doença Renal Crônica – DRC no sistema único de saúde Brasília: Ministério da Saúde, 2014. Disponível em: http: http://conitec.gov.br/images/Protocolos/diretriz-cuidados-DRC.pdf Acesso em: 19/02/2019.
7 KETOSTERIL. Bula de medicamento. Fresenius Kabi Brasil Ltda. Farm. Resp.: Cíntia M. P. Garcia Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=6000112018&pIdAnexo=10638675 Acesso em 18/02/2019.
8 Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 19/02/2019.
9 Pancho GA, Paningbatan JC, Shiu LA. A meta-analysis on keto analogues and low protein diet in the retardation of progression of kidney failure in chronic kidney disease. Philippine Journal of Internal Medicine 2013 jul-sep; 51(3): 1-4. Disponível em: . -
Ataluren para distrofia muscular de Duchenne :: Outubro/2018
Data de elaboração: Outubro/2018 Data de publicação: Outubro/2018 O que é Distrofia Muscular de Duchenne?
A distrofia muscular de Duchenne (DMD) é uma forma rapidamente progressiva de distrofia muscular. É causada por uma alteração (mutação) em um gene, chamado gene de DMD, responsável por codificar a proteína muscular distrofina, que pode ser herdado nas famílias de forma recessiva, ligada ao X, e ocorre frequentemente nas pessoas sem uma história familiar conhecida. Indivíduos que têm DMD têm perda progressiva da função muscular e fraqueza, por não produzirem a distrofina em seus músculos1. A DMD é diagnosticada de várias maneiras e deve ser realizado por um especialista neuromuscular, que possa avaliar o indivíduo clinicamente e rapidamente acessar e interpretar as investigações apropriadas no contexto da apresentação clínica2. Um diagnóstico clínico pode ser feito quando um indivíduo tem fraqueza muscular progressiva simétrica. Os sintomas apresentam-se antes dos cinco anos de idade e têm frequentemente níveis extremamente elevados de creatina quinase (enzima presente nas células musculares do corpo), que podem ser detectados a partir de um exame de sangue e é uma medida de danos musculares. Níveis elevados pode ser o resultado de múltiplas razões, incluindo lesão muscular aguda, ou condição crônica, como a DMD1. Também são realizados testes genéticos e biópsia muscular. O objetivo do cuidado em torno do diagnóstico é fornecê-lo de forma precisa e rápida, permitindo o início das intervenções apropriadas, o apoio e a educação contínuos, minimizando a duração e o impacto de um processo de diagnóstico potencialmente prolongado1,2.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Distrofia Muscular de Duchenne?
Não existe um tratamento específico para DMD e não há nenhuma cura conhecida para esta patologia, sendo assim, o tratamento visa controlar os sintomas para melhorar a qualidade de vida do indivíduo. O tratamento desses sintomas no âmbito do SUS estão registrados na tabela do Sistema de Gerenciamento da Tabela de Procedimentos, Medicamentos e OPM do SUS (SIGTAP)3. Destaca-se que, sendo a distrofia de Duchenne uma doença rara, ela está inclusa no âmbito da Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doenças Raras do SUS, instituída por meio da Portaria GM/MS nº 199/20144.A tecnologia possui registro na ANVISA?
O medicamento atularem (Translarna®) não possui registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). É indicado nas agências de outros países em que está registrado para o tratamento da distrofia muscular de Duchenne resultante de uma mutação nonsense (DMDmn) no gene distrofina, em doentes com capacidade de marcha com idade igual ou superior a 2 anos.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Por não haver registro no Brasil não está disponível no mercado brasileiro.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 09/10/2018.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não.Quanto custa o tratamento com Ataluren?
Tendo em vista que este medicamento ainda não possui registro na ANVISA, não está precificado pela CMED5.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Distrofia Muscular de Duchenne?
Dentre os possíveis medicamentos disponibilizados pelo SUS para o tratamento sintomático das manifestações da DMD, encontram-se os corticosteroides (prednisona e fosfato sódico de prednisolona), com a finalidade de retardar a progressão da perda de força e função da musculatura esquelética; os inibidores da enzima de conversão da angiotensina (captopril, maleato de enalapril, succinato e tartarato de metoprolol), os betabloqueadores (atenolol, cloridrato de dobutamina e cloridrato de propranolol), os diuréticos (acetazolamida, espironolactona e furosemida) e os anticoagulantes (heparina sódica e varfarina sódica), para auxiliar na função cardiovascular, e o antagonista dos receptores histamínicos H2 (cloridrato de ranitidina), para os pacientes com refluxo gastroesofágico, por meio do Componente Básico da Assistência Farmacêutica.Destaca-se também que os procedimentos compatíveis com o tratamento dos sintomas da DMD e registrados na tabela do Sistema de Gerenciamento da Tabela de Procedimentos, Medicamentos e OPM do SUS (SIGTAP)3. O SUS também disponibiliza órteses, próteses e materiais especiais (grupo 07, da tabela do Sistema de Gerenciamento da Tabela de Procedimentos, Medicamentos e OPM do SUS ¬ SIGTAP), que possibilitam a locomoção e as atividades da vida diária dos pacientes3.Medicamento Forma farmacêutica Concentração Código Procedimento - 03.01.05.001-5 ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO DOMICILIAR DE PACIENTE SUBMETIDO À VENTILAÇÃO MECÂNICA NÃO INVASIVA - PACIENTE/MÊS - 03.01.05.006-6 INSTALAÇÃO/MANUTENÇÃO DE VENTILAÇÃO MECÂNICA NÃO INVASIVA DOMICILIAR - 03.02.05.002-7 ATENDIMENTO FISIOTERAPÊUTICO NAS ALTERAÇÕES MOTORAS - 03.01.07.010-5 ATENDIMENTO/ACOMPANHAMENTO INTENSIVO DE PACIENTE EM REABILITAÇÃO FÍSICA (1 TURNO PACIENTE/DIA - 15 ATENDIMENTOS/MÊS) - 03.01.07.012-1 TRATAMENTO INTENSIVO DE PACIENTE EM REABILITAÇÃO FÍSICA (1 TURNO PACIENTETE/DIA - 20 ATENDIMENTOS/MÊS) - 03.01.07.013-0 TRATAMENTO INTENSIVO DE PACIENTE EM REABILITAÇÃO FÍSICA (2 TURNO PACIENTE/DIA - 20 ATENDIMENTOS/MÊS) - 07.01.01.001-0 ANDADOR FIXO/ARTICULADO EM ALUMÍNIO COM QUATRO PONTEIRAS - 07.01.01.002-9 CADEIRA DE RODAS ADULTO/INFANTIL (TIPO PADRÃO) - 07.01.01.010-0 CARRINHO DOBRÁVEL PARA TRANSPORTE DE CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA - 07.01.01.011-8 BENGALA CANADENSE REGULÁVEL EM ALTURA (PAR) - 07.01.01.013-4 MULETA AXILAR TUBULAR EM ALUMÍNIO REGULÁVEL NA ALTURA (PAR) - 07.01.01.022-3 CADEIRA DE RODAS MOTORIZADA ADULTO OU INFANTIL - 07.01.01.024-0 CADEIRA DE RODAS PARA BANHO COM ENCOSTO RECLINÁVEL - 07.01.02.019-9 ÓRTESE PELVICO-PODALICA METALICA PARA ADULTO COM OU SEM APOIO ISQUIATICO - O financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento1.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosa, conforme PCDT2.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Não, até a presente data, não foi protocolada, na CONITEC, demanda para analisar a incorporação do atalurem para tratamento da distrofia muscular de Duchenne ou para outras condições clínicas, seja pelo laboratório fabricante ou por determinados demandantes. Ressalta-se que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou a empresa produtora do medicamento, pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à CONITEC, desde que cumpra as exigências legais.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Ensaio clínico randomizado avaliou o ataluren para o tratamento da distrofia muscular de Duchenne. Trata-se de um estudo de fase IIb, multicêntrico, duplo-cego, comparando a eficácia e a segurança de ataluren com placebo, em pacientes com distrofia muscular de Duchenne. Foram incluídos 174 pacientes do sexo masculino, com idade igual ou superior a cinco anos, dos quais 57 foram direcionados para placebo, 57 para ataluren em uma dose diária de 40mg/kg e 60 para ataluren em uma dose diária de 80mg/kg. Resultou-se que a diferença na variação média da distância de caminhada de seis minutos entre o ataluren e o placebo, o desfecho primário avaliado, não foi estatisticamente significante entre todos os indivíduos randomizados. Os resultados foram favoráveis ao ataluren quanto a alteração na função muscular proximal e a alteração na força exercida durante a flexão e a extensão do joelho, comparado com o placebo. O ataluren foi geralmente bem tolerado. Não houve descontinuações do estudo devido a eventos adversos e, em sua maioria, os eventos adversos foram leves ou moderados. O ensaio clínico selecionado foi patrocinado pela empresa titular da autorização de introdução do ataluren no mercado6.Referências bibliográficas
1 National Center for Advancing Translational Sciences (NIH). Genetic and Rare Diseases Information Center (GARD). Learning About Duchenne Muscular Dystrophy. National Human Genome Research Institute (NHGRI). April 18, 2013. Disponível em: .
2Bushby K, Finkel R, Birnkrant DJ, Case LE, Clemens PR, Cripe L, Kaul A, Kinnett K, McDonald C, Pandya S, Poysky J, Shapiro F, Tomezsko J, Constantin C; DMD Care Considerations Working Group.. Diagnosis and management of Duchenne muscular dystrophy, part 1: diagnosis, and pharmacological and psychosocial management. Lancet Neurol. 2010 Jan;9(1):77-93. doi:10.1016/S1474-4422(09)70271-6.
3Sistema de Gerenciamento da Tabela de Procedimentos, Medicamentos e OPM do SUS (SIGTAP). Disponível em: . Acesso em: 08/10/2018.
4Ministério da Saúde. Portaria nº 199, de 30 de janeiro de 2014. Institui a Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doenças Raras, aprova as Diretrizes para Atenção Integral às Pessoas com Doenças Raras no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) e institui incentivos financeiros de custeio. Brasília, Ministério da Saúde, 2014.
5Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 09/10/2018.
6Bushby K, Finkel R, Birnkrant DJ, Case LE, Clemens PR, Cripe L, Kaul A, Kinnett K, McDonald C, Pandya S, Poysky J, Shapiro F, Tomezsko J, Constantin C; DMD Care Considerations Working Group.. Diagnosis and management of Duchenne muscular dystrophy, part 2: implementation of multidisciplinary care. Lancet Neurol. 2010 Feb;9(2):177-89. doi: 10.1016/S1474-4422(09)70272-8 -
Azacitidina para síndrome mielodisplásica :: Agosto/2019
Data de elaboração: Junho/2019 Data de publicação: Agosto/2019 O que é Síndrome Mielodisplásica?
Síndrome mielodisplásica ou mielodisplasia (SMD) é uma desordem da célula-tronco hematopoiética (responsável pela produção de células sanguíneas) caracterizada pela anormalidade em uma ou mais linhagens e pela hematopoese (renovação sanguínea) ineficaz. O resultado é uma pancitopenia (diminuição global de todos os elementos do sangue – hemácias, leucócitos e plaquetas) levando à anemia dependente de transfusões e a um aumento do risco de infecções ou hemorragia, além do aumento do risco de desenvolver leucemia mieloide aguda1,2. A SMD possui sete subtipos morfológicos: citopenia refratária com displasia unilinhagem (CRDU), anemia refratária com sideroblastos em anel (RARS), anemia refratária com excesso de blastos-1 (RAEB-1), anemia refratária com excesso de blastos-2 (RAEB-2), citopenia refratária com displasia multilinhagem (CRDM), síndrome mielodisplásica não-classificada e mielodisplasia associada com a deleção isolada (5q). Além destes, a leucemia mielomonocítica crônica (CMML) e a leucemia mielomonocítica juvenil são tipos de cânceres de sangue que a Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica como “doenças mielodisplásicas/mieloproliferativas mistas”. Os diferentes tipos de cânceres do sangue possuem manifestações diferentes e também exibem diferenças no prognóstico e na mortalidade3,4. A SMD é mais prevalente em indivíduos idosos, com 70 anos em média, a incidência anual não correlacionada à idade é de 3-5/100.000 pessoas, mas em ascensão para > 20/100.000 entre aqueles com mais de 70 anos. Há a predominância de homens e muitos deles já sofrem de outras condições médicas1,5. O diagnóstico é realizado por meio de exames de sangue, exame de medula óssea e testes moleculares.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Síndrome Mielodisplásica?
Sim. O tratamento da síndrome mielodisplásica no SUS é realizado de acordo com os critérios estabelecidos no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Anemia Aplástica, Mielodisplasia e Neutropenias Constitucionais - Uso de Fatores estimulantes de Crescimento de Colônias de Neutrófilos – Neutropenia, que especifica o diagnóstico e o tratamento adequado, garantindo o cuidado continuado do paciente6.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim.Possui genérico?
Sim. Azacitidina 100mg.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Vidaza® - pó liofilizado para suspensão injetável - 100 mg/ frasco*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 06/06/2019.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não.Quanto custa o tratamento com Azacitidina?
De acordo com as informações em bula, para o primeiro ciclo de tratamento, a dose inicial recomendada, para todos os pacientes, independentemente dos valores laboratoriais hematológicos basais, é de 75 mg/m2 por via subcutânea diariamente, durante sete dias. Após esse ciclo, tem-se o intervalo de 4 semanas e inicia-se um novo ciclo de sete dias e assim sucessivamente até completar 6 ciclos. Sendo assim, o valor estimado para o tratamento dos seis ciclos com azacitidina foi de R$ 29.784,32. O valor foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% do medicamento de referência, segundo ANVISA7.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Síndrome Mielodisplásica?
Sim, é disponibilizado o medicamento apresentado na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Talidomida Comprimido 100 mg *O financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento8.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Não. Até a presente data, não foi protocolada na Conitec demanda para analisar a incorporação no SUS da azacitidina para tratamento de síndrome mielodisplásica ou para outras condições clínicas, seja pelo laboratório fabricante ou por outros demandantes. Ressalta-se que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou a empresa (produtora da tecnologia ou não), pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à Conitec, desde que cumpra as exigências legais impostas pelo Decreto nº 7.646 de 2011.
Mais informações em: http://conitec.gov.brO que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Uma revisão sistemática comparou a eficácia da azacitidina com a da decitabina para síndrome mielodisplásica (SMD). Nesta revisão foram incluídos quatro ensaios clínicos randomizados. Dois desses ensaios, com total de 549 participantes de pesquisa, compararam a azacitidina ao melhor tratamento de suporte (BSC) e os outros dois, incluídos um total 403 participantes, compararam a decitabina ao BSC. A azacitidina quando comparada ao BSC foi significativamente associada com menor mortalidade enquanto a decitabina não reduziu significativamente esse desfecho. Ambas as drogas foram associadas com maior resposta parcial e completa em comparação com BSC. As comparações indiretas não foram estatisticamente significativas para todos os desfechos estudados (mortalidade, taxa de resposta, qualidade de vida, melhora hematológica, hospitalização, transformação de leucemia, independência transfusional), exceto para a taxa de resposta do paciente em relação a azacitidina que foi menos propensa a induzir resposta completa em comparação à decitabina. A conclusão da RS foi que a azacitidina e a decitabina estão associadas a melhores resultados em comparação com o BSC, entretanto, a comparação indireta disponível, entre esses dois medicamentos, possui baixo nível de evidência e não se pode confirmar com segurança a superioridade dos medicamentos. Portanto, são necessários mais estudos para avaliação de eficácia e segurança da azacitidina e da decitabina9. Destaca-se que o estudo apresentado não especificou qual foi o melhor tratamento de suporte (BSC).Referências bibliográficas
1Larson, RA. 2006. Myelodysplasia: When to treat and how. Best Practice & Research Clinical Haematology. 2006, Vol. 19(2), pp. 293-300.
2Raza, A., et al. 2001. Thalidomide produces trasnfusion independence in long-standing refractory anemias of patients with myelodysplastic syndromes. Blood. 2001, Vol. 98, pp. 958-65.
3Brunning, R.D., et al. 2008. Myelodysplastic Syndromes/neoplasms, overview - In: WHO Classification of Tumours of Haematopoietic and Lymphoid Tissues. 4ª. 2008, pp. 88-93.
4Bennett 1982 apud Xu, M., et al. 2013. Therapeutic effects of thalidomide in hematologic disorders: a Review. Front. Med. 2013, Vol. 7(3), pp. 290-300.
5Germing, U., et al. 2004. No increase in age-specific incidence of myelodysplastic syndromes. Haematologica. 2004, Vol. 89, pp. 905-910
6BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 113, de 4 de fevereiro de 2016.Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Anemia Aplástica, Mielodisplasiae Neutropenias Constitucionais – Uso de Fatores Estimulantes de Crescimento de Colônias de Neutrófilos. Disponível em: . Acesso em: 25/06/2019.
7Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 26/06/2019.
8Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2018. Brasília, MS, 2018. 219 p. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Artigos_Publicacoes/Rename/Rename_2018_Novembro.pdf Acesso em: 26/06/2019.
9Almasri J, Alkhateeb HB, Firwana B, et al. A systematic review and network meta-analysis comparing azacitidine and decitabine for the treatment of myelodysplastic syndrome. Syst Rev. 2018;7(1):144. Published 2018 Sep 19. doi:10.1186/s13643-018-0805-7 -
Baclofeno para espasticidade muscular na esclerose múltipla :: Abril/2019
Data de elaboração: Abril/2019 Data de publicação: Abril/2019 O que é espasticidade muscular na esclerose múltipla?
A espasticidade é uma desordem motora caracterizada por movimentos involuntários dos tendões, com rigidez muscular na perna, movimentos involuntários das pernas, movimentos de saltos repetitivos do pé e cãibras musculares nas pernas ou nos braços. Caracteriza-se pelo aumento do tônus muscular, causado pela hiperexcitabilidade do reflexo de estiramento. É frequentemente acompanhada por fraqueza, dor, fadiga, distúrbios da marcha e movimentos bruscos involuntários (espasmos) e, se grave, com contraturas1,2,3. A esclerose múltipla (EM) é uma condição inflamatória crônica, autoimune, mediada do sistema nervoso central (SNC), afetando tanto o cérebro como a medula espinhal4. A espasticidade afeta a maioria dos pacientes com esclerose múltipla e é classificada como um dos sintomas mais incapacitantes. Pode causar dor, reduzir a capacidade de se mover e interferir na execução da higiene pessoal. Também demonstra ser o principal fator contribuinte para a incapacidade nos membros inferiores e impacta negativamente na qualidade de vida5. Em um grande levantamento do Comitê de Pesquisa da América do Norte sobre a Esclerose Múltipla (NARCOMS), 84% dos 20.969 pacientes com EM relataram pelo menos algum dos sintomas de espasticidade6,1. O nível de espasticidade foi mínimo em 31%, leve em 19% (ocasional), moderado em 17% (frequentemente afeta atividades), grave em 13% (necessita de modificação nas atividades diárias) e total em 4% (evita atividades diárias). Um maior nível de espasticidade também foi observado em pacientes com maior duração da doença, mais frequência de recaídas e piora dos sintomas de EM1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar espasticidade muscular na esclerose múltipla?
Sim. O SUS oferece estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Espasticidade (http://conitec.gov.br/images/Protocolos/Protocolo_Uso/Portaria_SAS-SCTIE_2_PCDT_Espasticidade_29_05_2017.pdf) e também no PCDT da Esclerose Múltipla, que especifica o diagnóstico e o tratamento adequado, garantindo o cuidado continuado do paciente com EM (http://conitec.gov.br/images/Protocolos/PCDT_Retificacao_EscleroseMultipla_06.07.2015.pdf)8.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O baclofeno (Lioresal®) possui indicação em bula para o tratamento da espasticidade dos músculos esqueléticos na esclerose múltipla. Tratamento dos estados espásticos nas mielopatias de origem infecciosa, degenerativa, traumática, neoplásica ou desconhecida, por exemplo: paralisia espinal espasmódica, esclerose lateral amiotrófica, siringomielia, mielite transversa, paraplegia ou paraparesia traumática e compressão do cordão medular; espasmo muscular de origem cerebral, assim como decorrentes de acidentes cerebrovasculares ou na presença de doença cerebral degenerativa ou neoplásica9.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Baclofen® - comprimido – 10 mg – embalagem com 20.
Lioresal® - comprimido – 10 mg – embalagem com 20.
Baclon® - comprimido – 10 mg – embalagem com 20.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 13/02/2019.
*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 13/02/2019.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não.Quanto custa o tratamento com Baclofeno?
Considerando a dose recomendada em bula de 15 mg ao dia, preferencialmente dividida em 2 a 4 doses, o custo mensal estimado para o tratamento com baclofeno foi de R$ 38,73. O valor foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% do medicamento de referência, segundo ANVISA10.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar espasticidade muscular na esclerose múltipla?
Sim, são disponibilizados os medicamentos apresentados na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Ácido
acetilsalicílicoComprimido 500 mg Ácido valproico Cápsula ou
comprimido
Solução oral ou xarope250mg e 500mg
50mg/mlAmitriptilina Comprimido 25mg e 75mg Carbamazepina Comprimido
Suspensão oral200mg e 400mg
20mg/mlClormipramina Comprimido 10mg e 25mg Codeína Solução oral
Ampola
Comprimido33mg/ml
30mg/ml
30mg e 60mgDipirona Comprimido
Solução oral500mg
200mg/mlFenitoína Comprimido
Suspensão oral100mg
20mg/mlGabapentina Cápsulas 300 mg e 400 mg Ibuprofeno Comprimido
Solução oral200mg e 300mg
50mg/mlMetadona Comprimido
Ampola5mg e 10mg
10mg/mlMorfina Ampola
Solução oral
Comprimido10mg/ml
10mg/ml
10mg e 30mgMorfina LC Cápsula de liberação
controlada30mg, 60mg e
100mgNortriptilina Cápsula 10mg, 25mg, 50mg
e 75mgParacetamol Comprimido
Solução oral500mg
200mg/mlO financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento1.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosa, conforme PCDT2.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Não, até a presente data, não foi protocolada, na CONITEC, demanda para analisar a incorporação, ao SUS, do baclofeno para tratamento da espasticidade muscular na esclerose múltipla ou para outras condições clínicas, seja pelo laboratório fabricante ou por outros demandantes. Ressalta-se que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou empresa (produtora da tecnologia ou não), pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à CONITEC, desde que cumpra as exigências legais impostas pelo Decreto nº 7.646 de 2011.
Mais informações em: http://conitec.gov.brO que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Revisão Sistemática avaliou a eficácia e a segurança dos relaxantes musculares esqueléticos para espasticidade e condições musculoesqueléticas. Um total de 101 ensaios clínicos randomizados e quatro revisões sistemáticas foram incluídos nesta revisão. Esses ensaios clínicos não foram classificados com boa qualidade metodológica e houve pouca evidência de avaliação rigorosa de eventos adversos nos estudos. Os resultados apontaram que a tizanidina foi eficaz em comparação com placebo em pacientes com espasticidade (principalmente associada a esclerose múltipla, dor nas costas e dor no pescoço). Baclofeno e tizanidina foram semelhantes para os desfechos de eficácia em pacientes com espasticidade, sendo a evidência insuficiente para determinar a eficácia de dantroleno quando comparado com baclofeno ou tizanidina. Embora a taxa global de eventos adversos entre tizanidina e baclofeno seja semelhante, a tizanidina foi associada a maior frequência de boca seca e o baclofeno com maior fraqueza. São necessários mais estudo com baclofeno para elucidar sobre os possíveis benefícios no tratamento da espasticidade muscular na esclerose múltipla11.Referências bibliográficas
1 Rizzo MA, Hadjimichael OC, Preiningerova J, Vollmer TL. Prevalence and treatment of spasticity reported by multiple sclerosis patients. Mult Scler. 2004 Oct;10(5):589-95. PubMed PMID: 15471378.
2 Otero-Romero S, Sastre-Garriga J, Comi G, Hartung HP, Soelberg Sørensen P,Thompson AJ, Vermersch P, Gold R, Montalban X. Pharmacological management of spasticity in multiple sclerosis: Systematic review and consensus paper. Mult Scler. 2016 Oct;22(11):1386-1396. Epub 2016 May 19. Review. PubMed PMID:27207462.
3 Barnes MP, Kent RM, Semlyen JK, McMullen KM. Spasticity in multiple sclerosis. Neurorehabil Neural Repair. 2003 Mar;17(1):66-70. PubMed PMID: 12645447
4 NICE. The National Institute for Health and Care Excellence. Multiple sclerosis in adults: management. Clinical guideline. Published: 8 October 2014. Disponível em: .
5 Milinis K, Tennant A, Young CA; TONiC study group. Spasticity in multiple sclerosis: Associations with impairments and overall quality of life. Mult Scler Relat Disord. 2016 Jan; 5:34-9. doi: 10.1016/j.msard.2015.10.007. Epub 2015 Oct 22. PubMed PMID: 26856941.
6 Stevenson VL, Gras A, Bárdos JI, Broughton J. The high cost of spasticity in multiple sclerosis to individuals and society. Mult Scler. 2015 Oct;21(12):1583-92. doi: 10.1177/1352458514566416. Epub 2015 Jan 26. PubMed PMID:25623252.
7 BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria conjunta nº 2, de 29 de maio de 2017. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes
Terapêuticas de Espasticidade. Brasília: Ministério da Saúde, 2017. Disponível em: http: http://conitec.gov.br/images/Protocolos/Protocolo_Uso/Portaria_SAS-SCTIE_2_PCDT_Espasticidade_29_05_2017.pdf Acesso em: 22/12/2018.
8 BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 391, de 5 de maio de 2015. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Esclerose Múltipla. Disponível em: < http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2015/maio/06/PCDT-Esclerose-Multipla-06-05-2015.pdf >. Acesso em: 22/12/2018
9 Baclofeno. Bula de medicamento. União Química Farmacêutica Nacional S.A. Farm. Resp.: Florentino de Jesus Krencas Disponível em:http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=22945472017&pIdAnexo=10298650 Acesso em 20/02/2019.
10 Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 22/03/2019.
11 Chou R, Peterson K, Helfand M. Comparative efficacy and safety of skeletal muscle relaxants for spasticity and musculoskeletal conditions: a systematic review. J Pain Symptom Manage. 2004 Aug;28(2):140-75. -
Bamifilina para asma :: Maio/2018
Data de elaboração: Maio/2018 Data de publicação: Maio/2018 O que é Asma?
A asma é uma doença caracterizada pela inflamação crônica das vias aéreas. É clinicamente definida pela história de sintomas respiratórios, como sibilo (ruído semelhante a um assobio), falta de ar, aperto no peito e tosse, que variam ao longo do tempo e na intensidade, juntamente com limitação do fluxo aéreo expiratório variável1. É uma doença que não possui cura, mas as suas manifestações clínicas e funcionais podem ser controladas com medicamentos e ao se evitar os fatores que desencadeiam as crises. A falta de adesão ou o uso inapropriado dos medicamentos, todavia, podem provocar a morte2,3.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Asma?
Sim. O SUS oferece uma estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Asma (http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2014/julho/22/PT-SAS-N---1317-alterado-pela-603-de-21-de-julho-de-2014.pdf)4.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. A bamifilina possui indicação em bula para o tratamento para bronquite asmática, doença pulmonar obstrutiva crônica com um componente espástico e para bronquites asmatiformes5.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Bamifix® - drágeas de 300 mg e 600 mg*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 16/02/2018.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não, a bamifilina não consta na RENAME.Quanto custa o tratamento com Bamifilina?
Considerando a dose recomendada em bula, de 300 mg ou 600 mg duas vezes ao dia, para adultos, o custo mensal estimado para tratamento com bamifilina é de R$ 55,29 e R$ 87,90 respectivamente. A dose recomendada para crianças acima de 5 anos também é de 300 mg duas vezes ao dia, com custo mensal estimado de R$ 55,29. O custo foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% do medicamento de referência, segundo ANVISA6.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Asma?
Sim, são disponibilizados os medicamentos apresentados na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Beclometasona cápsula ou pó inalante
cápsula ou pó inalante
aerossol ou spray
aerossol ou spray200 mcg
400 mcg
50 mcg
250mcgBudesonida cápsula ou pó inalante
cápsula ou pó inalante
aerossol bucal20mcg
400 mcg
200 mcgFenoterol aerossol 100mcg Formoterol cápsula ou pó inalante 1mcg Formoterol + budesonida cápsula ou pó inalante
cápsula ou pó inalante12 mcg/40 mcg
6 mcg/200mcgSalbutamol aerossol
solução inalante100 mcg
5 mg/mlSalmeterol aerossol bucal ou pó inalante 50mcg Prednisona comprimido 5 mg
20 mgPrednisolona solução oral 1 mg/ml
3 mg/mlO financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento1.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosa, conforme PCDT2.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Até a presente data, não foi protocolada na CONITEC demanda para a incorporação de bamifilina para tratamento de qualquer condição clínica, seja pelo laboratório fabricante ou por qualquer outro demandante. Ressalta-se que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde, sociedade de especialidade ou a empresa produtora do medicamento, pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à CONITEC, desde que cumpra as exigências legais.
Mais informações em: http://conitec.gov.br/faca-sua-proposta-de-incorporacaoO que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Em busca por evidências científicas que pudessem embasar o uso da bamifilina no tratamento da asma, não foram localizadas evidências científicas que comprovem maior benefício da bamifilina em relação aos medicamentos disponíveis no SUS para o tratamento da asma, bem como não foram encontrados estudos relacionados a eficácia e segurança para o tratamento da bamifilina a longo prazo.Referências bibliográficas
1 GINA - GLOBAL INITIATIVE FOR ASTHMA. Global Strategy for Asthma Management and Prevention, 2016.Disponível em: www.ginasthma.org Acesso em: 22/02/2018.
2 WORLD HEALTH ORGANIZATION. Fact sheet on Asthma.Fact sheet N°307.May 2011. Disponível em: http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs307/en/index.html Acesso em: 22/02/2018.
3 Vigilância global, prevenção e controlo das doenças respiratórias crónicas: uma abordagem integradora /editores: Jean Bousquetand Nikolai Khaltaev. World Health Organization 2007. Disponível em: http://whqlibdoc.who.int/publications/2007/9789726751830_por.pdfAcesso em: 22/02/2018.
4 BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 1.317, de 25 de novembro de 2013. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Asma. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. Disponível em:http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2014/julho/22/PT-SAS-N---1317-alterado-pela-603-de-21-de-julho-de-2014.pdf Acesso em: 22/02/2018.
5 CLORIDRATO DE BAMIFILINA. Bula de medicamento. Chiesi Farmacêutica Ltda. Farm. Resp.
6 Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 19/02/2018. -
Belatacepte para profilaxia de rejeição de órgãos em pacientes que recebem transplante de rim :: Maio/2019
Data de elaboração: Maio/2019 Data de publicação: Maio/2019 O que é Profilaxia de rejeição de órgãos em pacientes que recebem transplante de rim?
O transplante, também chamado de transplantação, é a transferência de órgãos (ou de células e tecidos) de uma pessoa (doador) para outra pessoa (receptor). No transplante renal, um rim saudável de uma pessoa viva ou falecida é doado a um paciente portador de alguma insuficiência renal avançada. O transplante renal é uma opção de tratamento para os pacientes com insuficiência renal crônica terminal (IRCT). A doença se caracteriza pela perda lenta, progressiva e irreversível da função dos rins e tem como causas principais a hipertensão arterial e o diabetes mellitus (DM). O aumento mundial no número de pessoas com doença renal tem alcançado proporções epidêmicas nas últimas décadas e a sobrevida dos pacientes com IRCT está condicionada à utilização de terapias renais substitutivas (TRS) (hemodiálise, diálise peritoneal ou transplante renal)1,2. O transplante renal é considerado a melhor alternativa dentre as TRS, uma vez que oferece melhor sobrevida e qualidade de vida aos pacientes, pois garante mais benefícios em saúde e liberdade na rotina diária. Além de ser mais custo-efetivo do que as diálises3. Uma grande limitação observada nos transplantes é a rejeição (quando o organismo do indivíduo não aceita o órgão, rejeitando-o)3. Para evitar a rejeição é necessário usar a medicação imunossupressora por toda a vida, que ajudará a “confundir” o sistema imunológico para que este não rejeite o órgão transplantado.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Profilaxia de rejeição de órgãos em pacientes que recebem transplante de rim?
Sim. O SUS oferece estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Imunossupressão no transplante renal. (http://conitec.gov.br/images/Protocolos/Imunossupressao_TransplanteRenal.pdf)4.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Não. O belatacepte (Nulojix®) não possui registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Considerando os registros da Agência Europeia de Medicamentos (EMA), o belatacepte é indicado para a profilaxia da rejeição aguda do enxerto em adultos após transplante renal (ver secção 5.1 para dados sobre função renal)5.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Nulojix® - pó para concentrado para solução para perfusão - 250 mg.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 22/01/2019.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não.Quanto custa o tratamento com Belatacepte?
Tendo em vista que este medicamento ainda não possui registro na ANVISA, não é comercializado no Brasil e não está precificado pela CMED6, não sendo possível calcular o custo do tratamento.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Profilaxia de rejeição de órgãos em pacientes que recebem transplante de rim?
Sim, são disponibilizados os medicamentos apresentados na tabela abaixo, de acordo com o PCDT4:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Azatioprina Comprimido 50 mg Basiliximabe Solução injetável 20 mg Ciclosporina Solução injetável 50 mg Everolimo Comprimido 0,5 mg
0,75 mg
1 mgImunoglobulina antitimócito Solução injetável 25 mg
100 mg
200 mgImunoglobulina humana Solução injetável 180 - 200 UI/mL Metilprednisolona Solução injetável 500 mg Micofenolato de mofetila Comprimido 500 mg Micofenolato de sódio Comprimido 180 mg
360 mgMuromonabe Solução injetável 5 mg Prednisolona Comprimido 500 mg Prednisona Comprimido 5 mg
20 mgSirolimo Drágea 1 mg
2 mgTacrolimo Cápsula 1 mg
5 mgO financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento1.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosa, conforme PCDT2.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Não é possível avaliação pela CONITEC para a incorporação ao SUS visto que a tecnologia não cumpre as exigências legais impostas pelo Decreto nº 7.646 de 2011, já que não possui registro na ANVISA.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Ensaio clínico randomizado multicêntrico avaliou a eficácia e a segurança do belatacepte frente à ciclosporina, em pacientes adultos que receberam transplante de rim. Foi relatado para os regimes de belatacepte mais intensivo e menos intensivo em comparação com o regime de ciclosporina, uma redução de 43% no risco de óbito ou perda de enxerto. Também se observou que belatacepte apresentou melhor função do enxerto. As frequências cumulativas de eventos adversos graves para o tratamento com o belatacepte mais intensivos e menos intensivos e para a ciclosporina foram de 70,8%, 68,6% e 76,0%, respectivamente. As infecções graves foram os eventos adversos mais comuns em cada grupo de tratamento. No final de sete anos, para os pacientes em uso de belatacepte mais intensivo, belatacepte menos intensivo e ciclosporina, as taxas de óbito foram de 9,2%, 8,2% e 14,4% e as estimativas para as taxas de perda de enxerto foram de 4,7%, 5,4% e 9,8%, respectivamente. As razões de risco de perda de enxerto na comparação entre belatacepte (mais intensivo e menos intensivo) não apresentaram diferenças estatisticamente significantes frente à ciclosporina7. Outro estudo, de revisão sistemática com meta-análise, comparou a eficácia relativa do belatacepte versus inibidores da calcineurina (CNI) para prevenir a rejeição aguda, a manutenção da função do transplante renal e a prevenção do óbito. Os autores relataram que até três anos após o transplante, os receptores tratados com belatacepte e os tratados com os inibidores da calcineurina apresentaram risco similar de óbito. Entretanto, os pacientes tratados com belatacepte apresentaram menor pressão arterial, melhor perfil lipídico (não HDL e triglicérides) e redução na incidência de diabetes em comparação com os pacientes tratados com inibidores da calcineurina8.Referências bibliográficas
1Kidney Disease: Improving Global Outcomes (KDIGO). KDIGO 2012 clinical practice guideline for the evaluation and management of chronic kidney disease. Kidney Int Suppl 2013; 3: 1. Disponível em: .
2Sesso RC, Lopes AA, Thomé FS, Lugon JR, Martins CT. Brazilian Chronic Dialysis Census 2014. J Bras Nefrol. 2016 Mar;38(1):54 61. doi:10.5935/0101-2800.20160009.
3Machnicki G, Seriai L, Schnitzler MA. Economics of transplantation: a review of the literature. Transplantation reviews. 2006 Apr; 20 (2): 61 75. doi: 10.1016/j.trre.2006.05.001.
4BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria SAS/MS nº 712, de 13 de agosto de 2014, republicada em 14 de agosto de 2014. Imunossupressão no transplante renal. Brasília: Ministério da Saúde, 2014. Disponível em: http: http://conitec.gov.br/images/Protocolos/Imunossupressao_TransplanteRenal.pdf Acesso em: 14/02/2019.
5BELATACEPTE. Registro de medicamento. Agência Européia de Medicamento (EMA). Disponível em: http://ec.europa.eu/health/documents/community-register/2018/20180205139997/anx_139997_pt.pdf
6Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 22/10/2018.
7Vincenti F, Rostaing L, Grinyo J, Rice K, Steinberg S, Gaite L, Moal MC, Mondragon-Ramirez GA, Kothari J, Polinsky MS, Meier Kriesche HU, Munier S, Larsen CP. Belatacept and Long-Term Outcomes in Kidney Transplantation. N Engl J Med. 2016 Jan 28;374(4):333-43. doi: 10.1056/NEJMoa1506027.
8Masson P, Henderson L, Chapman JR, Craig JC, Webster Belatacept for kidney transplant recipients. Cochrane Database Syst Rev2014 Nov 24;(11):CD010699. doi: 10.1002/14651858.CD010699.pub2. -
Benralizumabe para tratamento da asma eosinofílica :: Julho/2023
Data de elaboração: Julho/2023 Data de publicação: Julho/2023 O que é a asma eosinofílica?
A asma é uma doença inflamatória crônica das vias aéreas inferiores que se caracteriza, clinicamente, por aumento da responsividade dessas vias a diferentes estímulos, com consequente obstrução ao fluxo aéreo, de forma recorrente e, tipicamente, reversível. O controle da asma compreende dois aspectos: o controle das limitações clínicas atuais (o mínimo de sintomas durante o dia, a ausência de sintomas à noite, a necessidade reduzida de medicamentos de alívio dos sintomas e a ausência de limitação das atividades físicas) e a redução de riscos futuros (exacerbações, a perda acelerada da função pulmonar e os efeitos adversos do tratamento).Com base nesses parâmetros, a asma pode ser classificada em controlada, parcialmente controlada e não controlada. Os fenótipos mais comuns da asma são: i) asma alérgica - geralmente começa na infância e está associada a uma história passada ou familiar de doença alérgica (como eczema, rinite alérgica ou alergia a alimentos ou medicamentos) com inflamação eosinofílica das vias aéreas; ii) asma não alérgica - ocorre em alguns adultos e o perfil celular pode ser neutrofílico, eosinofílico ou conter apenas algumas células inflamatórias (paucigranulocíticas); iii) asma de início tardio (ocorre pela primeira vez na vida adulta e, geralmente, os pacientes são refratários ao tratamento com corticosteroides); iv) asma com limitação do fluxo de ar (remodelação da parede das vias aéreas); e v) asma com obesidade. Segundo dados de 2008 do DATASUS, a asma foi a 3ª causa de internação hospitalar pelo Sistema Único de Saúde (SUS), com cerca de 300.000 hospitalizações naquele ano. Em 2013, ocorreram 129.728 internações e 2.047 mortes por asma no Brasil. Em 2018, o número de internações foi de aproximadamente 87.000. A prevalência de sintomas de asma entre adolescentes no Brasil está entre as mais altas do mundo. Um estudo mostrou uma prevalência média de broncoespasmo nessa população de aproximadamente 20%, semelhante ao reportado em uma publicação da Organização Mundial da Saúde para adultos de 18 a 45 anos de 70 países, que indicou que 23% dos brasileiros tiveram sintomas de asma. Apenas 12% da amostra tinha diagnóstico clínico dessa doença1.
Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde (SUS) para tratar a asma eosinofílica?
Sim. O SUS oferece estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Asma, publicado por meio da Portaria Conjunta SAES/SCTIE nº 14, de 24 de agosto de 2021. Este documento inclui o conceito geral da asma, critérios de diagnóstico, critérios de inclusão e de exclusão, tratamento e mecanismos de regulação, controle e avaliação1.A tecnologia possui registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)?
Sim. O medicamento benralizumabe foi registrado na Anvisa em junho de 2018, sob a marca comercial Fasenra®. Conforme bula, é indicado como tratamento adjuvante de manutenção para asma grave com fenótipo eosinofílico em pacientes adultos2.Possui biossimilar?
Não3.Quais são as marcas do medicamento disponível no mercado?
Fasenra® - seringa preenchida – solução injetável 30 mg/mL – seringa de 1 mL.*Medicamento disponível no mercado de acordo com a lista CMED3, publicada em 04/07/2023, atualizada em 14/07/2023.
O benralizumabe está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename)?
Não, de acordo com consulta realizada à Rename4, em 24/07/2023.Quanto custa o tratamento com benralizumabe?
Considerando a dose recomendada de 30 mg por injeção subcutânea a cada 4 semanas nas três primeiras doses e a partir de então, a cada 8 semanas, o custo mensal inicial estimado foi de R$ 14.785,91. O valor foi calculado considerando o Preço Fábrica (PF) e a alíquota de 17% em relação ao Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS), segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED/Anvisa3, pois esse medicamento não consta na lista com aplicação do desconto do Coeficiente de Adequação de Preços (CAP) ou com isenção de ICMS.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar a asma eosinofílica?
Sim, de acordo com o PCDT da Asma1, o objetivo do tratamento é atingir e manter o controle da doença, que é definido como a intensidade com que as suas manifestações são suprimidas pelo tratamento. Os medicamentos preconizados para asma são:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Beclometasona cápsula ou pó inalante
aerossol ou spray bucal200 e 400 mcg
50 e 250 mcgBudesonida cápsula inalante
pó inalante ou aerossol bucal
200 e 400 mcg
200 mcg
Fenoterol Aerosol
100 mcg
Formoterol cápsula ou pó inalante
12 mcg
Formoterol + budesonida cápsula ou pó inalante
12 mcg/400 mcg e 6 mcg/200 mcg
Salbutamol aerosol
solução inalante
100 mcg
5 mg/mL
Salmeterol pó para inalação
50 mcg
Prednisona comprimido
5 e 20 mg
Prednisolona solução oral
1 mg/mL e 3 mg/mL
Omalizumabe* pó para solução injetável
150 mg + 2 mL (diluente)
Mepolizumabe pó para solução injetável
100 mg ou caneta aplicadora
*De acordo com a fabricante do medicamento omalizumabe, estima-se que, a partir de setembro de 2022, a produção mundial da apresentação pó liofilizado para solução injetável, incorporado e padronizado na Rename, seja descontinuada e, sendo assim, a partir de dezembro de 2022 somente a apresentação em solução injetável em seringa preenchida estará disponível no Brasil. Assim, os membros da Conitec, durante a 113ª Reunião Ordinária, no dia 06/10/2022, recomendaram, por unanimidade, a incorporação da apresentação de solução injetável em seringa preenchida de 150 mg/mL do omalizumabe.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) já avaliou a tecnologia para esta condição clínica?
Sim, a Conitec avaliou benralizumabe e o mepolizumabe para o tratamento da asma eosinofílica grave refratária em pacientes com idade de 18 anos ou mais. Durante a 97ª Reunião Ordinária, realizada no dia 06 de maio de 2021, os membros presentes deliberaram, por unanimidade, recomendar a não incorporação do benralizumabe para o tratamento de pacientes com asma eosinofílica grave refratária. Considerou-se que “As evidências existentes na literatura até o momento são, em geral, de boa qualidade e indicam que os bloqueadores de IL-5 são eficazes na redução dos episódios de agudização da asma e no número de internações hospitalares. [...]embora ambos tenham efetividade superior ao tratamento disponível no SUS, eles são mais onerosos, resultando em RCEI positiva (R$ 83.151,91 para benralizumabe e de R$ 18.910,74 para mepolizumabe por episódio de exacerbação com necessidade de hospitalização evitado)5. O documento técnico foi encaminhado ao então Secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde do Ministério da Saúde, que ratificou a recomendação e publicou a Portaria SCTIE/MS nº 22/2021, no Diário Oficial da União (DOU) nº 103, de 02/06/2021, Seção 1, pág. 118.O que a literatura científica relata sobre o uso dessa tecnologia para asma eosinófila?
Park et al (2016)6 publicaram um ensaio clínico de fase 2a, randomizado, duplo-cego, controlado por placebo, multicêntrico, cujo objetivo principal foi avaliar o efeito do benralizumabe nas exacerbações em adultos com asma eosinofílica com mau controle e que estivessem utilizando uma dose média/alta de corticoide inalatório e β2-agonista de longa duração (LABA). A Taxa de Exacerbação Anual (TEA) foi reduzida em 33%, 45% e 36% em relação ao grupo placebo quando tratados com 2 mg, 20 mg ou 100 mg de benralizumabe, respectivamente. No subgrupo com contagem de eosinófilos no sangue ≥ 300 células/mL, a exacerbação foi reduzida em 61%, 61% e 40% em relação ao grupo placebo com os tratamentos de 2 mg, 20 mg ou 100 mg de benralizumabe, respectivamente. O tempo médio para a primeira exacerbação da asma foi de 152 dias no grupo placebo, 204 dias no grupo 2 mg, 281 dias no grupo 20 mg e ‘não-aplicável’ no grupo de 100 mg. O escore médio do Asthma Control Questionnaire - 6 (ACQ-6) diminuiu mais rapidamente nos grupos benralizumabe comparado ao placebo. A redução média do escore, indicada por um decréscimo ≥ 0,5 foi observada a partir da semana 8 em diante no grupo 2 mg e da semana 4 nos grupos usando 20 mg e 100 mg. Foram relatados eventos adversos em mais de 90% dos pacientes avaliados. Os efeitos adversos que ocorreram em 30% ou mais dos sujeitos no grupo benralizumabe foram nasofaringite, reação no local da injeção e infecção de via aérea superior. Nasofaringite e infecção do trato respiratório superior foram reportadas em mais de 30% dos indivíduos no grupo placebo.O estudo SIROCCO, de Bleecker et al (2016)7 avaliou pacientes com asma eosinofílica que apresentavam uma taxa ≥ 300 eosinófilos/mL. Trata-se de um ensaio com três grupos controlados por placebo, dois grupos utilizaram o benralizumabe 30 mg, um a cada quatro semanas (Q4W) outro a cada oito semanas (Q8W- sendo as primeiras três doses a cada quatro semanas). O desfecho primário foi a TEA. Os dois regimes de dosagem de benralizumabe diminuíram significativamente a TEA da asma em comparação com o placebo na semana 48. Para o grupo Q4W, a razão de taxas versus placebo foi de 0,55 (IC de 95%: 0,42 a 0,71; p < 0,0001) e para o grupo Q8W foi 0,49 (IC de 95%: 0,37 a 0,64; p < 0,0001). Os sintomas da asma foram melhorados pelo regime Q8W (diferenças médias dos mínimos quadrados – DMMQ – 0,25; IC de 95%: – 0,45 a –0,06), mas não pelo regime Q4W (DMMQ – 0,08; IC de 95%: - 0,27 a 0,12). Foi observada uma melhora na qualidade de vida no benralizumabe Q8W em comparação ao placebo na pontuação do Asma Quality of Life Questionnaire - AQLQ(S)+12, uma melhora média de 0,30 (IC de 95%: 0,10 a 0,50; p = 0,0036), porém os resultados para o benralizumabe Q4W não foram significativos (p = 0,0811). O grupo que utilizou benralizumabe Q8W teve uma redução nas exacerbações de asma associadas às idas a emergências ou internações hospitalares; a razão das taxas foi 0,37 (IC de 95%: 0,20 a 0,67; p = 0,0010), já para o grupo Q4W estes valores foram 0,61 (0,37 a 1,01; p = 0,0529). Ambos os regimes posológicos melhoraram a função pulmonar avaliada pelo Volume Expiratório Forçado no Primeiro Segundo (VEF1) nos pacientes na semana 48 (quando comparados com o valor basal) em relação àqueles do grupo placebo, a alteração encontrada foi: grupo Q4W 0,106 L (IC de 95%: 0,016 a 0,196; p = 0,0215) e grupo Q8W 0,159 L (IC de 95%: 0,068 a 0,249; p = 0,0006). A porcentagem dos eventos adversos durante o período de tratamento foi semelhante em pacientes que receberam benralizumabe n = 574 de 797 (72%) ou placebo n = 311 de 407 (76%). Os eventos adversos mais comuns em pacientes tratados com benralizumabe foram piora da asma n = 105 (13%), nasofaringite n = 93 (12%) e infecção de via aérea superior n = 76 (10%). Os efeitos adversos graves foram também semelhantes nos pacientes que receberam benralizumabe n = 99 (12%) ou placebo n = 55 (14%). O efeito grave mais frequente em todos os grupos de pacientes foi a piora da asma n = 31 (8%) no grupo placebo versus n = 22 (5%) no benralizumabe Grupo Q4W versus n = 24 (6%) no grupo benralizumabe Q8W.
Referências bibliográficas
1 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Especializada à Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Portaria Conjunta nº 14, de 24 de agosto de 2021. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Asma. [portaria na internet]. Diário Oficial da União 27 de agosto de 2021.2 Nucala. [Bula]. Brasil: GlaxoSmithKline do Brasil Ltda.
3 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Medicamentos. Câmera de Regulação do Mercado de Medicamentos. Listas de Preços de Medicamentos [Acesso em 24 jul 2023]. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/cmed/precos.
4 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2022. Brasília: Ministério da Saúde; 2022 [Acesso em 24 jul 2023]. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/20220128_rename_2022.pdf.
5 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação nº 613, de maio 2021. Benralizumabe e mepolizumabe no tratamento da asma eosinofílica grave refratária em pacientes com idade de 18 anos ou mais. [Acesso em 24 jul 2023]. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/2021/20210602_relatorio_613_benralizumabe_mepolizumabe_asma_grave_p_22.pdf.
6 Park H-S, Kim M-K, Imai N, Nakanishi T, Adachi M, Ohta K, et al. A Phase 2a Study of Benralizumab for Patients with Eosinophilic Asthma in South Korea and Japan. Int Arch Allergy Immunol. 2016;169(3):135–45.
7 Bleecker ER, FitzGerald JM, Chanez P, Papi A, Weinstein SF, Barker P, et al. Efficacy and safety of benralizumab for patients with severe asthma uncontrolled with high-dosage inhaled corticosteroids and long-acting β(2)-agonists (SIROCCO): a randomised, multicentre, placebo-controlled phase 3 trial. Lancet (London, England). 2016 Oct;388(10056):2115–27.
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Beta-agalsidase para doença de Fabry :: Maio/2021
Data de elaboração: Maio/2021 Data de publicação: Maio/2021 O que é doença de Fabry?
A doença de Fabry é uma condição genética rara em que a enzima lisossômica α-galactosidase A (αGal-A) apresenta atividade reduzida ou ausente, causando o acúmulo dos substratos da enzima no organismo, principalmente na forma de globotriaosilceramida (GL-3 ou Gb3). O acúmulo da Gb3 pode ocorrer em qualquer célula, provocando danos e sintomas diversos, mas principalmente relacionados aos sistemas nervoso, renal, cardíaco e gastrointestinal. Os sinais e sintomas do tipo clássico da doença aparecem ainda na infância, incluindo angioqueratomas, dores neuropáticas, dores abdominais e dores nas extremidades, redução do suor (hipoidrose ou anidrose), baixa tolerância ao calor ou frio, diarreia e disfunção intestinal. Na vida adulta, a evolução da doença pode acarretar insuficiência renal e cardíaca, sendo responsáveis pela morbidade e redução da expectativa de vida dos pacientes. Em decorrência tanto das alterações físicas quanto suas repercussões psicológicas, pacientes com doença de Fabry apresentam importante impacto negativo em sua qualidade de vida. O gene da αGAL-A localiza-se no cromossomo X, afetando homens e mulheres de formas e graus diferentes. Homens que não apresentam atividade da enzima αGal-A são classificados como do tipo clássico da doença, enquanto homens com atividade residual da enzima são considerados não-clássicos, atípicos ou de início tardio. A apresentação da doença em mulheres assemelha-se ao fenótipo masculino de início tardio, com sintomas e implicações fisiológicas mais brandas. A prevalência média da doença de Fabry é estimada em 1 a cada 100.000 pessoas, embora estudos de triagem neonatal tenham encontrado prevalências de até 1 em cada 1.500 homens. Não há informações de prevalência da doença de Fabry no Brasil. O diagnóstico é feito por meio da mensuração da atividade da enzima αGal-A no plasma em pacientes do sexo masculino e por meio de genotipagem em pacientes do sexo feminino. No âmbito do SUS, o diagnóstico é realizado por meio de procedimentos para identificação de erros inatos do metabolismo. Estudos demonstram que os pacientes são diagnosticados normalmente após os 30 anos de idade e eventos renais, cardiovasculares e cerebrovasculares ocorreram nesses pacientes nas idades médias de 37, 47 e 44 anos, respectivamente, na ausência de terapia de reposição enzimática (TRE)1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar doença de Fabry?
Não. Atualmente, no âmbito do SUS, não há uma estratégia específica para o tratamento da doença de Fabry. Todavia, em acordo com a Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doenças Raras (Portaria GM/MS nº 1992, de 30 de janeiro de 2014), que objetivou estabelecer critérios e prioridades para a elaboração de PCDT em Doenças Raras no SUS, está incluída a elaboração de PCDT para a doença de Fabry. Dessa forma, após reunião de escopo, e após análise pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde – Conitec, de tecnologias medicamentosas para tratamento da doença de Fabry, foram propostas as Diretrizes Brasileiras para Diagnóstico e Tratamento da Doença de Fabry. As referidas Diretrizes foram apresentadas na 5ª Reunião Extraordinária3 da Comissão, realizada nos dias 12 e 13 de maio de 2021 e os membros presentes deliberaram preliminarmente que o tema fosse encaminhado para consulta pública com parecer favorável à aprovação das Diretrizes. O objetivo do documento é fornecer subsídios para a equipe de saúde para o gerenciamento da doença de Fabry, desde o diagnóstico, tratamento e monitoramento da doença no SUS e para o apoio aos pacientes com o diagnóstico e seus cuidadores.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. A beta-agalsidase, sob o nome comercial Fabrazyme®, é indicada para o uso no tratamento de longo prazo da reposição enzimática em pacientes com diagnóstico confirmado de doença de Fabry e foi registrado pela Anvisa em abril de 20054.Possui biossimilar?
Não5.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Fabrazyme® 35mg – Pó liofilizado para solução injetável.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED5 de 11/05/2021.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não, de acordo com consulta realizada à Rename6, em 24/05/2021.Quanto custa o tratamento com Beta-agalsidase?
Para a TRE com beta-agalsidase, a dose recomendada em bula é de 1,0mg do medicamento por quilo de peso corporal, o que representa 70mg (2 frascos) para um indivíduo com peso médio de 70Kg administrado a cada 2 semanas como uma infusão intravenosa (IV). O custo estimado por aplicação foi de R$ 27.823,58 e o custo mensal de R$ 55.647,16. Os valores foram calculados considerando-se o Preço Fábrica (PF) estabelecido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a alíquota de 18% em relação ao ICMS do medicamento de referência Fabrazyme®, segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED/Anvisa5.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar doença de Fabry?
Não. Conforme já informado, atualmente, no âmbito do SUS, não há uma estratégia específica para o tratamento da doença de Fabry. Todavia, as Diretrizes Brasileiras para Diagnóstico e Tratamento da Doença de Fabry foram apresentadas na 5ª Reunião Extraordinária3 da Comissão, realizada nos dias 12 e 13 de maio de 2021 e os membros presentes deliberaram preliminarmente que o tema fosse encaminhado para consulta pública com parecer favorável à aprovação das Diretrizes. A consulta pública ficará aberta por 20 dias, permitida a redução para 10 dias em caso de urgência na análise da matéria, conforme dispõe do Decreto nº 7.646/20117. Após o período da consulta pública, as contribuições recebidas da sociedade serão compiladas e o tema retornará ao Plenário da Conitec para emissão de parecer conclusivo. A decisão final é dada pelo Secretário da SCTIE/MS.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, a Conitec avaliou a beta-agalsidase para o tratamento da doença de Fabry em 2 momentos distintos. Primeiramente a beta-agalsidase foi avaliada em 2018 para tratamento da doença de Fabry. Durante a 70ª reunião ordinária, realizada no dia 29 de agosto de 2018, os membros da Comissão deliberaram, por unanimidade, recomendar a não incorporação no SUS do alfagalsidase e beta-agalsidase como terapia de reposição enzimática na doença de Fabry1. O documento técnico foi encaminhado ao Secretário da SCTIE/MS, que ratificou a recomendação e publicou a Portaria SCTIE/MS nº 76/2018, no Diário Oficial da União (DOU) nº 241, de 17/12/2018, Seção 1, pág. 76. Em 2020, a beta-agalsidase foi novamente avaliada pela Conitec para tratamento da doença de Fabry. Durante a 91ª reunião ordinária, realizada no dia 08 de outubro de 2020, os membros da Comissão deliberaram, por unanimidade, recomendar a não incorporação no SUS do medicamento alfagalsidase para terapia crônica de reposição enzimática em pacientes acima de 7 anos com diagnóstico confirmado de doença de Fabry e do medicamento beta-agalsidase para tratamento de longo prazo da reposição enzimática em pacientes acima de 16 anos com diagnóstico confirmado de Doença de Fabry, devido a: 1) não comprovação de interrupção da progressão da doença, 2) evidências limitadas quanto ao número de pacientes incluídos nos estudos clínicos comparativos, 3) evidências limitadas quanto ao tempo de acompanhamento dos pacientes nos estudos comparativos, 4) elevado impacto orçamentário que a incorporação representaria ao SUS1. O documento técnico foi encaminhado ao Secretário da SCTIE/MS, que ratificou a recomendação e publicou a Portaria SCTIE/MS nº 56/2020, no DOU nº 224, de 24/11/2020, Seção 1, pág. 65.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
As evidências para beta-agalsidase em pacientes com idade superior a 16 anos com doença de Fabry são baseadas em dois ensaios clínicos randomizados (ECR), quais sejam, os estudos de Eng (2001) e Banikazemi (2007). Os ECR, duplo-cegos, controlados por placebo, incluíram em conjunto 140 pacientes, sendo 12 do sexo feminino. Oitenta pacientes receberam beta-agalsidase 1mg/kg intravenosa a cada duas semanas e 60 pacientes receberam placebo. O estudo de Eng (2021) incluiu apenas pacientes com fenótipo clássico da doença de Fabry e teve acompanhamento de 20 semanas. O estudo de Banikazemi (2007) não forneceu informações sobre o fenótipo dos pacientes incluídos e o acompanhamento ocorreu por até 35 meses. O desfecho de sobrevida não foi mensurado pelos estudos incluídos. A qualidade de vida foi mensurada no estudo de Eng (2001) por meio do instrumento SF-36 que trata-se de um instrumento genérico para avaliação da qualidade de vida que contém 36 itens de avaliação de aspectos sobre: capacidade funcional, aspectos físicos, dor, estado geral da saúde, vitalidade, aspectos sociais, aspectos emocionais e saúde mental. Após 20 semanas de acompanhamento, os autores relataram que o grupo que recebeu beta-agalsidase apresentou melhora significativa nos componentes físico e emocional, enquanto os pacientes do grupo placebo tiveram melhora significativa nos componentes físico e dor. O instrumento original apresenta um escore de 0 a 100, com valores maiores representando melhor estado de saúde. Entretanto, a publicação de Eng (2001) não apresentou os resultados na forma de escore único, permitindo inferir que não foi identificada diferença entre os grupos. O desfecho de dor foi mensurado em ambos os estudos, por meio de instrumentos diferentes: McGill Pain Questionnaire que avalia, além da intensidade, as qualidades sensoriais, afetivas e avaliativas da dor, e o Brief Pain Inventory que avalia, adicionalmente, a interferência da dor na funcionalidade dos pacientes. Nos dois estudos não foi identificada diferença entre os grupos, em 20 semanas ou 24 meses de acompanhamento. Na avaliação da função renal, Eng e colaboradores (2001) não identificaram diferença na filtração glomerular após 20 semanas de acompanhamento. Com 35 meses de acompanhamento, e considerando os resultados obtidos na análise por intenção de tratar, Banikazemi (2007) também indicaram que não houve alteração no nível médio de creatinina sérica, filtração glomerular e proteinúria entre a avaliação inicial e a final nos dois grupos de tratamento. De forma semelhante, não foi identificada diferença entre os grupos para a ocorrência de desfechos cardíacos, como arritmia, angina e infarto do miocárdio, e cerebrovasculares, como AVC e ataque isquêmico transitório. Todos os desfechos de eficácia apresentaram evidência com certeza moderada devido à imprecisão de acordo com a metodologia GRADE. Os desfechos de segurança foram avaliados para a beta-agalsidase ao longo de 35 meses de acompanhamento, sem diferença entre os grupos para ocorrência de óbitos (OR 1,22; IC 95% 0,10 – 14,09) e eventos adversos graves (OR 1,14; IC 95% 0,44 – 2,95). Os desfechos de segurança também foram classificados com certeza moderada da evidência devido à imprecisão1.Referências bibliográficas
1 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação n°. 574, de out 2020. Alfagalsidase e Beta-agalsidase para o tratamento da Doença de Fabry. [Acesso em 24 mai 2021]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2020/Relatorio_Alfagalsidase_Betagalsidase_Doenca_de_Fabry_574_2020.pdf.
2 Brasil. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria nº 199, de 30 de janeiro de 2014. [Acesso em 24 mai 2021]. Disponível em:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2014/prt0199_30_01_2014.html.
3 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Pauta – 5ª Reunião Extraordinária da Conitec. [Acesso em 24 mai 2021]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Reuniao_Conitec/2021/20210513_Pauta_5_Extraordinaria_Pos.pdf.
4 Fabrazyme. [Bula]. Irlanda. Genzyme Ireland Ltd – Waterford, Irlanda.
5 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Medicamentos. Câmera de Regulação do Mercado de Medicamentos. Listas de Preços de Medicamentos [Acesso em 24 mai 2021]. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/cmed/precos/arquivos/lista_conformidade_gov_20210508_083345464_v3.pdf.
6 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2020. Brasília: Ministério da Saúde; 2020 [Acesso em 24 mai 2021]. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/relacao_medicamentos_rename_2020.pdf.
7 Brasil. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Decreto nº 7.646, de 21 de dezembro de 2011. Dispõe sobre a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde e sobre o processo administrativo para incorporação, exclusão e alteração de tecnologias em saúde pelo Sistema Único de Saúde - SUS, e dá outras providências. [Acesso em 24 mai 2021]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/decreto/d7646.htm. -
Betainterferona 1a para esclerose múltipla remitente recorrente (EMRR) :: Dezembro/2020
Data de elaboração: Setembro/2020 Data de publicação: Dezembro/2020 O que é Esclerose múltipla remitente recorrente (EMRR)?
A esclerose múltipla (EM) é uma doença crônica que afeta o sistema nervoso central, danificando o tecido que protege as células nervosas, chamado bainha de mielina, por meio de reações inflamatórias autoimunes1. A EM pode ser classificada de quatro formas: remitente-recorrente (EMRR), primariamente progressiva (EMPP), primariamente progressiva com surto (EMPP com surto) e secundariamente progressiva (EMSP). A forma mais comum da doença é a remitente-recorrente, que compreende cerca de 85 % dos casos de EM. Caracteriza-se por exacerbações seguidas por um grau variável de melhora do déficit neurológico, podendo ser completa ou evoluir com uma disfunção sintomática residual. Cerca de 50% das pessoas com EMRR irá desenvolver EMSP dentro de 10 anos de diagnóstico. Surtos e ataques agudos são as manifestações mais comuns. Os sintomas mais comuns são neurite óptica, paresia ou parestesia de membros, disfunções da coordenação motora e equilíbrio, mielites, disfunções esfincterianas e disfunções cognitivo-comportamentais, de forma isolada ou em combinação. A identificação da doença no início e o direcionamento imediato para o atendimento especializado dá à Atenção Básica um caráter essencial para um melhor resultado terapêutico e prognóstico dos casos2. Afeta principalmente pessoas jovens entre 20 e 50 anos, sendo mais comum em mulheres e em pessoas brancas. Segundo a Federação Internacional de Esclerose Múltipla, a doença atinge 2,3 milhões de pessoas em todo o mundo. A prevalência média global é de 33 casos por 100.000 habitantes variando muito entre os países. No Brasil, uma revisão sistemática mostrou uma prevalência variando de 1,36 por 100 mil habitantes na região nordeste a 27,2 por 100 mil na região sul, com uma prevalência média de 8,69 por 100 mil habitantes1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Esclerose múltipla remitente recorrente (EMRR)?
Sim. O SUS oferece estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Esclerose Múltipla. Este documento inclui critérios de diagnóstico, de inclusão e exclusão, casos especiais, tratamento, monitorização da doença e mecanismos de regulação, de controle e de avaliação pelo gestor, dentro do SUS2.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. A betainterferona 1a possui indicação em bula para o tratamento ambulatorial de pacientes com EMRR, caracterizada por no mínimo duas crises recorrentes de disfunção neurológica (surtos) nos últimos 3 anos, sem evidência de progressão contínua entre os surtos. Também é indicado para o tratamento de pacientes que tenham experimentado um único evento desmielinizante associado a um processo inflamatório ativo, grave o suficiente para justificar o tratamento com corticosteroides intravenosos, caso tenham sido excluídos os diagnósticos alternativos e apresentem um risco elevado de desenvolver EM clinicamente definida3.Possui biossimilar?
Sim4.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Avonex® - Solução Injetável – 30 mcg/0,5 mL – caneta preenchida. Embalagem com 4 canetas.
Rebif® - Solução injetável – 22 µg/0,5 mL e 44 µg/0,5 mL – seringa preenchida. Embalagem com 12 seringas.
Betainterferona 1a (biológico produzido pela Fiocruz) - Solução injetável – 22 µg/0,5 mL e 44 µg/0,5 mL – seringa preenchida. Embalagem com 12 seringas5.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED4 de 28/09/2020.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Sim, de acordo com consulta realizada à Rename6, em 28/09/2020.Quanto custa o tratamento com Betainterferona 1a?
Visto que existem diversos registros referentes à betainterferona 1a na Anvisa, foi calculado o valor do tratamento com o medicamento de referência Avonex® 30 mcg/0,5 mL (solução injetável). Considerando a dose recomendada em bula de 30 mcg, administrada por via intramuscular, uma vez por semana (esta dose corresponde ao conteúdo de uma caneta com a seringa preenchida com 0,5 mL de solução injetável), o custo mensal estimado para tratamento com betainterferona 1a para esclerose múltipla remitente recorrente foi de R$ 4.671,00. O valor foi calculado de acordo com o Preço Máximo de Venda ao Governo (PMVG) e a alíquota de 18% em relação ao ICMS do medicamento de Avonex®, do laboratório Biogen Brasil Produtos Farmacêuticos Ltda, segunda a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED/Anvisa5.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Esclerose múltipla remitente recorrente (EMRR)?
Sim, de acordo com o PCDT da esclerose múltipla2, são disponibilizados os medicamentos apresentados na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Azatioprina Comprimidos 50 mg Betainterferonas (1a ou 1b) Frasco-ampola ou seringa preenchida 1a - 6.000.000 UI (22 mcg, 30 mcg)
1a - 12.000.000 UI (44 mcg)
1b - 9.600.000 UI (300mcg)Fingolimode Cápsulas 0,5 mg Fumarato de dimetila Comprimidos 120 mg e 240 mg Glatirâmer Frasco-ampola ou seringa preenchida 20mg ou 40mg Metilprednisolona Frasco-ampola 500mg Natalizumabe Frasco-ampola 300 mg Teriflunomida Comprimidos 14 mg O financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por um ou mais dos três entes federativos (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, a Conitec avaliou o uso de betainterferonas (betainterferona 1a e betainterferona 1b) no tratamento da EMRR. Durante a 45ª reunião ordinária, realizada no dia 4 de maio de 2016, os membros da Comissão recomendaram a restrição de uso da betainterferona 1a 30 mcg (6.000.000 UI) no tratamento desta condição clínica7. Os documentos técnicos foram encaminhados ao Secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos (SCTIE/MS), que ratificou a recomendação e publicou a Portaria SCTIE/MS nº 27/2016, no Diário Oficial da União (DOU) nº 130, de 08/07/2016, Seção 1, pág. 35. Porém, essa portaria foi revogada mediante publicação da Portaria SCTIE/MS nº 44/2017, no Diário Oficial da União (DOU) nº 202, de 20/10/2017, Seção 1, pág. 176.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Revisão sistemática da Cochrane com foco nos desfechos relacionados à frequência de recaídas (surtos) analisou os resultados de diversos medicamentos utilizados para tratamento da esclerose múltipla. Para a comparação entre Rebif® e Avonex®, foram encontrados poucos estudos, considerados heterogêneos e com resultados imprecisos. Na comparação entre Betaferon® 250 mcg e Avonex® 30 mcg, o primeiro foi estatisticamente superior nos resultados, já que a proporção livre de recaída em 2 anos no grupo Avonex® foi de 36% (33/92), enquanto no Betaferon®, foi de 51% (49/96) (RR 0,76 (0,59 a 0,99), redução de risco absoluto 15%). Não houve diferença nos resultados entre Betaferon® e Rebif®, portanto, eles foram considerados semelhantes8. A partir de todos os estudos identificados, foi também elaborada uma comparação indireta dessas tecnologias por meio do método MTC (Mixed Treatment Comparison). Após sucessivas simulações no modelo proposto, foram evidenciadas as seguintes probabilidades de “ser o melhor tratamento”: 44,66% com o glatirâmer; 33,7% com o Betaferon®; 21,62% com o Rebif® e 0,00025% com o Avonex®. Observa-se que as evidências disponíveis, embora apresentem uma qualidade moderada, refletem uma tendência de inferioridade do Avonex® em relação ao Rebif® e ao Betaferon® em termos de frequência de surtos na EMRR9.Referências bibliográficas
1 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação n°. 447, de abr 2019. Ocrelizumabe para o tratamento de formas recorrentes de Esclerose Múltipla. [Acesso em 11 set 2020]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2019/Relatorio_Ocrelizumabe_EMRR_447.pdf.
2 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Secretaria de Atenção Especializada à Saúde. Portaria Conjunta nº 7, de 3 de julho de 2019. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Esclerose Múltipla. [portaria na internet]. Diário Oficial da União 11 jul 2019 [acesso em 11 set 2020]; Seção 1, (132). Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Protocolos/PCDT-Esclerose-Mltipla.pdf.
3 Avonex. [Bula]. Alemanha: Vetter Pharma-Fertigung GmbH & Co. KG.
4 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Medicamentos. Consultas. [acesso em 28 set 2020]. Disponível em: https://consultas.anvisa.gov.br/#/medicamentos/25351176509200758/?substancia=23047.
5 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Medicamentos. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos. Listas de Preços de Medicamentos [acesso em 28 set 2020]. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/374947/6015130/LISTA_CONFORMIDADE_GOV_2020_09_v3.pdf/234bb4d0-934d-4c3a-9443-ff52df041f8c.
6 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2020. Brasília: Ministério da Saúde; 2020 [acesso em 28 set 2020]. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/relacao_medicamentos_rename_2020.pdf.
7 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação n°. 261, de jul 2016. Betainterferonas no tratamento da esclerose múltipla remitenterecorrente (EMRR). [Acesso em 28 set 2020]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2016/Relatorio_Betainterferonas_EscleroseMultipla_final.pdf.
8 Filippini G, Del Giovane C, Vacchi L, D’Amico R, Di Pietrantonj C, Beecher D, et al. Immunomodulators and immunosuppressants for multiple sclerosis: a network metaanalysis. In: Filippini G, editor. Cochrane Database of Systematic Reviews [Internet]. Chichester, UK: John Wiley & Sons, Ltd; 2013. Available from: http://doi.wiley.com/10.1002/14651858.CD008933.pub2.
9 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação n°. 261, de jul 2016. Betainterferonas no tratamento da esclerose múltipla remitente-recorrente (EMRR). [Acesso em 29 set 2020]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2016/Relatorio_Betainterferonas_EscleroseMultipla_final.pdf. -
Bevacizumabe para câncer de colo de útero :: Julho/2018
Data de elaboração: Julho/2018 Data de publicação: Julho/2018 O que é Câncer de Colo de Útero?
O câncer de colo de útero (também chamado de câncer cervical) é o quarto mais comum em mulheres e o terceiro mais comum no Brasil1. As principais causas deste câncer são infecções persistentes por alguns tipos do Papilomavírus Humano (HPV)2. Atualmente, são reconhecidos 13 tipos de HPV como oncogênicos pela International Agency for Research on Cancer (IARC), com destaque para 16 e 18 responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer1. As infecções por estes agentes são frequentes e, geralmente, não causam doença. Entretanto, em alguns casos, podem ocorrer alterações celulares com consequente evolução para o câncer. Essas alterações podem ser facilmente detectadas a partir do exame preventivo, também conhecido como Papanicolaou3.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Câncer de Colo de Útero?
Sim. O SUS oferece uma estratégia de cuidado que pode ser verificada no Caderno de Atenção Básica n° 13 de Controle dos Cânceres do Colo do Útero e da Mama (http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/controle_canceres_colo_utero_2013.pdf)4.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O bevacizumabe em combinação com paclitaxel e cisplatina ou paclitaxel e topotecana é indicado para o tratamento de câncer de colo do útero persistente, recorrente ou metastático. Também é indicado, quando associado a outras quimioterapias, para câncer de colorretal metastático, câncer de pulmão (de não pequenas células localmente avançado, metastático ou recorrente), câncer de mama metastático, câncer de células renais metastático, câncer epitelial de ovário, tuba uterina e peritoneal primário5.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Avastin® – 25 mg/mL – solução injetável - frasco com 4ml e 16ml.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 15/05/2018.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Sim.Quanto custa o tratamento com Bevacizumabe?
A dose recomendada em bula é de 15 mg/kg de peso corporal, administrada uma vez a cada três semanas por infusão intravenosa. Considerando que esta dosagem será de acordo com cada paciente, sabe-se que o custo estimado para uma dose de 25mg/mL é de R$ 1.081,45. Este custo foi calculado analisando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% do medicamento de referência, segundo ANVISA6.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Câncer de Colo de Útero?
Sim. Esclarece-se que para o tratamento de câncer no Sistema Único de Saúde, não há uma lista específica de medicamentos, vez que o cuidado ao paciente deve ser feito de forma integral nas Unidades de Alta Complexidade em Oncologia – UNACON ou Centros de Alta Complexidade em Oncologia – CACON. Nesses estabelecimentos de saúde, o fornecimento de medicamentos é feito via autorização de procedimento de alta complexidade (APAC), conforme os procedimentos tabelados. Assim, esses hospitais habilitados como UNACON ou CACON devem oferecer assistência especializada e integral ao paciente com câncer, atuando no diagnóstico e tratamento do paciente.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, a CONITEC avaliou o bevacizumabe para tratamento de câncer de colo de útero persistente, recorrente ou metastático na reunião do dia 06 de outubro de 2016, e após a consulta pública nº 34, realizada entre os dias 25/10/2016 e 14/11/2016, os membros dessa Comissão recomendaram a sua não incorporação7. O Plenário considerou em sua decisão a baixa qualidade das evidências encontradas e a desproporcionalidade entre o valor terapêutico adicional do medicamento e o preço proposto para a sua incorporação8.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Ensaio Clínico Randomizado de Fase III, aberto, multicêntrico, ocorrido nos Estados Unidos e Espanha, avaliou a eficácia e a segurança do bevacizumabe no tratamento de câncer do colo de útero persistente, recorrente ou metastático. O total das participantes de pesquisam foram 425 mulheres, as quais foram randomizadas para um dos quatro grupos de intervenção, administrados em intervalos de 21 dias: (i) cisplatina (50 mg/m2 de superfície corporal) + paclitaxel (135 ou 175 mg/m2 de superfície corporal) - 114 mulheres; (ii) topotecano (0,75mg/m2 de superfície corporal) + paclitaxel - 111 mulheres; (iii) bevacizumabe (15 mg/Kg) + cisplatina + paclitaxel - 115 mulheres; e (iv) bevacizumabe + topotecano + paclitaxel - 112 mulheres. Este estudo demonstrou ganho mediano de 3,2 meses de sobrevida com a adição de bevacizumabe à quimioterapia com cisplatina e paclitaxel quando comparada com essa quimioterapia combinada sem o agente biológico. Foi observada maior ocorrência de eventos adversos com o uso de bevacizumabe, entretanto esse resultado parece não impactar na piora da qualidade de vida8,9.Referências bibliográficas
1INCA - NSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER. Estimativa 2016 – Incidência de Câncer no Brasil. Disponível. 2016a: http://www.inca.gov.br/estimativa/2016/tabelaestados.asp. Acesso: 28/05/2018
2SOUZA A.F; COSTA L.H.R. Conhecimento de Mulheres sobre HPV e Câncer do Colo do Útero após Consulta de Enfermagem. Revista Brasileira de Cancerologia 2015; 61(4): 343-35
3SANTOS A.C.S; VARELA C.D.S. Prevenção do Câncer de Colo Uterino - Motivos que Influenciam a Não Realização do exame de papanicolaou. Revista Enfermagem Contemporânea. 2015 Jul./Dez.;4(2):179-188.
4BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Caderno de Atenção Básica nº 13. CONTROLE DOS CÂNCERES DO COLO DO ÚTERO E DA MAMA. Disponível em: http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/cab13.pdf.pdf Acesso em: 28/05/2018.
5BEVACIZUMABE. Bula de medicamento. Produtos Roche Químicos e Farmacêuticos S.A. Farm. Resp.: Tatiana Tsiomis Díaz. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=21231622016&pIdAnexo=3769288 Acesso em 29/05/2018.
6Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 29/05/2018.
7BRASIL. Ministério da Saúde. PORTARIA Nº 6, DE 31 DE JANEIRO DE 2017. Torna pública a decisão de não incorporar o bevacizumabe para o tratamento de câncer de colo de útero persistente, recorrente ou metastático no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS. Brasília, Ministério da Saúde, 2017.Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2017/RELATORIO_Bevacizumabe_Cancer_ColodeUtero_FINAL_242_2017.pdf. Acesso em 29/05/2018.
8PENSON, R. T et al. Bevacizumab for advanced cervical cancer: patient-reported outcomes of a randomized, phase 3 trial (NRG Oncologiy-Gynecologic Group protocol 240). The Lancet. v.16, p.301-311, 2015
9TEWARI, K. S et al. Improved Survival with bevacizumab in advanced cervical câncer. The New England Journal of Medicine. v.8, n.380, p.734-743, 2014a. -
Biotina para deficiência de biotinidase :: Novembro/2019
Data de elaboração: Novembro/2019 Data de publicação: Novembro/2019 O que é Deficiência de biotinidase?
A deficiência de biotinidase (DB) é um erro inato do metabolismo, no qual a biotina não pode ser liberada nem utilizada apropriadamente pelo organismo. Dessa forma, pacientes com esta deficiência são incapazes de utilizar a própria biotina endógena ou de usar a biotina ligada às proteínas advindas da dieta, consequentemente, a biotina é perdida na urina, parcial ou totalmente. A biotina possui funções importantes no que se refere ao crescimento e ao reparo de vários tecidos do corpo humano, principalmente o nervoso. Dessa forma, ela influencia no reparo das células nervosas eventualmente danificadas, no desenvolvimento das funções nervosas cerebrais e periféricas, assim como da pele, olhos, unhas, cabelos e no bom funcionamento do sistema imunológico. Os indivíduos que convivem com a deficiência de biotinidase podem apresentar grande variabilidade de manifestações clínicas da doença, com marcante variação intra e interpessoal. Por ser uma deficiência metabólica congênita, geralmente os primeiros sinais da DB podem ser notados já nas primeiras semanas de vida, porém sintomas neurológicos discretos podem ocorrer mais cedo, ainda no período neonatal. Algumas crianças, no entanto, podem não desenvolver sintomas até a adolescência. As manifestações neurológicas iniciais mais frequentes são hipotonia muscular, letargia, crises convulsivas mioclônicas. Alopécia e infecções também são frequentes, assim como problemas de visão em vários graus1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Deficiência de biotinidase?
Sim. O SUS oferta tratamento para a deficiência de biotinidase de acordo com os critérios estabelecidos no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) para Deficiência de Biotinidase, que especifica o diagnóstico e o tratamento adequado, garantindo o cuidado continuado ao paciente1.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim2. O medicamento biotina possui registro na Anvisa com as seguintes indicações: tratamento da síndrome das unhas frágeis e tratamento da deficiência de biotinidase (DB).Possui genérico?
Não.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Untral® - 2,5 mg, cápsula dura. Embalagem com 30, 60 e 90 cápsulas.
*Medicamento disponível no mercado de acordo com a lista CMED de 14/11/20193 e bula eletrônica da Anvisa.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 27/11/2019.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Sim. Biotina consta na RENAME 20184.Quanto custa o tratamento com Biotina?
O regime de dosagem recomendado em bula da biotina é de 5 mg/dia como dose inicial (independentemente do peso corporal) para todos os pacientes com diagnóstico de DB leve e de 10 mg/dia (independentemente do peso corporal) para todos os pacientes com diagnóstico de DB grave. Casos suspeitos devem iniciar com 10mg/dia.Considerando a dose de 5mg/dia e 10 mg/dia, o custo estimado mensal foi de R$211,67 e R$423,34, respectivamente.O custo foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% do medicamento de referência, segundo a ANVISA.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Deficiência de biotinidase?
Sim. O SUS disponibiliza a terapia nutricional, conforme exposto no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Deficiência de Biotinidase, que especifica o diagnóstico e o tratamento adequado, garantindo o cuidado continuado do paciente1.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, a Conitec avaliou a biotina para o tratamento da deficiência de biotinidase. Os membros do Plenário da Comissão, em julho de 2012, recomendaram a incorporação da biotina para o tratamento da deficiência de biotinidase no SUS, tendo sida oficialmente incorporada mediante aprovação do Secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde em setembro de 20125.
Mais informações em: http://conitec.gov.brO que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Em 2003, Lászlo e colaboradores6 relataram a evolução clínica de 20 pacientes com DB (55% de DB grave) diagnosticados por triagem neonatal, no período de 1989 a 2001, sendo que todos os que se encontravam em tratamento com biotina permaneceram assintomáticos, havendo períodos de piora e remissão em 3 deles por não adesão ao tratamento. Em 2001, Möslinger e colaboradores7 publicaram um trabalho incluindo 30 pacientes provenientes do programa de triagem neonatal (18/30 com deficiência grave), sendo que os com atividade enzimática residual acima de 1% se mantiveram assintomáticos (n = 13) até a finalização do diagnóstico (em média 8 semanas). Os pacientes com DB grave tratados com biotina antes de 8 semanas de vida permaneceram assintomáticos até a última revisão clínica (idades entre 1,5-10 anos) e tiveram o escore de QI dentro da normalidade (variando de 85-114). Nos pacientes (n = 9) que atrasaram o início do tratamento ou que descontinuaram o tratamento, foram observados QI abaixo do normal e atraso na aquisição da fala. Posteriormente, em 2003, Möslinger e colaboradores8 publicaram novo trabalho descrevendo desfechos neuropsicológicos de 21 pacientes, dos quais 18 foram diagnosticados por triagem neonatal. Não há referência ao trabalho anterior (de 2001), mas há indícios claros de se tratar da mesma amostra. Os pacientes diagnosticados por triagem neonatal (n=18) tiveram o diagnóstico estabelecido entre 4-8 semanas de vida; os que iniciaram tratamento com biotina até a oitava semana de vida permaneceram clínica e neurologicamente assintomáticos até a última revisão dos autores (idades entre 2-12 anos), tendo escores de QI dentro da média (variando de 85-110,5). Em 3 (3/18) com descontinuação ou má adesão ao tratamento, houve documentação de redução do escore de QI abaixo do valor normal, reforçando não só a ideia de tratamento precoce como sua manutenção. Weber e colaboradores, em 20049, descreveram os resultados do tratamento com biotina em pacientes com DB ainda assintomáticos (n=26) e sintomáticos (n=11). Nenhuma criança com deficiência grave de biotinidase detectada por triagem neonatal (n=26) e com tratamento iniciado no período pré-sintomático teve perda auditiva ou visual, atraso no desenvolvimento da fala e nas aquisições motoras. Entre as tratadas já sintomáticas, observou-se maior ocorrência de problemas visuais (p-valor < 0,001), problemas auditivos (p-valor=0,004) e atraso na aquisição da marcha (p-valor=0,002) e da fala (p-valor=0,022), quando comparadas às crianças assintomáticas que foram tratadas. Não houve diferença estatística na adaptação social ou problemas de comportamento entre crianças sintomáticas e assintomáticas. Do ponto de vista audiológico, Genc e colaboradores (2007)10, verificaram, em uma série de 20 pacientes com DB em tratamento com biotina (10 mg/dia), que os tempos de latência e limiares de resposta dos potenciais evocados auditivos foram significativamente maiores nos com diagnóstico tardio do que nos com diagnóstico no período pré-sintomático (p-valor<0,05), sendo que, em cerca de 65% dos pacientes que iniciaram o tratamento sintomáticos, já havia algum grau de perda auditiva.Referências bibliográficas
1 Brasil. Ministério da Saúde. Conitec. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Deficiência de Biotinidase (maio de 2019). http://conitec.gov.br/images/Protocolos/Relatrio-PCDT-Deficiencia-de-biotinidase.pdf. Acesso em: 27/11/2019.
2 Brasil. Ministério da Saúde. Anvisa. Consulta a medicamentos registrados. http://portal.anvisa.gov.br/consulta-produtos-registrados. Acesso em: 27/11/2019.
3 Brasil. Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. http://portal.anvisa.gov.br/documents/374947/2829072/LISTA_CONFORMIDADE_GOV_2019-11-14.pdf/db214bb0-c875-435b-bad0-806525f341b4. Acesso em 27/11/2019.
4 Brasil. Ministério da Saúde. RENAME – Relação Nacional de Medicamentos Essenciais. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/medicamentos_rename.pdf. Acesso em: 27/11/2019.
5 Brasil. Ministério da Saúde, Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, Departamento de Gestão e Incorporação de Tecnologias. Biotina para o tratamento da Deficiência de Biotinidase. Outubro/2012. Disponível em:
http://conitec.gov.br/images/Incorporados/Biotina-final.pdf. Acesso em: 27/11/2019.
6 László A, Schuler EA, Sallay E, Endreffy E, Somogyi C, Várkonyi A, et al. Neonatal screening for biotinidase deficiency in Hungary: clinical, biochemical and molecular studies. J Inherit Metab Dis. 2003;26(7):693-8.
7 Möslinger D, Stöckler-Ipsiroglu S, Scheibenreiter S, Tiefenthaler M, Mühl A, Seidl R, et al. Clinical and neuropsychological outcome in 33 patients with biotinidase deficiency ascertained by nationwide newborn screening and family studies in Austria. Eur J Pediatr. 2001;160(5):277-82.
8 Möslinger D, Mühl A, Suormala T, Baumgartner R, Stöckler-Ipsiroglu S. Molecular characterisation and neuropsychological outcome of 21 patients with profound biotinidase deficiency detected by newborn screening and family studies. Eur J Pediatr. 2003;162 Suppl 1:S46-9.
9 Weber P, Scholl S, Baumgartner ER. Outcome in patients with profound biotinidase deficiency: relevance of newborn screening. Dev Med Child Neurol. 2004;46(7):481-4
10 Genc GA, Sivri-Kalkanoglu HS, Dursun A, Aydin HI, Tokatli A, Sennaroglu L, et al. Audiologic findings in children with biotinidase deficiency in Turkey. Int J Pediatr Otorhinolaryngol. 2007;71(2):333-9. -
Bortezomibe para mieloma múltiplo :: Junho/2022
Data de elaboração: Junho/2022 Data de publicação: Junho/2022 O que é Mieloma Múltiplo?
O mieloma múltiplo (MM) é uma neoplasia maligna de origem hematopoética, caracterizada pela proliferação clonal de plasmócitos na medula óssea, que, na maioria dos casos, secretam proteína monoclonal detectável no sangue ou urina, podendo levar à disfunção de órgãos. O MM é uma doença clonal de plasmócitos, que via de regra produzem em excesso um tipo específico de proteína relacionada à imunoglobulina humana, denominada proteína monoclonal (proteína-M), paraproteína ou pico-M1. O MM é uma doença do idoso1. Os principais fatores de risco para MM são idade, sexo, raça e histórico familiar. Em relação à idade, apenas 15% dos diagnósticos são realizados em pessoas com menos de 55 anos, enquanto mais de 60% dos diagnósticos acontecem em adultos com mais de 65 anos. Em relação ao sexo e à raça a incidência de MM é 1,5 vezes maior em homens do que em mulheres; 2 vezes maior em pessoas afro-americanas do que em caucasianas, enquanto asiáticos e nascidos nas ilhas do Pacífico Sul apresentam riscos menores. Em relação ao histório familiar há forte associação de risco entre parentes de primeiro grau, especialmente em homens e afro-americanos. No Brasil, dados do Observatório de Oncologia apontam uma mediana de idade destes pacientes de 63 anos, com variação de 18 a 100 anos2. O MM é classicamente descrito como síndrome “CRAB”, acrônimo, do inglês, que resume as principais manifestações clínicas da doença: hipercalcemia (Calcium elevation), insuficiência renal (Renal failure), anemia (Anemia) e doença óssea (Bone disease). A doença é caracterizada pela proliferação descontrolada de plasmócitos, que pode causar sinais e sintomas localizados, de acordo com o sítio de proliferação (principalmente ossos), e sistêmicos, que ocorrem pelo excesso dessas células na corrente sanguínea. Cerca de 73% dos pacientes apresentam anemia ao diagnóstico, que está associada à fadiga em 32% dos casos. Outras manifestações observadas são dores ósseas (58%), perda de peso (28%), parestesia (5%) e febre (0,7%)2. O diagnóstico do MM é baseado na detecção concomitante de proteína-M, infiltração por plasmócitos, e acometimento sistêmico, com Proteína-M detectada no plasma ou na urina (não há ponto de corte específico); infiltração por plasmócitos (mais de 10% de plasmócitos clonais em amostra de medula óssea ou detecção de plasmocitoma); e acometimento sistêmico apresentando hipercalcemia e/ou lesão renal e/ou anemia e/ou lesões osteolíticas e/ou critérios de agressividade (infiltração medular extrema, grande volume de cadeias leves séricas)3. A doença óssea pode se apresentar como dores osteomusculares, fraturas de fragilidade e sintomas neurológicos por lesões vertebrais. A alteração da função renal, causada pelo excesso de proteína-M e pela hipercalcemia, pode ocasionar oligúria e outros sintomas inespecíficos como náusea, fraqueza e sonolência. A disfunção de linfócitos B pode cursar com quadros infecciosos recorrentes. Já a síndrome de hiperviscosidade pode provocar sintomas relacionados à diminuição do fluxo sanguíneo para o sistema nervoso central e eventos tromboembólicos com consequentes tontura, confusão mental, ou sintomas específicos relacionados a um possível acidente vascular cerebral. A história clínica deve incluir antecedentes como infecção, doença crônica, exposição a substâncias carcinogênicas (solventes, herbicidas, inseticidas) e radiação, bem como imunossupressão e histórico familiar de MM2.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Mieloma Múltiplo?
Sim. O SUS oferece estratégia de cuidado que pode ser verificada nas Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas (DDT) do Mieloma Múltiplo1, publicado por meio da Portaria SAS/MS nº 7084, de 6 de agosto 2015. As Diretrizes estão em fase de atualização.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O bortezomibe foi registrado inicialmente na Anvisa em janeiro de 2005, sob o nome comercial de Velcade®. As indicações apresentadas em bula são em combinação com melfalana e prednisona para pacientes com MM que não receberam tratamento prévio e são impossibilitados de receberem tratamento com alta dose de quimioterapia e transplante de medula óssea; em combinação com dexametasona, ou com dexametasona e talidomida para pacientes com MM que não receberam tratamento prévio e que são elegíveis a receberem tratamento de indução com alta dose de quimioterapia com transplante de células-tronco hematopoiéticas; para pacientes que receberam pelo menos um tratamento anterior; e pode ser considerado o retratamento para pacientes com MM que haviam respondido previamente ao tratamento com bortezomibe, desde que se obedeça ao período mínimo de 6 meses entre o tratamento anterior e o início do retratamento5.Possui genérico?
Sim6.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Verazo® - pó liofilizado para solução injetável com 1 mg;
Verazo® - pó liofilizado para solução injetável com 1,5 mg;
Velcade®, Bortyz®, Bozored®, Melocade®, Verazo®, Zomi® e bortezomibe** - pó liofilizado para solução injetável com 3,5 mg; e
Bormib®, Mibo®, Tovar®, Zomyle® e bortezomibe** - pó liofilizado para solução injetável ou para uso subcutâneo com 3,5 mg.**Diversos fabricantes de medicamentos genéricos.
*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED05 de 04/06/2022.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não, de acordo com consulta realizada à Rename7, em 08/06/2022.Quanto custa o tratamento com Bortezomibe?
A dose por paciente usual recomendada é de 1,3 mg/m2/dose de bortezomibe, de acordo com a bula5, e foi baseando em valores medianos de peso e altura da população brasileira que se chegou ao quantitative de 2,27 mg por dose. O esquema de administração, de acordo com a bula5, é de duas doses por semana durante as duas primeiras semanas do ciclo de 28 dias, fazendo 4 ciclos, e mais 2 ciclos adicionais em caso de resposta pelo menos parcial. Considerando o tratamento inicial (de um mês) com administração 2 vezes por semana durante 2 semanas (Dias 1, 4, 8 e 11), seguido por um período de repouso de 10 dias (Dias 12 a 21), o custo estimado para esse tratamento inicial foi de R$ 16.969,28 (dezesseis mil novecentos e sessenta e nove reais e vinte e oito centavos). Visto que existem diversos registros referentes ao bortezomibe na Anvisa, devido ao fato do fármaco ter medicamento de referência, genéricos, similares de várias marcas e produtores e apresentações diferentes, foi calculado o valor do tratamento com o medicamento de referência Velcade®. O valor foi calculado considerando o Preços Máximo de Venda ao Governo (PMVG) estabelecidos pela Anvisa e a alíquota de 18% em relação ao ICMS do Velcade®, na apresentação de pó liofilizado para solução injetável com 3,5 mg, segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED/Anvisa)6.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Mieloma Múltiplo?
Sim. O SUS disponibiliza o tratamento para o mieloma múltiplo, conforme a DDT do Mieloma Múltiplo1. Esclarece-se que para o tratamento de câncer no SUS, não há uma lista específica de medicamentos, vez que o cuidado ao paciente deve ser feito de forma integral nas Unidades de Alta Complexidade em Oncologia (UNACON) ou Centros de Alta Complexidade em Oncologia (CACON). Nesses estabelecimentos de saúde, o fornecimento de medicamentos é feito via autorização de procedimento de alta complexidade (APAC), conforme os procedimentos tabelados. Assim, esses hospitais habilitados como UNACON ou CACON devem oferecer assistência especializada e integral ao paciente com câncer, atuando no diagnóstico e tratamento do paciente, sendo ressarcidos pelo gestor federal quando da realização dessa assistência, inclusive farmacêutica, de acordo com valores pré-estabelecidos na Tabela de Procedimentos do SUS.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, a Conitec avaliou o bortezomibe para o tratamento do mieloma múltiplo. Durante a 90ª reunião ordinária, realizada no dia 03 de setembro de 2020, os membros da Comissão recomendaram a incorporação ao SUS do bortezomibe para o tratamento de pacientes adultos com mieloma múltiplo, não previamente tratados, elegíveis ao transplante autólogo de células-tronco hematopoiéticas; para o tratamento de pacientes adultos com mieloma múltiplo previamente tratados; e para o tratamento de pacientes adultos com mieloma múltiplo, não previamente tratados, inelegíveis ao transplante autólogo de células-tronco hematopoiéticas, conforme estabelecido pelo Ministério da Saúde e de acordo com a assistência oncológica no SUS. Os documentos técnicos foram encaminhados ao Secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde (SCTIE/MS), que ratificou as recomendaçãos e publicou as Portarias SCTIE/MS nº 43, 44 e 45/2020, no Diário Oficial da União (DOU) nº 198, de 28/09/2020, Seção 1, pág. 543.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Scott et al (2016)8 conduziram uma revisão sistemática e meta-análise com o objetivo de avaliar os efeitos do bortezomibe na sobrevida global (SG), sobrevida livre de progressão (SLP), taxa de resposta (RR), qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS), eventos adversos (EAs) e morte relacionada ao tratamento (TRD), para tanto pesquisou-se no MEDLINE, no Cochrane Central Register of Controlled Trials e no EMBASE (até 27 de janeiro de 2016), bem como anais de conferências e registros de ensaios clínicos randomizados controlados (ECRs). Foram identificados 16 ECRs relevantes envolvendo 5.626 pacientes e incluídos 12 estudos nas meta-análises, todos randomizados e abertos. Encontrou-se evidências de qualidade moderada de que o bortezomibe prolonga SG (quatro estudos, 1.586 pacientes; Peto OR 0,77, 95% CI 0,65 a 0,92) e SLP (cinco estudos, 1855 pacientes; Peto OR 0,65, 95% CI 0,57 a 0,74) da análise ensaios de bortezomibe versus sem bortezomibe com a mesma terapia de base em cada braço. Encontrou-se evidências de alta qualidade de que o bortezomibe prolonga a SG (cinco estudos, 2.532 pacientes; Peto OR 0,76, 95% CI 0,67 a 0,88), mas evidências de baixa qualidade para SLP (quatro estudos, 2.489 pacientes; Peto OR 0,67, 95% CI 0,61 a 0,75) da análise de ensaios de bortezomibe versus sem bortezomibe com terapia de base diferente em cada braço ou em comparação com outro(s) agente(s). Esta meta-análise descobriu que pacientes com mieloma que receberam bortezomibe se beneficiaram em termos de SG, SLP e taxa de resposta em comparação com aqueles que não receberam bortezomibe. Esse benefício foi observado em ensaios de bortezomibe versus sem bortezomibe com a mesma terapia de base e em estudos de bortezomibe versus sem bortezomibe com terapia de base diferente em cada braço ou em comparação com outro(s) agente(s). É necessária uma avaliação adicional dos inibidores de proteassoma mais recentes para verificar se esses agentes oferecem um perfil de risco-benefício aprimorado, enquanto mais estudos de QVRS também são necessários.Referências bibliográficas
1 Brasil. Ministério da Saúde. Portaria SAS/MS nº 708, de 6 de agosto 2015. Aprova as Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas do Mieloma Múltiplo. [Portaria na internet]. Diário Oficial da União 7 ago 2015. Brasília: Ministério da Saúde, 2015. [Acesso em 08 junho 2022]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Protocolos/ddt_Mieloma-Multiplo.pdf.2 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Consulta Pública SCTIE/MS nº 34, de 24 de maio de 2022. Proposta de Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas do Mieloma Múltiplo. [Acesso em 08 junho 2022]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Consultas/Relatorios/2022/20220526_DDT_Mieloma_Multiplo_CP.pdf.
3 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação nº 559, de set 2020. Bortezomibe para o tratamento de pacientes adultos com mieloma múltiplo, não previamente tratados, inelegíveis ao transplante autólogo de células-tronco hematopoiéticas. [Acesso em 8 junho 2022]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Consultas/Relatorios/2020/20200928_Relatorio_de_recomendacao_559_Bortezomibe_mieloma_inelegiveis.pdf.
4 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Portaria Conjunta SAS/MS nº 708, de 6 de agosto 2015. Aprova as Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas do Mieloma Múltiplo. [Portaria na internet]. Diário Oficial da União 7 ago 2015 [Acesso em 8 junho 2022]; Seção 1, (150). [Acesso em 8 junho 2022]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/Portaria/2015/Portaria_SAS_708_2015.pdf.
5 Bortezomibe. [Bula]. Brasil: Janssen-Cilag Farmacêutica Ltda.
6 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Medicamentos. Câmera de Regulação do Mercado de Medicamentos. Listas de Preços de Medicamentos [Acesso em 8 junho 2022]. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/cmed/precos.
7 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2022. Brasília: Ministério da Saúde; 2022 [Acesso em 8 junho 2022]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/20220128_RENAME_2022.pdf.
8 Scott K, Hayden PJ, Will A, Wheatley K, Coyne I. Bortezomib for the treatment of multiple myeloma. Cochrane Database Syst Rev. 2016;4:CD010816. Disponível em: https://core.ac.uk/reader/185494617?utm_source=linkout.
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Brentuximabe vedotina para linfoma de Hodgkin :: Agosto/2020
Data de elaboração: Junho/2020 Data de publicação: Agosto/2020 O que é Linfoma de Hodgkin?
Linfoma de Hodgkin (LH) é uma neoplasia incomum envolvendo nódulos linfáticos e o sistema linfático. A classificação da OMS divide LH em 2 tipos principais: o Linfoma de Hodgkin clássico (LHC) e o Linfoma de Hodgkin de linfócitos predominantes nodulares (LHLPN)1. O LH tem baixa prevalência, correspondendo a aproximadamente 1% de todas as neoplasias e ocorre mais em homens do que em mulheres. A doença pode ocorrer em qualquer idade, mas é mais comum por volta dos 25 e 80 anos. No LHC, que corresponde a mais de 90% dos casos de LH, as células de Reed-Sternberg apresentam receptores CD15 e CD30 em suas membranas, i.e., são CD15 e CD30 positivas; e não apresentam receptor CD45. Os LHLPN são CD15 e CD30 negativos e CD45 positivos. Há quatro subtipos de LHC: a) Esclerose nodular, representa 70% dos casos de LHC e tende a começar nos linfonodos do pescoço ou tórax; b) Celularidade mista, representa 20% dos casos de LHC e pode começar em qualquer linfonodo, mas ocorre mais frequentemente na metade superior do corpo; c) Predomínio linfocitário, menos comum (5%) e ocorre geralmente na metade superior do corpo, sendo raramente encontrado em mais do que alguns linfonodos; d) Depleção linfocitária, menos comum (5%) e com pior prognóstico comparado, acomete principalmente linfonodos do abdômen, baço, fígado ou medula óssea. A Classificação de Lugano é o sistema de estadiamento do LH atualmente aceito pela oitava edição do manual de estadiamento da American Joint Committee on Cancer. Ela divide a doença em quatro estádios, sendo I e II – doença limitada, III e IV - doença avançada2. A Classificação de Ann Arbor, ainda utilizada, divide em quatro estádios: a) estágio inicial favorável (estágio I-II sem fatores desfavoráveis; considerado como estágio inicial); b) estágio inicial desfavorável (estágio I-II com fatores desfavoráveis, tais como adenopatia mediastional volumosa, numerosos sítios de localização da doença, taxa de hemossedimentação elevada significantemente; considerado como estágio intermediário) e; c) estágio avançado (estágio III-IV)1,3.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Linfoma de Hodgkin?
Não. Atualmente, no âmbito do SUS, não há uma estratégia específica para o tratamento de linfoma Hodkin. Todavia, o Manual de Bases Técnicas em Oncologia estabelece estratégia de cuidado integral nas Unidades de Alta Complexidade em Oncologia – Unacon ou Centros de Alta Complexidade em Oncologia – Cacon4.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O brentuximabe vedotina foi registrado na Anvisa em setembro de 2014, sob nome comercial Adcetris®. A indicação apresentada em bula é para tratamento de pacientes adultos com LH CD30+ recidivado ou refratário: após transplante autólogo de células-tronco (TACT) ou, após pelo menos dois tratamentos anteriores, quando o TACT ou poliquimioterapia não for uma opção de tratamento. Também é indicado para o tratamento de pacientes adultos com LH CD30+ estádio IV não tratados previamente em combinação com doxorrubicina, vimblastina e dacarbazina; pacientes adultos com LH CD30+ com risco aumentado de recidiva ou progressão após TACT; pacientes adultos com linfoma anaplásico de grandes células sistêmico (LAGCs) não tratados previamente, ou outros linfomas de células T periféricas (LCTP) CD30+, em combinação com ciclofosfamida, doxorrubicina e prednisona (CHP); pacientes adultos com linfoma anaplásico de grandes células sistêmico (LAGCs) recidivado ou refratário; e pacientes adultos com linfoma anaplásico de grandes células cutâneo primário ou micose fungoide que expressam CD30+ que receberam terapia sistêmica prévia5.Possui biossimilar?
Não6.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Adcetris® - Pó Liofilizado para Solução Injetável – 50 mg.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED6 de 21/02/2020.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não, de acordo com consulta realizada à Rename7, em 20/08/2020.Quanto custa o tratamento com Brentuximabe Vedotina?
A dose recomendada em bula de 1,8 mg/kg de peso corporal, administrada como uma infusão intravenosa durante 30 minutos a cada 3 semanas. Considerando um paciente com peso corporal de 70kg, a posologia a ser utilizada é de 126 mg por ciclo, ou seja, três frascos de 50mg. O custo do frasco é de R$ 17.664,33 e o custo por ciclo estimado para tratamento com brentuximabe vedotina é de R$ 52.992,996. O valor foi calculado considerando-se o Preço Fábrica (PF) e a alíquota de 18% em relação ao ICMS do medicamento, segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED/Anvisa, pois esse medicamento não consta na lista de isenção de ICMS ou com aplicação do desconto CAP.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Linfoma de Hodgkin?
Sim. O SUS disponibiliza o tratamento para o Linfoma de Hodgkin, conforme Manual de Bases Técnicas de Oncologia8. Esclarece-se que para o tratamento de câncer no SUS, não há uma lista específica de medicamentos, vez que o cuidado ao paciente deve ser feito de forma integral nas UNACON ou nos CACON. Nesses estabelecimentos de saúde, o fornecimento de medicamentos é feito via autorização de procedimento de alta complexidade (APAC). Assim, esses hospitais habilitados como UNACON ou CACON devem oferecer assistência especializada e integral ao paciente com câncer, atuando no diagnóstico e tratamento do paciente.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, a Conitec avaliou o medicamento brentuximabe vedotina para o tratamento de pacientes adultos com linfoma de Hodgkin refratário ou recidivado após transplante autólogo de células tronco hematopoiéticas. Durante a 74ª reunião ordinária, realizada no dia 6 de fevereiro de 2019, os membros da Comissão recomendaram a incorporação no SUS brentuximabe vedotina para tratamento de pacientes adultos com linfoma de Hodgkin refratário ou recidivado após transplante autólogo de células tronco hematopoiéticas, conforme Protocolo Clínico do Ministério da Saúde a ser publicado e mediante negociação de preço2.O que a literatura científica relata sobre o uso do brentuximabe vedotina para essa condição clínica?
A revisão sistemática publicada por Bonthapally e colaboradores (2015) avaliou estudos realizados em adultos com linfoma de Hodgkin resistente ou refratário que foram submetidos ao transplante autólogo de células-tronco e que compararam os benefícios incrementais do brentuximabe vedotina em relação à terapia convencional (quimioterapia sem brentuximabe vedotina). A taxa de remissão completa geral estimada foi de 11,1% (IC95% 7,0-17,6) e de 37,9% para pacientes em quimioterapia e/ou radioterapia (IC não informado). Há várias limitações neste estudo, como amostras pequenas e grande variabilidade das características na linha de base dos pacientes nos estudos primários incluídos. Além disso, essa revisão utilizou comparações indiretas e apresentou variabilidade dos tratamentos empregados2. Outra revisão publicada pelo mesmo grupo de autores avaliou o tempo mediano de sobrevida global. Foi verificada superioridade do brentuximabe vedotina comparado aos diversos tratamentos quimioterápicos, sendo a diferença encontrada entre os valores medianos de sobrevida global entre o grupo brentuximabe vedotina e o grupo em quimioterapia de 19 meses, IC95% 12,9-25,1, p<0,00012. Uma revisão sistemática publicada por Zinzani e colaboradores (2016) atualizou uma revisão publicada no ano anterior e avaliou a eficácia/efetividade e segurança do brentuximabe vedotina em pacientes com linfoma de Hodgkin. A taxa de resposta observada e a remissão completa não foram significativamente inferiores no grupo de pacientes onde todos foram submetidos ao transplante autólogo de células tronco em momento anterior, comparado à totalidade de pacientes que usaram o brentuximabe vedotina. Essa revisão foi a única que avaliou a segurança do medicamento. Os eventos adversos mais frequentes de qualquer grau foram neuropatia sensorial periférica, fadiga, náusea e neutropenia, já identificados no estudo SG035-0003. Alguns eventos de qualquer grau (anemia, trombocitopenia, dor nas extremidades, infecção, espasmo muscular e constipação) e de graus 3 ou 4 (náusea, anemia, trombocitopenia, mialgia, vômitos, dor nas extremidades, pneumonia, constipação e Guillain-Barré) foram verificados nas coortes, embora não tenham sido relatados no estudo SG035-00032.Referências bibliográficas
1 Hoppe RT, Advani RH, Ai WZ, Ambinder RF, Aoun P, Bello CM, et al. National comprehensive cancer network. Hodgkin lymphoma, version 2.2015. J Natl Compr Canc Netw. 2015 May;13(5):554-86.
2 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação n°. 424, de março 2019. Brentuximabe vedotina para o tratamento de pacientes adultos com linfoma de Hodgkin cd30+ refratário ou recidivado após transplante autólogo de células-tronco. [Acesso em 25 ago 2020]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2019/Relatorio_Brentuximabe_LinfomaHodgkin.pdf.
3 Eichenauer DA, Engert A, André M, Federico M, Illidge T, Hutchings M, et al. ESMO Guidelines Working Group. Hodgkin's lymphoma: ESMO Clinical Practice Guidelines for diagnosis, treatment and follow-up. Ann Oncol. 2014 Sep;25 Suppl 3:iii70-5. doi: 10.1093/annonc/mdu181.
4 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Regulação, Avaliação e Controle. Coordenação Geral de Sistemas de Informação. Manual de Bases Técnicas da Oncologia – SIA/SUS - Sistema de Informações Ambulatoriais. 26ª Edição. Brasília: Ministério da Saúde. Novembro de 2019. Disponível em: https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files//media/document//manual-oncologia-26a-edicao.pdf. Acesso em 23/06/2020.
5 Adcetris [Bula]. Takeda Pharma Ltda.
6 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Medicamentos. Câmera de Regulação do Mercado de Medicamentos. Listas de Preços de Medicamentos [acesso em 3 jul 2020]. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos.
7 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2020. Brasília: Ministério da Saúde; 2020 [acesso em 10 jun 2020]. Disponível em: http://portalms.saude.gov.br/assistencia-farmaceutica/medicamentos-rename.
8 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Manual de Bases Técnicas da Oncologia – SIA/SUS - Sistema de Informações Ambulatoriais. 26ª Edição. Brasília: Ministério da Saúde; 2019 [acesso em 24 ago 2020]. Disponível em: https://www.inca.gov.br/publicacoes/manuais/manual-de-bases-tecnicas-da-oncologia-sia-sus. -
Brometo de glicopirrônio + maleato de indacaterol para tratamento da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) :: Abril/2022
Data de elaboração: Abril/2022 Data de publicação: Abril/2022 O que é Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC)?
A DPOC é caracterizada por uma limitação crônica ao fluxo de ar, não totalmente reversível, associada a uma resposta inflamatória anormal à inalação de substâncias ou gases nocivos. A obstrução crônica ao fluxo de ar ocorre devido a uma associação de inflamação nas pequenas vias aéreas (bronquiolite respiratória) e destruição parenquimatosa (enfisema). Os sintomas iniciais não aparentam ser nocivos, são persistentes, e tendem a aumentar em frequência e intensidade ao longo do tempo, com episódios de agravamento que duram geralmente alguns dias (exacerbações). A bronquite crônica, definida como tosse produtiva por ao menos três meses ao ano por dois anos consecutivos, em pacientes nas quais outras causas de tosse com expectoração foram excluídas, muitas vezes antecede em anos o desenvolvimento de obstrução ao fluxo de ar1. O diagnóstico de DPOC é feito com base em sinais e sintomas respiratórios crônicos, na presença de fatores de risco para a doença, associados a distúrbio ventilatório irreversível do tipo obstrutivo à espirometria (relação volume expiratório forçado em 1 segundo (VEF1)/capacidade vital forçada (CVF) inferior de 0,70) após teste com broncodilatador, em situação clínica estável2. Nas fases mais avançadas há um significativo prejuízo na qualidade de vida, devido às exacerbações mais frequentes e graves, bem como à incapacidade funcional associada à insuficiência respiratória crônica. Sinais ao exame físico, como cianose, tórax em barril/ hiperinsuflação pulmonar e tiragem intercostal, apontam para a existência de DPOC em fase avançada. Além de fadiga e intolerância a atividades físicas, pacientes com DPOC grave podem também apresentar perda de peso, redução da massa muscular e mesmo caquexia, atribuídas a quadro inflamatório sistêmico. No Brasil, um estudo mostrou uma prevalência total de distúrbio ventilatório obstrutivo de 15,8% na região metropolitana de São Paulo, entre indivíduos com mais de 40 anos, sendo 18% entre os homens e 14% entre as mulheres. A maioria dos casos não tinha diagnóstico prévio. Em revisão sistemática, a maior prevalência de DPOC foi identificada na região centro-oeste (25%), seguida pela região sudeste (23%). De acordo com dados da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS/MS), a DPOC é a quinta causa de morte entre todas as idades, depois de doença isquêmica do coração, doença cerebrovascular, infecção de vias aéreas inferiores e Alzheimer e outras demências. Nas últimas décadas, foi a quinta maior causa de internação no Sistema Único de Saúde (SUS) entre pacientes com mais de 40 anos, correspondendo a cerca de 200.000 hospitalizações. A prevenção primária envolve principalmente o combate aos fatores de risco ambientais, especialmente o tabagismo; evitar uso de biomassa como combustível em domicílios; diminuir a poluição urbana; e reduzir a exposição ocupacional a fumaça e gases tóxicos1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC)?
Sim. O SUS oferece estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da DPOC1, publicado por meio da Portaria SAES/SCTIE/MS nº 193, de 16 de novembro de 2021. Este documento inclui o conceito geral da DPOC, critérios de diagnóstico, critérios de inclusão e de exclusão, tratamento e mecanismos de regulação, controle e avaliação, é de caráter nacional e deve ser utilizado pelas Secretarias de Saúde dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios na regulação do acesso assistencial, autorização, registro e ressarcimento dos procedimentos correspondentes. A conduta terapêutica é definida conforme avaliação da intensidade dos sintomas e do perfil de risco de exacerbações.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. A associação medicamentosa brometo de glicopirrônio + maleato de indacaterol foi registrada na Anvisa em março de 2016, sob a marca comercial Ultibro®. Conforme bula, é indicada no tratamento broncodilatador de manutenção para aliviar sintomas dos pacientes com DPOC moderada, grave e muito grave4.Possui genérico?
Não5.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Ultibro® - cápsula dura com pó para inalação de 110 mcg + 50 mcg.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED05 de 04/03/2022.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não, de acordo com consulta realizada à Rename6, em 06/04/2022.Quanto custa o tratamento com Brometo de glicopirrônio + maleato de indacaterol?
A dose usual recomendada para pacientes acima de 18 anos é uma inalação em dose única diária do conteúdo de uma cápsula de 110 mcg + 50 mcg. O custo estimado mensal foi de R$ 229,46 (duzentos e vinte e nove reais e quarenta e seis centavos). O valor foi calculado considerando o Preço Fábrica (PF) estabelecido pela Anvisa e a alíquota de 18% em relação ao ICMS do medicamento Ultibro®, na apresentação 30 cápsulas por caixa, segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED/Anvisa)4.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC)?
Sim, de acordo com o PCDT da DPOC1, são disponibilizados os medicamentos apresentados na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Beclometasona Cápsula ou pó inalante
aerossol200 e 400 mcg
200 mcg e 250 mcgBudesonida Cápsula ou pó de inalação e Aerossol bucal
Cápsula para inalação200 mcg
400 mcgFormoterol + budesonida Cápsula ou pó para inalação 6 mcg + 200 mcg e de 12 mcg + 400 mcg Fenoterol Solução aerossol 100 mcg/dose Formoterol Cápsula ou pó para inalação 12 mcg Salbutamol Aerossol oral
solução para inalação100 mcg e 5 mg/mL Salmeterol Pó para inalação 50 mcg Prednisona Comprimido 5 mg e 20 mg Prednisolona Solução oral 3,0 mg/mL e 1,0 mg/mL Hidrocortisona Pó para solução injetável 100 mg e 500 mg Brometo de ipratrópio Solução para inalação
Solução para inalação oral0,25 mg/mL
20 mcg/doseBrometo de umeclidínio + trifenatato de vilanterol pó inalante 62,5 mcg + 25 mcg Brometo de tiotrópio monoidratado + cloridrato de olodaterol solução para inalação 2,5 mcg + 2,5 mcg O financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por um ou mais dos três entes federativos (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosas, conforme PCDT1, como a reabilitação pulmonar e fisioterapia respiratória.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, a Conitec avaliou a associação brometo de gicopirrônio + maleato de indacaterol para o tratamento de pacientes com DPOC. Durante a 93ª reunião ordinária, realizada no dia 9 de dezembro de 2020, os membros da Comissão deliberaram, por maioria simples, recomendar a não incorporação ao SUS brometo de gicopirrônio + maleato de indacaterol para o tratamento de DPOC1. O Plenário considerou as evidências científicas disponíveis, a experiência relatada pelos profissionais de saúde e pacientes na consulta pública e a experiência de utilização dos anticolinérgico de longa duração (LAMA)/β2-agonista de longa duração (LABA) apresentada pelas Secretárias Estaduais de Saúde. O documento técnico foi encaminhado ao Secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde (SCTIE/MS), que ratificou a recomendação e publicou a Portaria SCTIE/MS nº 66/2020, no Diário Oficial da União (DOU) nº 248, de 29/12/2020, Seção 1, pág. 815.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Ensaios Clínicos Randomizados (ECR) de Tricco et al. (2015)7 avaliaram o desfecho de exacerbação moderada a grave, definida como o agravamento dos sintomas da DPOC que podem exigir hospitalização, visitas ao departamento de emergência, tratamento com esteroides orais e/ou antibióticos, uso de medicamentos de resgate, visitas não programadas a clínicas/prestadores de serviços de saúde, em pacientes que sofreram uma exacerbação no ano passado. Um modelo de meta-análise em rede comparou 136 tratamentos, sendo 32 estatisticamente significativos e 8 deles foram mais eficazes que o placebo na redução do risco de exacerbações moderadas a graves, sendo eles: tiotrópio, salmeterol, indacaterol, budesonida/formoterol, fluticasona/salmeterol, indacaterol/glicopirrônio, tiotrópio/fluticasona/salmeterol e tiotrópio/budesonida/formoterol. Os tratamentos mais eficazes foram as terapias combinadas de tiotrópio/budesonida/formoterol (probabilidade de 99% de ser o mais eficaz na redução de exacerbações) e indacaterol/glicopirrônio (probabilidade de 86% de ser o mais eficaz na redução de exacerbações).
Huisam et al. (2015)8 analisaram 7 estudos em meta-análise de rede para avaliar o desfecho de necessidade de uso de medicamento de resgate após 24 meses de tratamento. As terapias combinadas de umeclidínio/vilanterol e indacaterol/glicopirrônio foram mais eficazes que o placebo e o tiotrópio isolado para o desfecho. Contudo, não foram observadas diferenças estatisticamente significantes entre as terapias combinadas de LAMA/LABA, com diferenças estimadas de 0,02 (IC95%: -0,27 a 0,32) entre os tratamentos com umeclidínio/vilanterol em comparação à terapia com indacaterol/glicopirrônio. Foram incluídos 10 estudos para avaliar o desfecho Índice de Transição da Dispneia (TDI, do inglês Transition Dyspnea Index). As terapias combinadas de umeclidínio/vilanterol e indacaterol/glicopirrônio foram mais eficazes que o placebo; indacaterol/glicopirrônio foi mais eficaz que a monoterapia com tiotrópio para o desfecho de TDI após 24 semanas de tratamento. Contudo, não houve diferença estatisticamente significante entre as terapias combinadas de LAMA/LABA, com diferenças estimadas de -0,30 (IC95%: -0,73 a 0,13) e 0,58 (IC95%: -0,33 a 1,50) entre as associações de umeclidínio/vilanterol em comparação com indacaterol/glicopirrônio e tiotrópio/salmeterol, respectivamente. A meta-análise em rede para avaliar o desfecho de volume expiratório forçado em 1 segundo (VEF1) após 24 semanas de tratamento demonstrou que os tratamentos combinados com umeclidínio/vilanterol, indacaterol/glicopirrônio e tiotrópio/salmeterol foram mais eficazes que o placebo. Os tratamentos combinados de umeclidínio/vilanterol e indacaterol/glicopirrônio foram mais eficazes que a monoterapia com tiotrópio. Contudo, não houve diferença estatisticamente ou clinicamente significativas entre as combinações LABA/LAMA.Referências bibliográficas
1 Brasil. Ministério da Saúde. Ministério da Saúde. Portaria Conjunta SAES/SCTIE/MS nº 19, de 16 de novembro de 2021. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica. [Portaria na internet]. Diário Oficial da União 22 nov 2021. Brasília: Ministério da Saúde, 2021. [Acesso em 06 abril 2022]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Protocolos/20211123_PORTAL_Portaria_Conjunta_19_PCDT_DPOC.pdf.2 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação nº 585, de dez 2020. Broncodilatadores Antagonistas Muscarínicos de Longa Ação (LAMA) + Agonistas Beta2-Adrenérgicos de Longa Ação (LABA) para o tratamento de pacientes com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica. . [Acesso em 06 abril 2022]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2020/20201229_Relatorio_585_LAMA_LABA_DPOC.pdf.
3 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Especializada à Saúde e Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Portaria Conjunta SAES/SCTIE/MS nº 19, de 16 de novembro de 2021. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas Doença Pulmonar Obstrutiva. [Portaria na internet]. Diário Oficial da União 22 nov 2021 [Acesso em 06 abril 2021]; Seção 1, (210). [Acesso em 06 abril 2022]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/Portaria/2021/20211122_Portaria_Conjunta_19.pdf.
4 Brometo de glicopirrônio + maleato de indacaterol. [Bula]. Brasil: Novartis Biociências S.A.
5 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Medicamentos. Câmera de Regulação do Mercado de Medicamentos. Listas de Preços de Medicamentos [Acesso em 06 abril 2022]. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/cmed/precos.
6 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2022. Brasília: Ministério da Saúde; 2022 [Acesso em 06 abril 2022]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/20220128_RENAME_2022.pdf.
7 TRICCO et al. (2015). Comparative safety and effectiveness of long-acting inhaled agents for treating chronic obstructive pulmonary disease: a systematic review and network meta-analysis. 1–14. https://doi.org/10.1136/bmjopen-2015-009183.
8 HUISMAN et al. (2015). Comparative efficacy of combination bronchodilator therapies in COPD: a network metaanalysis. International Journal of COPD, 1863–1881.
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Brometo de Tiotrópio para asma :: Novembro/2022
Data de elaboração: Novembro/2022 Data de publicação: Novembro/2022 O que é a asma?
A asma é uma doença inflamatória crônica das vias aéreas inferiores que se caracteriza, clinicamente, por aumento da responsividade dessas vias a diferentes estímulos, com consequente obstrução ao fluxo aéreo, de forma recorrente e, tipicamente, reversível1. A condição, que afeta tanto adultos quanto crianças, é definida por histórico de sintomas respiratórios como sibilos, falta de ar, opressão torácica e tosse, acompanhados de variável limitação do fluxo expiratório, que variam em intensidade e frequência. Várias exposições ambientais estão associadas a asma: infecção grave por vírus sincicial respiratório na infância predispõe os pacientes à asma mais tarde na vida, com uma taxa atribuível de asma devido ao vírus de aproximadamente 20%, dependendo da idade; exposição precoce a ambientes com alto grau de conteúdo microbiano (por exemplo, ambientes rurais e creches) está associado a menores chances de desenvolver asma, quando comparados com controles. Há uma variação de aspectos como grau de inflamação da via aérea, hiper-reatividade brônquica, produção de muco e remodelação das vias aéreas de indivíduo para indivíduo2. Em 2012, a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), um estudo transversal realizado pelo Ministério da Saúde com 109.104 adolescentes do 9º ano de escolas públicas e privadas de todos os estados brasileiros, confirmou taxas de prevalência de sintomas de asma de 23% e de diagnóstico médico de 12%. De 2008 a 2013, o número de óbitos e hospitalizações por asma diminuiu 10% e 36%, respectivamente. No entanto, a taxa de mortalidade hospitalar aumentou em aproximadamente 25%. Em 2013, ocorreram 129.728 internações e 2.047 mortes por asma no Brasil. Já em 2018, o número de internações foi de aproximadamente 87.000. De uma maneira geral, o nível de controle da asma é baixo e a morbidade é elevada, independentemente do país avaliado. No Brasil, as hospitalizações e a mortalidade estão diminuindo na maioria das regiões, em paralelo ao maior acesso aos tratamentos1. Em um estudo realizado numa coorte de 397 crianças (5 a 12 anos de idade) em Salvador/BA, 36% apresentavam asma intermitente, sendo 12,8% asma persistente moderada e 10,8% asma persistente grave. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que atualmente há 235 milhões de pessoas com asma no mundo. Ainda, segundo a OMS, 80% das mortes causadas pela asma ocorrem em países classificados como de renda baixa ou média-baixa2.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar a asma?
Sim. O SUS oferece estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Asma, publicado por meio da Portaria SAES/SCTIE/MS nº 143, de 24 de agosto de 2021. Este documento inclui o conceito geral da asma, critérios de diagnóstico, critérios de inclusão e de exclusão, tratamento e mecanismos de regulação, controle e avaliação. Tem caráter nacional e deve ser utilizado pelas Secretarias de Saúde dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios na regulação do acesso assistencial, autorização, registro e ressarcimento dos procedimentos correspondentes.A tecnologia possui registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária Sanitária (Anvisa)?
Sim. O medicamento brometo de tiotrópio foi registrado na Anvisa em junho de 2002, sob a marca comercial Spiriva Respimat®. Conforme bula, é indicado para o tratamento de da dispneia associada, melhora da qualidade de vida e redução das exacerbações. Ainda, é indicado como tratamento adicional de manutenção para melhora dos sintomas da asma, qualidade de vida e redução das exacerbações em pacientes a partir de 6 anos de idade com asma moderada tratados com pelo menos corticosteroides inalatórios ou asma grave tratados com corticosteroides inalatórios e beta2 de longa duração (LABA) que permaneçam sintomáticos4.Possui genérico?
Não5.Quais são as marcas do medicamento disponível no mercado*?
Spiriva Respimat® - solução inalatória – 2,5 mcg/dose – frasco com 60 doses + respimat.*Medicamento disponível no mercado de acordo com a lista CMED5, de 03/11/2022.
O medicamento está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename)?
Não, de acordo com consulta realizada à Rename6, em 04/11/2022. No entanto, a forma associada brometo de tiotrópio monoidratado + cloridrato de olodaterol está padronizado na Rename e é fornecida no SUS para tratamento da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica.Quanto custa o tratamento com brometo de tiotrópio?
Considerando a dose recomendada em bula de 5 mcg (2 doses liberadas) consecutivas uma vez ao dia, para tratamento da asma, o custo mensal estimado para tratamento com brometo de tiotrópio foi de R$ 331,20. O valor foi calculado considerando-se o Preço Fábrica (PF) e a alíquota de 18% em relação ao Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS) do medicamento Spiriva Respimat®, segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED/Anvisa4, pois esse medicamento não consta na lista com aplicação do desconto do Coeficiente de Adequação de Preços (CAP) ou com isenção de ICMS.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar a asma?
Sim, de acordo com o PCDT da Asma1, o tratamento tem por objetivo atingir e manter o controle da doença, que é definido como a intensidade com que as suas manifestações são suprimidas pelo tratamento. Compreende dois objetivos distintos: o controle das limitações clínicas presentes, ou seja, sintomas mínimos durante o dia e ausência de sintomas à noite, pouca ou nenhuma necessidade de uso de medicamentos de alívio e ausência de limitação das atividades físicas; e a redução dos riscos futuros, ou seja, das exacerbações, da perda da função pulmonar e dos efeitos adversos do tratamento.Os medicamentos preconizados são:
Medicamento Forma farmacêutica Concentração Beclometasona cápsula ou pó inalante
aerossol ou spray bucal200 e 400 mcg
50 e 250 mcgBudesonida cápsula inalante
pó inalante ou aerossol bucal200 e 400 mcg
200 mcgFenoterol aerossol 100 mcg Formoterol cápsula ou pó inalante 12 mcg Formoterol + budesonida cápsula ou pó inalante 12 mcg/400 mcg e 6 mcg/200 mcg Salbutamol aerosol
solução inalante100 mcg
5 mg/mLSalmeterol pó para inalação 50 mcg Prednisona comprimido 5 e 20 mg Prednisolona solução oral 1 mg/mL e 3 mg/mL Omalizumabe* pó para solução injetável 150 mg + 2 mL (diluente) Mepolizumabe pó para solução injetável 100 mg ou caneta aplicadora * De acordo com a fabricante do medicamento omalizumabe, estima-se que, a partir de setembro de 2022, a produção mundial da apresentação pó liofilizado para solução injetável, incorporado e padronizado na Rename, seja descontinuada e, sendo assim, a partir de dezembro de 2022 somente a apresentação em solução injetável em seringa preenchida estará disponível no Brasil7. Assim, os membros da Conitec, durante a 113ª Reunião Ordinária, no dia 06/10/2022, recomendaram, por unanimidade, a incorporação da apresentação de solução injetável em seringa preenchida de 150 mg/mL do omalizumabe.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) já avaliou a tecnologia para esta condição clínica?
Sim, a Conitec avaliou o brometo de tiotrópio para o tratamento da asma moderada e grave em pacientes adultos e crianças (com idade de 6 anos ou mais). Durante a 97ª Reunião Ordinária, realizada no dia 5 de maio de 2021, os membros da Comissão deliberaram, por unanimidade, a não incorporação do tiotrópio para o tratamento de crianças, adolescentes e adultos com asma moderada e grave não controlada8. Considerou-se que “ao passo que há evidência do benefício do tiotrópio considerando função pulmonar e outros desfechos intermediários, há escassez de evidências que demonstrem a superioridade do tiotrópio frente ao tratamento já disponível no SUS (combinação de LABA + CI – formoterol + budesonida), considerando desfechos primordiais, como exacerbações graves, hospitalização ou qualidade de vida.”. O documento técnico foi encaminhado ao Secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, que ratificou a recomendação e publicou a Portaria SCTIE/MS nº 19/2021, no Diário Oficial da União (DOU) nº 103, de 02/06/2021, Seção 1, pág. 118.O que a literatura científica relata sobre o uso xxx para essa condição clínica?
O Ensaio Clínico Randomizado (ECR) paralelo e aberto, de três braços de Hoshino et al (2018)9 avaliou os efeitos do montelucaste e do tiotrópio na inflamação e remodelação das vias aéreas em pacientes com asma persistente que já estavam em tratamento com cortiscosteroide inalatório (CI) (budesonida + formoterol) associado à LABA. Os pacientes foram divididos nos grupos: LABA + CI, sem placebo; LABA + C I+ tiotrópio; e LABA + CI + montelucaste. As taxas de exacerbação observadas não foram significativamente diferentes entre os grupos de tratamento com montelucaste e tiotrópio. Também não foi observada diferença significativa nas variações dos escores ACQ-IA entre os diferentes grupos, um questionário simples para medir o controle da asma em adultos. Houve aumento significativo da capacidade vital forçada (CVF) (p <0,05), volume expiratório final no 1° segundo (VEF1) (p <0,05) e VEF1% previsto (p <0,01) naqueles que utilizaram tiotrópio, comparados ao ‘baseline’. As diferenças nos parâmetros espirométricos entre os pacientes tratados com montelucaste mais LABA + CI e aqueles tratados com LABA + CI, e entre pacientes tratados com tiotrópio mais LABA + CI e aqueles tratados com LABA + CI foram significativas.O ECR, um estudo multicêntrico e paralelo de Vogelberg et al (2018)10, randomizou crianças entre 6 e 11 anos em três grupos: tiotrópio + LABA (formoterol) + CI; Tiotrópio + LABA + CI; e placebo + LABA + CI. Na 24ª semana houve diferença entre o grupo tiotrópio e placebo no contorle dos sintomas, porém esta diferença não se manteve ao longo do tempo. Na 48ª semana os valores foram: tiotrópio 5 mcg = 0,72±0,06; tiotrópio 2,5mcg = 0,75±0,06 e placebo = 0,82± 0,06. As diferenças médias dos grupos de tratamento, se comparados ao placebo no desfecho função pulmonar foram: tiotrópio 5 mg = 164 mL (IC95% 103-225; P < 0,001) e tiotrópio 2.5 mg = 170 mL (IC95%, 108-231; P < 0,001). Na semana 48, o VEF1 por grupo foi: tiotrópio 5 mcg = 337±30; tiotrópio 2,5 mcg = 365±31 e placebo 266±32. Os efeitos adversos mais frequentes foram exacerbação da asma, nasofaringite e infecções das vias aéreas superiors (IVAS). As frequências de efeitos adversos por grupo foram: tiotrópio 5 mcg-60,7%; tiotrópio 2,5 mcg 63,7% e placebo 67,9%.
A revisão sistemática com meta-análise de Kew et al (2016)11 teve por objetivo geral avaliar os efeitos da adição de antimuscarínicos de longa duração (LAMA) à combinação LABA + CI em adultos nos quais a asma não era bem controlada com LABA + CI. Os pacientes que receberam tiotrópio tiveram menos exacerbações com necessidade de corticosteroide oral do que aqueles que receberam LABA + CI, mas os IC se sobrepuseram entre os grupos com e sem tiotrópio: OR 0,76; IC95% 0,57 a 1,02 (não houve significância estatística). Análises comparando o número de exacerbações por paciente em cada grupo (razão de taxas-RT) e o tempo até a primeira exacerbação (hazard ratio-HR) tiveram resultados semelhantes. Na comparação LABA + CI + tiotrópio (na maioria dos casos) com LABA + CI + placebo, houve um potencial benefício do tiotrópio para o controle dos sintomas da asma, pelo questionário ACQ, uma média de diferença de 0,13; IC95% 0,23-0,02 (2 ECR, n=907 pacientes). Essa diferença não foi clinicamente significativa. Em relação à qualidade de vida, não houve melhores resultados para tiotrópio quando considerada a diferença mínima clinicamente significativa de 0,5 na qualidade de vida (AQLQ) (diferenças médias= 0,09; IC95% - 0,03 a 0,20). Os pacientes que usaram tiotrópio tiveram melhora da função pulmonar, expressada pelo VEF1, com uma diferença média de 0,07 com IC95% 0,03-0,11 (3 ECRs, n=1.191). Os pacientes que usaram tiotrópio tiveram menos chance de apresentar eventos adversos não graves (representados por agudização e complicações da asma) se comparados ao placebo.
Referências bibliográficas
1 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Especializada à Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Portaria Conjunta nº 14, de 24 de agosto de 2021. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Asma. [portaria na internet]. Diário Oficial da União 27 agosto 2021 [acesso em 04 nov 2022]; Seção 1, (119). Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/assuntos/avaliacao-de-tecnologias-em-saude/protocolos-clinicos-e-diretrizes-terapeuticas.2 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação nº 612, de maio 2021. Tiotrópio para tratamento da asma moderada e grave em pacientes adultos e crianças (com idade de 6 anos ou mais). [Acesso em 04 nov 2022]. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/2021/20210602_relatorio_612_tiotropio_asma_p19.pdf.
3 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Especializada à Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Portaria Conjunta nº 14, de 24 de agosto de 2021. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Asma. [portaria na internet]. Diário Oficial da União 27 agosto 2021 [acesso em 04 nov 2022]; Seção 1, (119). Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/portaria/2021/20210827_portaria_conjunta_14.pdf.
4 Spiriva Respimat. [Bula]. Brasil: Boehringer Ingelheim do Brasil Química e Farmacêutica LTDA.
5 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Medicamentos. Câmera de Regulação do Mercado de Medicamentos. Listas de Preços de Medicamentos [Acesso em 04 nov 2022]. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/cmed/precos.
6 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2022. Brasília: Ministério da Saúde; 2022 [Acesso em 28 out 2022]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/20220128_RENAME_2022.pdf.
7 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação Inclusão de nova apresentação de omalizumabe (150 mg/mL) solução injetável em seringa preenchida para tratamento da asma alérgica grave não controlada apesar do uso de corticoide inalatório (CI) associado a um beta2-agonista de longa ação (LABA), de ago 2022. [acesso em 28 out 2022]; Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/consultas/relatorios/2022/20220830_relatorio_omalizumabe_asma_cp55.pdf.
8 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação nº 612, de mai 2021. tiotrópio para o tratamento da asma moderada e grave em pacientes adultos e crianças (com idade de 6 anos ou mais). [Acesso em 27 out 2022]. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/2021/20210602_relatorio_612_tiotropio_asma_p19.pdf.
9 Hoshino M, Akitsu K, Ohtawa J. Comparison between montelukast and tiotropium as add-on therapy to inhaled corticosteroids plus a long-acting β2-agonist in for patients with asthma. 2018. Journal of Asthma, DOI: 10.1080/02770903.2018.1514047.
10 Vogelberg C, Engel M, Laki I, Bernstein JA, Schmidt O, Azzi JE et al. Tiotropium add-on therapy improves lung function in children with symptomatic moderate asthma. The Journal of Allergy and Clinical Immunology: In Practice. 2018; DOI: 10.1016/j.jaip.2018.04.032.
11 Kew KM, Dahri K. Long-acting muscarinic antagonists (LAMA) added to combination long-acting beta2-agonists and inhaled corticosteroids (LABA/ICS) versus LABA/ICS for adults with asthma (Review). Cochrane Database of Systematic Reviews 2016, Issue 1. Art. No.: CD011721. DOI: 10.1002/14651858.CD011721.pub2.
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Brometo de tiotrópio + cloridrato de olodaterol para tratamento da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) :: Abril/2022
Data de elaboração: Abril/2022 Data de publicação: Abril/2022 O que é Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC)?
A DPOC é caracterizada por uma limitação crônica ao fluxo de ar, não totalmente reversível, associada a uma resposta inflamatória anormal à inalação de substâncias ou gases nocivos. A obstrução crônica ao fluxo de ar ocorre devido a uma associação de inflamação nas pequenas vias aéreas (bronquiolite respiratória) e destruição parenquimatosa (enfisema). Os sintomas iniciais não aparentam ser nocivos, são persistentes, e tendem a aumentar em frequência e intensidade ao longo do tempo, com episódios de agravamento que duram geralmente alguns dias (exacerbações). A bronquite crônica, definida como tosse produtiva por ao menos três meses ao ano por dois anos consecutivos, em pacientes nas quais outras causas de tosse com expectoração foram excluídas, muitas vezes antecede em anos o desenvolvimento de obstrução ao fluxo de ar1. O diagnóstico de DPOC é feito com base em sinais e sintomas respiratórios crônicos, na presença de fatores de risco para a doença, associados a distúrbio ventilatório irreversível do tipo obstrutivo à espirometria (relação volume expiratório forçado em 1 segundo (VEF1)/capacidade vital forçada (CVF) inferior de 0,70) após teste com broncodilatador, em situação clínica estável2. Nas fases mais avançadas há um significativo prejuízo na qualidade de vida, devido às exacerbações mais frequentes e graves, bem como à incapacidade funcional associada à insuficiência respiratória crônica. Sinais ao exame físico, como cianose, tórax em barril/ hiperinsuflação pulmonar e tiragem intercostal, apontam para a existência de DPOC em fase avançada. Além de fadiga e intolerância a atividades físicas, pacientes com DPOC grave podem também apresentar perda de peso, redução da massa muscular e mesmo caquexia, atribuídas a quadro inflamatório sistêmico. No Brasil, um estudo mostrou uma prevalência total de distúrbio ventilatório obstrutivo de 15,8% na região metropolitana de São Paulo, entre indivíduos com mais de 40 anos, sendo 18% entre os homens e 14% entre as mulheres. A maioria dos casos não tinha diagnóstico prévio. Em revisão sistemática, a maior prevalência de DPOC foi identificada na região centro-oeste (25%), seguida pela região sudeste (23%). De acordo com dados da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS/MS), a DPOC é a quinta causa de morte entre todas as idades, depois de doença isquêmica do coração, doença cerebrovascular, infecção de vias aéreas inferiores e Alzheimer e outras demências. Nas últimas décadas, foi a quinta maior causa de internação no Sistema Único de Saúde (SUS) entre pacientes com mais de 40 anos, correspondendo a cerca de 200.000 hospitalizações. A prevenção primária envolve principalmente o combate aos fatores de risco ambientais, especialmente o tabagismo; evitar uso de biomassa como combustível em domicílios; diminuir a poluição urbana; e reduzir a exposição ocupacional a fumaça e gases tóxicos1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC)?
Sim. O SUS oferece estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da DPOC1, publicado por meio da Portaria SAES/SCTIE/MS nº 19 , de 16 de novembro de 2021. Este documento inclui o conceito geral da DPOC, critérios de diagnóstico, critérios de inclusão e de exclusão, tratamento e mecanismos de regulação, controle e avaliação, é de caráter nacional e deve ser utilizado pelas Secretarias de Saúde dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios na regulação do acesso assistencial, autorização, registro e ressarcimento dos procedimentos correspondentes. A conduta terapêutica é definida conforme avaliação da intensidade dos sintomas e do perfil de risco de exacerbações.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. A associação medicamentosa brometo de tiotrópio + cloridrato de olodaterol foi registrado na Anvisa em maio de 2019, sob a marca comercial Spiolto®. A indicação apresentada em bula é para o tratamento de manutenção de longa duração de pacientes com DPOC moderada, grave e muito grave (incluindo bronquite crônica e enfisema pulmonar), para reduzir a obstrução do fluxo de ar, melhorar a qualidade de vida, reduzir a dispneia associada e melhorar a tolerância ao exercício3.Possui genérico?
Não4.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Spiolto® - solução para inalação de 2,5mcg + 2,5 mcg.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED11 de 04/03/2022.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Sim, de acordo com consulta realizada à Rename5, em 06/04/2022.Quanto custa o tratamento com Brometo de tiotrópio + cloridrato de olodaterol?
A dose usual recomendada para para adultos é a inalação oral de 2 acionamentos consecutivos (5 mcg de tiotrópio e 5 mcg de olodaterol). O custo estimado mensal foi de R$ 242,10 (duzentos e quarenta e dois reais e dez centavos). O valor foi calculado considerando o Preço Fábrica (PF) estabelecido pela Anvisa e a alíquota de 18% em relação ao ICMS do medicamento Spiolto®, na apresentação de inalador com 60 acionamentos, segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED/Anvisa)3.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC)?
Sim, de acordo com o PCDT da DPOC1, são disponibilizados os medicamentos apresentados na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Beclometasona Cápsula ou pó inalante
Aerossol200 e 400 mcg
200 mcg e 250 mcgBudesonida Cápsula ou pó de inalação e Aerossol buccal
Cápsula para inalação200 mcg
400 mcgFormoterol + budesonida Cápsula ou pó para inalação 6 mcg + 200 mcg e de 12 mcg + 400 mcg Fenoterol Solução aerossol 100 mcg/dose Formoterol cápsula ou pó para inalação 12 mcg Salbutamol Aerossol oral
Solução para inalação100 mcg
5 mg/mLSalmeterol Pó para inalação 50 mcg Prednisona Comprimido 5 mg e 20 mg Prednisolona Solução oral 180 mg
360 mgHidrocortisona Pó para solução injetável 100 mg e 500 mg Brometo de ipratrópio Solução para inalação
Solução para inalação oral0,25 mg/mL
20 mcg/doseBrometo de umeclidínio + trifenatato de vilanterol Pó inalante 62,5 mcg + 25 mcg Brometo de tiotrópio monoidratado + cloridrato de olodaterol Solução para inalação 2,5 mcg + 2,5 mcg O financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por um ou mais dos três entes federativos (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosas, conforme PCDT1, como a reabilitação pulmonar e fisioterapia respiratória.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, a Conitec avaliou a associação medicamentosa brometo de tiotrópio + cloridrato de olodaterol para o tratamento de pacientes com DPOC. Durante a 93ª reunião ordinária, realizada no dia 9 de dezembro de 2020, os membros da Comissão deliberaram, por maioria simples, recomendar do brometo de tiotrópio + cloridrato de olodaterol para o tratamento de pacientes com DPOC graves e muito graves (estágio 3 e 4), com alto risco (C e D), e demais critérios definidos no PCDT. O documento técnico foi encaminhado ao Secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde (SCTIE/MS), que ratificou a recomendação e publicou a Portaria SCTIE/MS nº 66/2020, no Diário Oficial da União (DOU) nº 248, de 29/12/2020, Seção 1, pág. 815.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Miravitlles et al (2017)6 realizaram uma revisão sistemática e metanálise de ensaios clínicos randomizados (ECR) em pacientes com DPOC confirmada por espirometria, comparando o tratamento combinado com brometo de tiotrópio + cloridrato de olodaterol, com o uso isolado dos componentes ou qualquer outro comparador ativo administrado por um inalador. A associação melhorou significativamente o volume expiratório forçado em 1 segundo (VEF1) desde o início até a semana 12 quando comparado ao uso de tiotrópio ou olodaterol isolado, e agonistas Beta 2 adrenérgicos de longa ação (LABA)/corticoide inalatório (0,06 L, 0,09 L e entre 0,04 e 0,05 L, respectivamente). A combinação também melhorou o Índice de Transição da Dispneia (TDI, do inglês Transition Dyspnea Index). Os pacientes tratados com brometo de tiotrópio + cloridrato de olodaterol apresentaram redução significativa no uso de medicação de resgate e não foram observadas diferenças significativas na frequência de eventos adversos gerais e graves entre a associação e o uso dos componentes isolados.
ZuWallack et al (2017)7 realizaram dois estudos replicados, duplo-cegos, randomizados, de grupos paralelos, multicêntricos (ANHELTO 1 e ANHELTO 2) para avaliar a eficácia e segurança da associação tiotrópio + olodaterol em comparação ao uso de tiotrópio combinado com placebo em pacientes com DPOC moderada a grave. O uso do tiotrópio + olodaterol resultou em melhorias significativas em relação ao tiotrópio + placebo no desfecho VEF1 (diferenças de tratamento: 0,117 L [P <0,001], ANHELTO 1; 0,106 L [P <0,001], ANHELTO 2) e VEF1 mínimo (diferenças de tratamento: 0,062 L [P <0,001], ANHELTO 1; 0,040 L [P=0,0029], ANHELTO 2). O perfil de tolerabilidade de olodaterol + tiotrópio foi semelhante à monoterapia com tiotrópio. Os estudos demonstraram que a associação tiotrópio + olodaterol proporcionou efeitos broncodilatadores acima do tiotrópio isolado em pacientes com DPOC.Referências bibliográficas
1 Brasil. Ministério da Saúde. Ministério da Saúde. Portaria Conjunta SAES/SCTIE/MS nº 19, de 16 de novembro de 2021. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica. [Portaria na internet]. Diário Oficial da União 22 nov 2021. Brasília: Ministério da Saúde, 2021. [Acesso em 06 abril 2022]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Protocolos/20211123_PORTAL_Portaria_Conjunta_19_PCDT_DPOC.pdf.2 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação nº 585, de dez 2020. Broncodilatadores Antagonistas Muscarínicos de Longa Ação (LAMA) + Agonistas Beta2-Adrenérgicos de Longa Ação (LABA) para o tratamento de pacientes com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica. . [Acesso em 06 abril 2022]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2020/20201229_Relatorio_585_LAMA_LABA_DPOC.pdf.
3 Spiolto. [Bula]. Brasil: Boehringer Ingelheim do Brasil Química e Farmacêutica Ltda.
4 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Medicamentos. Câmera de Regulação do Mercado de Medicamentos. Listas de Preços de Medicamentos [Acesso em 06 abril 2022]. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/cmed/precos.
5 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2020. Brasília: Ministério da Saúde; 2020 [Acesso em 15 jan 2022]. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/relacao_medicamentos_rename_2020.pdf.
6 Miravitlles M, Urrtia, G, Mathioudakis AG, Ancoclea J. (2017). Efficacy and safety of tiotropium and olodaterol in COPD: a systematic review and metaanalysis. Respir Res. 2017 Nov 25;18(1):196. https://doi.org/10.1186/s12931-017-0683-x.
7 Miravitlles M, Urrtia, G, Mathioudakis AG, Ancoclea J. (2017). Efficacy and safety of tiotropium and olodaterol in COPD: a systematic review and metaanalysis. Respir Res. 2017 Nov 25;18(1):196. https://doi.org/10.1186/s12931-017-0683-x.
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Brometo de tiotrópio para doença pulmonar obstrutiva crônica :: Maio/2018
Data de elaboração: Maio/2018 Data de publicação: Maio/2018 O que é Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica - DPOC?
A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é caracterizada por obstrução crônica do fluxo pulmonar que interfere com a respiração normal, que é provocado por um misto de doença das pequenas vias aéreas (bronquiolite obstrutiva) e destruição do parênquima pulmonar (enfisema). Via de regra, a limitação do fluxo de ar é progressiva, não totalmente reversível e está associada a uma reação inflamatória anormal dos pulmões, em decorrência de exposição inalatória prolongada a material particulado ou gases irritantes, como tabaco e combustíveis de biomassa. Os principais sinais e sintomas são tosse, falta de ar, chiado no peito e expectoração crônicos. Como está associada a um quadro inflamatório sistêmico, manifestações como perda de peso e redução da massa muscular podem ocorrer nas fases mais avançadas1. A evolução clínica pode variar desde a limitação mínima às atividades cotidianas até a insuficiência respiratória crônica com necessidade de oxigenioterapia domiciliar2,3.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica - DPOC?
Sim. O SUS oferece uma estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da DPOC4. (http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2014/junho/13/Portaria-609-de-2013.pdf)A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O brometo de tiotrópio possui indicação em bula para o tratamento de manutenção de pacientes com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica - DPOC (incluindo bronquite crônica e enfisema pulmonar), para o tratamento da dispneia associada, melhora da qualidade de vida e redução das exacerbações e também, como tratamento adicional de manutenção para melhora dos sintomas da asma5.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Spiriva Respimat® - Solução para inalação 2,5 mcg por dose liberada: frasco de 4 mL (60 doses liberadas, que equivalem a um mês de tratamento) acompanhado do inalador RESPIMAT.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 14/03/2018.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não, o brometo de tiotrópio não consta na RENAME.Quanto custa o tratamento com Brometo de tiotrópio?
Considerando a dose recomendada em bula, de 5,0 mcg uma vez ao dia (que corresponde a duas borrifadas uma vez ao dia), o custo mensal estimado para o tratamento com brometo de tiotrópio é de R$ 208,58. O custo foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% do medicamento de referência, segundo ANVISA6.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica - DPOC?
Sim, são disponibilizados os medicamentos apresentados na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Beclometasona Cápsula, solução ou pó inalante
Cápsula ou pó inalante
Solução inalante
Solução para inalação oral
Solução para inalação nasal200 mcg
400 mcg
250 mcg
50 mcg
50 mcgBudesonida Cápsula ou pó inalante
Cápsula ou pó inalante
Aerossol bucal200 mcg
400 mcg
200 mcgBrometo ipatrópio Solução inalante
Aerossol oral0,25 mg/m
0,02 mgFenoterol aerossol 100 mcg Formoterol cápsula ou pó inalante 12 mcg Formoterol + budesonida Cápsula ou pó inalante
Cápsula ou pó inalante12 mcg/400 mcg
6 mcg/200mcgHidrocortizona pó para solução injetável 100 mg e 500 mg Salbutamol aerossol
solução inalante100 mcg
5 mg/mlSalmeterol aerossol bucal ou pó inalante 50mcg Prednisona comprimido 5 mg
20 mgPrednisolona solução oral 1 mg/ml
3 mg/mlO financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento1.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosa, conforme PCDT2.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, a CONITEC avaliou o brometo de tiotrópio para tratamento de doença pulmonar obstrutiva crônica. Os membros da Comissão recomendaram a não incorporação desse medicamento, pois os estudos disponíveis até aquele presente momento não foram suficientes para: i) estabelecer definitivamente os benefícios clínicos do tiotrópio em relação aos medicamentos agonistas β2 ou à associação de agonistas β2 + corticoides inalatórios e ii) demonstrar a segurança especificamente em relação ao inalador Respimat7.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Revisão sistemática com metanálise avaliou os efeitos do brometo de tiotrópio em comparação com broncodilatadores β2-agonistas de curta ação (Fenoterol e salbutamol), broncodilatadores β2-agonistas de longa ação (Formoterol e salmeterol), broncodilatadores anticolinérgicos de curta ação (Brometo de ipratrópio) e corticosteroides inalatórios (Budesonid e beclometasona), todos estes fornecidos pelo SUS. Os desfechos considerados foram mortalidade, hospitalização, exacerbação, melhora na qualidade de vida, melhora nos sintomas da dispneia e eventos adversos. Na maioria dos estudos, o brometo de tiotrópio reduziu a frequência de episódios de exacerbação e de hospitalização, quando comparado ao placebo e ipratrópio, mas não quando comparado aos agonistas β2 e aos agonistas β2 + Corticoide inalatório8,9. Em relação à melhora na qualidade de vida e nos sintomas da dispneia, o tiotrópio foi superior ao placebo e ao ipratrópio, mas não aos agonistas β210,11. O evento adverso mais comum com tiotrópio foi o aumento da incidência de boca seca, em relação ao placebo, ipratrópio e salmeterol12,13. Em alguns estudos o tiotrópio aumentou a frequência de eventos de arritmia ou taquicardia, em relação aos controles14. Quanto a dispneia, a maioria dos estudos mostraram que, em relação ao placebo e ao ipratrópio, o tiotrópio melhorou os sintomas de dispneia, mas não foi diferente do salmeterol e da associação salmeterol/fluticasona13,15,16. bem como quando comparado aos agonistas β217. Por fim, sobre o desfecho de mortalidade, o brometo de tiotrópio não apresentou diferenças estatisticamente significativas neste desfecho em relação ao placebo12,16,18 ipratrópio12,16 ou agonistas β29,11,12,16. Entretanto, o tiotrópio aumentou a mortalidade em relação à terapia combinada de agonista β2LA+ corticoide inalatório em 4 estudos9,11,12,18.Referências bibliográficas
1 WHO - World Health Organization. Global surveillance, prevention and control of chronic respiratory diseases: a comprehensive approach. World Health Organization, 2007. Disponível em: http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/43776/2/9789726751830_por.pdf. Acesso em 22/03/2018.
2 BAGATIN, E., JARDIM, J.R., STIRBULOV, R. Occupational chronic obstructive pulmonarydisease. J Bras Pneumol,32(2):35-40, 2006.
3 FERNANDES, Alba Barros Souza. Reabilitação respiratória em DPOC–a importância da abordagem fisioterapêutica. Pulmão RJ, v. 1, n. 1, p. 71-78, 2009.
4 BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 609, de 6 de junho de 2013. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. Disponível em: http: http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2014/junho/13/Portaria-609-de-2013.pdf Acesso em: 22/03/2018.
5 BROMETO DE TIOTRÓPIO. Bula de medicamento. Boehringer Ingelheim Pharma. Farm. Resp.: Dímitra Apostolopoulou. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=6669612015&pIdAnexo=2766739. Acesso em 22/02/2018.
6 Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 22/03/2018.
7 BRASIL. Ministério da Saúde. PORTARIA Nº 34, DE 06 DE AGOSTO DE 2013. Torna pública a decisão de não incorporar o medicamento brometo de tiotrópio para o tratamento da doença pulmonar obstrutiva crônica no Sistema Único de Saúde – SUS. Brasília, Ministério da Saúde, 2013. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/Portaria/2013/Portaria34a38_2013.pdf Acesso em 22/03/2018.
8 Baker WL, Baker EL, Coleman CI. Pharmacologic treatments for chronic obstructive pulmonary disease: a mixed-treatment comparison meta-analysis. Pharmacotherapy 2009; 29(8): 891-905.
9 CHONG J, KARNER C, POOLE P. Tiotropium versus long-acting beta-agonists for stable chronic obstructive pulmonary disease. Cochrane Database Syst Rev. 2012 Sep 12;9.
10 KARNER, C.; CATES, C. J. Combination inhaled steroid and long-acting beta(2)-agonist in addition to tiotropium versus tiotropium or combination alone for chronic obstructive pulmonary disease. Cochrane Database Syst Rev, n. 3, p. CD008532, 2011.
11 RODRIGO GJ, PLAZA V, CASTRO-RODRIGUEZ JA. Comparison of three combined pharmacological approaches with tiotropium monotherapy in stable moderate to severe COPD: a systematic review. Pulmonary Pharmacology and Therapeutics 2012; 25(1): 40-47.
12 BARR, R. G. et al. Tiotropium for stable chronic obstructive pulmonary disease: A metaanalysis.Thorax, v. 61, n. 10, p. 854-862, 2006.
13 YOHANNES, A. M.; WILLGOSS, T. G.; VESTBO, J. Tiotropium for treatment of stable COPD: A meta-analysis of clinically relevant outcomes. Respiratory Care, v. 56, n. 4, p. 477-487, 2011
14 WU, Q. et al. The efficacy and safety of tiotropium in Chinese patients with stable chronic obstructive pulmonary disease: a meta-analysis. Respirology, v. 14, n. 5, p. 666-74, Jul 2009.
15 BARR, R. G. et al. Inhaled tiotropium for stable chronic obstructive pulmonary disease. Cochrane Database Syst Rev, n. 2, p. CD002876, 2005.
16 NEYT, M. et al. Tiotropium in the Treatment of Chronic Obstructive Pulmonary Disease: Health Technology Assessment. Health Technology Assessment (HTA). Brussels: Belgian Health Care Knowledge Centre (KCE). 200.
17 RAM FS, CARVALLHO CR, WHITE J. Clinical effectiveness of the Respimat inhaler device in managing chronic obstructive pulmonary disease: evidence when compared with other handheld inhaler devices. International Journal of COPD 2011; 6: 129-139
18 KLIBER, A.; LYND, L. D.; SIN, D. D. The effects of long-acting bronchodilators on total mortality in patients with stable chronic obstructive pulmonary disease. Respir Res, v. 11, p. 56, 2010. -
Brometo de umeclidínio para doença pulmonar obstrutiva crônica - DPOC :: Agosto/2019
Data de elaboração: Junho/2019 Data de publicação: Agosto/2019 O que é Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica - DPOC?
A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) caracteriza-se por sinais e sintomas respiratórios associados à obstrução crônica das vias aéreas inferiores, geralmente em decorrência de exposição inalatória prolongada a material particulado ou gases irritantes. O tabagismo é sua principal causa. A principal alteração fisiopatológica da DPOC envolve a bronquite crônica e a enfisema pulmonar. Os principais sinais e sintomas são tosse, falta de ar, chiado no peito e expectoração crônicos. Como está associada a um quadro inflamatório sistêmico, manifestações como perda de peso e redução da massa muscular podem ocorrer nas fases mais avançadas. A evolução clínica da DPOC pode variar desde a limitação mínima às atividades cotidianas até a insuficiência respiratória crônica com necessidade de oxigenoterapia domiciliar1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica - DPOC?
Sim. O SUS oferece estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da DPOC1.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim2. O brometo de umeclidínio possui indicação em bula para o tratamento de manutenção da broncodilatação para alívio dos sintomas associados à Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC). Não deve ser usado para aliviar um ataque súbito de falta de ar ou chiado. Nesses casos, é recomendado seguir/procurar indicação médica.Possui genérico?
Não.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Vanisto® - pó para inalação por via oral acondicionado em um dispositivo plástico (Ellipta®) que contém 7 ou 30 doses, que equivalem a, respectivamente, 7 e 30 dias de tratamento. Cada inalação fornece uma dose de 62,5 mcg.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 06/06/2019.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não, o brometo de umeclidínio não consta na RENAME 20184.Quanto custa o tratamento com Brometo de umeclidínio?
Considerando a dose recomendada em bula, de 62,5 mcg uma vez ao dia, o custo mensal estimado para o tratamento com brometo de umeclidínio foi de R$ 80,99. O custo foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% do medicamento de referência, segundo ANVISA5.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica - DPOC?
Sim, são disponibilizados os medicamentos apresentados na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Beclometasona Cápsula inalante ou pó inalante
Aerossol200 mcg e 400 mcg
200 mcg e 250mcgBrometo de ipratrópio Solução inalante
Aerossol oral0,25 mg/ml
0,02 mg/doseBudesonida Cápsula inalante
Pó inalante e aerossol oral200 e 400 mcg
200 mcgFenoterol Aerossol 100 mcg Formoterol Cápsula ou pó inalante 12 mcg Formoterol + budesonida Cápsula inalante ou pó inalante 6mcg + 200 mcg ou 12 mcg + 400 mcg Hidrocortisona Pó para solução injetável 100 mg e 500 mg Salbutamol Aerossol
Solução inalante100 mcg
5 mg/mlSalmeterol Aerossol oral ou pó inalante 50mcg Prednisona Comprimido 5 mg e 20 mg Prednisolona Solução oral 3 mg/ml O financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento5.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosa, conforme PCDT1.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Não. Até a presente data, não foi protocolada na Conitec demanda para analisar a incorporação no SUS do brometo de umeclidínio para tratamento de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) ou para outras condições clínicas, seja pelo laboratório fabricante ou por outros demandantes. Ressalta-se que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou a empresa (produtora da tecnologia ou não), pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à Conitec, desde que cumpra as exigências legais impostas pelo Decreto nº 7.646 de 2011.
Mais informações em: http://conitec.gov.brO que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Uma revisão sistemática avaliou a eficácia e a segurança do brometo de umeclidínio versus placebo em pessoas com DPOC estável. Foram incluídos quatro ensaios clínicos randomizados (ECR) com duração de 12 a 52 semanas, envolvendo 3798 participantes com DPOC. A idade média dos participantes variou de 60,1 a 64,6 anos; a maioria era do sexo masculino, com idade média inicial de tabagismo de 39,2 a 52,3. Eles apresentavam DPOC moderada a grave e volume expiratório forçado médio pós-broncodilatador no primeiro segundo (VEF 1) variando de 44,5% a 55,1% do normal previsto. Em comparação com aqueles que receberam placebo, os participantes do grupo umeclidínio apresentaram menor probabilidade de desenvolver exacerbações moderadas, exigindo um ciclo curto de esteróides, antibióticos ou ambos [OR = 0,61, IC de 95% (0,46 a 0,80)], mas não requerendo internações hospitalares devido a exacerbações graves [OR=0,86, IC 95% (0,25 a 2,92)]. Apenas três estudos avaliaram a qualidade de vida e os resultados apontaram que o grupo umeclidínio foi melhor quando comparado ao placebo [diferença média=‐4,79; IC95% (‐8,84–0,75)], e esses participantes tiveram uma chance significativamente maior de alcançar uma diferença clinicamente importante mínima de pelo menos quatro unidades na pontuação total do Questionário Respiratório de São Jorge (SGRQ) em comparação com as do grupo placebo [OR=1,45, IC 95% (1,16 a 1,82)]. Os resultados dos quatro ECR indicaram que a probabilidade de mortalidade por todas as causas, eventos adversos graves não fatais [OR=1,33; IC 95% (0,89 a 2,00)] e eventos adversos [OR=1,06, IC 95% (0,85 a 1,31)] não diferiram entre os grupos de umeclidínio e placebo. Melhoria sintomática foi mais provável no grupo umeclidínio do que no grupo placebo, conforme determinado pelo escore focal do Índice de Dispneia de Transição (IDT) [MD=0,76, IC 95% (0,43 a 1,09)] e a chance de alcançar uma diferença clinicamente importante mínima de pelo menos uma melhora unitária foi significativamente maior com umeclidínio do que com placebo [OR=1,71, IC 95% (1,37 a 2,15)]. A probabilidade de uso de medicamentos de resgate (alteração da linha de base no número de inalações por dia) foi significativamente menor para o grupo umeclidínio do que para o grupo placebo. Diante do exposto, conclui-se que os estudos relataram que o umeclidínio reduziu as exacerbações agudas que requerem esteróides, antibióticos ou ambos, embora não há evidência que comprove a diminuição do risco de internação hospitalar devido a exacerbações. Além disso, o umeclidínio demonstrou melhora significativa na qualidade de vida, função pulmonar e sintomas, juntamente com menor uso de medicamentos de resgate. Quanto aos eventos adversos, não houve diferença entre os grupos umeclidínio e placebo6.Referências bibliográficas
1http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2014/junho/13/Portaria-609-de-2013.pdf, disponível em 18/06/2019
2https://consultas.anvisa.gov.br/#/medicamentos/q/?substancia=25983, disponível em 18/06/2019.
3http://portal.anvisa.gov.br/documents/374947/2829072/LISTA_CONFORMIDADE_GOV_2019-06-06.pdf/6ef66980-f221-42f7-9c75-bd009afa7bf4, disponível em 18/06/2019.
4http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2018/dezembro/17/170407M2018final.pdf, disponível em 18/06/2019.
5Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. http://portal.anvisa.gov.br/documents/374947/2829072/LISTA_CONFORMIDADE_GOV_2019-06-06.pdf/6ef66980-f221-42f7-9c75-bd009afa7bf4, disponível em 18/06/2019.
6Ni H, Htet A, Moe S. Brometo de Umeclidinium versus placebo para pessoas com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). Cochrane Database of Systematic Reviews 2017, Edição 6. Art. No .: CD011897. DOI: 10.1002 / 14651858.CD011897.pub2. -
Bupropiona para depressão :: Dezembro/2017
Data de elaboração: Dezembro/2017 Data de publicação: Dezembro/2017 O que é depressão?
A depressão é caracterizada por episódios de alterações do humor, como tristeza, incapacidade de sentir prazer nas atividades diárias e irritabilidade. Também se relaciona com problemas do sono, diminuição de apetite e energia reduzida. Pode ser classificada em três graus: leve, moderado e grave1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar depressão?
Sim. Para o tratamento dos transtornos mentais em geral, o SUS oferece uma estratégia de cuidado integral, que pode ser consultada no Caderno de Atenção Básica – Saúde Mental (http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/caderno_34.pdf).A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. Possui indicação em bula para o tratamento de doenças depressivas ou na prevenção de recaídas e recorrências de episódios depressivos após resposta inicial satisfatória2.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Alpes® - comprimido revestido de liberação lenta de 150mg.
Budep® SR - comprimido revestido de liberação prolongada de 150mg.
Bup® - comprimido revestido de 150mg.
Bupium® - comprimido revestido de liberação prolongada de 150mg.
Bupogran® - comprimido revestido de liberação prolongada de 150mg.
Inip® - comprimido revestido de liberação prolongada de 150mg.
Noradop® - comprimido revestido de liberação prolongada de 150mg.
Seth® - comprimido revestido de liberação lenta de 150mg.
Wellbutrin® SR - comprimido revestido de liberação lenta de 150mg.
Wellbutrin® XL - comprimido revestido de liberação prolongada de 150mg.
Zetron® - comprimido revestido de liberação lenta de 150mg.
Zetron® XL - comprimido revestido de liberação prolongada de 150mg e 300mg.
Zyban® - comprimido revestido de liberação lenta de 150mg.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 19/12/2017.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Sim, todavia, a bupropiona não é fornecida, no âmbito do SUS, para o tratamento da depressão. O medicamento é disponibilizado no SUS de acordo com os critérios estabelecidos no Programa Nacional de Controle do Tabagismo3.Quanto custa o tratamento com Bupropiona?
Considerando a dose recomendada em bula de 150 mg/dia, o custo mensal estimado para o tratamento da depressão é de R$ 45,50. O custo mensal foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% dos medicamentos genéricos, segundo a ANVISA4.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar depressão?
Sim, as mesmas podem ser conferidas na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Amitriptilina Comprimido 25 mg
75 mgClomipramina Comprimido 10 mg
25 mgFluoxetina Cápsula ou comprimido 20 mg Nortriptilina Cápsula 10 mg
25 mg
50 mg
75 mgO financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento1.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosa, conforme PCDT2.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Até a presente data, não foi protocolada na CONITEC demanda para incorporação de bupropiona para tratamento de qualquer condição clínica, seja pelo laboratório fabricante ou por qualquer outro demandante. Ressalta-se que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou a empresa produtora do medicamento, pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à CONITEC, desde que cumpra as exigências legais.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Uma revisão sistemática com metanálise avaliou a efetividade da bupropiona em pacientes portadores de depressão5. Os estudos apontam para superioridade da bupropiona em comparação ao placebo e similar efeito em relação a outros antidepressivos. Os autores afirmam que há alguns dados que indicam que a bupropiona atua sobre sintomas específicos, mas não há informações suficientes para recomendar sua prescrição.Referências bibliográficas
1Organização Mundial da Saúde. CID-10: Classificação Estatística Internacional de Doenças. Vol. 1. Edusp, 1994. Disponível em: http://www.datasus.gov.br/cid10/V2008/WebHelp/f30_f39.htm Acesso em: 22/12/2017.
2Wellbutrin® XL: cloridrato de bupropiona. Rio de Janeiro: GlaxoSmithKline Brasil Ltda. Farm. Resp.: Edinilson da Silva Oliveira - CRF-RJ Nº 18875. Bula de medicamento. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=7484462017&pIdAnexo=6198473 Acesso em 26/12/2017.
3Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2014 – 9. ed. rev. e atual. – Brasília: Ministério da Saúde, 2015. 230 p. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Artigos_Publicacoes/Rename/Rename-2014-Julho2015.pdf Acesso em: 26/12/2017.20/07/2017.
4CMED - Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos da ANVISA. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 26/12/2017.
5Patel, Krisna et al. “Bupropion: A Systematic Review and Meta-Analysis of Effectiveness as an Antidepressant.” Therapeutic Advances in Psychopharmacology 6.2 (2016): 99–144. PMC. Web. 21 Dec. 2017. -
Burosumabe para hipofosfatemia ligada ao cromossomo X em adultos :: Março/2022
Data de elaboração: Janeiro/2022 Data de publicação: Março/2022 O que é hipofosfatemia ligada ao cromossomo X em adultos?
A hipofosfatemia ligada ao cromossomo X (HLX) é uma doença ultrarrara causada por mutações no gene regulador do fosfato com homologia às endopeptidases do cromossomo X (PHEX), que leva a perda de função do mesmo, gerando erros na detecção de fosfato e aumento dos níveis de fator de crescimento de fibroblastos 23 (FGF23). O excesso do hormônio FGF23 implica na menor reabsorção renal (ou excreção excessiva) de fosfato e menor produção de vitamina D ativa, levando a hipofosfatemia e deficiência na mineralização dos ossos e dentes. O diagnóstico é baseado em achados clínicos e bioquímicos e em características radiográficas típicas de raquitismo/osteomalácia. Os achados bioquímicos incluem hipofosfatemia, hiperfosfatúria (aumento da eliminação de fosfato pela urina), níveis séricos normais de cálcio e hormônio da paratireoide, níveis plasmáticos aumentados ou normais de fosfatase alcalina, concentrações plasmáticas normais de calcidiol e baixas de calcitriol. O diagnóstico diferencial inclui raquitismo hipofosfatêmico autossômico dominante, raquitismo hipofosfatêmico autossômico recessivo, raquitismo hipofosfatêmico hereditário com hipercalciúria, displasia fibrosa dos ossos, síndrome de Fanconi, deficiência de vitamina D e osteomalácia induzida por tumores. O diagnóstico precoce é de grande importância, uma vez que o início antecipado do tratamento leva a melhores resultados, com crescimento linear e altura final melhorados, acúmulo de massa óssea, menores deformações ósseas e melhor saúde dental. Adultos com HLX apresentam osteomalácia e persistência das complicações ósseas mal resolvidas na infância. Não são raras as fraturas espontâneas por estresse, pseudofraturas, osteoartrite (resultante da carga crônica sobre quadris, joelhos e tornozelos desalinhados), entesopatias e dores ósseas que são potencialmente incapacitantes, que acometem os pacientes durante toda sua vida. No Brasil, estima-se que deve haver cerca de 211 até 1.900 indivíduos com HLX, para a atual população brasileira de 211,5 milhões de habitantes. Embora a HLX não seja uma doença mortal, ocorre uma diminuição significativa da qualidade de vida e produtividade. As alterações provocadas pela doença levam à necessidade de várias cirurgias de correção ortopédicas durante a vida, que demandam muito tempo de recuperação e praticamente sem melhoria nas fortes dores crônicas diárias. Não há um tratamento específico para a condição. O tratamento convencional é realizado com administração de metabólitos orais de fosfato e vitamina D, e tem por objetivo reduzir as deformidades e melhorar o ritmo de crescimento dos pacientes acometidos pela doença1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar hipofosfatemia ligada ao cromossomo X em adultos?
Não. Atualmente, no âmbito do SUS, não há diretrizes de estratégia de cuidado específicas para tratamento da HLX. Todavia, existe o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) de Raquitismo e Osteomalácia2. Atualmente, o PCDT está em fase de atualização para inclusão do medicamento burosumabe para tratamento de pacientes diagnosticados com HLX, com idade de vida entre 1 e 17 anos.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O burosumabe foi registrado na Anvisa em fevereiro de 2021, sob a marca comercial Crysvita®. A indicação apresentada em bula é para tratamento da HLX em pacientes adultos e pediátricos a partir de 1 ano de idade, e para tratamento da hipofosfatemia relacionada ao FGF23 na osteomalácia induzida por tumor (TIO) associada a tumores mesenquimais fosfatúricos que não podem ser integralmente ressecados ou localizados3.Possui biossimilar?
Não4.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Crysvita® - solução injetável de 10 mg/mL, 20 mg/mL e 30 mg/mL.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED04 de 10/01/2022.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não, de acordo com consulta realizada à Rename5, em 15/01/2022. Considerando que o burosumabe é de uso hospitalar, ele não está padronizado na Rename. Apesar disso, seu uso pode ser adotado pelos hospitais.Quanto custa o tratamento com Burosumabe?
A dose inicial recomendada para adultos a partir de 18 anos de idade com HLX é de 1 mg para cada kg de peso corporal, arredondado para o múltiplo de 10 mg mais próximo, até uma dose máxima de 90 mg, administrado a cada quatro semanas. Considerando um paciente com peso corporal de 55 kg, conforme peso adulto definido no relatório de recomendação para avaliação econômica1, o custo estimado mensal é de R$ 119.840,70 (cento e dezenove mil, oitocentos e quarenta reais e setenta centavos). O valor foi calculado considerando-se o Preço Fábrica (PF) estabelecido pela Anvisa e a alíquota de 18% em relação ao ICMS do medicamento de referência Crysvita® na apresentação de 10 mg/mL, segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED/Anvisa)4.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar hipofosfatemia ligada ao cromossomo X em adultos?
Conforme já informado, não há no SUS tratamento específico disponível para HLX. Durante a 104ª Reunião Ordinária da Conitec, realizada em 09/12/2021, os membros presentes deliberaram, por unanimidade, recomendar a atualização do PCDT de Raquitismo e Osteomalácia, para incorporação do medicamento burosumabe no tratamento de crianças com HLX, no âmbito do SUS.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, a Conitec avaliou o burosumabe para o tratamento dos pacientes adultos com HLX. Durante a 94ª reunião ordinária, realizada no dia 4 de fevereiro de 2021, os membros da Comissão deliberaram por unanimidade, recomendar a não incorporação ao SUS do burosumabe para o tratamento de HLX em adultos1. O documento técnico foi encaminhado ao Secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde (SCTIE/MS), que ratificou a recomendação e publicou a Portaria SCTIE/MS nº 1/2021, no Diário Oficial da União (DOU) nº 34, de 22/02/2021, Seção 1, pág. 93.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Insogna e colaboradores (2018)6 avaliaram a eficácia e segurança de burosumabe no tratamento de 134 pacientes adultos com HLX em um estudo de fase III, randomizado, multicêntrico, duplo-cego e placebo-controlado. O uso de burosumabe mostrou eficácia e a segurança no tratamento do raquitismo, na recuperação da homeostase do fósforo, na redução da rigidez articular, no aumento dos níveis séricos de marcadores de remodelamento ósseo e na melhoria da consolidação de fraturas e pseudofraturas. Cerca de 94% dos pacientes que receberam o burosumabe atingiram níveis séricos de fósforo acima do limite mínimo da normalidade nos pontos médios dos intervalos de dose até a semana 24, em comparação com apenas 7,6% dos pacientes no grupo placebo (P <0,0001). Nesse grupo, o aumento na concentração sérica de fósforo atingiu a normalidade já na semana 1 e se manteve durante todo o período de tratamento. No grupo placebo as concentrações de fósforo não mudaram notavelmente até que os pacientes mudaram para o tratamento com burosumabe na semana 24, permanecendo na normalidade até a semana 48. No geral, os eventos adversos (EA) mais comumente observados (≥15%) nos grupos usando burosumabe foram artralgia (23,9%), nasofaringite (22,4%), dor de cabeça (20,1%) e dor nas costas (16,4%). Nenhum dos EAs graves foi avaliado como relacionado ao medicamento do estudo ou que tenha causado a interrupção do tratamento, assim como não houve risco de vida ou morte.
Portale e colaboradores (2019)7 realizaram uma extensão do estudo realizado por Insogna e colaboradores (2018). Os 134 adultos com XLH tiveram seu tratamento continuado após a semana 24, até a semana 48, na dose de 1 mg/kg. O grupo que usou o burosumabe continuou o uso, enquanto o grupo tratado com placebo passou a receber burosumabe a partir da semana 24, na mesma dose do outro grupo. No grupo tratado com burosumabe, a proporção de fraturas totalmente cicatrizadas no grupo de tratamento continuado foi de 20,0%, 43,1%, 50,8% e 63,1% nas semanas 12, 24, 36 e 48, respectivamente. Na semana 48, 80,0% das fraturas e pseudofraturas observadas na linha de base foram curadas totalmente (63,1%) ou parcialmente (16,9%); 9,2% não foram cicatrizados e 10,8% não foram avaliados porque não foram obtidas as radiografias de acompanhamento. No grupo que iniciou o tratamento com placebo, 38 (57,6%) apresentaram um total de 91 fraturas não cicatrizadas (n=13) ou pseudofraturas (n=78). Durante a administração do placebo, apenas 7,7% das fraturas e pseudofraturas foram totalmente curadas nas semanas 12 e 24. Após a transição para o burosumabe, 23,1% e 35,2% das fraturas e pseudofraturas foram totalmente curadas nas semanas 36 e 48, respectivamente. Na semana 48, 74,8% das fraturas e pseudofraturas observadas na linha de base foram curadas totalmente (35,2%) ou parcialmente (39,6%); 12,1% não foram cicatrizados e 13,2% não foram avaliados porque não foram obtidas as radiografias de acompanhamento. O estudo demonstrou que em pacientes adultos com HLX, o tratamento continuado com burosumabe foi bem tolerado, levando à correção sustentada dos níveis séricos de fósforo, à cicatrização contínua de fraturas e pseudofraturas e à melhora sustentada das principais deficiências osteomusculares.Referências bibliográficas
1 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação nº 594, de fev 2021. Burosumabe para o tratamento de hipofosfatemia ligada ao cromossomo X em adultos e crianças. [Acesso em 17 jan 2022]. Disponível em: Relatório 594 - Burosumabe para o tratamento de hipofosfatemia ligada ao cromossomo X em adultos e crianças (conitec.gov.br).2 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Portaria SAS/MS nº 451, de 29 de abril de 2016. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas do Raquitismo e Osteomalácia. [portaria na internet]. Diário Oficial da União 11 set 2019 [acesso em 17 jan 2022]; Seção 1, (176). Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/protocolos-clinicos-e-diretrizes-terapeuticas-pcdt/arquivos/2016/pcdt_raquitismo-e-osteomalacia.pdf.
3 Burosumabe. [Bula]. Brasil: Ultragenyx Brasil Farmacêutica Ltda.
4 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Medicamentos. Câmera de Regulação do Mercado de Medicamentos. Listas de Preços de Medicamentos [Acesso em 17 jan 2022]. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/cmed/precos/arquivos/lista_conformidade_gov_2022_01_v1.pdf.
5 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2020. Brasília: Ministério da Saúde; 2020 [Acesso em 17 jan 2022]. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/relacao_medicamentos_rename_2020.pdf.
6 Insogna KL, Briot K, Imel EA, Kamenický P, Ruppe MD, Portale AA, et al. A Randomized, DoubleBlind, PlaceboControlled, Phase 3 Trial Evaluating the Efficacy of Burosumab, an Anti-FGF23 Antibody, in Adults With X-Linked Hypophosphatemia: Week 24 Primary Analysis. J Bone Miner Res. 2018;33(8):1383–93. 61.
7 Portale AA, Carpenter TO, Brandi ML, Briot K, Cheong HI, Cohen-Solal M, et al. Continued Beneficial Effects of Burosumab in Adults with X-Linked Hypophosphatemia: Results from a 24- Week Treatment Continuation Period After a 24-Week Double-Blind Placebo-Controlled Period. Calcif Tissue Int [Internet]. 2019;105(3):271–84. Available from: https://doi.org/10.1007/s00223- 019-00568-3 62.
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Burosumabe para hipofosfatemia ligada ao cromossomo X em crianças :: Março/2022
Data de elaboração: Janeiro/2022 Data de publicação: Março/2022 O que é hipofosfatemia ligada ao cromossomo X?
A hipofosfatemia ligada ao cromossomo X (HLX) é uma doença ultrarrara causada por mutações no gene regulador do fosfato com homologia às endopeptidases do cromossomo X (PHEX), que leva a perda de função do mesmo, gerando erros na detecção de fosfato e aumento dos níveis de fator de crescimento de fibroblastos 23 (FGF23). O excesso do hormônio FGF23 implica na menor reabsorção renal (ou excreção excessiva) de fosfato e menor produção de vitamina D ativa, levando a hipofosfatemia e deficiência na mineralização dos ossos e dentes. O diagnóstico é baseado em achados clínicos e bioquímicos e em características radiográficas típicas de raquitismo/osteomalácia. Os achados bioquímicos incluem hipofosfatemia, hiperfosfatúria (aumento da eliminação de fosfato pela urina), níveis séricos normais de cálcio e hormônio da paratireoide, níveis plasmáticos aumentados ou normais de fosfatase alcalina, concentrações plasmáticas normais de calcidiol e baixas de calcitriol. O diagnóstico diferencial inclui raquitismo hipofosfatêmico autossômico dominante, raquitismo hipofosfatêmico autossômico recessivo, raquitismo hipofosfatêmico hereditário com hipercalciúria, displasia fibrosa dos ossos, síndrome de Fanconi, deficiência de vitamina D e osteomalácia induzida por tumores. O diagnóstico precoce é de grande importância, uma vez que o início antecipado do tratamento leva a melhores resultados, com crescimento linear e altura final melhorados, acúmulo de massa óssea, menores deformações ósseas e melhor saúde dental. A HLX em crianças é notada, inicialmente, por um estilo de andar com marcha bamboleante, que progride para deformidades nos membros inferiores, crescimento deficiente (levando a baixa estatura) e alterações morfológicas corporais. A maior parte das crianças apresenta evidências radiológicas de raquitismo nas placas de crescimento ósseo tibiais e femorais, levando a quadro de intensa dor. Não são raras as fraturas espontâneas por estresse, pseudofraturas, osteoartrite (resultante da carga crônica sobre quadris, joelhos e tornozelos desalinhados), entesopatias e dores ósseas que são potencialmente incapacitantes, que acometem os pacientes durante toda sua vida. No Brasil, estima-se que deve haver cerca de 211 até 1.900 indivíduos com HLX, para a atual população brasileira de 211,5 milhões de habitantes. Embora a HLX não seja uma doença mortal, ocorre uma diminuição significativa da qualidade de vida e produtividade. As alterações provocadas pela doença levam à necessidade de várias cirurgias de correção ortopédicas durante a vida, que demandam muito tempo de recuperação e praticamente sem melhoria nas fortes dores crônicas diárias. Não há um tratamento específico para a condição. O tratamento convencional é realizado com administração de metabólitos orais de fosfato e vitamina D, e tem por objetivo reduzir as deformidades e melhorar o ritmo de crescimento dos pacientes acometidos pela doença1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar a HLX?
Não. Atualmente, no âmbito do SUS, não há diretrizes de estratégia de cuidado específicas para tratamento da HLX. Todavia, existe o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) de Raquitismo e Osteomalácia2. Atualmente, o PCDT está em fase de atualização para inclusão do medicamento burosumabe para tratamento de pacientes diagnosticados com HLX, com idade de vida entre 1 e 17 anos.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O burosumabe foi registrado na Anvisa em fevereiro de 2021, sob a marca comercial Crysvita®. A indicação apresentada em bula é para tratamento da HLX em pacientes adultos e pediátricos a partir de 1 ano de idade, e para tratamento da hipofosfatemia relacionada ao FGF23 na osteomalácia induzida por tumor (TIO) associada a tumores mesenquimais fosfatúricos que não podem ser integralmente ressecados ou localizados3.Possui biossimilar?
Não4.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Crysvita® - solução injetável de 10 mg/mL, 20 mg/mL e 30 mg/mL.*Medicamento disponível no mercado de acordo com a lista CMED4, de 10/01/2022.
O medicamento está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename)?
Não, de acordo com consulta realizada à Rename5, em 15/01/2022.
Considerando que o burosumabe é de uso hospitalar, ele não está padronizado na Rename. Apesar disso, seu uso pode ser adotado pelos hospitais.
Quanto custa o tratamento com burosumabe?
Para pacientes pediátricos com peso inferior a 10 kg, o regime de dose inicial é de 1 mg para cada kg do peso corporal, arredondado para o 1 mg mais próximo, administrado a cada duas semanas. Para pacientes pediátricos (com menos de 18 anos) com peso superior a 10 kg, o regime de dose inicial recomendado é de 0,8 mg para cada kg do peso corporal, arredondado para o múltiplo de 10 mg mais próximo, administrado a cada duas semanas. A dose inicial mínima é de 10 mg até a dose máxima de 90 mg. Considerando que o peso corporal pediátrica (entre 1 e 17 anos de idade) é muito variável, optou-se por considerar o peso mínimo de 10 kg, conforme dados apresentados pelo fabricante da tecnologia no processo de análise de incorporação8, e máximo de 55 kg, peso adulto definido no relatório de recomendação para avaliação econômica8. O custo estimado mensal pode variar de R$ 39.946,90 (trinta e nove mil, novecentos e quarenta e seis reais e noventa centavos) até R$ 159.787,60 (cento e cinquenta e nove mil, setecentos e oitenta e sete reais e sessenta centavos). O valor foi calculado considerando-se o Preço Fábrica (PF) estabelecido pela Anvisa e a alíquota de 18% em relação ao ICMS do medicamento de referência Crysvita® na apresentação de 10 mg/mL, segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED/Anvisa4.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar a HLX?
Conforme já informado, não há no SUS tratamento específico disponível para HLX. Durante a 104ª Reunião Ordinária da Conitec, realizada em 09/12/2021, os membros presentes deliberaram, por unanimidade, recomendar a atualização do PCDT de Raquitismo e Osteomalácia, para incorporação do medicamento burosumabe no tratamento de crianças com HLX, no âmbito do SUS.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou a tecnologia para esta condição clínica em crianças?
Sim, a Conitec avaliou o burosumabe para o tratamento dos pacientes pediátricos (entre 1 e 17 anos de idade) com HLX. Durante a 94ª reunião ordinária, realizada no dia 4 de fevereiro de 2021, os membros da Comissão deliberaram por unanimidade, recomendar a incorporação ao SUS do burosumabe para o tratamento de HLX em crianças, conforme PCDT. O documento técnico foi encaminhado ao Secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde (SCTIE/MS), que ratificou a recomendação e publicou a Portaria SCTIE/MS nº 1/2021, no Diário Oficial da União (DOU) nº 34, de 22/02/2021, Seção 1, pág. 93.O que a literatura científica relata sobre o uso dessa tecnologia para HLX em crianças?
Em Carpenter e colaboradores (2019)6 avaliaram a eficácia e segurança do burosumabe no tratamento de HLX em pacientes pediátricos em um estudo clínico randomizado (ECR), fase II, aberto, e identificaram o intervalo de administração ideal baseado em dados de segurança e de farmacodinâmica do medicamento. O tratamento com burosumabe reduziu significativamente a gravidade do raquitismo em todos os grupos de tratamento. No grupo Q2 de doses quinzenais, a soma dos escores do Rickets-Severity Scale (RSS) foi reduzida em 61% na semana 40 (-1,06; EP ±0,110; p < 0,0001). Em crianças com HLX tratadas que experimentavam dor, comprometimento da deambulação e comprometimento da função motora durante o tratamento prévio com fosfato e/ou vitamina D, o tratamento com burosumabe foi associado com ganhos substanciais nesses desfechos clínicos, demonstrando sua atividade, eficácia com bom perfil de tolerância. Todos os 52 (100%) pacientes apresentaram pelo menos um evento adverso potencialmente relacionado ao uso do medicamento (EAM), a maioria sendo reações no local da administração do medicamento (30; 57,7% dos 26 pacientes).Whyte e colaboradores (2019)7 avaliaram a eficácia, segurança, farmacodinâmica e farmacocinética do burosumabe no tratamento da HLX em crianças de um a quatro anos em um ECR fase 2, aberto, multicêntrico. O tratamento com burosumabe por 40 semanas resultou em melhora significativa do raquitismo, conforme avaliado pelos escores do Radiographic Global Impression of Change (RGI-C). Todos os pacientes tratados apresentaram escores globais de RGI-C ≥ +2 (escala de 7 itens, variando de −3 (piora grave) a +3 (melhora substancial/cura). O Resultado foi favorável ao medicamento, demonstrando melhora da saúde óssea, demonstrando uma reversão substancial do raquitismo. As médias dos escores RGI-C na semana 40 foram [+2,3 (EP ±0,08)] para a avaliação global, [+2,3 (±0,11)] para avaliação do punho e [+2,2 (±0,15)] para a avaliação de joelho (p <0,0001). Os valores máximos para a pontuação do RGI-C em termos globais, punho e joelho foram +2,7; desta forma nenhum paciente teve uma pontuação de +3, o que indicaria a reversão completa ou quase completa do raquitismo. A segurança e tolerabilidade do burosumabe mostrou-se favorável. Não foram demonstradas alterações clinicamente significativas tais como calcificação ectópica, síndrome das pernas inquietas, níveis séricos de cálcio e paratormônio, parâmetros hematológicos ou bioquímica da urina (razões entre cálcio, fósforo e creatinina). Nenhuma anormalidade foi observada em exames de ultrassonografia renal.
Referências bibliográficas
1 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação nº 594, de fev 2021. Burosumabe para o tratamento de hipofosfatemia ligada ao cromossomo X em adultos e crianças. [Acesso em 17 jan 2022]. Disponível em: Relatório 594 - Burosumabe para o tratamento de hipofosfatemia ligada ao cromossomo X em adultos e crianças (conitec.gov.br).2 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Portaria SAS/MS nº 451, de 29 de abril de 2016. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas do Raquitismo e Osteomalácia. [portaria na internet]. Diário Oficial da União 11 set 2019 [acesso em 17 jan 2022]; Seção 1, (176). Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/protocolos-clinicos-e-diretrizes-terapeuticas-pcdt/arquivos/2016/pcdt_raquitismo-e-osteomalacia.pdf.
3 Burosumabe. [Bula]. Brasil: Ultragenyx Brasil Farmacêutica Ltda.
4 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Medicamentos. Câmera de Regulação do Mercado de Medicamentos. Listas de Preços de Medicamentos [Acesso em 17 jan 2022]. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/cmed/precos/arquivos/lista_conformidade_gov_2022_01_v1.pdf.
5 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2020. Brasília: Ministério da Saúde; 2020 [Acesso em 15 jan 2022]. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/relacao_medicamentos_rename_2020.pdf.
6 Portale AA, Carpenter TO, Brandi ML, Briot K, Cheong HI, Cohen-Solal M, et al. Continued Beneficial Effects of Burosumab in Adults with X-Linked Hypophosphatemia: Results from a 24- Week Treatment Continuation Period After a 24-Week Double-Blind Placebo-Controlled Period. Calcif Tissue Int [Internet]. 2019;105(3):271–84. Available from: https://doi.org/10.1007/s00223- 019-00568-3 62.
7 Whyte M, Carpenter T, Gottesman G, Mao M, Skrinar A, San Martin J, et al. Efficacy and safety of burosumab in children aged 1–4 years with X-linked hypophosphataemia: a multicentre, openlabel, phase 2 trial. Lancet Diabetes Endocrinol [Internet]. 2019;7(3):189–99. Available from: http://dx.doi.org/10.1016/S2213-8587(18)30338-3 60.
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Canabidiol para Epilepsia :: Abril/2023
Data de elaboração: Março/2023 Data de publicação: Abril/2023 O que é a epilepsia?
Aepilepsia é caracterizada por uma predisposição permanente do cérebro em originar crises epilépticas. Para definir a condição é necessária a ocorrência de pelo menos uma crise epiléptica, sendo esta a ocorrência transitória de sinais ou sintomas clínicos secundários a uma atividade neuronal anormal excessiva ou sincrônica. A condição pode ser definida: a) ao menos duas crises não provocadas (ou reflexas) ocorrendo com intervalo maior que 24 horas; b) uma crise não provocada (ou reflexa) e probabilidade de novas crises ocorrerem nos próximos 10 anos, similar ao risco de recorrência geral (pelo menos 60%) após duas crises não provocadas; e c) diagnóstico de uma síndrome epiléptica. As crises epilépticas são classificadas de acordo com as manifestações clínicas iniciais focais ou generalizadas: focais iniciam-se de forma localizada numa área específica do cérebro, e suas manifestações clínicas dependem do local de início e propagação da descarga para outras áreas; generalizadas têm origem em algum ponto da rede neural que é capaz de recrutar rapidamente outras redes neurais bilaterais.Estima-se que a prevalência mundial de epilepsia ativa esteja em torno de 0,5% a 1,0% da população, sendo diferente conforme idade, gênero, grupos étnicos e fatores socioeconômicos. Nos países desenvolvidos, a prevalência em países desenvolvidos aumenta proporcionalmente com o aumento da idade; nos países em desenvolvimento geralmente atinge picos na adolescência e idade adulta. A probabilidade geral de um indivíduo ser afetado pela epilepsia ao longo da vida é de cerca de 3%. No Brasil, estudos estimaram a prevalência da doença de 11,9/1.000 na Grande São Paulo, e 16,5 indivíduos com epilepsia ativa para cada 1.000 habitantes em Porto Alegre. A prevalência foi maior em classes sociais menos favorecidas (7,5/1.000) e em idosos (8,5/1.000). Apurou-se que um terço dos indivíduos com epilepsia está em tratamento inadequado. A epilepsia está associada a uma maior mortalidade por risco de acidentes e traumas; crises prolongadas; morte súbita; risco aumentado de comorbidades psiquiátricas (como depressão e ansiedade); e a problemas psicossociais como perda da carteira de habilitação, desemprego, isolamento social e efeitos adversos dos fármacos1.
Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde (SUS) para tratar a epilepsia?
Sim. O SUS oferece estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Epilepsia, publicado por meio da Portaria Conjunta SAS/SCTIE nº 17, de 27 de junho de 2018. Este documento inclui critérios de diagnóstico, de inclusão e exclusão, tratamento não medicamentoso e medicamentoso, monitorização da doença e regulação, controle e avaliação pelo gestor, dentro do SUS1.A tecnologia possui registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária Sanitária (Anvisa)?
Sim. Fitofármacos à base de canabidiol possuem autorizações sanitárias ativas. Conforme Resolução da Diretoria Colegiada - RDC nº 327/2019, os produtos de Cannabis podem ser prescritos em condições clínicas de ausência de alternativas terapêuticas, em conformidade com os princípios da ética médica2.Possui genérico?
Conforme RDC nº 327/20193, que dispõe sobre os procedimentos para a concessão da Autorização Sanitária para a fabricação e a importação, bem como estabelece requisitos para a comercialização, prescrição, a dispensação, o monitoramento e a fiscalização de produtos de Cannabis para fins medicinais, e dá outras providências, produtos de Cannabis não podem ostentar nomes comerciais, devendo ser designados pelo nome do derivado vegetal ou fitofármaco acompanhado do nome da empresa responsável.Quais são as marcas do medicamento disponível no mercado?
CBD Active Pharmaceutica 20 mg/mL x 30 mL;
CBD Aura Pharma 50 mg/mL x 10 mL;
CBD Belcher 150 mg/mL x 10 mL;
CBD Collect 20 mg/mL x 30 mL;
CBD Ease Labs 100 mg/mL x 30 mL;
CBD Farmanguinhos 200 mg/mL x 30 mL;
CBD Greencare 23,75 mg/mL x 10 mL;
CBD Mantecorp Farmasa 23,75 mg/mL x 10 mL;
CBD Nunature 17,18 mg/mL x 30 mL;
CBD Nunature 34,36 mg/mL x 30 mL;
CBD Prati-Donaduzzi 200 mg/mL x 30 mL;
CBD Prati-Donaduzzi 20 mg/mL x 30 mL;
CBD Prati-Donaduzzi 50 mg/mL x 30 mL;
CBD Promediol 200 mg/mL x 30 mL;
CBD Verdemed 23,75 mg/mL x 10 mL;
CBD Verdemed 50 mg/mL x 30 mL;
Extrato de Cannabis sativa Caan 10 Pharma 200 mg/mL x 10 mL;
Extrato de Cannabis sativa CannaBR 10 mg/mL x 30 mL;
Extrato de Cannabis sativa Greencare 160,32 mg/mL x 10 mL;
Extrato de Cannabis sativa Greencare 79,14 mg/mL x 30 mL;
Extrato de Cannabis sativa Mantecorp Farmasa 160,32 mg/mL x 10 mL;
Extrato de Cannabis sativa Mantecorp Farmasa 79,14 mg/mL x 30 mL;
Extrato de Cannabis sativa Promediol 200 mg/mL x 10 mL;
Extrato de Cannabis sativa Promediol 200 mg/mL x 30 mL;
Extrato de Cannabis sativa Zion Medpharma 200 mg/mL x 10 mL;
Extrato de Cannabis sativa Ease Labs 79,14 mg/mL x 30 mL;
Extrato de Cannabis sativa Hebarium 43 mg/mL x 30 mL; e
Extrato de Cannabis sativa L. Aura Farma 200 mg/mL x 10 mL.* Fitofármacos disponível em consulta ao endereço eletrônico da Anvisa no dia 30/03/2023.
O canabidiol está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename)?
Não, de acordo com consulta realizada à Rename4, em 30/03/2023.Quanto custa o tratamento com canabidiol?
Considerando a dose fixa de 20 mg/kg/dia, a apresentação da solução oral de 200 mg/mL x 30 mL (6.000 mg/frasco), o peso médio de 40 kg para pacientes com 12 anos (percentil 50) e o preço unitário de R$ 1.850,41 (com incidência de impostos) proposto na avaliação do fitofármaco pela Conitec, o custo mensal estimado foi de R$ 7.401,64.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar a epilepsia?
Sim, de acordo com o PCDT da Epilepsia1, o objetivo do tratamento da epilepsia é propiciar a melhor qualidade de vida possível para o paciente, pelo alcance de um adequado controle de crises, com um mínimo de efeitos adversos, buscando, idealmente, uma remissão total das crises.Os medicamentos preconizados para epilepsia são:
Medicamento Forma farmacêutica Concentração Ácido valproico (valproato de sódio) Cápsulas
Comprimidos
Solução e xarope250 mg
250 e 500 mg
50 mg/mLCarbamazepina Comprimidos
Suspensão oral200 e 400 mg
20 mg/mLClobazam Comprimidos
10 e 20 mg
Clonazepam Solução oral
2,5 mg/ mL
Etossuximida Xarope
50 mg/mL
Fenitoína Comprimidos
Suspensão oral100 mg
20 mg/mLFenobarbital Comprimidos
Suspensão oral100 mg
40 mg/mLGabapentina Cápsulas
300 e 400 mg
Lamotrigina Comprimidos
25, 50 e 100 mg
Levetiracetam Comprimidos
Solução oral250, 500, 750 e 1000 mg
100 mg/mLPrimidona Comprimidos
100 e 250 mg
Topiramato Comprimidos
25, 50 e 100 mg
Vigabatrina Comprimidos
500 mg
O financiamento e aquisição desses medicamentos está sob responsabilidade do Ministério da Saúde, competindo às Secretarias de Saúde dos Estados e Distrito Federal a responsabilidade pela programação, armazenamento, distribuição e dispensação.
Após publicação da decisão de incorporar o procedimento para estimulação elétrica do nervo vago para terapia adjuvante em pacientes com epilepsia resistente a medicamentos, sem indicação para cirurgia ressectiva de epilepsia, conforme Portaria SCTIE/MS nº 24, de 11/09/2018, o PCDT da Epilepsia passou pelo processo de atualização e aguarda publicação..
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) já avaliou a tecnologia para esta condição clínica?
Sim, a Conitec avaliou canabidiol para o tratamento de crianças e adolescentes com epilepsia refratária a medicamentos antiepilépticos. Durante a 97ª Reunião Ordinária, realizada no dia 06 de maio de 2021, os membros presentes deliberaram, por unanimidade, recomendar a não incorporação do canabidiol para crianças e adolescentes com epilepsia refratária a medicamentos antiepilépticos no SUS, sem prejuízo a novas solicitações de incorporação futuras. Considerou-se que “não há evidências suficientes para justificar a incorporação de um produto de cannabis específico, considerando: a) grande variabilidade de apresentação dos produtos de cannabis; b) não comprovação de intercambialidade ou equivalência entre os produtos disponíveis e os que foram utilizados nos estudos clínicos; c) incertezas quanto a eficácia e magnitude do efeito dos produtos de cannabis para a indicação proposta; d) incertezas quanto a custo-efetividade e impacto orçamentário, com potencial de expansão da utilização para indicações além da população-alvo avaliada; e) relato de representante de pacientes com a condição clínica específica, indicando coerência com os eventos adversos identificados na literatura científica;5. O documento técnico foi encaminhado ao então Secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde do Ministério da Saúde, que ratificou a recomendação e publicou a Portaria SCTIE/MS nº 25/2021, no Diário Oficial da União (DOU) nº 103, de 02/06/2021, Seção 1, pág. 119.O que a literatura científica relata sobre o uso dessa tecnologia para AME?
Três Estudos Clínicos Randomizados (ECR), conduzidos nos Estados Unidos e Europa, incluíram 516 pacientes (em conjunto), alocados para receberem extrato vegetal de canabidiol 100 mg/mL por via oral, na dose máxima de 20mg/kg/dia, divididos em duas doses diárias, ou placebo (n=220), adicionado à terapia antiepiléptica (mediana de três medicamentos), com duração do tratamento por 14 semanas. Devinsky et al (2017)6 incluiu pacientes com Síndrome de Dravet com idade entre 2 e 18 anos e teve como desfecho primário a mudança percentual mensal na frequência de crises epilépticas convulsivas. Thiele et al (2018)7 e Devinsky et al (2018)8 incluíram pacientes com Síndrome de Lennox-Gastaut com idade entre 2 e 55 anos e avaliaram como desfecho primário a mudança percentual mensal na frequência de crises epilépticas com possibilidade de queda. Houve uma redução significativa na frequência de crises na intervenção comparada a placebo (-20 pontos percentuais; IC 95% -11,8 a -28,08 p.p.; p<0,0001) nos três ECR. A qualidade de vida foi avaliada nos três ECR por meio do instrumento Quality of Life in Childhood Epilepsy (QOFCE), comparado ao placebo, após 14 semanas de tratamento, como desfecho secundário, e não foi evidenciado benefício significativo. Como resultado do desfecho secundário de frequência de crises epilépticas totais, notou-se diminuição significativa da frequência das crises entre pacientes que receberam 20mg/kg/dia de canabidiol comparado ao placebo após 14 semanas de tratamento. Em geral, os pacientes que receberam canabidiol apresentaram redução em torno de 40% na frequência de crises epilépticas totais, enquanto pacientes que receberam placebo apresentaram redução de cerca de 20%. A metanálise conduzida por Lattanzi et al (2018)9 estimou a medida de efeito de uma diferença entre medianas de -19,94 pontos percentuais, com IC 95% entre -11,8 e -28,08 pontos percentuais p<0,001. Estudo de Devinsky et al (2017), em relação a taxa de resposta, não identificou diferença entre a proporção de pacientes que atingiu pelo menos 50%, 75% ou 100% de redução na frequência de crises epilépticas totais na comparação entre canabidiol e placebo após 14 semanas de acompanhamento (n=120). Thiele et al (2018) e Devinsky et al (2018) identificaram uma maior proporção de pacientes no grupo que recebeu canabidiol apresentando redução na frequência de crises epilépticas totais de pelo menos 50% ou 75%, em torno de duas vezes mais pacientes que o grupo que recebeu placebo, sendo que nenhum paciente atingiu ausência de crises epilépticas. A frequência de eventos adversos foi superior no grupo que recebeu canabidiol. Em conjunto, pacientes que receberam a intervenção tiveram 22% mais eventos adversos que pacientes que receberam placebo (Razão de Risco (RR) 1,22; IC 95% 1,11 a 1,33; p<0,0001). Os eventos adversos mais comuns reportados nos ECR foram: sonolência, diminuição do apetite, diarreia e aumento de aminotransferases (certeza moderada da evidência devido à evidência indireta). Observou-se perda de seguimento importante entre os pacientes receberam canabidiol, com RR de 4,2 comparado ao grupo placebo (IC 95% 1,82 a 9,68; p=0,001). A frequência de eventos adversos graves (requerem hospitalização) também foi superior no grupo de recebeu canabidiol, comparada ao grupo placebo, por até 14 semanas de acompanhamento, com RR de 2,61 (IC 95% 1,52 a 4,47; p<0,0001).Referências bibliográficas
1 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologi e Insumos Estratégicos. Portaria Conjunta nº 17, de 21 de junho de 2018. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Epilepsia. [portaria na internet]. Diário Oficial da União 27 de junho de 2018 [acesso em 30 mar 2023]; Seção 1, (45). Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/protocolos/pcdt_epilepisia_2019.pdf.2 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Produtos de cannabis. [acesso em 30 mar 2023]. Disponível em: https://consultas.anvisa.gov.br/#/cannabis/.
3 Brasil. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Diretoria Colegiada. Medicamentos. [Acesso em 30 mar 2023]. Disponível em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/resolucao-da-diretoria-colegiada-rdc-n-327-de-9-de-dezembro-de-2019-232669072.
4 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2022. Brasília: Ministério da Saúde; 2022 [Acesso em 30 mar 2023]. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/20220128_rename_2022.pdf.
5 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação nº 621, de maio 2021. Canabidiol 200mg/ml para o tratamento de crianças e adolescentes com epilepsia refratária a medicamentos antiepilépticos. [Acesso em 30 mar 2023]. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/2021/20210602_relatorio_621_canabidiol_epilepsiarefrataria.pdf.
6 Devinsky O, Cross H, Laux L, Marsh E, Miller I, Nabbout R, et al. Trial of Cannabidiol for Drug-Resistant Seizures in the Dravet Syndrome. N Engl J Med. 2017;376(21):2011–20.
7 Thiele EA, Marsh ED, French JA, Mazurkiewicz-beldzinska M, Benbadis SR, Joshi C, et al. Cannabidiol in patients with seizures associated with Lennox-Gastaut syndrome (GWPCARE4): a randomised, double-blind, placebocontrolled phase 3 trial. The Lancetq. 2018;1–12.
8 Devinsky O, Patel AD, Cross JH, Villanueva V, Wirrell EC, Privitera M. Effect of Cannabidiol on Drop Seizures in the Lennox–Gastaut Syndrome. N Engl J Med. 2018;378:1888–97.
9 Lattanzi S, Brigo F, Trinka E, Zaccara G, Cagnetti C. Efficacy and Safety of Cannabidiol in Epilepsy: A Systematic Review and Meta Analysis. Drugs. 2018;78(17):1791–804.
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Canagliflozina para diabetes mellitus :: Dezembro/2017
Data de elaboração: Dezembro/2017 Data de publicação: Dezembro/2017 O que é diabetes mellitus?
O diabetes mellitus (DM) é uma doença caracterizada por distúrbios metabólicos e hiperglicemia, devido aos defeitos na ação da insulina, na secreção de insulina ou em ambas. Dentre as várias classes clínicas da doença, destacam-se o diabetes tipo 1 (DM1) e o tipo 2 (DM2). O DM1 ou insulinodependente ocorre como consequência da deficiência de insulina, causada pela destruição das células beta pancreáticas. O DM2 é caracterizado pela deficiência parcial da produção de insulina pelo pâncreas ou ainda pela resistência à insulina e deficiência na ação desse hormônio1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar diabetes mellitus?
Sim. Para o tratamento do DM, o SUS oferece uma estratégia de tratamento que contempla o cuidado integral dos pacientes. Essa estratégia é descrita no Caderno de Atenção Básica – Diabetes (http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/caderno_36.pdf), que orienta sobre os critérios de diagnóstico da doença, os tratamentos com as respectivas doses adequadas e mecanismos para o monitoramento clínico em relação à efetividade do tratamento e à supervisão de possíveis efeitos adversos2.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim e possui indicação em bula para melhorar o controle glicêmico em pacientes com diabetes mellitus tipo 2, associado à dieta e ao exercício físico3.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Invokana® - comprimidos revestidos de 100mg (caixa com 10 e 30)4.
Invokana® - comprimidos revestidos de 300mg (caixa com 10 e 30).*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 19/12/2017.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não.Quanto custa o tratamento com Canagliflozina?
Considerando a dose recomendada em bula, de 100 mg ou 300 mg uma vez ao dia, o custo mensal estimado para tratamento com canagliflozina é de R$ 86,40 e R$ 105,29, respectivamente. O custo foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% do medicamento de referência, segundo ANVISA5.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar diabetes mellitus?
Sim, podem ser conferidas abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Cloridrato de metformina Comprimido 500 mg
850 mgGlibenclamida Comprimido 5 mg Gliclazida Comprimido de liberação controlada 30 mg
60 mg
80 mgInsulina humana regular Solução injetável 100 UI/ml Insulina humana NPH Suspensão injetável 100 UI/ml O financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento1.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosa, conforme PCDT2.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Não. Até a presente data, não foi protocolada na CONITEC demanda para a incorporação da canagliflozina para tratamento de qualquer condição clínica, seja pelo laboratório fabricante ou por qualquer outro demandante. Qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou a empresa produtora do medicamento, pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à CONITEC, desde que cumpra as exigências legais.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Uma análise estatística de resultados de diferentes estudos individuais comparou a eficácia dos novos Uma análise estatística de resultados de diferentes estudos individuais comparou a eficácia dos novos medicamentos hipoglicemiantes orais, os inibidores de DPP-4 (classe terapêutica da canagliflozina), com metformina, medicamento disponibilizado pelo SUS no tratamento da DM2. Os resultados mostraram que os pacientes tratados com os inibidores de DPP-4 apresentaram maior redução da hemoglobina glicada, da glicemia em jejum e menor risco de hipoglicemia, quando comparado com a metformina. Os inibidores de DPP-4 também mostraram menor risco de eventos cardiovasculares e eventos gastrointestinais em comparação com a metformina. Os autores concluíram que os inibidores de DPP-4, incluindo a canagliflozina, são seguros e eficazes no controle da glicemia em pacientes com DM2. Concluem também que estes medicamentos poderiam ser uma alternativa para pacientes com DM2 que, por algum motivo, não podem usar metformina. No entanto, são necessários mais estudos para confirmar as conclusões em longo prazo6.Além disso, a revista Prescrire alerta quanto aos efeitos adversos desfavoráveis que inclui reações graves de hipersensibilidade, como a anafilaxia, síndrome de Stevens-Johnson, infecções (trato urinário e infecções do trato respiratório superior), pancreatite e obstrução intestinal, associados ao uso dos medicamentos inibidores da DPP-4 e por isso recomenda o tratamento com metformina, glibenclamida ou insulina (medicamentos disponibilizados no SUS). A Prescrire alerta que medicamentos como a canagliflozina não sejam usados, por não possuírem eficácia comprovada na prevenção das complicações do diabetes e por apresentarem um efeito pequeno sobre o controle da glicemia7.
Referências bibliográficas
1SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES (SBD). Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2015-2016. São Paulo, 2015. Disponível em: http://www.diabetes.org.br/sbdonline/images/docs/DIRETRIZES-SBD-2015-2016.pdf. Acesso em: 22/12/2017.
2BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica: diabetes mellitus. Cadernos de Atenção Básica, n. 36. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. Disponível em: http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/caderno_36.pdf. Acesso em: 22/12/2017.
3InvokanaTM. canagliflozina. São Paulo: JANSSEN-CILAG FARMACÊUTICA LTDA. Farm. Resp.: Marcos R. Pereira – CRF/SP nº 12.304. Bula de remédio. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=7561562015&pIdAnexo=2822295. Acesso em: 22/12/2017.
4Câmara de Regulação - CMED Secretaria Executiva PREÇOS MÁXIMOS DE MEDICAMENTOS POR PRINCÍPIO ATIVO, PARA COMPRAS PÚBLICAS PREÇO FÁBRICA (PF) E PREÇO MÁXIMO DE VENDA AO GOVERNO (PMVG). Atualizada em 22/12/2017. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/374947/3464400/LISTA_CONFORMIDADE_GOV_2017-07-21.pdf/ee0c5ac1-00b9-4fdc-b410-4642339a5f03.
5Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precosAcesso em: 22/12/2017.
6Wu D, Li L, Liu C. Efficacy and safety of dipeptidyl peptidase-4 inhibitors and metformin as initial combination therapy and as monotherapy in patients with type 2 diabetes mellitus: a meta-analysis. Diabetes ObesMetab. 2014 Jan;16(1):30-7. doi: 10.1111/dom.12174. Epub 2013 Jul 16.
7©Prescrire. Towardsbetterpatientcare: drugstoavoidin 2017. RevPrescrire 2017; 37 (400): 137-148. Disponível em: http://english.prescrire.org/Docu/DownloadDocu/PDFs/DrugsToAvoid_2017update.pdf Acesso em: 22/12/2017. -
Carfilzomibe para mieloma múltiplo :: Outubro/2018
Data de elaboração: Outubro/2018 Data de publicação: Outubro/2018 O que é Mieloma Múltiplo?
Mieloma múltiplo é um tipo de câncer raro, que ocorre na medula óssea, cuja manifestação caracteriza-se pelo aumento do número de plasmócitos, um tipo de célula branca (leucócito) que são as células produtoras de anticorpos, proteína que participa de nosso sistema de defesa1,2. A maioria dos pacientes apresenta-se com sinais e sintomas de infiltração plasmocitária (óssea ou de outros órgãos) ou lesão renal por deposição de proteína monoclonal tumoral. As manifestações clínicas mais comuns ao diagnóstico do mieloma múltiplo são: doença óssea, insuficiência renal, síndrome de Fanconi adquirida, anemia normocítica normocrômica ou macrocítica, hipercalcemia, infecções bacterianas recorrentes e síndrome de hiperviscosidade3.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Mieloma Múltiplo?
Sim. A Portaria nº 708, de 6 de agosto 2015, do Ministério da Saúde aprovou as Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas (DDT) do Mieloma Múltiplo4.A tecnologia possui registro na ANVISA?
A tecnologia possui registro na ANVISA? Sim. O carfilzomibe (Kyprolis®), em combinação com lenalidomida e dexametasona ou dexametasona isolada, é indicado para o tratamento de pacientes com mieloma múltiplo recidivado que receberam de um a três tratamentos prévios. Já como um agente isolado é indicado para o tratamento de pacientes com mieloma múltiplo recidivado ou refratário que tenham recebido pelo menos duas terapias prévias que incluíram bortezomibe e um agente imunomodulador5.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Kyprolis® - 60 mg/frasco – Pó Liofilizado para Solução Injetável – caixa com 1 frasco.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 25/09/2018.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não.Quanto custa o tratamento com Carfilzomibe?
Considerando a dose recomendada em bula de 20 mg/m2 na primeira semana por dois dias consecutivos, de 27 mg/m2 na segunda semana por dois dias consecutivos e de 27mg/m2 por dois dias consecutivos, com intervalo de 12 dias, o custo mensal estimado para o tratamento de carfilzomibe é de R$ 3.574,25. O custo foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% do medicamento de referência, segundo ANVISA6.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Mieloma Múltiplo?
Sim. Esclarece-se que para o tratamento de câncer no Sistema Único de Saúde, não há uma lista específica de medicamentos, vez que o cuidado ao paciente deve ser feito de forma integral nas Unidades de Alta Complexidade em Oncologia – UNACON ou Centros de Alta Complexidade em Oncologia – CACON. Nesses estabelecimentos de saúde, o fornecimento de medicamentos é feito via autorização de procedimento de alta complexidade (APAC), conforme os procedimentos tabelados. Assim, esses hospitais habilitados como UNACON ou CACON devem oferecer assistência especializada e integral ao paciente com câncer, atuando no diagnóstico e tratamento do paciente.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Não, até a presente data, não foi protocolada, na CONITEC, demanda para analisar a incorporação carfilzomibe para tratamento de mieloma múltiplo, seja pelo laboratório fabricante ou por determinados demandantes. Ressalta-se que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou a empresa produtora do medicamento, pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à CONITEC, desde que cumpra as exigências legais.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Ensaios clínicos randomizados de fase III, abertos, multicêntricos compararam carfilzomibe para o tratamento de MM refratário a outros tratamentos. Resultados apontaram que a carfilzomibe em monoterapia foi semelhante ao controle (corticosteroides em baixas doses +/- ciclofosfamida) para sobrevida global e sobrevida livre de progressão. Carfilzomibe em combinação com dexametasona demonstrou maior eficácia para o desfecho sobrevida livre de progressão contra bortezomibe e dexametasona. Carfilzomibe em combinação com lenalidomida e dexametasona demonstrou maior eficácia para o desfecho sobrevida livre de progressão contra lenalidomida e dexametasona. Dados para o desfecho de sobrevida global ainda precisam ser confirmados para o carfilzomibe em terapia combinada, mas há uma tendência de eficácia. Em termos de segurança, os eventos adversos são gerenciáveis, mas não insignificantes. Mais estudos que avaliem a eficácia e a segurança do carfilzomibe, para o tratamento do mieloma múltiplo, são necessários para uma conclusão definitiva7,8,9.Referências bibliográficas
1Campo, Elias et al. The 2008 WHO Classification of Lymphoid Neoplasms and beyond: Evolving Concepts and Practical Applications. Blood 117.19 (2011): 5019–5032. PMC. Web. 26 Apr. 2017. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3109529/ Acesso em: 10/10/2018.
MESH TERMS: Sarcoma, Ewing. National Center for Biotechnology Information (NCBI), U.S. National Library of Medicine. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/mesh/68009101 Acesso em: 10/10/2018.
Kyle RA, Gertz MA, Witzig TE, Lust JA, Lacy MQ, Dispenzieri A, et al. Review of 1027 patients with newly diagnosed multiple myeloma.Mayo Clin Proc, 2003; 78(1):21-33. Disponível em: http://www.mayoclinicproceedings.org/article/S0025-6196(11)61827-2/abstract Acesso em: 10/10/2018.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 708, de 6 de agosto 2015. Aprova as Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas do Mieloma Múltiplo. Brasília: Ministério da Saúde, 2015. Disponível em: http: http://conitec.gov.br/images/Protocolos/ddt_Mieloma-Multiplo.pdf Acesso em: 19/04/2018.
CARFILZOMIBE. Bula de medicamento. Amgen Biotecnologia do Brasil Ltda. Farm. Resp.: Monica Carolina Dantas Pedrazzi Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=7405572018&pIdAnexo=10700611. Acesso em 10/10/2018. -
Certolizumabe pegol para artrite psoríaca ativa :: Junho/2022
Data de elaboração: Junho/2022 Data de publicação: Junho/2022 O que é artrite psoríaca?
A artrite psoríaca (ou artrite psoriásica ou psoriática) é uma doença sistêmica inflamatória do grupo das espondiloartrites, associada à psoríase, caracterizada por dor, rigidez e inflamação nas articulações, ligamentos e tendões. A origem da doença não está esclarecida, sendo classificada como uma condição autoimune multigênica, com possíveis fatores ambientais importantes no desenvolvimento inicial da doença, tais como, obesidade no início da vida adulta (18 anos de idade) e tabagismo. A condição clínica pode apresentar manifestações periféricas ou axial. O diagnóstico se baseia nas manifestações clínicas nos locais da inflamação articular. O teste do fator reumatoide com resultado negativo, provas como velocidade de hemossedimentação e níveis elevados de proteína C-reativa são indicativos da doença. Atualmente ela é subdivida em cinco formas clínicas: poliartrite simétrica, oligoartrite ou monoartrite assimétrica, interfalangiana distal, espondilite e artrite mutilante (forma mais rara e grave). Embora nos estágios iniciais essas formas possam ser diferenciadas, há considerável sobreposição entre elas, e a maioria dos pacientes acaba por progredir para a forma poliarticular. As taxas de incidência globais variam de 3,6 a 7,2 a cada 100.000 casos ao ano. No Brasil, a prevalência da doença na população geral é de 13,7% e de 33% em pacientes com diagnóstico confirmado de psoríase, sendo considerada a segunda espondiloartrite mais frequente. A artrite psoríaca pode surgir em qualquer idade, sendo comumente desenvolvida entre os 30 e 50 anos, com distribuição semelhante entre os gêneros1. O desenvolvimento de outras comorbidades, tais como doenças cardiovasculares, obesidade, síndrome metabólica, diabete melito, hipercolesterolemia, doenças oftálmicas autoimunes, osteoporose, doenças inflamatórias do intestino (doença de Crohn e colite ulcerativa), problemas renais, transtornos psiquiátricos e distúrbios neurológicos e pulmonares, estão relacionadas a artrite posíaca. O prognóstico da doença é pior na presença de dano articular e acometimento de articulações como quadril, punho, tornozelo, coluna cervical e articulação sacroilíaca, elevação das provas de reação inflamatórias e manifestações extra-articulares2.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar a artrite psoríaca?
Sim. O SUS oferece estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Artrite Psoríaca, publicado por meio da Portaria SAES/SCTIE/MS nº 93, de 21 de maio de 2021. Este documento inclui o conceito geral da artrite psoríaca, classificação da doença, critérios de diagnóstico, critérios de inclusão e de exclusão, tratamento, monitoramento e mecanismos de regulação, controle e avaliação e o termo de esclarecimento e responsabilidade. Tem caráter nacional e deve ser utilizado pelas Secretarias de Saúde dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios na regulação do acesso assistencial, autorização, registro e ressarcimento dos procedimentos correspondentes.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O medicamento certolizumabe pegol (CZP) mg/mL foi registrado na Anvisa em fevereiro de 2017, sob a marca comercial Cimzia®. Conforme bula, é indicado nos tratamentos da Doença de Crohn, artrite reumatoide, artrite psoríaca, espondiolartrite axial e psoríase em placa4. Para pacientes com artrite psoriásica ativa, é indicado em combinação com metotrexato, em adultos, quando a resposta anterior à terapia com medicamentos antirreumáticos modificadores do curso da doença (DMARD) tenha sido inadequada. Pode ser administrado como monoterapia em casos de intolerância ao metotrexato, ou quando o tratamento contínuo com metotrexato for inadequado.Possui biossimilar?
Não5.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Cimzia® - solução injetável - 200 mg/mL – 2 seringas preenchidas + 2 lenços umedecidos (1 mL) e 6 seringas preenchidas + 6 lenços umedecidos (1 mL).
*Medicamento disponível no mercado de acordo com a lista CMED5, de 28/06/2022.O medicamento está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename)?
Sim, de acordo com consulta realizada à Rename6, em 27/06/2022.Quanto custa o tratamento com o certolizumabe pegol?
Considerando a dose recomendada em bula de 200 mg a cada duas semanas ou 400 mg a cada quatro semanas (dose de manutenção), o custo mensal estimado para tratamento da artrite psoríaca com CZP foi de R$ 1.621,95. O valor foi calculado considerando-se o Preço Máximo de Venda ao Governo (PMGV) e a alíquota de 0% em relação ao ICMS do medicamento Cimzia®, segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED/Anvisa16, pois esse medicamento consta na lista com aplicação do desconto do Coeficiente de Adequação de Preços (CAP) e no Convênio ICMS nº 87/025.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar a artrite psoríaca?
Sim, de acordo com o PCDT da Artrite Psoríaca2, o tratamento tem como objetivo a redução dos sintomas, a remissão ou o controle da atividade da doença (para mínima ou baixa atividade), oferecendo melhor qualidade de vida e evitando perda da capacidade funcional dos pacientes. Utilizam-se os fatores de pior prognóstico dos casos de artrite psoríaca para fins de decisão terapêutica.Os medicamentos preconizados são:
Medicamento Forma farmacêutica Concentração Ibuprofeno Comprimido revestido
Suspensão oral200, 300 e 600 mg
50 mg/mLNaproxeno Comprimido 250 e 500 mg Prednisona Comprimido 5 mg e 20 mg Metilprednisolona Frasco 40 mg/2 mL Ciclosporina Cápsula
Solução oral10, 25, 50 e 100 mg
100 mg/mLLeflunomida Comprimido 20 mg Sulfassalazina Comprimido 500 mg Metotrexato Comprimido
Solução injetável2,5 mg
2 mLAdalimumabe Solução injetável 40 mg Etanercepte Solução injetável 25 e 50 mg Infliximabe Pó para solução injetável 100 mg/10 mL Golimumabe Solução injetável 50 mg Secuquinumabe Solução injetável 150 mg/mL Certolizumabe pegol Solução injetável 200 mg/mL Tofacitinibe Comprimido 5 mg A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) já avaliou a tecnologia para esta condição clínica?
Sim, a Conitec avaliou o CZP para o tratamento de pacientes com artrite psoríaca em três momentos distintos. Durante a 62ª Reunião Ordinária, realizada no dia 7 de dezembro de 2017, os membros da Comissão deliberaram por recomendar a não incorporação do certolizumabe para o tratamento da artrite psoriásica em pacientes adultos com resposta inadequada a MMCD sintéticos7. Considerou-se que "o certolizumabe pegol tem eficácia inferior em relação aos medicamentos anti-TNF já disponíveis pelo SUS”. O documento técnico foi encaminhado ao então Secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, que ratificou a recomendação e publicou a Portaria SCTIE/MS nº 7/2018, no Diário Oficial da União (DOU) nº 18, de 25/01/2018, Seção 1, pág. 123. Os membros do Plenário presentes na 82ª Reunião Ordinária, no dia 9 de outubro de 2019, deliberaram, por unanimidade, recomendar a incorporação do CZP para o tratamento de pacientes adultos com artrite psoríaca ativa, moderada a grave, que tiveram resposta inadequada prévia aos anti-inflamatórios não esteroides, medicamentos modificadores do curso da doença sintéticos, e aos medicamentos modificadores do curso da doença biológicos, anti-TNF, disponíveis no SUS[8]. O Secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde (SCTIE/MS) acatou a recomendação e publicou a Portaria SCTIE/MS nº 59/2019, no DOU nº 224, de 20/11/2019, Seção 1, pág. 79. A Comissão, em sua 98ª Reunião Ordinária, realizada no dia 9 de junho de 2021, deliberou, por unanimidade, recomendar a não incorporação do CZP para o tratamento de artrite psoríaca em primeira linha de tratamento biológico (MMCD-b) no SUS[9]. Considerou-se que “há incertezas quanto à similaridade de eficácia e segurança do certolizumabe pegol em relação aos demais agentes biológicos em primeira linha de tratamento de artrite psoríaca. Na análise econômica, o certolizumabe pegol demonstrou um dos menores custo por tratamento, porém o modelo econômico utilizado pode estar comprometido pela evidência baseada em comparação indireta”. O Secretário da SCTIE/MS acatou a recomendação e a tornou pública por meio da Portaria SCTIE/MS nº 39/2021, no DOU nº 127, de 08/07/2021, Seção 1, pág. 143.O que a literatura científica relata sobre o uso dessa tecnologia para artrite psoríaca?
Mease et al (2014)10 apresentou os resultados de 24 semanas do estudo RAPID-PsA, um estudo de fase 3, randomizado, duplo-cego, controlado por placebo. A avaliação do desfecho Critério de Resposta na Artrite Psoríaca (do inglês, Psoriatic Arthritis Response Criteria - PsARC) em pacientes com artrite psoríaca, independentemente de tratamento prévio com MMCD-b demonstrou que o uso do CZP (200 mg a cada duas semanas e 400 mg a cada 4 semanas) comparado ao placebo aumentou a resposta medida pelo PsARC na semana 24 em 78,3% e 77,0% versus 33,1%, respectivamente (p<0.001). A proporção de pacientes que alcançaram o desfecho de Minimal Disease Activity (MDA) após 24 semanas foi de 33,3% entre os pacientes tratados com CZP 200 mg a cada duas semanas e de 34,1% para pacientes tratados com CZP 400 mg a cada 4 semanas. O resultado foi superior ao alcançado pelos pacientes tratados com placebo 5,9% (p<0,001). Gladman et al (2014)11 apresentaram os resultados do RAPID-PsA para o seguimento de 96 semanas para o desfecho de melhoria da qualidade de vida. Observou-se que em relação a dor (braços CZP sem anti-TNF = 27,3; braços CZP com anti-TNF = 33,3), escore Health Assessment Questionaire (HAQDI) (braços CZP sem anti-TNF = 0,45; braços CZP com anti-TNF = 0,60) e Dermatology Life Quality Index (DLQI) (braços CZP sem anti-TNF = 7,2; braços CZP com anti-TNF = 9,0) as mudanças foram sutilmente maiores nos pacientes que já tinham sido tratados previamente com um anti-TNF em relação aos pacientes naïve (sem tratamento prévio). Já as mudanças observadas em relação a fadiga (braços CZP sem anti-TNF = 2,0; braços CZP com anti-TNF = 2,1), ao Short Form-36 (SF-36) Physical Component Summar (PCS) (braços CZP sem anti-TNF = 7,9; braços CZP com anti-TNF = 8,4), ao SF-36 Mental Component Summary (MCS) (braços CZP sem anti-TNF = 4,5; braços CZP com anti-TNF = 4,6) e ao Psoriatic Arthrits Quality of Life (PsAQOL) (braços CZP sem anti-TNF = 3,8; braços CZP com anti-TNF = 4,1) foram independentes do tratamento prévio ou não com inibidor de TNF, sugerindo uma resposta similar em relação a função física e qualidade de vida entre o tratamento de CZP em pacientes naive e o tratamento de CZP em pacientes com exposição prévia a outro anti-TNF (adalimumabe: placebo n=13, CZP 200 mg n=10, CZP 400 mg n=10; etanercepte, placebo n=9, CZP 200 mg n= 15, CZP 400 mg n=8; infliximabe, placebo n=2, CZP 200 mg n=5, CZP 400 mg n=5; golimumabe, placebo n=2, CZP 200 mg n=1, CZP 400 mg n=1).Referências bibliográficas
1 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação n°. 620, de mai 2021. Secuquinumabe para tratamento da artrite psoriásica ativa em pacientes adultos na primeira etapa de terapia biológica. [Acesso em 21 jun 2022]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2021/20210602_Relatorio_620_secuquinumabe_ArtritePsoriaca_P27.pdf.2 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Especializada à Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Portaria Conjunta nº 9, de 21 de maio de 2021. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Artrite Psoríaca. [portaria na internet]. Diário Oficial da União 28 maio 2021 [acesso em 22 jun 2022]; Seção 1, (100). Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Protocolos/20210531_PCDT_min_artrite_psoriaca.pdf.
3 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Especializada à Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Portaria Conjunta nº 9, de 21 de maio de 2021. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Artrite Psoríaca. [portaria na internet]. Diário Oficial da União 28 maio 2021 [acesso em 22 jun 2022]; Seção 1, (100). Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/Portaria/2021/20210528_Portaria_Conjunta_09.pdf.
4 Certolizumabe pegol. [Bula]. Brasil: UCB Biopharma Ltda.
5 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Medicamentos. Câmera de Regulação do Mercado de Medicamentos. Listas de Preços de Medicamentos [Acesso em 30 jun 2022]. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/cmed/precos.
6 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2022. Brasília: Ministério da Saúde; 2020 [Acesso em 27 jun 2022]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/20220128_RENAME_2022.pdf.
7 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação n°. 338, de jan 2018. Certolizumabe pegol para o tratamento da artrite psoriásica em pacientes adultos com resposta inadequada a medicamentos modificadores do curso da doença. [Acesso em 27 jun 2022]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2018/Relatorio_CertolizumabePegol_ArtritePsoriasica.pdf.
8 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação n°. 486, de nov 2019. Certolizumabe pegol para o tratamento da artrite psoríaca. [Acesso em 27 jun 2022]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2019/Relatorio_Certolizumabe_ArtritePsoriasica.pdf.
9 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação n°. 626, de jun 2021. Certolizumabe pegol para o tratamento da artrite psoriásica em primeira linha de tratamento biológico (MMCD-b). [Acesso em 27 jun 2022]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2021/20210708_Relatorio_626_Certolizumabe_artrite_psoriaca_P39.pdf.
10 Mease, P.J., et al., Effect of certolizumab pegol on signs and symptoms in patients with psoriatic arthritis: 24-week results of a Phase 3 double-blind randomised placebo-controlled study (RAPID-PsA). Ann Rheum Dis, 2014. 73(1): p. 48-55.
11 Gladman, D., et al., Long-Term Maintenance of Improvements in Multiple Facets of Psoriatic Arthritis With Certolizumab Pegol: 96-Week Patient-Reported Outcome Results Of The Rapid-Psa Study. Value Health, 2014. 17(7): p. A386.
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Cinacalcete para hiperparatireoidismo secundário à doença renal :: Dezembro/2017
Data de elaboração: Dezembro/2017 Data de publicação: Dezembro/2017 O que é hiperparatireoidismo?
O hiperparatireoidismo secundário (HPTS) como resposta adaptativa à doença renal crônica. É caracterizado pela redução da disponibilização da vitamina D ativa (calcitriol), elevados níveis séricos de paratormônio (PTH), hiperplasia das glândulas paratireóides e pode levar a várias doenças ósseas, como a osteodistrofia renal1,2.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar hiperparatireoidismo?
Sim. O SUS oferece uma estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) do Distúrbio Mineral Ósseo na Doença Renal Crônica (http://conitec.gov.br/images/Protocolos/PCDT_DisturbioMineralOsseo.pdf).A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim e possui indicação em bula para o tratamento de HPTS em pacientes com doença renal em estágio final em diálise de manutenção. As demais indicações podem ser consultadas na bula do medicamento3.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Mimpara® - comprimido revestido de 30 mg, 60 mg e 90 mg.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 19/12/2017.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Sim, o medicamento cinacalcete é fornecido no componente especializado do SUS, de acordo com os critérios estabelecidos no PCDT do Distúrbio Mineral Ósseo na Doença Renal Crônica4.Quanto custa o tratamento com Cinacalcete?
Considerando a dose inicial recomendada em bula para adultos de 30 mg/ dia, o custo mensal estimado para o tratamento de HPTS é de R$ 286,54. O custo mensal foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% do medicamento genérico, segundo a ANVISA5.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar hiperparatireoidismo?
Sim, as mesmas podem ser conferidas na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Calcitriol Cápsula
Ampola (intravenoso)0,25 mcg
1 mcgCarbonato de cálcio Comprimido 1.250 mg (equivalente a 500 mg de cálcio) Cinacalcete Comprimido revestido 30 mg
60 mgCloridrato de sevelâmer Comprimido revestido 800 mg Desferroxamina Frasco-ampola 500 mg Paricalcitol Ampola 1 mL (com 5,0 µg/mL) O financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento1.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosa, conforme PCDT2.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, após a avaliação pelo Plenário da CONITEC, foi deliberada a incorporação de cinacalcete para o tratamento de pacientes com hiperparatireoidismo secundário à doença renal, em diálise e refratários à terapia convencional. Demais critérios são definidos no PCDT do Distúrbio Mineral Ósseo na Doença Renal Crônica.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Estudo realizado pela CONITEC incluiu duas metanálises, um estudo observacional e um estudo de custo-efetividade. O resultado apontou que um grupo delimitado de pacientes com HPTS, em diálise e refratários ao tratamento padrão poderiam se beneficiar com o uso do medicamento cinacalcete para reduzir os níveis de PTH e de cálcio (parâmetros bioquímicos associados ao tratamento de pacientes com HPTS)6.Referências bibliográficas
1MESH TERMS: Hyperparathyroidism, Secondary. National Center for Biotechnology Information (NCBI), U.S. National Library of Medicine. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/mesh/68006962 Acesso em: 27/12/2017.
2SAMPAIO, E.A.; LUGON, J.R.; BARRETO, F.C. Fisiopatologia do Hiperparatireoidismo Secundário. J Bras Nefrol, Brasil, v. 30, Supl.1-1, p.S6-10, 2008.
3MIMPARA®: cinacalcete. Taboão da Serra: AMGEN BIOTECNOLOGIA DO BRASIL LTDA. Farm. Resp.: Monica Carolina Dantas Pedrazzi - CRF-SP 30.103. Bula de medicamento. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=15328742017&pIdAnexo=8380214 Acesso em: 27/12/2017.
4BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria SAS/MS nº 801 - 25/04/2017. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas Distúrbio Mineral Ósseo na Doença Renal Crônica. Brasília: Ministério da Saúde, 2017. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Protocolos/PCDT_DisturbioMineralOsseo.pdf Acesso em: 27/12/2017.
5CMED - Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos da ANVISA. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 27/12/2017.
6BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Gestão e Incorporação de Tecnologias em Saúde. Cinacalcete e paricalcitol para o tratamento de pacientes com hiperparatireoidismo secundário à doença renal (HPTS), em diálise e refratários à terapia convencional. Relatório de Recomendação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS – CONITEC – Nº 176. Setembro/2015. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2015/CinacalceteeParicalcitol_HPTS_final.pdf Acesso em: 27/12/2017. -
Cisteamina (na forma de bitartrato de mercaptamina) para Cistinose :: Fevereiro/2019
Data de elaboração: Fevereiro/2019 Data de publicação: Fevereiro/2019 O que é Cistinose?
A cistinose é uma doença genética de distúrbio autossômico recessivocausada por mutações no gene CTNS que codifica a proteína transportadora cistinosina, responsável por transportar a cistina para fora do compartimento lisossomal. Como a função da cistinosina está defeituosa ocorre a acumulação de cistina intralisossômica em todas as células e órgãos do corpo1. Os rins são inicialmente afetados durante o primeiro ano de vida através do dano tubular proximal seguido do dano glomerular progressivo e doença renal no estágio final durante a meia-infância, se não tratada. Outros órgãos afetados incluem olhos, tireoide, pâncreas, gônadas, músculos e sistema nervoso central2. A forma mais grave e frequente de cistinose, afetando cerca de 95% dos pacientes, é denominada cistinose nefropática infantil, caracterizada pelo desenvolvimento de sintomas clínicos relacionados à síndrome de Fanconi renal durante o primeiro ano de vida. A cistinose nefropática juvenil ou de início tardio é geralmente diagnosticada na infância ou durante a adolescência. Os pacientes apresentam formas mais leves da síndrome de Fanconi renal ou com proteinúria isolada. Finalmente, a forma ocular ou adulta é caracterizada por sintomas isolados relacionados a depósitos de cristal de cistina na córnea e raramente é diagnosticada antes da idade adulta1,3. Devido à raridade da cistinose nefropática, o diagnóstico é muitas vezes demorado ocorrendo apenas quando o paciente apresenta doença renal no estágio final4. É importante que o diagnóstico seja feito de forma precoce a fim de propiciar maior eficácia do tratamento, que costuma ser medicamentoso. No caso da cistinose nefropática infantil, o transplante renal pode ser indicado, aumentando a sobrevida do paciente2.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Cistinose?
Não. Atualmente, o SUS não oferece uma estratégia de cuidado específica para cistinose.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Não. A cisteamina (Procysbi® ou Cystagon®) não possui registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Considerando os registros da Agência Europeia de Medicamentos (EMA), a cisteamina é indicada no tratamento da cistinose nefropática comprovada em adultos e crianças com idades iguais ou superiores a seis anos. A cisteamina reduz a acumulação de cistina em determinadas células (por exemplo leucócitos, músculo e hepatocitos) nos doentes com cistinose nefropática e, quando o tratamento é efetuado precocemente, atrasa o desenvolvimento da insuficiência renal5.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Procysbi® - cápsula – 25 mg e 75 mg.
Cystagon® - cápsula – 50 mg*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 09/10/2018.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não.Quanto custa o tratamento com Cisteamina?
Considerando que este medicamento ainda não possui registro na ANVISA, não está precificado pela CMED6.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Cistinose?
Não há uma alternativa terapêutica específica para o tratamento da cistinose, no âmbito do SUS. Todavia, ressalta-se que o SUS disponibiliza medicamentos para tratar os sintomas dos pacientes com cistinose. Neste caso, o tratamento dependerá das doenças ou complicações decorrentes da cistinose como diabetes, insuficiência renal, hipotireoidismo, desequilíbrio de eletrólitos, entre outros.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Não é possível avaliação pela CONITEC para a incorporação ao SUS visto que a tecnologia não cumpre as exigências legais impostas pelo Decreto nº 7.646 de 2011, já que não possui registro na ANVISA.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Estudo aberto com controle histórico por placebo ou ácido ascórbico avaliou 93 crianças com cistinose nefropática tratadas com cisteamina oral (dose média, 51,3 mg por quilograma de peso corporal por dia) por até 73 meses7. O estudo demonstrou que a proporção de pacientes que atingiram um nível de creatinina sérica menor do que 1,0 mg foi maior para o grupo da cisteamina em comparação com o grupo controle (placebo ou ácido ascórbico). Além disso, a depuração da creatinina foi maior e os pacientes apresentaram um melhor crescimento no grupo da cisteamina.
Ensaio clínico prospectivo randomizado, aberto, controlado, de não inferioridade, cruzado avaliou o uso de cisteamina de liberação imediata para o tratamento da cistinose. O objetivo do estudo foi demonstrar a não inferioridade de uma nova formulação de liberação prolongada de cisteamina (a cada 12 horas; RP103; procysb) em relação a formulação de liberação imediata (a cada seis horas; cystagon) para a manutenção de níveis de cistina nos glóbulos brancos associados a melhores resultados na doença. Quarenta e três pacientes foram randomizados. A idade média dos participantes foi de 11,7 anos (4,2 anos), sendo 27 crianças, 15 adolescentes e um adulto8. Os autores concluiram que a cisteamina a cada 12 horas (procysbi) não foi inferior a cisteamina de liberação imediata (cystagon), a cada seis horas, com uma dose média diária total mais baixa.
Com base no trabalho anterior de não inferioridade de cisteamina de liberação prolongada (a cada 12 horas; procysbi) em relação a cisteamina de liberação imediata (a cada 6 horas), determinaram o efeito do procysbi em longo prazo. Neste estudo observou-se que houve melhora na qualidade de vida, na função escolar e social em comparação com a linha de base em dois anos, sem impacto na função física ou emocional. A taxa de filtração glomerular e a velocidade de crescimento foram mantidas ao longo do acompanhamento. Cisteamina ajuda a manter a função glomerular renal, melhora o crescimento e a qualidade de vida, sendo considerada o tratamento de escolha para a cistinose nefropática.Referências bibliográficas
1Gahl WA, Thoene JG, Schneider JA. Cystinosis. N Engl J Med. 2002; 347:111–121
2Elmonem MA, Veys KR, Soliman NA, van Dyck M, van den Heuvel LP, Levtchenko E. Cystinosis: a review. Orphanet J Rare Dis. 2016 Apr 22;11:47. doi: 10.1186/s13023-016-0426-y.
3MJ Wilmer, JP Schoeber, LPvan den Heuve, EN Levtchenko. Cystinosis: practical tools for diagnosis and treatment. PediatrNephrol. 2011, 26:205–215. doi 10.1007/s00467-010-1627-6
4Emma F, Nesterova G, Langman C, Labbé A, Cherqui S, Goodyer P, Janssen MC, Greco M, Topaloglu R, Elenberg E, Dohil R, Trauner D, Antignac C, Cochat P, Kaskel F, Servais A, Wühl E, Niaudet P, Van’t Hoff W, Gahl W, Levtchenko E. Nephropathic cystinosis: an international consensus document. Nephrol Dial Transplant (2014) 29: iv87–iv94 doi: 10.1093/ndt/gfu090
5CYSTAGON. Registro de medicamento. Agência Européia de Medicamento (EMA). Disponível em: https://ec.europa.eu/health/documents/community-register/2018/20180111139776/anx_139776_pt.pdf Acesso em 07/03/2019.
6Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 09/10/2018.
7Gahl WA, Reed GF, Thoene JG, Schulman JD, Rizzo WB, Jonas AJ, Denman DW, Schlesselman JJ, Corden BJ, Schneider JA. Cysteamine therapy for children with nephropathic cystinosis. N Engl J Med. 1987 Apr 16;316(16):971-7.
8 Langman CB, Greenbaum LA, Sarwal M, Grimm P, Niaudet P, Deschênes G, Cornelissen E, Morin D, Cochat P, Matossian D, Gaillard S, Bagger MJ, Rioux P. A randomized controlled crossover trial with delayed-release cysteamine bitartrate in nephropathic cystinosis: effectivenessonwhitebloodcellcystinelevelsandcomparisonofsafety. Clin J Am Soc Nephrol. 2012 Jul;7(7):1112-20. doi: 10.2215/CJN.12321211. -
Citalopram para depressão :: Dezembro/2017
Data de elaboração: Dezembro/2017 Data de publicação: Dezembro/2017 O que é depressão?
A depressão é caracterizada por episódios de alterações do humor, como tristeza, incapacidade de sentir prazer nas atividades diárias e irritabilidade. Também se relaciona com problemas do sono, diminuição de apetite e energia reduzida. Pode ser classificada em três graus: leve, moderado e grave1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar depressão?
Sim. Para o tratamento dos transtornos mentais em geral, o SUS oferece uma estratégia de cuidado integral, que pode ser consultada no Caderno de Atenção Básica – Saúde Mental (http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/caderno_34.pdf).A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O citalopram possui indicação em bula para o tratamento e prevenção de recaída ou recorrência da depressão, transtornos do pânico e transtorno obsessivo compulsivo2.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Celapram® - comprimido revestido de 20mg.
Cipramil® - comprimido revestido de 20mg e 40mg.
Citaforin® - comprimido revestido de 20mg.
Citagran® - comprimido revestido de 20mg.
Città® - comprimido revestido de 20mg.
Placitam® - comprimido revestido de 20mg.
Zoxipan® - comprimido revestido de 20mg.
Zycitapram® - comprimido revestido de 20mg.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 19/12/2017.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não.Quanto custa o tratamento com Citalopram?
Considerando a dose recomendada em bula de 20mg/dia, o custo mensal estimado para o tratamento da depressão é de R$61,253. O custo mensal foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% dos medicamentos genéricos, segundo Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED / ANVISA.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar depressão?
Sim, as mesmas podem ser conferidas na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Amitriptilina Comprimido 25 mg
75 mgClomipramina Comprimido 10 mg
25 mgFluoxetina Cápsula ou comprimido 20 mg Nortriptilina Cápsula 10 mg
25 mg
50 mg
75 mgO financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento1.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosa, conforme PCDT2.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Até a presente data, não foi protocolada na CONITEC demanda para incorporação do citalopram para tratamento de qualquer condição clínica, seja pelo laboratório fabricante ou por qualquer outro demandante. Ressalta-se que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde, sociedade de especialidade ou a empresa produtora do medicamento, pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à CONITEC, desde que cumpra as exigências legais.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Revisão sistemática com metanálise comparou os benefícios e danos dos antidepressivos de segunda geração (bupropiona, citalopram, desvenlafaxina, duloxetina, escitalopram, fluoxetina, fluvoxamina, mirtazapina, nefazodona, paroxetina, sertralina, trazodona e venlafaxina) para o tratamento do transtorno depressivo maior em adultos4. Os resultados desse estudo indicam que não foram detectadas diferenças clinicamente relevantes de eficácia e efetividade entre os medicamentos da mesma classe para o tratamento de fases agudas, de continuação e de manutenção da depressão, não fazendo distinção entre os medicamentos. As diferenças entre os agentes existiram no início da ação, nos regimes de dosagem e nos efeitos adversos.Referências bibliográficas
1Organização Mundial da Saúde. CID-10: Classificação Estatística Internacional de Doenças. Vol. 1. Edusp, 1994. Disponível em: http://www.datasus.gov.br/cid10/V2008/WebHelp/f30_f39.htm Acesso em: 22/12/2017.
2Maxapran®: citalopram. São Paulo: Biosintética Farmacêutica Ltda. Farm. Resp.: Alberto Jorge Garcia Guimarães - CRF-SP nº 12.449. Bula de medicamento. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=10798662015&pIdAnexo=2993976 Acesso em: 27/12/2017.
3CMED - Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos da ANVISA. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso 27/12/2017.
4GARTLEHNER, Gerald et al. Comparative Benefits and Harms of Second-Generation Antidepressants for Treating Major Depressive Disorder Na Updated Meta-analysis. Annals of internal medicine, v. 155, n. 11, p. 772-785, 2011. Disponível em: http://annals.org/aim/article/1033198/comparative-benefits-harms-second-generation-antidepressants-treating-major-depressive-disorder Acesso em: 27/12/2017. -
Crioterapia para ceratose actínica :: Dezembro/2019
Data de elaboração: Dezembro/2019 Data de publicação: Dezembro/2019 O que é Ceratose Actínica?
A ceratose actínica, também chamada de queratose solar ou queratose senil, é uma lesão dermatológica pré-maligna, que pode, eventualmente, se transformar em câncer de pele. As lesões geralmente são múltiplas e apresentam manchas escuras amareladas ou acastanhadas, presença de escamas secas, aderentes, duras ou ásperas, localizadas principalmente em áreas expostas ao sol, como a face, couro cabeludo, braços e dorso das mãos. A ceratose actínica é mais comum em pessoas de pele clara e em pessoas que sofrem exposição solar excessiva. Além disso, pode aparecer também após radiação ionizante, como no caso de pessoas que trabalhem com piche e carvão, ou em pessoas que receberam tratamento ou trabalharam diretamente com radioterapia. O tratamento indicado para a ceratose actínica é composto por alguns medicamentos, como fluoruracila e imiquimode, além da fototerapia e da crioterapia1,2.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Ceratose Actínica?
Não. Atualmente, no âmbito do SUS, não há uma estratégia específica para o tratamento da ceratose actínica.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Não. A crioterapia, por ser um procedimento, não necessita registro na Anvisa, mas sim no Conselho Federal de Medicina, onde recebe a classificação de procedimento não-experimental (aprovado para utilização).A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não, pois é um procedimento e não medicamento3.Quanto custa o tratamento com Crioterapia?
Considerando a falta de informações sobre o preço do procedimento, não foi possível calcular o custo do tratamento.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Ceratose Actínica?
Atualmente, no âmbito do SUS, não há uma estratégia específica para o tratamento do ceratose actínica. No entanto, o SUS disponibiliza algumas terapias e tratamentos que poderiam ser utilizados nesses casos, como imiquimode e fototerapia.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Não.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Foram consideradas duas revisões sistemáticas (RS)4,5 que avaliaram todas as intervenções - farmacológicas e não-farmacológicas – para o tratamento da ceratose actínica. A RS de Patel e colaboradores (2014) incluiu apenas estudos que tinha a fototerapia como um braço de comparação, já que esta era a terapia de interesse. Nesta RS foram incluídos quatro ensaios clínicos que compararam a fototerapia e a crioterapia para tratamento da afecção em questão. De acordo com os achados, a terapia fotodinâmica teve uma chance 14% maior de resposta completa da lesão aos 3 meses após o tratamento em comparação à crioterapia para ceratose actínica na face e no couro cabeludo. A RS da Cochrane, publicada por Gupta e colaboradores (2012) avaliou diversas terapias. Os resultados também foram favoráveis para terapia fotodinâmica (PDT) com fotossensibilizadores. A crioterapia não obteve resultados estatisticamente significativos em comparação às alternativas estudadas. De acordo com as evidências encontradas, a crioterapia não demonstrou resultados de superioridade nos desfechos clínicos primários, quando comparada as outras intervenções para ceratose actínica.Referências bibliográficas
1Site Minha Vida. Temas: Ceratose Actínica. Disponível em: http://www.minhavida.com.br/saude/temas/ceratose-actinica. Acesso em: 29/11/2019.
2Site Câncer de Pele. Disponível em: http://www.cancerdepele.net.br/crioterapia. Acesso em: 29/11/2019.
3Brasil. Ministério da Saúde. RENAME – Relação Nacional de Medicamentos Essenciais. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/medicamentos_rename.pdf. Acesso em: 23/12/2019.
4Patel G, Armstrong AW, Eisen DB. Efficacy of photodynamic therapy vs other interventions in randomized clinical trials for the treatment of actinic keratoses: a systematic review and metaanalysis. JAMA Dermatol. 2014 Dec;150(12):1281-8.
5Gupta AK, Paquet M, Villanueva E, Brintnell W. Interventions for actinic keratoses. Cochrane Database Syst Rev. 2012 Dec 12;12:CD004415. -
Citrato de tofacitinibe para artrite psoríaca :: Julho/2022
Data de elaboração: Dezembro/2021 Data de publicação: Julho/2022 O que é artrite psoríaca?
A artrite psoríaca (AP), também chamada de psoriásica ou psoriática, é uma doença sistêmica inflamatória associada à psoríase. A AP integra o grupo das espondiloartrites, caracterizada por apresentar sorologia do fator reumatoide geralmente negativa, acometimento da pele (psoríase), unhas (ungueal), articulações periféricas, do esqueleto axial (espondilite ou sacroiliíte), entesites (inflamação da inserção de tendões, ligamentos e cápsula articular às superfícies ósseas) e dactilites (“dedo em salsicha”). A AP é uma doença de etiologia indefinida, na qual as citocinas relacionadas aos linfócitos T têm papel central e níveis elevados de citocinas próinflamatórias (TNF, IL-1 e IL-6) podem ser encontrados. Em mais de 40% dos casos existe familiar de primeiro grau com psoríase ou AP, mas evidências recentes sugerem que a herdabilidade da AP seja mais forte e distinta da psoríase cutânea. Fatores ambientais, infecciosos e imunogênicos podem favorecer a manifestação da AP. Trata-se de uma doença que aumenta o risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, obesidade, síndrome metabólica, diabete melito, hipercolesterolemia, doenças oftálmicas autoimunes, osteoporose, doenças inflamatórias do intestino (doença de Crohn e colite ulcerativa), problemas renais, transtornos psiquiátricos e distúrbios neurológicos e pulmonares. A prevalência global da AP pode atingir de 0,3% a 1,0% da população com uma incidência que varia de 0,01 a 5,0 a cada 100.000 casos ao ano. Já em pacientes com psoríase, a prevalência aumenta, variando de 6% a 41%. Estudos epidemiológicos brasileiros apontam que a AP é a segunda espondiloartrite mais frequente no País, com uma prevalência de 13,7%, sendo superior a 33% na população previamente acometida com psoríase. A apresentação clínica da AP é heterogênea e varia desde manifestações articulares e dermatológicas a complicações articulares com erosão óssea, que ocorrem em até 40% a 60% dos casos e os sintomas como fadiga, dor e comorbidades associadas podem ter grande impacto psicológico. Isto leva a comprometimento das atividades diárias e da qualidade de vida dos pacientes. O prognóstico da doença é pior na presença de dano articular e acometimento de articulações. O diagnóstico da AP é baseado no reconhecimento de características clínicas e de imagem. Inexistem exames específicos, e quase 10% dos pacientes com AP têm fator reumatóide positivo em baixos títulos. O tratamento da AP objetiva a redução dos sintomas, a remissão ou o controle da atividade da doença (para mínima ou baixa atividade), oferecendo melhor qualidade de vida e evitando perda da capacidade funcional dos pacientes. A identificação da doença em seu estágio inicial e o encaminhamento ágil e adequado para o atendimento especializado dão à Atenção Primária um caráter essencial para um melhor resultado terapêutico e prognóstico dos casos1.Existe estratégia de cuidado no SUS para tratar a artrite psoríaca?
Sim. O SUS oferece estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Artrite Psoríaca, publicado por meio da Portaria Conjunta nº 09[2], de 21 de maio de 2021. Este documento inclui o conceito geral da artrite psoríaca, critérios de diagnóstico, critérios de inclusão e de exclusão, tratamento e mecanismos de regulação, controle e avaliação, é de caráter nacional e deve ser utilizado pelas Secretarias de Saúde dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios na regulação do acesso assistencial, autorização, registro e ressarcimento dos procedimentos correspondentes1.A tecnologia possui registro na Anvisa?
Sim. Conforme dispõe a bula, o citrato de tofacitinibe é indicado para tratamento da artrite reumatoide, artrite psoriásica e colite ulcerativa3.Possui genérico?
Não4.Quais são as marcas dos medicamentos disponíveis no mercado*?
Xeljanz® - comprimidos revestidos de 5 mg e 10 mg.*Medicamento disponível no mercado de acordo com a lista CMED4 de 09/12/2021, atualizada em 27/12/2021.
O medicamento está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename)?
Sim, de acordo com consulta realizada à Rename5, em 29/12/2021. No entanto, não é fornecido para essa condição clínica. O medicamento é fornecido no SUS, conforme os critérios do PCDT da Artrite Reumatoide6.Citrato de tofacitinibe ainda não consta na Rename para tratamento da Artrite Psoríaca, uma vez que aguarda publicação de nova versão da relação de medicamentos que acontece a cada 2 anos. A última versão da Rename é datada de 2020.
Quanto custa o tratamento com com citrato de tofacitinibe?
A dose recomendada é de 5 mg de tofacitinibe administrada duas vezes ao dia. O custo mensal foi de R$ 6.284,15. O valor foi calculado considerando-se o Preço Fábrica (PF) estabelecido pela Anvisa e a alíquota de 18% em relação ao ICMS do medicamento de referência Xeljanz® na dosagem de 5 mg, segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED/Anvisa)4.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar xxx?
Sim, de acordo com o PCDT da Artrite Psoríaca1, são disponibilizados os medicamentos apresentados na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Adalimumabe Solução injetável 40mg Certolizumabe Pegol Solução injetável 200mg/mL Ciclosporina Cápsula
Solução oral10, 25, 50 e 100mg
100mg/mLEtanercepte Solução injetável 25 e 50mg Golimumabe Solução injetável 50mg Ibuprofeno Comprimido revestido
Suspensão oral200, 300 e 600mg
50mg/mLInfliximabe Pó para solução injetável 100mg/10mL Leflunomida Comprimido 20mg Metilprednisolona Frasco 40mg/2mL Metotrexato Comprimido
Solução injetável2,5mg
2mLNaproxeno Comprimido 250 e 500mg Prednisona Comprimido 5 e 20mg Secuquinumabe Solução injetável 150mg/mL Sulfassalazina Comprimido 500mg Tofacitinibe Comprimido 5mg O financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por um ou mais dos três entes federativos (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde – Conitec – já avaliou a tecnologia para esta condição clínica?
Sim, a Conitec avaliou o citrato de tofacitinibe para o tratamento dos pacientes com AP. Durante a 88ª reunião ordinária, realizada no dia 07 de julho de 2020, os membros da Comissão deliberaram por unanimidade, recomendar a incorporação no SUS do citrato de tofacitinibe para o tratamento de pacientes adultos com artrite psoríaca ativa moderada a grave intolerantes ou com falha terapêutica aos medicamentos modificadores do curso da doença sintéticos ou biológicos, conforme o PCDT do Ministério da Saúde7. O documento técnico foi encaminhado ao Secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde (SCTIE/MS), que ratificou a recomendação e publicou a Portaria nº 28/2020, no Diário Oficial da União (DOU) nº 160, de 20/08/2020, Seção 1, pág. 117.O que a literatura científica relata sobre o uso xxx para essa condição clínica?
O Ensaio Clínico Randomizado (ECR) de Gladman et al. (2017)8, um ensaio duplo-cego, controlado por placebo, de fase III, avaliou a eficácia do tofacitinibe em pacientes com idade acima de 18 anos, diagnóstico há pelo menos 6 meses antes de iniciar o estudo e com AP ativa e com psoríase em placas ativas no rastreamento e na linha de base, tratados previamente com antagonistas do fator de necrose tumoral (anti-TNF) com resposta inadequada a terapêutica oferecida. Os desfechos primários em três meses avaliados foram a resposta do American College of Rheumatology 20 (ACR20 - ≥20% de melhoria em relação à linha de base no número de articulações sensíveis e inchadas e pelo menos três dos cinco outros domínios importantes) e mudança da linha de base no escore do Health Assessment Questionnaire – Pontuação no Índice de Incapacidade (HAQ-DI - as pontuações variam de 0 a 3, com pontuações mais altas indicando maior incapacidade). A ACR50 em 3 meses foi de 15% para placebo, 30% para tofacitinibe de 5mg (p=0,003), e 28% para tofacitinibe de 10 mg (p=0,007). Neste estudo, o tofacitinibe se mostrou mais eficaz que o placebo ao longo de três meses na redução da atividade da doença. Os eventos adversos foram mais frequentes com tofacitinibe do que com placebo. O ECR de Mease et al. (2017)9, um ensaio duplo-cego, controlado por placebo, de fase III, avaliou a eficácia do tofacitinibe em pacientes com idade acima de 18 anos, diagnóstico há pelo menos 6 meses antes de iniciar o estudo e com AP ativa, tratados previamente com um medicamento modificador do curso da doença (MMCD) sintético com resposta inadequada a terapêutica oferecida. Os desfechos primários em três meses avaliados foram o ACR20 - ≥20% de melhoria em relação à linha de base no número de articulações sensíveis e inchadas e pelo menos três dos cinco outros domínios importantes e mudança da linha de base no escore HAQ-DI. As taxas de resposta foram 10% para placebo, 30% para tofacitinibe 5mg e 42% para tofacitinibe 10 mg (p<0,001) para as duas comparações. A partir destes achados os autores concluíram que a eficácia do tofacitinibe foi superior à do placebo no terceiro mês em pacientes com artrite psoríaca que anteriormente tiveram uma resposta inadequada aos MMCD sintéticos convencionais. Os eventos adversos foram mais frequentes com tofacitinibe do que com placebo2.Referências bibliográficas
1 Brasil. Ministério da Saúde. Portaria Conjunta nº 09, de 21 de maio de 2021. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Artrite Psoríaca. [Portaria na internet]. Diário Oficial da União 28 mai 2021. Brasília: Ministério da Saúde, 2021. [Acesso em 29 dez 2021]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Protocolos/20210531_PCDT_min_artrite_psoriaca.pdf.
2 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde e Secretaria de Atenção Especializada à Saúde. Portaria Conjunta nº 9, de 21 de maio de 2021. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Artrite Psoríaca. [Portaria na internet]. Diário Oficial da União 28 mai 2021 [Acesso em 29 dez 2021]; Seção 1, (100). Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/Portaria/2021/20210528_Portaria_Conjunta_09.pdf.
3 Citrato de tofacitinibe. [Bula]. Brasil: Wyeth Indústria Farmacêutica Ltda.
4 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Medicamentos. Câmera de Regulação do Mercado de Medicamentos. Listas de Preços de Medicamentos [Acesso em 29 dez 2021]. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/cmed/precos/arquivos/lista_conformidade_gov_2021_12_v3.pdf.
5 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2020. Brasília: Ministério da Saúde; 2020 [Acesso em 29 dez 2021]. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/relacao_medicamentos_rename_2020.pdf.
6 Brasil. Ministério da Saúde. Portaria Conjunta nº 16, de 03 de setembro de 2021. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Artrite Reumatoide e da Artrite Idiopática Juvenil. [Portaria na internet]. Diário Oficial da União 10 set 2021. Brasília: Ministério da Saúde, 2021. [Acesso em 29 dez 2021]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Protocolos/20211112_Portaria_Conjunta_16_PCDT_AR.pdf.
7 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação nº 537, de jul 2020. Citrato de tofacitinibe para o tratamento de pacientes adultos com artrite psoríaca ativa moderada a grave intolerantes ou com falha terapêutica aos medicamentos modificadores do curso da doença sintéticos ou biológicos. [Acesso em 29 dez 2021]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Consultas/Relatorios/2020/Relatorio_Tofacitinibe_Artrite_Psoriaca_537_28_2020_final.pdf.
8 Gladman, D., et al. Tofacitinib for psoriatic arthritis in patients with an inadequate response to TNF inhibitors. Inglaterra. N Engl J Med, 2017. 377: p. 1525-36.
9 Mease, P., et al. Tofacitinib or adalimumabe versus placebo for psoriatic arthritis. Inglaterra: N Engl J Med, 2017. 377: p. 1537-50.
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Citrato de tofacitinibe para retocolite ulcerativa :: Julho/2022
Data de elaboração: Dezembro/2021 Data de publicação: Julho/2022 O que é retocolite ulcerativa?
A retocolite ulcerativa (RCU) é uma doença inflamatória intestinal (DII) crônica que se caracteriza por inflamações na mucosa do intestino, principalmente na porção do cólon, mas pode afetar também o reto e porções proximais ao cólon. O principal sintoma da RCU é a diarreia com sangue, mas outros sintomas como dores abdominais em cólica, tenesmo (sensação de defecação incompleta), urgência na evacuação e exsudato mucopurulento nas fezes podem estar presentes. Os casos mais graves são acompanhados de sintomas sistêmicos como febre, anemia e emagrecimento. As manifestações extraintestinais podem ocorrer em 10 a 35% dos pacientes e podem apresentar comprometimento articular, cutâneo, hepatobiliar, oftalmológicas, hematológicas e influenciar no metabolismo ósseo1. Os sinais e sintomas da patologia dependem da localização, significância e gravidade da doença. A idade do início da doença é normalmente entre 20 anos e 40 anos. No Brasil, estudo epidemiológico encontrou uma incidência média anual de 7,16 novos casos/100.000 habitantes/ano e uma prevalência de 28,3/100.000. O diagnóstico é baseado na presença de diarreia crônica (por mais de quatro semanas), evidência de inflamação ativa observada na endoscopia e alterações crônicas na biópsia. Sendo necessário a exclusão de outras causas de colite pela história do paciente, estudos laboratoriais e biópsia do colón. A gravidade da doença é um ponto importante pois auxilia no tratamento clínico e pode ajudar a prever resultados a longo prazo2. O curso clínico da doença é gradual e frequentemente caracterizado por períodos de remissão espontânea e recaídas subsequentes. O tratamento depende da gravidade e localização da doença. Os princípios gerais para tratar a RCU são considerar a atividade e a distribuição. As agudizações são classificadas em três categorias, quais sejam: leve, moderada e grave. O objetivo principal do tratamento é atingir remissão clínica livre de corticoide e, posteriormente, manter a remissão em longo prazo, evitando recidivas. A identificação da doença em seu estágio inicial e o encaminhamento ágil e adequado para o atendimento especializado dão à Atenção Primária um caráter essencial para um melhor resultado terapêutico e prognóstico dos casos1.Existe estratégia de cuidado no SUS para tratar a retocolite ulcerativa?
Sim. O SUS oferece estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Retocolite Ulcerativa, publicado por meio da Portaria Conjunta nº 223, de 20 de dezembro de 2021. Este documento inclui o conceito geral de retocolite ulcerativa, critérios de diagnóstico, critérios de inclusão e de exclusão, tratamento e mecanismos de regulação, controle e avaliação, é de caráter nacional e deve ser utilizado pelas Secretarias de Saúde dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios na regulação do acesso assistencial, autorização, registro e ressarcimento dos procedimentos correspondentes1.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. Conforme dispõe a bula, o citrato de tofacitinibe é indicado para tratamento da artrite reumatoide, artrite psoriásica e colite ulcerativa4.Possui biossimilar?
Não5.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Xeljanz® - comprimidos revestidos de 5 mg e 10 mg.*Medicamento disponível no mercado de acordo com a lista CMED5 de 09/12/2021, atualizada em 27/12/2021.
O medicamento está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename)?
Sim, de acordo com consulta realizada à Rename6, em 29/12/2021. No entanto, não é fornecido para essa condição clínica. O medicamento é fornecido no SUS, conforme os critérios do PCDT da Artrite Reumatoide7.Citrato de tofacitinibe ainda não consta na Rename para tratamento da Retocolite Ulcerativa, uma vez que aguarda publicação de nova versão da relação de medicamentos que acontece a cada 2 anos. A última versão da Rename é datada de 2020.
Quanto custa o tratamento com citrato de tofacitinibe?
A dose recomendada é de 10 mg de tofacitinibe administrada duas vezes ao dia por pelo menos 8 semanas, seguido por 5 mg de tofacitinibe administradas duas vezes ao dia. O custo estimado para o período de indução (8 semanas) foi de R$ 25.136,60 e o custo de manutenção mensal foi de R$ 6.284,15. O que corresponde a um custo de R$ 25.136,60 nos 2 (dois) primeiros meses e um custo mensal de R$ 6.284,15 nos meses subsequentes. Os valores foram calculados considerando-se o Preço Fábrica (PF) estabelecido pela Anvisa e a alíquota de 18% em relação ao ICMS do medicamento de referência Xeljanz® na dosagem de 5 mg, segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED/Anvisa)5.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar xxx?
Sim, de acordo com o PCDT da Retocolite Ulcerativa1, são disponibilizados os medicamentos apresentados na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Ácido fólico Comprimido 5mg Azatioprina Comprimido 50mg Ciclosporina Cápsula
Solução oral
Ampola10, 25, 50 e 100mg
100mg/mL
50 e 250mgInfliximabe Frasco-ampola 100mg Hidrocortisona Frasco-ampola 100 e 500mg Mesalazina Comprimido
Supositório
Enema400, 500 e 800mg
250, 500 e 1000mg
1 e 3gPrednisona Comprimido 5 e 20mg Sulfassalazina Comprimido 500mg Tofacitinibe Comprimido 5 e 10mg Vedolizumabe Frasco-ampola 300mg O financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por um ou mais dos três entes federativos (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde – Conitec – já avaliou a tecnologia para esta condição clínica?
Sim, a Conitec avaliou o citrato de tofacitinibe para o tratamento dos pacientes com RCU. Durante a 98ª reunião ordinária, realizada no dia 09 de junho de 2021, os membros da Comissão deliberaram por unanimidade, recomendar a incorporação no SUS do citrato de tofacitinibe para o tratamento de retocolite ulcerativa ativa moderada a grave em pacientes adultos com resposta inadequada, perda de resposta ou intolerantes ao tratamento prévio com medicamentos sintéticos convencionais, conforme PCDT2. O documento técnico foi encaminhado ao Secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde (SCTIE/MS), que ratificou a recomendação e publicou a Portaria nº 31/2021, no Diário Oficial da União (DOU) nº 120, de 29/06/2021, Seção 1, pág. 148.O que a literatura científica relata sobre o uso dessa tecnologia para retocolite ulcerativa?
Singh e colaboradores (2020)8 conduziram uma revisão sistemática de 17 Ensaios Clínicos Randomizados (ECRs), com duas meta-análises (pareada e em rede), com objetivo de avaliar a eficácia e segurança em primeira linha (pacientes não responsivos ao tratamento convencional ou naïves à antagonistas do fator de necrose tumoral (anti-TNF) e em segunda linha (pacientes previamente expostos à anti-TNF) de tratamentos para RCU moderada a grave, para terapia de indução. Em pacientes naïves de anti-TNFs, citrato de tofacitinibe mostrou-se significativamente superior ao placebo, apresentando uma chance duas vezes maior de indução da remissão clínica (odds ratio [OR]: 2,12 [intervalo de confiança {IC} 95%: 1,12 a 4,02]). Trigo-Vicente e colaboradores (2018)9 conduziram uma revisão sistemática com meta-análise Bayesiana, de 14 artigos que avaliaram 18 ECRs, com o objetivo de comparar a eficácia e segurança de medicamentos biológicos e novos medicamentos orais em pacientes com RCU moderada a grave naïves de tratamento com biológicos. A meta-análise reportou os estudos OCTAVE Induction 1 e 2 e OCTAVE Sustain, e o citrato de tofacitinibe não diferiu estatisticamente do infliximabe e vedolizumabe na fase de indução para remissão clínica. Na comparação direta, tanto tofacitinibe quanto infliximabe e vedolizumabe apresentaram resultados significativamente superiores ao placebo. Para o desfecho cura da mucosa, o tofacitinibe também se mostrou superior ao placebo, nas duas meta-análises de Singh e colaboradores (2020)8, em pacientes naïves de anti-TNFs, apresentando uma chance duas vezes maior de indução da melhora endoscópica (OR: 2,03 [IC 95%: 1,23 a 3,34]). Na semana 52, a cessação do uso de corticoide foi atingida em 35,4% do grupo tofacitinibe 5mg (23/65), em 47,3% do grupo tofacitinibe 10mg (26/55) e em 5,1% dos pacientes no grupo placebo. Para as comparações entre grupo intervenção e placebo, a diferença foi estatisticamente significante (p<0,001). Tofacitinibe mostrou ser significativamente superior em relação ao placebo para todos os desfechos de qualidade de vida avaliados na fase de indução, com exceção para a variação média do componente de saúde mental do SF-36. Quando comparado ao infliximabe e vedolizumabe, não diferiu significativamente em todos os desfechos avaliados. Já na fase de manutenção tofacitinibe não diferiu significativamente do vedolizumabe, exceto para o desfecho remissão no escore IBDQ (Inflammatory Bowel Disease Questionnaire), em que foi significativamente superior. Em relação ao perfil de segurança, na comparação indireta, observou-se que o risco de infecção com o citrato de tofacitinibe foi significativamente maior apenas na comparação com placebo, não apresentando diferenças significativas em relação ao infliximabe e vedolizumabe. Para o desfecho efeitos adversos graves também não foram observadas diferenças significativas entre tofacitinibe e os respectivos comparadores2.Referências bibliográficas
1 Brasil. Ministério da Saúde. Portaria Conjunta nº 22, de 20 de dezembro de 2021. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas de Retocolite Ulcerativa. [Portaria na internet]. Diário Oficial da União 29 dez 2021. Brasília: Ministério da Saúde, 2021. [Acesso em 29 dez 2021]. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/protocolos-clinicos-e-diretrizes-terapeuticas-pcdt/arquivos/2021/portal-portaria-conjunta-no-22-_pcdt_retocolite-ulcerativa.pdf.2 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação nº 631, de jun 2021. Citrato de tofacitinibe para o tratamento de retocolite ulcerativa ativa moderada a grave em pacientes adultos com resposta inadequada, perda de resposta ou intolerantes ao tratamento prévio com medicamentos sintéticos convencionais. [Acesso em 29 dez 2021]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2021/20210629_Relatorio_631_tofacitinibe_RCU_Final.pdf.
3 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde e Secretaria de Atenção Especializada à Saúde. Portaria Conjunta nº 22, de 20 de dezembro de 2021. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas de Retocolite Ulcerativa. [Portaria na internet]. Diário Oficial da União 29 dez 2021 [Acesso em 29 dez 2021]; Seção 1, (245). Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/Portaria/2021/20211229_Portaria_Conjunta_22.pdf.
4 Citrato de tofacitinibe. [Bula]. Brasil: Wyeth Indústria Farmacêutica Ltda.
5 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Medicamentos. Câmera de Regulação do Mercado de Medicamentos. Listas de Preços de Medicamentos [Acesso em 29 dez 2021]. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/cmed/precos/arquivos/lista_conformidade_gov_2021_12_v3.pdf.
6 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2020. Brasília: Ministério da Saúde; 2020 [Acesso em 29 dez 2021]. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/relacao_medicamentos_rename_2020.pdf.
7 Brasil. Ministério da Saúde. Portaria Conjunta nº 16, de 03 de setembro de 2021. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Artrite Reumatoide e da Artrite Idiopática Juvenil. [Portaria na internet]. Diário Oficial da União 10 set 2021. Brasília: Ministério da Saúde, 2021. [Acesso em 29 dez 2021]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Protocolos/20211112_Portaria_Conjunta_16_PCDT_AR.pdf.
8 Singh S, Fumery M, Sandborn WJ, Murad MH. Systematic review with network meta-analysis: first- and secondline pharmacotherapy for moderate-severe ulcerative colitis. Aliment Pharmacol Ther, 2018. 47(2): p. 162–75.
9 Trigo-Vicente C, Gimeno-Ballester V, García-López S, López-Del Val A. Systematic review and network metaanalysis of treatment for moderate-to-severe ulcerative colitis. Int J Clin Pharm, 2018. 40(6): p. 1411–9.
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Crizotinibe para câncer de pulmão :: Outubro/2023
Data de elaboração: Outubro/2023 Data de publicação: Outubro/2023 O que é o câncer de pulmão?
Em oncologia, uma das principais causas de morte evitável, em todo o mundo, é o câncer de pulmão (CP), devido ao fato de 90% dos diagnósticos estar associado ao tabagismo que é o principal fator de risco causador do CP. Fumantes têm dez vezes mais risco de desenvolver a doença, em relação aos não fumantes, risco que está relacionado à quantidade de cigarros consumida, duração do hábito e idade em que iniciou o tabagismo. A cessação do tabagismo a qualquer tempo resulta na diminuição do risco de desenvolver CP. O tabagismo passivo, exposição ambiental ao gás radônio e exposição ocupacional prévia à mineração de amianto constituem fatores de risco adicionais para a doença1.O CP é o terceiro mais comum em homens e mulheres no Brasil, sem considerar o câncer de pele não melanoma. É o primeiro em todo o mundo desde 1985, em mortalidade e o segundo em incidência, sendo que cerca de 11,4% de todos os casos novos de câncer são de pulmão, ocupando a primeira posição entre os homens e terceira posição entre as mulheres. Para fins terapêuticos e prognósticos, os casos de CP são classificados em dois grupos principais, de acordo com o tipo histopatológico, sendo eles o câncer de pulmão pequenas células (CPPC) e o câncer de pulmão não-pequenas células (CPNPC). O primeiro grupo corresponde a, aproximadamente, 15% dos casos de CP, doença de evolução clínica mais agressiva, enquanto o segundo grupo representa 85% dos casos, agregando outros tipos histopatológicos, como carcinoma epidermoide, adenocarcinoma, carcinoma de grandes células e carcinoma indiferenciado. No Brasil, estudos da última década demonstram maior frequência do subtipo CPNPC, tornando-se uma neoplasia de importância nacional, devido à sua elevada incidência e mortalidade2.
Globalmente, estimou-se 1.796.144 mortes e 2.206.771 casos novos de CP para o ano de 2020, sendo a taxa de incidência ajustada pela idade de 3,6 para homens e 0,5 para mulheres, e a taxa de mortalidade ajustada pela idade de 1,9 para homens e 11,2 para mulheres. No Brasil, são estimados 30.200 novos casos de CP para cada ano do triênio 2020-2022, com 17.760 casos em homens e 12.440 em mulheres. Isso representa um risco de 11,56 novos casos a cada 100.000 mulheres e 16,99 novos casos a cada 100.000 homens. A taxa de mortalidade padronizada pela população mundial do câncer de brônquios e pulmão no Brasil foi de 12,58 óbitos por 100.000 habitantes em 2019, considerando a população de 2010. Com relação ao marcador ALK, dados globais indicam que a frequência de CPNPC ALK+ varia entre 1,6 e 11,6%2.
A seleção do tratamento deve ser adequada ao estadiamento clínico da doença (classificação TNM), capacidade funcional (escala ECOG/Zubrod), condições clínicas e preferência do doente. A extensão da doença nos casos de CPPC é classificada para fins terapêuticos em doença localizada e doença extensa. Doença localizada é aquela confinada ao hemitórax de origem, mediastino e linfonodos supraclaviculares ispilaterais, passíveis de tratamento por um mesmo campo de irradiação. A presença de derrame pleural ipsilateral enseja prognóstico intermediário entre casos de doença localizada e doença extensa. Doença extensa é aquela disseminada além da fossa supraclavicular ipsilateral, incluindo-se os casos de metástases à distância1.
Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde (SUS) para tratar o câncer de pulmão?
Sim. O SUS oferece estratégia de cuidado que pode ser verificada nas Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas (DDT) do Câncer de Pulmão, publicado por meio da Portaria SAS/MS nº 957, de 26 de setembro de 20141.A tecnologia possui registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)?
Sim. O crizotinibe foi registrado na Anvisa em 06/2019, sob o nome comercial de Xalkori®. A indicação apresentada em bula é para tratamento de pacientes com câncer de pulmão não pequenas células (CPNPC) avançado que seja positivo para quinase de linfoma anaplásico (ALK); e também que seja positivo para ROS13.Possui genérico?
Não4.Quais são as marcas do medicamento disponíveis no mercado?
Xalkori® - cápsula gelatinosa dura de 200 e 250 mg com 60 unidades.
*Medicamento disponível no mercado de acordo com a lista CMED4, publicada em 02/10/2023, atualizada em 23/10/2023.
O medicamento crizotinibe está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename)?
Não, de acordo com consulta realizada à Rename5, em 05/11/2023.Quanto custa o tratamento com crizotinibe?
Considerando a dose recomendada em bula3, para o tratamento do câncer de pulmão, de 250 mg duas vezes ao dia, o custo mensal inicial estimado foi de R$ 40.027,34. O valor foi calculado considerando o Preço de Fábrica (PF) e a alíquota de 18% em relação ao Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS), segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED/Anvisa4, pois esse medicamento não consta na lista com aplicação do desconto do Coeficiente de Adequação de Preços (CAP).O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar o câncer de pulmão?
Sim. O SUS disponibiliza o tratamento para o câncer de pulmão, conforme a DDT – Câncer de Pulmão1. Esclarece-se que para o tratamento de câncer no Sistema Único de Saúde, não há uma lista específica de medicamentos, vez que o cuidado ao paciente deve ser feito de forma integral nas Unidades de Alta Complexidade em Oncologia (UNACON) ou Centros de Alta Complexidade em Oncologia (CACON). Nesses estabelecimentos de saúde, o fornecimento de medicamentos é feito via autorização de procedimento de alta complexidade (APAC), conforme os procedimentos tabelados. Assim, esses hospitais habilitados como UNACON ou CACON devem oferecer assistência especializada e integral ao paciente com câncer, atuando no diagnóstico e tratamento do paciente, sendo ressarcidos pelo gestor federal quando da realização dessa assistência, inclusive farmacêutica, de acordo com valores pré-estabelecidos na Tabela de Procedimentos do SUS.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) já avaliou a tecnologia para esta condição clínica?
Sim, a Conitec avaliou o crizotinibe para o tratamento do câncer de pulmão de não pequenas células (CPNPC). Durante a 114ª Reunião Ordinária, realizada no dia 10 de novembro de 2022, os membros da Comissão recomendaram a incorporação ao SUS do crizotinibe para o tratamento, em primeira linha, de pacientes adultos com CPNPC avançado ALK+ no SUS2. O documento técnico foi encaminhado à então Secretária de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde do Ministério da Saúde, que ratificou a recomendação e publicou a Portaria SCTIE/MS nº 168/2022, no Diário Oficial da União (DOU) nº 230, de 08/12/2022, Seção 1, pág. 295.O que a literatura científica relata sobre o uso dessa tecnologia para câncer de pulmão?
Solomon et al., (2018)6, em um estudo de fase III (PROFILE 1014) comparou o crizotinibe com a quimioterapia como tratamento de primeira linha em pacientes ALK+ com em câncer de pulmão avançado, não escamoso, de células não pequenas. Reportaram os dados finais da análise de sobrevida global (SG) do estudo PROFILE 1014. Também foram reportados dados sobre tratamento subsequente e sobre a segurança do crizotinibe em relação à quimioterapia. Os dados da análise final de SG foram coletados na data da última visita do estudo. Neste momento, todos os pacientes haviam descontinuado de forma permanente o tratamento (fim do estudo). Os desfechos apresentados foram análise final da SG, impacto do tratamento pós-estudo na SG e dados de segurança atualizados. Concluiu-se na análise final que o estudo fornece uma nova referência para SG em pacientes com CPNPC rearranjado por ALK+ e destaca o benefício do crizotinibe para prolongar a sobrevida nesta população de pacientes.Wilner et al., (2019)7, analisou a função cardíaca reportada em dois estudos de fase III de CPCNP avançado previamente tratado (PROFILE 1007) ou não tratado (PROFILE 1014). Foram descritos desfechos relacionados à insuficiência cardíaca, como: fração de ejeção diminuída, insuficiência ventricular, insuficiência cardíaca congestiva e outros. Como resultados identificaram que no PROFILE 1007 e 1014, a incidência de eventos adversos de insuficiência cardíaca foi de 0% (crizotinibe) versus 0,6% (quimioterapia) e 2,3% versus 0,6%, respectivamente. Nos braços de crizotinibe versus quimioterapia, respectivamente, reduções >20% da fração de ejeção do ventrículo esquerdo ocorreram em 0/19 (0%) versus 1/16 (6,3%) pacientes do PROFILE 1007 e 4/150 (2,7%) versus 10/150 (6,7%) pacientes do PROFILE 1014. Como conclusão as análises não revelaram quaisquer alterações clinicamente significativas na função miocárdica com crizotinibe em doentes com CPCNP ALK+.
Wu et al., (2018)8, conduziram um ensaio clínico randomizado (ECR) aberto (PROFILE 1029), de fase III com o objetivo de avaliar a eficácia do crizotinibe (n=104) versus quimioterapia baseada em platina (n=103) em primeira linha de tratamento em pacientes asiáticos com CPNPC avançado ALK+. Foram considerados elegíveis pacientes adultos (18 e 70 anos) com CPNPC localmente avançado, recorrente ou metastático não escamoso com ALK+, confirmado histologicamente ou citologicamente, e sem tratamento sistêmico prévio para doença avançada. Os pacientes foram randomizados na proporção de 1:1 para receber crizotinibe (250 mg duas vezes ao dia por via oral) ou quimioterapia baseada em platina intravenosa (pemetrexede 500 mg por m² de superfície corporal com cisplatina 75 mg por m² ou com carboplatina área alvo sob a curva de 5 a 6 mg por mililitro por minuto) a cada 3 semanas em até seis ciclos. A randomização foi estratificada pelo status ECOG (0 ou 1 versus 2). Os pacientes em uso de quimioterapia, caso apresentassem progressão da doença, também poderiam realizar crossover para o grupo crizotinibe. O desfecho primário sobrevida livre de progressão (SLP) e os secundários foram SG, taxa de resposta, segurança e qualidade de vida. O crizotinibe prolongou significativamente a SLP (hazard ratio, 0,402; intervalo de confiança [IC] de 95%: 0,286-0,565; p < 0,001). A SLP mediana foi de 11,1 meses com crizotinibe e 6,8 meses com quimioterapia. A taxa de resposta objetiva foi de 87,5% (IC 95%: 79,6-93,2%) com crizotinibe versus 45,6% (IC 95%: 35,8-55,7%) com quimioterapia (p < 0,001). Os eventos adversos mais comuns foram aumento dos níveis de transaminases, diarreia e distúrbios visuais com crizotinibe e leucopenia, neutropenia e anemia com quimioterapia. Melhorias significativamente maiores desde o início do estudo nos resultados relatados pelos pacientes foram observadas em pacientes tratados com crizotinibe versus pacientes tratados com quimioterapia.
Referências bibliográficas
1 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Portaria nº 957, de 26 de setembro de 2014. Aprova as Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas do Câncer de Pulmão. [portaria na internet]. Diário Oficial da União 29 de setembro de 2014 [acesso em 05 nov 2023]; Seção 1, (59). Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/artigos_publicacoes/ddt_capulmao_26092014.pdf.2 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação n°. 786, de nov 2022. Crizotinibe para o tratamento, em primeira linha, de pacientes adultos com câncer de pulmão não pequenas células (CPNPC) avançado ALK+ [acesso em 05 nov 2023]. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/2022/20221208_relatorio_crizotinibe_cpnpc_786.pdf.
3 Xalkori. [Bula]. Brasil: Pfizer Brasil Ltda.
4 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Medicamentos. Câmera de Regulação do Mercado de Medicamentos. Listas de Preços de Medicamentos [acesso em 05 nov 2023]. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/cmed/precos.
5 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Complexo da Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2022. Brasília: Ministério da Saúde; 2022 [acesso em 05 nov 2023]. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/20220128_rename_2022.pdf.
6 Solomon BJ, Kim DW, Wu YL, Nakagawa K, Mekhail T, Felip E, et al. Final overall survival analysis from a study comparing first-line crizotinib versus chemotherapy in alk-mutation-positive non–small-cell lung cancer. J Clin Oncol. 2018;36(22):2251–8. <https://ascopubs.org/doi/10.1200/JCO.2017.77.4794>.
7 Wilner KD, Usari T, Polli A, Kim EE. Comparison of cardiovascular effects of crizotinib and chemotherapy in ALKpositive advanced non-small-cell lung cancer. Futur Oncol. 2019;15(10):1097–103. <https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/30652510/>.
8 Wu YL, Lu S, Lu Y, Zhou J, Shi Y kai, Sriuranpong V, et al. Results of PROFILE 1029, a Phase III Comparison of First-Line Crizotinib versus Chemotherapy in East Asian Patients with ALK-Positive Advanced Non–Small Cell Lung Cancer. J Thorac Oncol. 2018;13(10):1539–48. <https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/29966800/>.
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Cultura líquida automatizada para detecção de micobactérias e teste de sensibilidade aos antimicrobianos utilizados no tratamento da tuberculose :: Maio/2021
Data de elaboração: Maio/2021 Data de publicação: Maio/2021 O que é detecção de micobactérias e teste de sensibilidade aos antimicrobianos utilizados no tratamento da tuberculose?
A tuberculose é uma doença infecciosa, de evolução crônica, causada pelo Mycobacterium tuberculosis. A transmissão ocorre por via respiratória, por meio de aerossóis produzidos pela tosse, fala ou espirro, de indivíduos com tuberculose pulmonar ou laríngea. Os indivíduos com baciloscopia positiva no escarro (identificação do bacilo álcoolácido resistente - BAAR, pelo método de Ziehl-Nielsen) possuem maior capacidade de transmissão, entretanto, aqueles com baciloscopia negativa no escarro e com outros exames bacteriológicos positivos, como cultura e testes moleculares, também podem transmitir a doença, apesar da menor infectividade1.Estudos sugerem que o adoecimento por tuberculose é determinado pela relação entre fatores provenientes do ambiente da comunidade, ambiente domiciliar e características individuais. A doença pode manifestar-se sob diferentes apresentações clínicas, relacionadas com o órgão acometido. Os sintomas clássicos, como tosse persistente seca ou produtiva, febre vespertina, sudorese noturna e emagrecimento, podem ocorrer nas três apresentações. O tratamento da tuberculose no Brasil é padronizado e está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) para todos os casos diagnosticados1.Apesar de ser uma doença tratável e curável, a tuberculose constitui grave problema de saúde pública e continua sendo a principal causa de morte por uma doença infecciosa entre adultos em todo o mundo. A Organização Mundial da Saúde estima que, no ano de 2018, dez milhões de pessoas adoeceram por tuberculose e 1,5 milhão de pessoas morreram pela doença no mundo. No Brasil, em 2019, foram diagnosticados 73.864 casos novos de tuberculose, o que correspondeu a um coeficiente de incidência de 35 casos por 100 mil habitantes. No ano de 2018, foram registrados 4.490 óbitos em decorrência da doença1. O diagnóstico da tuberculose, que consiste de estratégia fundamental para a realização do tratamento oportuno, pode ser clínico, por imagem, histopatológico e bacteriológico, embora outros métodos possam ser utilizados. Atualmente a recomendação do Ministério da Saúde para a realização da cultura de micobactérias com teste de sensibilidade no âmbito do SUS é operacionalizada de acordo com a disponibilidade local do teste rápido molecular para tuberculose (TRM-TB). Nos locais com acesso ao TRM-TB, a cultura e teste de sensibilidade devem ser realizados para todos os casos positivos pelo TRM-TB e para todos os casos negativos que apresentarem persistência do quadro clínico. Nos locais sem acesso ao TRM-TB, deve ser realizada a baciloscopia, a cultura e o teste de sensibilidade para todos os casos com suspeita de TB, independentemente do resultado da baciloscopia1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar detecção de micobactérias e teste de sensibilidade aos antimicrobianos utilizados no tratamento da tuberculose?
Sim. O SUS oferece estratégia de cuidado que pode ser verificada no Manual de Recomendações para o Controle da Tuberculose no Brasil2, publicado em 2019. Este documento apresenta as diretrizes nacionais para o controle da doença, que incluem procedimentos clínicos padronizados, procedimentos laboratoriais, sistema de vigilância, ações de biossegurança e organização de serviços.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. A cultura líquida automatizada para detecção de micobactérias e teste de sensibilidade aos antimicrobianos possuem registros na Anvisa como BD BACTEC Mycobacterium Growth Indicator Tube 960® – MGIT 960® e BD BACTEC MGIT 960® SIRE®3.Possui biossimilar?
Não se aplica.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
BD BACTEC MGIT 960 SUPPLEMENT KIT - 12 frascos – BACTEC MGIT Growth Supplement: 6 x 15 mL / BBL MGIT PANTA Antibiotic.
BD BACTEC MGIT 960 IR KIT - 1 frasco de Isoniazida, 1 frasco de Rifampina, 4 X 20 mL (frascos) de Suplemento SIRE.
BD BACTEC MGIT 960 STR 4,0 - 1 frasco de Estreptomicina, 2 X 20 mL de Suplemento SIRE.
BD BACTEC MGIT 960 INH 0,4 - 1 frasco Isoniazida, 2 X 20 mL de Suplemento SIRE.
BD BACTEC MGIT 960 SIRE KIT - 1 frasco de Estreptomicina (STR), 1 frasco de Isoniazida (INH), 1 frasco de Rifampicina, 1 frasco de Etambutol, 8 X 20 mL de Suplemento SIRE.
BD BACTEC MGIT 960 PZA KIT - 2 frascos de 20.000 µg de Pirazinamida, 6 frascos de 15 mL de Suplemento PZA.A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não se aplica.Quanto custa o tratamento com Cultura líquida automatizada?
O procedimento não consta na Tabela de Procedimentos, Medicamentos e OPM do SUS (SIGTAP)4. O valor unitário informado na proposta de incorporação apresentada pela empresa Becton Dickinson and Company - Estados Unidos da América, fabricante dos testes automatizados, foi de RS 46,001.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar detecção de micobactérias e teste de sensibilidade aos antimicrobianos utilizados no tratamento da tuberculose?
Sim. O SUS disponibiliza para diagnóstico de tuberculose, conforme Manual de Recomendações para o Controle da Tuberculose no Brasil2, do Ministério da Saúde. Os procedimentos do Sistema de Gerenciamento da Tabela de Procedimentos, Medicamentos e OPM do SUS (SIGTAP)4 relacionados ao diagnóstico da tuberculose estão descritos no Quadro 1.Código ; Procedimento
02.02.08.004-8; Baciloscopia direta para BAAR tuberculose (diagnóstica)
02.02.08.006-4; Baciloscopia direta para BAAR tuberculose (controle)
02.02.08.011-0; Cultura para BAAR
02.02.08.003-0; Antibiograma para micobactérias (teste de sensibilidade)
02.04.03.017-0; Radiografia de tórax (PA)
02.02.09.036-1; Teste molecular para a detecção do complexo Mycobacterium tuberculosis
02.02.03.127-6; Dosagem de adenosina-desaminase (ADA).Quadro1 - Procedimentos tabelados no SIGTAP relacionados ao diagnóstico da tuberculose.
*O SUS oferece o equipamento.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, a Conitec avaliou a cultura líquida automatizada para detecção de micobactérias e teste de sensibilidade aos antimicrobianos para o diagnóstico da tuberculose. Durante a 89ª reunião ordinária, no dia 05 de agosto de 2020, deliberaram, por unanimidade, recomendar a incorporação no Sistema Único de Saúde da cultura líquida automatizada para detecção de micobactérias e teste de sensibilidade aos antimicrobianos utilizados no tratamento da tuberculose, conforme preconizado pelo Ministério da Saúde1. O documento técnico foi encaminhado ao Secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde (SCTIE/MS), que ratificou a recomendação e publicou a Portaria SCTIE/MS nº 34/20205, no Diário Oficial da União (DOU) nº 164, de 26/08/2020, Seção 1, pág. 133.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
A cultura, realizada tanto em meio sólido quanto em meio líquido, é considerada teste padrão de referência para o diagnóstico da tuberculose. Os estudos selecionados nesta análise não permitiram identificar diferença de acurácia entre a cultura líquida automatizada e a cultura sólida. Os desfechos selecionados para avaliar o desempenho do sistema automatizado de cultura líquida foram a proporção e tempo de detecção de micobactérias em amostras clínicas e, em relação ao teste de sensibilidade em sistema automatizado, foi avaliada a capacidade de detecção de resistência do Mycobacterium tuberculosis aos fármacos de primeira linha do tratamento da tuberculose. Para a cultura líquida automatizada, foi obtida a proporção média de detecção de micobactérias de 82% (IC 95% de 71% a 90%). Enquanto, para a cultura sólida pelo método Löwestein-Jensen, foi obtida a proporção média de 65% (IC 95% de 51% a 77%). O tempo médio para detecção das micobactérias pelo sistema automatizado de cultura líquida (14,07 dias) foi inferior em relação à cultura sólida (27,68 dias), com diferença estatisticamente significativa (p < 0,001). Em relação ao teste de sensibilidade realizado no sistema automatizado de cultura líquida, de forma geral, identificou-se alta concordância com o método das proporções em cultura sólida (>90%). O tempo identificado nos estudos para o resultado do teste de sensibilidade pelo método MGIT variou de três a 14 dias, e pelo método das proporções em LJ variou de sete a 42 dias1.Referências bibliográficas
1 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS. Relatório de Recomendação no 548/2020 - Cultura líquida automatizada para detecção de micobactérias e teste de sensibilidade aos antimicrobianos utilizados no tratamento da tuberculose [Internet]. 2020 [citado 20 de maio de 2021]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Consultas/Relatorios/2020/Relatorio_CulturaLiquida_ILTB_548_34_2020_final.pdf.
2 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Manual de Recomendações para o Controle da Tuberculose no Brasil [Internet]. [citado 21 de maio de 2021]. Disponível em: http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2019/manual-de-recomendacoes-para-o-controle-da-tuberculose-no-brasil.
3 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Consultas. Produtos da Saúde [Internet]. [citado 20 de maio de 2021]. Disponível em: https://consultas.anvisa.gov.br/#/saude/25351264048200516/.
4 Brasil. Datasus. Sistema de Gerenciamento da Tabela de Procedimentos, Medicamentos e OPM do SUS [Internet]. [citado 20 de maio de 2021]. Disponível em: http://sigtap.datasus.gov.br/tabela-unificada/app/sec/inicio.jsp.
5 1. Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS. Relatório de Recomendação no 548/2020 - Cultura líquida automatizada para detecção de micobactérias e teste de sensibilidade aos antimicrobianos utilizados no tratamento da tuberculose [Internet]. 2020 [citado 20 de maio de 2021]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Consultas/Relatorios/2020/Relatorio_CulturaLiquida_ILTB_548_34_2020_final.pdf
2. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Manual de Recomendações para o Controle da Tuberculose no Brasil [Internet]. [citado 21 de maio de 2021]. Disponível em: http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2019/manual-de-recomendacoes-para-o-controle-da-tuberculose-no-brasil
3. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Consultas. Produtos da Saúde [Internet]. [citado 20 de maio de 2021]. Disponível em: https://consultas.anvisa.gov.br/#/saude/25351264048200516/
4. Brasil. Datasus. Sistema de Gerenciamento da Tabela de Procedimentos, Medicamentos e OPM do SUS [Internet]. [citado 20 de maio de 2021]. Disponível em: http://sigtap.datasus.gov.br/tabela-unificada/app/sec/inicio.jsp
5. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos em Saúde. Portaria SCTIE/MS no 34, de 24 de agosto de 2020 - Torna pública a decisão de incorporar a cultura líquida automatizada para detecção de micobactérias e teste de sensibilidade aos antimicrobianos utilizados no tratamento da tuberculose, no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS. [Internet]. Diário Oficial da União. Seç. 1, de 26 de agosto de 2020, p. 133. [citado 20 de maio de 2021]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/Portaria/2020/Portaria_SCTIE_34_26_08_2020.pdf. -
Dabigatrana para prevenção de acidente vascular cerebral em pacientes com fibrilação atrial :: Dezembro/2017
Data de elaboração: Dezembro/2017 Data de publicação: Dezembro/2017 O que é acidente vascular cerebral?
A fibrilação atrial refere-se a uma irregularidade nos batimentos cardíacos que pode levar à formação de coágulos no interior do coração. Esses coágulos podem alcançar a circulação sanguínea e provocar obstrução de vasos situados em órgãos sistêmicos com risco, sobretudo, de acidente vascular cerebral1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar acidente vascular cerebral?
O tratamento anticoagulante disponível no SUS é a varfarina, capaz de reduzir a incidência de acidentes vasculares cerebrais.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim e possui indicação em bula a prevenção de tromboembolismo venoso, prevenção de AVC, embolia sistêmica e redução de mortalidade vascular em pacientes com fibrilação atrial2.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Pradaxa® - cápsula dura 75 mg (caixa com 10 e 30).
Pradaxa® - cápsula dura 110 mg (caixa com 10, 30 e 60).
Pradaxa® - cápsula dura 150 mg (caixa com 10, 30 e 60)3.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 19/12/2017.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não.Quanto custa o tratamento com Dabigatrana?
Considerando a dose recomendada em bula de 150 mg duas vezes ao dia, o custo mensal estimado para prevenção de eventos cardiovasculares é de R$135,92. O custo foi calculado considerando-se o preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% do medicamento, segundo a ANVISA4.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar acidente vascular cerebral?
Sim, a mesma pode ser conferida abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Varfarina Comprimido 1 mg
5 mgO financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento1.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosa, conforme PCDT2.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, a CONITEC avaliou os novos anticoagulantes orais, incluindo a dabigatrana, para a prevenção de acidente vascular cerebral em pacientes com fibrilação atrial. Os membros da Comissão recomendaram a não incorporação desses medicamentos, pois os estudos disponíveis, até aquele momento, não comprovaram sua superioridade, seja em termos de eficácia ou de segurança, em relação à varfarina, medicamento disponibilizado pelo SUS5.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
O ensaio clínico RE-LY (The Randomized Evaluation of Long-Term Anticoagulation Therapy) avaliou a dabigatrana em relação à varfarina na prevenção de acidente vascular cerebral ou embolia sistêmica em pacientes com fibrilação atrial. O estudo contou 18.113 pacientes com fibrilação atrial que foram tratados com dois esquemas de dabigatrana (110 mg duas vezes ao dia ou 150 mg duas vezes ao dia) ou varfarina com dose ajustada. Os dois esquemas de tratamento de dabigatrana não foram inferiores à varfarina em relação à prevenção de AVC ou embolia sistêmica. O tratamento com 150 mg de dabigatrana foi superior à varfarina na prevenção de AVC ou embolia sistêmica e o tratamento com 110 mg, em relação ao sangramento maior. Quando avaliaram os sangramentos que ameaçam a vida, os resultados favoreceram à dabigatrana, entretanto, quando se avalia os sangramentos gastrointestinais, os resultados foram contra. Vale destacar que a taxa de infarto do miocárdio foi maior com as duas doses de dabigatrana comparada com a varfarina. Porém, por ser um estudo com limitações metodológicas e de não inferioridade, não é possível afirmar superioridade do medicamento em relação à varfarina, já disponibilizada pelo SUS.Informações adicionais
A prescrição para o uso da opção disponível no SUS – varfarina – muitas vezes é evitada, justificando-se o risco de sangramento. Todavia, vale frisar que esse risco está presente com o uso de qualquer anticoagulante6 e pode ser minimizado pela realização de testagem rotineira da coagulação – RNI, procedimento realizado no SUS. Vale destacar, ainda, que os novos anticoagulantes orais são medicamentos novos protegidos por patentes e têm custo anual cerca de 17 vezes superior à varfarina (incluindo a realização de 20 exames RNI/ano)5.
Referências bibliográficas
1MAGALHAES, LP et al. II Diretrizes Brasileiras de Fibrilação Atrial. Arq. Bras. Cardiol., São Paulo , v. 106, n. 4, supl. 2, p. 1-22, Apr. 2016 . Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0066-782X2016003100001&script=sci_arttext Acesso em: 26/12/2017.
2Pradaxa®: dabigatrana. Itapecerica da Serra: Boehringer Ingelheim do Brasil Quím. e Farm. Ltda.Farm. Resp.: DímitraApostolopoulou – CRF-SP nº 08828. Bula de remédio. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=9647612017&pIdAnexo=6808167Acesso em: 26/12/2017.
3Câmara de Regulação - CMED Secretaria Executiva PREÇOS MÁXIMOS DE MEDICAMENTOS POR PRINCÍPIO ATIVO, PARA COMPRAS PÚBLICAS PREÇO FÁBRICA (PF) E PREÇO MÁXIMO DE VENDA AO GOVERNO (PMVG). Atualizada em 19/12/2017. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/374947/3464400/LISTA_CONFORMIDADE_GOV_2017-07-21.pdf/ee0c5ac1-00b9-4fdc-b410-4642339a5f03.
4Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precosAcesso em: 26/12/2017.
5BRASIL. Ministério da Saúde. PORTARIA Nº 11, DE 4 DE FEVEREIRO DE 2016. Torna pública a decisão de não incorporação dos medicamentos apixabana, rivaroxabana e dabigatrana para prevenção de acidente vascular cerebral em pacientes com fibrilação atrial crônica não valvar, no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS. Brasília: Ministério da Saúde, 2016. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2016/Relatrio_Anticoagulantes_final.pdfAcesso em: 26/12/2017.
6Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Gestão e Incorporação de Tecnologias em Saúde. CoaguChek® XS no monitoramento do INR em pacientes recebendo tratamento com varfarina. Relatório de Recomendação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS – CONITEC – Setembro/2012. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Incorporados/CoaguChek-final.pdf Acesso em: 26/12/2017. -
Dactinomicina para rabdomiossarcoma embrionário :: Julho/2020
Data de elaboração: Junho/2020 Data de publicação: Julho/2020 O que é rabdomiossarcoma embrionário?
O rabdomiossarcoma (RMS) é um tumor maligno altamente agressivo, composto de células embrionárias que se diferenciam em músculo esquelético. O RMS é o terceiro tumor sólido mais comum em crianças fora do Sistema Nervoso Central (depois do tumor de Wilms e do neuroblastoma). Contudo, ele é responsável por apenas 3,5% de todos cânceres que se manifestam em crianças com idade de 0 a 14 anos e 2% dos casos entre adolescentes e jovens adultos com idade de 15 a 19 anos. A incidência do rabdomiossarcoma em crianças é de 4,3 por 1 milhão/ano. Dois terços dos cânceres são diagnosticados em crianças menores de 7 anos. Em mais de 50% dos casos, são vistos na primeira década de vida. Os RMS pediátricos são classificados em embrionário, alveolar e pleomórfico, sendo o RMS embrionário um dos sarcomas mais comuns da região de cabeça e pescoço1,2. No rabdomiossarcoma embrionário, os pacientes são predominantemente do sexo masculino, com pico de incidência na faixa etária de 0 a 4 anos, com aproximadamente 4 casos por 1 milhão de crianças, com uma taxa menor em adolescentes, de aproximadamente 1,5 casos por 1 milhão de adolescentes. O RMS embrionário geralmente ocorre na região da cabeça e pescoço, trato geniturinário e retroperitônio e se apresenta, geralmente, como uma massa indolor. Cerca de 10% dos pacientes terá a doença metastática no momento do diagnóstico, sendo o local de metástase mais frequente os pulmões. O tratamento padrão é uma combinação de cirurgia, radiação e quimioterapia intensiva2. O rabdomiossarcoma embrionário é geralmente curável na maioria das crianças que recebem terapia combinada, com mais de 70% sobrevivendo 5 anos após o diagnóstico. As recaídas são incomuns após 5 anos de sobrevida livre de doença, no entanto, são mais comuns em pacientes com doença residual grave em locais desfavoráveis após a cirurgia inicial e naqueles com doença metastática no momento do diagnóstico3,4.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar rabdomiossarcoma embrionário?
Não. Atualmente, no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS, não há uma estratégia específica para o tratamento rabdomiossarcoma embrionário. Todavia, o Manual de Bases Técnicas em Oncologia5 estabelece estratégia de cuidado integral nas Unidades de Alta Complexidade em Oncologia – UNACON ou Centros de Alta Complexidade em Oncologia – CACON.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Não. O medicamento dactinomicina (Cosmegen®) já foi registrado no Brasil, no entanto perdeu o registro em agosto de 20186.Possui genérico?
Não7.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Por não haver registro no Brasil, não está disponível no mercado brasileiro7.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 23/06/2020.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não, de acordo com consulta realizada à Rename, em 23/06/20208.Quanto custa o tratamento com o medicamento dactinomicina?
Tendo em vista que este medicamento ainda não possui registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa e não está precificado pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos – CMED7, não foi possível calcular o custo do tratamento.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar rabdomiossarcoma embrionário?
Sim. O SUS disponibiliza o tratamento para o rabdomiossarcoma embrionário, conforme Manual de Bases Técnicas de Oncologia5. Esclarece-se que para o tratamento de câncer no SUS, não há uma lista específica de medicamentos, vez que o cuidado ao paciente deve ser feito de forma integral nas UNACON ou nos CACON. Nesses estabelecimentos de saúde, o fornecimento de medicamentos é feito via autorização de procedimento de alta complexidade (APAC). Assim, esses hospitais habilitados como UNACON ou CACON devem oferecer assistência especializada e integral ao paciente com câncer, atuando no diagnóstico e tratamento do paciente.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Não, em consulta realizada em 23 de junho de 2020, no site da Conitec, não foi identificada solicitação de incorporação da dactinomicina para tratamento de rabdomiossarcoma embrionário ou para outras condições clínicas no SUS, seja pelo laboratório fabricante ou por outros entes interessados. Ressalta-se que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou a empresa (produtora da tecnologia ou não), pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à Conitec, desde que cumpra as exigências legais impostas pelo Decreto nº 7.646 de 21 de dezembro 20119.O que a literatura científica relata sobre o uso de dactinomicina em pacientes com rabdomiossarcoma embrionário para essa condição clínica?
Os resultados encontrados1 são baseados em estudo do Grupo de Estudo de Rabdomiossarcoma Intergrupal (IRSG), que foi fundado em 1972 com 4292 pacientes, para elucidar a biologia e melhorar a terapia para pacientes com menos de 21 anos com rabdomiossarcoma (RMS) recentemente diagnosticado e sarcoma de tecido mole indiferenciado. Estes estudos geraram protocolos sequenciais designados IRS-I até IRS-IV, sendo IRS-I (1972-1978); IRS-II (1978-1984); IRS-III (1984-1991), IRS-IV piloto apenas para pacientes com doença avançada (1987-1991); e IRS-IV (1991±1997). Os pacientes foram agrupados de acordo com a extensão da doença remanescente após o(s) procedimento(s) cirúrgico(s) inicial(is) mas antes de iniciar a quimioterapia e a radioterapia. Os resultados do IRS-I ao IRS-IV foram publicados. As principais lições sobre quimioterapias que foram aprendidas à medida que a experiência foi acumulando foram1:- Dados do IRS-I, IRS-II, e IRS-III em 1431 pacientes indicam que não há benefício em adicionar doxorubicina à combinação de vincristina, dactinomicina e ciclofosfamida (VAC) em doentes com doença dos grupos III e IV.
- Dados do IRS-IV indicam que a atual combinação padrão de VAC, com ciclofosfamida a 2,2 gm2 por dose é igualmente eficaz no que diz respeito à ausência de falhas e sobrevivência global, tal como o VAI (vincristina, dactinomicina e ifosfamida) e VIE (vincristina, ifosfamida e etoposida).
- Escalação da dose de ciclofosfamida a partir de 0,9/m2 no IRS-III a 2,2 g/m2 no IRS-IV melhorou a sobrevivência sem falhas dos pacientes com rabdomiossarcoma embrinonária.
Foi encontrado um ensaio clínico de fase III10, open-label, para comparar a eficácia da quimioterapia com ou sem radioterapia no tratamento de pacientes que tenham RMS recém-diagnosticado. O desfecho primário foi determinar a taxa de sobrevida livre de falha (do inglês failure-free survival - FFS) em pacientes com RMS recém-diagnosticado de baixo risco ou do subtipo embrionário ou botrióide após tratamento com dactinomicina e vincristina (VA), com ou sem radioterapia (RT). De setembro de 1997 a 17 de setembro de 2004, o estudo acumulou 388 pacientes com rabdomiossarcoma embrionário (ERMS), sendo que 342 pacientes apresentaram elegibilidade conhecida e revisão patológica central. Os pacientes foram divididos em dois grupos - A e B -, dependendo da histologia e do local da doença. Os pacientes com ERMS ou ectomesenchymoma embrionário no estágio 1 (grupos I/IIA, grupo III orbital) e estágio 2 (grupo I) foram designados para o subgrupo A. Pacientes com ERMS com tumores não-orbitais de estágio III do grupo III, grupos IIB/C, estágio 2 grupo II, e o grupo III do estágio 3 foram designados para o subgrupo B. Pacientes do subgrupo A receberam VA. A RT foi administrada nos pacientes com doença clínica do grupo II ou III da terceira a oitava semana. Os pacientes do subgrupo B receberam VA, assim como o grupo I, além de ciclofosfamida e filgrastim ou sargramostim. A RT foi administrada nas semanas três a oito, 12 a 17 ou 28 a 33, se clinicamente indicado como no grupo I. Os pacientes do subgrupo A (n=264) tratados com VA e RT para tumor residual tiveram taxas estimadas, em cinco anos, de FFS de 89% (IC95%, 74%, 91%) e 97% de OS (IC95%, 94% a 98%). Os pacientes do subgrupo B (n=78) tiveram resultados semelhantes após o tratamento com VAC e RT para o tumor residual: a taxa de cinco anos do FFS foi de 85% (IC95%, 74%, 91%) e de OS de 93%. A combinação vincristina e dactnomicina, com ou sem ciclofosfamida, é amplamente utilizada para tratamento de rabdiossarcoma embrionário.
Referências bibliográficas
1Beverly Raney R, Maurer HM, Anderson JR, Andrassy RJ, Donaldson SS, Qualman SJ, et al. The Intergroup Rhabdomyosarcoma Study Group (IRSG): Major lessons from the IRS-I through IRS-IV studies as background for the current IRS-V treatment protocols. Sarcoma. 2001;5(1):9–15.
2Dasgupta R, Fuchs J, Rodeberg D. Rhabdomyosarcoma. Semin Pediatr Surg. 2016 Oct;25(5):276–83.
3Diaconescu S, Burlea M, Miron I, Aprodu SG, Mihăilă D, Olaru C, et al. Childhood rhabdomyosarcoma. Anatomo-clinical and therapeutic study on 25 cases. Surgical implications. Rom J Morphol Embryol = Rev Roum Morphol Embryol. 2013;54(3):531–7.
4Barr F. Soft tissue tumors: Embryonal rhabdomyosarcoma. Atlas Genet Cytogenet Oncol Haematol. 2011;13(12):986–8.
5Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Manual de Bases Técnicas da Oncologia – SIA/SUS - Sistema de Informações Ambulatoriais [Internet]. 26th ed. Ministério da Saúde, editor. Brasília; 2019. Disponível em: https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files//media/document//manual-oncologia-26a-edicao.pdf. Acessado em: 03/07/2020.
6Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Base de Consultas. Sistema de Consultas. [Internet]. 2020. Disponível em: https://consultas.anvisa.gov.br/#/medicamentos/25351016836200751/?substancia=3451 Acesso em: 03/07/2020.
7Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Câmera de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED). Listas de Preços de Medicamentos. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos. Acesso em: 03/07/2020.
8Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais. Ministério da Saúde. Brasília; 2020. 217 p. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Rename-2020-final.pdf . Acesso em: 03/07/2020.
9Brasil. Decreto no 7.646 de 21 de dezembro de 2011. Dispõe sobre a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde e sobre o processo administrativo para incorporação, exclusão e alteração de tecnologias em saúde pelo Sistema Único de Saúde - SUS, e dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília, 22 de dez. de 2011, Seção 1, p. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/decreto/d7646.htm .Acesso em: 03/07/2020.
10Raney RB, Walterhouse DO, Meza JL, Andrassy RJ, Breneman JC, Crist WM, et al. Results of the Intergroup Rhabdomyosarcoma Study Group D9602 protocol, using vincristine and dactinomycin with or without cyclophosphamide and radiation therapy, for newly diagnosed patients with low-risk embryonal rhabdomyosarcoma: a report from the Soft Tissue Sarcoma Committee of the Children’s Oncology Group. J Clin Oncol Off J Am Soc Clin Oncol. 2011 Apr;29(10):1312–8. -
Dapagliflozina para diabete melito tipo 2 :: Setembro/2021
Data de elaboração: Setembro/2021 Data de publicação: Setembro/2021 O que é Diabete mellitus tipo 2?
O Diabete Melito (DM) pode ser definido como um conjunto de alterações metabólicas caracterizadas por níveis sustentadamente elevados de glicemia, decorrentes de deficiência na produção de insulina ou de sua ação, levando a complicações de longo prazo. Pessoas com diabete apresentam risco aumentado para o desenvolvimento de Doenças Cardiovasculares (DCV), oculares, renais e neurológicas, resultando em altos custos médicos associados, redução na qualidade de vida e mortalidade. O Diabete Melito tipo 2 (DM2) representa de 90 a 95% dos casos e caracteriza-se como uma doença de etiologia multifatorial, associada à predisposição genética, idade avançada, excesso de peso, sedentarismo e hábitos alimentares não saudáveis. Pelo fato de o DM2 estar associado a maiores taxas de hospitalizações e de utilização dos serviços de saúde, elevada incidência de doenças cardiovasculares e doenças cerebrovasculares, além de outras complicações específicas da doença, são altos os impactos financeiros para os sistemas de saúde de todo o mundo. De acordo com a International Diabete Federation (IDF) a prevalência mundial de DM é de 8,8%, o que significa que há 415 milhões de pessoas vivendo com DM, e dessas, a metade não sabe que tem a doença. A mesma organização coloca o Brasil no quinto lugar no ranking mundial de DM com mais de 16,8 milhões de pessoas vivendo com a doença, uma a cada 9 pessoas com DM e quase metade dessa população desconhecendo o diagnóstico. Segundo a pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL), a prevalência de DM passou de 5,5% para 8,9% em 10 anos. Na VIGITEL, o diagnóstico médico prévio de DM é reportado pelo paciente e, assim, acredita-se que a prevalência esteja subestimada. No Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil), que usou diferentes métodos para diagnóstico de DM, a prevalência observada em adultos com idade acima de 35 anos foi de 19,7%, sendo que desses 50,4% não possuíam diagnóstico prévio da doença. No Brasil, o DM, juntamente com câncer, DCV e doenças respiratórias, é responsável por 80% da mortalidade por doenças crônicas. A alta prevalência da doença, o envelhecimento populacional, a urbanização rápida e o elevado número de indivíduos obesos no país fazem com que a doença se torne muito onerosa ao sistema público de saúde. O tratamento do paciente com DM2 inclui educação e conscientização a respeito da doença, estímulo para uma alimentação saudável, prática de atividade física regular, orientação para metas de um controle adequado de pressão arterial, peso, lipídeos e glicêmico, por meio de modificações de estilo de vida associada à monoterapia ou combinação de agentes antidiabéticos orais ou injetáveis, respeitando o perfil individual de cada pessoa. Atualmente, há várias opções terapêuticas disponíveis para promover a melhora do controle glicêmico, podendo ser combinadas em dezenas de diferentes associações1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Diabete mellitus tipo 2?
Sim. O SUS oferece estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) do Diabete Melito Tipo 2, publicado por meio da Portaria SCTIE/MS nº 542, de 11 de novembro de 2020. Este documento inclui critérios de classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados à saúde, de diagnóstico, de elegibilidade (inclusão e exclusão), abordagem terapêutica, monitoramento, e gestão e controle pelo gestor, dentro do SUS1.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. A dapagliflozina é indicada em monoterapia junto à dieta e à prática de exercícios para melhorar o controle glicêmico em pacientes com DM2. É indicado em pacientes com diabetes DM2, para melhorar o controle glicêmico, em combinação com metformina, tiazolidinediona, sulfonilureia, inibidor da dipeptidil peptidase-4 (DPP4), com ou sem metformina, metformina e uma sulfonilureia ou insulina (isolada ou com até duas medicações antidiabéticas orais), quando a terapia existente juntamente com dieta e exercícios não proporciona controle glicêmico adequado. É indicado como terapia de combinação inicial com metformina, juntamente com dieta e exercícios para melhorar o controle glicêmico em pacientes com DM2, quando ambas as terapias com dapagliflozina e metformina são apropriadas. E é indicado, ainda, para prevenção de desenvolvimento ou agravamento de insuficiência cardíaca ou morte cardiovascular; para a prevenção de desenvolvimento ou agravamento de nefropatia em pacientes com diabete melito tipo 2; para o tratamento de insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida em pacientes adultos; e para o tratamento de doença renal crônica em pacientes adultos3.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Forxiga® - comprimidos revestidos de 5 mg e 10 mg.Há outros medicamentos disponíveis no mercado que possuem a dapagliflozina na composição em combinação com outros princípios ativos.
*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 04/09/2021.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não, de acordo com consulta realizada à Rename5, em 13/09/2021. Dapagliflozina ainda não consta na Rename, uma vez que aguarda publicação de nova versão da relação de medicamentos que acontece a cada 2 anos. A última versão da Rename é datada de 2020.Quanto custa o tratamento com Dapagliflozina?
A dose inicial de dapagliflozina recomendada é de 10 mg por dia. O custo estimado mensal foi de R$ 136,52. Os valores foram calculados considerando-se o Preço Fábrica (PF) estabelecido pela Anvisa e a alíquota de 18% em relação ao ICMS do medicamento de referência Forxiga®, segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED/Anvisa)4.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Diabete mellitus tipo 2?
Sim, de acordo com o PCDT de Diabete Melito Tipo 21, são disponibilizados os medicamentos apresentados na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Cloridrato de metformina Comprimido 500 mg
850 mgGlibenclamida Comprimido 5 mg Gliclazida Comprimido 30 mg
60 mgInsulina NPH Suspensão injetável 100U/mL Insulina humana regular Solução injetável 100 U/mL Dapagliflozina Comprimido 5mg
10mgO financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por um ou mais dos entes federativos (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica que o medicamento faz parte.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, a Conitec avaliou a dapagliflozina para o tratamento dos pacientes com DM2. Durante a 86ª Reunião Ordinária, realizada no dia 05 de março de 2020, os membros da Comissão deliberaram por recomendar a incorporação ao SUS do medicamento dapagliflozina para o tratamento de diabete melito tipo 2 e pela não incorporação da empagliflozina para o tratamento de diabete melito tipo 26. O documento técnico foi encaminhado à Secretária de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde-Substituta (SCTIE/MS), que ratificou a recomendação e publicou a Portaria nº 16/2020, no Diário Oficial da União (DOU) nº 83, de 04/05/2020, Seção 1, pág. 89.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Uma metanálise em rede mostrou que o uso de medicamentos da classe dos inibidores do cotransportador de sódio/glicose do túbulo renal (iSGLT2) (dapagliflozina e empagliflozina) foram superiores a sulfonilureias, reduzindo o risco de eventos cardiovasculares maiores (major cardiac events - MACE) (RR 0,49, IC 95% 0,28 a 0,83) e de hipoglicemia grave (RR 0,23, IC 95% 0,14 a 0,37). Diferenças não significativas indicando superioridade de iSGLT2 também foram observadas para os desfechos hemoglobina glicada, mortalidade e Acidente Vascular Cerebral (AVC) em comparação a sulfonilureias e insulinas6. O Ensaio Clínico Randomizado (ECR) de Wiviott et al. (2018)7, um ensaio duplo-cego, controlado por placebo que avaliou a eficácia e a segurança da utilização da dapagliflozina em pacientes com DM2 e doença aterosclerótica estabelecida ou múltiplos fatores de risco para doença aterosclerótica e recebendo tratamento usual, demonstrou que a dapagliflozina foi superior ao tratamento padrão para os desfechos hospitalização por insuficiência cardíaca (HR 0,73, IC 95% 0,61 a 0,88) e doença renal (HR 0,53, IC 95% 0,43 a 0,66). Ao término do período de 206 semanas a diferença no valor de hemoglobina glicada, se comparado com tratamento padrão, foi de -0,42% (IC 95%: - 0,40, -0,45) para pessoas em uso de dapagliflozina. Em relação aos desfechos de segurança, o hazard ratio (HR) para todos os eventos adversos apontou redução no grupo intervenção comparado com tratamento padrão (HR= 0,91; IC 95%: 0,87-0,96), também houve redução nos episódios de hipoglicemia (HR= 0,68; IC 95%: 0,49-0,95), lesão renal aguda (HR= 0,69; IC 95%: 0,55-0,87) e câncer de bexiga (HR= 0,57; IC 95%: 0,35-0,93). No entanto, houve maior ocorrência no grupo que recebeu a intervenção para os seguintes eventos: cetoacidose diabética (HR= 2,18; IC 95%: 1,10-4,30) e infecção genital (HR= 8,36; IC 95%: 4,19-16,68). O ensaio Wiviott et al. (2018)7 apontou, portanto, que a intervenção com dapagliflozina não foi inferior ao uso de tratamento padrão em relação ao desfecho primário. Não foi observada redução significativa no desfecho primário, porém foi observada redução no risco de alguns desfechos secundários, como hospitalização por insuficiência cardíaca isoladamente ou combinada com mortalidade cardiovascular. As análises de subgrupo propostas evidenciaram redução no risco de hospitalização por insuficiência cardíaca ou mortalidade cardiovascular entre pessoas com doença aterosclerótica prévia e taxa de filtração glomerular entre 60 e 90 ml/min/1,73m2. O uso de dapagliflozina associou-se a maior ocorrência de infecção genital. Análise de revisões sistemáticas disponíveis na literatura mostrou que não houve diferença significativa entre os diferentes representantes da classe de iSGLT2 (dapagliflozina e empagliflozina), no entanto os iSGLT2 se mostraram superiores aos demais comparadores avaliados6.Referências bibliográficas
1 Brasil. Ministério da Saúde. Portaria SCTIE/MS nº 54, de 11 de novembro de 2020. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas do Diabete Melito Tipo 2. [Portaria na internet]. Diário Oficial da União 13 nov 2020. Brasília: Ministério da Saúde, 2020. [Acesso em 13 set 2021]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Protocolos/20201113_PCDT_Diabete_Melito_Tipo_2_29_10_2020_Final.pdf.2 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos. Portaria SCTIE/MS nº 54, de 11 de novembro de 2020. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas do Diabete Melito Tipo 2. [Portaria na internet]. Diário Oficial da União 13 nov 2020 [Acesso em 13 set 2021]; Seção 1, (145). Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/Portaria/2020/20201113_Portaria_SCTIE_54.pdf.
3 Dapagliflozina. [Bula]. EUA: AstraZeneca Pharmaceuticals LP.
4 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Medicamentos. Câmera de Regulação do Mercado de Medicamentos. Listas de Preços de Medicamentos [Acesso em 13 set 2021]. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/cmed/precos/arquivos/lista_conformidade_gov_2021_09_v1.pdf.
5 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2020. Brasília: Ministério da Saúde; 2020 [Acesso em 13 set 2021]. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/relacao_medicamentos_rename_2020.pdf.
6 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação nº 524, de mar 2020. Empagliflozina e Dapagliflozina para o tratamento de diabetes mellitus tipo 2. [Acesso em 13 set 2021]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2020/Relatorio_524_Empagliflozina_e_dapagliflozina_diabetes_mellitus_tipo_2_FINAL.pdf.
7 Wiviott, S.D., et al., Dapagliflozin and Cardiovascular Outcomes in Type 2 Diabetes. New England Journal of Medicine, 2019. 380(4): p. 347-357.
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Dapagliflozina para insuficiência cardíaca :: Julho/2023
Data de elaboração: Julho/2023 Data de publicação: Julho/2023 O que é a insuficiência cardíaca?
Sinais e sintomas típicos, como dispneia, ortopneia, edema de membros inferiores e fadiga, com possível redução da capacidade de se exercitar e levar a congestão pulmonar, congestão abdominal e edema periférico caracterizam alterações estruturais ou funcionais cardíacas que são uma síndrome clínica denominada de Insuficiência Cardíaca (IC). Alterações hemodinâmicas como redução do débito cardíaco e elevação da pressão arterial pulmonar e venosa sistêmica são resultados da IC1.Achados de história da doença anterior, junto a exames físicos e complementares é a forma de se fechar o diagnóstico clínico da síndrome que é a IC. Ademais, os sintomas e sinais de IC não são exclusivos da doença, outras doenças podem apresentar os mesmos sinais e sintomas, em especial doenças cardiopulmonares. A dispneia é o sintoma mais frequente em pacientes com IC.
A prevalência de pessoas vivendo com IC, apresentada nas Diretrizes Brasileiras para Diagnóstico e Tratamento da Insuficiência Cardíaca com Fração de Ejeção Reduzida, no mundo, é de 23 milhões, segundo estimativas2.
A re-hospitalização e a má aderência à terapêutica básica para IC, além de elevada taxa de mortalidade intra-hospitalar, posicionam o Brasil como uma das mais elevadas taxas de IC no mundo ocidental, segundo dados do registro BREATHE (Brazilian Registry of Acute Heart Failure). De acordo com dados de 2018 do Sistema de Informação Hospitalar do Sistema Único de Saúde (SIH-SUS), 1,7% de todas as internações no SUS foram causadas por IC, contabilizando 200.833 hospitalizações entre 11.843.151 internações por qualquer causa. Considerando-se apenas as hospitalizações por doenças do aparelho circulatório (1.152.011), a IC foi responsável por 17,4% das hospitalizações1.
Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde (SUS) para tratar a insuficiência cardíaca?
Sim. O SUS oferece estratégia de cuidado que pode ser verificada nas Diretrizes Brasileiras para Diagnóstico e Tratamento da Insuficiência Cardíaca com Fração de Ejeção Reduzida, publicado por meio da Portaria Conjunta SAES/SCTIE nº 17, de 11 de novembro de 2020. Este documento norteador da melhor prática a ser seguida por profissionais de saúde e gestores, sejam eles do setor público ou privado da saúde2.A tecnologia possui registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)?
Sim. O medicamento dapagliflozina é indicado em monoterapia como adjuvante à dieta e exercícios para melhora do controle glicêmico em pacientes com diabetes mellitus tipo 2; em pacientes com diabetes mellitus tipo 2, para melhora do controle glicêmico, em combinação com metformina; uma tiazolidinediona; uma sulfonilureia; um inibidor da dipeptidil peptidase-4 (iDDP4) (com ou sem metformina); metformina e uma sulfonilureia, ou insulina (isolada ou com até duas medicações antidiabéticas orais), quando a terapia existente juntamente com dieta e exercícios não proporciona controle glicêmico adequado; como terapia de combinação inicial com metformina, como adjuvante à dieta e prática de exercícios, para melhora do controle glicêmico em pacientes com diabetes mellitus tipo 2, quando ambas as terapias com dapagliflozina e metformina são apropriadas; para prevenção de desenvolvimento ou agravamento de insuficiência cardíaca ou morte cardiovascular e para a prevenção de desenvolvimento ou agravamento de nefropatia em pacientes com diabetes mellitus tipo 2; para o tratamento de insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida em pacientes adultos; e para o tratamento de doença renal crônica em pacientes adultos3.Possui genérico?
Sim4.Quais são as marcas do medicamento disponíveis no mercado?
Edistride® - comprimido revestido de 10 mg com 7, 14 ou 30 unidades.
Forxiga® - comprimido revestido de 5 mg com 30 unidades.
Forxiga® - comprimido revestido de 10 mg com 14 unidades.
Forxiga® - comprimido revestido de 10 mg com 30 unidades**.
Dapagliflozina - comprimido revestido de 10 mg com 30 unidades.*Medicamento disponível no mercado de acordo com a lista CMED3, publicada em 04/07/2023, atualizada em 14/07/2023.
**Mais de um fabricante com a marca.
O medicamento dapagliflozina está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename)?
Sim, de acordo com consulta realizada à Rename5, em 06/08/2023. O medicamento está preconizado para o tratamento do diabetes melito tipo 2. Considerando que a dapagliflozina foi incorporada para i) o tratamento da IC com fração de ejeção reduzida e ii) como terapia adicional à terapia padrão para pacientes adultos com doença renal crônica e que a Rename é atualizada a cada 2 anos, o citado medicamento ainda não está inserido na lista federal de 2022 para o tratamento das condições.Quanto custa o tratamento com dapagliflozina?
Considerando a dose recomendada em bula3, para o tratamento da insuficiência cardíaca, de 10 mg diariamente, o custo mensal inicial estimado foi de R$ 80,55. O valor foi calculado considerando o Preço Máximo de Venda ao Governo (PMVG) e a alíquota de 17% em relação ao Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS), segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED/Anvisa4, pois esse medicamento consta na lista com aplicação do desconto do Coeficiente de Adequação de Preços (CAP).O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar a insuficiência cardíaca?
Sim, de acordo com as Diretrizes Brasileiras para Diagnóstico e Tratamento da Insuficiência Cardíaca com Fração de Ejeção Reduzida2, o objetivo do tratamento é a melhora clínica, o aumento da capacidade funcional e a redução de comorbidades, podendo ser utilizados de forma combinada quando apropriado. Os medicamentos preconizados para IC são:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Maleato de enalapril Comprimido 5, 10 e 20 mg Captopril Comprimido
25 mg
Losartana potássica Comprimido
50 mg
Succinato de metoprolol Comprimido de liberação prolongada
25, 50 e 100 mg
Carvedilol Comprimido
3,125; 6,25; 12,5 e 25 mg
Espironolactona Comprimido
25 e 100 mg
Cloridrato de hidralazina Comprimido
25 e 50 mg
Dinitrato de isossorbida Comprimido sublingual
5 mg
Mononitrato de isossorbida Comprimido
20 e 40 mg
Digoxina Comprimido
Elixir
0,25 mg
0,05 mg/mL
Sacubitril valsartana sódica hidratada Comprimido
50, 100 e 200 mg
Furosemida Comprimido
Solução injetável
40 mg
10 mg/mL
Hidroclorotiazida Comprimido
12,5 e 25 mg
O Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Insuficiência Cardíaca com Fração de Ejeção Reduzida foi elaborado para preconizar o medicamento dapagliflozina no tratamento adicional de pacientes adultos com insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida (FEVE <40%),NYHA II-IV e sintomáticos apesar do uso de terapia padrão com inibidor da enzima conversora de angiotensina (IECA) ou antagonista do receptor da Angiotensina II (ARA II), betabloqueadores, diuréticos e antagonista do receptor de mineralocorticoides. O documento aguarda publicação no Diário Oficial da União.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) já avaliou a tecnologia para esta condição clínica?
Sim, a Conitec avaliou a dapagliflozina para o tratamento adicional de pacientes adultos com insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida (FEVE≤40%), NYHA II-IV e sintomáticos apesar do uso de terapia padrão com inibidor da Enzima Conversora de Angiotensina (IECA) ou Antagonista do Receptor da angiotensina II (ARA II), com betabloqueadores, diuréticos e antagonista do receptor de mineralocorticoides. Durante a 100ª Reunião Ordinária, realizada no dia 08 de junho de 2022, os membros presentes deliberaram, por unanimidade, recomendar a incorporação da dapagliflozina para o tratamento adicional de pacientes adultos com insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida (FEVE≤40%), NYHA II-IV e sintomáticos apesar do uso de terapia padrão com inibidor da Enzima Conversora de Angiotensina (IECA) ou Antagonista do Receptor da Angiotensina II (ARA II), com betabloqueadores, diuréticos e antagonista do receptor de mineralocorticoides, conforme Diretrizes do Ministério da Saúde. Considerou-se que “que as principais incertezas identificadas durante a apreciação inicial do tema, especialmente quanto à falta de clareza sobre o tratamento proposto com dapagliflozina frente às alternativas terapêuticas já disponíveis no SUS e acerca do impacto orçamentário incremental estimado, foram esclarecidas pelo demandante e pelo especialista convidado”1. O documento técnico foi encaminhado ao então Secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde do Ministério da Saúde, que ratificou a recomendação e publicou a Portaria SCTIE/MS nº 63/2022, no Diário Oficial da União (DOU) nº 129, de 11/07/2022, Seção 1, pág. 76.O que a literatura científica relata sobre o uso dessa tecnologia para insuficiência cardíaca?
McMurray et al. (2019)6, com o objetivo de avaliar a eficácia e a segurança da dapagliflozina em pacientes com IC e fração de ejeção reduzida, independentemente da presença ou ausência de diabetes, publicaram o estudo pivotal DAPA-HF. Um Ensaio Clínico Randomizado (ECR) de fase III controlado por placebo (2.373 no grupo dapagliflozina e 2.371 no grupo placebo) com idade ≥18 anos, IC classe II, III ou IV, FEVE≤40%, para receber dapagliflozina 10 mg uma vez ao dia. A análise de desfecho primário foi agravamento da IC (hospitalização ou uma consulta urgente resultando em terapia intravenosa para IC) ou morte cardiovascular. Ao final do estudo, concluiu-se que entre os pacientes com IC e fração de ejeção reduzida, o risco de agravamento da IC ou morte por causas cardiovasculares foi menor entre aqueles que receberam dapagliflozina do que entre aqueles que receberam placebo, independentemente da presença ou ausência de diabetes.Berg et al. (2021)7, com o objetivo de examinar o tempo de início do benefício clínico com dapagliflozina e a magnitude em função da proximidade da hospitalização anterior por IC, publicaram um ECR de subanálise, no qual analisaram a dapagliflozina do ponto de vista da inércia clínica que muitas vezes fundamenta o início adiado de terapias eficazes. Teve como desfecho primário composto (morte cardiovascular ou piora da IC). Neste estudo, o tratamento com dapagliflozina foi associado à rápida redução do risco de morte cardiovascular ou piora da IC, com um benefício sustentado estatisticamente significativo emergindo logo após a randomização. Pacientes com hospitalização por IC mais recente apresentaram risco particularmente alto e apresentaram maiores reduções de risco relativo e absoluto com dapagliflozina.
Jhund et al. (2021)8, publicou um ECR subanálise no qual avaliou a eficácia da dapagliflozina na redução da taxa de hospitalizações totais (isto é, primeira e repetida) por IC no ensaio pivotal DAPA-HF (Dapagliflozina e Prevenção de Resultados Adversos na Insuficiência Cardíaca). O desfecho primário foi a verificação do número total de hospitalizações por IC e mortes cardiovasculares, de acordo com hospitalizações prévias. Como resultados observaram-se que: a razão de taxa para hospitalizações recorrentes por IC, segundo o modelo Lei-Wei-YangYing - 0,75 (IC95%: 0,65 a 0,88; p=0,0002) e modelo de fragilidade - 0,71 (IC95%: 0,61 a 0,82; p<0,0001); hazard ratio (HR) para morte cardiovascular segundo o modelo de fragilidade - 0,81 (IC95%: 0,67 a 0,98; p= 0,0282). A subanálise concluiu que a dapagliflozina reduziu o risco de hospitalizações totais por IC (primeiras e repetidas) e morte cardiovascular. A análise do tempo até o primeiro evento subestimou o benefício da dapagliflozina na IC e redução da fração de ejeção.
Referências bibliográficas
1 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação n°. 734, de jun 2022. Dapagliflozina para o tratamento adicional de pacientes adultos com insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida (FEVE≤40%), NYHA II-IV e sintomáticos apesar do uso de terapia padrão com inibidor da Enzima Conversora de Angiotensina (IECA) ou Antagonista do Receptor da angiotensina II (ARA II), com betabloqueadores, diuréticos e antagonista do receptor de mineralocorticoides [Acesso em 06 ago 2023]. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/2022/20220711_relatorio_734_dapagliflozina_ic.pdf.2 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Especializada à Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Portaria Conjunta nº 17, de 18 de novembro de 2020. Aprova as Diretrizes Brasileiras para Diagnóstico e Tratamento da Insuficiência Cardíaca com Fração de Ejeção Reduzida. [portaria na internet]. Diário Oficial da União 26 de novembro de 2020.
3 Forxiga. [Bula]. Brasil: Astrazeneca do Brasil Ltda.
4 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Medicamentos. Câmera de Regulação do Mercado de Medicamentos. Listas de Preços de Medicamentos [Acesso em 02 ago 2023]. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/cmed/precos.
5 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2022. Brasília: Ministério da Saúde; 2022 [Acesso em 02 ago 2023]. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/20220128_rename_2022.pdf.
6 McMurray JJV, Solomon SD, Inzucchi SE, Kober L, Kosiborod MN, Martinez FA, et al. Dapagliflozin in patients with heart failure and reduced ejection fraction. N Engl J Med. 2019;381(21):1995–2008. <https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/31535829/>
7 Berg DD, Jhund PS, Docherty KF, Murphy SA, Verma S, Inzucchi SE, et al. Time to Clinical Benefit of Dapagliflozin and Significance of Prior Heart Failure Hospitalization in Patients with Heart Failure with Reduced Ejection Fraction. JAMA Cardiol. 2021;6(5):499–507. <https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33595593/>
8 Jhund PS, Ponikowski P, Docherty KF, Gasparyan SB, Böhm M, Chiang CE, et al. Dapagliflozin and Recurrent Heart Failure Hospitalizations in Heart Failure with Reduced Ejection Fraction: An Analysis of DAPA-HF. Circulation. 2021;1962– 72. <https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33832352/>
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Dapagliflozina para pacientes com doença renal crônica :: Agosto/2023
Data de elaboração: Julho/2023 Data de publicação: Agosto/2023 O que é a doença renal crônica?
Responsáveis por cerca de 60% das causas de mortes em todo mundo, as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), afetam cerca de 35 milhões de pessoas por ano e a partir de 2020 espera-se que haja um aumento de 17% na mortalidade causada pelas DCNT. Dentre os principais tipos de DCNT, a doença cardiovascular (DCV) é a que tem o maior impacto epidemiológico, sendo responsável por cerca de 30% de todas as mortes no mundo. A doença renal crônica (DRC), caracterizada pela alteração da função renal, tem sido descrita como um dos principais determinantes de risco de eventos cardiovasculares1.
Quando há ocorrência de alterações heterogêneas que afetam tanto a estrutura, quanto a função renal, com múltiplas causas e múltiplos fatores de prognóstico, utiliza-se o termo DCR. Esse termo associa fatores quanto à etiologia quanto à progressão para perda de função renal. Objetivando o diagnóstico precoce é muito importante descobrir quais são os pacientes que possuem risco de desenvolver DRC, bem como quais são os fatores de pior prognóstico, definidos como aqueles fatores que estão relacionados à progressão mais rápida para perda de função renal2.
Um desfecho temido da DCR, além de DCV, é a progressão da doença através da perda continuada da função renal, podendo levar os pacientes para a DRC terminal (DRCT). Esses pacientes necessitarão de algum tipo de terapia renal substitutiva (TRS), sendo as modalidades disponíveis: a hemodiálise, a diálise peritoneal e o transplante renal1.
Os pacientes com DRC, verificando-se ao longo da evolução clínica, considerando preditores de progressão aqueles que têm pior prognóstico pra perda da função renal2:
a) Pessoas com níveis pressóricos mal controlados;
b) Pessoas com níveis glicêmicos mal controlados;
c) Pessoas com níveis de colesterol mal controlados;
d) Estágios da DRC, sendo que há uma tendência à perda de função renal mais rápida nos estágios mais avançados da doença;
e) Presença de albuminuria e a sua intensidade, sendo que quanto maior o nível de albuminuria, pior o prognóstico para perda de função;
f) Tabagismo; e
g) Uso de agentes nefrotóxicos.O tratamento de pacientes com DRC será melhor estruturado, bem como estimado o prognóstico, quando todos os pacientes forem classificados após o diagnóstico. A classificação tem estreita relação com prognóstico, levando-se em consideração principalmente os principais desfechos da DRC: doença cardiovascular, evolução para TRS e mortalidade2.
Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde (SUS) para tratar a doença renal crônica?
Sim. O SUS oferece estratégia de cuidado que pode ser verificada nas Diretrizes Clínicas para o Cuidado ao Paciente com Doença Renal Crônica – DRC no Sistema Único de Saúde, publicado por meio da Portaria GM/MS nº 389, de 13 de março de 2014. Este documento norteador da melhor prática a ser seguida por profissionais de saúde e gestores, sejam eles do setor público ou privado da saúde1.A tecnologia possui registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)?
Sim. O medicamento dapagliflozina é indicado em monoterapia como adjuvante à dieta e exercícios para melhora do controle glicêmico em pacientes com diabetes mellitus tipo 2; em pacientes com diabetes mellitus tipo 2, para melhora do controle glicêmico, em combinação com metformina; uma tiazolidinediona; uma sulfonilureia; um inibidor da DPP4 (com ou sem metformina); metformina e uma sulfonilureia, ou insulina (isolada ou com até duas medicações antidiabéticas orais), quando a terapia existente juntamente com dieta e exercícios não proporciona controle glicêmico adequado; como terapia de combinação inicial com metformina, como adjuvante à dieta e prática de exercícios, para melhora do controle glicêmico em pacientes com diabetes mellitus tipo 2, quando ambas as terapias com dapagliflozina e metformina são apropriadas; para prevenção de desenvolvimento ou agravamento de insuficiência cardíaca ou morte cardiovascular e para a prevenção de desenvolvimento ou agravamento de nefropatia em pacientes com diabetes mellitus tipo 2; para o tratamento de insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida em pacientes adultos; e para o tratamento de doença renal crônica em pacientes adultos3.Possui genérico?
Sim4.Quais são as marcas do medicamento disponíveis no mercado?
Edistride® - comprimido revestido de 10 mg com 7, 14 ou 30 unidades.
Forxiga® - comprimido revestido de 5 mg com 30 unidades.
Forxiga® - comprimido revestido de 10 mg com 14 unidades.
Forxiga® - comprimido revestido de 10 mg com 30 unidades**.
Dapagliflozina - comprimido revestido de 10 mg com 30 unidades.
*Medicamento disponível no mercado de acordo com a lista CMED3, publicada em 04/07/2023, atualizada em 14/07/2023.
**Mais de um fabricante com a marca.
O medicamento dapagliflozina está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename)?
Sim, de acordo com consulta realizada à Rename5, em 06/08/2023. Considerando que a dapagliflozina foi incorporada para i) o tratamento da IC com fração de ejeção reduzida e ii) como terapia adicional à terapia padrão para pacientes adultos com doença renal crônica e que a Rename é atualizada a cada 2 anos, o citado medicamento ainda não está inserido na lista federal de 2022 para o tratamento das condições.Quanto custa o tratamento com dapagliflozina?
Considerando a dose recomendada em bula3, para o tratamento da insuficiência cardíaca, de 10 mg diariamente, o custo mensal inicial estimado foi de R$ 80,55. O valor foi calculado considerando o Preço Máximo de Venda ao Governo (PMVG) e a alíquota de 17% em relação ao Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS), segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED/Anvisa4, pois esse medicamento consta na lista com aplicação do desconto do Coeficiente de Adequação de Preços (CAP).O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar a doença renal crônica?
Sim, de acordo com as Diretrizes Clínicas para o Cuidado ao Paciente com Doença Renal Crônica – DRC no Sistema Único de Saúde1. O tratamento recomendado pelas diretrizes do Ministério da Saúde baseia-se no estadiamento da DRC, com o objetivo de tratar os pacientes a depender dos fatores de prognóstico de cada indivíduo como controle da glicemia, hipertensão, colesterolemia. As diretrizes norteiam o tratamento que vai desde as unidades básicas de saúde aos centros de atenção especializada bem como diálise e transplantes de órgãos.O Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) das Estratégias para Atenuar a Progressão da Doença Renal Crônica foi elaborado para preconizar o medicamento dapagliflozina no tratamento de adultos com doença renal crônica em uso de terapia padrão no SUS. O documento aguarda publicação no Diário Oficial da União.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) já avaliou a tecnologia para esta condição clínica?
Sim, a Conitec avaliou a dapagliflozina para o tratamento de pacientes adultos com doença renal crônica em uso de terapia padrão. Durante a 112ª Reunião Ordinária, realizada no dia 1º de setembro de 2022, os membros presentes deliberaram, por unanimidade, recomendar a incorporação da dapagliflozina para o tratamento de adultos com doença renal crônica em uso de terapia padrão no SUS, conforme protocolo estabelecido pelo Ministério da Saúde2. O documento técnico foi encaminhado ao então Secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde do Ministério da Saúde, que ratificou a recomendação e publicou a Portaria SCTIE/MS nº 106/2022, no Diário Oficial da União (DOU) nº 184, de 27/09/2022, Seção 1, pág. 75.O que a literatura científica relata sobre o uso dessa tecnologia para doença renal crônica?
Pollock et al. (2019)6, em um estudo duplo-cego, randomizado, controlado por placebo, publicado com o nome DELIGHT, realizado entre julho/2015 e maio/2018, com participantes de 116 centros de pesquisa na Austrália, Canadá, Japão, Coréia do Sul, México, África do Sul, Espanha, Taiwan e EUA. Avaliou-se o efeito redutor da albuminúria do inibidor do cotransportador de sódio-glicose-2 dapagliflozina com e sem o inibidor da dipeptidil peptidase-4 saxagliptina, e o efeito da dapagliflozina-saxagliptina no controle glicêmico em pacientes com diabetes tipo 2 e doença renal crônica de moderada a grave. Foram incluídos pacientes com história conhecida de diabetes tipo 2, aumento da albuminúria (relação albumina-creatinina na urina [UACR] 30-3500 mg/g), uma taxa de filtração glomerular estimada de 25-75 mL/min por 1,73 m2, e uma hemoglobina glicada [HbA1c] de 7,0-11,0% (53-97 mmol/mol), que vinha recebendo doses estáveis de inibidor da enzima conversora de angiotensina ou terapia com bloqueador do receptor de angiotensina II e tratamento hipoglicemiante por pelo menos 12 semanas. Após um período de placebo simples-cego de 4 semanas, os participantes foram designados aleatoriamente (1:1:1; por meio de um sistema interativo de resposta de voz na web) para receber apenas dapagliflozina (10 mg), dapagliflozina (10 mg) e saxagliptina (2,5 mg) ou placebo uma vez ao dia por 24 semanas. Como resultados encontou-se que a dapagliflozina e a dapagliflozina-saxagliptina reduziram a UACR versus placebo durante todo o período do estudo. Na semana 24, a diferença na mudança média de UACR desde o início foi de -21,0% (95% CI -34,1 a -5,2; p = 0,011) para dapagliflozina (n=132) e -38·0% (-48·2 a -25·8; p<0·0001) para dapagliflozina-saxagliptina (n=139). A HbA1c foi reduzida no grupo dapagliflozina-saxagliptina (n=137) em comparação com o grupo placebo (n=118) na semana 24 (-0·58% [-0·80 a -0·37; p<0·0001]). O número de pacientes com eventos adversos (79 [54%] no grupo dapagliflozina, 104 [68%] no grupo dapagliflozina-saxagliptina e 81 [55%] no grupo placebo) ou eventos adversos graves (12 [8%], 12 [8%] e 16 [11%], respectivamente) foram semelhantes entre os grupos. Não houve novos sinais de segurança relacionados a drogas. Interpretou-se que a dapagliflozina com ou sem saxagliptina, administrada em associação ao tratamento com inibidor da enzima conversora de angiotensina ou bloqueador do receptor da angiotensina II, é uma opção potencialmente atraente para retardar a progressão da doença renal em pacientes com diabetes tipo 2 e doença renal crônica moderada a grave.Fioretto P et al. (2018)7, em um estudo de fase III, duplo-cego e paralelo, pacientes com diabete melito tipo 2 (DM2) inadequadamente controlado (HbA1c 7,0%-11,0%) foram randomizados (1:1) para dapagliflozina 10 mg uma vez ao dia (N = 160) ou placebo correspondente (N = 161) por 24 semanas. A randomização foi estratificada por terapia hipoglicemiante pré-inscrição. O desfecho primário foi a alteração da linha de base na HbA1c na semana 24. O estudo avaliou a eficácia e a segurança de dapagliflozina 10 mg versus placebo em pacientes com DM2 e DCR moderada (taxa de filtração glomerular estimada [eGFR], 45-59 mL/min/1,73 m2; DCR estágio 3A). Os resultados colhidos na semana 24, em comparação com o placebo, a dapagliflozina diminuiu significativamente a HbA1c (diferença [IC 95%], -0,34% [-0,53, -0,15]; P < 0,001), peso corporal (diferença [IC 95%], -1,25 kg [-1,90, -0,59]; P < 0,001), glicose plasmática em jejum (diferença [95% CI], -0,9 mmol/L [-1,5, -0,4]; P = 0,001) e pressão arterial sistólica (diferença [95 % CI], -3,1 mm Hg [-6,3, 0,0]; P <0,05). As reduções da linha de base na eGFR foram maiores com dapagliflozina do que com placebo na semana 24 (-2,49 mL/min/1,73 m2 [-4,96, -0,02]), no entanto, a eGFR voltou aos níveis basais na semana 27 (3 semanas após o tratamento) (0,61 mL/min/1,73 m2 [-1,59, 2,81]). Nenhum aumento nos eventos adversos (EAs; 41,9% vs 47,8%) ou EAs graves (5,6% vs 8,7%) foi relatado com dapagliflozina versus placebo. Os achados deste estudo apoiam o perfil de risco/benefício positivo da dapagliflozina para o tratamento de pacientes com DM2 e DRC 3A.
Referências bibliográficas
1 Brasil. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria GM/MS nº 389, de 13 de março de 2014. Define os critérios para a organização da linha de cuidado da Pessoa com Doença Renal Crônica (DRC) e institui incentivo financeiro de custeio destinado ao cuidado ambulatorial pré-dialítico. [portaria na internet]. Diário Oficial da União 14 de março de 2014.2 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação n°. 773, de set 2022. Dapagliflozina para tratamento de pacientes adultos com doença renal crônica em uso de terapia padrão. [Acesso em 06 ago 2023]. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/2022/20220927_relatorio_773_dapagliflozina_doenca_renal_cronica_final.pdf.
3 Forxiga. [Bula]. Brasil: Astrazeneca do Brasil Ltda.
4 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Medicamentos. Câmera de Regulação do Mercado de Medicamentos. Listas de Preços de Medicamentos [Acesso em 02 ago 2023]. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/cmed/precos.
5 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2022. Brasília: Ministério da Saúde; 2022 [Acesso em 02 ago 2023]. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/20220128_rename_2022.pdf.
6 Pollock C, Stefánsson B, Reyner D, Rossing P, Sjöström CD, Wheeler DC, et al. Albuminuria-lowering effect of dapagliflozin alone and in combination with saxagliptin and effect of dapagliflozin and saxagliptin on glycaemic control in patients with type 2 diabetes and chronic kidney disease (DELIGHT): a randomised, double-blind, placebo-controlled trial. Lancet Diabetes Endocrinol. 2019;7(6):429–41. <https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/30992195/>
7 Fioretto P, Del Prato S, Buse JB, Goldenberg R, Giorgino F, Reyner D, et al. Efficacy and safety of dapagliflozin in patients with type 2 diabetes and moderate renal impairment (chronic kidney disease stage 3A): The DERIVE Study. Diabetes, Obes Metab. 2018;20(11):2532–40. <https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/29888547/>
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Daratumumabe para mieloma múltiplo :: Junho/2022
Data de elaboração: Junho/2022 Data de publicação: Junho/2022 O que é mieloma múltiplo?
O mieloma múltiplo (MM) é uma neoplasia maligna de origem hematopoética, caracterizada pela proliferação clonal de plasmócitos na medula óssea, que, na maioria dos casos, secretam proteína monoclonal detectável no sangue ou urina, podendo levar à disfunção de órgãos. O MM é uma doença clonal de plasmócitos, que via de regra produzem em excesso um tipo específico de proteína relacionada à imunoglobulina humana, denominada proteína monoclonal (proteína-M), paraproteína ou pico-M1. O MM é uma doença do idoso1. Os principais fatores de risco para MM são idade, sexo, raça e histórico familiar. Em relação à idade, apenas 15% dos diagnósticos são realizados em pessoas com menos de 55 anos, enquanto mais de 60% dos diagnósticos acontecem em adultos com mais de 65 anos. Em relação ao sexo e à raça a incidência de MM é 1,5 vezes maior em homens do que em mulheres; 2 vezes maior em pessoas afro-americanas do que em caucasianas, enquanto asiáticos e nascidos nas ilhas do Pacífico Sul apresentam riscos menores. Em relação ao histório familiar há forte associação de risco entre parentes de primeiro grau, especialmente em homens e afro-americanos. No Brasil, dados do Observatório de Oncologia apontam uma mediana de idade destes pacientes de 63 anos, com variação de 18 a 100 anos2. O MM é classicamente descrito como síndrome “CRAB”, acrônimo, do inglês, que resume as principais manifestações clínicas da doença: hipercalcemia (Calcium elevation), insuficiência renal (Renal failure), anemia (Anemia) e doença óssea (Bone disease). A doença é caracterizada pela proliferação descontrolada de plasmócitos, que pode causar sinais e sintomas localizados, de acordo com o sítio de proliferação (principalmente ossos), e sistêmicos, que ocorrem pelo excesso dessas células na corrente sanguínea. Cerca de 73% dos pacientes apresentam anemia ao diagnóstico, que está associada à fadiga em 32% dos casos. Outras manifestações observadas são dores ósseas (58%), perda de peso (28%), parestesia (5%) e febre (0,7%)2. O diagnóstico do MM é baseado na detecção concomitante de proteína-M, infiltração por plasmócitos, e acometimento sistêmico, com Proteína-M detectada no plasma ou na urina (não há ponto de corte específico); infiltração por plasmócitos (mais de 10% de plasmócitos clonais em amostra de medula óssea ou detecção de plasmocitoma); e acometimento sistêmico apresentando hipercalcemia e/ou lesão renal e/ou anemia e/ou lesões osteolíticas e/ou critérios de agressividade (infiltração medular extrema, grande volume de cadeias leves séricas)3. A doença óssea pode se apresentar como dores osteomusculares, fraturas de fragilidade e sintomas neurológicos por lesões vertebrais. A alteração da função renal, causada pelo excesso de proteína-M e pela hipercalcemia, pode ocasionar oligúria e outros sintomas inespecíficos como náusea, fraqueza e sonolência. A disfunção de linfócitos B pode cursar com quadros infecciosos recorrentes. Já a síndrome de hiperviscosidade pode provocar sintomas relacionados à diminuição do fluxo sanguíneo para o sistema nervoso central e eventos tromboembólicos com consequentes tontura, confusão mental, ou sintomas específicos relacionados a um possível acidente vascular cerebral. A história clínica deve incluir antecedentes como infecção, doença crônica, exposição a substâncias carcinogênicas (solventes, herbicidas, inseticidas) e radiação, bem como imunossupressão e histórico familiar de MM2.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar mieloma múltiplo?
Sim. O SUS oferece estratégia de cuidado que pode ser verificada nas Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas (DDT) do Mieloma Múltiplo1, publicado por meio da Portaria SAS/MS nº 7084, de 6 de agosto 2015. As Diretrizes estão em atualização.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O daratumumabe foi registrado na Anvisa em janeiro de 2017, sob a marca comercial Dalinvi®. O medicamento é indicado em combinação com bortezomibe, talidomida e dexametasona para o tratamento de pacientes recém-diagnosticados com MM elegíveis ao transplante autólogo de células-tronco; em combinação com lenalidomida e dexametasona ou com bortezomibe, melfalana e prednisona para o tratamento de pacientes recém-diagnosticados com MM que são inelegíveis ao transplante autólogo de células-tronco; em combinação com lenalidomida e dexametasona ou bortezomibe e dexametasona, para o tratamento de pacientes com MM que receberam pelo menos um tratamento prévio; em combinação com carfilzomibe e dexametasona, para o tratamento de pacientes adultos com MM que receberam de um a três tratamentos prévios; em monoterapia, para o tratamento de pacientes com MM que receberam pelo menos três linhas de tratamento prévio, incluindo um inibidor de proteassoma (IP) e um agente imunomodulador (IMiD), ou que foram duplamente refratários a um IP e um agente imunomodulador; e para o tratamento de pacientes com amiloidose de cadeia leve (AL)5.Possui biossimilar?
Não6.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Dalinvi® - solução para diluição para infusão de 20 mg/mL em frasco-ampola de 5 mL e de 20 mL; e
Dalinvi® - solução injetável de 120 mg/mL em frasco-ampola de 15 mL.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED06 de 04/06/2022.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não, de acordo com consulta realizada à Rename7, em 09/06/2022.Quanto custa o tratamento com daratumumabe?
O tratamento inicial usual, de um mês, recomendada para para adultos é a administração como infusão intravenosa de 16 mg/Kg de peso corpóreo, é a aplicação de uma dose semanal, durante as 08 primeiras semanas. Considera-se aqui uma pessoa com 70 Kg para o cálculo do tratamento com daratumumabe no primeiro mês de tratamento aplicando-se a dose de 1.120 mg semanalmente. O custo estimado no primeiro mês de tratamento foi de R$ 111.063,36 (cento e onze mil sessenta e três reais e trinta e seis centavos), ou R$ 111.063,48 (cento e onze mil sessenta e três reais e quarenta e oito centavos) ou ainda R$ 111.045,20 (cento e onze mil quarenta e cinco reais e vinte centavos). Os valores foram calculados considerando os Preços Fábricas (PF) estabelecido pela Anvisa e a alíquota de 18% em relação ao ICMS do medicamento Dalinvi®, respectivamente, nas apresentações de frasco-ampolas de concentração de 20 mg/mL com 5 mL (100 mg) e com 20 mL (400 mg), além da apresentação de frasco-ampola na concentração de 120 mg/mL com 15 mL (1800 mg) para aplicação subcutânea, segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED/Anvisa)8.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar mieloma múltiplo?
Sim. O SUS disponibiliza o tratamento para o MM, conforme a DDT do Mieloma Múltiplo1. Esclarece-se que para o tratamento de câncer no SUS, não há uma lista específica de medicamentos, vez que o cuidado ao paciente deve ser feito de forma integral nas Unidades de Alta Complexidade em Oncologia (UNACON) ou Centros de Alta Complexidade em Oncologia (CACON). Nesses estabelecimentos de saúde, o fornecimento de medicamentos é feito via autorização de procedimento de alta complexidade (APAC), conforme os procedimentos tabelados. Assim, esses hospitais habilitados como UNACON ou CACON devem oferecer assistência especializada e integral ao paciente com câncer, atuando no diagnóstico e tratamento do paciente, sendo ressarcidos pelo gestor federal quando da realização dessa assistência, inclusive farmacêutica, de acordo com valores pré-estabelecidos na Tabela de Procedimentos do SUS.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, a Conitec avaliou o daratumumabe em monoterapia ou associado à terapia antineoplásica para o controle do MM recidivado ou refratário. Durante a 105ª Reunião Ordinária, realizada no dia 09 de fevereiro de 2022, os membros do Plenário da Conitec, deliberaram por unanimidade recomendar a não incorporação do daratumumabe em monoterapia ou associado à terapia antineoplásica para o controle do MM recidivado ou refratário9. Foi identificada evidência robusta do benefício clínico de daratumumabe combinado a terapia antineoplásica disponível no SUS (bortezomibe + dexametasona) para controle de MM recidivado ou refratário, sem prejuízo da qualidade de vida ou da segurança. Contudo, evidência adicional ainda é necessária para se conhecer o impacto em sobrevida global, a efetividade terapêutica ou desempenho de daratumumabe em monoterapia. O documento técnico foi encaminhado ao Secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde (SCTIE/MS), que ratificou a recomendação e publicou a Portaria SCTIE/MS nº 18/2022, no Diário Oficial da União (DOU) nº 49, de 14/03/2022, Seção 1, pág. 95.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Em 202010 em revisão sistemática com buscas no Scopus, Cochrane, PubMed Publicher e Web of Science, no período de janeiro de 1999 a julho de 2018, por novas opções de tratamento para mieloma múltiplo recidivado e/ou refratário (MMRR) aprovadas pelo Food and Drug Aministration (FDA). Foram analisadas as associações da eficácia de cada regime aprovado com eventos adversos (EAs) e o custo total por ciclo comparadas com uma metanálise de rede Bayesiana (NMA) de ensaios clínicos randomizados (RCTs) de fase 3. A classificação relativa dos agentes foi avaliada com probabilidades de superfície sob a classificação cumulativa (SUCRA). Os resultados primários de eficácia, segurança e custo foram a sobrevida livre de progressão com o regime, EAs de grau 3 a 4 e o custo total por ciclo (custo do regime mais custo médio de gerenciamento de EAs). Quinze estudos incluindo 7.718 pacientes e avaliando 14 regimes diferentes foram identificados. Daratumumabe, lenalidomida e dexametasona foram classificados como os mais altas taxas de redução da progressão (SUCRA, 1), mas apresentaram a maior probabilidade de custo total por ciclo (SUCRA, 0,02). Panobinostat, bortezomibe e dexametasona foram os menos eficazes e menos seguros (SUCRA, 0,24), enquanto bortezomibe, talidomida e dexametasona surgiram como menos eficazes com o maior custo total por ciclo (SUCRA, 0,33). Carfilzomibe e dexametasona emergiram foram considerados em termos de eficácia e segurança (SUCRA, 0,61) e eficácia e custo total por ciclo (SUCRA, 0,60). Revisão sistemática de Zhang et al (2018)11 observou que o tratamento com anticorpos monoclonais em combinação com bortezomibe ou lenalidomida mais dexametasona resultou em sobrevida livre de progressão (SLP) mais longo (HR: 0,83; IC 95%: 0,66-0,98), menos incidências de trombocitopenia grau 3 (RR: 0,35; IC 95%: 0,23-0,53), neutropenia (RR: 0,70; IC 95%: 0,51-0,96), e sensação de fadiga (RR: 0,37; IC 95%: 0,17-0,82) do que inibidores de histona desacetilase. O daratumumabe + bortezomibe ou lenalidomida + dexametasona pode melhorar significativamente a SLP em comparação com inibidores de histona desacetilase + bortezomibe ou lenalidomida + dexametasona (HR: 0,55; IC 95%: 0,40–0,74). Arcuri et al (2021)12 analisaram, com base no escore P, o daratumumabe e a doxorrubicina lipossomal peguilada tiveram uma maior probabilidade de alcançar melhor SLP, seguido por isatuximabe, carfilzomibe, pomalidomida e panobinostate. Embora dados de sobrevida não estavam maduros o suficiente, a adição de um segundo ou terceiro novo agente aos esquemas contendo imunomodulador ou inibidor de proteassoma pareceu melhorar a sobrevida (HR: 0,84; IC 95%: 0,77–0,92). EA graves foram mais frequentes com isatuximabe, panobinostate e pomalidomida.Referências bibliográficas
1 Brasil. Ministério da Saúde. Portaria SAS/MS nº 708, de 6 de agosto 2015. Aprova as Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas do Mieloma Múltiplo. [Portaria na internet]. Diário Oficial da União 7 ago 2015. Brasília: Ministério da Saúde, 2015. [Acesso em 08 junho 2022]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Protocolos/ddt_Mieloma-Multiplo.pdf.2 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Consulta Pública SCTIE/MS nº 34, de 24 de maio de 2022. Proposta de Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas do Mieloma Múltiplo. [Acesso em 08 junho 2022]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Consultas/Relatorios/2022/20220526_DDT_Mieloma_Mul
tiplo_CP.pdf.3 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação nº 559, de set 2020. Bortezomibe para o tratamento de pacientes adultos com mieloma múltiplo, não previamente tratados, inelegíveis ao transplante autólogo de células-tronco hematopoiéticas. [Acesso em 8 junho 2022]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Consultas/Relatorios/2020/20200928_Relatorio_de_recomendacao_559_Bortezomibe_mieloma_inelegiveis.pdf.
4 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Portaria Conjunta SAS/MS nº 708, de 6 de agosto 2015. Aprova as Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas do Mieloma Múltiplo. [Portaria na internet]. Diário Oficial da União 7 ago 2015 [Acesso em 8 junho 2022]; Seção 1, (150). [Acesso em 8 junho 2022]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/Portaria/2015/Portaria_SAS_708_2015.pdf.
5 Dalinvi. [Bula]. Brasil: Janssen-Cilag Farmacêutica Ltda.
6 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Medicamentos. Câmera de Regulação do Mercado de Medicamentos. Listas de Preços de Medicamentos [Acesso em 9 junho 2022]. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/cmed/precos.
7 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2022. Brasília: Ministério da Saúde; 2022 [Acesso em 9 junho 2022]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/20220128_RENAME_2022.pdf.
8 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Medicamentos. Câmera de Regulação do Mercado de Medicamentos. Listas de Preços de Medicamentos [Acesso em 21 junho 2022]. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/cmed/precos.
9 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação n°. 702, de fev 2022. Daratumumabe (Dalinvi®) em monoterapia ou associado à terapia antineoplásica para o controle do mieloma múltiplo recidivado ou refratário. [Acesso em 21 jun 2022]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2022/20220314_Relatorio_702_daratumumabe_mieloma_multiplo.pdf.
10 Dhakal B, Narra RK, Giri S, Szabo A, Smunt TL, Ghose S, et al. Association of adverse events and associated cost with efficacy for approved relapsed and/or refractory multiple myeloma regimens: A Bayesian network meta‐ analysis of phase 3 randomized controlled trials. Cancer. 2020 Jun;126(12):2791–801. https://acsjournals.onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.1002/cncr.32831.
11 Zhang T-T, Wang S, Wan N, Zhang L, Zhang Z, Jiang J. Cost-effectiveness of Daratumumab-based Triplet Therapies in Patients With Relapsed or Refractory Multiple Myeloma. Clin Ther. 2018 Jul;40(7):1122–39. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/30006069/.
12 Arcuri LJ, Americo AD. Treatment of relapsed/refractory multiple myeloma in the bortezomib and lenalidomide era: a systematic review and network meta-analysis. Ann Hematol. 2021 Mar;100(3):725–34. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33432438/.
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Daratumumabe para mieloma múltiplo recidivado e/ou refratário :: Dezembro/2018
Data de elaboração: Dezembro/2018 Data de publicação: Dezembro/2018 O que é Mieloma Múltiplo Recidivado e/ou Refratário?
1Mieloma múltiplo é um tipo de câncer raro, que ocorre na medula óssea, cuja manifestação caracteriza-se pelo aumento do número de plasmócitos, um tipo de célula branca (leucócito) que são as células produtoras de anticorpos, proteína que participa de nosso sistema de defesa1,2. Na maioria dos pacientes observa-se sinais e sintomas de infiltração plasmocitária (óssea ou de outros órgãos) ou lesão renal por deposição de proteína monoclonal tumoral. As manifestações clínicas mais comuns ao diagnóstico do mieloma múltiplo são: doença óssea, insuficiência renal, síndrome de Fanconi adquirida, anemia normocítica normocrômica ou macrocítica, hipercalcemia, infecções bacterianas recorrentes e síndrome de hiperviscosidade3.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Mieloma Múltiplo Recidivado e/ou Refratário?
Sim. A Portaria nº 708, de 6 de agosto 2015, do Ministério da Saúde aprovou as Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas (DDT) do Mieloma Múltiplo4.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O daratumubabe (Dalinvi®) possui as seguintes indicações em bula: em combinação com bortezomibe, melfalana e prednisona para o tratamento de pacientes recém diagnosticados com mieloma múltiplo que são inelegíveis ao transplante autólogo de células-tronco; em combinação com lenalidomida e dexametasona ou bortezomibe e dexametasona, para o tratamento de pacientes com mieloma múltiplo que receberam pelo menos um tratamento prévio; em monoterapia, para o tratamento de pacientes com mieloma múltiplo que receberam pelo menos três linhas de tratamento prévio, incluindo um inibidor de proteassoma (IP) e um agente imunomodulador, ou que foram duplamente refratários a um IP e um agente imunomodulador5.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Dalinvi® - solução injetável - 100 mg e 400 mg.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 19/11/2018.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não.Quanto custa o tratamento com Daratumumabe?
A dose recomendada em bula é de 16 mg/kg, uma vez por semana, por um período de nove semanas. Considerando um paciente com peso corpóreo de 75kg, o custo estimado para o tratamento inicial de nove semanas com daratumumabe foi de R$ 124.838,01. O valor foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% do medicamento de referência, segundo ANVISA6.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Mieloma Múltiplo Recidivado e/ou Refratário?
Sim. Esclarece-se que para o tratamento de câncer no Sistema Único de Saúde, não há uma lista específica de medicamentos, vez que o cuidado ao paciente deve ser feito de forma integral nas Unidades de Alta Complexidade em Oncologia – UNACON ou Centros de Alta Complexidade em Oncologia – CACON. Nesses estabelecimentos de saúde, o fornecimento de medicamentos é feito via autorização de procedimento de alta complexidade (APAC), conforme os procedimentos tabelados. Assim, esses hospitais habilitados como UNACON ou CACON devem oferecer assistência especializada e integral ao paciente com câncer, atuando no diagnóstico e tratamento do paciente, sendo ressarcidos pelo gestor federal quando da realização dessa assistência, inclusive farmacêutica, de acordo com valores pré-estabelecidos na Tabela de Procedimentos do SUS.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Não, até a presente data, não foi protocolada, na CONITEC, demanda para analisar a incorporação, ao SUS, do daratumumabe para tratamento de mieloma múltiplo recidivado e/ou refratário ou para outras condições clínicas, seja pelo laboratório fabricante ou por outros demandantes. Ressalta-se que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou empresa (produtora da tecnologia ou não), pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à CONITEC, desde que cumpra as exigências legais impostas pelo Decreto nº 7.646 de 2011.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Foram consideradas duas revisões sistemáticas com meta-análise, uma delas indireta, em rede, avaliou a eficácia das terapias atualmente disponíveis para o tratamento do MMRR. Foram incluídos 17 ensaios clínicos randomizados (ECR), contemplando 16 opções de tratamento distintas. Seis ensaios clínicos utilizaram o tratamento baseado em imunomodulador (talidomida, lenalinodomida ou pomalidomida), quatro utilizaram o tratamento baseado em inibidor de proteassoma (bortezomibe, carfilzomibe ou ixazomibe), três o tratamento com anticorpos monoclonais (elotuzumabe ou daratumumabe), dois o tratamento com inibidores de histona-desacetilase (panobinostate ou vorino), e dois usaram outros tipos de tratamentos (oblimersen e doxirrubicina lipossomal)7. A outra revisão sistemática com meta-análise avaliou a eficácia e segurança do daratumumabe e do elotuzumabe, dois anticorpos monoclonais, para o tratamento do MMRR. Foram incluídos 13 ECR, que envolveram um total de 2.402 pacientes8. Essas revisões sistemáticas indicaram que o daratumumabe em esquemas terapêuticos triplos apresentou melhor taxa de sobrevida livre de progressão da doença quando comparado a outros esquemas que não incluíam o medicamento. A segunda revisão sistemática mencionada8 apontou para melhores resultados do daratumumabe também em monoterapia. Os eventos adversos mais comumente observados foram: trombocitopenia, neutropenia, anemia, diarreia, fadiga e dispneia; além de estar associado a maior ocorrência de reações relacionadas à infusão. Esses estudos, no entanto, apresentaram limitações metodológicas importantes. Os dados sugerem, ainda, uma superioridade da terapia que inclui o daratumumabe em associação com lenalidomida e dexametasona em detrimento da associação com bortezomibe e dexametasona7,8. No Brasil está previsto apenas o uso da segunda associação, com bortezomibe. Destaca-se que a lenalidomida teve seu registro indeferido pela ANVISA.Referências bibliográficas
1Campo, Elias et al. “The 2008 WHO Classification of Lymphoid Neoplasms and beyond: Evolving Concepts and Practical Applications.” Blood 117.19 (2011): 5019–5032. PMC. Web. 26 Apr. 2017. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3109529/ Acesso em: 10/10/2018.
2MESH TERMS: Sarcoma, Ewing. National Center for Biotechnology Information (NCBI), U.S. National Library of Medicine. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/mesh/68009101 Acesso em: 10/10/2018.
3Kyle RA, Gertz MA, Witzig TE, Lust JA, Lacy MQ, Dispenzieri A, et al. Review of 1027 patients with newly diagnosed multiple myeloma.Mayo Clin Proc, 2003; 78(1):21-33. Disponível em: http://www.mayoclinicproceedings.org/article/S0025-6196(11)61827-2/abstract Acesso em: 10/10/2018.
4BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 708, de 6 de agosto 2015. Aprova as Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas do Mieloma Múltiplo. Brasília: Ministério da Saúde, 2015. Disponível em: http: http://conitec.gov.br/images/Protocolos/ddt_Mieloma-Multiplo.pdf Acesso em: 19/04/2018.
5BROMETO DE TIOTRÓPIO. Bula de medicamento. Boehringer Ingelheim Pharma. Farm. Resp.: Dímitra Apostolopoulou. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=6669612015&pIdAnexo=2766739. Acesso em 14/12/2018.
6Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 22/03/2018.
7VAN BEURDEN-TAN, C. H. Y. et al. Systematic Literature Review and Network Meta-Analysis of Treatment Outcomes in Relapsed and/or Refractory Multiple Myeloma. Journal of Clinical Oncology. 2017
8ZHANG, T. et al. Systematic review and meta-analysis of the efficacy and safety of novel monoclonal antibodies for treatment of relapsed/refractory multiple myeloma. Oncotarget, 2017, Vol. 8, (No. 20), pp: 34001-34017. -
Delamanida para o tratamento de tuberculose multirresistente e tuberculose com resistência extensiva :: Maio/2021
Data de elaboração: Maio/2021 Data de publicação: Maio/2021 O que é tuberculose multirresistente e tuberculose com resistência extensiva?
A tuberculose (TB) é uma doença infecciosa e transmissível que acomete prioritariamente os pulmões, causada por uma bactéria denominada Mycobacterium tuberculosis, conhecida como bacilo de Koch (BK). Esta é transmitida pela inalação de aerossóis produzidos pela tosse, fala ou espirro de um doente com tuberculose ativa pulmonar ou laríngea. A probabilidade de uma pessoa ser infectada depende de fatores exógenos. Entre eles, a infectividade do caso-fonte, a duração do contato e o tipo de ambiente partilhado. Estima-se que uma pessoa com baciloscopia positiva infecte de 10 a 15 pessoas em média, em uma comunidade, durante um ano1.Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a TB é a principal causa de morte por agente infeccioso no mundo, estima-se que o Brasil tenha apresentado no ano de 2018 uma incidência de TB de 45 casos por 100 mil pessoas. Especificamente quanto à TB resistente à rifampicina e à múltiplos medicamentos (TB RR/MDR), o Brasil demonstrou uma incidência de 1,2 casos a cada 100 mil pessoas, o que representou uma taxa de 1,5% de novos casos (excluindo-se os casos previamente tratados). Também se observou que em 2017 a taxa de sucesso do tratamento de casos de TB novos e reincidentes foi 71% (n = 78.652), enquanto que para os casos de TB RR/MDR foi 61% (n = 546) e 41% (n = 17) para TB extensivamente resistente (XDR), em 2016. A TB é classificada como:
• Monorresistência: resistência a somente um fármaco antituberculose, em especial quando envolve a rifampicina ou a isoniazida;
• Polirresistência: resistência a dois ou mais fármacos antituberculose, exceto à associação rifampicina e isoniazid;
• Resistência à rifampicina (TB RR): resistência à rifampicina identificada por meio do Teste Rápido Molecular (TRM) para TB exclusivamente (ainda sem Teste de Sensibilidade (TS), portanto sem outras resistências conhecidas);
• Multirresistência (TB MDR): resistência a pelo menos rifampicina e isoniazida, os dois mais importantes fármacos para o tratamento da TB;
• Resistência extensiva (TB XDR): resistência à rifampicina e isoniazida acrescida de resistência a fluoroquinolona (qualquer delas) e aos injetáveis de segunda linha (amicacina, canamicina ou capreomicina)1.
A tuberculose multirresistente (TB-MDR) é considerada um problema de saúde pública mundial, principalmente devido às limitações terapêuticas, graves eventos adversos dos tratamentos atuais e o longo tempo de tratamento. Desse modo, a TB-MDR, por definição, engloba os pacientes com resistência a pelo menos rifampicina e isoniazida. Quando estes passam a ser resistentes a alguma fluoroquilona e aos injetáveis de segunda linha, como amicacina, canamicina ou capreomicina, passam a ser classificados como TB-XDR. Contudo, na prática clínica, indivíduos com mono e polirresistência também podem ser tratados com o regime terapêutico adotado para TB-MDR, nos casos em que há a suspeita de que estes serão, de fato, diagnosticados com TB-MDR1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar tuberculose multirresistente e tuberculose com resistência extensiva?
Sim. O SUS oferece estratégia de cuidado que pode ser verificada no Manual de Recomendações para o Controle da Tuberculose no Brasil2, publicado em 2019. Este documento apresenta as diretrizes nacionais para o controle da doença, que incluem procedimentos clínicos padronizados, procedimentos laboratoriais, sistema de vigilância, ações de biossegurança e organização de serviços.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Não. A delamanida não possui registro na Anvisa. Contudo, se enquadra no § 5º, do art. 8º da Lei 9.782/19993 e no §4º do Art. 7º do Decreto Nº 8.0774, de 14 de agosto de 2013 (aquisição de medicamentos via organismos internacionais).Possui genérico?
Não5.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Não há medicamentos disponíveis no mercado brasileiro6.A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não, de acordo com consulta realizada à Rename7, em 21/05/2021.Quanto custa o tratamento com Delamanida?
Tendo em vista que este medicamento ainda não possui registro na Anvisa e não está precificado pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED)6, não foi possível calcular o custo do tratamento.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar tuberculose multirresistente e tuberculose com resistência extensiva?
Sim, de acordo com o Manual de Recomendações para o Controle da Tuberculose no Brasil2, o tratamento medicamentoso disponível é apresentado na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Grupo A - Fluoroquinolonas: Levofloxacino Comprimido 250 e 500 mg Grupo A - Fluoroquinolonas: Moxifloxacino Comprimido 400 mg Grupo B - Injetáveis de segunda linha: Amicacina Solução injetável 250 mg/mL Grupo B - Injetáveis de segunda linha: Capreomicina Pó para solução injetável 1 g Grupo B - Injetáveis de segunda linha: Estreptomicina pó para solução injetável 1 g Grupo C – Outros grupos de segunda linha: Etionamida Comprimido 250 mg Grupo C – Outros grupos de segunda linha: Terizidona Cápsula 250 mg Grupo C – Outros grupos de segunda linha: Linezolida Comprimido 600 mg Grupo C – Outros grupos de segunda linha: Clofazimina Cápsula 50 e 100 mg Grupo D1 - Fármacos adicionais: Pirazinamida Comprimido
suspensão oral
Comprimido dispersível500 mg
30 mg/mL (3%)
150 mgGrupo D1 - Fármacos adicionais: Etambutol Comprimido 400 mg Grupo D1 - Fármacos adicionais: Isoniazida em altas doses Comprimido 100 e 300 mg Grupo D2 - Fármacos adicionais: Ácido paraminossalicílico Granulado oral 4 g Grupo D2 - Fármacos adicionais: Amoxicilina + clavulanato de potássio Suspensão oral
comprimido50 mg/mL + 12,5 mg/mL
500 mg + 125 mgO financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por um ou mais dos três entes federativos (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, a Conitec avaliou a delamanida para tratamento de para o tratamento de tuberculose multirresistente e tuberculose com resistência extensiva. Durante a 89ª reunião ordinária, realizada no dia 05 de agosto de 2020, os membros da Comissão deliberaram por unanimidade recomendar a incorporação da delamanida para o tratamento de tuberculose multirresistente e tuberculose com resistência extensiva, condicionado a apresentação de dados de vida real e conforme preconizado pelo Ministério da Saúde1. O documento técnico foi encaminhado ao Secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos em Saúde (SCTIE/MS), que ratificou a recomendação e publicou a Portaria SCTIE/MS nº 338, no Diário Oficial da União (DOU) nº 164, de 26 de agosto de 2020, seção 1, pág. 133.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
A publicação de Von Groote - Bidlingmaier et. al. (2019)9 apresentou os resultados de um estudo clínico randomizado duplo cego, controlado por placebo, fase 3, realizado em 7 países (Estônia, Letônia, Lituânia, Moldávia, Peru, Filipinas e África do Sul). Foram incluídos adultos (> 18 anos) com tuberculose pulmonar multirresistente para receber, em combinação com um regime de base otimizado (linezolida, moxifloxacino, clofazimina, isoniazida em altas doses e ácido paraminossalicílico), ou delamanida oral - (100 mg duas vezes ao dia) por 2 meses seguido de 200 mg uma vez diariamente por 4 meses - ou placebo (mesmo regime). Os resultados primários foram: 1) o sucesso do tratamento em 30 meses, medido pelo tempo para a conversão da cultura de escarro (CCE) ao longo de 6 meses e a manutenção desta conversão ao final dos 30 meses de duração do acompanhamento; 2) a diferença na distribuição do tempo para a conversão da cultura de escarro (prolongamento do intervalo QT) ao longo de 6 meses entre os dois grupos. Os desfechos secundários foram: mortalidade relacionada à tuberculose, eventos adversos relacionados ao tratamento com delamanida e desenvolvimento de resistência à delamanida.
O estudo observou que 76,5% (n = 173) dos pacientes que utilizaram delamanida juntamente com o regime de base otimizado, e 77,2% (n = 78) daqueles que estavam no grupo com o regime sem delamanida, atingiram o desfecho de sucesso do tratamento, sem diferença estatisticamente significante entre ambos os grupos (RR = 0,991; IC95% = 0,872-1,127; p = 0,90). O prolongamento do intervalo QT foi verificado em 5,3% (n = 18) dos pacientes que utilizaram delamanida no regime de tratamento da TB-MDR e em 2,9% (n = 5) dos participantes do grupo sem delamanida. Este resultado demonstra que, de acordo com a medida pontual, o prolongamento do intervalo QT foi mais frequente nos pacientes que foram tratados com delamanida, assim como é destacado pela bula da delamanida9.
Com um seguimento de 30 meses (tempo máximo de acompanhamento do estudo), o estudo verificou que 2,6% (n = 9) dos pacientes do grupo com delamanida foram a óbito, relacionado à tuberculose, enquanto que tal evento ocorreu em 1,8% (n = 3) dos participantes que foram tratados no regime sem delamanida. Assim, constatou-se que não houve diferença estatisticamente significante entre os grupos (RR = 1,496; IC95% = 0,410-5,453; p = 0,54)9.
Em relação aos eventos adversos, avaliados ao longo dos 30 meses, 26,1% (n = 89) dos pacientes alocados para o tratamento com delamanida e 27,6% (n = 47) daqueles que estavam no regime sem delamanida, tiveram algum evento adverso grave, tal como distúrbios sanguíneos, linfáticos, cardíacos, auditivos, endócrinos, oculares, gastrointestinais, hepatobiliares, imunológicos, metabólicos, nervosos, psiquiátricos, renais, respiratórios, cutâneos, vasculares, neoplasias, infecções e alterações laboratoriais; todos de baixa frequência, não apresentando diferença estatisticamente significante entre os regimes de base otimizados com e sem delamanida (RR = 0,944; IC95% = 0,698 - 1,276)9.
A resistência à delamanida foi mensurada por meio do teste de sensibilidade nas culturas de expectoração dos pacientes que utilizaram delamanida. Esta foi avaliada em culturas positivas dentro de seis meses e culturas que eram negativas, mas após os seis meses, voltaram a ser positivas. Dos 341 pacientes alocados para o regime contendo delamanida, identificou-se que três (0,9%) desenvolveram resistência à delamanida9.Referências bibliográficas
1 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS. Relatório de Recomendação no 547/2020 - Delamanida para o tratamento de tuberculose multirresistente e tuberculose com resistência extensiva [Internet]. 2020 [citado 20 de maio de 2021]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Consultas/Relatorios/2020/Relatorio_delamanida_TB_MDR_XDR_547_33_2020_final.pdf.
2 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Manual de Recomendações para o Controle da Tuberculose no Brasil [Internet]. [citado 21 de maio de 2021]. Disponível em: http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2019/manual-de-recomendacoes-para-o-controle-da-tuberculose-no-brasil.
3 Brasil. Congresso Nacional. Lei no 9.782, de 26 de janeiro de 1999. [Internet]. Diário Oficial da União. Seç. 1, 27 de janeiro de 1999 p. 1. [citado 21 de maio de 2021]. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1999/lei-9782-26-janeiro-1999-344896-publicacaooriginal-1-pl.html.
4 Brasil. Decreto no 8.077, de 14 de agosto de 2013 [Internet]. Diário Oficial da União. Seç. 1, 15 de agosto de 2013 p. 18. [citado 21 de maio de 2021]. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/decreto/d8077.htm.
5 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Consultas. Medicamentos [Internet]. [citado 21 de maio de 2021]. Disponível em: https://consultas.anvisa.gov.br/#/medicamentos/?substancia=26516.
6 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos. Lista de preços de medicamentos [Internet]. 2021 [citado 21 de maio de 2021]. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/cmed/precos/arquivos/lista_conformidade_20210508_083345464_v3.pdf.
7 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2020. [Internet]. [citado 21 de maio de 2021]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Rename-2020-final.pdf.
8 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos em Saúde. Portaria SCTIE/MS no 33, de 24 de agosto de 2020 [Internet]. Diário Oficial da União. Seç. 1, 26 de agosto de 2020 p. 133. [citado 21 de maio de 2021]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/Portaria/2020/Portaria_SCTIE_33_26_08_2020.pdf.
9 von Groote-Bidlingmaier F, Patientia R, Sanchez E, Balanag V, Ticona E, Segura P, et al. Efficacy and safety of delamanid in combination with an optimised background regimen for treatment of multidrug-resistant tuberculosis: a multicentre, randomised, double-blind, placebo-controlled, parallel group phase 3 trial. Lancet Respir Med. março de 2019;7(3):249–59. -
Denosumabe para osteoporose :: Maio/2022
Data de elaboração: Maio/2022 Data de publicação: Maio/2022 O que é osteoporose?
A osteoporose é uma doença caracterizada por diminuição da massa óssea e deterioração do tecido ósseo com consequente aumento da fragilidade óssea e da susceptibilidade a fraturas. Dor crônica, depressão, deformidade, perda da independência e aumento da mortalidade são complicações clínicas da osteoporose além das fraturas. A osteoporose é uma das principais causas de morbidade e mortalidade em idosos1. A osteoporose pode ser classificada em primária ou secundária, conforme sua etiologia. A forma primária, mais comum, é diagnosticada na ausência de doenças ou outras condições associadas à fragilidade óssea. Nesses casos a perda de massa óssea é atribuída ao processo de envelhecimento e/ou pós-menopausa. A osteoporose secundária deve ser considerada na presença de uma condição sabidamente associada à fragilidade óssea. Corresponde a aproximadamente 30% dos casos em mulheres na pós-menopausa, 40-50% em mulheres na pré-menopausa e 50-55% em homens com diagnóstico de osteoporose2. Mundialmente, uma em cada três mulheres e um em cada três homens acima de 50 anos de idade irão ter algum tipo de fratura osteoporótica. No geral, estima-se que 61% das fraturas ocorrem em mulheres, em uma taxa de 1,6 (mulher/homem). Estima-se que a osteoporose afeta cerca de 200 milhões de mulheres no mundo, sendo a causa de mais de 8,9 milhões de fraturas por ano. De acordo com o PCDT da doença há evidências de relação entre inúmeros fatores e risco de fratura, sendo a fratura de quadril o desfecho mais avaliado, seguidos de idade; fratura osteoporótica prévia; baixo peso ou baixo índice de massa corporal ou perda de peso; uso de glicocorticoide (dose superior a 5 mg de prednisona/dia ou equivalente por período igual ou superior a 3 meses); uso de alguns anticonvulsivantes (por interferência no metabolismo da vitamina D); sedentarismo; hiperparatireoidismo primário; anorexia nervosa; gastrectomia; anemia perniciosa; e hipogonadismo masculino. O pico de massa óssea é atingido ao final da adolescência e mantido até a quinta década pela ingestão alimentar adequada de cálcio e vitamina D e pela prática de exercício físico. A partir de então, ocorre progressiva perda de massa óssea, acentuando-se em mulheres na pós-menopausa. Menopausa precoce e história familiar de fratura osteoporótica são consideradas fatores de risco moderado1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar osteoporose?
Sim. O SUS oferece estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da osteoporose1, publicado por meio da SAS/MS nº 4513, de 9 de junho de 2014. Este documento inclui o conceito geral da osteoporose, critérios de diagnóstico, critérios de inclusão e de exclusão, tratamento e mecanismos de regulação, controle e avaliação, é de caráter nacional e deve ser utilizado pelas Secretarias de Saúde dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios na regulação do acesso assistencial, autorização, registro e ressarcimento dos procedimentos correspondentes. A conduta terapêutica é definida conforme avaliação da intensidade dos sintomas e do perfil de risco de exacerbações.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O denosumabe foi registrado na Anvisa em março de 2019, sob a marca comercial Prolia®. A indicação apresentada em bula é para o tratamento de osteoporose em mulheres na fase de pós-menopausa; para o tratamento de perda óssea em pacientes submetidos a ablação hormonal contra câncer de próstata ou de mama; e para o tratamento de osteoporose associada à terapia sistêmica com glicocorticoides recém iniciada ou sustentada, tanto em homens quanto em mulheres sob risco aumentado de fratura4.É preciso esclarecer que o medicamento denosumabe possui um outro registro na Anvisa com o nome comercial de Xvega®, porém, nesse caso, o medicamento pertence à classe terapêutica dos antineoplásicos.Possui biossimilar?
Não5.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Prolia® - solução injetável 60 mg/mL em seringa preenchida de 1,0 mL.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED13 de 27/05/2022.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não, de acordo com consulta realizada à Rename6, em 27/05/2022.Quanto custa o tratamento com Denosumabe?
A dose usual recomendada para adultos é a aplicação subcutânea de 60 mg uma vez a cada 6 meses. O custo estimado semestral foi de R$ 898,80 (oitocentos e noventa e oito reais e oitenta centavos). O valor foi calculado considerando o Preço Fábrica (PF) estabelecido pela Anvisa e a alíquota de 18% em relação ao ICMS do medicamento Prolia®, na apresentação de seringa preenchida com 1 mL, segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED/Anvisa)7.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar osteoporose?
Sim, de acordo com o PCDT da osteoporose1, são disponibilizados os medicamentos apresentados na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Carbonato de Cálcio Comprimido 1.250 mg Calcitriol Cápsulas 0,25 mcg Carbonato de cálcio Colecalciferol Comprimidos 500 mg + 400 UI 600 mg + 400 UI Alendronato de sódio Comprimidos 10 mg 70 mg Risedronato de sódio Comprimidos 5 mg 35 mg Raloxifeno Comprimido 60 mg Estrógenos conjugados Comprimido 0,3 mg Calcitonina Spray nasal Ampolas injetáveis 200 UI/dose 50 UI e 100 UI Pamidronato dissódico Pó liofilizado para solução injetável 30 mg 60 mg O financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por um ou mais dos três entes federativos (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, a Conitec avaliou o denosumabe para o tratamento de pacientes com osteoporose para condições clínicas distintas. Durante a 106ª Reunião Ordinária, realizada no dia 10 de março de 2022, os membros do Plenário da Conitec, deliberaram por unanimidade que as matérias fossem disponibilizadas em Consultas Públicas com recomendações preliminares desfavoráveis à incorporação de denosumabe para o tratamento de pacientes com osteoporose e doença renal crônica (DRC) em estágios 4 e 5, e de denosumabe e teriparatida para o tratamento de indivíduos com osteoporose grave e falha terapêutica aos medicamentos atualmente disponíveis no SUS. Os assuntos estiveram disponíveis nas Consultas Públicas nº 14 e 19, durante 20 dias, no período de 4/4/2022 a 25/4/2022, para receberem contribuições da sociedade (opiniões, sugestões e críticas) sobre os temas. Atualmente os status das solicitações de avaliação de incorporação de tecnologia, pela Conitec, encontram-se em análise após consulta pública e retornará ao Plenário para decisão final.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Em Ensaio Clínico Randomizado (ECR) duplo cego, multicentro, controlado, de 20128, com o objetivo de verificar a eficácia e segurança de três doses de denosumabe foram comparadas com um placebo durante 12 meses em mulheres japonesas na pós-menopausa com osteoporose, em que todas receberam suplementos diários de pelo menos 600 mg de cálcio elementar e 400 UI de vitamina D desde o início da triagem até 12 meses de tratamento. Comparado ao placebo, o denosumabe (nas doses de 14, 60 e 100 mg) mostrou aumentos significativos nos valores percentuais de densidade mineral óssea (DMO) da coluna lombar (5,25, 6,27 e 7,00) e do quadril total (3,90, 3,69 e 4,35) em 12 meses, desde a linha de base. A DMO do terço distal do rádio também aumentou significativamente, exceto na dose de 100 mg (1,82, 1,35 e 1,15). Nenhuma nova fratura vertebral foi observada nas radiografias da coluna vertebral em nenhum dos grupos. As incidências gerais de eventos adversos foram semelhantes nos grupos denosumabe e placebo. Denosumabe 60 mg pode ser uma dose eficaz para mulheres japonesas na pós-menopausa com osteoporose, como foi demonstrado na população caucasiana. Pitale et al (2015)9 em ECR de fase III, duplo-cego, multicêntrico, com o objetivo de avaliar a eficácia e segurança do denosumabe em mulheres indianas na pós-menopausa com osteoporose. 250 mulheres indianas com idades entre 55 e 75 anos (escore T <-2,5 e > -4,0 na coluna lombar ou quadril total; níveis séricos de 25(OH) D ≥20 ng/mL) foram randomizadas para receber uma dose subcutânea de denosumabe 60 mg ou placebo, e todas receberam diariamente cálcio ≥ 1000 mg e vitamina D3 ≥ 400 UI. O desfecho primário foi a alteração percentual média na densidade mineral óssea (DMO) na coluna lombar desde a linha de base até o mês 6. Os pontos finais secundários incluíram alteração percentual média da linha de base na DMO no quadril total, colo do fêmur e trocânter no mês 6 e alteração percentual média da linha de base nos marcadores de renovação óssea nos meses 1, 3 e 6. O denosumabe demonstrou um benefício de tratamento significativo em relação ao placebo para os desfechos secundários. Não houve fraturas ou desistências devido a eventos adversos. Consistente com os resultados de estudos realizados em outras partes do mundo, o denosumabe foi bem tolerado e eficaz no aumento da DMO e na diminuição dos marcadores de remodelação óssea durante um período de seis meses em mulheres indianas na pós-menopausa. Koh et al (2016)10 em ECR de fase III, duplo-cego, com o objetivo de avaliar a eficácia e segurança do denosumabe em mulheres coreanas na pós-menopausa com osteoporose em idades entre 60 e 90 anos com escore T <-2,5 e ≥-4,0, na coluna lombar ou quadril total, foram randomizadas para uma dose única subcutânea de 60 mg de denosumabe ou placebo na fase duplo-cega de 6 meses. O tratamento favoreceu o denosumabe em relação ao placebo para o desfecho primário (alteração percentual média da linha de base na densidade mineral óssea (DMO) da coluna lombar no mês 6); e desfechos secundários (alteração percentual média da linha de base na DMO da coluna lombar no mês 1, DMO do quadril total, colo do fêmur e do trocânter nos meses 1 e 6, e alteração percentual mediana da linha de base nos marcadores de renovação óssea nos meses 1, 3 e 6 ). O denosumabe foi bem tolerado e eficaz no aumento da DMO e na diminuição dos marcadores de remodelação óssea ao longo de um período de 12 meses em mulheres coreanas na pós-menopausa.Referências bibliográficas
1 Brasil. Ministério da Saúde. Ministério da Saúde. Portaria SAS/MS nº 451, de 9 de junho de 2014. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Osteoporose. [Portaria na internet]. Diário Oficial da União 10 jun 2014. Brasília: Ministério da Saúde, 2014. [Acesso em 26 maio 2022]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Protocolos/Osteoporose.pdf.2 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação versão preliminar, 2022. Denosumabe para o tratamento de osteoporose e doença renal crônica em estágio 4 e 5. [Acesso em 27 maio 2022]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Consultas/Relatorios/2022/20220401_Relatorio_CP_19_Denosumabe_Osteoporose_DRC.pdf.
3 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Portaria Conjunta SAS/MS nº 451, de 9 de junho de 2014. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Osteoporose. [Portaria na internet]. Diário Oficial da União 10 jun 2014 [Acesso em 27 maio 2022]; Seção 1, (109). [Acesso em 27 maio 2022]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/Portaria/2014/Portaria_SAS_451_2014.pdf.
4 Prolia. [Bula]. Brasil: Amgen Biotecnologia do Brasil Ltda.
5 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Medicamentos. Câmera de Regulação do Mercado de Medicamentos. Listas de Preços de Medicamentos [Acesso em 27 maio 2022]. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/cmed/precos/arquivos/lista_conformidade_gov_2022_05_v2.pdf/view.
6 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2022. Brasília: Ministério da Saúde; 2022 [Acesso em 27 maio 2022]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/20220128_RENAME_2022.pdf.
7 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Medicamentos. Câmera de Regulação do Mercado de Medicamentos. Listas de Preços de Medicamentos [Acesso em 31 maio 2022]. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/cmed/precos/arquivos/xls_conformidade_site_20220527_203000000.xls/view.
8 Nakamura T, Matsumoto T, Sugimoto T, Shiraki M. Dose–response study of denosumab on bone mineral density and bone turnover markers in Japanese postmenopausal women with osteoporosis. Osteoporosis International [Internet]. 2012 Mar 17;23(3):1131–40. https://link.springer.com/article/10.1007/s00198-011-1786-8.
9 Pitale S, Thomas M, Rathi G, Deshmukh V, Kumar P, Reddy S, et al. A randomized placebo-controlled trial of the efficacy of denosumab in Indian postmenopausal women with osteoporosis. Indian Journal of Endocrinology and Metabolism [Internet]. 2015;19(1):148. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4287760/.
10 Koh J-M, Chung DJ, Chung Y-S, Kang M-I, Kim I-J, Min Y-K, et al. Assessment of Denosumab in Korean Postmenopausal Women with Osteoporosis: Randomized, Double-Blind, Placebo-Controlled Trial with Open-Label Extension. Yonsei Medical Journal [Internet]. 2016;57(4):905. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4951467/.
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Desvenlafaxina para depressão :: Dezembro/2017
Data de elaboração: Dezembro/2017 Data de publicação: Dezembro/2017 O que é depressão?
A depressão é caracterizada por episódios de alterações do humor, como tristeza, incapacidade de sentir prazer nas atividades diárias e irritabilidade. Também se relaciona com problemas do sono, diminuição de apetite e energia reduzida. Pode ser classificada em três graus: leve, moderado e grave1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar depressão?
Sim. Para o tratamento dos transtornos mentais em geral, o SUS oferece uma estratégia de cuidado integral, que pode ser consultada no Caderno de Atenção Básica – Saúde Mental (http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/caderno_34.pdf).A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. Possui indicação em bula para o tratamento do transtorno depressivo maior2.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Deller® - comprimido revestido de liberação prolongada de 50mg e 100mg.
Elifore® - comprimido revestido de liberação controlada de 50mg e 100mg.
Imense® - comprimido revestido de liberação prolongada de 50mg e 100mg.
Pristiq® - comprimido revestido de liberação controlada de 50mg e 100mg.
Zodel® - comprimido revestido de liberação prolongada de 50mg e 100mg.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 19/12/2017.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não.Quanto custa o tratamento com Desvenlafaxina?
Considerando a dose recomendada em bula de 50 mg/dia o custo mensal estimado para o tratamento da depressão é de R$ 52,80. O custo mensal foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% dos medicamentos genéricos, segundo a ANVISA3.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar depressão?
Sim, as mesmas podem ser conferidas na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Amitriptilina Comprimido 25 mg
75 mgClomipramina Comprimido 10 mg
25 mgFluoxetina Cápsula ou Comprimido 20 mg Nortriptilina Cápsula 10 mg
25 mg
50 mg
75 mgO financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento1.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosa, conforme PCDT2.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Não. Até a presente data, não foi protocolada na CONITEC demanda para incorporação de desvenlafaxina para tratamento de qualquer condição clínica, seja pelo laboratório fabricante ou por qualquer outro demandante. Ressalta-se que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou a empresa produtora do medicamento, pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à CONITEC, desde que cumpra as exigências legais.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Em um estudo de comparação direta entre a desvenlafaxina e outros antidepressivos, a evidência disponível apontou que a desvenlafaxina pode não ser tão eficaz como outros agentes. Há necessidade de realização de outros estudos para conclusões definitivas sobre a eficácia da desvenlafaxina4.Referências bibliográficas
1Organização Mundial da Saúde. CID-10: Classificação Estatística Internacional de Doenças. Vol. 1. Edusp, 1994. Disponível em: http://www.datasus.gov.br/cid10/V2008/WebHelp/f30_f39.htm Acesso em: 22/12/2017.
2Pristiq®: desvenlafaxina. São Paulo: Wyeth Indústria Farmacêutica Ltda. Farm. Resp.: Edina S. M. Nakamura - CRF-SP nº. 9258. Bula de medicamento. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=29463752016&pIdAnexo=4376057 Acesso em: 22/12/2017.
3CMED - Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos da ANVISA. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 22/12/2017.
4LAOUTIDIS, Z. G.; KIOULOS, K. T. Desvenlafaxine for the acute treatment of depression: a systematic review and meta-analysis. Pharmacopsychiatry, v. 25, n. 06, p. 187-199, 2015. Disponível em: https://www.thieme-connect.com/products/ejournals/html/10.1055/s-0035-1555879 Acesso em: 22/12/2017. -
Dicloridrato de trimetazidina para angina estável :: Dezembro/2019
Data de elaboração: Dezembro/2019 Data de publicação: Dezembro/2019 O que é Angina Estável?
A angina do peito é principal manifestação clínica da insuficiência coronariana, se caracteriza por episódios transitórios de desconforto ou dor torácica na face anterior do tórax, geralmente retroesternal ou precordial, normalmente desencadeada pelo esforço físico. Na maioria das vezes o desconforto é descrito como um aperto, queimação, opressão, constrição ou mesmo dor, que pode irradiar para os braços, pescoço, mandíbula ou para a região posterior do tórax. A doença isquêmica cardíaca e as demais doenças cardiovasculares de origem aterosclerótica são consideradas um dos maiores problemas de saúde pública no Brasil e no mundo, sendo a principal causa de mortalidade e morbidade. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a incidência de doença aterosclerótica coronária na população deve aumentar nas próximas décadas em todo o mundo, devido ao crescente aumento da prevalência de fatores de risco, como envelhecimento populacional, obesidade e diabetes. A OMS estima que o número de mortes por doença aterosclerótica deve chegar a 11 milhões, em 2020. A principal causa de insuficiência coronariana é o desequilíbrio entre a oferta e o consumo de oxigênio pelo miocárdio em consequência da presença de placas ateroscleróticas, gerando a isquemia. A angina estável é uma condição clínica bem definida, porém com um prognóstico variável. Seu tratamento consiste em aliviar os sintomas, reduzir os eventos mórbidos, tratar as condições que promovam angina, modificar os fatores de risco e o estilo de vida. Quatro classes medicamentosas são amplamente utilizadas como agentes antianginosos para alívio dos sintomas: nitratos, beta-bloqueadores, bloqueadores do canal de cálcio e a trimetazidina.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Angina Estável?
Sim. O SUS oferece uma estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) de Síndromes Coronarianas Agudas1. Este documento inclui critérios de diagnóstico, de inclusão e exclusão, tratamento não medicamentoso e medicamentoso, monitorização da doença e regulação pelo gestor, dentro do SUS.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim2. O dicloridrato de trimetazidina é indicado para o tratamento da cardiopatia isquêmica e na insuficiência cardíaca de causa isquêmica em pacientes que utilizam outros medicamentos concomitantes para o tratamento desta doença.Possui genérico?
Sim. Além de genéricos, o dicloridrato de trimetazidina possui medicamentos similares, como demonstrado abaixo.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Vastarel® e Vastarel MR® - comprimido revestido e comprimido revestido de liberação prolongada de 35 mg em embalagens com 30 ou 60 comprimidos.Dicloridrato de trimetazidina (diversos fabricantes de medicamentos genéricos e similares) - comprimido revestido e comprimido revestido de liberação prolongada de 35 mg em embalagens com 8, 10, 20, 30, 50 ou 60 comprimidos.
*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 10/12/2019.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não. O dicloridrato de trimetazidina não consta na RENAME 20184.Quanto custa o tratamento com Dicloridrato de trimetazidina?
De acordo com a bula do medicamento, o regime terapêutico recomendado é um comprimido de 35 mg duas vezes ao dia. Assim, o custo estimado mensal foi de R$ 69,68, considerando o Preço Máximo de Venda ao Governo (PMVG) estabelecido pela ANVISA3 e a alíquota de 0% em relação ao ICMS do medicamento de referência.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Angina Estável?
Sim, de acordo com os critérios estabelecidos no PCDT de Síndromes Coronarianas Agudas1, são disponibilizados os medicamentos apresentados na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Ácido acetilsalicílico Comprimido 100 mg
500 mgAtenolol Comprimido 50 mg
100 mgCaptopril Comprimido 25 mg Carvedilol Comprimido 3,125 mg
6,25 mg
12,5 mg
25 mgClopidogrel Comprimido 75 mg Enalapril Comprimido 5 mg
10 mg
20 mgEspironolactona Comprimido 25 mg
100 mgLosartana Comprimido 50 mg Metoprolol Comprimido 25 mg
50 mg
100 mgMononitrato de isossorbida Comprimido 20 mg
40 mgPropranolol Comprimido 10 mg
40 mgVarfarina Comprimido 1 mg
5 mgO financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Não, até a presente data, não foi protocolada na Conitec demanda para analisar a incorporação no SUS do dicloridrato de trimetazidina para tratamento da angina estável, seja pelo laboratório fabricante ou por outros entes interessados5. Ressalta-se que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou a empresa (produtora da tecnologia ou não), pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à Conitec, desde que cumpra as exigências legais impostas pelo Decreto nº 7.646 de 2011. O Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas de Síndromes Coronarianas Agudas1, regulamentado por meio da Portaria SAS/MS nº 2.994 de 13/12/2011 não indica a referida tecnologia.O que a literatura científica relata sobre o uso dessa tecnologia para essa condição clínica?
Duas revisões sistemáticas avaliaram a eficácia e tolerância do dicloridrato de trimetazidina no tratamento de angina de peito estável. A revisão sistemática com meta-análise de Marzilli et al. (2003)6, que incluiu 8 estudos de ensaio clínico, demonstrou que, na análise agrupada, utilizando um modelo de efeito randomizado, a comparação entre a trimetazidina vs. placebo ou droga de referência, apresentou um OR sumarizado de 0,390 (IC 95% 0,079-0,7), p=0,013. Porém quando a análise foi realizada por subgrupos, nenhuma diferença estatisticamente significante foi encontrada quando o controle era outro agente antianginoso (p > 0,05). A trimetazidina reduziu significativamente o número de ataques semanais de angina, quando utilizado em associação com o tratamento convencional, mas não em monoterapia. A maioria dos estudos não avaliou os dados de tolerabilidade durante o período. Os oito estudos mencionaram alguns eventos adversos e somente um mencionou dois eventos adversos sérios, mas não relacionados ao medicamento estudado. Nenhum paciente foi retirado do estudo devido aos efeitos adversos relacionados à trimetazidina ou outro agente antianginoso. Os eventos adversos mais comumente relatados foram relacionados ao trato gastrointestinal (náusea, dores epigástricas, queimação gástrica, constipação e anorexia). Outros eventos incluíram dores de cabeça e câimbras musculares. O estudo de Hu et al. (2011)7 avaliou a fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE). De modo geral, a trimetazidina melhorou a FEVE quando todos os estudos foram analisados, com uma melhoria média de 6,88% (IC 95%: 5,50-8,25). De acordo com os dados apresentados, quando analisado os resultados que comparam a trimetazidina vs. placebo ou outros agentes antianginosos de forma agrupada, a trimetazidina foi mais eficaz no tratamento da angina de peito estável.Referências bibliográficas
1Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.994 de 13/12/2011. Aprova a Linha de Cuidado: Síndromes Coronarianas Agudas. Disponível em: http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2014/abril/02/pcdt-sindromes-coronarianas-agudas-2011.pdf Acesso em: 23/12/2019.
2Brasil. Ministério da Saúde. Anvisa. Consulta a medicamentos registrados. http://portal.anvisa.gov.br/consulta-produtos-registrados. Acesso em: 23/12/2019.
3Brasil. Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. http://portal.anvisa.gov.br/documents/374947/2829072/LISTA_CONFORMIDADE_GOV_2019-12-10.pdf/360106da-b97b-43d6-af3f-53df9e88a062. Acesso em 23/12/2019.
4Brasil. Ministério da Saúde. RENAME – Relação Nacional de Medicamentos Essenciais. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/medicamentos_rename.pdf. Acesso em: 23/12/2019.
5Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS. Tecnologias demandadas. Disponível em: http://conitec.gov.br/tecnologias-em-avaliacao. Acesso em: 18/11/2019.
6Marzilli M, Klein WW, M. M. Efficacy and tolerability of trimetazidine in stable angina: A meta-analysis of randomized, double blind, controlled trials. Coron Artery Dis [Internet]. 2003;14(2):171–9.
7Bo Hu, Wei Li, Tao Xu, Tao Chen JG. Evaluation of Trimetazidine in Angina Pectoris by Echocardiography and Radionuclide Angiography: A Meta-Analysis of Randomized, Controlled Trials. Clin Cardiol. 2011;34(6):395–400. -
Diosmina associada a hesperidina para insuficiência venosa crônica de membros inferiores :: Maio/2018
Data de elaboração: Maio/2018 Data de publicação: Maio/2018 O que é Insuficiência Venosa Crônica de Membros Inferiores - IVCMI?
A insuficiência venosa crônica dos membros inferiores (IVCMI) é a incapacidade de manutenção do equilíbrio entre o fluxo de sangue arterial que chega ao membro inferior e o fluxo venoso que retorna ao átrio direito no coração, decorrente da incompetência do sistema venoso superficial e/ou profundo. Esta incapacidade acarreta um regime de hipertensão venosa que crônica e tardiamente leva as alterações de pele e subcutâneo características da IVC. Cerca de 10 a 20% da população do mundo desenvolvido possui veias varicosas ou algum grau de insuficiência venosa superficial ou profunda dos membros inferiores. O pilar terapêutico da IVC é o tratamento clínico, que se baseia em medidas higieno-dietéticas e farmacológicas1. Do ponto de vista farmacológico, o tratamento da IVC visa aliviar as manifestações clínicas e evitar ou controlar as complicações2.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Insuficiência Venosa Crônica de Membros Inferiores - IVCMI?
Não existe um protocolo específico que trata do cuidado da doença no SUS. Contudo, de acordo com o Sistema de Gerenciamento da Tabela de Procedimentos, Medicamentos e OPM do SUS3 (SIGTAP), o SUS disponibiliza procedimentos clínicos; cirúrgicos; transplantes de órgãos, tecidos e células; órteses, próteses e materiais especiais para os pacientes diagnosticados com doença das veias e dos vasos linfáticos, de acordo com o CID-10 I80 a I89.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. A diosmina + hesperidina atua no sistema vascular, aumentando a velocidade de circulação do sangue nas veias, normalizando a permeabilidade capilar e reforçando a resistência capilar na microcirculação e aumentando a drenagem linfática. O medicamento tem seu uso aprovado na Agência nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) para tratamento das manifestações da Doença Venosa Crônica, funcional e orgânica dos membros inferiores, tais como: varizes e varicosidades, edema e sensação de peso nas pernas, estados pré- ulcerosos, úlceras varicosas e úlceras de estase4.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Diosmin ® - 450mg diosm. + 50mg hesper – comprimido (caixa com 30 e 60)
Diosmin SDU ® - 900mg diosm. + 100mg hesper – granulado (sachês de 5g - embalagens com 7, 15, 30 e 60 - sabores: (sabor laranja/limão; abacaxi)
Daflon® - 500mg (450mg diosm. + 50mg hesper) – comprimido (caixa com 30 e 60)
Daflon® - 1000mg (900mg diosm. + 100mg hesper) – comprimido (caixa com 30 e 60)
Flavonid ® - 450mg diosm. + 50mg hesper – comprimido (caixa com 30 e 60)
Perivasc ® - 450mg diosm. + 50mg hesper – comprimido (caixa com 10,30 e 60)
Venaflon ® - 450mg diosm. + 50mg hesper – comprimido (caixa com 30 e 60)
Venovaz ® - 450mg diosm. + 50mg hesper – comprimido (caixa com 30 e 60)
Variflux ® - 450mg diosm. + 50mg hesper – comprimido (caixa com 30 e 60)*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 09/04/2018.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não.Quanto custa o tratamento com Diosmina associada a hesperidina?
Considerando a dose recomendada em bula, de 500mg ou 1000mg, duas vezes ao dia, o custo mensal estimado para tratamento com diosmina + hesperidina é de R$ 80,79 e R$ 150,30 respectivamente. O custo foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% do medicamento de referência, segundo ANVISA5.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Insuficiência Venosa Crônica de Membros Inferiores - IVCMI?
O tratamento da doença venosa crônica é constituído por medidas gerais como a prática de exercícios regularmente, a orientação de se evitar períodos prolongados de ortostatismo, o combate à obesidade, medidas essas que visam reduzir a hipertensão venosa e prevenir a evolução da doença. O tratamento compressivo com o uso de meias elásticas de compressão graduada é a base do controle da hipertensão venosa em membros inferiores, tanto em caráter profilático quanto em caráter terapêutico.Apesar de não haver diretriz clínica específica para o IVCMI, o SUS disponibiliza os seguintes medicamentos para o tratamento de vasculopatias: ácido acetilsalicílico e varfarina. Estes são disponibilizados conforme apresentados na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Ácido acetilsalicílico Comprimido 100mg e 500mg Varfarina Comprimido 1mg e 5mg O financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento1.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosa, conforme PCDT2.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Não, até a presente data, não foi protocolada, na CONITEC, demanda para analisar a incorporação da diosmina + hesperidina para tratamento de insuficiência venosa crônica ou para outras condições clínicas, seja pelo laboratório fabricante ou por determinados demandantes. Ressalta-se que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou a empresa produtora do medicamento, pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à CONITEC, desde que cumpra as exigências legais.
Mais informações em: http://conitec.gov.br/faca-sua-proposta-de-incorporacaoO que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Belczaket al. (2014), em um ensaio clínico randomizado, avaliaram 136 pacientes com DVC que foram distribuídos aleatoriamente em quatro grupos: diosmina em combinação com hisperidina, aminaftona, cumarina em combinação com troxerrutina ou placebo. Em comparação com a linha de base, foram verificadas reduções mais frequentes de volume maior ou igual a 100 mL no exame de pletismografia6 no grupo diosmina e hesperidina do que em qualquer outro grupo sem, entretanto, apresentar significância estatística. Escores de qualidade de vida foram melhores no grupo aminaftona, seguido por diosmina associada à hisperidina, com significância estatística. Quando os grupos foram comparados entre si, não foram verificadas diferenças estatisticamente significantes do grupo diosmina associado à hisperidina em relação aos demais grupos, inclusive o grupo placebo, para os desfechos avaliados. Em análise aos resultados do estudo é possível concluir que diosmina associada à hisperidina não apresentou melhora significativa em termos de redução de volume e não foi associado com melhoria significativa na qualidade de vida, em comparação com o placebo. Portanto, o uso de diosmina associado com hisperidina não apresentou evidências satisfatórias neste estudo para proporcionar alívio dos sintomas em pacientes com DVC7.
Martinez-Zapata et al (2016) em uma revisão sistemática avaliaram o tratamento com flebotônicos. Foram incluídos 66 ensaios clínicos randomizados de flebotônicos orais, mas apenas 53 ensaios forneceram dados quantificáveis (envolvendo 6013 participantes, idade média de 50 anos) para a análise de eficácia: 28 para rutosídeos, 10 hidrosmina e diosmina, nove dobesilato de cálcio, dois centella asiática, dois aminaftona, dois extrato de casca de pinheiro bravo francês e um extrato de semente de uva. Evidência de qualidade moderada sugere a eficácia limitada de flebotônicos na redução do edema. Evidência de baixa qualidade indica que essas drogas não influenciam na cicatrização da úlcera. Alguns grupos específicos de flebotônicos foram eficazes para certos sintomas e sinais, como distúrbios tróficos, cólicas, inchaço das pernas inquietas, e parestesia, quando comparado com placebo. No entanto, dado o número limitado de estudos e a discordância em seus resultados, estes resultados são incertos. Estudos incluídos nesta revisão sistemática forneceram apenas dados de segurança em curto prazo. Portanto, a médio e longo prazo a segurança dos flebotônicos não pode ser estimada. Novos ensaios clínicos randomizados de alta qualidade focados em resultados clinicamente importantes são necessárias para melhorar a base das evidências 8(10).Referências bibliográficas
1Callam MJ. Epidemiology of Varicose Veins. Br J Surg 1994;81(2):1671-73.
2Fortuny JG, Ramón JB. Venofarmacos en el tratamiento de la insuficiencia venosa cronica. Flebolinfologia 1994;4:4 -7
3http://sigtap.datasus.gov.br/tabela-unificada/app/sec/inicio.jsp
4DIOSMINA + HESPERIDINA. DIOSMIN. Bula de medicamento. Aché Laboratórios Farmacêuticos S.A.Farm. Resp.: Gabriela Mallmann. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=3183582015&pIdAnexo=2565633 Acesso em 24/04/2018.
5Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 26/04/2018.
6É um exame auxiliar importante para detectar insuficiência venosa e parte do princípio de que o volume de um membro varia proporcionalmente com a variação do volume sanguíneo em seu interior.
7Belczak SQ, Sincos IR, Campos W, Beserra J, Nering G, Aun R. Veno-active drugs for chronic venous disease: A randomized, double-blind, placebo-controlled parallel-design trial. Phlebology. 2014 Aug;29(7):454-60. doi: 10.1177/0268355513489550. Epub 2013 May 16. PubMed PMID: 23761871.
8Martinez-Zapata MJ, Vernooij RWM, Uriona Tuma SM, Stein AT, Moreno RM, Vargas E, Capellà D, Bonfill Cosp X. Phlebotonics for venous insufficiency. Cochrane Database of Systematic Reviews 2016, Issue 4. Art. Nº.: CD003229. DOI: 10.1002/14651858.CD003229.pub3. -
Divalproato de sódio para epilepsia :: Setembro/2020
Data de elaboração: Setembro/2020 Data de publicação: Setembro/2020 O que é epilepsia?
A epilepsia é um distúrbio neurológico que afeta cerca de 70 milhões de pessoas em o todo mundo(1), 0,5% a 1,0% da população. A doença se caracteriza por uma predisposição permanente do cérebro em originar crises epilépticas e pelas consequências neurobiológicas, cognitivas, psicológicas e sociais destas crises2. As crises epilépticas são divididas em focais, generalizadas ou desconhecidas3. As manifestações clínicas das crises epilépticas focais iniciam-se de forma localizada numa área específica do cérebro. Os aspectos fundamentais no diagnóstico são: alteração ou não da consciência durante a crise (percepção dos eventos por parte do paciente) e tipo de manifestação da crise (motoras e não motoras). Quando motoras, as crises focais são representadas pelos automatismos, crises atônicas, crises clônicas, espasmos epilépticos, crises hipercinéticas, crises mioclônicas e crises tônicas; quando não motoras são as crises autonômicas, parada comportamental, cognitivas, emocionais e sensoriais. Entretanto, uma crise focal, quando propagada para todo o córtex cerebral, pode terminar numa crise tônico-clônica generalizada, sendo então denominada crise focal com evolução para crise tônico-clônica bilateral2. As crises generalizadas têm origem em algum ponto da rede neural que é capaz de recrutar rapidamente outras redes neurais bilaterais, sendo apresentadas no eletroencefalográfico (EEG)3. As crises de início generalizado são subdivididas em motoras (tônico-clônicas, clônicas, tônicas, mioclônicas, mioclônico-tônico-clônicas, mioclônico-atônicas, atônicas, espasmos epilépticos) e não motoras, as clássicas crises de ausência, que se subdividem ainda em típicas, atípicas, mioclônicas e ausências com mioclonias palpebrais2. As crises de origem desconhecida são situações nas quais o clínico é incapaz de determinar se o tipo de epilepsia é focal ou generalizada porque há pouca informação disponível. Podem ser motoras (espasmos epilépticos, crises tônico-clônicas) ou não motoras (parada comportamental)3. A epilepsia está associada a uma maior mortalidade (risco de acidentes e traumas, crises prolongadas e morte súbita), a um risco aumentado de comorbidades psiquiátricas (sobretudo depressão e ansiedade) e também a inúmeros problemas psicossociais (perda da carteira de habilitação, desemprego, isolamento social, efeitos adversos dos fármacos, disfunção sexual e estigma social)2.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar epilepsia?
Sim. O SUS oferece estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Epilepsia. Este documento inclui critérios de diagnóstico, de inclusão e exclusão, tratamento não medicamentoso e medicamentoso, monitorização da doença e regulação, controle e avaliação pelo gestor, dentro do SUS2.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O divalproato de sódio foi registrado na Anvisa em setembro de 1995, sob o nome comercial Depakote®. A indicação apresentada em bula é para o tratamento de: 1. Mania: episódios de mania agudos ou mistos associados com transtornos afetivos bipolares; 2. Epilepsia: como monoterápico ou como terapia adjuvante ao tratamento de pacientes adultos e crianças acima de 10 anos com crises parciais complexas, que ocorrem tanto de forma isolada ou em associação com outros tipos de crises. Como monoterápico ou como terapia adjuvante no tratamento de quadros de ausência simples e complexa em pacientes adultos e crianças acima de 10 anos. E como terapia adjuvante em pacientes adultos e crianças acima de 10 anos com crises de múltiplos tipos, que inclui crises de ausência. 3. Profilaxia da migrânea (enxaqueca) emd aultos4.Possui genérico?
Sim5.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Depakote - 125 mg cápsula gelatinosa mole
Depakote - 250 e 500 mg comprimido revestido
Depakote - 250 e 500 mg comprimido revestido de liberação prolongada
Devaly LP - 250 e 500 mg comprimido revestido de liberação prolongada
Divalcon - 125 mg cápsula gelatinosa mole
Divalcon - 250 e 500 mg comprimido revestido
Divalcon - 250 e 500 mg comprimido revestido de liberação prolongada
Divalproato de sódio** - 125 mg cápsula gelatinosa mole
Divalproato de sódio** - 250 mg comprimido revestido
Divalproato de sódio** - 250 e 500 mg comprimido revestido de liberação prolongada
Diztabex - 250 e 500 mg comprimido revestido
Valpi - 500 mg comprimido revestido de liberação prolongada
Zyvalprex - 250 e 500 mg comprimido revestido** Diversos fabricantes de medicamento genérico.
*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED5 de 03/09/2020.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não, de acordo com consulta realizada à Rename6, em 24/09/2020.Quanto custa o tratamento com Divalproato de sódio?
Visto que existem diversos registros referentes ao divalproato de sódio na Anvisa, devido ao fato do fármaco ter medicamento de referência, genéricos, similares de várias marcas e produtores e apresentações diferentes, foi calculado o valor do tratamento com o medicamento de referência Depakote® – 125 mg cápsula gelatinosa. Considerando a dose inicial recomendada em bula para epilepsia 10 mg/kg/dia e a dose máxima de 60 mg/kg/dia, uma paciente com peso de 60kg deve tomar, inicialmente, 600 mg/dia (correspondendo a 5 cápsulas de 125 mg) e a dose máxima de 3.600mg/dia (correspondendo a 29 cápsulas de 125mg), o custo mensal inicial estimado para tratamento com o medicamento pode variar de R$ 127,55 a R$ 739,79. O valor foi calculado considerando-se o Preço Fábrica (PF) e a alíquota de 18% em relação ao ICMS do medicamento de referência, segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED/Anvisa5, pois esse medicamento não consta na lista de isenção de ICMS ou com aplicação do desconto CAP.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar epilepsia?
Sim, de acordo com o PCDT da epilepsia2, são disponibilizados os medicamentos apresentados na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Ácido valproico (valproato de sódio) Comprimido ou cápsula
Comprimido
Solução e xarope250 mg
500 mg
50 mg/mLCarbamazepina Comprimido
Suspensão oral200 e 400 mg
20 mg/mLClobazam Comprimido 10 e 20 mg Clonazepan Solução oral 2,5 mg/mL Etossuximida Xarope 50 mg/mL Fenitoína Comprimido
Suspensão oral100 mg
20 mg/mLFenobarbital Comprimido
Suspensão oral100 mg
40 mg/mLGabapentina Cápsula 300 e 400 mg Lamotrigina Comprimido 25, 50 e 100 mg Levetiracetam Comprimido
Solução oral250 e 750 mg
100 mg/mLPrimidona Comprimido 100 e 250 mg Topiramato Comprimido 25, 50, 100 mg Vigabatrina Comprimido 500 mg O financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por um ou mais dos três entes federativos (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosas, conforme PCDT.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Não, em consulta pública realizada em setembro de 2020, não foi identificada solicitação de incorporação do divalproato de sódio para tratamento de epilepsia ou para outras condições clínicas no SUS, seja pelo laboratório fabricante ou por outros entes interessados. Ressalta-se que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou a empresa (produtora da tecnologia ou não), pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à Conitec, desde que cumpra as exigências legais impostas pelo Decreto nº 7.646 de 2011.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Ressalta-se que não há diferenças em termos de eficácia e segurança entre as formas dos medicamentos ácido valpróico (medicamento disponibilizado pelo SUS na forma isolada de liberação imediata) e o divalproato de sódio (combinação estável de valproato de sódio e ácido valpróico de liberação prolongada). Essa combinação de substâncias, bem como o ácido valpróico, convertem-se in vivo em ânion valproato. Ou seja, não há diferenças em termos de eficácia entre os medicamentos, a não ser sobre a cinética no organismo (tempo de absorção, disponibilidade, dose e posologia)2,7,8.
Em uma revisão sistemática e metanálise de redes1, publicada em 2018, os autores compararam a eficácia dos medicamentos antiepilépticos (AED) disponíveis para tratamento de monoterapia de crises epilépticas generalizadas e também compararam todos os medicamentos antiepilépticos com valproato de sódio, que é o atual tratamento de primeira linha para epilepsia generalizada. Foram selecionados 16 ensaios clínicos randomizados, sendo o mais antigo de 1983 e o mais recente de 2013, totalizando 4.702 pacientes com crises epilépticas generalizadas. Os autores avaliaram a eficácia a partir de dois desfechos: livre de convulsões e retirada por ineficácia terapêutica. Sete artigos9–15, incluídos na revisão sistemática, publicaram estudos sobre a eficácia de valproato de sódio (VPA), lamotrigina (LTG), fenitoína (PHT), carbamazepina (CBZ), topiramato (TPM), levetiracetam (LEV) e fenobarbital (PB) no tratamento de convulsões tônico-clônicas generalizadas, tônicas e clônicas. Na metanálise de redes, para o desfecho livre de convulsões, a fenitoína demonstrou ser inferior ao valproato de sódio [OR 0,50 (IC95% 0,27 a 0,87)], em relação aos demais medicamentos não houve diferença estatisticamente significante. Em relação ao desfecho retirada por ineficácia terapêutica, não foi observada diferença no risco do paciente de se tornar livre de crises ou interromper o tratamento devido à ineficácia terapêutica (falta de efeito e / ou agravamento das crises) entre VPA, CBZ, LTG, LEV, PB e TPM. Esses medicamentos são eficazes e amplamente utilizados na prática clínica, porém, quando classificados, VPA, LTG, LEV e TPM se destacaram como as melhores opções. Em relação ao tratamento das crises de ausência, três estudos16-18, da revisão sistemática, compararam valproato de sódio (VPA), etossuximida (ESM) e lamotrigina (LTG). A metanálise de rede sugere que não há diferença na eficácia do LTG ou ESM quando comparado ao VPA. No entanto, a classificação indicou ESM (52%) e VPA (47%) são mais prováveis do que LTG (37%) para manter o paciente livre de convulsões [OR 0,31 (IC95% 0,11 a 0,91)]. Não houve diferença estatisticamente significante no desfecho retirada por ineficácia terapêutica.Referências bibliográficas
1 Campos MS de A, Ayres LR, Morelo MRS, Carizio FAM, Pereira LRL. Comparative efficacy of antiepileptic drugs for patients with generalized epileptic seizures: systematic review and network meta-analyses. Int J Clin Pharm [Internet]. 2018;40(3):589–98. [acesso em 24 set 2020] Disponível em: https://doi.org/10.1007/s11096-018-0641-9.
2 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Epilepsia [Internet]. Portaria Conjunta SAS/SCTIE no 17-27/06/2018 2018. [acesso em 24 set 2020] Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Protocolos/PCDT_Epilepisia_2019.pdf.
3 International League Against Epilepsy. Operational classification of seizure types by the International League Against Epilepsy [Internet]. 2017. [acesso em 24 set 2020] Disponível em: https://www.ilae.org/files/ilaeGuideline/ClassificationEpilepsies-Scheffer2017-Brazil.pdf.
4 Depakote [Bula]. Abbott Laboratórios do Brasil Ltda.
5 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Medicamentos. Câmera de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED). Listas de Preços de Medicamentos [Internet]. [acesso em 24 set 2020] Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos.
6 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais [Internet]. Ministério da Saúde, editor. Brasília; 2020. 217 p. [acesso em 24 set 2020] Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Rename-2020-final.pdf.
7 Brasil. Conselho Federal de Farmácia. Série de dúvidas originadas de profissionais. Bol Farmacoter. 2013;jan-fev-ma:20–3.
8 Schwartz TL, Massa JL, Gupta S, Al-Samarrai S, Devitt P, Masand PS. Divalproex Sodium Versus Valproic Acid in Hospital Treatment of Psychotic Disorders. Prim Care Companion J Clin Psychiatry [Internet]. 2000 Apr;2(2):45–8. [acesso em 24 set 2020] Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/15014582.
9 Brodie MJ, Richens A, Yuen AWC, UK Lamotrigine/Carbamazepine Monotherapy Trial Group. Double-blind comparison of lamotrigine and carbamazepine in newly diagnosed epilepsy. Lancet [Internet]. 1995;345(8948):476–9. [acesso em 24 set 2020] Disponível em: http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0140673695905812.
10 Marson AG, Al-Kharusi AM, Alwaidh M, Appleton R, Baker GA, Chadwick DW, et al. The SANAD study of effectiveness of valproate, lamotrigine, or topiramate for generalised and unclassifiable epilepsy: an unblinded randomised controlled trial. Lancet [Internet]. 2007 Mar 24;369(9566):1016–26. [acesso em 24 set 2020] Disponível em: https://doi.org/10.1016/S0140-6736(07)60461-9.
11 Richens A, Davidson DL, Cartlidge NE, Easter DJ. A multicentre comparative trial of sodium valproate and carbamazepine in adult onset epilepsy. Adult EPITEG Collaborative Group. J Neurol Neurosurg & Psychiatry [Internet]. 1994 Jun 1;57(6):682 LP – 687. [acesso em 24 set 2020] Disponível em: http://jnnp.bmj.com/content/57/6/682.abstract.
12 Steiner TJ, Dellaportas CI, Findley LJ, Gross M, Gibberd FB, Perkin GD, et al. Lamotrigine Monotherapy in Newly Diagnosed Untreated Epilepsy: A Double-Blind Comparison with Phenytoin. Epilepsia [Internet]. 1999;40(5):601–7. [acesso em 24 set 2020] Disponível em: https://doi.org/10.1111/j.1528-1157.1999.tb05562.x.
13 Thilothammal N, Banu K, Ratnam RS. Comparison of phenobarbitone, phenytoin with sodium valproate: randomized, double-blind study. Indian Pediatr. 1996 Jul;33(7):549–55.
14 Turnbull DM, Howel D, Rawlins MD, Chadwick DW. Which drug for the adult epileptic patient: phenytoin or valproate? BMJ [Internet]. 1985;290(6471):815–9. [acesso em 24 set 2020] Disponível em: https://www.bmj.com/content/290/6471/815.
15 Wilder BJ, Ramsay RE, Murphy J V, Karas BJ, Marquardt K, Hammond EJ. Comparison of valproic acid and phenytoin in newly diagnosed tonic‐clonic seizures. Neurology [Internet]. 1983 Nov 1;33(11):1474 LP – 1474. [acesso em 24 set 2020] Disponível em: http://n.neurology.org/content/33/11/1474.abstract.
16 Callaghan N, O’Hare J, O’Driscoll D, O’Neill B, Daly M. Comparative study of ethosuximide and sodium valproate in the treatment of typical absence seizures (petit mal). Dev Med Child Neurol. 1982 Dec;24(6):830–6.
17 Coppola G, Auricchio G, Federico R, Carotenuto M, Pascotto A. Lamotrigine versus valproic acid as first-line monotherapy in newly diagnosed typical absence seizures: an open-label, randomized, parallel-group study. Epilepsia. 2004 Sep;45(9):1049–53.
18 Glauser TA, Cnaan A, Shinnar S, Hirtz DG, Dlugos D, Masur D, et al. Ethosuximide, valproic acid, and lamotrigine in childhood absence epilepsy: initial monotherapy outcomes at 12 months. Epilepsia. 2013 Jan;54(1):141–55. -
Duloxetina para depressão :: Dezembro/2017
Data de elaboração: Dezembro/2017 Data de publicação: Dezembro/2017 O que é depressão?
A depressão é uma doença caracterizada por episódios de alterações do humor, como tristeza, incapacidade de sentir prazer nas atividades diárias, irritabilidade, e também se relaciona com problemas do sono, diminuição de apetite e energia reduzida. Pode ser classificada em três graus: leve, moderado e grave1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar depressão?
Sim, a estratégia de cuidado ao paciente portador de depressão pode ser consultada no Caderno de Atenção Básica – Saúde Mental2.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. A duloxetina possui indicação em bula para o tratamento da depressão, transtorno depressivo maior, dor neuropática periférica diabética, fibromialgia, dor crônica e transtorno de ansiedade generalizada3.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Cymbalta® – cápsulas de liberação retardada de 30mg e 60mg
Cymbi® - cápsulas de liberação retardada de 30mg e 60mg
Dulorgran® - cápsulas de liberação retardada de 30mg e 60mg
Neulox® - cápsulas de liberação retardada de 30mg e 60mg
Velija® - cápsulas de liberação retardada de 30mg e 60mg*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 19/12/2017.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não, a duloxetina não consta na RENAME.Quanto custa o tratamento com Duloxetina?
Considerando a dose recomendada em bula de 60 mg/dia, o custo mensal estimado para o tratamento da depressão é de R$ 155,404.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar depressão?
Sim, podem ser conferidas abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Amitriptilina Comprimido 25 mg
75 mgClomipramina Comprimido 10 mg
25 mgFluoxetina Cápsula ou Compromido 20 mg Nortriptilina Cápsula 10 mg
25 mg
50 mg
75 mgO financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento1.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosa, conforme PCDT2.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Até a presente data, não foi protocolada na CONITEC demanda solicitando a incorporação de duloxetina para tratamento de qualquer condição clínica, seja pelo laboratório fabricante ou por qualquer outro demandante. Qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde, sociedade médica ou a empresa produtora da tecnologia, pode solicitar à CONITEC a avaliação da sua incorporação no SUS, desde que cumpra as exigências legais.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Revisão sistemática Cochrane avaliou a eficácia, aceitabilidade e tolerância da duloxetina em comparação com outros agentes antidepressivos. Os autores apontam que a duloxetina não parece apresentar vantagens em termos de eficácia em relação a outros agentes no tratamento da depressão maior aguda. Não foram encontradas de diferenças em termos de eficácia, embora a duloxetina tenha apresentado piores resultados em termos de aceitabilidade e tolerabilidade em comparação com alguns inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) e antidepressivos mais novos, como a venlafaxina5.Referências bibliográficas
1Organização Mundial da Saúde. CID-10: Classificação Estatística Internacional de Doenças. Vol. 1. Edusp, 1994. Disponível em: http://www.datasus.gov.br/cid10/V2008/WebHelp/f30_f39.htm Acesso em: 21/12/2017.
2BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde mental. Cadernos de Atenção Básica, n. 34. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. Disponível em http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/caderno_34.pdf . Acesso em: 21/12/2017.
3Cloridrato de duloxetina. Hortolândia: EMS S/A. Farm. Resp.: Dr. Ronoel Caza de Dio - CRF - SP nº 19.710. Bula de remédio. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=15089502016&pIdAnexo=3280372 Acesso em: 21/12/2017.
4O custo foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% dos medicamentos genéricos, segundo Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED / ANVISA. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 21/12/2017.
5CIPRIANI, Andrea et al. Duloxetine versus other anti‐depressive agents for depression. The Cochrane Library, 2012. Disponível em:http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/14651858.CD006533.pub2/abstract;jsessionid=C8F463698AD626EDDEF6D5D589A40549.f02t04 Acesso em: 21/12/2017. -
Eculizumabe para hemoglobinúria paroxística noturna :: Novembro/2019
Data de elaboração: Novembro/2019 Data de publicação: Novembro/2019 O que é Hemoglobinúria paroxística noturna?
A hemoglobinúria paroxística noturna (HPN) é uma doença rara, com incidência anual estimada de 1,3 novos casos por um milhão de indivíduos. Há pouca informação epidemiológica sobre esta doença, não apenas por sua raridade, mas também pela dificuldade de seu diagnóstico. A HPN clínica pode ocorrer em qualquer idade, mas a maioria dos pacientes é diagnosticado entre a terceira e a quinta décadas de vida. Afeta homens e mulheres na mesma proporção, sem relação hereditária comprovada1. Tal doença é derivada de mutações genéticas que levam à deficiência na síntese de proteínas celulares. Nestes pacientes, os glóbulos vermelhos são destruídos, levando à anemia hemolítica crônica, pancitopenia e trombose venosa. Os sinais clínicos mais comuns da doença envolvem fadiga, dispneia, hemoglobinúria e insuficiência renal crônica, entretanto, trombose visceral, hipertensão pulmonar, eventos cerebrovasculares e embolia pulmonar também podem estar presentes. Os pacientes apresentam déficits gastrointestinais, cardiovasculares, pulmonares, cerebrais e urogenitais. A doença tromboembólica ocorre em aproximadamente metade dos pacientes e é considerada uma causa comum de morte.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Hemoglobinúria paroxística noturna?
Sim. O SUS oferece uma estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da hemoglobinúria paroxística noturna. (http://conitec.gov.br/images/Protocolos/PCDT_HPN.pdf)1.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O eculizumabe possui registro na Anvisa e indicação em bula para terapia de reposição enzimática para o tratamento da síndrome hemolítico-urêmico atípica e hemoglobinúria paroxística noturna2.Possui genérico?
Não.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Soliris® 300 mg, embalagem com um frasco-ampola contendo 30 ml de solução estéril para diluição para infusão intravenosa.
*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 10/12/20193 e bula eletrônica da Anvisa2.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 10/12/2019.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Sim. Eculizumabe encontrar-se disponível na RENAME 2020 como parte do componente especializado4.Quanto custa o tratamento com Eculizumabe?
Considerando-se a posologia do esquema terapêutico descrito em bula2 para pacientes com mais de 40kg de peso corporal: uma fase inicial de 4 semanas (600 mg uma vez na semana), seguida por uma fase de manutenção (900 mg administrado na quinta semana e depois a cada 2 semanas), totalizando um total de 74 frascos/ano. Sendo assim, o custo estimado do tratamento mensal com eculizumabe para HPN foi de R$88.448,50.O custo foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% do medicamento de referência, segundo a ANVISA3.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Hemoglobinúria paroxística noturna?
Sim. O Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Hemoglobinúria Paroxística Noturna orienta o cuidado da doença. No entanto, cabe ressaltar que o único tratamento curativo da HPN ainda é o transplante de células-tronco hematopoéticas alogênico. Fora o transplante, o tratamento da HPN é principalmente sintomático, com o uso de medidas medicamentosas e não medicamentosas. O tratamento é instituído de acordo com as manifestações clínicas da doença, e há várias alternativas terapêuticas não curativas que podem reduzir as complicações da HPN: corticoides, androgênios, transfusão sanguínea, imunossupressores (globulina antilinfocitária e ciclosporina), anticoagulantes e eculizumabe1.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, a Conitec avaliou o eculizumabe para o tratamento da hemoglobinúria paroxística noturna5.
Os membros do plenário da Comissão, presentes na 73ª reunião ordinária, realizada no dia 06 de dezembro de 2018, recomendaram, por unanimidade, a incorporação no SUS do eculizumabe para tratamento restrito de pacientes com hemoglobinúria paroxística noturna hemolítica com alta atividade da doença, desde que cumpridos os critérios do Protocolo de uso do eculizumabe estabelecido pelo Ministério da Saúde. A decisão de incorporação foi dada por meio da Portaria nº 77, publicada no DOU nº 241, seção 1, página 75, em 17 de dezembro de 20186.
Mais informações em: http://conitec.gov.brO que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
A revisão sistemática conduzida por Marti-Carvajal et al. (2014)7 detectou uma ausência de evidência de benefício do uso do eculizumabe em comparação com o placebo para o tratamento da HPN, em termos de sobrevivência global, eventos tromboembólicos não fatais, transformação da doença para síndrome mielodisplásica e leucemia mielogênica aguda e desenvolvimento ou recorrência de anemia aplásica. Ensaio clínico randomizado8, fase III, controlado por placebo, duplo-cego, multicêntrico, com o objetivo de avaliar se o eculizumabe estabiliza os níveis de hemoglobina e reduz a necessidade de transfusão de 87 pacientes dependentes de transfusão durante seis meses de tratamento, além de avaliar a hemólise intravascular e a qualidade de vida. Como resultado, observou-se uma redução imediata e sustentada nos níveis de Lactato Desidrogenase (LDH) como efeito do eculizumabe na hemólise intravascular crônica. No grupo eculizumabe, o nível médio de LDH diminuiu de 2.199,7 ± 157,7 u/l (na linha de base) para 327,3 ± 67,6 u/l após 26 semanas de tratamento (p-valor<0.001). Os dois principais desfechos de eficácia foram a estabilização dos níveis de hemoglobina e o número de bolsas de hemácias transfundidas. No final do período de tratamento, 49% dos pacientes no grupo eculizumabe apresentaram níveis de hemoglobina que permaneceram acima do limite superior, mesmo na ausência de transfusões, enquanto no grupo placebo não houve estabilização dos níveis de hemoglobina em nenhum paciente (p-valor <0,001). Os níveis médios de hemoglobina mudaram de 10,0 ± 0,2 g/dL na linha de base para 10,1 ± 0,2 g/dL após 26 semanas no grupo eculizumabe e de 9,7 ± 0,2 g/dL na linha de base para 8,9 ± 0,2 g/dL no placebo (p-valor <0,001 por análise de modelo misto). Na semana 26, a mediana do número de bolsas de hemácias transfundidas por paciente foi 0,0 no grupo eculizumabe e 10 no grupo placebo (p-valor <0,001), com média de 3.0±0.7 e 11.0±0.8 bolsas, respectivamente. Os pacientes do grupo eculizumabe apresentaram melhora da qualidade de vida, expressa por aumento nos escores do instrumento FACIT-Fadiga (aumento de 6,4 ± 1,2 pontos da linha de base para a semana 26; no grupo placebo houve diminuição de 4,0 ± 1,7 pontos durante este período, p-valor<0,001). Com relação à segurança, nenhum paciente morreu durante o estudo, mas foram notificados eventos adversos (EA) graves em 13 pacientes, sendo quatro do grupo eculizumabe e nove do grupo placebo.Referências bibliográficas
1Brasil. Ministério da Saúde. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas Hemoglobinúria Paroxística Noturna (novembro de 2019). http://conitec.gov.br/images/Protocolos/PCDT_HPN.pdf Acesso em: 09/12/2019.
2Brasil. Ministério da Saúde. Anvisa. Bulário eletrônico. http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp. Acesso em: 09/12/2019.
3Brasil. Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. http://portal.anvisa.gov.br/documents/374947/2829072/LISTA_CONFORMIDADE_GOV_2019-12-10.pdf/360106da-b97b-43d6-af3f-53df9e88a062. Acesso em 12/12/2019.
4Brasil. Ministério da Saúde. RENAME – Relação Nacional de Medicamentos Essenciais. Disponível em: http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2019/dezembro/11/Rename-2020.pdf. Acesso em: 12/12/2019.
5BRASIL. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias do SUS – CONITEC. Eculizumabe para o tratamento da Hemoglobinúria Paroxistica Noturna Relatório de Recomendação Nº413, dezembro de 2018. Disponível em http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2018/Relatorio_Eculizumabe_HPN.pdf Acesso em: 12/12/2019.
6Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Portaria nº 77, de 14 de dezembro de 2018. Diário Oficial da União. 2018 dez 17; nº 241, Seção 1, p. 76. Acesso em: 26/12/2019. Disponível em:
http://conitec.gov.br/images/Relatorios/Portaria/2018/PortariasSCTIE_75a81_2018.pdf
7Martí-Carvajal, Arturo J et al. Eculizumab for treating patients with paroxysmal nocturnal hemoglobinuria. Cochrane Database Of Systematic Reviews, [s.l.], p.1-55, 30 out. 2014. Wiley-Blackwell. http://dx.doi.org/10.1002/14651858.cd010340.pub2.
8Hillmen, P. et al. The complement inhibitor eculizumab in paroxysmal nocturnal hemoglobinuria. N Engl J Med. 2006; 355(12):1233-43. -
Edaravone para Esclerose Lateral Amiotrófica :: Julho/2019
Data de elaboração: Junho/2019 Data de publicação: Julho/2019 O que é Esclerose Lateral Amiotrófica?
A Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) é um distúrbio progressivo que envolve a degeneração do sistema motor em vários níveis: bulbar, cervical, torácico e lombar1. Trata-se de uma das principais doenças neurodegenerativas ao lado das doenças de Parkinson e Alzheimer, que apresenta uma incidência entre 0,6 e 2,6 por 100.000 habitantes2,3 , e é mais prevalente nos pacientes entre 55 e 75 anos de idade4.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Esclerose Lateral Amiotrófica?
Sim. O SUS oferece uma estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Esclerose Lateral Amiotrófica. Este documento inclui critérios de diagnóstico, de inclusão e exclusão, tratamento não medicamentoso e medicamentoso, monitorização da doença e regulação pelo gestor, dentro do SUS5.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Não. O medicamento edaravone não possui registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA)6.Possui genérico?
Não6.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
No momento, o edaravone não é comercializado no Brasil. Assim, não possui marcas disponíveis no mercado brasileiro6.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 17/06/2019.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não7.Quanto custa o tratamento com Edaravone?
Tendo em vista que este medicamento não possui registro ativo na ANVISA, não está precificado pela CMED8.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Esclerose Lateral Amiotrófica?
Sim. É disponibilizado o medicamento apresentado na tabela abaixo5:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Riluzol Comprimido 50 mg *Financiamento realizado pelos três entes federativos, mas em geral, o fornecimento dos medicamentos é realizado na rede básica de saúde sob a responsabilidade da Secretaria de Saúde do Município.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Não. Até a presente data, não foi protocolada na CONITEC proposta de incorporação do edaravone para tratamento de Esclerose Lateral Amiotrófica ou para outras condições clínicas, feita pelo laboratório fabricante ou por outros entes interessados9. Ressalta-se que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou a empresa produtora do medicamento, pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à CONITEC, desde que cumpra as exigências legais.Mais informações em: http://conitec.gov.br/faca-sua-proposta-de-incorporacao
O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Uma Revisão Sistemática (RS) com meta-análise avaliou a eficácia e segurança de edaravone no tratamento de ELA. Foram analisados os dados de 367 pacientes japoneses (183 receberam edaravona, e 184 utilizaram placebo) provenientes de três ensaios clínicos randomizados, conduzidos em 24 semanas. Nos estudos, foi encontrada uma diferença no escore ALSFRS-R entre os grupos na 24ª semana (diferença de médias [MD] = 1,63, IC de 95% 0,26–3,00, p-valor = 0,02) e não foram encontradas diferenças na frequência de eventos adversos (OR = 1,22, IC 95% 0,68–2,19, p-valor =0,50) ou de eventos adversos graves (OR = 0,71, IC 95% 0,43–1,19, p-valor =0,20). Dessa forma, concluiu-se que a edaravona intravenosa é eficaz em pacientes com esclerose lateral amiotrófica, sem efeitos adversos graves. Porém, serão necessários ensaios clínicos randomizados adicionais confiáveis, com amostras maiores, para avaliar melhor a eficácia e a segurança da edaravona na ELA10.Referências bibliográficas
1Mitchell JD, Borasio GD. Amyotrophic lateral sclerosis. Lancet. 2007;369(9578):2031-41.
2Chancellor AM, Warlow CP. Adult onset motor neuron disease: worldwide mortality, incidence and distribution since 1950. J Neurol Neurosurg Psychiatry. 1992;55(12):1106-15.
3Cronin S, Hardiman O, Traynor BJ. Ethnic variation in the incidence of ALS: a systematic review. Neurology. 2007;68(13):1002-7.
4Phukan J, Hardiman O. The management of amyotrophic lateral sclerosis. J Neurol. 2009;256(2):176-86.
5Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Portaria nº 1151, de 11 de novembro de 2015. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Esclerose Lateral Amiotrófica. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Protocolos/PCDT_ELA.pdf Acesso em: 17/06/2019.
6Brasil. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Consultas. Disponível em: https://consultas.anvisa.gov.br/#/ Acesso em: 17/06/2019.
7Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2018 – Brasília: Ministério da Saúde, 2018. Disponível em: http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2018/dezembro/17/170407M2018final.pdf. Acesso em: 17/06/2019.
8Brasil. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 17/06/2019.
9Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS. Tecnologias demandadas. Disponível em: http://conitec.gov.br/tecnologias-em-avaliacao. Acesso em: 17/06/2019.
10Luo L, Song Z, Li X, Huiwang, Zeng Y, Qinwang, Meiqi, He J. Efficacy and safety of edaravone in treatment of amyotrophic lateral sclerosis-a systematic review and meta-analysis. Neurol Sci. 2019 Feb;40(2):235-241. -
Eltrombopague Olamina para Anemia Aplástica Grave :: Janeiro/2023
Data de elaboração: Janeiro/2023 Data de publicação: Fevereiro/2023 O que é a Anemia Aplástica Grave?
A Anemia Aplástica (AA) é uma doença rara, caracterizada por uma diminuição das células progenitoras hematopoéticas na medula óssea, hipocelularidade da medula óssea e pancitopenia no sangue periférico. O quadro clínico e anatomopatológico final de pancitopenia e uma medula óssea aplástica é o cenário final que pode ser desencadeado por etiologias diversas, incluindo: 1) imune, pela destruição da Célula-Tronco e Progenitora Hematopoética (CTPH) por linfócitos T citotóxicos patogênicos; 2) herdada: por defeito nas vias de reparo do DNA (anemia de Fanconi), falha na manutenção do telômero (telomeropatias) e alteração no controle transcricional (síndrome da deficiência de GATA2); 3) iatrogênica, por dano direto à CTPH por quimioterapia ou radioterapia. A apresentação clínica da AA é variável, desde citopenias graves, necessitando de intervenções urgentes até citopenias discretas, não necessitando de tratamento específico. A maioria dos casos de AA é adquirida, sendo as formas hereditárias mais raras. As telomeropatias, anemia de Fanconi, síndrome de Blackfan-Diamond são exemplos de falência medular herdada1.Para o diagnóstico de anemia aplástica é necessária a presença de pelo menos duas citopenias Hb < 10 g/dL, neutrófilos < 1500 /µL ou plaquetas < 50.000/µL. E, para o diagnóstico de anemia aplástica grave a celularidade da medula óssea deve ser inferior a 30% (ou hipocelular para a idade) e o paciente deve possuir pelo menos dois dos seguintes critérios: contagem de reticulócitos < 60.000/µL, neutrófilos < 500 /µL e plaquetas < 20.000 /µL2.
No Brasil, a incidência é semelhante à da população europeia sendo estimada em 2,4 casos/milhão de habitantes. A anemia aplástica costuma ter dois picos de incidência, o primeiro na população entre 14 - 25 anos e o segundo em pessoas acima de 45 anos de idade2.
Existe estratégia de cuidado no SUS para tratar a anemia aplástica grave?
Sim. O SUS oferece estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Síndrome de Falência Medular1, publicado por meio da Portaria conjunta SAES/SCTIE/MS nº 23, de 04 de novembro de 2022. Este documento inclui critérios de diagnóstico, de inclusão e exclusão, tratamento medicamentoso e não medicamentoso, monitorização da doença e regulação/controle/avaliação pelo gestor, dentro do SUS.A tecnologia possui registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)?
Sim. O eltrombopague olamina foi registrado inicialmente na Anvisa em fevereiro de 2017, sob o nome comercial de Revolade®. A indicação apresentada em bula3 é para o tratamento de plaquetopenia em pacientes adultos e pediátricos acima de 6 anos com Púrpura Trombocitopênica Idiopática (PTI) de origem imune, que tiveram resposta insuficiente a corticosteroides, imunoglobulinas ou esplenectomia. Para pacientes com PTI que apresentam risco aumentado de sangramento e hemorragia. Em combinação com terapia imunossupressora padrão é indicado ao tratamento de primeira linha de pacientes adultos e pediátricos acima de 6 anos com Anemia Aplásica Severa (AAS). Para o tratamento de pacientes adultos com AAS adquirida que foram refratários à terapia imunossupressora prévia ou que foram extensamente tratados previamente e não sejam elegíveis ao transplante de células tronco hematopoiéticas.Possui genérico?
Não4.Quais são as marcas dos medicamentos disponíveis no mercado*?
Revolade® - comprimidos revestidos com 25 mg e 50 mg em embalagens com 14 comprimidos.*Medicamento disponível no mercado de acordo com a lista CMED4, de 03/01/2023, atualizada em 09/01/2023.
O medicamento está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename)?
Sim, de acordo com consulta realizada à Rename5, em 20/01/2023. No entanto, não é fornecida para essa condição clínica. O medicamento é fornecido no SUS, conforme os critérios do PCDT da PTI. O Eltrombopague olamina ainda não consta na Rename para tratamento da Anemia Aplástica Grave, uma vez que aguarda publicação de nova versão da relação de medicamentos que acontece a cada 2 anos. A última versão da Rename é datada de 2022.Quanto custa o tratamento com eltrombopague olamina?
Considerando a dose inicial recomendada em bula de 150 mg, ao dia, por seis meses. O custo estimado para o primeiro mês de tratamento é de R$ 26.032,37 (vinte e seis mil, trinta e dois reais e trinta e sete centavos). O valor foi calculado considerando-se o Preço Máximo de Venda ao Governo (PMGV) e a alíquota de 18% em relação ao Imposto de Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS) do medicamento de Revolade®, segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED/Anvisa4, pois esse medicamento consta na lista com aplicação do desconto do Coeficiente de Adequação de Preços (CAP).O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar a anemia aplástica grave?
Sim, de acordo com o PCDT da Síndrome de Falência Medular1, são disponibilizados os medicamentos apresentados na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Ciclofosfamida Comprimido 50 mg Ciclosporina Cápsulas
Solução oral10, 25, 50 e 100 mg
100 mg/mLEltrombopague olamina Comprimidos revestidos 25 mg e 50 mg Filgratim Solução injetável 300 mcg Imunoglobulina antitimócitos humanos (coelho) Pó para solução injetável 25 mg Imunoglobulina humana Solução injetável
Pó para solução injetável0,5 g, 1,0 g, 2,5 g e 5 g
0,5 g, 1,0 g, 2,5 g e 5 gPrednisona Comprimidos 5 mg e 20 mg O financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por um ou mais dos três entes federativos (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou a tecnologia para esta condição clínica?
Sim, a Conitec avaliou o eltrombopague olamina, a ampliação de uso para o tratamento adcional a imunossupressor em pacientes adultos com anemia aplástica grave em 20222. Durante a 108ª reunião ordinária, realizada no dia 05 de maio de 2022, os membros da Comissão deliberaram, por unanimidade, por recomendar a ampliação de uso do eltrombopague para o tratamento adicional a imunossupressor em pacientes adultos com anemia aplástica grave. O documento técnico foi encaminhado à Secretária de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos em Saúde (SCTIE/MS), que ratificou a recomendação e publicou a Portaria SCTIE/MS nº 47/2022, no Diário Oficial da União (DOU) nº 105, de 03/06/2022, Seção 1, pág. 78..O que a literatura científica relata sobre o uso dessa tecnologia para a anemia aplástica grave?
Peffault et al (2022)6, no Ensaio Clínico Randomizado (ECR) de fase III, denominado de RACE, multicêntrico (realizado em 24 cidades de 06 países europeus, entre julho de 2015 e abril de 2019), prospectivo, aberto, que comparou terapia imunossupressora padrão (imunoglobulina antitimócito [ATG] de cavalo mais ciclosporina) com ou sem eltrombopague em pacientes (285 totais, com 205 inscritos e apenas 197 com diagnóstico confirmado) a partir de 15 anos com AA grave ou muito grave, não elegíveis para o transplante de células-tronco hematopoiéticas. O tempo médio de seguimento dos pacientes em ambos os grupos foi de 24 meses (IC95%: 23 a 24). A randomização foi estratificada de acordo com a idade (≥15 a <40 anos ou ≥40 anos), gravidade da doença (grave ou muito grave) e local do estudo. Os eventos adversos foram classificados de acordo com os Critérios de Terminologia Comum para Eventos Adversos (CTCEA). No grupo comparador (A), os 101 pacientes foram designados para receber terapia imunossupressora, consistindo de ATG 40 mg/Kg/dia por quatro dias consecutivos e ciclosporina, administrada por via oral em uma dose de 5 mg/Kg/dia a partir do dia 1 por um mínimo de 12 meses. A ciclosporina foi posteriormente reduzida durante os 12 meses seguintes e foi descontinuada por 24 meses. No Grupo intervenção (B), os 96 pacientes receberam a terapia imunossupressora mais eltrombopague, administrado por via oral em uma dose de 150 mg/dia desde o dia 14 até seis meses ou até três meses em pacientes que tiveram uma resposta completa em três meses. Todos os pacientes do Grupo B que tiveram uma resposta parcial em três meses continuaram a receber eltrombopague por seis meses, de acordo com o protocolo do estudo. O desfecho primário foi resposta hematológica completa em três meses, definida como nível de hemoglobina maior que 10 g/dL, uma contagem absoluta de neutrófilos >1.000/mm³ e uma contagem de plaquetas >100.000/mm³ em pacientes que não receberam transfusões. Os critérios para uma resposta parcial foram independência à transfusão (tanto de glóbulos vermelhos quanto de plaquetas), com uma linhagem sanguínea que não atendia aos critérios de AA grave, mas era insuficiente para uma resposta completa. Os desfechos secundários incluíram resposta geral (definida como uma resposta completa ou resposta parcial); tempo para a primeira resposta, melhor resposta e resposta completa; sobrevida global; sobrevida livre de eventos; recaída; evolução clonal; hemoglobinúria hemolítica paroxística noturna; descontinuação da imunossupressão; e qualidade de vida conforme relatado pelo paciente (Patient-Reported Outcomes). Todos os desfechos de eficácia foram avaliados com base na intenção de tratar. Como resultados: a porcentagem de pacientes que tiveram uma resposta completa em 3 meses foi de 10% no Grupo A e 22% no Grupo B (odds ratio, 3,2; IC 95%, 1,3 a 7,8; P = 0,01). Aos 6 meses, a taxa de resposta geral (a porcentagem de pacientes que tiveram uma resposta completa ou parcial) foi de 41% no Grupo A e 68% no Grupo B. O tempo médio para a primeira resposta foi de 8,8 meses (Grupo A) e 3,0 meses (Grupo B). A incidência de eventos adversos graves foi semelhante nos dois grupos. Com seguimento médio de 24 meses, uma anormalidade cariotípica classificada como síndrome mielodisplásica se desenvolveu em 1 paciente (Grupo A) e 2 pacientes (Grupo B); a sobrevida livre de eventos foi de 34% e 46%, respectivamente. Mutações somáticas foram detectadas em 29% (Grupo A) e 31% (Grupo Β) dos pacientes no início do estudo; esses percentuais aumentaram para 66% e 55%, respectivamente, em 6 meses, sem afetar a resposta hematológica e o desfecho em 2 anos. Concluiu-se que a adição de eltrombopague à terapia imunossupressora padrão melhorou a taxa, a rapidez e a força da resposta hematológica entre pacientes não tratados anteriormente com anemia aplástica grave, sem efeitos tóxicos adicionais.Referências bibliográficas
1 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Especializada à Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Portaria Conjunta nº 23, de 4 de novembro de 2022. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Síndrome de Falência Medular. [portaria na internet]. Diário Oficial da União 7 nov 2022 [acesso em 06 jan 2023]; Seção 1, (210). Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/portaria/2022/20221109_portaria_conjunta_n23.pdf.2 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação n°. 731, mai 2022. Ampliação de uso do eltrombopague para o tratamento adicional a imunossupressor em pacientes adultos com anemia aplástica grave [acesso em 06 jan 2023]. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/2022/20220603_relatorio_731_eltrobompague_aag.pdf.
3 Revolade. [Bula]. Brasil: Novartis Biociências SA.
4 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Medicamentos. Câmera de Regulação do Mercado de Medicamentos. Listas de Preços de Medicamentos [Acesso em 9 jan 2023]. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/cmed/precos.
5 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2022. Brasília: Ministério da Saúde; 2022 [Acesso em 6 jan 2023]. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/20220128_rename_2022.pdf.
6 Peffault de Latour R, Kulasekararaj A, Iacobelli S, Terwel SR, Cook R, Griffin M, Halkes CJM, Recher C, Barraco F, Forcade E, Vallejo J, Drexler B, et al. for the Severe Aplastic Anemia Working Party of the European Society for Blood and Marrow Transplantation. Eltrombopag Added to Immunosuppression in Severe Aplastic Anemia. N Engl J Med 2022; 386:11-23. DOI: 10.1056/NEJMoa2109965. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/34986284/.
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Eltrombopague Olamina para Púrpura Trombocitopênica Idiopática :: Janeiro/2023
Data de elaboração: Janeiro/2023 Data de publicação: Fevereiro/2023 O que é a púrpura trombocitopênica idiopática?
A púrpura trombocitopênica idiopática (PTI), é uma doença geralmente benigna e de causa desconhecida, que se caracteriza por trombocitopenia (baixas contagens de plaquetas). Pode ser classificada, de acordo com a faixa etária acometida, como infantil ou adulta, e quanto ao tempo de evolução da doença. Classifica-se como PTI recentemente diagnosticada quando o é em até 3 meses do seu aparecimento e como persistente se tem duração entre 3 e 12 meses (incluindo os pacientes que não alcançam remissão espontânea ou que não mantêm resposta completa à terapia, chamados refratários). Já a forma crônica ocorre quando a doença ultrapassa 12 meses de duração. Pode ser classificada, ainda, como PTI grave, quando se apresenta com sangramento suficiente para se indicar tratamento imediato ou na ocorrência de nova hemorragia que suscite ou o aumento da dose terapia adicional com outro medicamento que aumente as plaquetas1.A PTI é uma doença autoimune adquirida. O diagnóstico depende da exclusão de qualquer causa de trombocitopenia secundária. É uma condição autoimune crônica na qual a resposta imune, humoral e celular, participa no desenvolvimento da trombocitopenia com destruição aumentada das plaquetas devido aos autoanticorpos contra os antígenos dessas células e linfócitos T citotóxicos associada a uma produção prejudicada de plaquetas pela medula óssea. É a causa mais comum de trombocitopenia em adultos assintomáticos. O diagnóstico é realizado por anamnese cuidadosa, exame físico, hemograma, contagem de plaquetas (CP) e avaliação do esfregaço de sangue periférico2.
Atualmente inexiste exame laboratorial específico para o diagnóstico de PTI, não sendo recomendada a dosagem de anticorpos antiplaquetários devido à baixa acurácia diagnóstica. Pesquisas de anticorpos anti-HIV e anti-HCV no soro devem ser rotineiramente solicitados em adultos como diagnóstico diferencial, uma vez que a infecção crônica, previamente assintomática, pode se manifestar inicialmente com trombocitopenia. A pesquisa para Helicobacter pylori pode ser realizada para investigar essa infecção crônica, em especial nas formas crônicas de PTI. A realização de outros exames laboratoriais pode ser necessária, conforme a situação clínica, a fim de excluir outras causas de plaquetopenia, como a medicamentosa, devida a doenças mieloproliferativas e deficiências imunes. Além disso, deve-se avaliar a medula óssea (obtida por biópsia e aspirado) sempre que houver suspeita de neoplasias ou mielodisplasia como causa de plaquetopenia, assim como quando houver anemia ou leucopenia associadas à plaquetopenia2.
Existe estratégia de cuidado no SUS para tratar a púrpura trombocitopênica idiopática?
Sim. O SUS oferece estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da PTI2, publicado por meio da Portaria conjunta SAES/SCTIE/MS nº 9, de 31 de julho de 2019. Este documento inclui critérios de diagnóstico, de inclusão e exclusão, tratamento medicamentoso, monitorização da doença e regulação/controle/avaliação pelo gestor, dentro do SUS.A tecnologia possui registro na Anvisa?
Sim. O eltrombopague olamina foi registrado inicialmente na Anvisa em fevereiro de 2017, sob o nome comercial de Revolade®. A indicação apresentada em bula3 é para o tratamento de plaquetopenia em pacientes adultos e pediátricos acima de 6 anos com PTI de origem imune, que tiveram resposta insuficiente a corticosteroides, imunoglobulinas ou esplenectomia. Para pacientes com PTI que apresentam risco aumentado de sangramento e hemorragia. Em combinação com terapia imunossupressora padrão é indicado ao tratamento de primeira linha de pacientes adultos e pediátricos acima de 6 anos com Anemia Aplásica Severa (AAS). Para o tratamento de pacientes adultos com AAS adquirida que foram refratários à terapia imunossupressora prévia ou que foram extensamente tratados previamente e não sejam elegíveis ao transplante de células tronco hematopoiéticas.Possui genérico?
Não4.Quais são as marcas do medicamento disponíveis no mercado*?
Revolade® - comprimidos revestidos com 25 mg e 50 mg em embalagens com 14 comprimidos.*Medicamento disponível no mercado de acordo com a lista CMED4, de 03/01/2023, atualizada em 09/01/2023.
O medicamento está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename)?
Sim, de acordo com consulta realizada à Rename5, em 20/01/2023. O medicamento é fornecido no SUS, conforme os critérios do PCDT da PTI.Quanto custa o tratamento com o eltrombopague olamina?
Considerando a bula do medicamento, o tratamento para PTI depende a contagem plaquetária do paciente, em adultos e crianças acima de seis anos a dose inicial recomendada é 50 mg ao dia. Dessa forma o custo do primeiro mês de tratamento é de R$ 11.156,73 (onze mil, cento e cinquenta e seis reais e setenta e três centavos). O valor foi calculado considerando-se o Preço Máximo de Venda ao Governo (PMGV) e a alíquota de 18% em relação ao Imposto de Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS) do medicamento de Revolade®, segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED/Anvisa4, pois esse medicamento consta na lista com aplicação do desconto do Coeficiente de Adequação de Preços (CAP).O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar a PTI?
Sim, de acordo com o PCDT da PTI2, são disponibilizados os medicamentos apresentados na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Prednisona Comprimidos 5 mg e 20 mg Dexametasona Comprimido
Solução injetável
4 mg
4 mg/mLMetilprednisolona Pó para solução injetável 500 mg
Imunoglobulina humana intravenosa Solução injetável
Pó para solução injetável0,5 g, 1,0 g, 2,5 g e 5 g
0,5 g, 1,0 g, 2,5 g e 5 gCiclofosfamida Drágeas 50 mg
Azatioprina Comprimidos 50 mg
Eltrombopague olamina Comprimidos revestidos 25 mg e 50 mg
Danazol Cápsulas 100 mg e 200 mg
Vincristina Solução injetável 1 mg/mL
O financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por um ou mais dos três entes federativos (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde – Conitec – já avaliou a tecnologia para esta condição clínica em adultos?
Sim, a Conitec avaliou o eltrombopague olamina para tratamento da Púrpura Trombocitopênica Idiopática. Os membros da Conitec, presentes em em sua 72ª Reunião Ordinária realizada no dia 08 de novembro de 2018, deliberaram por unanimidade recomendar a incorporação no SUS do eltrombopague olamina para tratamento da púrpura trombocitopênica idiopática refratária mediante Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas. O documento técnico foi encaminhado ao Secretário da SCTIE/MS, que ratificou a recomendação e publicou a Portaria SCTIE/MS nº 72/2018, no DOU nº 238, de 12/12/2018, Seção 1, pág. 71.O que a literatura científica relata sobre o uso dessa tecnologia para a PTI?
Elgebaly et al (2016)6, com o objetivo de sintetizar evidências sobre a segurança e eficácia do eltrombopague em adultos e crianças com trombocitopenia imune primária (PTI), realizaram uma meta-análise com seis Ensaios Clínicos Randomizados (ECR), os dados foram extraídos e sintetizados usando o Review Manager for Windows. Análise de subgrupo e análise de sensibilidade foram conduzidas para investigar se o efeito do tratamento varia significativamente entre adultos e crianças. Como resultado foi encontrado que as estimativas de efeito geral favoreceram o grupo eltrombopague em termos de resposta plaquetária geral (RR: 3,42; IC 95%: 2,51-4,65; P < 0,0001), incidência de sangramento significativo (RR: 0,56; CI 95 %: 0,41-0,77; P = 0,0004) e número de casos necessários para resgatar o tratamento (RR: 0,45; CI 95%: 0,32-0,65; P < 0,0001). A eficácia de eltrombopague não diferiu significativamente entre crianças e adultos, exceto para a incidência de qualquer sangramento (RR: 0,83 vs 0,51; P = 0,008). A meta-análise concluiu que o eltrombopague é um medicamento tolerável e eficaz para o tratamento da PTI crônica em crianças e adultos.Com o objetivo de avaliar a eficácia e a segurança dos agonistas do receptpor de trombopoetina (TPO-RA) como classe medicamentosa a ser utilizada, em adultos e crianças, com PTI crônica. Wang et al (2016)7 em uma revisão sistemática com meta-análise, com 13 ECR que incluíram os seis estudos utilizados na meta-análise de Elgebaly et al (2016)12, contaram com um total de 1.126 pacientes. Sete estudos avaliaram romiplostim (4 em adultos e 3 em crianças) e seis avaliaram eltrombopague (4 em adultos e 2 em crianças). Nesta revisão sistemática os pacientes também foram discriminados quanto à realização ou não de esplenectomia. Da população total estudada, 70% era do grupo de tratamento com TPO-RA e 30% eram do grupo controle. Os resultados combinados dos 13 ECR demonstraram que os TPO-RA aumentaram significativamente as taxas de resposta plaquetária e resposta durável [RR: 2,77, 95% (IC): 2,01-3,82, P= 5,9×10-10; RR: 7,52, IC 95%: 3,94-14,35, P= 9,2×10-10; respectivamente] e que os TPO-RA reduziram significativamente qualquer incidência ou eventos hemorrágicos graves (RR: 0,80, 95% CI: 0,67-0,95, P= 0,013; RR: 0,52, 95% CI: 0,27-0,99, P= 0,048; respectivamente). Além disso, os resultados indicaram que houve uma redução significativa na proporção de pacientes que necessitam de medicamentos de resgate nos grupos TPO-RA em comparação com os grupos controle (RR: 0,50, IC 95%: 0,42-0,59, P= 2,0×10-15) e que as taxas de qualquer evento adverso ou grave foram semelhantes entre os regimes TPO-RA e controle (RR: 1,01, 95% CI: 0,92-1,10; RR: 0,74, 95% CI: 0,54-1,01; respectivamente). Esses achados demonstram que os TPO-RA são uma opção de tratamento de segunda linha eficaz e segura para pacientes com PTI primária.
Referências bibliográficas
1 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Especializada à Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos em Saúde. Portaria Conjunta nº 9, de 31 de julho de 2019. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Púrpura Trombocitopênica Idiopática. [portaria na internet]. Diário Oficial da União 7 ago 2019 [acesso em 06 jan 2023]; Seção 1, (151). Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/portaria/2019/portariasconjuntas_sctie_sas_8e9_2019.pdf.2 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação n°. 404, nov 2018. Eltrombopague olamina no tratamento da púrpura trombocitopênica idiopática (PTI) [acesso em 6 jan 2023]. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/2018/recomendacao/relatorio_eltrombopagueolamina_pti.pdf.
3 Revolade. [Bula]. Brasil: Novartis Biociências SA.
4 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Medicamentos. Câmera de Regulação do Mercado de Medicamentos. Listas de Preços de Medicamentos [acesso em 9 jan 2023]. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/cmed/precos.
5 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2022. Brasília: Ministério da Saúde; 2022 [acesso em 6 jan 2023]. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/20220128_rename_2022.pdf.
6 Elgebaly AS, Ashal GE, Elfil M, Menshawy A. Tolerability and Efficacy of Eltrombopag in Chronic Immune Thrombocytopenia. Clin Appl Thromb Hemost. 2016:1076029616663849. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/27572890/.
7 Wang L, Gao Z, Chen XP, Zhang HY, Yang N, Wang FY, et al. Efficacy and safety of thrombopoietin receptor agonists in patients with primary immune thrombocytopenia: A systematic review and meta-analysis. Sci Rep. 2016;6:39003. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/27991534/.
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Emicizumabe para hemofilia A :: Janeiro/2023
Data de elaboração: Janeiro/2023 Data de publicação: Janeiro/2023 O que é hemofilia A?
A hemofilia A é uma doença hemorrágica causada por mutações nos genes do fator VIII, que participa da via intrínseca da coagulação sanguínea. Essas mutações diminuem e retardam a formação da enzima trombina, comprometendo a formação de coágulos e resultam em quadros de hemorragias. Os pacientes apresentam, comumente, episódios de sangramento que afetam tecidos moles, articulações e músculos. O risco de hemorragia depende principalmente da gravidade da deficiência do fator de coagulação e da idade do paciente. A principal e mais precoce complicação em recém-nascidos é a hemorragia intracraniana (1 – 4% dos casos) e pode resultar em sequelas neurológicas permanentes. Independente da gravidade (leve, moderada ou grave), o sangramento após procedimentos cirúrgicos pode ocorrer em todos os indivíduos afetados. As hemofilias são transmitidas de mães portadoras da mutação no gene FVIII aos filhos do sexo masculino. Entretanto, cerca de 30% dos casos ocorrem devido à mutação esporádica na mãe ou no próprio indivíduo afetado. A hemofilia A é considerada uma doença rara, tendo uma prevalência estimada de 1 em cada 5.000 a 10.000 nascimentos do sexo masculino. No Brasil, de acordo com os dados preliminares do Perfil das Coagulopatias Hereditárias, a estimativa de prevalência de hemofilia A no ano de 2019 foi de 1 por 10.000 indivíduos do sexo masculino, com registro de 10.821 indivíduos diagnosticados, sendo cerca de 98% do sexo masculino, consistente com o último Perfil das Coagulopatias Hereditárias publicado pelo Ministério da Saúde em 2016. Dados da Annual Global Survey da World Federation of Hemophilia (WFH) indicaram que em 2019 o Brasil apresentava a terceira maior população com hemofilia A dentre os 115 países participantes da pesquisa. Com relação à idade, os dados preliminares de 2019 revelam o pico de prevalência está entre 20 e 39 anos de idade1. A principal complicação do tratamento da hemofilia A é o desenvolvimento de inibidores, que são aloanticorpos direcionados contra o fator VIII infundido durante o tratamento de reposição. A incidência cumulativa de inibidor é de 20% a 35%, sendo mais incidente em pacientes com a forma grave da doença2.Existe estratégia de cuidado no SUS para tratar a hemofilia A?
Sim. O tratamento de episódios de sangramento é regido pelo Manual Técnico: Hemofilia Congênita e Inibidor: Manual de Diagnóstico e Tratamento de Eventos Hemorrágicos3. O Protocolo de Uso de Emicizumabe por Pacientes com Hemofilia A e Inibidores do Fator VIII Refratários ao Tratamento de Imunotolerância contém o conceito geral da refratariedade ao tratamento de imunotolerância em caso de pacientes com hemofilia A e inibidores do fator VIII, critérios de diagnóstico, critérios de inclusão e de exclusão, tratamento com o medicamento emicizumabe e mecanismos de regulação, controle e avaliação2.A tecnologia possui registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária Sanitária (Anvisa)?
Sim. O medicamento emicizumabe foi registrado na Anvisa em julho de 2018, sob a marca comercial Hemcibra®. Conforme bula, pode ser utilizado por todas as faixas etárias para profilaxia de rotina, para prevenir sangramento ou reduzir a frequência de episódios de sangramento em adultos e crianças com hemofilia A (deficiência congênita do fator VIII) com ou sem inibidores do fator VIII4.Possui biossimilar?
Não5.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Hemcibra® - solução injetável subcutânea – 30 mg/mL;
Hemcibra® - solução injetável subcutânea – 60 mg/0,4 mL;
Hemcibra® - solução injetável subcutânea – 105 mg/0,7 mL;
Hemcibra® - solução injetável subcutânea – 150 mg/mL.*Medicamento disponível no mercado de acordo com a lista CMED5, de 13/12/2022.
O medicamento está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename)?
Sim, de acordo com consulta realizada à Rename6, em 27/12/2022. O medicamento está disponível para pacientes com hemofilia A congênita com inibidores clinicamente persistentes (inibidor de alto título ou alta resposta), ou seja, que demande o uso de agentes de bypassing para atingir hemostasia e que tenha apresentado falha do tratamento de imunotolerância ou que tenha apresentado recidiva de inibidores (inibidor de alto título ou alta resposta), após ter atingido resposta total ou parcial por pelo menos 6 meses.Quanto custa o tratamento com emicizumabe?
Considerando a dose recomendada em bula de 3 mg/kg, administrada por injeção subcutânea, uma vez por semana, nas primeiras quatro semanas, seguida por uma dose de manutenção (a ser escolida com base no regime de dosagem de preferência do médico e paciente/cuidador, o custo mensal inicial estimado para tratamento com emicizumabe foi de R$ 349.074,40. O valor foi calculado considerando-se um paciente com peso corporal de 70 Kg, o Preço Máximo de Venda ao Governo (PMGV) e a alíquota de 18% em relação ao em relação ao Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS) do medicamento Hemcibra®, segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED/Anvisa4, pois esse medicamento consta na lista com aplicação do desconto do Coeficiente de Adequação de Preços (CAP).O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar a hemofilia A?
O tratamento da hemofilia A no Brasil é baseado na reposição do fator VIII deficiente por infusão intravenosa de Concentrados de Fator de Coagulação (CFC) derivados do plasma ou recombinantes. Esses medicamentos são utilizados sob a forma de tratamento sob demanda (nos episódios de sangramento) ou de maneira profilática e são a terapia de escolha para a Hemofilia A grave e moderada1. Os pacientes que atendem os critérios de inclusão deverão iniciar o tratamento com concentrado de fator VIII imediatamente ou logo após a ocorrência da primeira hemartrose ou sangramento grave, sejam estes espontâneos ou pós-traumáticos7. Na hemofilia A leve são utilizados o acetato de desmopressina e agentes antifibrinolíticos, como o ácido tranexâmico e o ácido epsilon aminocaproico, para o tratamento dos episódios hemorrágicos. O tratamento de episódios de sangramento nesses pacientes é regido pelo Manual Técnico: Hemofilia Congênita e Inibidor: Manual de Diagnóstico e Tratamento de Eventos Hemorrágicos. Os produtos disponíveis são o acetato de desmopressina; fator VIII (utilizado em altas doses); concentrado de complexo protrombínico e concentrado de complexo protrombínico ativado; e fator VII ativado recombinante1. O medicamento emicizumabe está incorporado ao SUS para o tratamento de pacientes com hemofilia A e inibidores contra o fator VIII que não responderam ao tratamento de imunotolerância. O Protocolo de Uso de Emicizumabe por Pacientes com Hemofilia A e Inibidores do Fator VIII Refratários ao Tratamento de Imunotolerância contém o conceito geral da refratariedade ao tratamento de imunotolerância em caso de pacientes com hemofilia A e inibidores do fator VIII, critérios de diagnóstico, critérios de inclusão e de exclusão, tratamento e mecanismos de regulação, controle e avaliação2.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) já avaliou a tecnologia para esta condição clínica?
Sim, a Conitec avaliou o emicizumabe para tratamento de indivíduos com hemofilia A e inibidores ao fator VIII refratários ao tratamento de imunotolerância. Durante a 83ª Reunião Ordinária, realizada nos dias 6 e 7 de novembro de 2019, os membros da Comissão deliberaram, por unanimidade, recomendar a incorporação do emicizumabe para tratamento de indivíduos com hemofilia A e inibidores do fator VIII refratários ao tratamento de indução de imunotolerância no SUS, conforme protocol a ser elaborado pelo Ministério da Saúde8. O documento técnico foi encaminhado ao Secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde do Ministério da Saúde, que ratificou a recomendação e publicou a Portaria SCTIE/MS nº 62/2019, no Diário Oficial da União (DOU) nº 230, de 28/11/2019, Seção 1, pág. 84.O que a literatura científica relata sobre o uso dessa tecnologia para hemofilia A?
O estudo Haven 1, de Oldenburg et al (2017)9, um ensaio clínico randomizado (ECR), aberto de fase 3, buscou avaliar a eficácia, segurança e farmacocinética da profilaxia subcutânea de emicizumabe em pacientes com hemofilia A e inibidores. O desfecho primário foi a diferença na taxa de eventos hemorrágicos tratados (denominada taxa de sangramento) durante um período de pelo menos 24 semanas entre os participantes que receberam profilaxia com emicizumabe (grupo A) e os que não receberam profilaxia (grupo B) após o último participante designado aleatoriamente completar 24 semanas no estudo ou interromper sua participação, o que ocorrer primeiro. Os desfechos secundários da comparação (grupo A vs. grupo B) incluíram desfechos adicionais relacionados ao sangramento (todos os eventos hemorrágicos [tratados e não tratados com agentes bypass] e eventos de sangramento espontâneo, sangramento articular e sangramento da articulação-alvo), qualidade de vida relacionada à saúde (subescala de saúde física da hemofilia para adultos [Haem-A-QoL] e escala total na semana 25), e estado de saúde (a versão em cinco níveis do questionário de auto-relato de 5 dimensões do EuroQol Group [EQ5D-5L] e a escala visual-analógica e a pontuação do utilitário de índice na semana 25). A taxa anualizada de sangramentos tratados foi de 2,9 (IC 95% 1,7 a 47 a 5,0) no grupo A vs. 23,3 (IC 95% 12,3 a 43,9) no grupo B. Esses resultados apontam uma redução de 87% na taxa de sangramento com o uso de emicizumabe em profilaxia (p<0,001) vs. agentes de bypass sob demanda. Também foram observadas diferenças significativas a favor da profilaxia com emicizumabe em todos os desfechos secundários relacionados ao sangramento, incluindo eventos de sangramento espontâneo, sangramento articular e sangramento da articulação-alvo, bem como todos os eventos hemorrágicos. Dos 35 participantes que foram aleatoriamente designados para profilaxia com emicizumabe, 22 (63%) tiveram eventos de sangramento nulo (mediana da taxa de sangramento anualizada [0,0 eventos]; intervalo interquartílico [0,0 a 3,7]). Houve eventos adversos graves relatados em nove pacientes (9%), dentre esses, microangiopatia trombótica, trombose do seio cavernoso e tromboflebite superficial. Os escores de qualidade de vida relacionada a saúde (QVRS), apresentados para profilaxia de emicizumabe mostram diferenças clinicamente significativas quando comparados com a literatura: componente físico do Haem-A-QoL 21,6 pontos (IC 95%, 7,9 a 35,2; P = 0,003) e 10 pontos; escore total do Haem-A-QoL 14,0 pontos (95% CI, 5,6 a 22,4; P = 0,002) e 7 pontos; escala visual analógica do EQ-5D-5L –9.7 pontos (IC 95%, –17,6 a –1,8; P = 0,02) e 7 pontos; e índice de utilidade do EQ-5D-5L –0,16 pontos (95% CI, –0,25 a –0,07; P = 0,001) e 0,07 pontos. As diferenças observadas entre os dois grupos indicam que a profilaxia com emicizumabe teve benefícios significativos em relação à QVRS e ao estado de saúde. Os resultados do estudo Haven 1 mostraram que a profilaxia com emicizumabe propicia aos pacientes uma taxa de sangramento significantemente menor do que a observada em pacientes que não estavam em profilaxia (tratamento sob demanda com agentes bypass) ou em profilaxia prévia com agentes bypass. O tratamento mostrou ter um perfil de segurança aceitável.Referências bibliográficas
1 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação nº 669, de set 2021. Alfarurioctocogue pegol para tratamento de pacientes com hemofilia A [Acesso em 27 dez 2022]. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/2022/20220214_relatorio_669_alfarurioctocogue-pegol_hemofilia_a.pdf.2 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Especializada à Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Portaria Conjunta nº 15, de 26 de agosto de 2021. Aprova o Protocolo de Uso de Emicizumabe por Pacientes com Hemofilia A e Inibidores do Fator VIII Refratários ao Tratamento de Imunoterância. [portaria na internet]. Diário Oficial da União 30 agosto 2021 [acesso em 27 dez 2022]; Seção 1, (158). Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/protocolos/protocolo_uso/20210831_pu_emicizumabe_hemofilia.pdf.
3 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Especializada. Hemofilia Congênita e Inibidor: Manual de Diagnóstico e Tratamento de Eventos Hemorrágicos. [Acesso em 27 dez 2022]. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/hemofilia_congenita_inibidor_diagnostico_tratamento.pdf.
4 Hemcibra. [Bula]. Brasil: Produtos Roche Químicos e Farmacêuticos S.A.
5 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Medicamentos. Câmera de Regulação do Mercado de Medicamentos. Listas de Preços de Medicamentos [Acesso em 28 dez 2022]. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/cmed/precos.
6 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2022. Brasília: Ministério da Saúde; 2020 [Acesso em 27 dez 2022]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/20220128_RENAME_2022.pdf.
7 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Especializada à Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Portaria Conjunta nº 6, de 5 de abril de 2022. Aprova o Protocolo de Uso de fatores de Coagulação para a Profilaxia Primária em Caso de Hemofilia Grave. [portaria na internet]. Diário Oficial da União 8 abril 2022 [acesso em 02 jan 2023]; Seção 1, (162). Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/protocolos/20220408_portalportariaconjuntano62022_profilaxiaprimaria_hemofiliagrave.pdf.
8 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação nº 500, de nov 2019. Emicizumabe para tratamento de indivíduos com hemofilia A e inibidores ao fator VIII refratários ao tratamento de imunotolerância. [Acesso em 27 dez 2022]. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/2019/relatorio_emicizumabe_hemofiliaa_inibidores.pdf.
9 OLDENBURG, Johannes et al. Emicizumab prophylaxis in hemophilia A with inhibitors. New England Journal of Medicine, v. 377, n. 9, p. 809-818, 2017.
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Empagliflozina para diabete melito tipo 2 :: Setembro/2021
Data de elaboração: Setembro/2021 Data de publicação: Setembro/2021 O que é diabete melito?
O Diabete Melito (DM) pode ser definido como um conjunto de alterações metabólicas caracterizadas por níveis sustentadamente elevados de glicemia, decorrentes de deficiência na produção de insulina ou de sua ação, levando a complicações de longo prazo. Pessoas com diabete apresentam risco aumentado para o desenvolvimento de Doenças Cardiovasculares (DCV), oculares, renais e neurológicas, resultando em altos custos médicos associados, redução na qualidade de vida e mortalidade. O Diabete Melito tipo 2 (DM2) representa de 90 a 95% dos casos e caracteriza-se como uma doença de etiologia multifatorial, associada à predisposição genética, idade avançada, excesso de peso, sedentarismo e hábitos alimentares não saudáveis. Pelo fato de o DM2 estar associado a maiores taxas de hospitalizações e de utilização dos serviços de saúde, elevada incidência de doenças cardiovasculares e doenças cerebrovasculares, além de outras complicações específicas da doença, são altos os impactos financeiros para os sistemas de saúde de todo o mundo. De acordo com a International Diabete Federation (IDF) a prevalência mundial de DM é de 8,8%, o que significa que há 415 milhões de pessoas vivendo com DM, e dessas, a metade não sabe que tem a doença. A mesma organização coloca o Brasil no quinto lugar no ranking mundial de DM com mais de 16,8 milhões de pessoas vivendo com a doença, uma a cada 9 pessoas com DM e quase metade dessa população desconhecendo o diagnóstico. Segundo a pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL), a prevalência de DM passou de 5,5% para 8,9% em 10 anos. Na VIGITEL, o diagnóstico médico prévio de DM é reportado pelo paciente e, assim, acredita-se que a prevalência esteja subestimada. No Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil), que usou diferentes métodos para diagnóstico de DM, a prevalência observada em adultos com idade acima de 35 anos foi de 19,7%, sendo que desses 50,4% não possuíam diagnóstico prévio da doença. No Brasil, o DM, juntamente com câncer, DCV e doenças respiratórias, é responsável por 80% da mortalidade por doenças crônicas. A alta prevalência da doença, o envelhecimento populacional, a urbanização rápida e o elevado número de indivíduos obesos no país fazem com que a doença se torne muito onerosa ao sistema público de saúde. O tratamento do paciente com DM2 inclui educação e conscientização a respeito da doença, estímulo para uma alimentação saudável, prática de atividade física regular, orientação para metas de um controle adequado de pressão arterial, peso, lipídeos e glicêmico, por meio de modificações de estilo de vida associada à monoterapia ou combinação de agentes antidiabéticos orais ou injetáveis, respeitando o perfil individual de cada pessoa. Atualmente, há várias opções terapêuticas disponíveis para promover a melhora do controle glicêmico, podendo ser combinadas em dezenas de diferentes associações1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar diabete melito?
Sim. O SUS oferece estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) do Diabete Melito Tipo 2, publicado por meio da Portaria SCTIE/MS nº 542, de 11 de novembro de 2020. Este documento inclui critérios de classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados à saúde, de diagnóstico, de elegibilidade (inclusão e exclusão), abordagem terapêutica, monitoramento, e gestão e controle pelo gestor, dentro do SUS1.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. A empagliflozina é indicada para o tratamento do DM2 para melhorar o controle glicêmico em conjunto com dieta e exercícios. Pode ser utilizado como monoterapia ou em associação com metformina, tiazolidinedionas, metformina mais sulfonilureia, ou insulina com ou sem metformina com ou sem sulfonilureia. É indicado para pacientes com DM2 e doenças do coração e vasos sanguíneos estabelecidas para reduzir o risco de morte por qualquer causa; e morte por causa do coração ou dos vasos sanguíneos ou internação por função inadequada do coração em bombear o sangue para o corpo3.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Jardiance® - comprimidos revestidos de 10 mg e 25 mg.Há outro medicamento disponível no mercado que possui a empagliflozina na composição em combinação com outro princípio ativo.
*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED4 de 04/09/2021.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não, de acordo com consulta realizada à Rename5, em 13/09/2021.Quanto custa o tratamento com Empagliflozina?
A dose inicial de empagliflozina recomendada é de 10 mg por dia. O custo estimado mensal foi de R$ 196,01. Os valores foram calculados considerando-se o Preço Fábrica (PF) estabelecido pela Anvisa e a alíquota de 18% em relação ao ICMS do medicamento de referência Jardiance®, segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED/Anvisa)4.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar diabete melito?
Sim, de acordo com o PCDT de Diabete Melito Tipo 21, são disponibilizados os medicamentos apresentados na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Cloridrato de metformina Comprimido 500 mg
850mgGlibenclamida Comprimido 5 mg Gliclazida Comprimido 30 mg
60 mgInsulina NPH Suspensão injetável 100 U/ml Insulina regular Solução injetável 100 U/ml Dapagliflozina Comprimido 5 mg
10 mgO financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por um ou mais dos entes federativos (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica que o medicamento faz parte.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, a Conitec avaliou a empagliflozina para o tratamento dos pacientes com DM2. Durante a 86ª Reunião Ordinária, realizada no dia 05 de março de 2020, os membros da Comissão deliberaram por recomendar a incorporação ao SUS do medicamento dapagliflozina para o tratamento de diabete melito tipo 2 e pela não incorporação da empagliflozina para o tratamento de diabete melito tipo 26. O documento técnico foi encaminhado à Secretária de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde-Substituta (SCTIE/MS), que ratificou a recomendação e publicou a Portaria nº 16/2020, no Diário Oficial da União (DOU) nº 83, de 04/05/2020, Seção 1, pág. 89.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Uma metanálise em rede mostrou que o uso de medicamentos da classe dos inibidores do cotransportador de sódio/glicose do túbulo renal (iSGLT2) (dapagliflozina e empagliflozina) foram superiores a sulfonilureias, reduzindo o risco de eventos cardiovasculares maiores (major cardiac events - MACE) (RR 0,49, IC 95% 0,28 a 0,83) e de hipoglicemia grave (RR 0,23, IC 95% 0,14 a 0,37). Diferenças não significativas indicando superioridade de iSGLT2 também foram observadas para os desfechos hemoglobina glicada, mortalidade e Acidente Vascular Cerebral (AVC) em comparação a sulfonilureias e insulinas6. O Ensaio Clínico Randomizado (ECR) de Zinman et al. (2015)7, um ensaio duplo-cego, controlado por placebo que avaliou a eficácia e a segurança da utilização da empagliflozina em pacientes com DM2, doença cardiovascular estabelecida e recebendo tratamento usual, empagliflozina foi superior ao uso de tratamento padrão para os desfechos mortalidade (hazard ratio (HR) 0,68, IC 95% 0,57 a 0,82; com redução absoluta de 26 óbitos por 1000), MACE (HR 0,86, IC 95% 0,74 a 0,99; com redução absoluta de 16 eventos por 1000), morte por doença cardiovascular (HR 0,62, IC 95% 0,49 a 0,77; com redução absoluta de 22 óbitos por 1000), hospitalização por insuficiência cardíaca (HR 0,65, IC 95% 0,50 a 0,85; com redução absoluta de 14 eventos por 1000) e doença renal (HR 0,54, IC 95% 0,40 a 0,75). Ao término do período de 206 semanas a diferença nos valores de hemoglobina glicada, se comparado com tratamento padrão, foram -0,24% (IC 95%: -0,40, -0,08) e -0,36% (IC 95%: - 0,51, -0,20) para pessoas em uso de empagliflozina 10mg e 25mg, respectivamente. Em relação aos desfechos de segurança, menores percentuais foram observados para o grupo que utilizou o medicamento nos eventos descontinuação por evento adverso (tratamento padrão 91,7% vs. intervenção 90,2%), evento adverso sério (tratamento padrão 42,3% vs. intervenção 38,2%), morte (tratamento padrão 5,1% vs. intervenção 3,8%), insuficiência renal aguda (tratamento padrão 6,6% vs. intervenção 5,2%) e lesão renal aguda (tratamento padrão 1.6% vs. intervenção 1.0%). Entretanto, o grupo intervenção apresentou maior ocorrência de infecção genital ao longo do estudo: tratamento padrão 1,8% vs. intervenção 6,4%. O ensaio Zinman et al. (2015)7 apontou, portanto, que pacientes com DM2 e risco cardiovascular aumentado que receberam empagliflozina apresentaram redução no desfecho primário (MACE), mortalidade cardiovascular e por todas as causas, bem como para hospitalização por insuficiência cardíaca se comparado ao grupo tratamento padrão. Não houve melhora clinicamente significativa no controle glicêmico. Entre as análises de subgrupo, pacientes mais velhos (≥65 anos), latino-americanos, com melhor controle glicêmico e não obesos estiveram entre aqueles que não apresentaram maior benefício para o desfecho primário quando comparado com o grupo tratamento padrão. Em relação aos desfechos de segurança, a empagliflozina foi associada a maior frequência de infecção genital. Análise de revisões sistemáticas disponíveis na literatura mostrou que não houve diferença significativa entre os diferentes representantes da classe de iSGLT2 (dapagliflozina e empagliflozina), no entanto, os iSGLT2 se mostraram superiores aos demais comparadores avaliados6.Referências bibliográficas
1 Brasil. Ministério da Saúde. Portaria SCTIE/MS nº 54, de 11 de novembro de 2020. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas do Diabete Melito Tipo 2. [Portaria na internet]. Diário Oficial da União 13 nov 2020. Brasília: Ministério da Saúde, 2020. [Acesso em 13 set 2021]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Protocolos/20201113_PCDT_Diabete_Melito_Tipo_2_29_10_2020_Final.pdf.2 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos. Portaria SCTIE/MS nº 54, de 11 de novembro de 2020. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas do Diabete Melito Tipo 2. [Portaria na internet]. Diário Oficial da União 13 nov 2020 [Acesso em 13 set 2021]; Seção 1, (145). Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/Portaria/2020/20201113_Portaria_SCTIE_54.pdf.
3 Empagliflozina. [Bula]. Alemanha: Boehringer Ingelheim Pharma GmbH & Co. KG.
4 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Medicamentos. Câmera de Regulação do Mercado de Medicamentos. Listas de Preços de Medicamentos [Acesso em 13 set 2021]. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/cmed/precos/arquivos/lista_conformidade_gov_2021_09_v1.pdf.
5 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2020. Brasília: Ministério da Saúde; 2020 [Acesso em 13 set 2021]. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/relacao_medicamentos_rename_2020.pdf.
6 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação nº 524, de mar 2020. Empagliflozina e Dapagliflozina para o tratamento de diabetes mellitus tipo 2. [Acesso em 13 set 2021]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2020/Relatorio_524_Empagliflozina_e_dapagliflozina_diabetes_mellitus_tipo_2_FINAL.pdf.
7 Zinman, B., et al., Empagliflozin, Cardiovascular Outcomes, and Mortality in Type 2 Diabetes. New England Journal of Medicine, 2015. 373(22): p. 2117-2128.
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Enoxaparina para Tromboembolismo Venoso :: Novembro/2022
Data de elaboração: Novembro/2022 Data de publicação: Novembro/2022 O que é o tromboembolismo venoso?
O Tromboembolismo Venoso (TEV) é a manifestação mais comum da trombofilia. A trombofilia é definida como tendência à trombose decorrente de alterações hereditárias (deficiência de proteína C, S e antitrombina; mutação do fator V de Leiden − FVL; e mutação do gene da protrombina) ou adquiridas da coagulação (síndrome antifosfolípide), que levam a estado pró-trombótico1.O TEV é uma das principais causas de morbimortalidade materna e pode apresentar como complicações a Trombose Venosa Profunda (TVP) e o Tromboembolismo Pulmonar (TEP)2.
Mulheres grávidas apresentam 4 a 5 vezes maior propensão de desenvolver TEV do que as mulheres não grávidas e o risco de TEV persiste até quase 12 semanas após o parto.
A gravidez está associada a importantes alterações fisiológicas, que afetam a coagulação e o sistema fibrinolítico. Uma mudança no equilíbrio hemostático global para um estado hipercoagulável, que provavelmente protege a mãe de sangramento excessivo durante o parto, contribui para aumentar o risco de TEV. Além disso, a gravidez é caracterizada por um aumento no volume sanguíneo total e a estase venosa ocorre à medida que os vasos de capacitância aumentam de diâmetro, enquanto o retorno venoso é diminuído pela pressão do útero grávido nas veias ilíaca e cava inferior1.
As complicações na gravidez relacionadas à trombose variam desde edema e alterações cutâneas até o desprendimento placentário, pré-eclâmpsia, restrição do crescimento fetal, parto prematuro e aborto espontâneo de repetição2.
Existe estratégia de cuidado no SUS para tratar o TEV em gestantes com trombofilia?
Sim. O SUS oferece estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para a Prevenção de Tromboembolismo Venoso em Gestantes com Trombofilia2, publicado por meio da Portaria conjunta SAES/SCTIE/MS nº 233, de 21 de dezembro 2021. As Diretrizes estão em fase de atualização.A tecnologia possui registro na Anvisa?
Sim. A enoxaparina sódica possui indicação em bula para o tratamento da TEV profunda com ou sem embolismo pulmonar; da angina instável e infarto do miocárdio sem elevação do segmento ST, administrado concomitantemente ao ácido acetilsalicílico; e de infarto agudo do miocárdio com elevação do segmento ST, incluindo pacientes a serem tratados clinicamente ou com subsequente intervenção coronariana percutânea. Também para prevenção do tromboembolismo venoso, em particular aqueles associados à cirurgia ortopédica ou à cirurgia geral; do tromboembolismo venoso em pacientes acamados devido a doenças agudas incluindo insuficiência cardíaca, falência respiratória, infecções severas e doenças reumáticas; e da formação de trombo na circulação extracorpórea durante a hemodiálise4.Possui genérico?
Sim5.Quais são as marcas do medicamento disponíveis no mercado*?
Clexane® - seringa preenchida com 20 mg, 40 mg, 60 mg, 80 mg e 100 mg;
Volare® - seringa preenchida com 20 mg, 40 mg, 60 mg, 80 mg e 100 mg;
Ghemaxan® - seringa preenchida com 20 mg, 40 mg, 60 mg, 80 mg e 100 mg;
Heptris® - seringa preenchida com 20 mg, 40 mg, 60 mg, 80 mg e 100 mg;
Noxx® - seringa preenchida com 20 mg, 40 mg, 60 mg, 80 mg e 100 mg;
Versa® - seringa preenchida com 20 mg, 40 mg, 60 mg e 80 mg;
Enoxalow® - seringa preenchida com 20 mg, 40 mg, 60 mg, 80 mg e 100 mg;
Cutenox® - seringa preenchida com 20 mg, 40 mg, 60 mg e 80 mg;
Heparinox® - seringa preenchida com 20 mg, 30 mg, 40 mg, 60 mg e 80 mg; e
Endocris® - seringa preenchida com 20 mg, 40 mg, 60 mg, e 80 mg.*Medicamento disponível no mercado de acordo com a lista CMED5, de 03/11/2022.
O medicamento está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename)?
Sim, de acordo com consulta realizada à Rename6, em 04/11/2022.Quanto custa o tratamento com o enoxaparina sódica?
Considerando a bula do medicamento, a posologia de enoxaparina sódica é determinada pela predisposição individual de ocorrer o tromboembolismo venoso em situações desencadeantes como cirurgia, imobilização prolongada e trauma, entre outras. Dessa maneira, são considerados com risco moderado os indivíduos que apresentem os seguintes fatores predisponentes: idade superior a 40 anos, obesidade, varizes dos membros inferiores, neoplasia, doença pulmonar ou cardíaca crônica, estrogenioterapia, puerpério, infecções sistêmicas, entre outros. São considerados com alto risco os indivíduos com histórico de tromboembolismo venoso prévio, neoplasia abdominal ou pélvica, cirurgia ortopédica de grande porte dos membros inferiores, entre outros4.Considerando o que fora apresentado no item anterior, a enoxaparina figura na Rename e está disponível no SUS para a prenvenção de TEV em gestantes com trombofilia, conforme critérios do PCDT. Para a profilaxia na gestação é recomendada dose diária de 40 mg ou 60 mg (a depender do peso corporal da paciente) pro via subcutânea, durante a gestação e até no máximo 6 semanas de pós parto. Dessa forma o custo mensal estimado para a profilaxia na gestação de grávidas com até 89 quilogramas é de R$ 1.037,08 (um mil, trinta e sete reais e oito centavos). O valor foi calculado considerando-se o Preço Máximo de Venda ao Governo (PMVG) e a alíquota de 0% em relação ao ICMS da marcas das apresentações com 10 seringas preenchidas inscritas no Coeficiente de Adequação de Preços (CAP), segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED/Anvisa5.
O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar o tromboembolismo venoso?
Sim, de acordo com o PCDT para a Prevenção de Tromboembolismo Venoso em Gestantes com Trombofilia2, são disponibilizados os medicamentos apresentados na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Enoxaparina sódica Solução injetável 40 mg/0,4 mL e 60 mg/0,6 mL Ácido acetilsalicílico (AAS) Comprimido 100 mg O financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por um ou mais dos três entes federativos (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde – Conitec – já avaliou a tecnologia para esta condição clínica em adultos?
Sim, a Conitec avaliou a enoxaparina sódica em duas ocasiões. Em 2017, para gestantes com trombofilia. Durante a 62ª reunião ordinária, realizada no dia 07 de dezembro de 2017, os membros da Comissão recomendaram a incorporação ao SUS da enoxaparina sódica 40 mg/0,4 mL para o tratamento de gestantes com trombofilia. O documento técnico foi encaminhado ao Secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos em Saúde (SCTIE/MS), que ratificou a recomendação e publicou a Portaria SCTIE/MS nº 10/2018, no Diário Oficial da União (DOU) nº 18, de 25/01/2018, Seção 1, pág. 124. Em 2021, a Conitec avaliou a enoxaparina sódica de 60 mg/0,6 mL injetável para a prevenção de tromboembolismo venoso em gestantes com trombofilia. Durante a 98ª reunião ordinária, realizada no dia 09 de junho de 2021, os membros da Comissão recomendaram a incorporação da enoxaparina 60 mg/0,6 mL injetável para a prevenção de tromboembolismo venoso em gestantes com trombofilia. Os documentos técnicos foram encaminhados ao da SCTIE/MS, que ratificou a recomendação e publicou a Portaria SCTIE/MS nº 35/2021, no DOU nº 127, de 08/07/2021, Seção 1, pág. 143.O que a literatura científica relata sobre o uso dessa tecnologia para o tromboembolismo venoso?
Salim et al (2016)7, no Ensaio Clínico Randomizado (ECR), unicêntrico de Israel, avaliou a população de gestantes com trobofilia e com histórico de complicações em gestações anteriores. O tratamento do estudo teve duração até o parto. No pós-parto, todas as mulheres receberam 40 mg de enoxaparina uma vez ao dia por injeção subcutânea do dia 1 até o dia 42. As interveções foram: enoxaparina 40 mg ao dia; e enoxaparina em dose ajustada (dose inical de 40 mg/dia, aumentada em frações de 20 mg de acordo com o nível de anti-fator Xa de coalgulação. O desfecho composto ocorreu em 12 (18,2%) e 20 (27,0%) mulheres nos grupos de dose fixa e ajustada, respectivamente (p=0,24). A idade gestacional no parto, nascimentos prematuros e pesos ao nascer foram semelhantes entre os dois grupos. Concluiu-se que a dose de enoxaparina ajustada de acordo com os níveis de anti-fator Xa em comparação com a dose fixa não reduz o risco de recorrência de complicações na gravidez mediadas pela placenta em mulheres trombofílicas.Cox et al (2019)8, no estudo coorte retrospectivo (estudo observacional), da Nova Zelândia, avaliou gestantes com menos de 45 anos que utilizaram enoxaparina para profilaxia de TEV durante a gravidez e pós-parto ou somente no pós-parto. A comparação foi realizada com tromboprofilaxia pré-natal e pós-parto com dosagens de enoxaparina que variavam de 20 mg/dia a 70 mg/dia; e tromboprofilaxia pós-parto com dosagens que variaram de 20 mg/dia a 60 mg/dia. Ocorreram dois episódios de TEV associada à gestação (1,2% [intervalo de confiança de 95%, 0,32-4,14]). Hemorragia pós-parto ≥500 mL foi relatada em 36,6% dos partos e hemorragia pós-parto ≥1000 mL em 9,3% dos partos. Apenas quatro mulheres foram transfundidas. A analgesia/anestesia neuroaxial foi utilizada em 52,4% dos partos, incluindo 39,6% dos partos vaginais. Concluiu-se que o uso padrão de doses de enoxaparina para tromboprofilaxia nessa coorte foi eficaz na prevenção de TEV associada à gestação. A analgesia/anestesia neuroaxial foi usada com frequência durante o trabalho de parto e nascimento; o uso de doses mais altas de enoxaparina pode limitar o acesso à necessidade de uso de analgesia. A hemorragia pós-parto foi comum e doses mais altas de tromboprofilaxia podem aumentar as complicações hemorrágicas obstétricas. Esses dados não sugerem uma necessidade urgente de considerar doses mais altas de enoxaparina para tromboprofilaxia neste cenário clínico.
Referências bibliográficas
1 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação n°. 627, de jun 2021. Enoxaparina 60 mg/0,6 mL injetável para a prevenção de tromboembolismo venoso em gestantes com trombofilia [Acesso em 04 novembro 2022]. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/2021/20210708_relatorio_627_enoxaparina_trombofilia_p35.pdf.2 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Portaria Conjunta nº 23, de 21 de dezembro de 2021. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para a Prevenção de Tromboembolismo Venoso em Gestantes com Trombofilia. [portaria na internet] Diário Oficial da União 29 dezembro 2021 [acesso em 04 nov 2022]; Seção 1, (245). Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/portaria/2021/20211229_portaria_conjunta_23.pdf.
3 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Especializada à Saúde e Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Portaria Conjunta SAES/SCTIE/MS nº 23, de 21 de dezembro 2021. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para a Prevenção de Tromboembolismo Venoso em Gestantes com Trombofilia. [Portaria na internet]. Diário Oficial da União 29 abr 2019 [Acesso em 04 nov 2022]; Seção 1, (245). Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/portaria/2021/20211229_portaria_conjunta_23.pdf.
4 Clexane. [Bula]. Brasil: Sanofi Medley Farmacêutica Ltda.
5 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Medicamentos. Câmera de Regulação do Mercado de Medicamentos. Listas de Preços de Medicamentos [Acesso em 04 novembro 2022]. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/cmed/precos.
6 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2022. Brasília: Ministério da Saúde; 2022 [Acesso em 04 novembro 2022]. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/20220128_rename_2022.pdf.
7 Salim R, Nachum Z, Gavish I, Romano S, Braverman M, Garmi G. Adjusting enoxaparin dosage according to antiFXa levels and pregnancy outcome in thrombophilic women. Thromb Haemost [Internet]. 2016 Dec 2;116(10):687–95. Disponível em: http://www.thieme-connect.de/DOI/DOI?10.1160/TH16-03-0221.
8 Cox S, Eslick R, McLintock C. Effectiveness and safety of thromboprophylaxis with enoxaparin for prevention of pregnancy‐associated venous thromboembolism. J Thromb Haemost [Internet]. 2019 Jul 6;17(7):1160–70. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/jth.14452.
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Enoxaparina para trombofilia em gestantes :: Julho/2018
Data de elaboração: Julho/2018 Data de publicação: Julho/2018 O que é Trombofilia em gestantes?
A trombofilia é definida como a propensão ao desenvolvimento de eventos tromboembólicos, tais como a trombose arterial, a trombose venosa profunda (TVP) e o tromboembolismo pulmonar (TEP). A ocorrência desses eventos pode estar associada à trombofilia adquirida, representada principalmente pela Síndrome Antifosfolípide (SAF), ou à trombofilia hereditária1. As formas hereditárias de trombofilia incluem deficiência de antitrombina e mutações genéticas. Já a trombofilia adquirida está associada à presença de anticorpos antifosfolípides, imobilização, uso de determinados medicamentos, gravidez e puerpério2. A gravidez é um estado de hipercoagulabilidade, que se deve em parte às alterações fisiológicas na coagulação e no sistema fibrinolítico. O uso de anticoagulantes orais é atualmente desaconselhado durante a gestação, pelo potencial teratogênico e maior risco de sangramento por intoxicação cumarínica. Podem, quando indicado, ser introduzidos no puerpério, pois são compatíveis com o aleitamento3.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Trombofilia em gestantes?
Não existe um protocolo específico sobre trombofilia no SUS. Contudo, há o Manual Técnico de Gestação de Alto Risco do Ministério da Saúde de 2010 que recomenda, em casos de suspeita de sintomas da trombofila (como trombose venosa profunda e embolia pulmonar), que as medidas diagnósticas e terapêuticas devem ser imediatas, iniciando a anticoagulação com doses de heparina de baixo peso molecular (HBPM) ou heparina não fracionada (HNF)3.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. A enoxaparina sódica é uma heparina de baixo peso molecular (HBPM). Possui registro na Anvisa com indicação para o tratamento da trombose venosa profunda, angina instável, infarto agudo do miocárdio, profilaxia do tromboembolismo venoso e prevenção da formação de trombo na circulação extracorpórea durante a hemodiálise4.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Clexane® – solução injetável de 20mg/0,2ml; 40mg/ 0,4ml - (caixa com 2 e 10 seringas);
Clexane® – solução injetável de 60mg/0,6ml; 80mg/0,8ml e 100mg/ml (caixa com 2 seringas);
Cutenox® - solução injetável de 20mg/0,2ml; 40mg/0,4ml(caixa com 10 seringas);
Cutenox® - solução injetável de 60mg/0,6ml 80 mg/0,8ml (caixa com 2 seringas);
Endocris® - solução injetável de 20mg/0,2ml; 40mg/0,4ml(caixa com 10 seringas);
Endocris® - solução injetável de 60mg/0,6ml e 80mg/0,8ml(caixa com 2 seringas).
Enoxalow® - solução injetável de 20mg/0,2ml; 40mg/ 0,4ml; 60mg/0,6ml; 80mg/0,8ml e 100mg/ml (caixa com 1 e 10 seringas)
Heptron® - solução injetável de 20mg/0,2ml; 40mg/0,4ml 60mg/ml 80mg/0,8ml e 100mg/ml (caixa com 2 e 10 seringas)
Versa® - solução injetável de 20mg/0,2ml; 40mg/0,4ml (caixa com 2 e 10 seringas);
Versa® - solução injetável de 60mg/0,6ml e 80mg/0,8ml (caixa com 2 seringas).*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 09/04/2018.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Sim.Quanto custa o tratamento com Enoxaparina?
Considerando as doses recomendadas em bula, de 20mg/0,2ml; 40mg/ 0,4ml; 60mg/0,6ml; 80mg/0,8ml e 100mg/ml, uma vez ao dia, por um período de 7 a 10 dias, o custo estimado para 10 dias de tratamento com enoxaparina sódica é de R$118,52; R$272,78; R$358,95; R$481,67 e R$492,89 respectivamente. O custo foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% do medicamento de referência, segundo ANVISA5.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Trombofilia em gestantes?
Sim, são disponibilizados os medicamentos apresentados na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Ácido acetilsalicílico Comprimido 100 mg Heparina sódica Solução injetável 5.000 UI/0,25 ml Varfarina sódica Comprimido 1 mg e 5 mg O financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento1.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosa, conforme PCDT2.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, a CONITEC avaliou a enoxaparina para tratamento de trombofilia em gestantes e os membros da Comissão recomendaram a incorporação desse medicamento para esse grupo, com decisão publicada em Diário Oficial da União em janeiro de 20186. Aguarda-se a disponibilização de PCDT que orienta o uso do medicamento para que ele seja disponibilizado no SUS.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Revisão sistemática Cochrane publicada em 2013 que incluiu 9 estudos e 1.228 mulheres grávidas demonstrou que, em gestantes com histórico de aborto, com ou sem trombofilia hereditária, houve um número significativamente maior de nascidos vivos no grupo tratado com enoxaparina, quando comparado ao grupo do ácido acetilsalicílico (AAS)7. Um Ensaio Clínico Randomizado (ECR) publicado em 2014 relatou superioridade da enoxaparina associada ao AAS, quando comparado ao AAS isolado para os desfechos número de abortos e número de nascidos vivos8. Um outro estudo de coorte (seguimento) de gestantes com abortos espontâneos recorrentes que possuem mutação em um gene específico (C677T MTHFR) publicado em 2017 e realizado na França, mostrou superioridade estatisticamente significante da enoxaparina associada ao AAS para os desfechos número de nascidos vivos e taxa de aborto no 1° trimestre de gestação, quando comparado ao AAS isolado9.Referências bibliográficas
1D’AMICO, E. A. Trombofilia: quando suspeitar e como investigar? Rev. Assoc. Med. Bras. vol.49 no.1 São Paulo, 2003.
2ALMEIDA, J.; GONÇALVES, L. R.; MANSILHA, A. Trombofilia Hereditária e Gravidez: Controvérsias Actuais [Dissertação]. Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, 2010.
3Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Gestação de alto risco: manual técnico / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – 5. ed. – Brasília : Editora do Ministério da Saúde, 2010. 302 p. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos). Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/gestacao_alto_risco.pdf Acesso em: 14/05/18.
4ENOXAPARINA SÓDICA. Bula de medicamento. Sanofi-Aventis Farmacêutica Ltda. Farm. Resp.: Silvia Regina Brollo. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=3921442014&pIdAnexo=2059018. Acesso em 14/05/2018.
5Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 15/05/2018.
6BRASIL. Ministério da Saúde. PORTARIA Nº 10, DE 24 DE JANEIRO DE 2018. Torna pública a decisão de incorporar a
enoxaparina sódica 40 mg/ 0,4 mL para o tratamento de gestantes com trombofilia no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS.
Brasília, Ministério da Saúde, 2018. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2018/Relatorio_Enoxaparina_Gestantes_Trombofilia.pdf Acesso em 15/05/2018.
7DE JONG, P. G. et al. Aspirin and/or heparin for women with unexplained recurrent miscarriage with or without inherited thrombophilia. Cochrane Database of Systematic Reviews 2014, Issue 7. Art. No.: CD004734
8ELMAHASHI, M. O. et al. Low dose aspirin and low-molecular-weight heparin in the treatment of pregnant Libyan women with recurrent miscarriage. BMC research notes, v. 7, p. 23, 9 jan. 2014.
9MERVIEL, P. et al. Comparison of two preventive treatments for patients with recurrent miscarriages carrying a C677T methylenetetrahydrofolate reductase mutation: 5-year experience. The Journal of international medical research, p. 300060516675111, 1 jan. 2017.
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Enzalutamida para adenocarcinoma de próstata :: Outubro/2018
Data de elaboração: Outubro/2018 Data de publicação: Outubro/2018 O que é Adenocarcinoma de Próstata?
A próstata é uma glândula que produz parte do sêmen, líquido espesso que contém os espermatozoides. A neoplasia malígna de próstata (CP) constitui a neoplasia mais frequente dos homens, e de grande relevância clínica, em função da sua elevada incidência e das altas taxas de cura desses pacientes quando a doença é detectada em fases iniciais. Dentre as neoplasias prostáticas, o adenocarcinoma de próstata é o principal e corresponde a mais de 95% dos casos1,2. Raramente este tipo de câncer produz sintomas até que se encontre em sua forma avançada. Todavia, nos casos sintomáticos, o paciente se queixa de dificuldade para urinar, jato urinário fraco e sensação de não esvaziar bem a bexiga3. O câncer de próstata metastático é considerado incurável. O tratamento visa aumentar a sobrevida e melhorar a qualidade de vida do paciente.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Adenocarcinoma de Próstata?
Sim. A Portaria nº 498, de 11 de maio de 2016, do Ministério da Saúde aprovou as Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas (DDT) dos Adenocarcinomas de Próstata4. De acordo com essas diretrizes as opções terapêuticas disponíveis atualmente no SUS variam conforme a agressividade do tumor e características do paciente.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. A enzalutamida (Xtandi®) possui indicação em bula para o tratamento de homens adultos com câncer de próstata metastático resistente à castração que são assintomáticos ou ligeiramente sintomáticos após falha de terapia de privação androgênica, ou que tenham recebido terapia com docetaxel. Também é indicado para o tratamento de homens adultos com câncer de próstata não metastático resistente à castração.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Xtandi® - cápsulas gelatinosas – 40 mg – embalagem com 40 ou 120.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 25/09/2018.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não.Quanto custa o tratamento com Enzalutamida?
Considerando a dose recomendada em bula de 160 mg (quatro cápsulas de 40 mg), como dose oral única diária, o custo mensal estimado para tratamento com enzalutamida é de R$ 9.122,83. O custo foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% do medicamento de referência, segundo ANVISA6.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Adenocarcinoma de Próstata?
Sim. Esclarece-se que para o tratamento de câncer no Sistema Único de Saúde, não há uma lista específica de medicamentos, vez que o cuidado ao paciente deve ser feito de forma integral nas Unidades de Alta Complexidade em Oncologia – UNACON ou Centros de Alta Complexidade em Oncologia – CACON. Nesses estabelecimentos de saúde, o fornecimento de medicamentos é feito via autorização de procedimento de alta complexidade (APAC), conforme os procedimentos tabelados. Assim, esses hospitais habilitados como UNACON ou CACON devem oferecer assistência especializada e integral ao paciente com câncer, atuando no diagnóstico e tratamento do paciente, sendo ressarcidos pelo gestor federal quando da realização dessa assistência, inclusive farmacêutica, de acordo com valores pré-estabelecidos na Tabela de Procedimentos do SUS.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Não, até a presente data, não foi protocolada, na CONITEC, demanda para analisar a incorporação do enzalutamida para tratamento de adenocarcinoma de próstata ou para outras condições clínicas, seja pelo laboratório fabricante ou por determinados demandantes. Ressalta-se que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou a empresa produtora do medicamento, pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à CONITEC, desde que cumpra as exigências legais.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Revisão sistemática com meta-análise de comparação indireta avaliou a eficácia, tolerabilidade e a administração sequencial de enzalutamida em comparação com o acetato de abiraterona em indivíduos com câncer de próstata metastático resistentes a hormonioterapia. Os autores concluíram que abiraterona e enzalutamida demonstraram benefícios semelhantes na sobrevida global em pacientes com câncer de próstata metastático resistentes a hormonioterapia antes e após a quimioterapia, enquanto a enzalutamida foi melhor para os desfechos secundários, incluindo o tempo para a progressão do antígeno prostático específico (PSA), sobrevida livre de progressão radiográfica, taxa de resposta do PSA, tempo para a piora da qualidade de vida e tempo para o início da quimioterapia7. Um ensaio clínico randomizado, duplo-cego, multinacional comparou de enzalutamida versus placebo em homens com câncer de próstata metastático resistente à castração virgens de tratamento com quimioterapia8, e outro ensaio clínico randomizado, também comparou de enzalutamida versus placebo em homens com câncer de próstata metastático resistente à castração, porém após uso de quimioterapia9. Nestes ensaios clínicos, a enzalutamida foi melhor contra o placebo para os desfechos avaliados, como sobrevida global, sobrevida livre de progressão radiográfica e qualidade de vida antes e após a quimioterapia7,8.Referências bibliográficas
1BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional do Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA). Estimativa 2014: Incidência de Câncer no Brasil. Ministério da Saúde. Coordenação Geral de Ações Estratégicas, Coordenação de Prevenção e Vigilância. Rio de Janeiro: INCA. Rio de Janeiro 2014. p. 124.
2BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. PORTARIA Nº 498, DE 11 DE MAIO DE 2016. Aprova as Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas do Adenocarcinoma de Próstata. Disponível em:. Acesso em:11/10/2018.
3Tonon, Thiarles Cristian Aparecido, and João Paulo Ferreira Schoffen. Câncer de próstata: uma revisão da literatura. Saúde e Pesquisa 2.3 (2010).
4BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 498, de 11 de maio de 2016 Aprova as Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas do Adenocarcinoma de Próstata. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Protocolos/DDT/DDT_Adenocarcinoma_Prostata.pdf. Acesso em: 17/04/2018.
5ENZALUTAMIDA. Bula de medicamento. Astellas Farma Brasil Importação e Distribuição de Medicamentos Ltda. Farm. Resp.: Sandra Winarsk. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=10227142018&pIdAnexo=10820029 Acesso em 12/10/2018.
6Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 12/10/2018.
7Zhang W, Wu TY, Chen Q, Shi XL, Xiao GA, Zhao L, Xu CL, Zhou T, Sun YH. Indirect comparison between abiraterone acetate and enzalutamide for the treatment of metastatic castration-resistant prostate cancer: a systematic review. Asian J Androl. 2017 Mar-Apr;19(2):196-202. doi: 10.4103/1008-682X.178483.
8Graff JN, Baciarello G, Armstrong AJ, Higano CS, Iversen P, Flaig TW, Forer D, Parli T, Phung D, Tombal B, Beer TM, Sternberg CN. Efficacy and safety of enzalutamide in patients 75 years or older with chemotherapynaive metastatic castration-resistant prostate cancer: results from PREVAIL. Ann Oncol. 2016 Feb;27(2):286- 94. doi: 10.1093/annonc/mdv542.
9Scher HI, Fizazi K, Saad F, Taplin ME, Sternberg CN, Miller K, de Wit R, Mulders P, Chi KN, Shore ND, Armstrong AJ, Flaig TW, Fléchon A, Mainwaring P, Fleming M, Hainsworth JD, Hirmand M, Selby B, Seely L, de Bono JS; AFFIRM Investigators. Increased survival with enzalutamide in prostate cancer after chemotherapy. N Engl J Med. 2012 Sep 27;367(13):1187-97. -
Esilato de nintedanibe para fibrose pulmonar idiopática :: Dezembro/2018
Data de elaboração: Dezembro/2018 Data de publicação: Dezembro/2018 O que é Fibrose Pulmonar Idiopática?
Fibrose pulmonar idiopática (FPI) é uma doença rara e progressiva de origem desconhecida. É descrita como uma forma específica de pneumonia crônica e fibrosante que ocorre geralmente em adultos idosos1,2. Caracteriza-se por um processo inflamatório, com substituição dos componentes teciduais normais do interstício pulmonar por fibrose. Os processos de inflamação e de fibrose são variáveis e em muitos casos a fibrose prepondera sobre o processo inflamatório, o que torna ineficazes as tentativas de tratamento com antiinflamatório. A doença tem geralmente um comportamento insidioso com exacerbações temporárias, mas a evolução em alguns casos pode mostrar-se imprevisível e rápida, com ruim prognóstico3. Para o diagnóstico definitivo de FPI é necessária uma abordagem multidisciplinar, envolvendo pneumologistas, radiologistas e patologistas. O diagnóstico de FPI é baseado na ausência de uma causa conhecida de fibrose pulmonar. Em alguns casos, pode ser necessária a biópsia4. Dependendo do estágio evolutivo da doença (leve, moderado ou avançado) o paciente apresentará dispneia (dificuldade para respirar) aos esforços e até em repouso, tosse não produtiva e alterações da função pulmonar aos testes específicos (espirometria)4.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Fibrose Pulmonar Idiopática?
Não há estratégias específicas no SUS para tratar fibrose pulmonar idiopática. A Diretriz de Doenças Pulmonares Intersticiais da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, menciona que não há tratamento farmacológico específico para a FPI e, assim sendo, a atenção deve ser voltada para o tratamento das comorbidades e cuidados paliativos5.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O esilato de nintedanibe (Ofev®) possui indicação em bula para o tratamento e retardo da progressão da fibrose pulmonar idiopática (FPI). Também é indicado em combinação com o docetaxel para o tratamento de pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas (CPNPC) localmente avançado, metastático ou recorrente, com histologia de adenocarcinoma, após primeira linha de quimioterapia à base de platina6.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Ofev® - 100 mg e 150 mg – cápsulas moles (embalagem com 60 cápsulas)*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 19/11/2018.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não.Quanto custa o tratamento com Esilato de nintedanibe?
Considerando a dose recomendada em bula, de 100 mg ou 150 mg, duas vezes ao dia, o custo mensal estimado para tratamento com esilato de nintedanibe foi de R$ 5.036,12 e R$ 10.072,26 respectivamente. O valor foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% do medicamento de referência, segundo ANVISA7.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Fibrose Pulmonar Idiopática?
Não há, no SUS, tratamento farmacológico específico para tratar a fibrose pulmonar idiopática, e deste modo a atenção deve ser voltada para o tratamento das comorbidades e cuidados paliativos. Entre os medicamentos farmacológicos para as comorbidades, encontram-se disponíveis no SUS os corticoides: predinisona¸ budesonida no componente básico da assistência farmacêutica (CBAF). Esses medicamentos são disponibilizados conforme a tabela a seguir:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Budesonida Suspensão para inalação nasal 32 mcg, 50 mcg, 64 mcg Predinisona Comprimido 5mg e 20mg O financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento1.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosa, conforme PCDT2.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, a CONITEC avaliou o esilato de nintedanibe para tratamento de fibrose pulmonar idiopática. Os membros do plenário da Comissão, presentes na 67ª reunião ordinária, realizada nos dias 13 e 14 de junho de 2018, recomendaram incialmente a não incorporação do esilato de nintedanibe para tratamento de fibrose pulmonar idiopática. O tema foi para consulta pública nº 33 no período de 12/07/2018 a 31/07/2018 e aguarda discussões e recomendação final.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Revisão sistemática com meta-análise avaliou os diferentes tratamentos para FPI, para os desfechos de mortalidade e eventos adversos graves. As intervenções avaliadas foram ambrisentana, bosentana, imatinibe, macitentana, N-acetil-cisteína, nintedanibe, pirfenidona, sildenafila, terapia tripla de prednisona, azatioprina, N-acetil-cisteína e antagonista de vitamina K. Foram incluídos um total de 19 ensaios clínicos randomizados, com 5.694 participantes de pesquisa, que compararam 10 diferentes intervenções com placebo em um período médio de seguimento de um ano para o tratamento da FPI. Os resultados sugerem que nintedanibe, pirfenidona e sildenafila são os três tratamentos com a maior probabilidade de reduzir a mortalidade em FPI. Em comparação indireta, nintedanibe não apresentou diferenças significativas quando comparado com ambrisentana, bosentana, imatinibe, macitentana, N-acetil- cisteína, sildenafila, pirfenidona e placebo. Os eventos adversos graves apresentados pelos tratamentos foram semelhantes entre si e incluem manifestações principalmente dermatológicas e gastrointestinais. Ressalta-se que são necessários estudos que comparem diretamente o nintedanibe com outros comparadores ativos para o tratamento da FPI8.Referências bibliográficas
1Rochwerg B, Neupane B, Zhang Y, Garcia CC, Raghu G, Richeldi L, Brozek J, Beyene J, Schünemann H. Treatmen to fidiopathic pulmonary fibrosis: a network meta-analysis. BMC Med. 2016 Feb 3,14:18. doi: 10.1186/s12916-016-0558-x. PubMed PMID: 26843176, PubMed Central PMCID: PMC4741055.
2Aravena C, Labarca G, Venegas C, Arenas A, Rada G. Pirfenidone for Idiopathic Pulmonary Fibrosis: A Systematic Review and Meta-Analysis. PLoS One. 2015 Aug 26,10(8):e0136160. doi: 10.1371/journal.pone.0136160. Review. Erratum in: PLoS One. 2015,10(10):e0140288. PubMed PMID: 26308723, PubMed Central PMCID: PMC4550327
3Rubin, Adalberto Sperb, et al. Fibrose pulmonar idiopática: características clínicas e sobrevida em 132 pacientes com comprovação histológica. J Pneumol 25 (2000): 61-68.
4Raghu G, Collard HR, Egan JJ, Martinez FJ, Behr J, Brown KK, et al. An Official ATS/ERJ/JRS/ALAT Statement: Idiopathic Pulmonary Fibrosis: Evidence-based Guidelines for Diagnosis and Management. Am J RespirCritCare Med. 2011;183(6):788-824. PMid:21471066.
5RUBIN, Adalberto Sperb et al. Diretrizes de doenças pulmonares intersticiais da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia. Jornal Brasileiro de Pneumologia, v. 38, n. suppl. 2, p. S1-S133, 2012. Disponível em: http://observatorio.fm.usp.br/bitstream/handle/OPI/6505/art_BALDI_Diretrizes%20de%20Doen%C3%A7as%20Pulmonares%20Intersticiais%20da%20Sociedade%20Brasileira%20de%20Pneumologia%20e%20Tisiologia_2012.PDF?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 18/12/2018.
6ESILATO DE NINTEDANIBE. Bula de medicamento. Boehringer Ingelheim do Brasil Química e Farmacêutica Ltda. Farm. Resp.: Dímitra Apostolopoulou. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=24130942016&pIdAnexo=3969023 Acesso em 18/12/2018.
7Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 22/03/2018.
8Rochwerg B, Neupane B, Zhang Y, Garcia CC, Raghu G, Richeldi L, Brozek J, Beyene J, Schünemann H. Treatment of idiopathic pulmonary fibrosis: a network meta-analysis. BMC Med. 2016 Feb 3;14:18. doi: 10.1186/s12916-016-0558-x. -
Eteplirsen para Distrofia Muscular de Duchenne :: Junho/2020
Data de elaboração: Abril/2020 Data de publicação: Junho/2020 O que é Distrofia Muscular de Duchenne?
A distrofia muscular de Duchenne é um distúrbio neuromuscular recessivo ligado ao cromossomo X, caracterizado por fraqueza muscular progressiva. A DMD é causada por mutações no gene DMD1. Afeta, principalmente, meninos, sendo que cerca de dois terços das mutações da DMD são herdados pelos filhos de mães que desconhecem serem portadoras da mutação, e os casos restantes resultam de mutações germinativas espontâneas2. Em geral, a DMD é diagnosticada nos primeiros anos de vida devido à fraqueza muscular e em razão da degeneração do músculo esquelético os pacientes podem apresentar deformidades esqueléticas, insuficiência respiratória e cardiomiopatia3. As crianças afetadas possuem os sinais iniciais nos primeiros anos de vida e, eventualmente, perdem a capacidade de andar durante a infância. A cardiomiopatia é causa de morte prematura em 20% das pessoas com DMD, sendo que a manifestação da cardiomiopatia subclínica é muito comum4. Os últimos anos da primeira década de vida são marcados por progressão da fraqueza muscular respiratória, hipoventilação noturna, insuficiência respiratória e morte no final da adolescência ou vinte anos em pacientes não tratados. A provisão de suporte respiratório, com uso de ventilador na fase apropriada, pode prolongar a sobrevivência até a quarta década, já que em 90% das pessoas a morte é diretamente relacionada à insuficiência respiratória crônica5.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Distrofia Muscular de Duchenne?
Não. Atualmente, no âmbito do SUS, não há Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da distrofia muscular de Duchenne6.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Não. O medicamento eteplirsen (Exondys 51®) não possui registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)7.Possui genérico?
Não8.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Por não haver registro no Brasil, não está disponível no mercado brasileiro.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 16/04/2020.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não, de acordo com consulta realizada à Rename9, em 24/04/2020.Quanto custa o tratamento com o Eteplirsen?
Tendo em vista que este medicamento ainda não possui registro na Anvisa e não está precificado pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos – CMED8, não foi possível calcular o custo do tratamento.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Distrofia Muscular de Duchenne?
Estão disponíveis no SUS tratamentos e procedimentos que objetivam reduzir a progressão da DMD. Dentre os possíveis procedimentos disponibilizados pelo SUS conciliáveis com o tratamento da DMD e registrados na tabela do Sistema de Gerenciamento da Tabela de Procedimentos, Medicamentos e OPM do SUS (SIGTAP) estão, por exemplo:- 03.01.05.001-5 – ACOMPANHAMENTO E AVALIACAO DOMICILIAR DE PACIENTE SUBMETIDO À VENTILAÇÃO MECANICA NÃO INVASIVA – PACIENTE/MÊS.
- 03.01.05.006-6 – INSTALACAO / MANUTENCAO DE VENTILAÇÃO MECÂNICA NÃO INVASIVA DOMICILIAR.
- 03.02.05.002-7 – ATENDIMENTO FISIOTERAPÊUTICO NAS ALTERAÇÕES MOTORAS.
- 03.01.07.010-5 – ATENDIMENTO/ACOMPANHAMENTO INTENSIVO DE PACIENTE EM REABILITAÇÃO FÍSICA (1 TURNO PACIENTE-DIA – 15 ATENDIMENTOS-MÊS).
- 03.01.07.012-1 – TRATAMENTO INTENSIVO DE PACIENTE EM REABILITAÇÃO FÍSICA (1 TURNO PACIENTE- DIA – 20 ATENDIMENTOS-MÊS).
- 03.01.07.013-0 – TRATAMENTO INTENSIVO DE PACIENTE EM REABILITAÇÃO FÍSICA (2 TURNOS PACIENTE-DIA – 20 ATENDIMENTOS-MÊS).
Além disso, o SUS também disponibiliza órteses, próteses e materiais especiais que possibilitam a locomoção e as atividades da vida diária dos pacientes. Como por exemplo:
- 07.01.01.001-0 – ANDADOR FIXO / ARTICULADO EM ALUMÍNIO COM QUATRO PONTEIRAS.
- 07.01.01.002-9 – CADEIRA DE RODAS ADULTO / INFANTIL (TIPO PADRÃO).
- 07.01.01.010-0 – CARRINHO DOBRÁVEL PARA TRANSPORTE DE CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA.
- 07.01.01.011-8 – BENGALA CANADENSE REGULÁVEL EM ALTURA (PAR).
- 07.01.01.013-4 – MULETA AXILAR TUBULAR EM ALUMÍNIO REGULÁVEL NA ALTURA (PAR).
- 07.01.01.024-0 – CADEIRA DE RODAS PARA BANHO COM ENCOSTO RECLINÁVEL.
- 07.01.02.019-9 – ÓRTESE PELVICO-PODALICA METALICA PARA ADULTO COM OU SEM APOIO ISQUIATICO.
Somado a isso, também, estão disponíveis no SUS medicamentos corticosteroides como a prednisona, fosfato sódico de prednisolona, dexametasona, hidrocortisona e para o tratamento da hipertensão arterial os medicamentos: furosemida, espironolactona, hidroclorotiazida (diuréticos), enalapril e captopril (inibidores da enzima conversora de angiotensina, simples), losartana, anlodipino, verapamil, propranolol, metoprolol, carvedilol, atenolol, metildopa, amiodarona, propafenona, hidralazina, isossorbida, digoxina e ácido acetilsalicílico, por meio do Componente Básico da Assistência Farmacêutica.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Não, até a presente data, não foi protocolada na Conitec proposta para analisar a incorporação no SUS do eteplirsen para tratamento de DMD ou para outras condições clínicas, seja pelo laboratório fabricante ou por outros entes interessados10. Ressalta-se que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou a empresa (produtora da tecnologia ou não), pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à Conitec, desde que cumpra as exigências legais impostas pelo Decreto nº 7.646 de 2011.O que a literatura científica relata sobre o uso do eteplirsen para essa condição clínica?
Mendell e colaboradores (2013) conduziram um ensaio randomizado, duplo-cego, controlado por placebo, de 24 semanas (Estudo 201). O ensaio consistia em três coortes (placebo, 30 mg/kg/semana, 50 mg/kg/semana de eteplirsen) realizadas no Hospital Infantil Nationwide seguidas por um estudo de extensão open-label (Estudo 202) com duas coortes (30 ou 50 mg/ kg/semana) durante 48 semanas com administração de eteplirsen. Após as 24 semanas de administração, os pacientes tratados com placebo foram transferidos para doses semanais com eteplirsen e receberam 30 mg/kg (n=2) ou 50 mg/kg (n=2). Foram elegíveis para o estudo 12 pacientes (n=4/grupo), meninos com idades entre 7 e 13 anos, com mutação confirmada do gene DMD susceptíveis ao salto do éxon 51 e capacidade de caminhar 200 a 400 m no teste de caminhada de seis minutos. Foi realizada biópsia do músculo bíceps em todos os pacientes no início do estudo para avaliar as fibras positivas para distrofina pré-tratamento. Observou-se que, até a semana 48, o eteplirsen foi bem tolerado, sem eventos adversos relacionados ao tratamento. O tratamento com 50 mg/kg por 12 semanas não resultou aumento na porcentagem de fibras positivas para distrofina comparado ao pré-tratamento. Na semana 24, a dose de 30 mg/kg resultou num aumento de 22,9% (intervalo de 15,9-29,0%) do pré-tratamento (p≤0,002) em comparação com o grupo placebo combinado. De acordo com os autores, estes dados sugerem que são necessárias pelo menos 12 semanas de tratamento com eteplirsen para produzir aumentos perceptíveis na produção de distrofina em biópsias musculares. As comparações entre tratamentos de todas as coortes não resultaram em diferenças significativas. No teste de caminhada de seis minutos, a mudança média ajustada, utilizando o modelo misto, desde o início até a semana 24, foi de -25,8 m (±30,6) para a coorte placebo e -128,2 m (±31,6) e -0,3 m (±31,2) para as coortes de 30 e 50 mg/kg, respectivamente11.
Em estudo posterior, Mendell e colaboradores (2016) relataram os resultados do tratamento contínuo com eteplirsen, por três anos, em pacientes com DMD susceptíveis ao salto do éxon 51 que participaram dos Estudos 201 e 202 e comparou-os com pacientes elegíveis (n=13) para o estudo de uma coorte histórica italiana. Neste estudo foram realizados: o teste de caminhada de seis minutos, o teste de função pulmonar e avaliação do aumento na porcentagem de fibras distrofinas. Aos 36 meses, os doentes tratados com eteplirsen (n = 12) demonstraram uma vantagem de 151m (p <0,01) no teste de caminhada e apresentaram menor incidência de perda de deambulação em comparação com os controles históricos correspondentes (HC) combinado (n = 13) passível do salto do éxon. Os resultados do teste de função pulmonar permaneceram relativamente estáveis em pacientes tratados com eteplirsen, que foi bem tolerado. A análise do HC confirmou a mudança observada anteriormente na trajetória da doença aos 7 anos, e uma progressão mais grave foi observada em pacientes com mutações passíveis do salto do éxon do que naqueles não passíveis. O subconjunto de pacientes passível do salto do éxon 51 mostrou um curso da doença mais grave do que aqueles passíveis ao salto de qualquer éxon. Dessa forma, conclui-se, que ao longo de 3 anos de acompanhamento, os pacientes tratados com eteplirsen mostraram uma taxa mais lenta de declínio na deambulação avaliada pelo teste de caminhada de 6 minutos em comparação com o HC combinado não tratado12.Referências bibliográficas
1 Lim KRQ, Maruyama R, Yokota T. Eteplirsen in the treatment of Duchenne muscular dystrophy. Drug Des Devel Ther. 2017; 11: 533–545.
2 Lee T, Takeshima Y, Kusunoki N, et al. Differences in carrier frequency between mothers of Duchenne and Becker muscular dystrophy patients. J. Hum. Genet 2014; 59:46–50.
3 Andrews JG, Wahl RA. 2018. Duchenne and Becker muscular dystrophy in adolescents: current perspectives. Adolesc. Health Med. Ther 2018; 9:53–63.
4 Frankel K, Rosser R. The pathology of the heart in progressive muscular dystrophy: epimyocardial fibrosis. Human Pathology 1976; 7(4):375–86.
5 Eagle M, Bourke J, Bullock R, Gibson M, Mehta J, Giddings D, et al. Managing Duchenne muscular dystrophy the additive effect of spinal surgery and home nocturnal ventilation in improving survival. Neuromuscular Disorders. 2007;17(6):470–5.
6 Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde [homepage na internet]. Protocolos e Diretrizes. [acesso em 8 abr 2020]. Disponível em: http://conitec.gov.br/index.php/protocolos-e-diretrizes .http://conitec.gov.br/index.php/protocolos-e-diretrizes.
7 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Consultas [acesso em 20 jun 2020]. Disponível em: https://consultas.anvisa.gov.br/#/medicamentos/.
8 Brasil. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. [homepage na internet]. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/374947/5839648/LISTA_CONFORMIDADE_GOV_2020_04_v1.pdf/d791ceb6-d436-494e-9e25-59ea59c00b3e. Acesso em 24/4/2020.
9 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2020 – Brasília: Ministério da Saúde, 2020. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/relacao_medicamentos_rename_2020.pdf. Acesso em: 24/4/2020.
10 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - CONITEC. Recomendações sobre as tecnologias avaliadas. Brasilia; 2020. Disponível em: . Acesso em: 24/04/2020.
11 Mendell JR, Rodino-Klapac LR, Sahenk Z, et al. Eteplirsen for the treatment of Duchenne muscular dystrophy. Ann Neurol. 2013; 74(5):637–647.
12 Mendell JR, Goemans N, Lowes LP, et al. Longitudinal effect of eteplirsen versus historical control on ambulation in Duchenne muscular dystrophy. Ann Neurol. 2016; 79(2):257–271. -
Exenatida para diabetes tipo 2 :: Outubro/2018
Data de elaboração: Outubro/2018 Data de publicação: Outubro/2018 O que é Diabetes tipo II?
O diabetes mellitus (DM) é uma doença caracterizada por distúrbios metabólicos e hiperglicemia, devido aos defeitos na ação da insulina, na secreção de insulina ou em ambas. Dentre as várias classes clínicas da doença, destacam-se o diabetes tipo 1 (DM1) e o tipo 2 (DM2). O DM1 ou insulinodependente ocorre como consequência da deficiência de insulina, causada pela destruição das células beta pancreáticas. O DM2 é caracterizado pela deficiência parcial da produção de insulina pelo pâncreas ou ainda pela resistência à insulina e deficiência na ação desse hormônio1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Diabetes tipo II?
Sim. Para o tratamento do DM, o SUS oferece uma estratégia de tratamento que contempla o cuidado integral do paciente. Essa estratégia é descrita no Caderno de Atenção Básica – Diabetes (http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/caderno_36.pdf), que orienta sobre os critérios de diagnóstico da doença, os tratamentos com as respectivas doses adequadas e mecanismos para o monitoramento clínico em relação à efetividade do tratamento e à supervisão de possíveis efeitos adversos2.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. A exenatida (Byetta®) possui indicação em bula como terapia adjuvante para a melhora do controle glicêmico em pacientes com diabetes tipo 2A que estejam tomando metformina ou uma sulfonilureia ou uma combinação de metformina e sulfonilureia, mas que não tenham ainda atingido um controle glicêmico adequado; como terapia adjuvante para a melhora do controle glicêmico em pacientes com diabetes tipo 2 e IMC > 25 kg/m2 que estejam tomando uma tiazolidinediona, ou uma combinação de tiazolidinediona e metformina, mas que não tenham ainda atingido um controle glicêmico adequado, e também é indicado para a melhora do controle glicêmico em pacientes com diabetes tipo 2 e IMC > 25kg/m2 em combinação com uma insulina basal/longa duração com ou sem metformina e/ou uma tiazolidinediona3.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Byetta® - solução injetável – 5 mcg e 10 mcg – 1 caneta injetora com cartucho de vidro de 1,2 mL de exenatida (60 doses), sendo cada dose equivalente a 5 mcg de exenatida; ou 1 caneta injetora com cartucho de vidro de 2,4 mL de exenatida (60 doses), sendo cada dose equivalente a 10 mcg de exenatida.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 25/09/2018.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não.Quanto custa o tratamento com Exenatida?
Considerando a dose inicial recomendada em bula de 5 mcg por dose, administrada duas vezes por dia, o custo mensal estimado para tratamento da exenatida é de R$ 254,81. O custo foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% do medicamento de referência, segundo ANVISA4.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Diabetes tipo II?
Sim, são disponibilizados os medicamentos apresentados na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Cloridrato de metformina Comprimido 500 mg
850 mgGlibenclamida Comprimido 5 mg Gliclazida Comprimido de liberação controlada 30 mg
60 mg
80 mgInsulina humana regular Solução injetável 100 UI/mL Insulina humana NPH Suspensão injetável 100 UI/mL O financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento1.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosa, conforme PCDT2.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Não, até a presente data, não foi protocolada, na CONITEC, demanda para analisar a incorporação da exenatida (Byetta®) para tratamento de diabete mellitus tipo II ou para outras condições clínicas, seja pelo laboratório fabricante ou por determinados demandantes. Ressalta-se que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou a empresa produtora do medicamento, pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à CONITEC, desde que cumpra as exigências legais.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Revisão sistemática com metanálise comparou os agonistas do receptor de peptídeo-1 semelhante a glucagon (AR de GLP-1), entre eles a exenatida, com placebo ou medicamentos anti-diabéticos tradicionais, para sinalizar a evidência atual do efeito das AR de GLP-1 em hipoglicemia, descontinuação do tratamento e nível glicêmico (HbA1c < 7% e HbA1c < 6,5%) em pacientes com DM2. Um ensaio clínico randomizado multicêntrico, duplo-cego, controlado por placebo, avaliou várias alterações clínicas (como índice de massa corporal – IMC, pressão sanguínea, controle glicêmico, entre outras), buscando compreender os efeitos da exenatida nos níveis de adipocitocinas séricas e na função das células-ß em pacientes com DM2. Neste estudo, inicialmente, 174 indivíduos, por um período de 8 ± 2 meses, receberam metformina na dosagem média de 2500 ± 500mg/dia. Destes, 171 pacientes foram distribuídos aleatoriamente para um grupo de 85 pacientes, que recebeu placebo + metformina ou para outro grupo de 86 pacientes, que recebeu exenatida + metformina. Considerando es dois estudos selecionados, exenatida administrada conjuntamente com metformina demonstrou melhoria do controle glicêmico, melhorando os níveis de adipocitocina e de sensibilidade à insulina frente à metformina administrada conjuntamente com placebo. No entanto, a dose diária da exenatida utilizada no ensaio clínico randomizado foi superior à dose diária definida recomendada pela Organização Mundial da Saúde. Na revisão sistemática, as doses diárias da exenatida nos estudos selecionados não foram informadas. A exenatida demonstrou eficácia frente ao placebo no ensaio clinico randomizado e na revisão sistemática. Contudo, na revisão sistemática, a exenatida não apresentou diferenças estatisticamente significantes quanto ao aumento no índice do controle glicêmico, quando comparada com sulfonilureias, metformina e insulina, alternativas terapêuticas disponíveis no SUS. É válido mencionar que no estudo de revisão sistemática não foi informado quais sulfonilureias e qual ou quais insulinas foram utilizadas como comparadoras. Quando comparada com insulina e sulfonilureias, a exenatida reduziu o risco de hipoglicemia e aumentou o risco de descontinuação do tratamento. Ainda de acordo com a revisão sistemática, a exenatida não se destacou entre as principais alternativas de tratamento para redução dos índices de hipoglicemia, redução dos índices de descontinuação do tratamento e aumento dos índices do controle glicêmico, de acordo com a superfície sob a curva de classificação cumulativa (SUCRA). Os eventos adversos relatados pelos pacientes no grupo exenatida + metformina, no ensaio clínico, foram náuseas e vômitos, com uma baixa frequência5,6.Referências bibliográficas
1SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES (SBD). Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2015-2016. São Paulo, 2015. Disponível em: http://www.diabetes.org.br/sbdonline/images/docs/DIRETRIZES-SBD-2015-2016.pdf. Acesso em: 30/07/2018.
2BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica: diabetes mellitus. Cadernos de Atenção Básica, n. 36. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. Disponível em: http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/caderno_36.pdf. Acesso em: 27/06/2017.
3EXENATIDA. Bula de medicamento. Bristol-Myers Squibb Farmacêutica Ltda Farm. Resp.: Dra. Elizabeth M. Oliveira. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=18637882016&pIdAnexo=3555009. Acesso em 11/10/2018.
4Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 22/03/2018.
5Li Z, Zhang Y, Quan X, Yang Z, Zeng X, Ji L, Sun F, Zhan S. Efficacy and Acceptability of Glycemic Control of Glucagon-Like Peptide-1 Receptor Agonists among Type 2 Diabetes: A Systematic Review and Network Meta- Analysis. PLoS One. 2016 May 9;11(5):e0154206. doi: 10.1371/journal.pone.0154206.
6Derosa G, Cicero AF, Franzetti IG, Querci F, Carbone A, Ciccarelli L, D Angelo A, Fogari E, Maffioli P. Effects of exenatide and metformin in combination on some adipocytokine levels: a comparison with metformin monotherapy. Can J Physiol Pharmacol. 2013 Sep;91(9):724-32. doi: 10.1139/cjpp-2012-0300. -
Femproporex para obesidade :: Novembro/2018
Data de elaboração: Novembro/2018 Data de publicação: Novembro/2018 O que é Obesidade?
A obesidade é o acúmulo de gordura no corpo, causado, quase sempre, por um consumo excessivo de calorias na alimentação, superior ao que o organismo necessita para realizar e manter as atividades do dia a dia. Deste modo, a obesidade acontece quando a ingestão alimentar é maior que o gasto energético correspondente. A obesidade apresenta-se como uma crescente epidemia global associada a muitas condições, observa-se uma alta prevalência da doença no hemisfério ocidental, principalmente nos Estados Unidos. Existe uma relação entre o aumento na taxa de mortalidade com o aumento no índice de massa corporal (IMC). Os motivos que podem causar a obesidade em geral são multifatoriais e envolvem fatores genéticos, ambientais, estilo de vida e fatores emocionais. A farmacoterapia (o tratamento farmacológico) pode ser recomendada como uma intervenção complementar de perda de peso. No entanto, alguns dos medicamentos eficazes para perda de peso foram responsáveis por eventos adversos sérios e foram retirados do mercado, o que levou a uma controvérsia em curso sobre a segurança, à longo prazo, de muitos anorexígenos atualmente disponíveis. Os tratamentos principais para perda de peso são atividade física e alimentação saudável1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Obesidade?
Sim. Para o tratamento de obesidade, o SUS oferece estratégias de cuidado integral, que pode ser consultada no Caderno de Atenção Básica - “Estratégias para o Cuidado da Pessoa com Doença Crônica Obesidade”2. Destaca-se ainda, que o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) de Sobrepeso e Obesidade está em processo de elaboração3.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Não. O medicamento femproporex (Desobesi-M®) não possui registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). É indicado para o tratamento da obesidade e atua como inibidor de apetite, levando a redução da ingestão de alimentos.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Desobesi-M® - Cápsula – 25 mg – caixa com 30.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 09/10/2018.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não.Quanto custa o tratamento com Femproporex?
Tendo em vista que este medicamento ainda não possui registro na ANVISA, não está precificado pela CMED4.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Obesidade?
Não são disponibilizados medicamentos específicos para o tratamento da obesidade. No âmbito do SUS, o tratamento da obesidade é baseado em medidas não medicamentosas e cirúrgicas. De acordo com o Caderno de Atenção Básica do Ministério da Saúde, as medidas não medicamentosas são compostas por alimentação saudável, prática de atividade física e abordagem cognitivo-comportamental. Quanto os procedimentos cirúrgicos, são registrados no SIGTAP para o tratamento da obesidade:2•04.07.01.012-2 - Gastrectomia com ou sem desvio duodenal•04.07.01.017-3 - Gastroplastia com derivacao intestinal•04.07.01.018-1 - Gastroplastia vertical com banda•04.07.01.036-0 - Gastrectomia vertical em manga (sleeve)•04.07.01.038-6 - cirurgia bariátrica por videolaparoscopiaOutros procedimentos pós cirurgia bariátrica também estão disponíveis como acompanhamento, dermolipectomia, mamoplastia e procedimentos sequenciais de cirurgia plástica.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Não, até a presente data, não foi protocolada, na CONITEC, demanda para analisar a incorporação, ao SUS, do femproporex para tratamento da obesidade ou para outras condições clínicas, seja pelo laboratório fabricante ou por outros demandantes. Ressalta-se que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou empresa (produtora da tecnologia ou não), pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à CONITEC, desde que cumpra as exigências legais impostas pelo Decreto nº 7.646/2011.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Uma revisão sistemática com meta-análise avaliou eficácia e segurança da anfepramona, femproporex e mazindol como monoterapia no tratamento de pacientes obesos ou com sobrepeso5. Outro estudo, também revisão sistemática, avaliou a segurança e eficácia do femproporex para o tratamento da obesidade6. Como resultado, as duas revisões sistemáticas observaram que os eventos adversos relacionados ao uso de femproporex incluem: insônia, irritabilidade, ansiedade, sendo também relatado casos de depressão severa e tentativa de suicídio. Além disso não houve evidência de que o femproporex reduz a morbidade e mortalidade associada à obesidade, e os resultados encontrados foram insuficientes para avaliar a relação de risco-benefício. De modo geral, nas buscas por evidências científicas foram constatados que existem poucos estudos primários que avaliaram a eficácia e segurança do femproporex no tratamento da obesidade. As evidências, atualmente disponíveis, foram baseadas em estudos com: tamanho amostral pequeno e importantes problemas metodológicos. Estudos robustos e com adequada qualidade metodológica são necessários para avaliar se os benefícios do tratamento com o femproporex superam os seus riscos.Referências bibliográficas
1Bazan IS, Fares WH. Review of the Ongoing Story of Appetite Suppressants, Serotonin Pathway, and Pulmonary Vascular Disease. Am J Cardiol. 2016 May 15;117(10):1691-1696. doi: 10.1016/j.amjcard.2016.02.049.
2BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica obesidade: diabetes mellitus. Cadernos de Atenção Básica, n. 38. Brasília: Ministério da Saúde, 2014. Disponível em: http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/caderno_38.pdf Acesso em: 31/10/2018.
3BRASIL. Ministério da Saúde. Enquete para elaboração do escopo do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas de Obesidade e Sobrepeso. Brasília: Ministério da Saúde, 2018. Disponível em: http://conitec.gov.br/ultimas-noticias-3/sobrepeso-e-obesidade-participe-da-enquete Acesso em: 31/10/2018.
4Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 09/10/2018.
5Lucchetta RC, Riveros BS, Pontarolo R, Radominski RB, Otuki MF,Fernandez-Llimos F, Correr CJ. Systematic review and meta-analysis of theefficacy and safety of amfepramone and mazindol as a monotherapy for thetreatment of obese or overweight patients. Clinics (Sao Paulo). 2017 May;72(5):317-324. doi: 10.6061/clinics/2017(05)10.
6Paumgartten FJ, Pereira SS, de Oliveira AC. Safety and efficacy of Femproporexfor obesity treatment: a systematic review. Rev Saude Publica. 2016;50:25. doi:10.1590/S1518-8787.2016050006208. -
Furoato de mometasona para vitiligo :: Dezembro/2019
Data de elaboração: Dezembro/2019 Data de publicação: Dezembro/2019 O que é Vitiligo?
Vitiligo é uma doença caracterizada pela perda da coloração da pele. As lesões formam-se devido à diminuição ou ausência de melanócitos (células responsáveis pela formação da melanina, pigmento que dá cor à pele) nos locais afetados. As causas do vitiligo ainda não estão claramente estabelecidas, mas alterações ou traumas emocionais podem estar entre os fatores que desencadeiam ou agravam a doença. Vitiligo é caracterizado por lesões cutâneas de hipopigmentação, ou seja, diminuição da cor, com manchas brancas de tamanho variável na pele, não é contagioso e não traz prejuízos à saúde física. No entanto, as lesões provocadas impactam na qualidade de vida e na autoestima do paciente. Nesses casos, o acompanhamento psicológico pode ser recomendado1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Vitiligo?
Não. Atualmente, no âmbito do SUS, não há uma estratégia específica para o tratamento do vitiligo.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim2. O medicamento furoato de mometasona possui registro na Anvisa e é indicado para o alívio das manifestações inflamatórias pruriginosas das dermatoses sensíveis aos corticosteroides, como psoríase, dermatite atópica e dermatite alérgica de contato. Não há indicação em bula específica para utilização em vitiligo3.Possui genérico?
Sim.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Nomes comerciais: Oximax®, Dermotil Fusid®, Topison®, Resgat®, Elocom®, Nasonex®, Oximax®, Nites®.
Está registrado nas seguintes formas farmacêuticas: creme dermatológico 0,1%, 0,5mg/g, 1mg/g; pomada dermatológica 0,5mg/g, 1mg/g e cápsula em pó para inalação 400 mcg.Lista CMED4
*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 10/12/2019.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não5. O furoato de mometasona não consta na RENAME 20206.Quanto custa o tratamento com Furoato de mometasona?
Tendo em vista que, atualmente, o furoato de mometasona não possui registro na Anvisa para vitiligo, não há como calcular o valor do tratamento.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Vitiligo?
Até o momento não existe Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) com tratamento específico para vitiligo, mas o SUS disponibiliza diversas terapias e tratamentos que poderiam ser utilizados nesses casos, como fototerapia, tacrolimo e corticosteroides.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Não. Até a presente data, não foi protocolada na Conitec proposta para analisar a incorporação no SUS do furoato de mometasona para tratamento de vitiligo ou para outras condições clínicas, seja pelo laboratório fabricante ou por outros entes interessadosi. Ressalta-se que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou empresa (produtora da tecnologia ou não), pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à Conitec, desde que cumpra as exigências legais impostas pelo Decreto nº 7.646 de 2011.O que a literatura científica relata sobre o uso dessa tecnologia para essa condição clínica?
Uma revisão sistemática (RS) da Cochrane (Whitton et al., 2015)7 avaliou os efeitos de todas as intervenções disponíveis e utilizadas no tratamento do vitiligo. Os estudos de ensaios clínicos (ECR) incluídos na RS estudaram a associação do furoato de mometasona a outros fármacos ou o compararam as alternativas não disponíveis no SUS. Um dos ECR comparou 0,1% de creme de furoato de mometasona uma vez por dia com 1% de creme de pimecrolimus duas vezes ao dia, durante três meses. Houve uma tendência para a repigmentação superior no grupo que usou o furoato de mometasona, mas sem significância estatística (RR= 7,00, IC95% 0,38 a 127,32). Em outro ECR, que comparou o furoato de mometasona tópico de 0,01% em monoterapia vs. a combinação de furoato de mometasona com tacrolimus tópico a 0,03%, observou-se que uma maior proporção de participantes tratados com a combinação alcançou a repigmentação acima de 75%. Um terceiro ECR que comparou a combinação de levamisole oral + furoato de mometasona tópica vs. placebo mais mometasona tópica, não encontrou diferença estatisticamente significante entre os grupos com relação à repigmentação (RR=1,38, IC95% 0,92 a 2,06). Ou seja, embora o furoato de mometasona seja um fármaco corticosteroide de média potência já conhecido e utilizado a longo prazo em afecções dermatológicas, não existe evidência científica disponível na literatura que suporte a sua utilização em pacientes com vitiligo.Referências bibliográficas
1Brasil. Ministério da Saúde. Biblioteca Virtual de Saúde. http://bvsms.saude.gov.br/dicas-em-saude/2205-vitiligo. Acesso em: 02/12/2019.
2Brasil. Ministério da Saúde. Anvisa. Consulta a medicamentos registrados. http://portal.anvisa.gov.br/consulta-produtos-registrados. Acesso em 02/12/2019.
3FUROATO DE MOMETASONA. Bula de medicamento. EMS S/A. Farm. Resp.: Dra. Telma Elaine Spina. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp. Acesso em 02/12/2019.
4Brasil. Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. http://portal.anvisa.gov.br/documents/374947/2829072/LISTA_CONFORMIDADE_GOV_2019-12-10.pdf/360106da-b97b-43d6-af3f-53df9e88a062. Acesso em 02/12/2019.
5Brasil. Ministério da Saúde. RENAME – Relação Nacional de Medicamentos Essenciais. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/medicamentos_rename.pdf. Acesso em 02/12/2019.
6Brasil. Ministério da Saúde. RENAME – Relação Nacional de Medicamentos Essenciais. Disponível em: http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2019/dezembro/11/Rename-2020.pdf. Acesso em :12/12/2019.
7Whitton ME, Pinart M, Batchelor J, Leonardi-Bee J, González U, Jiyad Z, Eleftheriadou V, Ezzedine K. Interventions for vitiligo. Cochrane Database of Systematic Reviews 2015, Issue 2. Art. No.: CD003263. DOI: 10.1002/14651858.CD003263.pub5.
iBrasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS. Tecnologias demandadas. Disponível em: http://conitec.gov.br/tecnologias-em-avaliacao. Acesso em: 18/11/2019. -
Gabapentina para dor crônica :: Dezembro/2017
Data de elaboração: Dezembro/2017 Data de publicação: Dezembro/2017 O que é dor crônica?
A dor é uma sensação ou experiência emocional desagradável, associada com dano tecidual real ou potencial. A dor pode ser classificada em três modalidades, de acordo com sua intensidade: dor forte, apresentando-se altamente limitante para o paciente; dor moderada, limitante e com dificuldade de controle; e dor leve, sendo percebida pelo paciente, mas não referida como limitante nem insuportável. A dor crônica é uma sensação dolorosa que persiste por mais de 30 dias, com intensidade moderada a alta. A dor crônica pode ser proveniente de várias doenças de base, como a osteoartrose, artrite reumatoide, dor lombar (dor de predomínio nociceptivo); neuropatia diabética, fibromialgia (dor de predomínio neuropático); dor oncológica e dor ciática (dor mista)1. O objetivo do tratamento em dor crônica é reabilitar o paciente e melhorar a qualidade de vida, já que a completa eliminação da dor nem sempre é possível2.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar dor crônica?
Sim, o SUS oferece uma estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) de Dor Crônica (http://conitec.gov.br/images/Protocolos/DorCronica.pdf)1.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. A gabapentina3 possui indicação em bula para tratamento da dor neuropática (dor devido à lesão e/ou mau funcionamento dos nervos e/ou do sistema nervoso), como monoterapia e terapia adjunta das crises epilépticas parciais (convulsões).Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Gabaneurin®- cápsula de 300mg (caixa com 30) .
Gabaneurin®- cápsula de 400mg (caixa com 30)
Gabaneurin®- cápsula de 600mg (caixa com 27)
Gabapentina- cápsula de 300mg (caixa com 10, 30 e 60)
Gabapentina- cápsula de 400mg ((caixa com 10, 30 e 60)
Gabapentina- cápsula de 600mg ((caixa com 27)
Gabatin® - cápsula de 300mg (caixa com 10 e 30)
Gabatin® - cápsula de 400mg (caixa com 10 e 30)
Gamibetal®- cápsula de 300mg (caixa com 10 e 30)
Gamibetal®- cápsula de 400mg (caixa com 30)
Neurocontrol® - cápsula de 300mg (caixa com 30)
Neurocontrol® - cápsula de 400mg (caixa com 30)
Neurontin® - cápsula de 300mg (caixa com 10 e 30)
Neurontin® - cápsula de 400mg (caixa com 30)
Neurontin® - cápsula de 600mg (caixa com 27).*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 19/12/2017.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Sim, e é disponibilizado de acordo com os critérios estabelecidos no PCDT de Dor Crônica.Quanto custa o tratamento com Gabapentina?
Considerando a dose inicial recomendada em bula de 300 mg três vezes ao dia (900 mg/dia), o custo mensal estimado é de R$133,20. O custo foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo por cápsula do medicamento (PMGV) e alíquota ICMS de 0% dos medicamentos genéricos na apresentação de cápsulas de 300 mg, segundo ANVISA5.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar dor crônica?
Sim, as mesmas podem ser conferidas na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração ácido acetilsalicílico Comprimido 500 mg ácidovalproico Cápsula
Comprimido
Solução oral e xarope250 mg
500 mg
50 mg/mLamitriptilina Comprimido 25 mg
75 mgcarbamazepina Comprimido
Comprimido
Suspensão oral200 mg
400 mg
20 mg/mLclomipramina Comprimido 10 mg
25 mgcodeína Ampola
Comprimido
Comprimido
Solução oral30 mg/mL
30 mg
60 mg
3 mg/mLdipirona Comprimido
Solução oral500 mg
500mg/mLfenitoína Comprimido
Solução oral100 mg
20 mg/mLgabapentina Cápsula 300 mg
400 mgibuprofeno Comprimido
Comprimido
Comprimido
Solução oral200 mg
300 mg
600 mg
50 mg/mLmetadona Comprimido
Comprimido
Ampola5 mg
10 mg
10 mg/mLmorfina Ampola
Comprimido
Comprimido
Cápsulas de liberação controlada
Cápsulas de liberação controlada
Cápsulas de liberação controlada
Solução oral10 mg/mL
10 mg
30 mg
30 mg
60 mg
100 mg
10 mg/mLnortriptilina Cápsula 10 mg
25 mg
50 mg
75 mgparacetamol Comprimido
Solução oral500 mg
200 mg/mLO financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento1.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosa, conforme PCDT2.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Medicamento já incorporado no SUS.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
A gabapentina é comprovadamente eficaz no tratamento da dor neuropática, conforme vários ensaios clínicos randomizados controlados bem conduzidos, e o manejo clínico com essa terapia estão descritos do PCDT de Dor Crônica. Uma metanálise avaliou a qualidade da evidência disponível quanto à eficácia dos tratamentos orais e tópicos para dor neuropática, incluindo ensaios clínicos randomizados e ensaios não publicados (recuperados de sites clínicos e farmacêuticos), e os resultados mostraram que existe uma forte evidência para o uso de gabapentina como primeira linha no tratamento da dor neuropática6.Referências bibliográficas
1BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria SAS/MS nº 1.083, de 02 de outubro de 2012. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Dor crônica. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Protocolos/DorCronica.pdfAcesso em: 26/12/2017.
2STUMP, Patrick Raymond Nicolas André Ghislain; KOBAYASHI, Ricardo; CAMPOS, Alexandre Walter de. Lombociatalgia. Rev. dor, São Paulo , v. 17, supl. 1, p. 63-66, 2016 . Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-00132016000500063&lng=pt&nrm=isoAcesso em: 26/12/2017.
3Gabapentina. São Paulo. EMS S/A. Bula de Medicamento. Farm. Resp.: Dr. RonoelCaza de Dio CRF-SP nº 19.710. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=10947162013&pIdAnexo=1920353. Acesso em: 26/12/2017.
4Câmara de Regulação - CMED Secretaria Executiva PREÇOS MÁXIMOS DE MEDICAMENTOS POR PRINCÍPIO ATIVO, PARA COMPRAS PÚBLICAS PREÇO FÁBRICA (PF) E PREÇO MÁXIMO DE VENDA AO GOVERNO (PMVG). Atualizada em 19/12/2017. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/374947/3464400/LISTA_CONFORMIDADE_GOV_2017-07-21.pdf/ee0c5ac1-00b9-4fdc-b410-4642339a5f03.
5Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precosAcesso em: 26/12/2017.
6Finnerup NB, Attal N, Haroutounian S, McNicol E, Baron R, Dworkin RH, Gilron I, Haanpää M, Hansson P, Jensen TS, Kamerman PR, Lund K, Moore A, Raja SN, Rice AS, Rowbotham M, Sena E, Siddall P, Smith BH, Wallace M. Pharmacotherapy for neuropathic pain in adults: a systematic review and meta-analysis. Lancet Neurol. 2015 Feb;14(2):162-73. doi: 10.1016/S1474-4422(14)70251-0. Epub 2015 Jan 7. Review. -
Galsulfase para mucopolissacaridose VI :: Dezembro/2019
Data de elaboração: Dezembro/2019 Data de publicação: Dezembro/2019 O que é mucopolissacaridose VI?
A mucopolissacaridose tipo VI (MPS VI), também conhecida como síndrome de Maroteaux-Lamy, é uma doença de depósito de mucopolissacarídeos causada pela deficiência de enzimas lisossômicas específicas, resultando no acúmulo de substratos dos glicosaminoglicanos no organismo levando a manifestações clínicas variando de formas graves com rápida progressão a formas leves com o diagnostico apenas na fase adulta. São características dessa doença as deformidades ósseas, macrocefalia, baixa estatura, lábios e gengivas espessados, rigidez das articulações e a infecção respiratória de repetição. É uma doença muito rara e estima-se que no Brasil existem 183 pacientes1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar mucopolissacaridose VI?
Sim. O SUS oferece estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Mucopolissacaridose Tipo VI2 (http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2018/Recomendacao/Relatorio_Galsulfase_MPS_VI.pdf)A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim3. O medicamento galsulfase possui registro na Anvisa e seu uso está aprovado para o tratamento de pacientes com mucopolissacaridose VI ou síndrome de Maroteaux-Lamy4.Possui genérico?
Não.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Naglazyme® 5mg, solução concentrada para diluição para infusão (1 mg por mL) em um frasco de 5 mL de uso único.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 10/12/2019.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Sim6. Galsulfase consta na RENAME 2020 como parte do componente especializado.Quanto custa o tratamento com Galsulfase?
Considerando-se a posologia descrita em bula4 varia de acordo com o peso corporal dos pacientes, não foi calculado o custo do tratamento.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar mucopolissacaridose VI?
Sim, o SUS disponibiliza, conforme descrito no PCDT da Mucopolissacaridose Tipo VI, o medicamento apresentado na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Galsulfase Solução injetável 1 mg/ml O financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento5.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosas, conforme PCDT2.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, a Conitec avaliou a galsulfase para o tratamento da Mucopolissacaridose Tipo VI. Os membros do plenário da comissão, presentes na 70ª reunião ordinária, realizada em 29 de agosto de 2018, recomendaram a incorporação da galsulfase para o tratamento de pacientes com diagnóstico confirmado de mucopolissacaridose tipo VI. A decisão de incorporação foi dada por meio da Portaria nº 83, publicada no DOU nº 244, seção 1, página 187, em 20 de dezembro de 20187.
Mais informações em: http://conitec.gov.br.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Uma revisão sistemática8 incluiu apenas um ensaio clínico de fase III, randomizado, duplo-cego, multicêntrico e controlado por placebo. O ensaio teve como objetivo avaliar a eficácia e a segurança do tratamento da MPS VI com galsulfase em comparação com outras intervenções, placebo ou sem intervenção e incluiu 39 indivíduos com MPS VI, com idades entre 5 e 29 anos. O principal parâmetro de eficácia avaliado foi a distância que os doentes conseguiram percorrer. Nas 24 semanas após o início do estudo, observou-se uma diferença média (DM) estatisticamente significativa de 92,00 metros na mudança da linha de base entre os dois grupos, com resultado favorável para o grupo da galsulfase (IC 95% 12,00 e 172,00 metros; p-valor = 0,03). Resultado semelhante foi apontado no teste de caminhada de 6 minutos (DM:53,00; IC95% 16,00-90,0; p-valor= 0,007). Além disso, foi observada uma diminuição nos níveis de glicosaminoglicanos urinários em favor do grupo da galsulfase em 24 semanas (DM: -227,00; IC95%: -264,00 a -190,00). Os resultados demonstraram que a galsulfase foi mais eficaz do que o placebo em pessoas com MPS VI, com melhorias significativas no teste de caminhada de 12 e 6 minutos e uma redução nos níveis de glicosaminoglicanos urinários. Não houve mudanças significativas nas funções cardíacas ou pulmonares, do fígado ou volume do baço, apneia noturna, altura e peso, qualidade de vida e efeitos adversos.Referências bibliográficas
1Brasil. Ministério da Saúde. Conitec. Relatório de recomendação Galsulfase para o tratamento da mucopolissacaridose tipo VI (dezembro de 2018). http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2018/Recomendacao/Relatorio_Galsulfase_MPS_VI.pdf. Acesso em: 16/12/2019.
2Brasil. Ministério da Saúde. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Mucopolissacaridose Tipo VI (dezembro de 2019). http://conitec.gov.br/images/Protocolos/PCDT_MucopolissacaridoseTipoVI.pdf. Acesso em: 16/12/2019.
3Brasil. Ministério da Saúde. Anvisa. Consulta a medicamentos registrados. http://portal.anvisa.gov.br/consulta-produtos-registrados. Acesso em: 16/12/2019.
4Galsulfase. Bula de medicamento. BioMarin Brasil Farmacêutica Ltda. Farm. Resp.: Helena Satie Komatsu. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp. Acesso em 13/12/2019.
5Brasil. Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. http://portal.anvisa.gov.br/documents/374947/2829072/LISTA_CONFORMIDADE_GOV_2019-12-10.pdf/360106da-b97b-43d6-af3f-53df9e88a062. Acesso em: 16/12/2019.
6Brasil. Ministério da Saúde. RENAME – Relação Nacional de Medicamentos Essenciais. Disponível em: http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2019/dezembro/11/Rename-2020.pdf. Acesso em: 16/12/2019.
7BRASIL. Portaria nº 83, de 19 de dezembro de 2018. Torna pública a decisão de incorporar a galsulfase para a terapia de reposição enzimática de longo prazo, em pacientes com diagnóstico confirmado de mucopolissacaridose tipo VI (deficiência de Nacetilgalactosamina 4-sulfa) no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 20 de dezembro de 2018. Disponível em: http://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/visualiza/index.jsp?data=20/12/2018&jornal=515&pagina=187 . Acesso em: 13/12/2019.
8Brunelli MJ, Atallah ÁN, da Silva EM. Enzyme replacement therapy with galsulfase for mucopolysaccharidosis type VI. Cochrane Database Syst Rev. 2016 Mar 4;3:CD009806. doi: 10.1002/14651858.CD009806.pub2. Acesso em: 17/12/2019. -
Gefitinibe para câncer de pulmão :: Novembro/2023
Data de elaboração: Outubro/2023 Data de publicação: Novembro/2023 O que é o câncer de pulmão?
Em oncologia, uma das principais causas de morte evitável, em todo o mundo, é o câncer de pulmão (CP), devido ao fato de 90% dos diagnósticos estar associado ao tabagismo que é o principal fator de risco causador do CP. Fumantes têm dez vezes mais risco de desenvolver a doença, em relação aos não fumantes, risco que está relacionado à quantidade de cigarros consumida, duração do hábito e idade em que iniciou o tabagismo. A cessação do tabagismo a qualquer tempo resulta na diminuição do risco de desenvolver CP. O tabagismo passivo, exposição ambiental ao gás radônio e exposição ocupacional prévia à mineração de amianto constituem fatores de risco adicionais para a doença1.O CP é o terceiro mais comum em homens e mulheres no Brasil, sem considerar o câncer de pele não melanoma. É o primeiro em todo o mundo desde 1985, em mortalidade e o segundo em incidência, sendo que cerca de 11,4% de todos os casos novos de câncer são de pulmão, ocupando a primeira posição entre os homens e terceira posição entre as mulheres. Para fins terapêuticos e prognósticos, os casos de CP são classificados em dois grupos principais, de acordo com o tipo histopatológico, sendo eles o câncer de pulmão pequenas células (CPPC) e o câncer de pulmão não-pequenas células (CPNPC). O primeiro grupo corresponde a, aproximadamente, 15% dos casos de CP, doença de evolução clínica mais agressiva, enquanto o segundo grupo representa 85% dos casos, agregando outros tipos histopatológicos, como carcinoma epidermoide, adenocarcinoma, carcinoma de grandes células e carcinoma indiferenciado. No Brasil, estudos da última década demonstram maior frequência do subtipo CPNPC, tornando-se uma neoplasia de importância nacional, devido à sua elevada incidência e mortalidade2.
Globalmente, estimou-se 1.796.144 mortes e 2.206.771 casos novos de CP para o ano de 2020, sendo a taxa de incidência ajustada pela idade de 3,6 para homens e 0,5 para mulheres, e a taxa de mortalidade ajustada pela idade de 1,9 para homens e 11,2 para mulheres. No Brasil, são estimados 30.200 novos casos de CP para cada ano do triênio 2020-2022, com 17.760 casos em homens e 12.440 em mulheres. Isso representa um risco de 11,56 novos casos a cada 100.000 mulheres e 16,99 novos casos a cada 100.000 homens. A taxa de mortalidade padronizada pela população mundial do câncer de brônquios e pulmão no Brasil foi de 12,58 óbitos por 100.000 habitantes em 2019, considerando a população de 2010. Com relação ao marcador ALK, dados globais indicam que a frequência de CPNPC ALK+ varia entre 1,6 e 11,6%2.
A seleção do tratamento deve ser adequada ao estadiamento clínico da doença (classificação TNM), capacidade funcional (escala ECOG/Zubrod), condições clínicas e preferência do doente. A extensão da doença nos casos de CPPC é classificada para fins terapêuticos em doença localizada e doença extensa. Doença localizada é aquela confinada ao hemitórax de origem, mediastino e linfonodos supraclaviculares ispilaterais, passíveis de tratamento por um mesmo campo de irradiação. A presença de derrame pleural ipsilateral enseja prognóstico intermediário entre casos de doença localizada e doença extensa. Doença extensa é aquela disseminada além da fossa supraclavicular ipsilateral, incluindo-se os casos de metástases à distância1.
Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde (SUS) para tratar o câncer de pulmão?
Sim. O SUS oferece estratégia de cuidado que pode ser verificada nas Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas (DDT) do Câncer de Pulmão, publicado por meio da Portaria SAS/MS nº 957, de 26 de setembro de 20141.A tecnologia possui registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)?
Sim. O medicamento gefitinibe é indicado para o tratamento de pacientes com câncer de pulmão de não-pequenas células (CPNPC) localmente avançado ou metastático, que têm mutações de ativação do receptor de fator de crescimento epidérmico tirosina quinase (EGFR)3.Possui genérico?
Sim4.Quais são as marcas do medicamento disponível no mercado?
Gefib® - comprimido revestido de 250 mg com 30 unidades.
Timb® - comprimido revestido de 250 mg com 30 unidades.
Tykiticip® - comprimido revestido de 250 mg com 30 unidades.
Iressa® - comprimido revestido de 250 mg com 30 unidades.
Kigefo® - comprimido revestido de 250 mg com 30 unidades.
Gefitinibe - comprimido revestido de 250 mg com 30 unidades**.
Pulge® - comprimido revestido de 250 mg com 30 unidades.*Medicamento disponível no mercado de acordo com a lista CMED4, publicada em 02/10/2023, atualizada em 23/10/2023.
**Mais de um fabricante com o princípio ativo.
O medicamento gefitinibe está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename)?
Não, de acordo com consulta realizada à Rename5, em 05/11/2023.Quanto custa o tratamento com gefitinibe?
Considerando a dose recomendada em bula3, para o tratamento do câncer de pulmão, de 250 mg duas vezes ao dia, o custo mensal inicial estimado foi de R$ 2.883,77. O valor foi calculado considerando o Preço Máximo de Venda ao Governo (PMVG) e a alíquota de 18% em relação ao Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS), segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED/Anvisa4, pois esse medicamento consta na lista com aplicação do desconto do Coeficiente de Adequação de Preços (CAP).O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar o câncer de pulmão?
Sim. O SUS disponibiliza o tratamento para o câncer de pulmão, conforme a DDT – Câncer de Pulmão2. Esclarece-se que para o tratamento de câncer no Sistema Único de Saúde, não há uma lista específica de medicamentos, vez que o cuidado ao paciente deve ser feito de forma integral nas Unidades de Alta Complexidade em Oncologia (UNACON) ou Centros de Alta Complexidade em Oncologia (CACON). Nesses estabelecimentos de saúde, o fornecimento de medicamentos é feito via autorização de procedimento de alta complexidade (APAC), conforme os procedimentos tabelados. Assim, esses hospitais habilitados como UNACON ou CACON devem oferecer assistência especializada e integral ao paciente com câncer, atuando no diagnóstico e tratamento do paciente, sendo ressarcidos pelo gestor federal quando da realização dessa assistência, inclusive farmacêutica, de acordo com valores pré-estabelecidos na Tabela de Procedimentos do SUS.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) já avaliou a tecnologia para esta condição clínica?
Sim, a Conitec avaliou o gefitinibe para o tratamento do câncer de pulmão de células não pequenas (CPNPC). Durante a Reunião Ordinária, realizada no dia 06 de junho de 2013, os membros presentes deliberaram, por maioria simples, recomendar a incorporação do gefitinibe para o tratamento do CPNPC avançado ou metastático com mutação EGFR, em primeira linha, sem criação de novo procedimento, sem alteração de valor dos procedimentos disponíveis e sem modificação do modelo de financiamento da quimioterapia no SUS6. O documento técnico foi encaminhado ao então Secretário de Ciência, Tecnologia Insumos Estratégicos em Saúde do Ministério da Saúde, que ratificou a recomendação e publicou a Portaria nº 52/2013, no Diário Oficial da União (DOU) nº 218, de 08/11/2013, Seção 1, pág. 43.O que a literatura científica relata sobre o uso xxx para essa condição clínica?
Gao et al., (2012)7, em uma revisão sistemática com meta-análise de seis ensaios clínicos (ECR) (3 resumos), num total de 1.021 pacientes foram identificados para comparar terapia com inibidores do Epidermal growth factor receptor-tyrosine kinase (EGFR-TKI) em pacientes com câncer de pulmão do tipo células não pequenas. Os comparadores foram quimioterapia com produtos à base de platina. Pacientes recebendo EGFR-TKI apresentaram sobrevida livre de progressão (SLP) maior que pacientes tratados com QT [mediana SLP 9,5 vs. 5,9 meses; HR= 0.37; IC 95% 0,27–0,52; p < 0,001]. Sobrevida global (SG) não foi estatisticamente diferente entre EGFR-TKI e QT (mediana 30,5 vs. 23,6 meses HR = 0,94; IC 95% 0,77–1,15; p= 0,57). O estudo apresenta um alto risco de viés uma vez que foram apresentados apenas 6 ECR e desses 3 eram resumos. Os resultados basearam-se em dados agregados dos estudos e subestudos e não em dados individuais dos pacientes. Essa revisão sistemática incluiu estudos que avaliaram os dois medicamentos inibidores de EGFR-TK, gefitinibe e erlotinibe, portanto os resultados são referentes ao efeito da classe medicamentosa e não aos medicamentos individualmente.Wang et al., (2012)8, em uma revisão sistemática de ECR com meta-analise para avaliar eficácia de gefitinibe em pacientes sem tratamento prévio com quimioterapia (QT) com CPNPC. As bases de dados pesquisadas foram Medline, Embase, the Cochrane controlled trials register e the Science Citation Index. Foram identificados 7 ECR num total de 4656 participantes. Gefitinibe comparado a QT foi efetivo em pacientes selecionados: HR (gefitinibe vs. QT) para SLP 0,43 (0,32-0,58) (p < 0,001) para o subgrupo (EGFR) mutante tratado com gefitinibe monoterapia, 0,71 (0,60-0,83) (p < 0,001) para o subgrupo de pacientes com adenocarinoma de pulmão; no entanto, foi prejudicial para pacientes sem EGFR mutante tratados com gefitinibe monoterapia [HR= 2,16 (1,17-3,99), p = 0,01]. Aumento da sobrevida foi estatisticamente significante no grupo gefitinibe comparado ao controle no subgrupo de pacientes com adenocarinoma de pulmão [HR 0,89 (0,81-0,99); p = 0,03], no entanto, gefitinibe não foi superior a QT no subgrupo de pacientes com EGFR mutante [HR 0,87 (0,68-1,12); p = 0,28]. Os dados não foram baseados individualmente nos pacientes, o que poderia conferir estimativa mais robusta para a análise. Outro ponto considerado foi a falta de informação de métodos e análises dos ensaios não publicados, tornando imprecisa a conclusão. O tamanho das amostras dos estudos era reduzido para verificação de viés de publicação. Houve heterogeneidade presente nos resultados dos estudos analisados, limitando a interpretação em função das variações na metodologia, particularmente em relação às etnias e critérios de interpretação dos testes.
Referências bibliográficas
1 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Portaria nº 957, de 26 de setembro de 2014. Aprova as Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas do Câncer de Pulmão. [portaria na internet]. Diário Oficial da União 29 de setembro de 2014 [acesso em 05 nov 2023]; Seção 1, (59). Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/artigos_publicacoes/ddt_capulmao_26092014.pdf.2 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação n°. 786, de nov 2022. Crizotinibe para o tratamento, em primeira linha, de pacientes adultos com câncer de pulmão não pequenas células (CPNPC) avançado ALK+ [acesso em 05 nov 2023]. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/2022/20221208_relatorio_crizotinibe_cpnpc_786.pdf.
3 Iressa. [Bula]. Brasil: AstraZeneca do Brasil Ltda.
4 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Medicamentos. Câmera de Regulação do Mercado de Medicamentos. Listas de Preços de Medicamentos [acesso em 05 nov 2023]. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/cmed/precos.
5 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Complexo da Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2022. Brasília: Ministério da Saúde; 2022 [acesso em 05 nov 2023]. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/20220128_rename_2022.pdf.
6 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação. Gefitinibe para câncer de pulmão de células não pequenas em primeira linha [acesso em 05 nov 2023]. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/incorporados/gefitinibe-final.pdf.
7 Gao G, Ren S, Li A, Xu J, Xu Q, Su C, Guo J, Deng Q, Zhou C. Epidermal growth factor receptor-tyrosine kinase inhibitor therapy is effective as first-line treatment of advanced non-small-cell lung cancer with mutated EGFR: A meta-analysis from six phase III randomized controlled trials. Int J Cancer. 2012 Sep 1;131(5):E822-9. <https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/ijc.27396>
8 Wang F, Wang LD, Li B, Sheng ZX. Gefitinib Compared with Systemic Chemotherapy as First-line Treatment for Chemotherapy-naive Patients with Advanced Non-small Cell Lung Cancer: A Meta-analysis of Randomised Controlled Trials. Clin Oncol (R Coll Radiol). 2012 Aug;24(6):396-401. <https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/22019482/>
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Glecaprevir + Pibrentasvir para hepatite C :: Fevereiro/2019
Data de elaboração: Fevereiro/2019 Data de publicação: Fevereiro/2019 O que é Hepatite C?
A hepatite C é uma doença infecciosa que causa inflamação aguda ou crônica no fígado, com elevadas taxas de morbidade e mortalidade, sendo atualmente um problema de saúde pública, que acomete entre 80 e 150 milhões de pessoas no mundo. No Brasil, aproximadamente 10 mil casos são notificados a cada ano1. A doença é causada pelo vírus da hepatite C (HCV – do inglês: Hepatitis C Virus), classificado em seis principais genótipos (GT) (1 a 6) com subtipos importantes. O vírus é transmitido principalmente pelo sangue, tendo como vias de contaminação possíveis às transfusões sanguíneas, hemodiálise, contaminação por agulhas, seringas e materiais intravenosos; já a via sexual e a transmissão vertical, não apresentam potencial de contaminação elevado1,2. Aproximadamente 80% dos pacientes são assintomáticos ou apresentam sinais e sintomas inespecíficos, comuns a diversas doenças crônicas do fígado, como febre, diminuição do apetite, dor abdominal e icterícia, razão pela qual a maioria dos pacientes têm diagnósticos tardios, quando a doença já está em fase avançada e apresenta complicações secundárias3,4. Dentre as complicações graves estão à cirrose e o câncer hepático, de modo que a hepatite C é uma das maiores causas de transplantes de fígado4. De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), estima-se que 71 milhões de pessoas tenham infecção crônica de hepatite C no mundo e aproximadamente 399.000 delas morrem a cada ano, principalmente por cirrose e carcinoma hepatocelular1. Habitualmente, a hepatite C é diagnosticada em sua fase crônica, já que, na maioria das pessoas, as primeiras duas décadas após a transmissão do vírus caracterizam-se por evolução insidiosa e assintomática. Nos casos mais graves, ocorre progressão para cirrose e descompensação hepática1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Hepatite C?
Sim. O SUS oferece estratégias de cuidados que podem ser verificadas no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Hepatite C e coinfecções (http://conitec.gov.br/index.php/protocolos-e-diretrizes#H)1.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O glecaprevir + pibrentasvir (Maviret®), possui indicação em bula para o tratamento da infecção crônica pelo vírus da hepatite C (HCV) nos genótipos 1, 2, 3, 4, 5 e 6 em pacientes sem cirrose e com cirrose compensada5.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Maviret®- Comprimidos revestidos – 100 mg/40mg – embalagem com 84.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 22/01/2019.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não.Quanto custa o tratamento com Glecaprevir + Pibrentasvir?
Considerando a dose recomendada em bula de 300mg (glecaprevir) + 120mg (pibrentasvir), correspondendo a 3 comprimidos ao dia, o custo mensal estimado para tratamento com glecaprevir/ pibrentasvir foi de R$ 28.404,37. O valor foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% do medicamento de referência, segundo ANVISA6.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Hepatite C?
Sim, de acordo com o PCDT são disponibilizados os medicamentos apresentados na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Alfapeginterferona 2a Solução injetável 180 mcg Daclatasvir (inibidor do complexo enzimático NS5A) Comprimido 30 mg
60 mgSofosbuvir (análogo de nucleotídeo que inibe a polimerase do HCV) Comprimido 400 mg Glecaprevir 100 mg/pibrentasvir 40mg Comprimido 100mg + 40 mg Ribavirina (Inibidor do RNA mensageiro viral e da polimerase do RNA viral) Cápsula 250 mg Sofosbuvir 400mg/velpatasvir 100 mg Comprimido 400 mg + 100 mg Sofosbuvir 400 mg/ledipasvir 90 mg Comprimido 400 mg + 90 mg Elbasvir 50 mg/grazoprevir 100 mg Comprimido 50 mg + 100 mg Alfaepoetina Solução injetável 10.000 UI Filgrastim 300mcg Solução injetável 300mcg O financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento1.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosa, conforme PCDT2.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, a CONITEC avaliou o glecaprevir + pibrentasvir para tratamento da hepatite C. Os membros do plenário da Comissão, presentes na 68ª reunião ordinária, realizada nos dias 04 e 05 de julho de 2018, deliberaram, por unanimidade, por recomendar a incorporação ao SUS da associação dos antivirais de glecaprevir + pibrentasvir para o tratamento da hepatite C crônica, em adultos infectados pelos genótipos 1 a 6 do vírus7.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Os estudos são predominantemente de não inferioridade e/ou superioridade aos demais medicamentos atualmente disponíveis no SUS para o tratamento da hepatite C crônica, e apontam que glecaprevir + pibrentasvir tem eficácia variando de 89% a 99%. Observou-se que a resposta virológica sustentada variou conforme genótipo e presença de comorbidades. O perfil de segurança foi semelhante aos demais medicamentos já incorporados ao SUS, sendo cefaleia, náusea e prurido as reações adversas mais comuns. As evidências compiladas no presente relatório, em sua maioria, apresentaram qualidade baixa a moderada. Algumas limitações impedem a extrapolação desses resultados, visto que esses estudos não usam comparadores e os outros estudos comparam com o placebo. Todavia, os autores constataram uma eficácia relevante para o tratamento de pacientes com infecção crônica pelo vírus HCV, genótipos 1 a 68.Referências bibliográficas
1BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria SCTIE/MS nº 84, de 19 de dezembro de 2018. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Hepatite C e Coinfecções. Brasília: Ministério da Saúde, 2018. Disponível em: http: http://conitec.gov.br/index.php/protocolos-e-diretrizes#H Acesso em: 28/01/2019.
2COVAS, D. T.; PASSOS, A. D. C.; VALENTE, V.B.; Marcadores sorológicos das hepatites B e C em doadores de sangue do Hemocentro de Ribeirão Preto, SP. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, Uberaba, v.36, n.6 nov./dez. 2005.
3MANDELL, G; BENNETT, J.; DOLIN, R. Mandell, Douglas, and Bennett’s Principles and Practice of Infectious Diseases. Philadelphia: Elsevier, 2009.
4WHO (World Health Organization). Hepatitis. Atualização de 07 abr 2017. Disponível em: .
5GLECAPREVIR/PIBRENTASVIR. Bula de medicamento. Abbvie Farmacêutica Ltda. Farm. Resp: Carlos E. A. Thomazini. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=7388982018&pIdAnexo=10698526 Acesso em 30/01/2019.
6Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 28/01/2019.
7BRASIL. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias do SUS – CONITEC. Relatório de Recomendação. Sofosbuvir em associação a velpatasvir para hepatite C crônica. Nº398, outubro de 2018. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2018/Relatorio_SofosbuvirVelpatasvir_HepatiteC_Cronica.pdf Acesso em: 28/01/2019.
8Asselah, T. et al. Efficacy of Glecaprevir + Pibrentasvir for 8 or 12 Weeks in Patients With Hepatitis C Virus Genotype 2, 4, 5, or 6 Infection Without Cirrhosis. Clinical Gastroenterology and Hepatology 2017. -
Glicopirrônio para bronquite crônica simples :: Novembro/2018
Data de elaboração: Novembro/2018 Data de publicação: Novembro/2018 O que é Bronquite Crônica Simples?
A bronquite é um processo inflamatório dos brônquios (estruturas por onde o ar passa dentro dos pulmões). Existem dois tipos de bronquite, a aguda, geralmente causada por vírus ou bactéria e que dura diversos dias ou até semanas, e a crônica, com duração de anos, que faz parte da doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC)1.A DPOC é caracterizada pela obstrução crônica do fluxo pulmonar que interfere na respiração normal, provocando um misto de doença das pequenas vias aéreas (bronquiolite obstrutiva) e destruição do parênquima pulmonar (enfisema). Via de regra, a limitação do fluxo de ar é progressiva, não totalmente reversível e está associada a uma reação inflamatória anormal dos pulmões, em decorrência de exposição inalatória prolongada a material particulado ou gases irritantes, como tabaco e combustíveis de biomassa2 Os principais sinais e sintomas são: tosse, falta de ar, chiado no peito e expectoração crônicos. Como está associada a um quadro inflamatório sistêmico, manifestações como perda de peso e redução da massa muscular podem ocorrer nas fases mais avançadas3.A evolução clínica pode variar desde uma limitação mínima das atividades cotidianas até a insuficiência respiratória crônica com necessidade de oxigenoterapia domiciliar4.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Bronquite Crônica Simples?
Sim. O SUS oferece uma estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC). (http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2014/junho/13/Portaria-609-de-2013.pdf)5.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O brometo de glicopirrônio (Seebri®) possui indicação em bula para tratamento broncodilatador de manutenção, para aliviar os sintomas dos pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC)6.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Seebri® - Cápsulas com pó para inalação – 50 mcg – embalagens com 10, 12 ou 30 cápsulas + 1 inalador.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 19/11/2018.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não.Quanto custa o tratamento com Glicopirrônio?
Considerando a dose recomendada em bula de 50 mcg de inalação uma vez ao dia, o valor mensal estimado para tratamento com brometo de glicopirrônio é de R$ 100,43. O custo foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% do medicamento de referência, segundo ANVISA7.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Bronquite Crônica Simples?
Sim, são disponibilizados os medicamentos apresentados na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Beclometasona cápsula, solução ou pó inalante,cápsula ou pó inalante,solução inalante,solução para inalação oral,solução para inalação nasal 200 mcg Budesonida cápsula ou pó inalante,cápsula ou pó inalante,aerossol bucal 200 mcg,400 mcg,200 mcg Brometo ipatrópio solução inalante,aerossol oral 0,25 mg/m, 0,02 mg Fenoterol aerossol 100 mcg Formoterol cápsula ou pó inalante 12 mcg Formoterol+ budesonida cápsula ou pó inalante,cápsula ou pó inalante 12 mcg/400 mcg, 6 mcg/200mcg Hidrocortizona pó para solução injetável 100 mg e 500 mg Salbutamol aerossol,solução inalante 100 mcg, 5 mg/ml Salmeterol aerossol bucal ou pó inalante 50mcg Prednisona comprimido 5 mg,20 mg Prednisolona solução oral 1 mg/ml, 3 mg/ml O financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento1.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosa, conforme PCDT2.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Não, até a presente data, não foi protocolada, na CONITEC, demanda para analisar a incorporação, ao SUS, do brometo de glicopirrônio para tratamento de bronquite crônica simples ou para outras condições clínicas, seja pelo laboratório fabricante ou por outros demandantes. Ressalta-se que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou empresa (produtora do medicamento ou não), pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à CONITEC, desde que cumpra as exigências legais impostas pelo Decreto 7.646/2011.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Não foram encontrados estudos que avaliassem especificamente o subgrupo bronquite crônica. Uma revisão sistemática com meta-análise de comparações indiretas avaliou a segurança e a eficácia de agonistas β2 de longa ação (LABA), agentes antimuscarínicos de ação prolongada (LAMA) e os corticosteroides inalatório (CI) para o manejo de DPOC8. Outra revisão sistemática com meta-análise de comparações indiretas analisou a eficácia de opções de tratamento para pacientes com DPOC que não podem ser controlados pela monoterapia de curta duração. Essas opções de tratamento foram: agonistas β2 de longa ação (LABA; formoterol, indacaterol, salmeterol); antagonistas muscarínicos de longa ação (LAMA; aclidinio, glicopirrônio, tiotrópio); corticosteroides inalatórios (CI; budesonida, fluticasona, mometasona); combinação de LABA/CI (formoterol/budesonida, formoterol/mometasona, salmeterol/fluticasona); e placebo9. Tendo como base essas duas revisões sistemáticas, os autores concluíram que os inaladores LAMA e LABA tiveram efeitos semelhantes para os desfechos qualidade de vida e função pulmonar, sendo que, quando LABA foi associado a corticosteroides, essa intervenção apresentou melhores resultados. Tiotrópio e glicopirrônio tiveram eficácia similar na melhora da função pulmonar. Quando considerado as intervenções em combinação, foi verificado que tiotrópio/budesonida/formoterol e indacaterol/glicopirrônio foram mais eficazes para o desfecho exacerbações moderadas a grave. A ocorrência de pneumonia foi menor para glicopirrônio e indacaterol/glicopirrônio do que para fluticasona/salmeterol, fluticasona/vilanterol e fluticasona monoterapia. Nos casos de exacerbações moderadas a graves, o glicopirrônio combinado com indacaterol foi mais eficaz quando comparados com os tiotrópio, fluticasona/salmeterol, indacaterol, glicopirrônio, salmeterol e formoterol. Já a combinação tiotrópio/budesonida/formoterol foi mais eficaz do que indacaterol/glicopirrônio8,9. Estes foram os resultados encontrados nas revisões sistemáticas, todavia, faz-se necessário estudos que considerem especificamente o subgrupo bronquite crônica na DPOC.Referências bibliográficas
1BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Doenças respiratórias crônicas / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília : Ministério da Saúde, 2010 .
2WHO - World Health Organization. Global surveillance, prevention and control of chronic respiratory diseases: a comprehensive approach. World Health Organization, 2007. Disponível em: http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/43776/2/9789726751830_por.pdf. Acesso em 22/03/2018.
3BAGATIN, E., JARDIM, J.R., STIRBULOV, R. Occupational chronic obstructive pulmonarydisease. J Bras Pneumol,32(2):35-40, 2006.
4FERNANDES, Alba Barros Souza. Reabilitação respiratória em DPOC–a importância da abordagem fisioterapêutica. Pulmão RJ, v. 1, n. 1, p. 71-78, 2009.
5BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 609, de 6 de junho de 2013. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. Disponível em: http: http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2014/junho/13/Portaria-609-de-2013.pdf Acesso em: 26/11/2018.
6BROMETO DE GLICOPIRRÔNIO. Bula de medicamento. Novartis Biociências SA. Farm. Resp.: Flavia Regina Pegorer. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=14283492017&pIdAnexo=8088238 Acesso em 27/11/2018.
7Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 22/03/2018.
8Tricco AC, Strifler L, Veroniki AA, Yazdi F, Khan PA, Scott A, Ng C, Antony J, Mrklas K, D'Souza J, Cardoso R, Straus SE. Comparative safety and effectiveness of long-acting inhaled agents for treating chronic obstructive pulmonary disease: a systematic review and network meta-analysis. BMJ Open. 2015 Oct 26;5(10):e009183. doi: 10.1136/bmjopen-2015-009183.
9Kew KM, Dias S, Cates CJ. Long-acting inhaled therapy (beta-agonists, anticholinergics and steroids) for COPD: a network meta-analysis. Cochrane Database Syst Rev. 2014 Mar 26;(3):CD010844. doi: 10.1002/14651858.CD010844.pub2. -
Glicopirrônio para síndrome de Swyer-James-Macleod :: Abril/2019
Data de elaboração: Abril/2019 Data de publicação: Abril/2019 O que é Síndrome de Swyer-James-Macleod?
A Síndrome de Swyer-James-Macleod (SSJM) ou síndrome pulmonar hiperlucente unilateral (hiperluminoso ao raio-X de toráx) é uma rara bronquiolite constritiva com obstrução do fluxo de ar e uma diminuição do número e diâmetro dos vasos pulmonares periféricas ipsilaterais (que está situado ou que acontece do mesmo lado). Esta síndrome é caracterizada por hiperlucência unilateral na radiografia de tórax, sendo que a tomografia computadorizada fornece informações adicionais úteis. A doença geralmente se apresenta com dispnéia, diminuição da tolerância ao exercício, tosse, hemoptise, e infecções pulmonares recorrentes. A SSJM pode ser confundida com asma ou embolia pulmonar devido aos sintomas semelhantes, podendo ocorrer diagnóstico equivocado e terapia inapropriada1. A manifestação da SSJM pode ser de duas formas: assintomática, sendo a maioria diagnosticada na fase adulta, quando o paciente se submete a exames radiológicos de rotina, e sintomática, forma mais encontrada em crianças2. Segundo a Classificação Internacional de Doenças 10 (CID-10) é classificada como um tipo de enfisema (J43) dentro do grupo de doenças respiratórias crônicas das vias inferiores3.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Síndrome de Swyer-James-Macleod?
Não. Até o momento, não há diretrizes de estratégia de cuidado específicas para pacientes com síndrome de Swyer-James-Macleod no âmbito do SUS.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O brometo de glicopirrônio (Seebri®) possui indicação em bula para tratamento broncodilatador de manutenção, para aliviar os sintomas dos pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC)4.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Seebri® - Cápsulas com pó para inalação – 50 mcg – embalagens com 10, 12 ou 30 cápsulas + 1 inalador.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 13/02/2019.
*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 13/02/2019.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
NãoQuanto custa o tratamento com Glicopirrônio?
Considerando a dose recomendada em bula de 50 mcg de inalação uma vez ao dia, o valor mensal estimado para tratamento com brometo de glicopirrônio é de R$ 100,43. Ressalta-se que a dosagem e valor apresentados são para o tratamento de DPOC, pois é a indicação descrita na bula deste medicamento. O custo foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% do medicamento de referência, segundo ANVISA5.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Síndrome de Swyer-James-Macleod?
Não são disponibilizados medicamentos específicos para da síndrome de Swyer-James-Macleod. Todavia, o SUS oferece medicações broncodilatadoras para tratar os sintomas desta patologia, apresentados na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Beclometasona cápsula, solução ou pó
inalante
cápsula ou pó inalante
solução inalante
solução para inalação
oral
solução para inalação
nasal200 mcg
400 mcg
250 mcg
50 mcg
50 mcgBudesonida cápsula ou pó inalante
cápsula ou pó inalante
aerossol bucal200 mcg
400 mcg
200 mcgBrometo
ipatrópiosolução inalante
aerossol oral0,25 mg/m
0,02 mgFenoterol aerossol 100 mcg Formoterol cápsula ou pó inalante 12 mcg Formoterol+ budesonida cápsula ou pó inalante
cápsula ou pó inalante12 mcg/400 mcg
6 mcg/200mcgHidrocortizona pó para solução
injetável100 mg e 500 mg Salbutamol aerossol
solução inalante100 mcg
5 mg/mlSalmeterol aerossol bucal ou pó
inalante50mcg Prednisona comprimido 5 mg
20 mgPrednisolona solução oral 1 mg/ml
3 mg/mlO financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento1.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosa, conforme PCDT2.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Não, até a presente data, não foi protocolada, na CONITEC, demanda para analisar a incorporação do glicopirrônio para tratamento da síndrome de Swyer-James-Macleod, ou para outras condições clínicas, seja pelo laboratório fabricante ou por determinados demandantes. Ressalta-se que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou empresa (produtora da tecnologia ou não), pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à CONITEC, desde que cumpra as exigências legais impostas pelo Decreto nº 7.646 de 2011.
Mais informações em: http://conitec.gov.brO que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Não foram encontrados estudos que avaliassem o tratamento medicamentoso dos pacientes com a SSJM. Os estudos encontrados na literatura são baseados em relatos de casos e não apresentam dados sobre efetividade e segurança dos medicamentos para a síndrome. Foi considerada uma revisão sistemática em pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica – DPOC (que pode ser um dos sintomas da SSJM), visto que o glicopirrônio é indicado em bula para tratamento da DPOC. Esta revisão sistemática com meta-análise de comparações indiretas relacionou a segurança e a eficácia de agonistas β2 de longa duração (LABA), agentes antimuscarínicos (LAMA) de longa duração e os corticosteroides inalatório (CI) para o tratamento de DPOC. Foram incluídos 208 ensaios clínicos randomizados (ECR), totalizando 134.692 adultos com DPOC. As intervenções avaliadas foram LABA, LAMA e / ou o CI, isoladamente ou em combinação, contra cada um dos outros ou com placebo. Como resultado, verificou-se que o uso de glicopirrônio em associação com um agonista β2 de longa duração (indacaterol) é mais eficaz do que o uso desses medicamentos em monoterapia e mais seguro quando comparado aos esquemas que utilizam corticoides, do que quando em monoterapia ou associado a indacaterol6.Referências bibliográficas
1 Sen HS, Taylan M, Abakay O, Sezgi C, Cetincakmak MG. Adult diagnosis of Swyer-James-Macleod syndrome: retrospective analysis of four cases. Respir Care. 2014 Apr;59(4):e51-4. doi: 10.4187/respcare.02552
2 Vieira Gde D, Yamagishi AY, Vieira NN, Fogaça RM, Alves Tda C, Amaral GM, Sousa CM. Complication of post-infectious bronchiolitis obliterans (Swyer-James syndrome). Rev Assoc Med Bras (1992). 2015 Sep- Oct;61(5):404-6. doi: 10.1590/1806-9282.61.05.404.
3 International Statistical Classification of Diseases and Related Health Problems 10th Revision (ICD-10) Version for 2010. Chapter X Diseases of the respiratory system (J00-J99). Disponível em: . Acesso em 06/03/2019.
4 BROMETO DE GLICOPIRRÔNIO. Bula de medicamento. Novartis Biociências SA. Farm. Resp.: Flavia Regina Pegorer. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=14283492017&pIdAnexo=8088238 Acesso em 27/11/2018.
5 Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 22/03/2018.
6 Tricco AC, Strifler L, Veroniki AA, Yazdi F, Khan PA, Scott A, Ng C, Antony J, Mrklas K, D'Souza J, Cardoso R, Straus SE. Comparative safety and effectiveness of long-acting inhaled agents for treating chronic obstructive pulmonary disease: a systematic review and network meta-analysis. BMJ Open. 2015 Oct 26;5(10):e009183. doi: 10.1136/bmjopen-2015-009183. -
Glicosamina para osteoartrite de joelho :: Dezembro/2019
Data de elaboração: Dezembro/2019 Data de publicação: Dezembro/2019 O que é Osteoartrite de joelho?
Em geral, o conceito de osteoartrite é o mesmo que osteoartrose, artrose ou doença articular degenerativa. No conjunto das doenças agrupadas sob a designação de “reumatismos”, a osteoartrite é a mais frequente, representando cerca de 30 a 40% das consultas em ambulatórios de Reumatologia. Além disso, considerando os dados da previdência social no Brasil, a osteoartrite tem grande importância, visto que: é responsável por 7,5% de todos os afastamentos do trabalho; é a segunda doença entre as que justificam o auxílio-inicial, com 7,5% do total; é a segunda também em relação ao auxílio-doença (em prorrogação) com 10,5%; e é a quarta a determinar aposentadoria (6,2%). A osteoartrite (artrose) é uma doença que se caracteriza pelo desgaste da cartilagem articular e por alterações ósseas, entre elas os osteófitos1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Osteoartrite de joelho?
Não. Atualmente, no âmbito do SUS, não há uma estratégia específica para o tratamento da osteoartrite de joelho.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim2. O sulfato de glicosamina é indicado para o tratamento de artrose (doença degenerativa nas articulações) ou osteoartrite (inflamação grave das articulações com lesão óssea) primária e secundária e suas manifestações3.Possui genérico?
Sim2.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Dinaflex®, Sulglic®, Ortosamin®, Artoglico®, Osteoglic®, Glucoreumin®, Glicolive® - 1,5g de pó para solução oral.
Sulfato de glicosamina (EMS SIGMA) - 1,5g de pó para solução oral.
*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 10/12/20194 e bulas eletrônicas da Anvisa.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 10/12/2019.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não. Sulfato de glicosamina não consta na RENAME 20185.Quanto custa o tratamento com Glicosamina?
Considerando que a dose diária recomendada em bula de sulfato de glicosamina é de um comprimido de 1 sachê por dia, o custo estimado mensal é de R$ 102,43. O custo foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% do medicamento de referência, segundo a ANVISA.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Osteoartrite de joelho?
Atualmente, no âmbito do SUS, não há uma estratégia específica para o tratamento da osteoartrite de joelho. No entanto, o SUS disponibiliza algumas terapias e anti-inflamatórios não esteroides (AINE) não seletivos que poderiam ser utilizados nestes casos.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Não, até a presente data, não foi protocolada na Conitec demanda para analisar a incorporação no SUS do medicamento agomelatina para tratamento da depressão ou para outras condições clínicas, seja pelo laboratório fabricante ou por outros demandantes. Ressalta-se que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou a empresa (produtora da tecnologia ou não), pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à Conitec, desde que cumpra as exigências legais impostas pelo Decreto nº 7.646 de 2011.O que a literatura científica relata sobre o uso dessa tecnologia para essa condição clínica?
Uma revisão sistemática6 e duas análises de comparação indireta7,8 foram consideradas. De acordo com os achados da revisão sistemática (Van Middlekoop et al. 2016), pacientes com dor basal grave tiveram uma redução significativa da dor a curto prazo, mas não a médio e longo prazo, em comparação com pacientes com dor menos intensa na linha de base em comparação com placebo. No estudo de Zeng et al. (2015), glicosamina mais condroitina, glicosamina isolada e celecoxibe foram mais eficazes do que o placebo no alívio da dor e na melhora da função articular. Em relação ao alívio da dor, o celecoxibe foi eleito como mais provável de ser a melhor opção de tratamento (82%), estando a associação entre glicosamina e condroitina em segundo lugar (74%). Todas as opções de tratamento mostraram melhora clinicamente significativa da dor inicial, mas apenas glicosamina e condroitina apresentaram melhora clinicamente significativa a partir da função basal. Tanto a glicosamina quanto a condroitina em monoterapia alcançaram redução estatisticamente significativa no estreitamento do espaço articular. Nos achados de Kongtharvonskul et al. (2015), a comparação com o placebo, a glicosamina apresentou melhora significativa nas escalas de dor de WOMAC total, WOMAC dor, WOMAC função, e Lequesne. A metanálise da rede sugere que a diacereína e a glicosamina são igualmente eficazes para alívio da dor na osteoartrite de joelho, mas que o primeiro tem mais efeitos colaterais. Sendo assim, de acordo com os estudos analisados, a glicosamina demonstra benefícios clínicos relativos à melhora da dor e melhora funcional em pacientes com osteoartrite de joelho. Esses benefícios são maiores em pacientes mais graves, com relatos de dor mais grave à linha de base.Referências bibliográficas
1Sociedade Brasileira de Reumatologia. Osteoartrite (Artrose). Disponível em: http://reumatologia.org.br/2016/02/01/osteoartrite-artrose/. Acesso em: 03/12/2019.
2Brasil. Ministério da Saúde. Anvisa. Consulta a medicamentos registrados. http://portal.anvisa.gov.br/consulta-produtos-registrados. Acesso em: 03/12/2019.
3SULFATO DE GLICOSAMINA. Bula de medicamento. Ems Sigma Pharma Ltda. Farm. Resp.: Dr. Adriano Pinheiro Coelho – CRF-SP n° 22.883. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp. Acesso em 03/12/2019
4Brasil. Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. http://portal.anvisa.gov.br/documents/374947/2829072/LISTA_CONFORMIDADE_GOV_2019-12-10.pdf/360106da-b97b-43d6-af3f-53df9e88a062. Acesso em: 03/12/2019.
5Brasil. Ministério da Saúde. RENAME – Relação Nacional de Medicamentos Essenciais. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/medicamentos_rename.pdf. Acesso em: 03/12/2019.
6Van Middelkoop M, Arden NK, Atchia I, Birrell F, Chao J, Rezende MU, Lambert RG, Ravaud P, Bijlsma JW, Doherty M, Dziedzic KS. The OA Trial Bank: meta-analysis of individual patient data from knee and hip osteoarthritis trials show that patients with severe pain exhibit greater benefit from intra-articular glucocorticoids. Osteoarthritis and Cartilage. 2016 Jul 31;24(7):1143-52.
7Zeng C, Wei J, Li H, Wang YL, Xie DX, Yang T, Gao SG, Li YS, Luo W, Lei GH. Effectiveness and safety of Glucosamine, chondroitin, the two in combination, or celecoxib in the treatment of osteoarthritis of the knee. Scientific reports. 2015;5.
8Kongtharvonskul J, Anothaisintawee T, McEvoy M, Attia J, Woratanarat P, Thakkinstian A. Efficacy and safety of glucosamine, diacerein, and NSAIDs in osteoarthritis knee: a systematic review and network meta-analysis. European journal of medical research. 2015 Mar 13;20(1):24. -
Golimumabe para Retocolite Ulcerativa :: Setembro/2022
Data de elaboração: Setembro/2022 Data de publicação: Setembro/2022 O que é a Retocolite Ulcerativa (RCU)?
A RCU é uma doença inflamatória intestinal crônica caracterizada por episódios recorrentes de inflamação que acomete predominantemente a camada mucosa do cólon. O sintoma principal da doença é a diarreia com sangue. Cerca de 90% dos pacientes apresentam hematoquezia (hemorragia retal). Sintomas associados, como dor abdominal em cólica, tenesmo (sensação de defecação incompleta), urgência evacuatória e exsudato mucopurulento nas fezes, podem acompanhar o quadro. Os casos mais graves são acompanhados de sintomas sistêmicos como febre, anemia e emagrecimento. Os sintomas tendem a variar conforme a extensão da doença, evidenciando-se manifestações locais nos pacientes com proctite, enquanto pacientes com colite extensa apresentam usualmente febre, emagrecimento, perda sanguínea significativa e dor abdominal. A doença pode iniciar-se em qualquer idade. O pico de incidência parece ocorrer dos 20 aos 40 anos e muitos estudos mostram um segundo pico de incidência nos idosos1. No Brasil, a incidência e a prevalência de RCU são consideradas baixas, na ordem de 0,19 a 6,76 por 100 mil pessoas-ano e 4,7 por 100 mil habitantes, respectivamente, quando comparadas com as taxas estimadas em países da América do Norte e do Norte Europeu, que podem chegar a 57,9 por 100 mil pessoas-ano e 505 por 100 mil habitantes, respectivamente. Em 2018, um estudo realizado no estado de São Paulo registrou taxas comparáveis a países europeus2. O objetivo principal do tratamento é atingir remissão clínica livre de corticoide e, posteriormente, manter a remissão em longo prazo, evitando recidivas1. Estima-se que 50% das pessoas com RCU terão pelo menos uma recaída por ano. Cerca de 80% destas são leves a moderadas e cerca de 20% são graves. Aproximadamente 25% das pessoas com RCU terão um ou mais episódios de retocolite aguda grave ao longo da vida, com uma taxa de 29% de colectomia.O diagnóstico é estabelecido pela história clínica, exame físico, exames laboratoriais, exame endoscópico e achados histopatológicos. Os exames endoscópicos (colonoscopia ou retossigmoidoscopia) são parte fundamental no diagnóstico e para classificação da doença. A retocolite aguda grave apresenta taxa de mortalidade de até 2%. A mortalidade é diretamente influenciada pelo momento das intervenções, incluindo a terapia médica e a colectomia2.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar xxx?
Sim. O SUS oferece estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da RCU1, publicado por meio da Portaria Conjunta SAES/SCTIE/MS nº 223, de 20 de dezembro de 2021. Este documento inclui o conceito geral da RCU, critérios de diagnóstico, critérios de inclusão e de exclusão, classificação, tratamento e mecanismos de regulação, controle e avaliação, é de caráter nacional e deve ser utilizado pelas Secretarias de Saúde dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios na regulação do acesso assistencial, autorização, registro e ressarcimento dos procedimentos correspondentes. A estratégia de tratamento da RCU é principalmente baseada na gravidade, distribuição (proctite, colite esquerda ou pancolite) e padrão da doença, que inclui frequência de recaída, curso da doença, resposta a medicamentos anteriores, efeitos colaterais de medicamentos e manifestações extraintestinais.A tecnologia possui registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)?
Sim. O medicamento golimumabe possui indicação em bula para tratamento da artrite reumatoide ativa; artrite psoriásica; espondilite anquilosante; espondiloartrite axial não radiográfica; e colite ulcerativa4.Possui biossimilar?
Sim5.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Simponi® - solução injetável - 100 mg/mL – seringa preenchida acoplada em caneta aplicadora;
Simponi® e Bio-farmanguinhos Golimumabe - solução injetável - 50 mg/05 mL – seringa preenchida;
Simponi® - solução injetável - 50 mg/05 mL - seringa preenchida acoplada em caneta aplicadora; e
Simponi® - solução injetável para infusão - 50 mg/4,0 mL.*Medicamento disponível no mercado de acordo com a lista CMED5, de 12/08/2022.
O medicamento está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename)?
Sim, de acordo com consulta realizada à Rename6, em 07/09/2022. No entanto, não é fornecida para essa condição clínica. O medicamento é fornecido no SUS, conforme os critérios dos PCDT da Artrite Psoríaca, da Artrite Reumatoide e da Espondilite Ancilosante.Quanto custa o tratamento com golimumabe?
Considerando a dose de indução em bula recomendada em pacientes com peso corporal menor que 80 kg de 200 mg na forma de injeção subcutânea na semana 0, seguidos de 100 mg na semana 2, e dose de manutenção de 50 mg na semana 6 e a cada quatro semanas em pacientes que tiveram resposta adequada, o custo mensal estimado para tratamento de inicial com golimumabe foi de R$ 18.534,27 (dezoito mil, quinhentos e trinta e quatro reais e vinte e sete centavos). O valor foi calculado considerando-se o Preço Máximo de Venda ao Governo (PMGV) e a alíquota de 0% em relação ao ICMS do medicamento Simponi®, na apresentação de solução injetável - 100 mg/mL – seringa preenchida acoplada em caneta aplicadora, segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED/Anvisa5, pois esse medicamento consta nas listas com aplicação do desconto Coeficiente de Adequação de Preços (CAP) e de isenção de ICMS.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar a RCU?
Sim, de acordo com o PCDT da RCU1, o tratamento está dividido em fases de indução de remissão e de manutenção da remissão, e a conduta terapêutica estabelecida em termos de extensão da doença e gravidade da agudização. Conforme Protocolo, são disponibilizados os medicamentos apresentados na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Sulfassalazina comprimido 500 mg Ácido fólico comprimido
5 mg
Mesalazina comprimido
supositório
enema400 mg, 500 mg e 800 mg
250 mg, 500 mg e 1000 mg
1 gHidrocortisona pó para solução injetável 100 mg e 500 mg Prednisona comprimido 5 mg e 20 mg Azatioprina comprimido 50 mg Ciclosporina cápsula
solução oral
solução injetável10 mg, 25 mg, 50 mg e 100 mg
100 mg/mL
50 mg e 250 mgInfliximabe pó para solução injetável 100 mg Vedolizumabe pó para solução injetável 300 mg Tofacitinibe comprimido 5 mg Somente o infliximabe pode ser utilizado em casos de crianças.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou a tecnologia para RCU?
Sim, a Conitec avaliou o golimumabe para o tratamento de pacientes com RCU em dois momentos distintos. A Comissão, em sua 81ª Reunião Ordinária, no dia 4 de setembro de 2019, deliberou por recomendar a incorporação do infliximabe e do vedolizumabe para tratamento da retocolite ulcerativa moderada a grave, conforme PCDT e não recomendar adalimumabe e golimumabe7. Considerou-se que “há uma população não contemplada no PCDT de RCU vigente que poderiam se beneficiar com o uso de biológico. Os medicamentos infliximabe e vedolizumabe apresentaram como candidatos potenciais para esta lacuna, desde que atendidos os requisitos de eficácia, segurança, custoefetividade e impacto orçamentário para o SUS.”. O Secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde (SCTIE/MS) acatou a recomendação e a tornou pública por meio da Portaria SCTIE/MS nº 49/2021, no DOU nº 206, de 23/10/2019, Seção 1, pág. 45. Durante a 105ª reunião ordinária, realizada no dia 9 de fevereiro de 2022, os membros da Comissão deliberaram, por unanimidade, recomendar a não incorporação do golimumabe para o tratamento de pacientes adultos com retocolite ulcerativa ativa, moderada a grave, intolerantes ou que tiveram resposta inadequada às terapias convencionais2. O Plenário considerou a dificuldade de concluir acerca dos benefícios do tratamento com o golimumabe em comparação com os anticorpos monoclonais disponíveis no SUS. O documento técnico foi encaminhado à Secretária da SCTIE/MS, que ratificou a recomendação e publicou a Portaria SCTIE/MS nº 23/2022, no Diário Oficial da União (DOU) nº 50, de 15/03/2022, Seção 1, pág. 96.O que a literatura científica relata sobre o uso dessa tecnologia para RCU?
O estudo PURSUIT-M8, um estudo clínico randomizado (ECR) fase 3, multicêntrico, duplo-cego e placebo-controlado em pacientes que completaram os estudos de indução do golimumabe (PURSUIT-SC), avaliou como desfecho secundário a remissão clínica nas semanas 30 e 54. Os participantes tinham RCU moderada a grave, doença ativa, escore de Mayo entre 6 e 12, com subescore endoscópico ≥ 2. Houve maior proporção de pacientes entre os respondentes ao golimumabe na indução, que apresentou manutenção da remissão clínica tanto na semana 30 quanto na 54 e foi significativamente maior para golimumabe 100 mg (27,8%) do que placebo (15,6%; p = 0,004). A proporção de pacientes com cicatrização da mucosa nas semanas 30 e 54 significativamente maior para pacientes tratados com golimumabe 100 mg (42,4%) versus placebo (26,6%; p=0,002). A taxa de cicatrização da mucosa para pacientes com golimumabe 50 mg foi de 41,7%, com diferença estatisticamente significativa versus placebo. Ao final do seguimento, na semana 6, não foram observadas diferenças na proporção de pacientes com eventos adversos entre todos os grupos analisados. No grupo golimumabe 200/100 mg, a proporção foi de 37,5%; no grupo golimumabe 400/200 mg, 38,9% e no grupo placebo, 38,2%. Dor de cabeça e nasofaringite foram os eventos mais comumente observados. Eventos adversos graves foram observados em 7,7% dos pacientes tratados com placebo e 39% dos pacientes tratados com golimumabe (100/50 mg).A metanálise em rede de Jairath et al (2021)9 comparou o uso de vedolizumabe e adalimumabe versus golimumabe em pacientes adultos com RCU moderada a grave. Os desfechos avaliados foram resposta e remissão clínica e melhoria endoscópica na indução (6, 8 ou 10 semanas); resposta e remissão clínica na manutenção após um ano; e segurança. Os regimes de tratamento com golimumabe utilizando 200/100 mg e 400/200 mg na fase de indução e 100 mg ou 50 mg na fase de manutenção não foram superiores ao tratamento com vedolizumabe para remissão clínica. Na fase de indução, golimumabe 200/100 mg foi associado a um OR de 0,95 (IC de 95%: 0,61 a 1,48) enquanto na fase de manutenção OR para golimumabe 100 mg e 50 mg foi, respectivamente, de 0,65 (IC de 95%: 0,37 a 1,15) e 0,57 (IC de 95%: 0,31 a 1,02). As taxas de remissão clínica do golimumabe 50 mg foram significativamente mais baixas durante a manutenção em comparação ao vedolizumabe 300 mg. Golimumabe 100 mg foi associado a taxa de eventos adversos, taxa de infecção geral e taxa de descontinuação causada por eventos adversos superior ao vedolizumabe 300 mg a cada oito semanas (OR: 1,99 [IC de 95%: 1,10 a 3,59]); (OR: 1,83 [IC de 95%: 1,06 a 3,17] e (OR: 3,58 [IC de 95%: 1,28 a 10,52]), respectivamente.
A metanálise em rede de Trigo-Vicente et al (2018)10 avaliou o uso de infliximabe, golimumabe e vedolizumabe em pacientes adultos com RCU moderada a grave virgens de tratamento com biológicos. O infliximabe foi o biológico com maior eficácia na fase de indução, com dose de 5 mg/kg (OR: 4,15; IC 95%: 2,96- 5,84) ou 3,5 mg/kg (OR: 4,07; IC 95%: 1,76-9,81). Para remissão clínica, infliximabe 5 mg/kg também foi mais eficaz em 21,7% das simulações. Para cicatrização de mucosas na indução, todos os medicamentos foram superiores ao placebo, e o infliximabe foi superior ao golimumabe (OR: 1,67; IC 95%: 1,04-2,07). No tratamento de manutenção, todos os medicamentos foram superiores ao placebo, e o vedolizumabe foi o mais eficaz (OR: 3,84; IC 95%: 2,13-7,15). Em relação à cicatrização de mucosa, infliximabe (OR: 3,81; IC 95%: 2,13- 6,97) e vedolizumabe (OR: 4,35; IC 95%: 2,48-7,79) apresentaram os melhores resultados.
Referências bibliográficas
1 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Secretaria de Atenção Especializada à Saúde. Portaria Conjunta SAES/SCTIE/MS nº 22, de 20 de dezembro de 2021. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas de Retocolite Ulcerativa. [Portaria na internet]. Diário Oficial da União 29 dez 2021. [Acesso em 07 set 2022]. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/protocolos/20211230_portal-portaria-conjunta-no-22-_pcdt_retocolite-ulcerativa-1.pdf.2 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação nº 707, de fev 2022. Golimumabe para o tratamento de pacientes adultos com retocolite ulcerativa moderada a grave, com resposta inadequada ou intolerantes às terapias convencionais. [Acesso em 07 set 2022]. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/2022/20220315_relatorio_707_olimumabe_retocolite_ulcerativa.pdf.
3 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Especializada à Saúde e Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Portaria Conjunta SAES/SCTIE/MS nº 22, de 20 de dezembro de 2021. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas de Retocolite Ulcerativa. [Portaria na internet]. Diário Oficial da União 29 dez 2021; Seção 1, (245). [Acesso em 07 set 2022]. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/portaria/2021/20211229_portaria_conjunta_22.pdf.
4 Golimumabe. [Bula]. Brasil: Janssen-Cilag Farmacêutica LTDA.
5 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Medicamentos. Câmera de Regulação do Mercado de Medicamentos. Listas de Preços de Medicamentos [Acesso em 08 set 2022]. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/cmed/precos.
6 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2022. Brasília: Ministério da Saúde; 2022 [Acesso em 08 set 2022]. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/20220128_rename_2022.pdf.
7 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação nº 480, de out 2019. Adalimumabe, golimumabe, infliximabe e vedolizumabe para tratamento da retocolite ulcerativa moderada a grave [Acesso em 08 set 2022]. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/2019/relatorio_biologicos_colite_ulcerativa.pdf.
8 Sandborn WJ, Feagan BG, Marano C, Zhang H, Strauss R, Johanns J, Adedokun OJ, Guzzo C, Colombel JF, Reinisch W, Gibson PR, Collins J, Järnerot G, Rutgeerts P; PURSUIT-Maintenance Study Group. Subcutaneous golimumab maintains clinical response in patients with moderate-to-severe ulcerative colitis. Gastroenterology. 2014 Jan;146(1):96-109.e1. doi: 10.1053/j.gastro.2013.06.010. Epub 2013 Jun 14. PMID: 23770005.
9 Jairath V, Chan K, Lasch K, Keeping S, Agboton C, Blake A, et al. Integrating efficacy and safety of vedolizumab compared with other advanced therapies to assess net clinical benefit of ulcerative colitis treatments: a network metaanalysis. Expert Rev Gastroenterol Hepatol [Internet]. 2021 Mar 4;1–12. Disponível em: https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/17474124.2021.1880319.
10 Trigo-Vicente C, Gimeno-Ballester V, García-López S, López-Del Val A. Systematic review and network meta-analysis of treatment for moderate-to-severe ulcerative colitis. Int J Clin Pharm [Internet]. 2018 Dec 26;40(6):1411–9. Disponível em: https://link.springer.com/article/10.1007/s11096-018-0743-4.
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Hemina para porfiria :: Julho/2020
Data de elaboração: Abril/2020 Data de publicação: Julho/2020 O que é porfiria?
Porfiria é o termo para um grupo de distúrbios causados por uma acumulação anormal de porfirinas no sangue, que são produtos químicos que auxiliam a hemoglobina no transporte de oxigênio. Podem ser classificadas em porfirias agudas e não agudas; hepáticas e eritropoiéticas1. Com base em estudos europeus, a porfiria mais comum, porfiria cutânea tarda, tem uma prevalência de 1 em 10.000; a porfiria aguda mais comum, porfiria aguda intermitente, tem uma prevalência de ± 1 em 20.000; e a porfiria eritropoiética mais comum, protoporfiria eritropoiética, é estimada em 1 em 50.000 a 75.0002. As complicações incluem paralisia, hiponatremia, que pode provocar mielinólise pontina central, convulsões e coma. As complicações neurológicas geralmente resultam de episódios graves de ataques agudos, que também podem desencadear sintomas neuropsiquiátricos, como confusão, alucinações, ansiedade e psicose. No entanto, essas manifestações são geralmente autolimitadas3. A maioria das porfirias pode ser diagnosticada por meio da avaliação do aumento do ácido 5-aminolevulínico na urina ou do aumento do ácido 5-aminolevulínico e porfobilinogênio (PBG)1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar porfiria?
Não. Atualmente, no âmbito do SUS, não há protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas da Porfiria4.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. A hemina foi registrada na Anvisa em agosto de 2019, sob o nome comercial Panhematin®. A indicação apresentada em bula é para tratamento dos ataques recorrentes de porfiria aguda intermitente temporariamente relacionada com o ciclo menstrual em mulheres suscetíveis, depois da suspeita ou da confirmação de que o tratamento inicial com carboidratos foi inadequado5.Possui biossimilar?
Não6.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Panhematin® - Pó liofilizado para solução injetável em embalagem com 1 frasco-ampola de dose única com 350mg de hemina para ser reconstituído com 48ml de água para injetáveis. Cada 48 mL do produto reconstituído fornece o equivalente a aproximadamente 336mg de hemina (7 mg/mL).*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 06/04/2020.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não, de acordo com consulta realizada à Rename7, em 08/04/2020. Apesar disso, o medicamento é de uso hospitalar, portanto, apesar de não constar na Rename, seu uso pode ser adotado pelos hospitais.Quanto custa o tratamento com hemina?
Considerando a dose recomendada em bula de 1 a 4 mg/kg/dia de hemina durante 3 a 14 dias, com base nos sinais clínicos, e, em casos mais graves, essa dose pode ser repetida, após 12 horas de intervalo, contando que não exceda 6 mg/kg de hemina em um período de 24 horas. Considerando que, após a reconstituição, cada mL contém o equivalente a aproximadamente 7 mg de hemina. Considerando uma paciente com peso corporal de 60 kg, o custo mensal estimado para tratamento com hemina pode variar, de acordo com a dose mínima e máxima e com o tempo de tratamento, de R$ 106.086,69 a R$ 990.142,44. O valor foi calculado de acordo com o Preço Fábrica (PF) e a alíquota de 18% em relação ao ICMS do Panhematin®, segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED/Anvisa6. Vale ressaltar que, como o uso deste medicamento é restrito ao ambiente hospitalar, outros custos deverão ser considerados, como administração da tecnologia, profissionais de saúde envolvidos, monitoramentos necessários, entre outros. Estes custos variam de acordo com cada hospital.
Cáculos para paciente com 60 kg:
Para 3 dias de tratamento com a dose mínima de 1mg/kg/dia, seriam necessários 60 mg de hemina por dia. Dessa forma, utilizaria 1 frasco do medicamento por dia. Como cada frasco custa R$ 35.362,23, o total do tratamento durante os 3 dias teria um valor de R$ 106.086,69 (R$ 35.362,23 x 3). Para 14 dias de tratamento com a dose máxima de 6mg/kg/dia, dividida em 2x/dia, cada tomada seria de 3mg/kg. Dessa forma, seriam necessários 180 mg de hemina por vez, o que corresponde a 2 frascos/dia. Como cada frasco custa R$ 35.362,23, o total do tratamento por dia seria de 70.724,46 (R$ 35.362,23 x 2). Durante o período de 14 dias, o valor total do tratamento seria de R$ 990.142,44 (R$ 70.724,46 x 14).O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar porfiria?
Não. Apesar disso, os hospitais possuem autonomia para padronizar os tratamentos dispensados na internação7.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Em consulta realizada em abril de 2020, não foi identificada solicitação incorporação da hemina para tratamento de porfiria ou para outras condições clínicas no SUS, seja pelo laboratório fabricante ou por outros entes interessados8. Ressalta-se que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou a empresa (produtora da tecnologia ou não), pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à Conitec, desde que cumpra as exigências legais impostas pelo Decreto nº 7.646 de 2011.O que a literatura científica relata sobre o uso da hemina para essa condição clínica?
Estudo de avaliação de tecnologias em saúde avaliou, em um único estudo randomizado, o uso de hemina humana em ataques de porfiria aguda intermitente (PAI). Foram comparados dados pareados de nove pacientes em uso do medicamento ou placebo em diferentes episódios de ataques. Comparado ao placebo, ao utilizar hemina, foi observado melhora nos resultados dos exames, tais como uma diferença maior na diminuição de ALA e PBG na urina. Porém, os pacientes não relataram diminuição das dores, menor necessidade de uso de analgésicos ou de permanecer internado. Neste estudo, a administração de hemina ocorreu no terceiro dia de hospitalização e não imediatamente após a internação do paciente. Porém, foram incluídos estudos em que a hemina foi administrada assim que o paciente foi internado, embora não fossem controlados. A primeira série incluiu 51 casos de ataques agudos de PAI de pacientes recebendo hemina após uma média de 1,6 dias de hospitalização. Apesar de haver relatos de diminuição da dor e dos níveis urinários de ALA e PBG, o método ou a escala com a qual a dor foi mensurada não está descrito, nem a natureza dos analgésicos, suas doses e/ou equivalentes, que permitem estimar a alteração produzida com a intervenção. Além disso, os níveis de precursores de porfirina não foram medidos uniformemente com a mesma escala, e os autores não relataram esses valores no mesmo período, mas o menor valor durante o tratamento. Essas limitações metodológicas impediram a interpretação dos dados. Com relação à segurança, os danos descritos com mais frequência foram flebite e trombose venosa, apesar de haver poucos estudos referentes a este tópico. Em relação a eventos adversos graves, não se pode concluir o perfil de segurança do medicamento, pois, as informações disponíveis são incompletas e insuficientes. Até agora, o uso de hemina é baseada em relatos de casos, sendo que grande parte desses relatos apresentam informações sem o uso padronizado de escalas de dor. Não há evidências sobre se a hemina reduz as sequelas neurológicas associadas com a acumulação de precursores de porfirinas, ou se ela melhora a qualidade de vida dos doentes e reduz a mortalidade. Não foram relatados os reais benefícios da ação de hemina para o tratamento típico da crise aguda de PAI. Ademais, não foram observados resultados clínicos relevantes, como efeito nas sequelas neurológicas e melhora na qualidade de vida. De acordo com o referido estudo, conclui-se que não é clara a relação risco-benefício deste tratamento9.Referências bibliográficas
1 Stölzel U, Doss MO, Schuppan D. Clinical Guide and Update on Porphyrias. Gastroenterology2019;157(2):365–381.
2 Ramanujam VS, Anderson KE. Porphyria Diagnostics-Part 1: A Brief Overview of the Porphyrias. Curr Protoc Hum Genet 2015;86:17.20.1‐17.20.26.
3 Suh Y, Gandhi J, Seyam O, et al. Neurological and neuropsychiatric manifestations of porphyria. Int J Neurosci. 2019;129(12):1226‐1233.
4 Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde [homepage na internet]. Protocolos e Diretrizes [acesso em 8 abr 2020]. Disponível em: http://conitec.gov.br/index.php/protocolos-e-diretrizes.
5 Hemina. [Bula]. Estados Unidos da América: Sagent Pharmaceuticals, Inc.
6 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Medicamentos. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos. Listas de Preços de Medicamentos [acesso em 9 abr 2020]. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/374947/5839648/LISTA_CONFORMIDADE_GOV_2020_04_v1.pdf/d791ceb6-d436-494e-9e25-59ea59c00b3e.
7 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2020. Brasília: Ministério da Saúde;2020 [acesso em 8 abr 2020]. Disponível em: http://portalms.saude.gov.br/assistencia-farmaceutica/medicamentos-rename.
8 Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde [homepage na internet]. Recomendações sobre as tecnologias avaliadas: 2020 [acesso em 8 abr 2020]. Disponível em: .
9 Instituto de Evaluación de Tecnologías em Salud e Investigación. Eficacia y seguridad de hemina humana para el tratamiento de la crisis aguda de porfiria aguda intermitente. Dictamen Preliminar de Evaluación de Tecnología Sanitaria N. ° 023-SDEPFyOTS-DETS-IETSI-2018. Lima, Perú. 2018. -
Ibrutinibe para linfoma de células do manto :: Dezembro/2018
Data de elaboração: Dezembro/2018 Data de publicação: Dezembro/2018 O que é Linfoma de Células do Manto?
Linfoma de células do manto (LCM) é uma doença linfoproliferativa de células B maduras de caráter geralmente agressivo que corresponde a aproximadamente 6 a 8% de todos os linfomas não-Hodgkin (LNH). Trata-se de uma neoplasia maligna, que afeta mais comumente homens com idade acima de 60 anos, geralmente se apresenta na forma de doença avançada, com sobrevida média de três a cinco anos1,2,3,4. Os linfócitos malignos podem apresentar-se com variações morfológicas, incluindo células pequenas redondas (que se assemelha a leucemia linfocítica crónica), células de zona marginal, células pleomórficas e células blastóides5. LCM geralmente está associado com a progressão rápida, apenas com respostas temporárias à quimioterapia, e uma alta taxa de recorrência, resultando em um mau prognóstico a longo prazo com a mediana de sobrevida global de três a cinco anos. No entanto, alguns pacientes sucumbem à doença em menos de 6 meses, ao passo que outros, cerca de 8%, sobrevivem mais de 10 anos. Pacientes com recidiva da doença respondem mal à quimioterapia e apresentam rápida progressão, resultando numa mediana de sobrevida global de um a dois anos. Apesar dos avanços recentes, e com a exceção de uma pequena população de pacientes elegível para o transplante de medula óssea (TMO), não há um padrão de tratamento reconhecido internacionalmente na recaída do LCM2.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Linfoma de Células do Manto?
Atualmente não há Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas publicada pelo Ministério da Saúde para o linfoma de células do manto, porém, existem procedimentos registrados na tabela do Sistema de Gerenciamento da Tabela de Procedimentos, Medicamentos e Órteses, Próteses e Meios Auxiliares de Locomoção (OPM) do SUS, envolvendo tanto quimioterapia, radioterapia, transplantes e intercorrências para adultos, autorizados para CIDs específicos.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O ibrutinibe (Imbruvica®) possui indicação em bula para o tratamento linfoma de célula do manto (LCM), em pacientes que receberam no mínimo um tratamento anterior contendo rituximabe. Também é indicado para os tratamentos de: leucemia linfocítica crônica/linfoma linfocítico de pequenas células (LLC/LLPC); macroglobulinemia de Waldenström (MW) em pacientes que receberam no mínimo um tratamento anterior; linfoma de zona marginal (LZM) em pacientes com LZM recidivado ou refratário, que receberam no mínimo um tratamento anterior contendo rituximabe e que requerem terapia sistêmica; doença do enxerto contra hospedeiro crônica (DECHc) em pacientes que receberam pelo menos uma linha de terapia sistêmica6.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Imbruvica® - Cápsulas gelatinosas - 140 mg.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 19/11/2018.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não.Quanto custa o tratamento com Ibrutinibe?
Considerando a dose recomendada em bula de 560 mg (quatro cápsulas de 140 mg) via oral, uma vez ao dia, até a progressão da doença ou até tratamento não mais tolerado pelo paciente, o custo mensal estimado para tratamento com ibrutinibe foi de R$ 31.448,71. O valor foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% do medicamento de referência, segundo ANVISA7.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Linfoma de Células do Manto?
Sim. Esclarece-se que para o tratamento de câncer no Sistema Único de Saúde, não há uma lista específica de medicamentos, vez que o cuidado ao paciente deve ser feito de forma integral nas Unidades de Alta Complexidade em Oncologia – UNACON ou Centros de Alta Complexidade em Oncologia – CACON. Nesses estabelecimentos de saúde, o fornecimento de medicamentos é feito via autorização de procedimento de alta complexidade (APAC), conforme os procedimentos tabelados. Assim, esses hospitais habilitados como UNACON ou CACON devem oferecer assistência especializada e integral ao paciente com câncer, atuando no diagnóstico e tratamento do paciente, sendo ressarcidos pelo gestor federal quando da realização dessa assistência, inclusive farmacêutica, de acordo com valores pré-estabelecidos na Tabela de Procedimentos do SUS.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Não, até a presente data, não foi protocolada, na CONITEC, demanda para analisar a incorporação, ao SUS, do ibrutinibe para tratamento do linfoma de células do manto ou para outras condições clínicas, seja pelo laboratório fabricante ou por outros demandantes. Ressalta-se que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou a empresa (produtora da tecnologia ou não), pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à CONITEC, desde que cumpra as exigências legais impostas pelo Decreto nº 7.646 de 2011.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Ensaio clínico randomizado, aberto, multicêntrico, fase III avaliou a eficácia e segurança do ibrutinibe em comparação direta com tensirolimus em pacientes com recidiva ou refratários ao LCM. Ibrutinibe foi considerado melhor do que tensirolimus para sobrevida livre de progressão da doença, no entanto, não houve diferença estatisticamente significativa para a sobrevida global. Em relação ao perfil de toxicidade ibrutinibe apresentou melhor tolerabilidade. O ibrutinibe é uma tecnologia recente e destaca-se a escassez de estudos, sobretudo aqueles de comparações com outras tecnologias. Sendo assim, são necessários mais estudos que comparem o ibrutinibe com outros tratamentos utilizados para a LCM8.Referências bibliográficas
1Dreyling M, Jurczak W, Jerkeman M, Silva RS, Rusconi C, Trneny M, Offner F, Caballero D, Joao C, Witzens-Harig M, Hess G, Bence-Bruckler I, Cho SG, Bothos J, Goldberg JD, Enny C, Traina S, Balasubramanian S, Bandyopadhyay N, Sun S, Vermeulen J, Rizo A, Rule S. Ibrutinib versus tensirolimus in patients with relapsed or refractory mantle-cell lymphoma: an international, randomised, open-label, phase 3 study. Lancet. 2016 Feb 20;387(10020):770-8. doi: 10.1016/S0140-6736(15)00667-4.
2Cortelazzo S, Ponzoni M, Ferreri AJ, Dreyling M. Mantle cell lymphoma. Crit Rev Oncol Hematol 2012; 82: 78–101.
3Herrmann A, Hoster E, Zwingers T, et al. Improvement of overall survival in advanced stage mantle cell lymphoma. J Clin Oncol 2009; 27: 511–18.
4Sociedade Brasileira de Oncologia Clinica. Manual de Condutas. Revista da Sociedade Brasileira de Oncologia Clinica. ISSN 1806-6054. Disponível em .
5Dreyling M, Geisler C, Hermine O, Kluin-Nelemans HC, Le Gouill S, Rule S, Shpilberg O, Walewski J, Ladetto M; ESMO Guidelines Working Group. Newly diagnosed and relapsed mantle cell lymphoma: ESMO Clinical Practice Guidelines for diagnosis, treatment and follow-up. Ann Oncol. 2014 Sep;25 Suppl 3:iii83-92. doi: 10.1093/annonc/mdu264.
6IBRUTINIBE. Bula de medicamento. Janssen-Cilag Farmacêutica Ltda. Farm. Resp.: Marcos R. Pereira. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=11554962018&pIdAnexo=10890338. Acesso em 13/12/2018.
7Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 22/03/2018.
8Dreyling M, Jurczak W, Jerkeman M, Silva RS, Rusconi C, Trneny M, Offner F, Caballero D, Joao C, Witzens-Harig M, Hess G, Bence-Bruckler I, Cho SG, Bothos J, Goldberg JD, Enny C, Traina S, Balasubramanian S, Bandyopadhyay N, Sun S, Vermeulen J, Rizo A, Rule S. Ibrutinib versus tensirolimus in patients with relapsed or refractory mantle-cell lymphoma: an international, randomised, open-label, phase 3 study. Lancet. 2016 Feb 20;387(10020):770-8. doi: 10.1016/S0140-6736(15)00667-4. -
Indacaterol para bronquite crônica simples :: Novembro/2018
Data de elaboração: Novembro/2018 Data de publicação: Novembro/2018 O que é Bronquite Crônica Simples?
A bronquite é um processo inflamatório dos brônquios (estruturas por onde o ar passa dentro dos pulmões). Existem dois tipos de bronquite, a aguda, geralmente causada por vírus ou bactéria e que dura diversos dias ou até semanas, e a crônica, com duração de anos, que faz parte da doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC)1. A DPOC é caracterizada pela obstrução crônica do fluxo pulmonar que interfere na respiração normal, provocando um misto de doença das pequenas vias aéreas (bronquiolite obstrutiva) e destruição do parênquima pulmonar (enfisema). Via de regra, a limitação do fluxo de ar é progressiva, não totalmente reversível e está associada a uma reação inflamatória anormal dos pulmões, em decorrência de exposição inalatória prolongada a material particulado ou gases irritantes, como tabaco e combustíveis de biomassa2. Os principais sinais e sintomas são: tosse, falta de ar, chiado no peito e expectoração crônicos. Como está associada a um quadro inflamatório sistêmico, manifestações como perda de peso e redução da massa muscular podem ocorrer nas fases mais avançadas3. A evolução clínica pode variar desde uma limitação mínima das atividades cotidianas até a insuficiência respiratória crônica com necessidade de oxigenoterapia domiciliar4.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Bronquite Crônica Simples?
Sim. O SUS oferece uma estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC). (http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2014/junho/13/Portaria-609-de-2013.pdf)5.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O indacaterol (Onbrize®) é um beta2-agonista de ação prolongada, broncodilatador (dilatação dos brônquios) de manutenção em longo prazo, em dose única diária. Indicado para o tratamento da obstrução ao fluxo aéreo em pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) moderada a grave6.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Onbrize® - Cápsulas com pó para inalação – 150 mcg e 300 mcg – embalagens contendo 10 ou 30 cápsulas acompanhadas de 1 inalador.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 19/11/2018.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não.Quanto custa o tratamento com Indacaterol?
Considerando a dose recomendada em bula, de 150 mcg e de 300 mcg, uma vez ao dia, o custo mensal estimado para tratamento com indacaterol foi de R$ 65,01. O valor foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% do medicamento de referência, segundo ANVISA7.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Bronquite Crônica Simples?
Sim, são disponibilizados os medicamentos apresentados na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Beclometasona cápsula, solução ou pó inalante,cápsula ou pó inalante,solução inalante,solução para inalação oral,solução para inalação nasal 200 mcg Budesonida cápsula ou pó inalante,cápsula ou pó inalante,aerossol bucal 200 mcg,400 mcg,200 mcg Brometo ipatrópio solução inalante,aerossol oral 0,25 mg/m, 0,02 mg Fenoterol aerossol 100 mcg Formoterol cápsula ou pó inalante 12 mcg Formoterol+ budesonida cápsula ou pó inalante,cápsula ou pó inalante 12 mcg/400 mcg, 6 mcg/200mcg Hidrocortizona pó para solução injetável 100 mg e 500 mg Salbutamol aerossol,solução inalante 100 mcg, 5 mg/ml Salmeterol aerossol bucal ou pó inalante 50mcg Prednisona comprimido 5 mg,20 mg Prednisolona solução oral 1 mg/ml, 3 mg/ml O financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento1.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosa, conforme PCDT2.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, a CONITEC avaliou o indacaterol para tratamento da doença pulmonar obstrutiva crônica. Os membros do plenário da Comissão, presentes na 3º reunião extraordinária, realizada no dia 20 de dezembro de 2012, deliberaram, por unanimidade, por recomendar a não incorporação, ao SUS, do indacaterol para o tratamento da DPOC8.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Uma revisão sistemática avaliou a eficácia e a segurança do indacaterol em comparação com o placebo ou agonista β2 de longa duração para o tratamento de DPOC. Foram incluídos nesta revisão um total de 13 ensaios clínicos randomizados com 9961 participantes. Cinco estudos, com um total de 4133 participantes, compararam indacaterol com o agonista β2 de longa duração duas vezes ao dia (tempo de ação de 12 horas). Ressalta-se que não foram encontrados estudos que avaliassem especificamente o subgrupo bronquite crônica na DPOC. Foi encontrada apenas essa referida revisão sistemática, que observou uma melhora significativa e clinicamente relevante no VEF1, na média do escore do St George Respiratory Questionaire (SGRQ) e na proporção de participantes que experimentaram evolução na pontuação SGRQ no grupo tratado com indacaterol quando comparado com placebo. No geral, não houve diferença estatisticamente significantes para eventos adversos graves e mortalidade entre o grupo tratado com indacaterol comparado com o grupo placebo. Quando comparado com agonista β2 duas vezes por dia, foi observado um pequeno aumento no VEF1, mas estatisticamente significativo, no grupo com indacaterol. Entretanto, este resultado não foi clinicamente relevante. Não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre o grupo tratado com o agonistas β2 comparado com o grupo indacaterol para os desfechos qualidade de vida, eventos adversos graves e mortalidade9. São necessários estudos que comparem o indacaterol de forma específica no subgrupo de bronquite crônica na DPOC.Referências bibliográficas
1BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Doenças respiratórias crônicas / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília : Ministério da Saúde, 2010 .
2WHO - World Health Organization. Global surveillance, prevention and control of chronic respiratory diseases: a comprehensive approach. World Health Organization, 2007. Disponível em: http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/43776/2/9789726751830_por.pdf. Acesso em 22/03/2018.
3BAGATIN, E., JARDIM, J.R., STIRBULOV, R. Occupational chronic obstructive pulmonarydisease. J Bras Pneumol,32(2):35-40, 2006.
4FERNANDES, Alba Barros Souza. Reabilitação respiratória em DPOC–a importância da abordagem fisioterapêutica. Pulmão RJ, v. 1, n. 1, p. 71-78, 2009.
5BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 609, de 6 de junho de 2013. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. Disponível em: http: http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2014/junho/13/Portaria-609-de-2013.pdf Acesso em: 26/11/2018.
6INDACATEROL Bula de medicamento. Novartis Biociências SA. Farm. Resp.: Flávia Regina Pegorer. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=12503332016&pIdAnexo=3099548. Acesso em 26/11/2018.
7Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 22/03/2018.
8BRASIL. Ministério da Saúde. PORTARIA Nº 34, DE 06 DE AGOSTO DE 2013. Torna pública a decisão de não incorporar o medicamento brometo de tiotrópio para o tratamento da doença pulmonar obstrutiva crônica no Sistema Único de Saúde – SUS. Brasília, Ministério da Saúde, 2013. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/Portaria/2013/Portaria34a38_2013.pdf Acesso em 22/03/2018.
9Geake JB, Dabscheck EJ, Wood-Baker R, Cates CJ. Indacaterol, a once-daily beta2-agonist, versus twicedaily beta₂-agonists or placebo for chronic obstructive pulmonary disease. Cochrane Database Syst Rev. 2015 Jan 10;1:CD010139. doi: 10.1002/14651858. -
Indacaterol para síndrome de Swyer-James-Macleod :: Abril/2019
Data de elaboração: Abril/2019 Data de publicação: Abril/2019 O que é Síndrome de Swyer-James-Macleod?
A Síndrome de Swyer-James-Macleod (SSJM) ou síndrome pulmonar hiperlucente unilateral (hiperluminoso ao raio-X de toráx) é uma bronquiolite rara constritiva com obstrução do fluxo de ar e uma diminuição do número e diâmetro dos vasos pulmonares periféricos ipsilaterais (que estão situados ou que acontecem do mesmo lado). Esta síndrome é caracterizada por hiperlucência unilateral na radiografia de tórax, sendo que a tomografia computadorizada fornece informações adicionais úteis. A doença geralmente se apresenta com dispnéia, diminuição da tolerância ao exercício, tosse, hemoptise, e infecções pulmonares recorrentes. A SSJM pode ser confundida com a asma ou com a embolia pulmonar devido aos sintomas semelhantes, podendo ocorrer diagnóstico equivocado e terapia inapropriada. A manifestação da SSJM pode ser de duas formas: assintomática, sendo a maioria diagnosticada na fase adulta, quando o paciente se submete a exames radiológicos de rotina, e sintomática, forma mais encontrada em crianças2. Segundo a Classificação Internacional de Doenças 10 (CID-10) a SSJM é classificada como um tipo de enfisema (J43) dentro do grupo de doenças respiratórias crônicas das vias inferiores3.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Síndrome de Swyer-James-Macleod?
Não. Até o momento, não há diretrizes de estratégia de cuidado específicas para pacientes com síndrome de Swyer-James-Macleod no âmbito do SUS.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O indacaterol (Onbrize®) é um beta2-agonista de ação prolongada, indicado para o tratamento broncodilatador (dilatação dos brônquios) de manutenção em longo prazo, em dose única diária, da obstrução ao fluxo aéreo em pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) moderada a grave. De maneira mais simplificada é indicado para facilitar a respiração em pessoas que apresentam dificuldade de respirar devido às doenças pulmonares crônicas4.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Onbrize® - Cápsulas com pó para inalação – 150 mcg e 300 mcg – embalagens contendo 10 ou 30 cápsulas acompanhadas de 1 inalador.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 13/02/2019.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não.Quanto custa o tratamento com Indacaterol?
Considerando a dose recomendada em bula, de 150 mcg e de 300 mcg uma vez ao dia o custo mensal estimado para tratamento com indacaterol é de R$ 21,66 e R$ 65,01, respectivamente. Ressalta-se que as dosagens e valores apresentados são para o tratamento de DPOC, pois é a indicação descrita na bula do medicamento. O valor foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% do medicamento de referência, segundo ANVISA5.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Síndrome de Swyer-James-Macleod?
Não são disponibilizados medicamentos específicos para a síndrome de Swyer-James-Macleod. Todavia, o SUS oferece medicações broncodilatadoras para tratar os sintomas desta patologia, apresentados na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Beclometasona cápsula, solução ou pó
inalante
cápsula ou pó inalante
solução inalante
solução para inalação
oral
solução para inalação
nasal200 mcg
400 mcg
250 mcg
50 mcg
50 mcgBudesonida cápsula ou pó inalante
cápsula ou pó inalante
aerossol bucal200 mcg
400 mcg
200 mcgBrometo ipatrópio solução inalante
aerossol oral0,25 mg/m
0,02 mgFenoterol aerossol 100 mcg Formoterol cápsula ou pó inalante 12 mcg Formoterol+ budesonida cápsula ou pó inalante
cápsula ou pó inalante12 mcg/400 mcg
6 mcg/200mcgHidrocortizona pó para solução
injetável100 mg e 500 mg Salbutamol aerossol
solução inalante100 mcg
5 mg/mlSalmeterol aerossol bucal ou pó
inalante50mcg Prednisona comprimido 5 mg
20 mgPrednisolona solução oral 1 mg/ml
3 mg/mlO financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento1.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosa, conforme PCDT2.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Não, até a presente data, não foi protocolada, na CONITEC, demanda para analisar a incorporação, ao SUS, do indacaterol para tratamento da síndrome de Swyer-James-Macleod, seja pelo laboratório fabricante ou por outros demandantes. Ressalta-se que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou empresa (produtora da tecnologia ou não), pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à CONITEC, desde que cumpra as exigências legais impostas pelo Decreto nº 7.646 de 2011.
É válido informar, que a CONITEC já avaliou o indacaterol para tratamento de doença pulmonar obstrutiva crônica. Os membros da Comissão presentes na 3º reunião extraordinária do plenário do dia 20 de dezembro de 2012 deliberaram, por unanimidade, por não recomendar o medicamento indacaterol para o tratamento da DPOC no SUS, devido à incerteza da melhor dose a ser utilizada (pois nas agências internacionais a dose aprovada e recomendada é de 75 mcg, já no Brasil são de 150 e 300 mcg) e das limitações da análise de custo-efetividade que foram apresentadas na época6.
Mais informações em: http://conitec.gov.brO que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Não foram encontrados estudos que avaliassem o tratamento medicamentoso dos pacientes com SSJM. Os estudos encontrados na literatura são baseados em relatos de casos e não apresentam dados sobre efetividade e segurança dos medicamentos para esta síndrome. Foi considerada uma revisão sistemática em pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica – DPOC (que pode ser um dos sintomas da SSJM), visto que o indacaterol é indicado em bula para tratamento da DPOC. Esta revisão sistemática avaliou a eficácia e a segurança do indacaterol em comparação com o placebo ou agonista β2 de longa duração para o tratamento de DPOC. Os comparadores agonista β2 foram salmeterol, formoterol e eformoterol. Foi observada uma melhora significativa e clinicamente relevante no VEF1 em pacientes tratados com indacaterol, quando comparado com placebo. Além disso, os pacientes tratados com indacaterol apresentaram uma melhora significativa na média do escore de qualidade de vida St George Respiratory Questionaire (SGRQ) e uma melhora clinicamente relevante e significante na pontuação SGRQ em comparação com o grupo placebo. Na análise de subgrupos verificou-se que todas as dosagens de indacaterol apresentaram resultados semelhantes para VEF1 e qualidade de vida na comparação com placebo. No geral não há diferença estatisticamente significante para eventos adversos graves e mortalidade entre o grupo tratado com indacaterol ou com placebo. Quando comparado com agonista β2 de longa duração duas vezes por dia, foram observados um pequeno, mas estatisticamente significativo aumento no VEF1 e melhora no escore de dispneia com nos pacientes tratados com o indacaterol. Entretanto, estes resultados não foram clinicamente relevantes. Na análise de subgrupos verificou-se que todas as dosagens de indacaterol apresentaram resultados semelhantes para VEF1. Não houveram diferenças significativas entre indacaterol e agonistas β2 duas vezes por dia para os seguintes desfechos: média das pontuações do SGRQ, proporções de participantes que alcançaram melhora clinicamente relevantes nos escores do SGRQ, eventos adversos graves e mortalidade7.Referências bibliográficas
1 Sen HS, Taylan M, Abakay O, Sezgi C, Cetincakmak MG. Adult diagnosis of Swyer-James-Macleod syndrome: retrospective analysis of four cases. Respir Care. 2014 Apr;59(4):e51-4. doi: 10.4187/respcare.02552
2 Vieira Gde D, Yamagishi AY, Vieira NN, Fogaça RM, Alves Tda C, Amaral GM, Sousa CM. Complication of post-infectious bronchiolitis obliterans (Swyer-James syndrome). Rev Assoc Med Bras (1992). 2015 Sep- Oct;61(5):404-6. doi: 10.1590/1806-9282.61.05.404.
3 International Statistical Classification of Diseases and Related Health Problems 10th Revision (ICD-10) Version for 2010. Chapter X Diseases of the respiratory system (J00-J99). Disponível em: . Acesso em 06/03/2019.
4 INDACATEROL. Bula de medicamento. Novartis Biociências SA. Farm. Resp.: Flávia Regina Pegorer. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=12503332016&pIdAnexo=3099548. Acesso em 06/03/2018.
5 Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 22/03/2018.
6 BRASIL. Ministério da Saúde. PORTARIA Nº 34, DE 06 DE AGOSTO DE 2013. Torna pública a decisão de não incorporar o medicamento brometo de tiotrópio para o tratamento da doença pulmonar obstrutiva crônica no Sistema Único de Saúde – SUS. Brasília, Ministério da Saúde, 2013. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/Portaria/2013/Portaria34a38_2013.pdf Acesso em 22/03/2018.
7 Geake JB, Dabscheck EJ, Wood-Baker R, Cates CJ. Indacaterol, a once-daily beta2-agonist, versus twicedaily beta₂-agonists or placebo for chronic obstructive pulmonary disease. Cochrane Database Syst Rev. 2015 Jan 10;1:CD010139. doi: 10.1002/14651858. -
Infliximabe para psoríase :: Outubro/2020
Data de elaboração: Setembro/2020 Data de publicação: Outubro/2020 O que é psoríase?
A psoríase é uma doença sistêmica inflamatória crônica, não contagiosa, imunomediada, que apresenta predominantemente manifestações cutâneas, ungueais e articulares. Fatores genéticos, ambientais e imunológicos estão implicados na sua fisiopatologia que não está completamente elucidada, classificando-se como doença autoimune. Costuma ter características clínicas variáveis e um curso recidivante, sendo caracterizada pelo surgimento de placas eritemato-escamosas, de dimensões variadas, com bordas bem delimitadas e graus variáveis de acúmulo de escamas. A patologia pode ser incapacitante tanto pelas lesões cutâneas, quanto pelo acometimento articular. Acomete cerca de 2% da população mundial, com sua prevalência variando muito no mundo. No Brasil, dados do Censo Dermatológico da Sociedade Brasileira de Dermatologia estimam uma prevalência de 2,5%. As formas clínicas da doença incluem: crônica em placas (ou vulgar), em gotas (gutatta), pustulosa (subdividida em difusa de Von Zumbusch, pustulose palmoplantar e acropustulose), eritrodérmica, invertida (flexora) e ungueal. Há uma série de comorbidades associadas à psoríase, dentre elas alcoolismo, depressão, obesidade, diabete melito, hipertensão arterial, síndrome plurimetabólica, colite e artrite reumatoide. Acredita-se que o aumento da morbimortalidade associado à psoríase possa ser explicado por um mecanismo inflamatório multissistêmico. Além disso, pacientes com psoríase possuem um risco aumentado, embora pequeno, para o desenvolvimento de câncer, principalmente câncer de pele não melanoma, linfoma e câncer de pulmão. O diagnóstico da doença é baseado na apresentação clínica, necessitando eventualmente de biópsia de pele para confirmação em casos atípicos ou de dúvida diagnóstica. O tratamento é direcionado conforme a gravidade (leve, moderada ou grave) e/ou em relação ao comprometimento na qualidade de vida. Aproximadamente 80% dos pacientes com psoríase apresentam doença leve à moderada, enquanto 20% apresentam doença moderada à grave. Esta doença gera impacto negativo importante da qualidade de vida, podendo ocasionar prejuízo físico e mental aos pacientes, equiparável ao observado em outras doenças, como câncer, artrite, hipertensão e outras doenças cardíacas, diabetes e depressão1,2.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar psoríase?
Sim. O SUS oferece estratégia de cuidado que pode ser verificada no PCDT da psoríase, publicado por meio da Portaria Conjunta3 SAES/SCTIE nº 10, de 6 de setembro 2019. Este documento inclui critérios de classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados à saúde, de diagnóstico, de inclusão e exclusão, casos especiais, tratamento, monitoramento da doença e regulação/controle/avaliação pelo gestor, dentro do SUS1.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O infliximabe possui indicação em bula para o tratamento de artrite reumatoide, espondilite anquilosante, artrite psoriásica, psoríase em placa, doença de Crohn adulto e pediátrico, doença de Crohn fistulizante e colite ou retocolite ulcerativa adulto e pediátrico. No tratamento da psoríase em placa, o infliximabe é indicado para redução dos sinais e sintomas e melhora na qualidade de vida. É indicado no tratamento de pacientes adultos com psoríase em placa grave candidatos à terapia sistêmica e para os casos de psoríase em placa moderada em que a fototerapia é inadequada ou imprópria. O infliximabe é um anticorpo monoclonal que bloqueia o TNF-alfa, podendo reduzir a inflamação e diminuir a capacidade do sistema imunológico em combater infecções4.Possui biossimilar?
Sim5.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Remicade® 100 mg – pó liofilizado para solução concentrada para infusão – embalagem contendo 1 frasco de 10mL (10 mg/mL após reconstituição).
Remsima® 100 mg– pó liofilizado para solução concentrada para infusão – embalagem contendo 1 frasco de 10mL (10 mg/mL após reconstituição).
Renflexis® 100 mg – pó liofilizado para solução concentrada para infusão – embalagem contendo 1 frasco de 10mL (10 mg/mL após reconstituição).
Xilfya® 100 mg – pó liofilizado para solução concentrada para infusão – embalagem contendo 1 frasco de 10mL (10 mg/mL após reconstituição).
Infliximabe (Bio-Manguinhos) 100 mg – pó liofilizado para solução concentrada para infusão – embalagem contendo 1 frasco de 10mL (10 mg/mL após reconstituição).*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED5 de 18/09/2020.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Sim, de acordo com consulta realizada à Rename6, em 23/09/2020. No entanto, não é fornecida para essa condição clínica. O medicamento é fornecido no SUS, conforme os critérios do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Retocolite ulcerativa moderada à grave7.Quanto custa o tratamento com infliximabe?
Para tratamento da psoríase em placa, a dose recomendada em bula é de 5mg/kg - 350 mg (4 frascos) administrada por um período mínimo de 2 horas nas semanas 0, 2 e 6 e depois a cada 8 semanas. O custo estimado para o período de indução (semanas 0, 2 e 6) foi de R$ 39.708,36 e o custo de manutenção (a cada 8 semanas) foi de R$ R$ 13.236,12 – o que corresponde a um custo de R$ 39.708,36 nos 2 (dois) primeiros meses e a um custo mensal de R$ 6.618,06 nos meses subsequentes. Os valores foram calculados considerando-se o Preço Máximo de Venda ao Governo (PMVG) estabelecido pela Anvisa e a alíquota de 18% em relação ao ICMS do medicamento de referência Remicade®, segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED/Anvisa5.Importante considerar que seu uso é restrito ao ambiente hospitalar. Portanto, os custos não seriam apenas do medicamento em si, mas também da administração e demais monitoramentos necessários.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar psoríase?
Sim, de acordo com o PCDT da psoríase1, são disponibilizados os medicamentos apresentados na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Ácido salicílico Pomada 50mg/g (5%) Alcatrão mineral Pomada 10mg/g (1%) Clobetasol Creme
Solução capilar0,5mg/g – bisnaga com 30g
0,5mg/g – frasco com 50gDexametasona Creme 1mg/g (0,1%) Calcipotriol Pomada 50 mcg/g (0,005%) Acitretina Cápsula 10 e 25mg Metotrexato Comprimido
Solução injetável2,5mg
25mg/mL (frasco com 2mL)Ciclosporina Cápsula
Solução oral
Solução injetável10, 25, 50 e 100mg
100mg/mL (frasco de 50mL)
50mgAdalimumabe Solução injetável 40mg Etanercepte Solução injetável 25 e 50mg Ustequinumabe Solução injetável 45mg/0,5mL e 90mg/1,0mL Secuquinumabe Pó para solução injetável 150mg/mL O financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por um ou mais dos três entes federativos (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica ao qual pertence o medicamento.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosas, conforme PCDT.
Vale ressaltar ainda que o medicamento risanquizumabe foi incorporado8 ao SUS em setembro de 2020 para tratamento de pacientes adultos com psoríase em placas moderada à grave. O referido medicamento ainda não consta no PCDT.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, a Conitec avaliou o infliximabe para o tratamento da psoríase moderada à grave. Durante a 70ª reunião ordinária, realizada no dia 30 de agosto de 2018, os membros da Comissão deliberaram, por unanimidade, recomendar a não incorporação no SUS do infliximabe para o tratamento da psoríase2. O documento técnico foi encaminhado ao Secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde (SCTIE/MS), que ratificou a recomendação e publicou a Portaria SCTIE/MS nº 54/2018, no Diário Oficial da União (DOU) nº 210, de 31/10/2018, Seção 1, pág. 40.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Uma revisão sistemática e metanálise que incluiu 38 estudos comparou o uso de ixequizumabe, brodalumabe, secuquinumabe e infliximabe com placebo. O desfecho primário avaliado foi a redução do Psoriasis Area and Severe Index (PASI) em 75%. A redução de 75% do PASI (PASI 75) é considerada a referência padrão objetiva para definição de sucesso terapêutico na prática clínica diária, bem como nos desfechos primários para a maioria dos ensaios clínicos de psoríase. Neste estudo, o ixequizumabe (160 mg semana 0 e 80 mg a cada 2 semanas) foi o fármaco que alcançou maior diferença de risco (DR) (0,84, IC95% 0,81–0,88), p<0,00001; seguido por brodalumabe na dose de 210mg (semanas 0, 1, 2, 4, 6, 8 e 10) (DR 0,79, IC95% 0,76-0,82), p<0,00001; infliximabe 5 mg/kg (DR 0,76, IC95% 0,73–0,79), p<0,00001; e secuquinumabe 300 mg (DR 0,76, IC 95% 0,71–0,81), p<0,00001. Os biológicos efalizumabe, etanercepte, adalimumabe, ustequinumabe e infliximabe foram comparados entre si e com placebo em uma revisão sistemática e metanálise de Ensaios Clínicos Randomizados (ECR) que incluiu 20 estudos. Após a análise dos dados, foi elaborado um ranking de efetividade, no qual o infliximabe apresentou a maior probabilidade de resposta nos níveis de PASI 50 (93%), 75 (80%) e 90 (54%); seguido pelo ustequinumabe 90 mg com 90%, 74% e 46%, respectivamente, e depois por ustequinumabe 45 mg, adalimumabe, etanercepte 50mg, efalizumabe e placebo. Foi constatada uma probabilidade de 93% de que infliximabe seja o tratamento mais efetivo, seguido por ustequinumabe 90mg, com 81% de probabilidade, e pelo ustequinumabe 45mg, com 79% de probabilidade. Em outra revisão sistemática que incluiu 14 estudos, os imunobiológicos foram comparados entre si e ustequinumabe, adalimumabe e infliximabe foram estatisticamente superiores ao etanercepte com uma diferença de risco absoluta para PASI 75 de 12% (IC 95% 5,9-18%), 11% (IC 95% 5,3 -16,7%) e 24% (ic 95% 29,7- 18,3%), respectivamente. Em uma revisão sistemática e metanálise de ECR que incluiu 16 estudos e comparou imunobiológicos, o infliximabe mostrou ter maior probabilidade de resposta em relação ao placebo, na semana 10, para todas as medidas de eficácia baseadas em PASI (PASI 50, PASI 75 e PASI 90). O infliximabe (semana 10) teve a maior probabilidade de alcançar resposta PASI 75 (DR 75,7%, IC 95% 72,1% -79,3%), tendo sido seguido por: ustequinumabe 45 mg (na semana 12) (DR 70,1%, 65,8% -74,3%), ustequinumabe 90 mg (na semana 12) (DR 66,5 %, 60,2% -72,9%), adalimumabe (na semana 16) (DR 63,0%, 59,3% -66,7%), etanercepte 50 mg 2x por semana (na semana 12) (DR 43,5%, 40,0% -47,1%) e etanercepte 25 mg 2x por semana ou 50 mg por semana (na semana 12) (DR 31,0%, 26,6% - 35,4%). A revisão sistemática e metanálise de ECR que incluiu 21 estudos verificou que, ao comparar os imunobiológicos entre si e com a terapia padrão metotrexato, o infliximabe teve chances significativamente maiores de alcançar o PASI 75 em relação a todos os tratamentos. Todos os tratamentos demonstraram maiores chances de atingir PASI75 em comparação com o placebo. Foi produzido um ranking com base nas probabilidades relativas de alcançar PASI 75 entre tratamentos: infliximabe> ustequinumabe≈ adalimumabe≈ etanercepte> alefacepte≈ metotrexate> placebo. Quando comparados entre si, os biológicos (adalimumabe, etanercepte e infliximabe) e os não biológicos (acitretina, metotrexato e ciclosporina) não apresentaram diferença no quesito de risco de infecções graves, cutâneas bacterianas ou granulomatosas. Em uma revisão sistemática e metanálise de ECRs duplo-cegos e controlados por placebo que incluiu 16 estudos, um estudo mostrou que o infliximabe causou reação infusional que levou a descontinuação da droga em 6% dos pacientes. Afora isso, foram relatados dois casos de sintomas lúpus-símile e dois casos de reativação de tuberculose. Em outra revisão sistemática que incluiu 15 estudos e comparou etanercepte, infliximabe e adalimumabe, o infliximabe foi mais fortemente associado ao desenvolvimento ou exacerbação de eczema pré-existente. O infliximabe é também contraindicado para insuficiência cardíaca moderada ou grave (NYHA – New York Heart Association - de classe funcional III/IV). No caso desses pacientes, o tratamento com infliximabe na dose de 10 mg/kg foi associado a uma incidência aumentada de morte e hospitalização devido à piora da insuficiência cardíaca. Portanto, o infliximabe é contraindicado em pacientes com insuficiência cardíaca moderada à grave em doses maiores que 5 mg/kg2.Referências bibliográficas
1 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação n°. 472, de ago 2019. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas Psoríase. [Acesso em 23 set 2020]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2019/Relatorio-PCDT_Psorase_FINAL_472_2019.pdf.
2 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação n°. 385, de out 2018. Adalimumabe, etanercepte, infliximabe, secuquinumabe e ustequinumabe para psoríase moderada a grave. [Acesso em 23 set 2020]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2018/Relatorio_Biologicos_Psoriase.pdf.
3 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Especializada à Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Portaria Conjunta nº 10, de 6 de setembro de 2019. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Psoríase. [portaria na internet]. Diário Oficial da União 11 set 2019 [acesso em 23 set 2020]; Seção 1, (176). Disponível em: https://www.in.gov.br/web/dou/-/portaria-conjunta-n-10-de-6-de-setembro-de-2019-215565462.
4 Remicade. [Bula]. Suiça: Janssen-Cilag Farmacêutica Ltda.
5 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Medicamentos. Câmera de Regulação do Mercado de Medicamentos. Listas de Preços de Medicamentos [acesso em 23 set 2020]. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/374947/6015130/LISTA_CONFORMIDADE_GOV_2020_09_v3.pdf/234bb4d0-934d-4c3a-9443-ff52df041f8c.
6 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2020. Brasília: Ministério da Saúde; 2020 [acesso em 23 set 2020]. Disponível em: http://portalms.saude.gov.br/assistencia-farmaceutica/medicamentos-rename.
7 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação n°. 514, de fev 2020. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Retocolite Ulcerativa. [Acesso em 06 out 2020]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2020/Relatorio_PCDT_Retocolite_Ulcerativa_Final_514_2020.pdf.
8 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação n°. 534, de ago 2020. Risanquizumabe para tratamento de pacientes adultos com psoríase em placas moderada a grave. [Acesso em 23 set 2020]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Consultas/Relatorios/2020/20200921_Relatorio_Risanquizumabe_psoriase_534.pdf. -
Infliximabe para psoríase moderada a grave :: Abril/2019
Data de elaboração: Abril/2019 Data de publicação: Abril/2019 O que é psoríase?
A psoríase é uma doença sistêmica inflamatória crônica, não contagiosa, que afeta a pele, as unhas e, ocasionalmente, as articulações. Costuma ter apresentação clínica variável e um curso recidivante. Acomete cerca de 2% da população mundial12. , No Brasil, os dados disponíveis são do Censo Dermatológico da Sociedade Brasileira de Dermatologia: o diagnóstico de psoríase foi verificado em 1.349 de um total de 54.519 pessoas que consultaram dermatologistas em estabelecimentos públicos e privados, totalizando 2,5% dessa amostra. Sua forma clínica pode ser incapacitante tanto pelas lesões cutâneas - fator que dificulta a inserção social - quanto pela presença da forma articular que configura a artrite psoriásica3,4. , Está classificada como doença autoimune, embora sua fisiopatologia não esteja completamente esclarecida. As formas clínicas da psoríase têm características peculiares, mas podem ser sobrepostas e estar ou não associadas à artrite psoriásica5. A psoríase tem apresentação clínica polimórfica, sendo que as lesões clássicas se caracterizam por placas eritematoescamosas bem delimitadas, de número e tamanho variáveis, podendo ser de assintomáticas a pruriginosas, localizadas principalmente em áreas de atrito, como cotovelos, joelhos, couro cabeludo, região pré-tibial e região sacra6. Seus achados são cíclicos, com períodos de remissões e exacerbações7. Lesões ungueais costumam estar presentes em cerca de 50-80% dos casos, sendo as mais frequentes a onicólise e as depressões cupuliformes6,8., O diagnóstico é fundamentalmente clínico, mas em casos de dúvida diagnóstica sugere-se a realização de exame anatomopatológico9. O tratamento é direcionado conforme a gravidade (leve, moderada ou grave) e/ou em relação ao comprometimento na qualidade de vida. Aproximadamente 80% dos pacientes com psoríase apresentam doença leve a moderada, enquanto 20% apresentam doença moderada a grave9,10.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar psoríase?
Sim. O SUS oferece uma estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Psoríase. (http://conitec.gov.br/images/Protocolos/Psoriase.pdf)11.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O infliximabe (Remicade®) possui indicação em bula para o tratamento de artrite reumatoide, espondilite anquilosante, artrite psoriásica, psoríase em placa, doença de Crohn em adulto e em criança, doença de Crohn fistulizante, colite ou retocolite ulcerativa adulto e pediátrico12.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
REMICADE® (JANSSEN-CILAG) – pó para solução injetável – 100 mg
BIO MANGUINHOS INFLIXIMABE® (FIOCRUZ) - pó para solução injetável – 100 mg
REMSIMA® (CELLTRION) - pó para solução injetável – 100 mg
RENFLEXIS® (MERK) - pó para solução injetável – 100 mg*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 12/02/2019.
*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 22/03/2019.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Sim. Todavia, o infliximabe encontrar-se disponível na RENAME para o tratamento da artrite reumatoide. O infliximabe não consta na RENAME para o tratamento psoríase, pois ainda não foi incorporado, ao SUS, para tal patologia.Quanto custa o tratamento com Infliximabe?
Considerando a dose recomendada em bula (para tratamento de psoríase), de 5 mg/kg, seguida por doses de infusões adicionais de 5 mg/kg nas semanas 2 e 6 após a primeira infusão, o custo estimado para tratamento deste primeiro ciclo com infliximabe, foi de R$ 22.806,00, tendo em vista um paciente com peso médio de 70kg. O valor foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% do medicamento de referência, segundo ANVISA13.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar psoríase?
Sim, são disponibilizados os medicamentos apresentados na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Ácido salicílico comprimido 100mg e 500mg Acitretina cápsula 10mg e 25mg Alcatrão mineral pomada 10mg/g Ciclosporina cápsula 10mg, 25mg
50mg e 100mgCalcipotriol pomada 50 mcg/g Clobetasol creme
solução capilar0,5 mg/g
0,5 mg/gDexametasona creme
comprimido
elixir1 mg/g
4 mg
0,1 mg/mLMetotrexato comprimido 2,5 mg O financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento1.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosa, conforme PCDT2.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, a CONITEC avaliou o infliximabe para tratamento da psoríase moderada a grave. Os membros do plenário da Comissão, presentes na 70ª reunião ordinária, realizada nos dias 29 e 30 de agosto de 2018, recomendaram, por unanimidade, a não incorporação do infliximabe para o tratamento da psoríase14.
Mais informações em: http://conitec.gov.brO que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Revisão sistemática avaliou a eficácia das terapias biológicas (infliximabe, etanercepte, adalimumabe, ustequinumabe, secuquinumabe) utilizadas para a psoríase. Os autores apontaram que o infliximabe demonstrou ter as taxas de resposta mais rápidas, sendo uma boa opção para a psoríase eritrodérmica e a psoríase pustulosa generalizada de von Zumbusch. Nestes casos há generalização da doença, com evolução mais agressiva e maior mortalidade, de forma que uma resposta mais célere se faz necessária. O infliximabe apresentou como desvantagem a via de administração endovenosa, necessitando de centros de infusão ou hospitais-dia para a sua implementação. Também demonstrou ter um perfil de segurança inferior aos outros biológicos, sendo mais associado à quadros eczematosos, reações infusionais levando à sua descontinuação, desenvolvimento de casos lúpus-símile e reativação de tuberculose. Apresentou alta taxa de desenvolvimento de anticorpos antidroga que pode levar a uma redução da eficácia ao longo do tempo15.Referências bibliográficas
1 Schaefer I, Rustenbach SJ, Zimmer L, Augustin M. Prevalence of skin diseases in a cohort of 48,665 employees in Germany. Dermatology. 2008;217:169-72
2 Icen M, Crowson CS, McEvoy MT, Dann FJ, Gabriel SE, Maradit Kremers H. Trends in incidence of adult-onset psoriasis over three decades: a population-based study. J Am Acad Dermatol. 2009;60:394-401
3 Augustin M, Kruger K, Radtke MA, Schwippl I, Reich K. Disease severity, quality of life and health care in plaque-type psoriasis: a multicenter cross-sectional study in Germany. Dermatology. 2008;216:366-72.
4 Silva JDT MM, Bonamigo RR. Estratégias de coping e níveis de estresse em pacientes portadores de psoríase. An Bras Dermatol. 2006;81:143-9.
5 Aslanian FM, Lisboa FF, Iwamoto A, Carneiro SC. Clinical and epidemiological evaluation of psoriasis: clinical variants and articular manifestations. J Eur Acad Dermatol Venereol. 2005;19:141-2
6 Sociedade Brasileira de Dermatologia. Consenso Brasileiro de Psoríase. Consenso Brasileiro de Psoríase 2012 Guias de Avaliação e Tratamento. 2012. 172 p.
7 Campbell GAM, Takahashi MDF. Educação Médica Continuada / Continuing Medical Education. 2001;76(2):141–67.
8 Pasch MC. Nail Psoriasis : A Review of Treatment Options. Drugs. 2016;76(6):675–705.
9 Coates LC, Murphy R, Helliwell PS. New GRAPPA recommendations for the management of psoriasis and psoriatic arthritis: process, challenges and implementation. Br J Dermatol. 2016;174(6):1174–8.
10 Menter A, Korman NJ, Elmets CA, Feldman SR, Gelfand JM, Gordon KB, et al. Guidelines of care for the management of psoriasis and psoriatic arthritis: Section 6. Guidelines of care for the treatment of psoriasis and psoriatic arthritis: Case-based presentations and evidence-based conclusions. J Am Acad Dermatol. 2011;65(1):137–74.
11 BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria SAS/MS nº 1.229, de 5 de novembro de 2013.Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Psoríase. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. Disponível em:
http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2014/abril/02/pcdt-psoriase-2013.pdf Acesso em: 22/05/2018.
12 INFLIXIMABE. Bula de medicamento. Janssen-Cilag Farmacêutica Ltda. Farm. Resp.: Marcos R. Pereira. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=238742019&pIdAnexo=10979590 Acesso em 04/02/2019.
13 Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 22/03/2019.
14 BRASIL. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias do SUS – CONITEC. Relatório de Recomendação. Adalimumabe, etanercepte, infliximabe, secuquinumabe e ustequinumabe para psoríase moderada a grave. Nº385, outrubro de 2018. Disponível em http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2018/Relatorio_Biologicos_Psoriase.pdf Acesso em: 12/02/2019.
15 Kim IH, West CE, Kwatra SG, Feldman SR, O’Neill JL. Comparative efficacy of biologics in psoriasis: A review. Am J Clin Dermatol. 2012;13(6):365–74. -
Infliximabe para retocolite ulcerativa :: Agosto/2020
Data de elaboração: Agosto/2020 Data de publicação: Agosto/2020 O que é retocolite ulcerativa?
A retocolite ulcerativa (RCU) é uma doença inflamatória intestinal (DII) crônica que se caracteriza por inflamações na mucosa do intestino, principalmente na porção do cólon, mas pode afetar também o reto e porções proximais ao cólon. O principal sintoma da RCU é a diarreia com fezes, mas outros sintomas como dores abdominais em cólica, tenesmo, urgência na evacuação e exsudato mucopurulento nas fezes podem estar presentes. Os casos mais graves são acompanhados de sintomas sistêmicos como febre, anemia e emagrecimento. As manifestações extraintestinais podem ocorrer em 10 a 35% dos pacientes e podem apresentar comprometimento articular, cutâneo, hepatobiliar, oftalmológicas, hematológicas e influenciar no metabolismo ósseo1. Os sinais e sintomas da patologia dependem da localização, significância e gravidade da doença. A idade do início da doença é normalmente entre 30 anos e 40 anos. No Brasil, estudo epidemiológico encontrou uma incidência média anual de 7,16 novos casos/100.000 habitantes/ano e uma prevalência de 28,3/100.0002. O diagnóstico da doença é estabelecido pela avaliação da história clínica, exames laboratoriais, exame endoscópio e achados histopatológicos1. A etiologia da RCU não é totalmente elucidada, mas parece envolver fatores genéticos e ambientais. O curso clínico da doença é gradual e frequentemente caracterizado por períodos de remissão espontânea e recaídas subsequentes. O tratamento depende da gravidade e localização da doença. Os princípios gerais para tratar a RCU são considerar a atividade, distribuição (proctite, lado esquerdo, colite extensa) e padrão de doença (frequência de recaída, curso da doença, resposta a medicamentos anteriores, perfil de efeitos colaterais de medicação e manifestação intestinal)2. O objetivo principal do tratamento é atingir remissão clínica livre de corticoide e, posteriormente, manter a remissão em longo prazo, evitando recidivas1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar retocolite ulcerativa?
Sim. O SUS oferece estratégia de cuidado que pode ser verificada no PCDT da retocolite ulcerativa, publicado por meio da Portaria Conjunta3 SCTIE/SAES nº 6, de 26 de março de 2020. Este documento inclui critérios de classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados à saúde, de diagnóstico, de inclusão e exclusão, casos especiais, tratamento e monitoramento da doença, dentro do SUS1.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O infliximabe possui indicação em bula para o tratamento de artrite reumatoide, espondilite anquilosante, artrite psoriásica, psoríase em placa, doença de Crohn adulto e pediátrico, doença de Crohn fistulizante e colite ou retocolite ulcerativa adulto e pediátrico. No tratamento de colite ou retocolite ulcerativa adulto e pediátrico, infliximabe é indicado para redução dos sinais e sintomas; indução e manutenção da remissão clínica; indução e manutenção da cicatrização da mucosa; melhora na qualidade de vida em adultos; redução ou descontinuação do uso de corticosteroides; redução da hospitalização relacionada à colite ou retocolite ulcerativa em adultos; redução da incidência de colectomia em adultos; em pacientes com colite ou retocolite ulcerativa ativa com resposta inadequada aos tratamentos convencionais; e também é indicado para redução da incidência de colectomia em pacientes adultos com colite ou retocolite ulcerativa moderada ou gravemente ativa, refratária a corticosteroides intravenosos. O infliximabe é um anticorpo monoclonal que bloqueia o TNF-alfa podendo reduzir a inflamação e diminuir a capacidade do sistema imunológico em combater infecções4.Possui biossimilar?
Sim5.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Remicade® 100 mg – pó liofilizado para solução concentrada para infusão – embalagem contendo 1 frasco de 10mL (10 mg/mL após reconstituição).
Remsima® 100 mg– pó liofilizado para solução concentrada para infusão – embalagem contendo 1 frasco de 10mL (10 mg/mL após reconstituição).
Renflexis® 100 mg – pó liofilizado para solução concentrada para infusão – embalagem contendo 1 frasco de 10mL (10 mg/mL após reconstituição).
Xilfya® 100 mg – pó liofilizado para solução concentrada para infusão – embalagem contendo 1 frasco de 10mL (10 mg/mL após reconstituição).
Infliximabe (Bio Manguinhos) 100 mg – pó liofilizado para solução concentrada para infusão – embalagem contendo 1 frasco de 10mL (10 mg/mL após reconstituição).*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED5 de 03/08/2020.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Sim, de acordo com consulta realizada à Rename6, em 25/08/2020.Quanto custa o tratamento com infliximabe infliximabe?
Para tratamento da RCU a dose recomendada em bula é de 5mg/kg - 350 mg (4 frascos) administrada por infusão intravenosa nas semanas 0, 2 e 6 e depois a cada 8 semanas. O custo estimado para o período de indução (semanas 0, 2 e 6) foi de R$ 39.708,36 e o custo de manutenção (a cada 8 semanas) foi de R$ 13.236,12. O que corresponde a um custo de R$ 39.708,36 nos 2 (dois) primeiros meses e um custo mensal de R$ 6.618,06 nos meses subsequentes. Os valores foram calculados considerando-se o Preço Máximo de Venda ao Governo (PMVG) estabelecido pela Anvisa e a alíquota de 18% em relação ao ICMS do medicamento de referência Remicade®, segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED/Anvisa5. Importante considerar que seu uso é restrito ao ambiente hospitalar. Portanto, os custos não seriam apenas do medicamento em si, mas também da administração e demais monitoramentos necessários.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar retocolite ulcerativa?
Sim, de acordo com o PCDT da retocolite ulcerativa1, são disponibilizados os medicamentos apresentados na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Ácido fólico Comprimido 5mg Azatioprina Comprimido 50mg Ciclosporina Cápsula
Solução oral
Ampola10, 25, 50 e 100mg
100mg/mL
50 e 250mgInfliximabe Frasco-ampola 100mg Hidrocortisona Frasco-ampola 100 e 500mg Mesalazina Comprimido
Supositório
Enema400, 500 e 800mg
250, 500 e 1000mg
1 e 3gPrednisona Comprimido 5 e 20mg Sulfassalazina Comprimido 500mg Vedolizumabe Frasco-ampola 300mg O financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por um ou mais dos três entes federativos (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, a Conitec avaliou o infliximabe para o tratamento da retocolite ulcerativa moderada a grave. Durante a 81ª reunião ordinária, realizada no dia 04 de setembro de 2019, os membros da Comissão deliberaram, por unanimidade, por recomendar a incorporação do infliximabe e do vedolizumabe para tratamento da colite ulcerativa moderada a grave, limitado ao custo do tratamento com infliximabe e conforme Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas2. O documento técnico foi encaminhado ao Secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde (SCTIE/MS), que ratificou a recomendação e publicou a Portaria SCTIE/MS nº 49/2019, no Diário Oficial da União (DOU) nº 206, de 23/10/2019, Seção 1, pág. 45.O que a literatura científica relata sobre o uso dessa tecnologia para essa condição clínica?
Uma metanálise foi encontrada descrevendo a eficácia do infliximabe para tratamento da RCU em comparação com a terapia convencional. O infliximabe teve efeitos estatisticamente significativos na indução da resposta clínica (Risco Relativo RR = 1,67, Intervalo de Confiança IC95% 1,12-2,50) na RCU em comparação à terapia convencional, mas não teve efeitos significativos na remissão clínica (RR = 1,63; IC95% 0,84-3,18). Uma revisão sistemática de comparação indireta avaliou a eficácia e segurança do infliximabe, adalimumabe, golimumabe, vedolizumabe e tofacitinibe para RCU moderada a grave na qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS). Em relação aos efeitos na qualidade de vida na indução da terapia, comparados entre si, o infliximabe foi superior ao adalimumabe (diferença de média – MD 9,58; IC95% 1,25-17,91) e golimumabe (MD 7,61; IC95% 0,24-14,99) e não foi superior ao vedolizumabe (MD -0,58; IC95% -9,35-8,20), mas a vantagem não foi mantida quando os intervalos preditivos foram incorporados na análise. Um estudo comparativo por meio de metanálise indireta, avaliou a eficácia e os danos do tofacitinibe e biológicos, dentre eles o infliximabe, em indivíduos adultos não previamente expostos a antagonistas do TNF. Os tratamentos foram classificados de acordo com a superfície sob as curvas de classificação cumulativa (SUCRA). Quanto maior o valor do SUCRA, melhor será o grau de intervenção na rede de metanálise. No geral, infliximabe (SUCRA: 0,91) e vedolizumabe (SUCRA: 0,79) foram os mais bem classificados, seguido por golimumabe (SUCRA: 0,45) e adalimumabe (SUCRA: 0,27) para resposta clínica em pacientes sem exposição prévia a biológicos. Um terceiro estudo de coorte bidirecional de pacientes adultos com RCU, avaliou a resposta clínica comparativa do infliximabe com vedolizumabe. No total, 18/27 (66,7%) pacientes induzidos com infliximabe e 24/32 (78,1%) pacientes induzidos com vedolizumabe foram respondedores clínicos. Em relação à remissão clínica, um estudo avaliou a eficácia comparativa e segurança de diferentes terapias em primeira linha (pacientes sem exposição prévia a biológico) e de segunda linha (exposição prévia a fator de necrose tumoral (TNF) ‐ α) para RCU moderada a grave, por meio de uma revisão sistemática e metanálise em rede de 12 ensaios clínicos randomizados. Na metanálise direta, todos os agentes foram superiores ao placebo na indução de remissão clínica, e o tamanho do efeito foi maior para infliximabe (OR: 4,22) e vedolizumabe (OR: 4,26). Na metanálise de rede, houve confiança moderada nas estimativas que apoiam o uso de infliximabe sobre adalimumabe (OR: 2,33; IC95%, 1,17‐4,64) na remissão clínica na fase de indução. No geral, infliximabe (SUCRA: 0,85) e vedolizumabe (SUCRA: 0,82) foram os mais bem classificados, seguido por golimumabe (SUCRA: 0,58) e adalimumabe (SUCRA: 0,31). Na metanálise direta, todos os agentes foram superiores ao placebo na indução da cicatrização da mucosa, e o tamanho do efeito foi maior para o infliximabe (OR: 3,32) e vedolizumabe (OR: 2,91). No geral, infliximabe (SUCRA: 0,91) e vedolizumabe (SUCRA: 0,81) foram os mais bem classificados, seguido por golimumabe (SUCRA: 0,41) e adalimumabe (SUCRA: 0,32). Em relação a segurança a taxa geral de eventos para resultados de eventos importantes foi baixa. Na fase de manutenção o infliximabe e adalimumabe foram superiores ao placebo para manutenção da remissão clínica. Comparados entre si, infliximabe foi superior ao adalimumabe (OR: 1,17; IC95% 0,62‐2,20; SUCRA: 0,83 para infliximabe e 0,67 para adalimumabe). Comparado ao placebo, infliximabe e adalimumabe foram superiores na manutenção da cicatrização da mucosa e não houve diferença quando comparados entre si (OR, 1,31; 95 IC% 0,75‐2,28, SUCRA, 0,93 para o infliximabe e 0,57 para o adalimumabe). O infliximabe (SUCRA: 0,83) foi mais bem classificado que o adalimumabe (SUCRA: 0,67) para induzir manutenção da cicatrização da mucosa em pacientes sem exposição prévia à biológicos. Na metanálise de rede, nenhum dos biológicos foi significativamente pior do que o placebo nas taxas de eventos adversos graves2.Referências bibliográficas
1 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação n°. 514, de fev 2020. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Retocolite Ulcerativa. [Acesso em 25 ago 2020]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2020/Relatorio_PCDT_Retocolite_Ulcerativa_Final_514_2020.pdf.
2 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação n°. 480, de out 2019. Adalimumabe, golimumabe, infliximabe e vedolizumabe para tratamento da retocolite ulcerativa moderada a grave. [Acesso em 25 ago 2020]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2019/Relatorio_Biologicos_Colite_Ulcerativa.pdf.
3 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Especializada à Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Portaria Conjunta nº 6, de 26 de março de 2020. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Retocolite Ulcerativa. [portaria na internet]. Diário Oficial da União 1 abr 2020 [acesso em 25 ago 2020]; Seção 1, (63). Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/Portaria/2020/PortariaConjunta_SCTIE_SAES_06_2020.pdf.
4 Remicade. [Bula]. Suiça: Janssen-Cilag Farmacêutica Ltda.
5 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Medicamentos. Câmera de Regulação do Mercado de Medicamentos. Listas de Preços de Medicamentos [acesso em 25 ago 2020]. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/374947/5967916/LISTA_CONFORMIDADE_GOV_2020_08_v1.pdf/4fd60a23-8bff-4d45-a316-aa16c976272e.
6 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2020. Brasília: Ministério da Saúde; 2020 [acesso em 25 ago 2020]. Disponível em: http://portalms.saude.gov.br/assistencia-farmaceutica/medicamentos-rename. -
Insulina degludeca para diabetes mellitus :: Dezembro/2017
Data de elaboração: Dezembro/2017 Data de publicação: Dezembro/2017 O que é diabetes mellitus?
O diabetes mellitus (DM) é uma doença caracterizada por distúrbios metabólicos e hiperglicemia, devido a defeitos na ação da insulina, na secreção de insulina ou em ambas. Dentre as várias classes clínicas da doença destacam-se o diabetes tipo 1 (DM1) e o tipo 2 (DM2). O DM1 ou insulinodependente ocorre como consequência da deficiência de insulina, causada pela destruição das células beta pancreáticas. O DM2 é caracterizado pela deficiência parcial da produção de insulina pelo pâncreas ou ainda pela resistência à insulina e deficiência na ação desse hormônio1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar diabetes mellitus?
Sim. Para o tratamento do DM, o SUS oferece uma estratégia de tratamento que contempla o cuidado integral do paciente. Essa estratégia é descrita no Caderno de Atenção Básica – Diabetes (http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/caderno_36.pdf), que orienta sobre os critérios de diagnóstico da doença, os tratamentos com as respectivas doses adequadas e mecanismos para o monitoramento clínico em relação à efetividade do tratamento e à supervisão de possíveis efeitos adversos2.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. A degludeca é uma insulina análoga com indicação em bula para o tratamento do diabetes mellitus em adultos, adolescentes e crianças acima de 1 ano de idade3.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Tresiba® - 100U/ml solução com 3ml.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 19/12/2017.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não.Quanto custa o tratamento com Insulina?
Considerando a dose diária inicial recomendada em bula de 10 unidades, o custo mensal estimado para tratamento com a degludeca é de R$ 74,07. O custo foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% do medicamento Tresiba®, segundo a ANVISA4.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar diabetes mellitus?
Sim, as mesmas podem ser conferidas na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Cloridrato de metformina Comprimido 500 mg
850 mgGlibenclamida Comprimido 5 mg Gliclazida Comprimido de liberação controlada 30 mg
60 mg
80 mgInsulina humana regular Solução injetável 100 UI/ml Insulina humana NPH Suspensão injetável 100 UI/ml O financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento1.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosa, conforme PCDT2.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Não. Até a presente data, não foi protocolada na CONITEC demanda para a incorporação da degludeca para tratamento de qualquer condição clínica, seja pelo laboratório fabricante ou por qualquer outro demandante. Ressalta-se que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou a empresa produtora do medicamento, pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à CONITEC, desde que cumpra as exigências legais.Vale destacar que a CONITEC avaliou a incorporação de outras insulinas análogas para o tratamento do diabetes tipo 1 e 2. Entretanto, os resultados dos estudos não demonstraram que as insulinas análogas de longa duração sejam superiores às insulinas regulares e NPH já disponibilizadas no SUS, seja em termos de eficácia, segurança e custo efetividade, razão pela qual a CONITEC recomendou sua não incorporação no Sistema Único de Saúde5. Destacamos também, que a CONITEC aprovou recentemente a incorporação da insulina análoga de ação rápida para o tratamento da DM 1, mediante negociação de preço e conforme protocolo estabelecido pelo Ministério da Saúde6.
O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
A agência de avaliação de tecnologias de saúde do Reino Unido (National Institute for Clinical Excellenceand Health - NICE) não recomenda o uso da insulina degludeca como uma opção para o tratamento do diabetes tipo 1 e tipo 2. Em relatório, o NICE afirma que há forte evidências de que a insulina degludeca não é custo-efetiva7.
Não foram encontrados estudos que comparassem a insulina degludeca com a insulina de NPH (disponível no SUS) e nenhum estudo que tenha mensurado dados de eficácia orientados para o paciente8. Da mesma forma que o NICE, a revista Prescrire não recomenda o uso da insulina degludeca, devido à ausência de qualquer benefício comprovado e as incertezas quanto aos riscos cardiovasculares9.Referências bibliográficas
1SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES (SBD). Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2015-2016. São Paulo, 2015. Disponível em: http://www.diabetes.org.br/sbdonline/images/docs/DIRETRIZES-SBD-2015-2016.pdf. Acesso em: 27/12/2017.
2BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica: diabetes mellitus. Cadernos de Atenção Básica, n. 36. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. Disponível em: http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/caderno_36.pdf. Acesso em: 27/12/2017.
3Tresiba®: Insulina degludeca. Araucária: Novo Nordisk Farmacêutica do Brasil Ltda. Farm. Resp.: Luciane M. H. Fernandes - CRF-PR 6002. Bula de remédio. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=25913332016&pIdAnexo=4088748Acesso em: 27/12/2017.
4Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precosAcesso em: 27/12/2017.
5Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Gestão e Incorporação de Tecnologias em Saúde. Insulinas análogas delonga açãoDiabetes Mellitus tipo II. Relatório de Recomendação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS – CONITEC –Out/2013. Disponível em:http://portalsaude.saude.gov.br/images/pdf/2014/janeiro/24/Relatorio-Insulina-diabetestipoII-CP.pdfAcesso em: 27/12/2017.
6Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Gestão e Incorporação de Tecnologias em Saúde. Insulinas análogas de ação rápida para Diabetes Mellitus Tipo 1. Relatório de Recomendação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS – CONITEC – 245. Fev/2017. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2017/Relatorio_Insulinas_DiabetesTipo1_final.pdf Acesso em: 27/12/2017.
7National Institute for Health and Care Excellence (NICE). Type 2 diabetes mellitus: medicines optimisation priorities. Published: 15 January 2015. Last updated: January 2017. Disponível em: https://www.nice.org.uk/guidance/ktt12/resources/type-2-diabetes-mellitus-medicines-optimisation-priorities-pdf-58757949375685 Acesso em: 27/12/2017.
8National Institute for Health and Care Excellence (NICE). Type 2 diabetes: insulin degludec. Evidence summary
Published: 10 September 2013. Disponível em: https://www.nice.org.uk/advice/esnm25/resources/type-2-diabetes-insulin-degludec-1502680865037253 Acesso em: 27/12/2017.
9 [No authors listed]. Prescrire Int 2014; 23 (150): 149. Insulin degludec. Uncertainty over cardiovascular harms. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25121146 Acesso em: 27/12/2017. -
Insulina detemir para diabetes mellitus tipo I e tipo II :: Dezembro/2019
Data de elaboração: Dezembro/2019 Data de publicação: Dezembro/2019 O que é diabetes mellitus tipo I e tipo II?
O diabetes mellitus (DM) é uma doença endocrino-metabólica de etiologia heterogênea, caracterizada por hiperglicemia crônica, resultante de defeitos da secreção ou da ação da insulina. A doença pode cursar com complicações agudas (hipoglicemia, cetoacidose e síndrome hiperosmolar hiperglicêmica não cetótica) e crônicas, micro (retinopatia, nefropatia, neuropatia) e macrovasculares (doença arterial coronariana, arterial periférica e cerebrovascular)1,2. Dentre as várias classes clínicas da doença, destacam-se o diabetes mellitus tipo 1 (DM1) e o tipo 2 (DM2). O DM1 ou insulinodependente ocorre como consequência da deficiência de insulina, causada pela destruição das células beta pancreáticas. O DM2 é caracterizado pela deficiência parcial da produção de insulina pelo pâncreas ou ainda pela resistência à insulina e deficiência na ação desse hormônio2.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar diabetes mellitus tipo I e tipo II?
Sim. O SUS oferece uma estratégia de tratamento que consiste no cuidado integral do paciente com DM. Essa estratégia é descrita no Caderno de Atenção Básica – Diabetes, que apresenta informações sobre o rastreamento, diagnóstico e acompanhamento do paciente com DM, além de descrever os tratamentos disponíveis, recomendações relativas à nutrição, atividades físicas e saúde bucal3.Ademais, o Ministério da Saúde também tem publicado o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Diabete Melito Tipo 1, o qual apresenta critérios de diagnóstico, inclusão e exclusão, tratamento e mecanismos de regulação, controle e avaliação da DM1, de maneira normativa. Isto é, este PCDT deve ser utilizado em todo território nacional para tratamento da DM1 no SUS1.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim4. A insulina detemir possui indicação em bula para o tratamento de diabetes mellitus em adultos, adolescentes e crianças acima de 1 ano5.Possui biossimilar?
Não.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
LEVEMIR 100 U/ML SOL INJ CT 1 CARP VD INC X 3 ML X 1 SIST APLIC PLAST
LEVEMIR 100 U/ML SOL INJ CT 5 CARP VD INC X 3 ML X 5 SIST APLIC PLAST
LEVEMIR (NOVO NORDISK) 100 U/ML SOL INJ CT 5 CARP VD INC X 3 ML (PENFIL)
*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 06/06/2019.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 26/06/2019.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não.Quanto custa o tratamento com Insulina detemir?
Considerando a dose recomendada em bula de 10 UI/ml uma vez ao dia, o custo mensal estimado para tratamento com detemir foi de R$ 144,51. O valor foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% do medicamento de referência, segundo ANVISA6.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar diabetes mellitus tipo I e tipo II?
Sim. São disponibilizados os medicamentos apresentados na tabela abaixo7:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Cloridrato de metformina Comprimido 500 mg e 850 mg Glibenclamida Comprimido 5 mg Gliclazida Comprimido de liberação controlada,comprimido 30 mg e 60 mg e 80 mg Insulinas análogas de ação rápida (Lispro, Asparte ou Glulisina) Solução injetável 100 UI/mL Insulina humana regular Solução injetável 100 UI/mL Insulina humana NPH Suspensão injetável 100 UI/mL Responsável pelo financiamento
O financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica ao qual pertence o medicamento7.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim. A Conitec avaliou e deliberou sobre a proposta de incorporação das insulinas análogas de ação prolongada (glargina, detemir e degludeca) para o tratamento de DM1 e DM2, conforme os Relatórios de Recomendação nº 4348, de fevereiro de 2019, e nº 4409, de março de 2019. Os membros da Comissão deliberaram por unanimidade recomendar a incorporação das insulinas análogas de ação prolongada para o tratamento de diabetes mellitus tipo I, condicionada ao custo de tratamento igual ou inferior ao da insulina NPH na apresentação de tubete com sistema aplicador e mediante protocolo estabelecido pelo Ministério da Saúde. Considerou-se que as insulinas análogas de ação prolongada apresentam eficácia e segurança semelhantes à insulina humana NPH no tratamento da DM1, mas apresentam custos elevados a ponto de comprometer a sustentabilidade do SUS.
Por outro lado, a Conitec deliberou por unanimidade recomendar a não incorporação das insulinas análogas de ação prolongada para o tratamento de diabetes mellitus tipo 2. Considerou-se o discreto benefício associado ao uso das insulinas análogas de ação prolongada, as incertezas quanto a redução no risco de crises de hipoglicemia e a importância de uma abordagem terapêutica que incluam medidas de autocuidado, educação em saúde e mudança de hábitos de vida, no manejo da DM2.
Mais informações em: http://conitec.gov.brO que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Uma revisão sistemática com meta-analise10 avaliou o custo-efetividade comparando a insulina glargina com a insulina NPH. Foram incluídos 28 ensaios clínicos randomizados na revisão. Utilizou-se a perspectiva do Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido e serviços pessoais e sociais. A insulina determir apresentou maior ganho médio de QALY (11,09 QALYs) por paciente e demostrou que é um regime de reposição de insulina basal clinicamente mais econômico para pessoas com diabetes mellitus tipo I.
Outra revisão sistemática com 39 estudos, sendo 27 ensaios clínicos randomizados com 7.496 pacientes, avaliou a segurança, eficácia e custo-benefício comparando as insulinas de ação prolongada (determir e glargina) com as insulinas de ação intermediária em pacientes com diabetes mellitus tipo I. A insulina determir demonstrou uma redução na hemoglobina glicada estatisticamente significativamente. O resultado de uma meta-análise em rede, com 13 ensaios clínicos randomizados, mostrou diferenças para o ganho de peso comparando: detemir uma vez ao dia versus NPH uma vez / duas vezes ao dia, (diferença média DM=4,04 kg, IC 95% 3,06 a 5,02 kg); detemir uma vez / duas vezes ao dia contra NPH uma vez ao dia (DM= −5,51 kg, IC 95% −6,56 a -4,46 kg); e glargina uma vez diariamente versus NPH uma vez ao dia (DM=-5,14 kg, IC 95% -6,07 a -4,21kg). Quando comparado com a NPH, o detemir foi menos dispendioso e mais eficaz em 3 das 14 análises de custo-benefício e a glargina foi menos dispendioso e mais eficaz em 2 das 8 análises de custo-efetividade. Os resultados dos outros estudos de custo-efetividade demonstraram que o detemir e a glargina eram mais caros, porém mais efetivos que a NPH11. Assim, pode-se inferir que, considerando essas evidências publicadas, os análogos de ação prolongada são superiores aos análogos de ação intermediária, NPH.Referências bibliográficas
1Brasil. Ministério da Saúde. Portaria Conjunta nº 08, de 15 de março de 2018. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Diabete Melito Tipo 1. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Artigos_Publicacoes/PCDT_DM_2018.pdf. Acesso em: 18/04/2019.
2Sociedade Brasileira de Diabetes. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2017-2018. São Paulo: Editora Clannad, 2017. Disponível em: https://www.diabetes.org.br/profissionais/images/2017/diretrizes/diretrizes-sbd-2017-2018.pdf. Acesso em: 18/04/2019.
3Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica: diabetes mellitus. Cadernos de Atenção Básica, n. 36. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. Disponível em: http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/caderno_36.pdf. Acesso em: 18/04/2019.
4Brasil. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Consultas. Disponível em: https://consultas.anvisa.gov.br/#/ Acesso em: 26/06/2019.
5Detemir. Bula de medicamento Novo Nordisk farm. do Brasil Ltda. Farmacêutico responsável Luciane M. H. Fernandes – CRF/PR nº 6002. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=1379902019&pIdAnexo=11023346. Acesso em 19/06/2019.
6Brasil. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos. Acesso em: 26/06/2019.
7http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2018/dezembro/17/170407M2018final.pdf
8Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS. Relatório de Recomendação: Insulinas análogas de ação prolongada para o tratamento de diabetes mellitus tipo II. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2019/Relatorio_InsulinasAnalogas_AcaoProlongada_DM2.pdf. Acesso em: 26/06/2019.
9Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS. Relatório de Recomendação: Insulinas análogas de ação prolongada para o tratamento de diabetes mellitus tipo I. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2019/Relatorio_Insulinas_Analogas_DM1.pdf. Acesso em: 26/06/2019.
10Dawoud D, O’Mahony R, Wonderling D, Cobb J, Higgins B, Amiel SA. Basal Insulin Regimens for Adults with Type 1 Diabetes Mellitus: A Systematic Review and Network Meta-Analysis. Value in health : the journal of the International Society for Pharmacoeconomics and Outcomes Research. 2018 Feb;21(2):176–84.
11Tricco AC, Ashoor HM, Antony J, Beyene J, Veroniki AA, Isaranuwatchai W, et al. Safety, effectiveness, and cost effectiveness of long acting versus intermediate acting insulin for patients with type 1 diabetes: systematic review and network meta-analysis. BMJ (Clinical research ed) [Internet]. 2014;349(oct):1–13. -
Insulina glargina para diabetes mellitus tipo I e tipo II :: Junho/2019
Data de elaboração: Abril/2019 Data de publicação: Junho/2019 O que é Diabetes mellitus tipo I e tipo II?
O diabetes mellitus (DM) é uma doença endocrino-metabólica de etiologia heterogênea, caracterizada por hiperglicemia crônica, resultante de defeitos da secreção ou da ação da insulina. A doença pode cursar com complicações agudas (hipoglicemia, cetoacidose e síndrome hiperosmolar hiperglicêmica não cetótica) e crônicas, micro (retinopatia, nefropatia, neuropatia) e macrovasculares (doença arterial coronariana, arterial periférica e cerebrovascular)1,2. Dentre as várias classes clínicas da doença, destacam-se o diabetes mellitus tipo 1 (DM1) e o tipo 2 (DM2). O DM1 ou insulinodependente ocorre como consequência da deficiência de insulina, causada pela destruição das células beta pancreáticas. O DM2 é caracterizado pela deficiência parcial da produção de insulina pelo pâncreas ou ainda pela resistência à insulina e deficiência na ação desse hormônio2.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Diabetes mellitus tipo I e tipo II?
Sim. O SUS oferece uma estratégia de tratamento que consiste no cuidado integral do paciente com DM. Essa estratégia é descrita no Caderno de Atenção Básica – Diabetes, que apresenta informações sobre o rastreamento, diagnóstico e acompanhamento do paciente com DM, além de descrever os tratamentos disponíveis, recomendações relativas à nutrição, atividades físicas e saúde bucal3.
Ademais, o Ministério da Saúde também tem publicado o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Diabete Melito Tipo 1, o qual apresenta critérios de diagnóstico, inclusão e de exclusão, tratamento e mecanismos de regulação, controle e avaliação da DM1, de maneira normativa. Isto é, este PCDT deve ser utilizado em todo território nacional para tratamento da DM1, no SUS1.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim4. A insulina glargina é indicada para o tratamento de diabetes mellitus tipo 2 em adultos e também é indicada para o tratamento de diabetes mellitus tipo 1 em adultos e em crianças com 2 anos de idade ou mais que necessitam de insulina basal (longa duração) para o controle da hiperglicemia (níveis altos e anormais de açúcar no sangue)5.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Basaglar® – solução injetável de 100 UI/mL – carpule de 3 mL
Glargilin® – solução injetável de 100 UI/mL – carpule de 3 mL e frasco-ampola de 10 mL
Lantus® – solução injetável de 100 UI/ml – carpule de 3 mL e frasco-ampola de 10 mL
Lantus Solostar® – solução injetável de 100 UI/ml – carpule de 3 mL*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 12/03/2019.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não7.Quanto custa o tratamento com Insulina glargina?
Considerando a bula do medicamento e a dose diária definida (DDD) de 40 UI, estabelecida pela OMS, administrada uma vez ao dia por via subcutânea, o custo estimado de 28 dias de tratamento com a insulina glargina é de R$ 164,68, no caso da caneta de 3 mL. Já para o frasco de 10 mL, o custo estimado de 25 dias é de R$ 127,75. Estes custos foram calculados com base no Preço Máximo de Venda ao Governo (PMVG) estabelecido pela ANVISA e alíquota de 0% em relação ao ICMS da insulina análoga glargina, nas apresentações de 3 mL (caneta) e 10 mL (frasco), ambas com concentração de 100 UI/mL5,6.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Diabetes mellitus tipo I e tipo II?
Sim. São disponibilizados os medicamentos apresentados na tabela abaixo1:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Cloridrato de metformina Comprimido 500 mg e 850 mg Glibenclamida Comprimido 5 mg Gliclazida Comprimido de liberação controlada
comprimido30 mg e 60 mg
80 mgInsulinas análogas de ação rápida (Lispro, Asparte ou Glulisina) Solução injetável 100 UI/mL Insulina humana regular Solução injetável 100 UI/mL Insulina humana NPH Suspensão injetável 100 UI/mL A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim. A Conitec avaliou e deliberou sobre a proposta de incorporação das insulinas análogas de ação prolongada (glargina, detemir e degludeca) para o tratamento do DM1 e DM2, conforme os Relatórios de Recomendação nº 434, de fevereiro de 2019, e nº 440, de março de 2019. Os membros da Comissão deliberaram por unanimidade recomendar a incorporação das insulinas análogas de ação prolongada para o tratamento do diabetes mellitus tipo I, condicionada ao custo de tratamento igual ou inferior ao da insulina NPH na apresentação de tubete com sistema aplicador e mediante protocolo estabelecido pelo Ministério da Saúde. Considerou-se que as insulinas análogas de ação prolongada apresentam eficácia e segurança semelhantes à insulina humana NPH no tratamento da DM1, mas apresentam custos elevados a ponto de comprometer a sustentabilidade do SUS8,9.
Por outro lado, a Conitec deliberou por unanimidade recomendar a não incorporação das insulinas análogas de ação prolongada para o tratamento de diabetes mellitus tipo 2. Considerou-se o discreto benefício associado ao uso das insulinas análogas de ação prolongada, as incertezas quanto a redução no risco de crises de hipoglicemia e a importância de uma abordagem terapêutica que incluam medidas de autocuidado, educação em saúde e mudança de hábitos de vida, no manejo da DM2.9O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Três revisões sistemáticas (RS) com metanálise demonstraram eficácia na redução dos níveis de HbA1c em pacientes com DM1, a favor da insulina glargina, variando entre 0,33 a 0,40%, em comparação à insulina NPH10,11,12. Quanto aos episódios de hipoglicemia grave, as RS de Dawoud et al. (2018) e Tricco et al. (2014) demonstraram que não houve diferença estatisticamente significante entre as insulinas glargina e NPH10,11, no entanto Marra et al. (2016) apresentaram uma estimativa da diferença da média do número de episódios de hipoglicemia grave a favor da insulina glargina em -0,58, p< 0,0000112. Além da RS de Tricco et al. (2014), mais um estudo avaliou a qualidade de vida relacionada à saúde, sendo que ambos apontaram que não há diferenças significantes entre as insulinas glargina e NPH10,11 exceto para o domínio satisfação dos pacientes, cujo resultado foi favorável ao uso da insulina glargina11,13. Por fim, após um seguimento de 24 semanas, não foram relatadas mortes por todas as causas em ambos os braços, no estudo de Tricco et al. (2014)11.
Em relação ao tratamento dos pacientes com DM2, cinco RS com metanálise compararam as insulinas glargina e NPH, sendo que quatro destas não encontraram diferenças significantes na redução dos níveis de hemoglobina A glicosilada (HbA1c) entre os grupos. A insulina glargina foi associada a menores taxas de eventos de hipoglicemia noturna em todos os estudos14,15,16,17,18. Por outro lado, não houve diferença estatisticamente significante entre os tratamentos para o desfecho de episódios de hipoglicemia grave relatado por três estudos16-18.Referências bibliográficas
1Brasil. Ministério da Saúde. Portaria Conjunta nº 08, de 15 de março de 2018. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Diabete Melito Tipo 1. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Artigos_Publicacoes/PCDT_DM_2018.pdf. Acesso em: 18/04/2019.
2Sociedade Brasileira de Diabetes. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2017-2018. São Paulo: Editora Clannad, 2017. Disponível em: https://www.diabetes.org.br/profissionais/images/2017/diretrizes/diretrizes-sbd-2017-2018.pdf. Acesso em: 18/04/2019.
3Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica: diabetes mellitus. Cadernos de Atenção Básica, n. 36. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. Disponível em: http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/caderno_36.pdf. Acesso em: 18/04/2019.
4Brasil. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Consultas. Disponível em: https://consultas.anvisa.gov.br/#/ Acesso em: 18/04/2019.
5Bula do medicamento LANTUS: insulina glargina. Farm. Resp. Silvia Regina Brollo. São Paulo. Sanofi-Aventis Farmacêutica Ltda. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=13357662016&pIdAnexo=3146227. Acesso em 18/04/2019.
6Brasil. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos. Acesso em: 18/04/2019.
7Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2018 – Brasília: Ministério da Saúde, 2018. Disponível em: http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2018/dezembro/17/170407M2018final.pdf. Acesso em: 18/04/2019.
8Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS. Relatório de Recomendação: Insulinas análogas de ação prolongada para o tratamento de diabetes mellitus tipo I. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2019/Relatorio_Insulinas_Analogas_DM1.pdf. Acesso em: 19/04/2019.
9Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS. Relatório de Recomendação: Insulinas análogas de ação prolongada para o tratamento de diabetes mellitus tipo II. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2019/Relatorio_InsulinasAnalogas_AcaoProlongada_DM2.pdf. Acesso em: 19/04/2019.
10Dawoud D, O’Mahony R, Wonderling D, Cobb J, Higgins B, Amiel SA. Basal Insulin Regimens for Adults with Type 1 Diabetes Mellitus: A Systematic Review and Network Meta-Analysis. Value in health : the journal of the International Society for Pharmacoeconomics and Outcomes Research. 2018 Feb;21(2):176–84.
11Tricco AC, Ashoor HM, Antony J, Beyene J, Veroniki AA, Isaranuwatchai W, et al. Safety, effectiveness, and cost effectiveness of long acting versus intermediate acting insulin for patients with type 1 diabetes: systematic review and network meta-analysis. BMJ (Clinical research ed) [Internet]. 2014;349(oct):1–13.
12Marra LP, Araújo VE, Silva TBC, Diniz LM, Guerra Junior AA, Acurcio FA, et al. Clinical Effectiveness and Safety of Analog Glargine in Type 1 Diabetes: A Systematic Review and Meta-Analysis. Diabetes Therapy. 2016;7(2).
13Almeida PHRF, Silva TBC, de Assis Acurcio F, Guerra Júnior AA, Araújo VE, Diniz LM, et al. Quality of Life of Patients with Type 1 Diabetes Mellitus Using Insulin Analog Glargine Compared with NPH Insulin: A Systematic Review and Policy Implications. Patient. 2018;11(4):377–89.
14Freemantle N, Chou E, Frois C, Zhuo D, Lehmacher W, Vlajnic A, Wang H, Chung HW, Zhang Q, Wu E, Gerrits C. Safety and efficacy of insulin glargine 300 u/mL compared with other basal insulin therapies in patients with type 2 diabetes mellitus: a network meta-analysis. BMJ open. 2016;6(2):e009421.
15Pontiroli AE, Miele L, Morabito A. Metabolic control and risk of hypoglycaemia during the first year of intensive insulin treatment in type 2 diabetes: systematic review and meta‐analysis. Diabetes, Obesity and Metabolism. 2012;14(5):433-446.
16Waugh N, Cummins E, Royle P, Clar C, Marien M, Richter B, Philip S. Newer agents for blood glucose control in type 2 diabetes: systematic review and economic evaluation. 2010;14(36)1-248.
17Monami M, Marchionni N, Mannucci E. Long-acting insulin analogues versus NPH human insulin in type 2 diabetes: a meta-analysis. Diabetes research and clinical practice. 2008;81(2):184-189.
18Horvath K, Jeitler K, Berghold A, Ebrahim SH, Gratzer TW, Plank J, Kaiser T, Pieber TR, Siebenhofer A. Long-acting insulin analogues versus NPH insulin (human isophane insulin) for type 2 diabetes mellitus. Cochrane database of systematic reviews (Online). 2007;(2):CD005613. -
Ipilimumabe para câncer renal de células claras :: Outubro/2019
Data de elaboração: Junho/2019 Data de publicação: Outubro/2019 O que é câncer renal de células claras?
Câncer renal de células claras ou carcinoma renal de células claras (CRCC) é o tipo histopatológico mais comum de câncer, responsável por aproximadamente 90% dos tumores renais1. É formado por massas globulares que podem surgir em qualquer parte do córtex renal e muitas vezes se projetam além do contorno normal do rim, invadindo, frequentemente, o sistema venoso renal2. As lesões renais expansivas, na sua maioria, sólidas ou císticas, permanecem assintomáticas e impalpáveis até os estágios mais avançados da doença. Hoje em dia, a maioria dos casos é diagnosticado incidentalmente, por meio de exames de imagens indicados frequentemente para uma variedade de sintomas ou doenças não relacionadas ao câncer. O câncer de células renais é mais comum em homens, tendo incidência aumentada entre indivíduos diabéticos, obesos, sedentários ou com histórico familiar dessa doença. A maioria dos indivíduos diagnosticados têm em média 64 anos, sendo o câncer renal muito raro em indivíduos com menos de 45 anos e ocorrendo com maior frequência em pessoas com mais de 55 anos1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar câncer renal de células claras?
Sim. O SUS oferece estratégia de cuidado que pode ser verificada nas Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas do Carcinoma de Células Renais1.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim3. Ipilimumabe possui indicação na bula, em monoterapia, para o tratamento de melanoma metastático ou inoperável; em combinação com nivolumabe, para câncer renal, exceto pelve renal.Possui genérico?
NãoQuais são as marcas disponíveis no mercado?
Yervoy® - Solução injetável para infusão intravenosa na concentração de 5 mg/mL. É apresentado em frascos para uso único de 10 mL (50 mg) e 40 mL (200 mg).*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 06/06/20194.
*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 25/06/2019.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não, o ipilimumabe não consta na RENAME 20185.Quanto custa o tratamento com Ipilimumabe?
Considerando a primeira fase do tratamento, que recomenda a dose de 1 mg/kg a cada 3 semanas para as primeiras 4 doses, e analisando um indivíduo de 70 kg, que utilizaria 70 mg por dose (2 frascos de 10 ml ou 1 frasco de 40 ml), o custo dessa fase (4 doses) do tratamento seria:•Utilizando 2 frascos de 10 ml: R$ 23.252,26•Utilizando 1 frasco de 40 ml: R$ 46.504,58O valor foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% do medicamento de referência, segundo ANVISA6.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar câncer renal de células claras?
Sim. Esclarece-se que para o tratamento de câncer no Sistema Único de Saúde, não há uma lista específica de medicamentos, vez que o cuidado ao paciente deve ser feito de forma integral nas Unidades de Alta Complexidade em Oncologia – UNACON – ou Centros de Alta Complexidade em Oncologia – CACON. Nesses estabelecimentos de saúde, o fornecimento de medicamentos é feito via autorização de procedimento de alta complexidade (APAC), conforme os procedimentos tabelados. Assim, esses hospitais habilitados como UNACON ou CACON devem oferecer assistência especializada e integral ao paciente com câncer, atuando no diagnóstico e tratamento do paciente.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, já foi protocolada, na Conitec, demanda para analisar a incorporação, no SUS, do ipilimumabe para tratamento de pacientes com melanoma metastático com progressão após quimioterapia, sendo que os membros do plenário da Comissão recomendaram a não incorporação do ipilimumabe para esta condição. Porém, até a presenta data, esta tecnologia não foi avaliada para o tratamento de câncer renal de células claras. Ressalta-se que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou a empresa (produtora da tecnologia ou não), pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à Conitec, desde que cumpra as exigências legais impostas pelo Decreto nº 7.646 de 2011.
Mais informações em: http://conitec.gov.brO que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Ao realizar busca de evidências científicas publicadas em estudos de revisão sistemática, não foram encontradas evidências da utilização do ipilimumabe em monoterapia para o tratamento de câncer renal de células claras. Entretanto, foram encontrados estudos que avaliaram o uso de ipilimumabe em combinação com o nivolumabe para o tratamento de carcinoma de células renais metastático (mRCC). Uma revisão sistemática com meta-análise em rede avaliou a eficácia e a segurança das terapias sistêmicas usadas no tratamento de primeira linha do carcinoma de células renais metastático (mRCC). Nesta revisão sistemática, foram incluídos 37 estudos com o total de 13.128 pacientes. Já a meta-análise em rede compreendeu 10 estudos com 4.819 pacientes. Os resultados da meta-análise, indicaram que o medicamento carbozantinibe era o tratamento com melhor resultado, já que apresentou uma maior sobrevida livre de progressão. Porém, com relação à sobrevida global, 5 estudos com 3.379 pacientes demonstraram que o nivolumabe associado ao ipilimumabe apresentavam uma chance de ser a melhor opção em 48% dos casos. Com relação aos eventos adversos, constatou-se que, em 67% das vezes, o nivolumabe com o ipilimumabe era o regime melhor tolerado pelos pacientes. Diante disso, concluiu-se que, provavelmente, o cabozantinibe e a associação do nivolumabe com o ipilimumabe são as melhores escolhas como tratamento de primeira linha nessa situação7.Referências bibliográficas
1Ministério da Saúde (BR). Portaria nº 1.440, de 16 de dezembro de 2014. Aprova as Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas do Carcinoma de Células Renais. Diário Oficial União. Disponível em http://conitec.gov.br/images/Artigos_Publicacoes/ddt_Carcinoma-CelRenais_2014.pdf . Acesso em 26/06/2019.
2https://www.sciencedirect.com/topics/medicine-and-dentistry/clear-cell-renal-cell-carcinoma. Acesso em 25/06/2019
3https://consultas.anvisa.gov.br/#/medicamentos/q/?substancia=25169. Acesso em 25/06/2019
4http://portal.anvisa.gov.br/documents/374947/2829072/LISTA_CONFORMIDADE_GOV_2019-06-06.pdf/6ef66980-f221-42f7-9c75-bd009afa7bf4. Acesso em 25/06/2019.
5Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2018. Brasília, MS, 2018. 219 p. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Artigos_Publicacoes/Rename/Rename_2018_Novembro.pdf Acesso em: 25/06/2019.
6Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. http://portal.anvisa.gov.br/documents/374947/2829072/LISTA_CONFORMIDADE_GOV_2019-06-06.pdf/6ef66980-f221-42f7-9c75-bd009afa7bf4, disponível em 25/06/2019.
7First-line Systemic Therapy for Metastatic Renal Cell Carcinoma: A Systematic Review and Network Meta-analysis; Wallis, Christopher J.D. et al. European Urology, Volume 74, Issue 3, 309 - 321 -
Lacosamida para Epilepsia :: Maio/2023
Data de elaboração: Março/2023 Data de publicação: Maio/2023 O que é a epilepsia?
A epilepsia é caracterizada por uma predisposição permanente do cérebro em originar crises epilépticas. Para definir a condição é necessária a ocorrência de pelo menos uma crise epiléptica, sendo esta a ocorrência transitória de sinais ou sintomas clínicos secundários a uma atividade neuronal anormal excessiva ou sincrônica. A condição pode ser definida: a) ao menos duas crises não provocadas (ou reflexas) ocorrendo com intervalo maior que 24 horas; b) uma crise não provocada (ou reflexa) e probabilidade de novas crises ocorrerem nos próximos 10 anos, similar ao risco de recorrência geral (pelo menos 60%) após duas crises não provocadas; e c) diagnóstico de uma síndrome epiléptica. As crises epilépticas são classificadas de acordo com as manifestações clínicas iniciais focais ou generalizadas: focais iniciam-se de forma localizada numa área específica do cérebro, e suas manifestações clínicas dependem do local de início e propagação da descarga para outras áreas; generalizadas têm origem em algum ponto da rede neural que é capaz de recrutar rapidamente outras redes neurais bilaterais.Estima-se que a prevalência mundial de epilepsia ativa esteja em torno de 0,5% a 1,0% da população, sendo diferente conforme idade, gênero, grupos étnicos e fatores socioeconômicos. Nos países desenvolvidos, a prevalência em países desenvolvidos aumenta proporcionalmente com o aumento da idade; nos países em desenvolvimento geralmente atinge picos na adolescência e idade adulta. A probabilidade geral de um indivíduo ser afetado pela epilepsia ao longo da vida é de cerca de 3%. No Brasil, estudos estimaram a prevalência da doença de 11,9/1.000 na Grande São Paulo, e 16,5 indivíduos com epilepsia ativa para cada 1.000 habitantes em Porto Alegre. A prevalência foi maior em classes sociais menos favorecidas (7,5/1.000) e em idosos (8,5/1.000). Apurou-se que um terço dos indivíduos com epilepsia está em tratamento inadequado. A epilepsia está associada a uma maior mortalidade por risco de acidentes e traumas; crises prolongadas; morte súbita; risco aumentado de comorbidades psiquiátricas (como depressão e ansiedade); e a problemas psicossociais como perda da carteira de habilitação, desemprego, isolamento social e efeitos adversos dos fármacos1.
Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde (SUS) para tratar a epilepsia?
Sim. O SUS oferece estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Epilepsia, publicado por meio da Portaria Conjunta SAES/SCTIE nº 17, de 27 de junho de 2018. Este documento inclui critérios de diagnóstico, de inclusão e exclusão, tratamento não medicamentoso e medicamentoso, monitorização da doença e regulação, controle e avaliação pelo gestor, dentro do SUS1.A tecnologia possui registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária Sanitária (Anvisa)?
Sim. O medicamento lacosamida possui indicação em bula no tratamento de convulsões epilépticas de início parcial em pacientes com epilepsia a partir de 16 anos de idade, em monoterapia; e em terapia adjuvante no tratamento de crises parciais com ou sem generalização secundária em pacientes a partir de 16 anos de idade com epilepsia2.Possui genérico?
Sim3.Quais são as marcas do medicamento disponíveis no mercado*?
Vimpat® - 10 mg/mL - solução para infusão (20mL e 200 mL);
Vimpat®, Lapsu®, Lacotem® e Seizla®- comprimido revestido de 50 mg em embalagens com 14 comprimidos;
Seizla®, Lakos® e Lacotem®- comprimido revestido de 50 mg em embalagens com 30 e 60 comprimidos;
Seizla® - comprimido revestido de 50 mg em embalagens com 10 comprimidos;
Lakos® - comprimido revestido de 50 mg em embalagens com 15 comprimidos;
Lacotem® - comprimido revestido de 50 mg em embalagens com 28, 56 comprimidos;
Vimpat®, Lapsu® e Lacotem® - comprimido revestido de 100 mg em embalagens com 14, 28 e 56 comprimidos;
Seizla® - comprimido revestido de 100 mg em embalagens com 10 comprimidos;
Lakos®, Lacotem® e Seizla® - comprimido revestido de 100 mg em embalagens com 30 e 60 comprimidos;
Lakos® - comprimido revestido de 100 mg em embalagens 120 comprimidos;
Vimpat®, Lapsu® - comprimido revestido de 150 mg em embalagens com 14, 28 e 56 comprimidos;
Seizla® e Lakos® - comprimido revestido de 150 mg em embalagens com 30 e 60 comprimidos;
Lakos® - comprimido revestido de 150 mg em embalagens 120 comprimidos;
Vimpat®, Lapsu® e Lacotem® - comprimido revestido de 200 mg em embalagens com 14, 28 e 56 comprimidos;
Lacotem®, Seizla® e Lakos®- comprimido revestido de 200 mg em embalagens com 30 e 60 comprimidos;
Lakos® - comprimido revestido de 200 mg em embalagens com 120 comprimidos.*Medicamento disponível no mercado de acordo com a lista CMED3, de 20/03/2023, atualizada em 21/03/2023.
** Diferentes fabricantes de medicamento genérico.
O medicamento está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename)?
Não, de acordo com consulta realizada à Rename4, em 30/03/2023.Quanto custa o tratamento com o lacosamida?
Visto que existem diversos registros referentes a lacosamida na Anvisa, devido ao fato do fármaco ter medicamento de referência, genéricos, similares de diferentes marcas, produtores e apresentações, o valor do tratamento foi calculado com o medicamento genérico da fabricante Torrent do Brasil. Considerando a dose recomendada em bula de 100 mg, administrada duas vezes ao dia em monoterapia, o custo mensal estimado para tratamento da epilepsia com lacosamida foi de R$ 341,37. O valor foi calculado considerando-se o Preço Fábrica (PF) e a alíquota de 18% em relação ao Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS), segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED/Anvisa3, pois esse medicamento não cosnta na lista de aplicação do desconto do Coeficiente de Adequação de Preços (CAP) ou com isenção de ICMS.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar a epilepsia?
Sim, de acordo com o PCDT da Epilepsia1, o objetivo do tratamento da epilepsia é propiciar a melhor qualidade de vida possível para o paciente, pelo alcance de um adequado controle de crises, com um mínimo de efeitos adversos, buscando, idealmente, uma remissão total das crises.Os medicamentos preconizados para epilepsia são:
Medicamento Forma farmacêutica Concentração Ácido valproico (valproato de sódio) Cápsulas
Comprimidos
Solução e xarope250 mg
250 e 500 mg
50 mg/mLCarbamazepina Comprimidos
Suspensão oral200 e 400 mg
20 mg/mLClobazam Comprimidos
10 e 20 mg
Clonazepam Solução oral
2,5 mg/ mL
Etossuximida Xarope
50 mg/mL
Fenitoína Comprimidos
Suspensão oral100 mg
20 mg/mLFenobarbital Comprimidos
Suspensão oral100 mg
40 mg/mLGabapentina Cápsulas
300 e 400 mg
Lamotrigina Comprimidos
25, 50 e 100 mg
Levetiracetam Comprimidos
Solução oral250, 500, 750 e 1000 mg
100 mg/mLPrimidona Comprimidos
100 e 250 mg
Topiramato Comprimidos
25, 50 e 100 mg
Vigabatrina Comprimidos
500 mg
O financiamento e aquisição desses medicamentos está sob responsabilidade do Ministério da Saúde, competindo às Secretarias de Saúde dos Estados e Distrito Federal a responsabilidade pela programação, armazenamento, distribuição e dispensação.
Após publicação da decisão de incorporar o procedimento para estimulação elétrica do nervo vago para terapia adjuvante em pacientes com epilepsia resistente a medicamentos, sem indicação para cirurgia ressectiva de epilepsia, conforme Portaria SCTIE/MS nº 24, de 11/09/2018, o PCDT da Epilepsia passou pelo processo de atualização e aguarda publicação.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) já avaliou a tecnologia para esta condição clínica?
Sim, a Conitec avaliou a lacosamida para tratamento da epilepsia. Durante a 64ª Reunião Ordinária, realizada no dia 7 de março de 2018, os membros da Comissão deliberaram, por unanimidade, recomendar a não incorporação da tecnologia como terapia aditiva em pacientes com epilepsia focal, refratários aos tratamentos prévios com os fármacos antiepilépticos disponíveis no SUS5. O posicionamento desfavorável considerou que " Não existem estudos de comparação direta entre a lacosamida e outro antiepiléptico para o tratamento da epilepsia focal. A evidência que responde à pergunta de pesquisa desta análise é baseada em comparações indiretas entre a lacosamida e os medicamentos disponíveis no SUS [...] as limitações destas análises oferecem incertezas não sendo possível afirmar equivalência, superioridade ou inferioridade da intervenção avaliada frente aos demais medicamentos.". O documento técnico foi encaminhado ao então Secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, que ratificou a recomendação e publicou a Portaria SCTIE/MS nº 20/2018 no DOU nº 82, de 30/04/2018, Seção 1, pág. 104.O que a literatura científica relata sobre o uso dessa tecnologia para epilepsia?
Bodalia et al (2013)6 realizaram uma revisão sistemática de 43 estudos duplo-cegos (40 controlados por placebo e 2 comparando valproato de sódio vs. vigabatrina, 1 comparando gabapentina vs. vigabatrina e um estudo com três braços - pregabalina vs. lamotrigina vs. placebo). As associações incluíram até 3 medicamentos, com um acompanhamento de 8 a 24 semanas. Uma metanálise comparou a eficácia e segurança dos medicamentos antiepilépticos e a lacosamida apresentou eficácia inferior ao levetiracetam (Odds Ratio – OR (IC 95%) 12,20 (4,21-35,40)) e não apresentou diferença estatística quando comparado aos demais medicamentos. Baseado na redução de 50% das crises, foi verificado que a lacosamida apresentou a menor eficácia e o topiramato a maior eficácia nas doses avaliadas. Os autores estimaram também o número necessário para tartar (NTT) e número necessário para causar danos (NNH) para cada medicamento. Entre os medicamentos avaliados, valproato, levetiracetam, gabapentina e vigabatrina demonstraram a melhor combinação a curto prazo de eficácia e tolerabilidade; topiramato, lamotrigina e lacosamida demonstraram eficácia e segurança intermediários.A revisão sistemática de Costa et al (2013)7 incluiu 62 ensaios clínicos randomizados e os desfechos foram analisados por metanálise. Os desfechos primários foram a taxa de pacientes que apresentaram taxa ≥ 50% de redução na frequência de crises e a taxa de abandono do estudo; os desfechos secundários foram a proporção de pacientes livres de crises durante o tratamento, o abandono do tratamento devido a eventos adversos e proporção de pacientes que apresentaram qualquer um dos eventos adversos mais comuns. A taxa de resposta de 50% da lacosamida foi significativamente superior em comparação ao placebo (OR (IC 95%) 2,06 (1,54 - 2,76)). As taxas de abandono do tratamento com topiramato (OR (IC 95%) 2,38 (1,54-3,65)) e lacosamida (OR (IC95%) 1,80 (1,26-2,56)) foram significativamente superiores ao placebo. Não houve diferença para os demais medicamentos analisados (lamotrigina, gabapentina e levetiracetam). Não foi possível estabelecer uma conclusão definitiva sobre a superioridade dos medicamentos quando em comparações entre os fármacos.
Referências bibliográficas
1 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologi e Insumos Estratégicos. Portaria Conjunta nº 17, de 21 de junho de 2018. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Epilepsia. [portaria na internet]. Diário Oficial da União 27 de junho de 2018 [acesso em 30 mar 2023]; Seção 1, (45). Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/protocolos/pcdt_epilepisia_2019.pdf.2 Vimpat [bula]. UCB Biopharma Ltda
3Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Medicamentos. Câmera de Regulação do Mercado de Medicamentos. Listas de Preços de Medicamentos [Acesso em 30 mar 2023]. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/cmed/precos.
4 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2022. Brasília: Ministério da Saúde; 2020 [Acesso em 30 mar 2023]. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/20220128_rename_2022.pdf .
5 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação nº 358, de abr 2018. Lacosamida como terapia aditiva em pacientes com epilepsia focal refratários aos tratamentos prévios com os fármacos antiepilépticos disponíveis no SUS. [Acesso em 30 mar 2023]. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/2018/relatorio_lacosamida_epilepsiafoca_refrataria.pdf.
6 BODALIA, P. N. et al. Comparative efficacy and tolerability of anti-epileptic drugs for refractory focal epilepsy: systematic review and network meta-analysis reveals the need for long term comparator trials. Br J Clin Pharmacol, v. 76, n. 5, p. 649-67, Nov 2013.
7 COSTA, J. et al. Clinical comparability of the new antiepileptic drugs in refractory partial epilepsy: a systematic review and meta-analysis. Epilepsia, v. 52, n. 7, p. 1280-1291, 2011.
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Levetiracetam para epilepsia :: Setembro/2018
Data de elaboração: Setembro/2018 Data de publicação: Setembro/2018 O que é Epilepsia?
A epilepsia é um distúrbio neurológico caracterizado por episódios recorrentes de disfunção cerebral, devido a um aumento excessivo na atividade elétrica de regiões cerebrais acometidas por algum tipo de patologia subjacente1. Essa condição neurológica pode prejudicar diretamente a qualidade de vida do indivíduo afetado, devido às suas consequências neurobiológicas, cognitivas, psicológicas e sociais2.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Epilepsia?
Sim. O SUS oferece uma estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Epilepsia. (http://conitec.gov.br/images/Protocolos/PCDT_Epilepsia.pdf)3.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O levetiracetam possui indicação em bula, como monoterapia para o tratamento de crises parciais, com ou sem generalização secundária em pacientes a partir dos 16 anos com diagnóstico recente de epilepsia. Como terapia adjuvante é indicado nas: crises parciais com ou sem generalização secundária em adultos, adolescentes e crianças com idade superior a 6 anos, com epilepsia; crises mioclônicas em adultos, adolescentes e crianças com idade superior a 12 anos, com epilepsia mioclônica juvenil; e crises tônico-clônicas primárias generalizadas em adultos, adolescentes e crianças com mais de 6 anos de idade, com epilepsia idiopática generalizada4.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Keppra® - Comprimido revestido - 250 mg/750 mg – caixa com 30 ou 60.
Etira® - Comprimido revestido - 500 mg/1000 mg – caixa com 30.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 10/08/2018.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Sim.Quanto custa o tratamento com Levetiracetam?
Considerando a dose recomendada em bula de 250 mg duas vezes ao dia, o custo mensal estimado para tratamento de levetiracetam é de R$ 1.524,00. O custo foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% do medicamento de referência, segundo ANVISA5.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Epilepsia?
Sim, são disponibilizados os medicamentos apresentados na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Ácido Valproico Cápsula ou comprimido 250mg e 500mg Carbamazepina Comprimido Suspensão oral 200mg e 400mg 20mg/ml Clobazam Comprimido 10mg e 20mg Clonazepam Solução oral 2,5 mg/mL Etossuximida Xarope 50mg/ml Fenitoína Comprimido 100mg Fenobarbital Comprimido Solução oral 100mg 40mg/ml Gabapentina Cápsula 300mg e 400mg Lamotrigina Comprimido 25mg, 50mg e 100mg Primidona Comprimido 100mg e 250mg Topiramato Comprimido 25mg, 50mg e 100mg Vigabatrina Comprimido 500mg O financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento1.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosa, conforme PCDT2.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, a CONITEC avaliou o com levetiracetam para tratamento de epilepsia e os membros da Comissão recomendaram por unanimidade a ampliação do uso desta tecnologia para epilepsia conforme Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas do Ministério da Saúde.
Mais informações em: http://conitec.gov.brO que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Revisão sistemática com metanálise comparou a tolerabilidade relativa de todos os antiepilépticos em monoterapia para todos os tipos de epilepsia, bem como a sua eficácia na monoterapia da epilepsia focal. Foram incluídos 65 estudos, com um total de 16.025 pacientes. Levetiracetam demonstrou melhor resultado de eficácia para número de indivíduos livre de convulsão em comparação com fenobarbital e primidona, e para o desfecho descontinuação por ineficácia terapêutica em comparação com pregabalina e gabapentina. Levetiracetam apresentou pior perfil de tolerabilidade quando comparado com clobazam e lamotrigina e melhor perfil de tolerabilidade do que fenobarbital e primidona. Não houve diferenças estatisticamente significativas para eficácia e segurança entre levetiracetam e a maioria dos medicamentos disponibilizados nos SUS (carbamazepina, fenitoína, valproato, etossuximida, topiramato e vigabatrina). Os medicamentos clobazam e lamotrigina, são medicamentos disponibilizados pelo SUS, que não apresentaram diferenças estatisticamente significantes para eficácia quando comparados com o levetiracetam, mas apresentaram melhor perfil de segurança7.Referências bibliográficas
1MESH TERMS: Epilepsy. National Center for Biotechnology Information (NCBI), U.S. National Library of Medicine. Disponível em:https://www.ncbi.nlm.nih.gov/mesh/68004827 Acesso em: 17/09/2018.
2FISHER RS, van Emde Boas W, Blume W, Elger C, Genton P, Lee P, et al. Epileptic seizures and epilepsy: definitions proposed by the International League Against Epilepsy (ILAE) and the International Bureau for Epilepsy (IBE). Epilepsia. 2005;46(4):470-2. Disponível em: http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.0013-9580.2005.66104.x/abstract Acesso em: 17/09/2018.
3BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria conjunta nº 17, de 21 de junho de 2018. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Epilepsia. Brasília: Ministério da Saúde, 2018. Disponível em: http: http://conitec.gov.br/images/Protocolos/PCDT_Epilepsia.pdf Acesso em: 17/09/2018.
4LEVETIRACETAM. Bula de medicamento. UCB Biopharma Ltda. Farm. Resp.: Tânia Regina Sanchez Bacci. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=4856072018&pIdAnexo=10580681 Acesso em 17/09/2018.
5Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 17/09/2018.
6BRASIL. Ministério da Saúde. PORTARIA Nº 56, DE 1º DE DEZEMBRO DE 2017. Torna pública a decisão de incorporar o levetiracetam para o tratamento da epilepsia, no âmbito do Sistema Único de Saúde – SUS. Brasília, Ministério da Saúde, 2013. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2017/Recomendacao/Relat%C3%B3rio_levetiracetam_Epilepsia_290_FINAL_2017.pdf Acesso em 17/09/2018.
7Campos MS, Ayres LR, Morelo MR, Marques FA, Pereira LR. Efficacy and Tolerability of Antiepileptic Drugs in Patients with Focal Epilepsy: Systematic Review and Network Meta-analyses. Pharmacotherapy. 2016 Oct 25. doi: 10.1002/phar.1855. -
Linagliptina para diabetes mellitus :: Setembro/2019
Data de elaboração: Setembro/2019 Data de publicação: Setembro/2019 O que é Diabetes mellitus?
O diabetes mellitus (DM) é uma doença endocrino-metabólica de etiologia heterogênea, caracterizada por hiperglicemia crônica, resultante de defeitos da secreção ou da ação da insulina. A doença pode desenvolver complicações agudas (hipoglicemia, cetoacidose e síndrome hiperosmolar hiperglicêmica não cetótica) e crônicas, microvasculares (retinopatia, nefropatia, neuropatia) e macrovasculares (doença arterial coronariana, arterial periférica e cerebrovascular)1,2. Dentre as várias classes clínicas da doença, destacam-se o diabetes mellitus tipo 1 (DM1) e o tipo 2 (DM2). O DM1 ou insulinodependente ocorre como consequência da deficiência de insulina, causada pela destruição das células beta pancreáticas. O DM2 é caracterizada pela deficiência parcial da produção de insulina pelo pâncreas ou ainda pela resistência à insulina e deficiência na ação desse hormônio2.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Diabetes mellitus?
Sim. O SUS oferece uma estratégia de tratamento que consiste no cuidado integral do paciente com DM. Essa estratégia é descrita no Caderno de Atenção Básica – Diabetes, que apresenta informações sobre o rastreamento, diagnóstico e acompanhamento do paciente com DM, além de descrever os tratamentos disponíveis, recomendações relativas à nutrição, atividades físicas e saúde bucal3.Ademais, o Ministério da Saúde publicou o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Diabete Melito Tipo 1, o qual inclui critérios de diagnóstico, inclusão e de exclusão, tratamento não medicamentoso e medicamentoso, monitorização da doença e regulação pelo gestor, dentro do SUS1.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim4. A linagliptina possui indicação em bula para o tratamento de pacientes com diabetes mellitus do tipo 2 (DM2), para melhorar o controle glicêmico em conjunto com dieta e exercícios. Pode ser utilizado como monoterapia ou em associação a metformina, sulfonilureias, tiazolidinedionas, insulina (com ou sem metformina), metformina mais sulfonilureias ou metformina mais inibidores de SGLT-25.Possui genérico?
Sim. Atualmente a linagliptina possui o Glinape® como medicamento genérico disponível no mercado brasileiro4,6.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
TRAYENTA® - Comprimido revestido – 5 mg
GLINAPE® - Comprimido revestido – 5 mg
*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED6 de 02/09/2019.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 02/09/2019.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não7.Quanto custa o tratamento com Linagliptina?
De acordo com a bula do medicamento, o regime terapêutico recomendado é 5 mg de linagliptina, uma vez ao dia, o que representa uma quantidade de 365 comprimidos ao ano. Assim, considerando o Preço Máximo de Venda ao Governo (PMVG) estabelecido pela6 e a alíquota de 0% em relação ao ICMS do medicamento Trayenta®, o custo anual estimado do tratamento com linagliptina é de R$ 1.374,23, por paciente com DM2.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Diabetes mellitus?
Sim. São disponibilizados os medicamentos apresentados na tabela abaixo:1,3Medicamento Forma farmacêutica Concentração Cloridrato de metformina Comprimido 500 mg e 850 mg Glibenclamida Comprimido 5 mg Gliclazida Comprimido de liberação controlada, comprimido 30 mg e 60 mg e 80 mg Insulinas análogas de ação rápida (Lispro, Asparte ou Glulisina) Solução injetável 100 UI/mL Insulina humana regular Solução injetável 100 UI/mL Insulina humana NPH Suspensão injetável 100 UI/mL *O financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Não. Até a presente data, não foi protocolada na Conitec proposta para avaliar a incorporação no SUS da linagliptina para tratamento do diabetes mellitus ou para outras condições clínicas, seja pelo laboratório fabricante ou por outros entes interessados8. Ressalta-se que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou a empresa (produtora da medicamento ou não), pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à Conitec, desde que cumpra as exigências legais impostas pelo Decreto nº 7.646 de 2011.
Mais informações em: http://conitec.gov.br/faca-sua-proposta-de-incorporacaoO que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Uma revisão sistemática com meta-análise em rede avaliou a eficácia e segurança dos inibidores de dipeptidil peptidase-4 (DPP4-I) para o tratamento de DM2, incluindo linagliptina. Na comparação indireta, foram considerados 58 estudos (31.356 pacientes). Os autores do estudo concluíram que os DPP4-I, em geral, diminuíram os níveis de glicemia dos pacientes, especialmente a linagliptina 10 mg, uma vez ao dia, na redução da hemoglobina glicada (HbA1C) (SUCRA=0,8071; Rank=2). Além disso, esse medicamento, na posologia de 5 mg, uma vez ao dia, colaborou na melhora do índice de massa corporal (IMC) dos pacientes (SUCRA=1; Rank=1)9. Uma outra revisão sistemática, com meta-análise, focada na eficácia e segurança da linagliptina, utilizou os dados de nove estudos (4.246 pacientes), demonstrando que o medicamento foi associado a uma modesta redução na HbA1C (-0,63%, p-valor<0,00001) e na glicemia em jejum (FPG) (-1,01/L, p-valor<0,00001) após 12 a 24 semanas. Ademais, foi apontado que pacientes com HbA1C <9%, em tratamento com agente ativo, em estratégias de redução de peso e que são capazes de manejar a hipoglicemia, retenção de fluídos e infecções do trato respiratório superior provavelmente teriam maior benefício na utilização de linagliptina10. Quanto à segurança, duas revisões sistemáticas avaliaram este medicamento, sendo que uma realizou uma meta-análise em rede com os DPP4-I, demonstrando que estes são associados com uma baixa incidência de eventos adversos gastrointestinais, inclusive a linagliptina (OR=0,43; IC95% 0,25-0,74)11. A ocorrência desses eventos foi confirmada pela outra revisão sistemática conduzida para o medicamento, na qual também se verificou a nasofaringite como um dos eventos adversos mais frequentes na utilização de linagliptina (cerca de 30%), em monoterapia ou não12.Referências bibliográficas
1Brasil. Ministério da Saúde. Portaria Conjunta nº 08, de 15 de março de 2018. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Diabete Melito Tipo 1. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Artigos_Publicacoes/PCDT_DM_2018.pdf. Acesso em: 13/09/2019.
2Sociedade Brasileira de Diabetes. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2017-2018. São Paulo: Editora Clannad, 2017. Disponível em: https://www.diabetes.org.br/profissionais/images/2017/diretrizes/diretrizes-sbd-2017-2018.pdf. Acesso em: 13/09/2019.
3Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica: diabetes mellitus. Cadernos de Atenção Básica, n. 36. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. Disponível em: http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/caderno_36.pdf. Acesso em: 13/09/2019.
4Brasil. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Consultas. Disponível em: https://consultas.anvisa.gov.br/#/ Acesso em: 13/09/2019.
5Bula do medicamento TRAYENTA: linagliptina. Farm. Resp. Ana Carolina Scandura Cardillo. São Paulo: Boehringer Ingelheim do Brasil Quím. e Farm. Ltda. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=6064692019&pIdAnexo=11283613 Acesso em 13/09/2019.
6Brasil. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos. Acesso em: 13/09/2019.
7Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2018 – Brasília: Ministério da Saúde, 2018. Disponível em: http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2018/dezembro/17/170407M2018final.pdf. Acesso em: 13/09/2019.
8Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS. Tecnologias demandadas. Disponível em: http://conitec.gov.br/tecnologias-em-avaliacao. Acesso em: 13/09/2019.
9Ling J, Cheng P, Ge L, Zhang DH, Shi AC, Tian JH, Chen YJ, Li, Zhang JY, Yang KH. The efficacy and safety of dipeptidyl peptidase-4 inhibitors for type 2 diabetes: a Bayesian network meta-analysis of 58 randomized controlled trials. Acta Diabetol. 2019 Mar;56(3):249-272.
10Singh-Franco D, McLaughlin-Middlekauff J, Elrod S, Harrington C. The effect of linagliptin on glycaemic control and tolerability in patients with type 2 diabetes mellitus: a systematic review and meta-analysis. Diabetes Obes Metab. 2012 Aug;14(8):694-708.
11Wu S, Chai S, Yang J, Cai T, Xu Y, Yang Z, Zhang Y, Ji L, Sun F, Zhan S. Gastrointestinal Adverse Events of Dipeptidyl Peptidase 4 Inhibitors in Type 2 Diabetes: A Systematic Review and Network Meta-analysis. Clin Ther. 2017 Sep;39(9):1780-1789.e33.
12Gomes GKA, de Camargos Ramos AI, de Sousa CT, Sanches C, Pereira ML, Baldoni AO. Linagliptin safety profile: A systematic review. Prim Care Diabetes. 2018 Dec;12(6):477-490. -
Liraglutida para diabetes mellitus :: Dezembro/2017
Data de elaboração: Dezembro/2017 Data de publicação: Dezembro/2017
O que é diabetes mellitus?
O diabetes mellitus (DM) é uma doença caracterizada por distúrbios metabólicos e hiperglicemia, devido aos defeitos na ação da insulina, na secreção de insulina ou em ambas. Dentre as várias classes clínicas da doença, destacam-se o diabetes tipo 1 (DM1) e o tipo 2 (DM2). O DM1 ou insulinodependente ocorre como consequência da deficiência de insulina, causada pela destruição das células beta pancreáticas. O DM2 é caracterizado pela deficiência parcial da produção de insulina pelo pâncreas ou ainda pela resistência à insulina e deficiência na ação desse hormônio1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar diabetes mellitus?
Sim. Para o tratamento do DM, o SUS oferece uma estratégia de tratamento que contempla o cuidado integral do paciente. Essa estratégia é descrita no Caderno de Atenção Básica – Diabetes (http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/caderno_36.pdf), que orienta sobre os critérios de diagnóstico da doença, os tratamentos com as respectivas doses adequadas e mecanismos para o monitoramento clínico em relação à efetividade do tratamento e à supervisão de possíveis efeitos adversos2.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O liraglutida possui indicação em bula para tratamento da diabetes mellitus do tipo 2 quando dieta e exercícios sozinhos não forem suficientes para o controle da glicemia3.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Victoza®- 6 mg/ml solução injetável com 2 cartuchos de 3ml4.
Saxenda™-6 mg/mL, solução injetável com 1, 3 e 5 cartuchos de 3ml.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 19/12/2017.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não.Quanto custa o tratamento com Liraglutida?
Considerando a dose máxima recomendada em bula de 1,8mg ao dia, o custo mensal estimado para tratamento com a liraglutida é de R$ 354,18. O custo foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% dos medicamentos disponíveis no mercado, segundo a ANVISA5.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar diabetes mellitus?
Sim, as mesmas podem ser conferidas na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Cloridrato de metformina Comprimido 500 mg
850 mgGlibenclamida Comprimido 5 mg Gliclazida Comprimido de liberação controlada 30 mg
60 mg
80 mgInsulina humana regular Solução injetável 100 UI/ml Insulina humana NPH Suspensão injetável 100 UI/ml O financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento1.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosa, conforme PCDT2.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Não. Até a presente data, não foi protocolada na CONITEC demanda para incorporação da liraglutida para tratamento de qualquer condição clínica, seja pelo laboratório fabricante ou por qualquer outro demandante. Ressalta-se que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou a empresa produtora do medicamento, pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à CONITEC, desde que cumpra as exigências legais.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Uma metanálise, que incluiu 78 ensaios clínicos randomizados, avaliou a eficácia e aceitabilidade de 13 tratamentos para controle do diabetes tipo 2, incluindo a liraglutida. Apesar da redução significativa da hemoglobina glicada com o uso da liraglutida, e leve redução de peso e pressão arterial sistólica, o tratamento foi associado com maior probabilidade de episódios de hipoglicemia. Também se observou um aumento da incidência de descontinuação do tratamento6. Até a presente data, não há estudos de longo prazo que permitam afirmar que a liraglutida diminua os riscos de eventos cardiovasculares (infarto, derrame) e mortalidade dos pacientes com diabetes tipo 2. Também não há dados suficientes para afirmar que seja um medicamento eficaz e seguro em longo tempo de uso.Referências bibliográficas
1SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES (SBD). Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2015-2016. São Paulo, 2015. Disponível em: http://www.diabetes.org.br/sbdonline/images/docs/DIRETRIZES-SBD-2015-2016.pdf. Acesso em: 27/12/2017.
2BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica: diabetes mellitus. Cadernos de Atenção Básica, n. 36. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. Disponível em: http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/caderno_36.pdf. Acesso em: 27/12/2017.
3Victoza®. liraglutida Paraná: Novo Nordisk Farmacêutica do Brasil Ltda. Farm. Resp.: Luciane M. H. Fernandes CRF-PR 6002. Bula de remédio. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=6217772015&pIdAnexo=2739407. Acesso em: 27/12/2017.
4Câmara de Regulação - CMED Secretaria Executiva PREÇOS MÁXIMOS DE MEDICAMENTOS POR PRINCÍPIO ATIVO, PARA COMPRAS PÚBLICAS PREÇO FÁBRICA (PF) E PREÇO MÁXIMO DE VENDA AO GOVERNO (PMVG). Atualizada em 27/12/2017. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/374947/3464400/LISTA_CONFORMIDADE_GOV_2017-07-21.pdf/ee0c5ac1-00b9-4fdc-b410-4642339a5f03.
5Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 27/12/2017.
6Li Z, Zhang Y, Quan X, Yang Z, Zeng X, Ji L, Sun F, Zhan S. Efficacy and Acceptability of Glycemic Control of Glucagon-Like Peptide-1 Receptor Agonists among Type 2 Diabetes: A Systematic Review and Network Meta-Analysis. PLoS One. 2016 May 9;11(5):e0154206. doi: 10.1371/journal.pone.0154206. eCollection 2016. Review. -
Lixisenatida para diabetes mellitus :: Dezembro/2017
Data de elaboração: Dezembro/2017 Data de publicação: Dezembro/2017 O que é diabetes mellitus?
O diabetes mellitus (DM) é uma doença caracterizada por distúrbios metabólicos e hiperglicemia, devido aos defeitos na ação da insulina, na secreção de insulina ou em ambas. Dentre as várias classes clínicas da doença, destacam-se o diabetes tipo 1 (DM1) e o tipo 2 (DM2). O DM1 ou insulinodependente ocorre como consequência da deficiência de insulina, causada pela destruição das células beta pancreáticas. O DM2 é caracterizado pela deficiência parcial da produção de insulina pelo pâncreas ou ainda pela resistência à insulina e deficiência na ação desse hormônio1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar diabetes mellitus?
Sim. Para o tratamento do DM, o SUS oferece uma estratégia de tratamento que contempla o cuidado integral do paciente. Essa estratégia é descrita no Caderno de Atenção Básica – Diabetes (http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/caderno_36.pdf), que orienta sobre os critérios de diagnóstico da doença, os tratamentos com as respectivas doses adequadas e mecanismos para o monitoramento clínico em relação à efetividade do tratamento e à supervisão de possíveis efeitos adversos2.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O lixisenatida possui indicação em bula para tratamento de adultos com diabetes mellitus tipo 2 para controle glicêmico3.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Lyxumia® - 0,5 mg/ml solúção injetável - 1 caneta aplicável 3ml (20 mcg/dose)
Lyxumia® - 0,1 mg/ml solúção injetável - 1 caneta aplicável 3ml (20 mcg/dose)
Lyxumia® - 0,1 mg/ml solúção injetável - 2 canetas aplicáveis 3ml (20 mcg/dose)
Lyxumia® - 0,1 mg/ml solúção injetável - 6 canetas aplicáveis 3ml (20 mcg/dose)
Lyxumia® - 0,1 mg/ml + 0,05 mg/ml solúção injetável - 2 canetas aplicáveis 3ml (10 mcg/dose + 20 mcg/dose)4.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 19/12/2017.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não.Quanto custa o tratamento com Lixisenatida?
Considerando a dose recomendada em bula de 20 mcg (μg) uma vez ao dia, o custo mensal estimado para tratamento com a lixisenatida é de R$283,28. O custo foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% dos medicamentos disponíveis no mercado, segundo a ANVISA5.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar diabetes mellitus?
Sim, as mesmas podem ser conferidas na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Cloridrato de metformina Comprimido 500 mg
850 mgGlibenclamida Comprimido 5 mg Gliclazida Comprimido de liberação controlada 30 mg
60 mg
80 mgInsulina humana regular Solução injetável 100 UI/ml Insulina humana NPH Suspensão injetável 100 UI/ml O financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento1.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosa, conforme PCDT2.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Não. Até a presente data não foi protocolada na CONITEC demanda para incorporação da lixisenatida para tratamento de qualquer condição clínica, seja pelo laboratório fabricante ou por qualquer outro demandante. Ressalta-se que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou a empresa produtora do medicamento, pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à CONITEC, desde que cumpra as exigências legais.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Uma metanálise, que incluiu 78 ensaios clínicos randomizados, avaliou a eficácia e aceitabilidade de 13 tratamentos para controle do diabetes tipo 2, incluindo a lixisenatida. Apesar da redução significativa da hemoglobina glicada com o uso da lixisenatida, o tratamento foi associado com maior probabilidade de episódios de hipoglicemia e também a um aumento da incidência de descontinuação do tratamento6. Outra metanálise avaliou os efeitos adversos dos agonistas do receptor do GLP-1, como a lixisenatida, e os resultados mostraram que esses medicamentos estão associados a um aumento de eventos gastrointestinais, sendo mais comum a diarreia, com o uso de lixisenatida7. Até a presente data, não há estudos de longo prazo que permitam afirmar que esse medicamento diminua os riscos de eventos cardiovasculares (infarto, derrame) e mortalidade dos pacientes com diabetes tipo 2. Também não há dados suficientes para afirmar que seja um medicamento eficaz e seguro em longo tempo de uso.Referências bibliográficas
1SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES (SBD). Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2015-2016. São Paulo, 2015. Disponível em: http://www.diabetes.org.br/sbdonline/images/docs/DIRETRIZES-SBD-2015-2016.pdf. Acesso em: 27/12/2017.
2BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica: diabetes mellitus. Cadernos de Atenção Básica, n. 36. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. Disponível em: http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/caderno_36.pdf. Acesso em: 27/12/2017.
3LyxumiaTM. lixisenatida. São Paulo: Sanofi-Aventis Farmacêutica Ltda. F Farm. Resp.: Silvia Regina Brollo CRF-SP nº 9.815. Bula de remédio. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=716272015&pIdAnexo=2421135. Acesso em: 27/12/2017.
4Câmara de Regulação - CMED Secretaria Executiva PREÇOS MÁXIMOS DE MEDICAMENTOS POR PRINCÍPIO ATIVO, PARA COMPRAS PÚBLICAS PREÇO FÁBRICA (PF) E PREÇO MÁXIMO DE VENDA AO GOVERNO (PMVG). Atualizada em 19/12/2017. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/374947/3464400/LISTA_CONFORMIDADE_GOV_2017-07-21.pdf/ee0c5ac1-00b9-4fdc-b410-4642339a5f03.
5Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precosAcesso em: 27/12/2017.
6Li Z, Zhang Y, Quan X, Yang Z, Zeng X, Ji L, Sun F, Zhan S. Efficacy and Acceptability of Glycemic Control of Glucagon-Like Peptide-1 Receptor Agonists among Type 2 Diabetes: A Systematic Review and Network Meta-Analysis. PLoS One. 2016 May 9;11(5):e0154206. doi: 10.1371/journal.pone.0154206. eCollection 2016. Review.
7Sun F, Chai S, Yu K, Quan X, Yang Z, Wu S, Zhang Y, Ji L, Wang J, Shi L. Gastrointestinal adverse events of glucagon-like peptide-1 receptor agonists in patients with type 2 diabetes: a systematic review and network meta-analysis. Diabetes Technol Ther. 2015 Jan;17(1):35-42. doi: 10.1089/dia.2014.0188. Review.
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Lomitapida para hipercolesterolemia familiar homozigótica :: Novembro/2018
Data de elaboração: Novembro/2018 Data de publicação: Novembro/2018 O que é Hipercolesterolemia Familiar Homozigótica?
A hipercolesterolemia família (HF) é uma doença genética que provoca alta concentração de colesterol no sangue. Esta grande quantidade de colesterol no sangue está presente desde o nascimento e pode levar ao desenvolvimento antecipado da doença aterosclerótica (formação de placas de gordura nas artérias, que dificultam a passagem do sangue) e até mesmo a morte prematura do indivíduo. A doença pode ser transmitida de geração em geração, de tal forma que, os irmãos e filhos de uma pessoa com HF têm 50% de risco de herdar a patologia. Estes indivíduos apresentarão níveis elevados de colesterol LDL (LDL-C) desde o nascimento e ao longo de suas vidas, sendo homens e mulheres igualmente afetados. O defeito primário na HF é uma mutação no gene específico do receptor para LDL plasmático. Devido ao desequilíbrio na homeostase do colesterol no organismo, causado pela HF, o acumulo de colesterol forma depósitos, tais como: os xantomas e placas de ateroma1,2,3 A HF é subdividida em hipercolesterolemia familiar heterozigótica (HFHe) e hipercolesterolemia familiar homozigótica (HFHo)2. A HFHe ocorre quando a criança herda um gene defeituoso de um de seus pais. Já na HFHo a criança herda dois genes defeituosos, consequentemente, os receptores de LDL não têm funcionalidade e os pacientes têm uma hipercolesterolemia grave. A HFHo é a forma mais rara e severa da doença e está associada a aterosclerose acelerada e morte prematura3.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Hipercolesterolemia Familiar Homozigótica?
Sim. Para o tratamento de hipercolesterolemia familiar, o SUS oferece estratégias de tratamento que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) de Dislipidemia: Prevenção de Eventos Cardiovasculares e Pancreatite (http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2014/abril/02/pcdt-dislipidemia-livro-2013.pdf)5.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Não. A lomitapida (Juxtapid®) não possui registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). É indicado como adjuvante em dieta hipogordurosa, para tratamento de redução do colesterol das lipoproteínas de baixa densidade (LDL-C), colesterol total (TC) apolipoproteína B (Apo B) e colesterol não lipídico de alta densidade (não-HDL-C) em pacientes com hipercolesterolemia familiar homozigótica (HoFH).Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Juxtapid® - cápsula – 5 mg, 10 mg, and 20 mg.A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não.Quanto custa o tratamento com Lomitapida?
Tendo em vista que este medicamento ainda não possui registro na ANVISA, não está precificado pela CMED.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Hipercolesterolemia Familiar Homozigótica?
Sim, são disponibilizados os medicamentos apresentados na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Ácido nicotínico Comprimido de liberação prolongada 250 mg, 500 mg, 750 mg Atorvastatina Comprimido 10 mg, 20 mg, 40 mg, 80 mg Bezafibrato Comprimido e comprimido de liberação prolongada 200 mg, 400 mg Ciprofibrato Comprimido100 mg Município, Estado e União* Etofibrato Cápsula 500 mg Fenofibrato Cápsula e cápsula de liberação prolongada 200 mg, 250 mg Fluvastatina Cápsula 20 mg, 40 mg Genfibrozila Comprimido 600 mg, 900 mg Lovastatina Comprimido 10 mg, 20 mg, 40 mg Pravastatina Comprimido 10 mg, 20 mg, 40 mg Sinvastatina Comprimido 10 mg, 20 mg, 40 mg O financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento1.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosa, conforme PCDT2.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Não, até a presente data, não foi protocolada, na CONITEC, demanda para analisar a incorporação, ao SUS, da lomitapida para tratamento de hipercolesterolemia familiar homozigótica ou para outras condições clínicas, seja pelo laboratório fabricante ou por outros demandantes. Ressalta-se que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou a empresa (produtora da tecnologia ou não), pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à CONITEC, desde que cumpra as exigências legais impostas pelo Decreto nº 7.646/2011.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Um ensaio clínico multicêntrico, aberto e de fase 3 avaliou a eficácia e a segurança da lomitapida em pacientes com hipercolesterolemia familiar homozigótica (HFHo). Foram recrutados 29 indivíduos do sexo masculino e feminino com HFHo e acima de 18 anos. Observou-se que houve uma redução nas concentrações de LDL-C, colesterol total e triglicerídeos dos pacientes após a inclusão da lomitapida ao tratamento previamente realizado, que era composto por dieta com baixo teor em gordura e o por outras terapias hipolipemiantes, como o uso de estatinas, fibratos e aférese de LDL. A maioria dos indivíduos experimentou pelo menos um evento adverso, sendo que a maior parte deles foi considerado eventos adversos leves ou moderados, sendo os sintomas gastrointestinais os mais comuns. Três indivíduos sofreram eventos adversos graves: síndrome coronariana e infecção do trato respiratório inferior. No entanto, os autores avaliaram estes eventos adversos como não relacionados ou improváveis de estarem relacionados com o estudo. Nenhum paciente interrompeu permanentemente o tratamento devido a anormalidades hepáticas, embora a elevação de transaminases e o acúmulo de gordura hepática tenham ocorrido em alguns pacientes. É válido salientar que, mesmo considerando a gravidade da hipercolesterolemia familiar homozigótica e a sua prevalência, não houve nenhum comparador, ativo ou não, compondo outro braço neste estudo. Além disso, o estudo foi aberto e o número de participantes foi pequeno, estes fatores tendem a elevar os riscos de viés7.Referências bibliográficas
1Santos RD, Gagliardi ACM., Xavier HZ, et al., I Diretriz Brasileira de Hipercolesterolemia Familiar (HF). Arq. Bras. Cardiol.[online]. 2012, vol.99, n.2, suppl.2, pp.1-28. ISSN 0066-782X. http://dx.doi.org/10.5935/abc.20120202.
2Alonso, R et al. Clinical and molecular characteristics of homozygous familial hypercholesterolemia patients: Insights from SAFEHEART registry Journal of Clinical Lipidology , Volume 10 , Issue 4 , 953 – 961. Doi http://dx.doi.org/10.1016/j.jacl.2016.04.006
3NICE The National Institute for Health and Care Excellence.Guidelines Familial hypercholesterolaemia: identification and management. Clinical guideline Published: 27 August 2008 nice.org.uk/guidance/cg71. Disponível em: https://www.nice.org.uk/guidance/cg71/resources/familial-hypercholesterolaemia-identificationand- management-pdf-975623384005.
4Nordestgaard BG, Chapman MJ, Humphries SE. et al. Familial hypercholesterolaemia is underdiagnosed
and undertreated in the general population: guidance for clinicians to prevent coronary heart disease Consensus Statement of the European Atherosclerosis Society. Eur Heart J. 2013 Dec 1; 34(45): 3478–3490. doi: 10.1093/eurheartj/eht273
5BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria SAS/MS n 200, de 25 de fevereiro de 2013. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Dislipidemia: Prevenção de Eventos Cardiovasculares e Pancreatite. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. Disponível em: http: http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2014/abril/02/pcdt-dislipidemia-livro-2013.pdf Acesso em: 05/11/2018.
6Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 09/10/2018.
7Cuchel M, Meagher EA, du Toit Theron H, Blom DJ, Marais AD, Hegele RA, Averna MR, Sirtori CR, Shah PK, Gaudet D, Stefanutti C, Vigna GB, Du Plessis AM, Propert KJ, Sasiela WJ, Bloedon LT, Rader DJ; Phase 3 HoFH Lomitapide Study investigators. Efficacy and safety of a microsomal triglyceride transfer protein inhibitor in patients with homozygous familial hypercholesterolaemia: a single-arm, open-label, phase 3 study. Lancet. 2013 Jan 5;381(9860):40-6. doi: 10.1016/S0140 6736(12)61731-0. -
Lumacaftor/ivacaftor para fibrose cística :: Outubro/2019
Data de elaboração: Agosto/2019 Data de publicação: Outubro/2019 O que é Fibrose Cística?
Também chamada de mucoviscidose, a FC é uma doença genética autossômica recessiva, que ocorre devido a mutações de um gene localizado no braço longo do cromossoma 7. Esse gene codifica a proteína reguladora de condução transmembrana da fibrose cística (CFTR), que funciona como um canal de cloro na superfície das membranas celulares. O funcionamento deficiente ou ausente da CFTR leva a um aumento da eletronegatividade intracelular, ocasionando maior fluxo de sódio e água para dentro das células e consequente desidratação e aumento da viscosidade das secreções mucosas, favorecendo a obstrução das vias respiratórias, dos ductos intrapancreáticos, dos ductos seminíferos e das vias biliares. Atualmente, mais de 2.000 mutações já foram identificadas. A FC é uma doença que acomete vários órgãos e sistemas, principalmente o sistema respiratório e o aparelho digestivo. Neste, a insuficiência pancreática exócrina (IPE) constitui a manifestação mais comum, podendo estar presente ao nascimento ou surgir de forma gradual no curso da doença, afetando em torno de 80% a 90% dos pacientes, como decorrência da obstrução dos ductos pancreáticos e da destruição progressiva do pâncreas por inflamação e fibrose. A função pancreática exócrina está significativamente correlacionada ao genótipo do paciente, sendo as manifestações clínicas evidentes precocemente nos pacientes com as mutações de classes I e II do CFTR. O funcionamento do canal de cloro nessas classes de mutações é mínimo ou ausente; exemplos dessas mutações são F508del, N1303K, G542X, G551D e outras1. O acometimento pulmonar é responsável pela maior morbimortalidade dos pacientes. O acúmulo de muco espesso nas vias aéreas inferiores é uma das características-chave da fisiopatogenia da doença pulmonar, assim como a presença de reação inflamatória predominantemente neutrofílica. Na evolução, o pulmão torna-se cronicamente infectado por bactérias e o ciclo de infecção, inflamação e remodelamento brônquico acelera-se, contribuindo para o desenvolvimento da doença pulmonar obstrutiva crônica e irreversível2.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Fibrose Cística?
Sim. O SUS oferece uma estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas – Fibrose Cística – Manifestações Pulmonares (anexo I)2 e no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas – Fibrose Cística – Insuficiência Pancreática (anexo II)1.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim3. A associação lumacaftor/ivacaftor possui indicação em bula para o tratamento de FC em pacientes com 6 anos de idade ou mais e que são homozigotos para a mutação F508del no gene CFTR.Possui genérico?
Não.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Orkambi® - comprimidos revestidos de lumacaftor/ivacaftor de 100/125 mg e de 200/125 mg, embalados em cartuchos, sendo que cada cartucho possui sete blísteres. Assim, em cada cartucho semanal, há 28 comprimidos, totalizando 112 comprimidos*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 01/08/2019.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não. Lumacaftor/ivacaftor não consta na RENAME 20185.Quanto custa o tratamento com Lumacaftor/ivacaftor?
As doses recomendadas variam de acordo com a idade:- Para pacientes entre 6 a 11 anos, a dose diária total é de 400 mg de lumacaftor/500 mg de ivacaftor (o que corresponde a quatro comprimidos por dia de lumacaftor/ivacaftor de 100/125 mg). Neste caso, o custo mensal estimado para o tratamento é de R$ 39.772,14.
- Para pacientes com 12 ou mais, a dose diária total é de 800 mg de lumacaftor/500 mg de ivacaftor (o que corresponde a quatro comprimidos por dia de lumacaftor/ivacaftor de 200/125 mg). Neste caso, o custo mensal estimado para o tratamento é de R$ 39.908,94.
O custo foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% do medicamento de referência, segundo ANVISA4.
O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Fibrose Cística?
Sim, são disponibilizados os medicamentos apresentados nas tabelas abaixo, dependendo da condição em que o paciente se encontra.Medicamento Forma farmacêutica Concentração *Pancreatina Cápsulas 10.000 e 25.000 unidades internacionais (UI) de lipase **Alfadornase Ampola com solução purificada para uso inalatório 2,5 mg em 2,5 mL de solução **Tobramicina Ampola com solução para uso inalatório 300 mg/5 mL e 300 mg/4 mL *No tratamento de insuficiência pancreática1
**No tratamento de manifestações pulmonares2O financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento5.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosas, conforme PCDTs.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Não, até a presente data, não foi protocolada, na Conitec, demanda para analisar a incorporação, no SUS, da associação lumacaftor/ivacaftor para tratamento da FC ou para outras condições clínicas, seja pelo laboratório fabricante ou por outros demandantes. Ressalta-se que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou a empresa (produtora da tecnologia ou não), pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à Conitec, desde que cumpra as exigências legais impostas pelo Decreto nº 7.646 de 2011.
Mais informações em: http://conitec.gov.brO que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Uma revisão sistemática avaliou os efeitos das substâncias ativas, lumacaftor e ivacaftor, que atuam em conjunto para melhorar a função da proteína CFTR anormal, em resultados clinicamente importantes, tanto em benefícios quanto em danos, em crianças e adultos com FC. Foram incluídos 13 ensaios clínicos randomizados, totalizando 2215 participantes, com duração entre 1 dia e 24 semanas (com um estudo de extensão de até 96 semanas), destes, sete estudos com 317 participantes analisaram agentes únicos (monoterapia: 4PBA, também conhecido como Buphenyl, CPX, lumacaftor e cavosonstat) versus placebo (tratamento simulado sem medicamento ativo) e seis estudos com 1898 participantes avaliaram a terapia combinada (lumacaftor-ivacaftor ou tezacaftor-ivacaftor) versus placebo. Além disso, em 12 estudos, os participantes tinham duas cópias da mutação F508del e em um estudo eles tiveram uma mutação F508del e uma segunda mutação diferente. Em seis meses, o lumacaftor uma vez ao dia (600 mg ou 400 mg) mais o ivacaftor melhoraram as pontuações do Questionário de Fibrose Cística (CFQ) em uma pequena quantidade em comparação com o placebo [diferença média (MD)=2,62 pontos; IC 95% (0,64 a 4.59)]. Um tamanho de efeito semelhante foi observado para o lumacaftor duas vezes ao dia (200 mg) mais o ivacaftor (250 mg), embora a qualidade da evidência fosse baixa [MD=2,50 pontos; IC 95% (0,10 a 5,10)]. Função pulmonar medida pela alteração relativa do volume expiratório forçado no primeiro segundo previsto (VEF1 %) progrediu com as duas terapias combinadas em comparação ao placebo em seis meses, 5,21% com lumacaftor-ivacaftor uma vez ao dia (IC 95% 3,61% a 6,80%) e 2,40% com duas vezes lumacaftor-ivacaftor diário (IC95% 0,40% a 4,40%). Mais participantes que receberam a combinação lumacaftor-ivacaftor relataram falta de ar transitória precoce [OR=2,05; IC 95% (1,10 a 3,83)]. Além disso, os participantes alocados para receber a dose de 400 mg duas vezes ao dia de lumacaftor-ivacaftor experimentaram um aumento da pressão arterial durante o período de 120 semanas dos estudos iniciais e o estudo de acompanhamento de 5,1 mmHg (pressão arterial sistólica) e 4,1 mmHg (pressão arterial diastólica). Como resultado a RS encontrou melhorias clínicas em pessoas portadoras de FC, além da melhora na qualidade de vida (evidência de qualidade moderada), na função respiratória (evidência de alta qualidade) e apresentação de menores taxas de exacerbação pulmonar (evidência de qualidade moderada). Entretanto, o lumacaftor-ivacaftor foi associado a um aumento da falta de ar transitória precoce e aumento a longo prazo da pressão arterial (evidência de alta qualidade). Não foram relatadas mortes nos estudos com lumacaftor-ivacaftor em pessoas com duas cópias da mutação F508del. Em estudos mais longos, algumas pessoas que receberam essa associação experimentaram um aumento na pressão sanguínea; destes, duas pessoas (de mais de 500 pessoas) interromperam o tratamento por causa da pressão alta6.Referências bibliográficas
1BRASIL. Ministério da Saúde. PORTARIA CONJUNTA Nº 08, DE 15 DE AGOSTO DE 2017. Aprova os protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas da Fibrose Cística – Manifestações Pulmonares e Insuficiência Pancreática. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Protocolos/PCDT_FibroseCistica_InsuficienciaPancreatica.pdf. Acesso em: 26/08/2019.
2BRASIL. Ministério da Saúde. PORTARIA CONJUNTA Nº 08, DE 15 DE AGOSTO DE 2017. Aprova os protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas da Fibrose Cística – Manifestações Pulmonares e Insuficiência Pancreática. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Protocolos/PCDT_FibroseCistica_ManifestacoesPulmonares.pdf. Acesso em: 26/08/2019.
3BRASIL. Ministério da Saúde. Anvisa. Consulta de medicamentos. https://consultas.anvisa.gov.br/#/medicamentos/25351621721201755/?substancia=26206. Acesso em 26/08/2019.
4Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. http://portal.anvisa.gov.br/documents/374947/2829072/LISTA_CONFORMIDADE_GOV_2019-08-01.pdf/23d303d9-ff32-4ce5-a8ec-ce7822f7e27d . Acesso em 26/08/2019.
5BRASIL. Ministério da Saúde. RENAME – Relação Nacional de Medicamentos Essenciais. Disponível em: http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2018/dezembro/17/170407M2018final.pdf. Acesso em: 26/08/2019.
6Southern KW, Patel S, Sinha IP, Nevitt SJ. Correctors (specific therapies for class II CFTR mutations) for cystic fibrosis.Cochrane Database of Systematic Reviews2018, Issue 8. Art. No.: CD010966. DOI: 10.1002/14651858.CD010966.pub2. -
Mazindol para obesidade :: Novembro/2018
Data de elaboração: Novembro/2018 Data de publicação: Novembro/2018 O que é Obesidade?
A obesidade é o acúmulo de gordura no corpo, causado, quase sempre, por um consumo excessivo de calorias na alimentação, superior ao que o organismo necessita para realizar e manter as atividades do dia a dia. Deste modo, a obesidade acontece quando a ingestão alimentar é maior que o gasto energético correspondente. A obesidade apresenta-se como uma crescente epidemia global associada a muitas condições, observa-se uma alta prevalência da doença no hemisfério ocidental, principalmente nos Estados Unidos. Existe uma relação entre o aumento na taxa de mortalidade com o aumento no índice de massa corporal (IMC). Os motivos que podem causar a obesidade em geral são multifatoriais e envolvem fatores genéticos, ambientais, estilo de vida e fatores emocionais. A farmacoterapia (o tratamento farmacológico) pode ser recomendada como uma intervenção complementar de perda de peso. No entanto, alguns dos medicamentos eficazes para perda de peso foram responsáveis por eventos adversos sérios e foram retirados do mercado, o que levou a uma controvérsia em curso sobre a segurança, à longo prazo, de muitos anorexígenos atualmente disponíveis. Os tratamentos principais para perda de peso são atividade física e alimentação saudável1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Obesidade?
Sim. Para o tratamento de obesidade, o SUS oferece estratégias de cuidado integral, que podem ser consultadas no Caderno de Atenção Básica - “Estratégias para o Cuidado da Pessoa com Doença Crônica Obesidade”2. Destaca-se ainda, que o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) de Sobrepeso e Obesidade está em processo de elaboração3.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Não. O medicamento mazindol para (Moderine®) não possui registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). É indicado para o tratamento da obesidade e atua como inibidor de apetite, levando a redução da ingestão de alimentos.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Moderina® - comprimido – 1 mg ou 2mg – embalagem com 20.
Absten S® - comprimido – 1 mg ou 2mg – embalagem com 20.
Fagolipo® - comprimido – 1 mg ou 2mg – embalagem com 20.A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não.Quanto custa o tratamento com Mazindol?
Tendo em vista que este medicamento ainda não possui registro na ANVISA, não está precificado pela CMED4.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Obesidade?
Não são disponibilizados medicamentos específicos para o tratamento da obesidade. No âmbito do SUS, o tratamento da obesidade é baseado em medidas não medicamentosas e cirúrgicas. De acordo com o Caderno de Atenção Básica do Ministério da Saúde, as medidas não medicamentosas são compostas por alimentação saudável, prática de atividade física e abordagem cognitivo-comportamental. Quanto os procedimentos cirúrgicos, são registrados no SIGTAP para o tratamento da obesidade:2•04.07.01.012-2 - Gastrectomia com ou sem desvio duodenal•04.07.01.017-3 - Gastroplastia com derivação intestinal•04.07.01.018-1 - Gastroplastia vertical com banda•04.07.01.036-0 - Gastrectomia vertical em manga (sleeve)•04.07.01.038-6 - Cirurgia bariátrica por videolaparoscopiaNão são disponibilizados medicamentos específicos para o tratamento da obesidade. No âmbito do SUS, o tratamento da obesidade é baseado em medidas não medicamentosas e cirúrgicas. De acordo com o Caderno de Atenção Básica do Ministério da Saúde, as medidas não medicamentosas são compostas por alimentação saudável, prática de atividade física e abordagem cognitivo-comportamental. Quanto os procedimentos cirúrgicos, são registrados no SIGTAP para o tratamento da obesidade:2•04.07.01.012-2 - Gastrectomia com ou sem desvio duodenal•04.07.01.017-3 - Gastroplastia com derivação intestinal•04.07.01.018-1 - Gastroplastia vertical com banda•04.07.01.036-0 - Gastrectomia vertical em manga (sleeve)•04.07.01.038-6 - Cirurgia bariátrica por videolaparoscopiaOutros procedimentos pós cirurgia bariátrica também estão disponíveis como acompanhamento, dermolipectomia, mamoplastia e procedimentos sequenciais de cirurgia plástica.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Não, até a presente data, não foi protocolada, na CONITEC, demanda para analisar a incorporação, ao SUS, do mazindol para tratamento de obesidade ou para outras condições clínicas, seja pelo laboratório fabricante ou por outros demandantes. Ressalta-se que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou empresa (produtora da tecnologia ou não), pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à CONITEC, desde que cumpra as exigências legais impostas pelo Decreto nº 7.646/2011.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Uma revisão sistemática com meta-análise avaliou eficácia e segurança da anfepramona, femproporex e mazindol como monoterapia no tratamento de pacientes obesos ou com sobrepeso5. Outro estudo, um ensaio clínico randomizado controlado por placebo, avaliou a eficácia e a segurança do uso de anfepramona, femproporex, mazindol, sibutramina e fluoxetina na redução de peso em mulheres obesas na pré-menopausa6. Na revisão sistemática, mazindol foi melhor do que o placebo para o desfecho média de redução de peso. Entretanto, os estudos utilizados na revisão sistemática tinham poucos pacientes e apresentavam alto risco de viés. Os resultados da meta-análise apontaram para um maior risco de descontinuação no grupo do mazindol. Os eventos adversos mais comuns relacionados ao uso do mazindol incluíramm palpitações, erupções cutâneas, náuseas, boca seca, constipação, sensação de mau gosto, vômitos, tonturas, insônia, dor de cabeça, tensão, irritação, disúria e calafrios. No entanto, apenas a insônia e a constipação foram associadas ao tratamento com mazindol. No ensaio clínico randomizado, mazindol foi melhor que o placebo para os desfechos: média de redução de peso e proporção de indivíduos que apresentaram uma redução de peso maior do que 5%. O evento adverso mais frequente foi a constipação5,6. Ressalta-se que o mazindol não possui registro de uso na ANVISA, EMA e FDA. Pode-se concluir que estudos robustos e com adequada qualidade metodológica são necessários para avaliar se os benefícios do tratamento com o mazindol superam os seus riscos.Referências bibliográficas
1Bazan IS, Fares WH. Review of the Ongoing Story of Appetite Suppressants, Serotonin Pathway, and Pulmonary Vascular Disease. Am J Cardiol. 2016 May 15;117(10):1691-1696. doi: 10.1016/j.amjcard.2016.02.049.
2BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica obesidade: diabetes mellitus. Cadernos de Atenção Básica, n. 38. Brasília: Ministério da Saúde, 2014. Disponível em: http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/caderno_38.pdf Acesso em: 31/10/2018.
3BRASIL. Ministério da Saúde. Enquete para elaboração do escopo do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas de Obesidade e Sobrepeso. Brasília: Ministério da Saúde, 2018. Disponível em: http://conitec.gov.br/ultimas-noticias-3/sobrepeso-e-obesidade-participe-da-enquete Acesso em: 31/10/2018.
4Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 09/10/2018.
5Lucchetta RC, Riveros BS, Pontarolo R, Radominski RB, Otuki MF,Fernandez-Llimos F, Correr CJ. Systematic review and meta-analysis of theefficacy and safety of amfepramone and mazindol as a monotherapy for thetreatment of obese or overweight patients. Clinics (Sao Paulo). 2017 May;72(5):317-324. doi: 10.6061/clinics/2017(05)10.
6Suplicy H, Boguszewski CL, dos Santos CM, do Desterro de Figueiredo M, CunhaDR, Radominski R. A comparative study of five centrally acting drugs on the pharmacological treatment of obesity. Int J Obes (Lond). 2014 Aug;38(8):1097-103. doi: 10.1038/ijo.2013.225. -
Mepolizumabe para asma eosinofílica :: Julho/2020
Data de elaboração: Julho/2020 Data de publicação: Julho/2020 O que é asma eosinofílica?
A asma é uma doença heterogênea, caracterizada por hiperresponsividade brônquica, obstrução reversível e inflamação das vias aéreas. Os diferentes fenótipos de asma são caracterizados por graus diferenciados de resposta imune e inflamatória presentes em grupos de pacientes com forma de apresentação da doença e características específicas. A asma eosinofílica é um subtipo relevante da asma definida pela presença de eosinofilia pulmonar, na qual o estímulo aos eosinófilos depende inequivocamente da atividade da Interleucina 5 (IL-5). Este tipo de asma está associada ao aumento do risco de exacerbações e tem um difícil controle, apesar de altas doses de corticoides inalatórios e orais1. A asma afeta entre 1 e 18% da população em diferentes países2, tendo uma prevalência de 4,3% na população mundial3,4. O Brasil está entre os cinco países com maior prevalência de asma (13%)3. Dos pacientes com asma, cerca de 40-50% têm asma eosinofílica e 5-10% têm asma grave5,6. A asma é definida por uma história de sintomas respiratórios, tais como sibilos, respirações curtas, difíceis e ofegantes, dor ou pressão torácica, e tosse que variam em intensidade e ao longo do tempo, juntamente a uma limitação variável do fluxo expiratório. Essas variações são muitas vezes desencadeadas por fatores como exercício, alergênicos ou exposição a irritantes, mudanças no clima, ou infecções respiratórias virais, sendo usualmente associada com a hiperresponsividade ao estímulo direto ou indireto, além de inflamação das vias aéreas. Os sintomas e a limitação no fluxo aéreo podem estar presentes por semanas ou meses, no entanto, podem se resolver espontaneamente ou em resposta a uma medicação. Por outro lado, os pacientes podem experimentar exacerbações episódicas da asma representando risco à vida e um fardo significativo para os pacientes e para a comunidade. O manejo do paciente com asma objetiva alcançar bom controle dos sintomas e minimizar risco futuro de mortalidade relacionada à asma, exacerbações, limitação persistente do fluxo aéreo e efeitos colaterais do tratamento2.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar asma eosinofílica?
Não. Atualmente, no âmbito do SUS, não há uma estratégia específica para o tratamento da asma eosinofílica. Todavia, existem Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) para o tratamento da Asma7 publicado por meio da Portaria nº 1.317, de 25 de novembro de 2013 da Secretaria de Atenção à Saúde, alterada pela Portaria nº 603, de 21 de julho de 2014. Vale ressaltar que o PCDT para tratamento da asma encontra-se atualmente em atualização8.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O mepolizumabe foi registrado na Anvisa em agosto de 2017, sob o nome comercial Nucala®. Há época do registro, a indicação apresentada em bula era apenas para tratamento complementar de manutenção da asma eosinofílica grave em pacientes adultos e pediátricos a partir de 6 anos de idade. Em agosto de 2018 o mepolizumabe teve seu uso ampliado com indicação terapêutica para tratamento complementar aos corticosteroides em pacientes adultos com granulomatose eosinofílica com poliangeíte (GEPA) recidivante ou refratária. O mepolizumabe atua reduzindo o número de eosinófilos na corrente sanguínea e nos pulmões e tecidos9.Possui biossimilar?
Não10.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Nucala® 100 mg – pó liofilizado para solução injetável – embalagem contendo 1 frasco-ampola (100 mg/mL após reconstituição).*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 01/07/2020.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não, de acordo com consulta realizada à Rename11, em 07/07/2020.Quanto custa o tratamento com mepolizumabe?
Para tratamento de asma eosinofílica em adultos e adolescentes a partir de 12 anos a dose recomendada em bula é de 100 mg (1 frasco-ampola) administrada por injeção subcutânea uma vez a cada 4 semanas. E para tratamento em crianças com idade entre 6 e 11 anos a dose recomendada é de 40 mg (1 frasco-ampola) administrada por injeção subcutânea uma vez a cada 4 semanas. O custo mensal estimado para o tratamento com mepolizumabe em ambos os casos foi de R$ 5.995,62, uma vez que o frasco-ampola é de uso único e após reconstituição qualquer resíduo deve ser descartado. Os valores foram calculados considerando-se o Preço Fábrica (PF) estabelecido pela Anvisa e a alíquota de 18% em relação ao ICMS do medicamento de referência Nucala®, segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED/Anvisa10.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar asma eosinofílica?
Não, de acordo com o PCDT da Asma7, não há medicamentos específicos para tratar a asma eosinofílica. Há medicamentos para tratamento da asma controlada, da parcialmente controlada ou não controlada e para exacerbações. São utilizados medicamentos controladores, dentre eles: corticosteroides inalatórios (CI), corticosteroides sistêmicos (CS) e agonistas beta-2 adrenérgicos de longa ação (B2LA). Além de agonistas beta-2 adrenérgicos de curta ação (B2CA) como medicamentos de alívio conforme tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Beclometasona Cápsula inalante ou pó inalante
Aerossol ou spray200mcg e 400mcg
50 mcg e 250 mcgBudesonida Cápsula inalante
Pó inalante ou aerossol bucal200mcg e 400mcg
200mcgFenoterol Aerossol 100mcg Formoterol Cápsula ou pó inalante 12 mcg Formoterol +
budesonidaCápsula ou pó inalante 12mcg/400mcg e
6mcg/200mcgSalbutamol Aerossol
Solução inalante100 mcg
5mg/mLSalmeterol Aerossol bucal ou pó inalante 50mcg Prednisona Comprimido 5mg e 20mg Prednisolona Solução oral 1mg/mL e 3mg/mL O financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por um ou mais dos três entes federativos (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento.
Vale ressaltar ainda que o medicamento omalizumabe foi incorporado12 ao SUS em dezembro de 2019 para tratamento da asma alérgica grave não controlada apesar do uso de CI associado a um beta-2 agonista de longa ação (LABA). O referido medicamento ainda não consta no PCDT, pois este encontra-se em atualização.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Não, em consulta pública realizada em julho de 2020, não foi identificada solicitação de incorporação do mepolizumabe para tratamento da asma eosinofílica ou para outras condições clínicas no SUS, seja pelo laboratório fabricante ou por outros entes interessados13. Ressalta-se que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou a empresa (produtora da tecnologia ou não), pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à Conitec, desde que cumpra as exigências legais impostas pelo Decreto nº 7.646 de 2011.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Um ensaio clínico randomizado de fase III conduzido com 576 pacientes avaliou a eficácia e segurança do mepolizumabe de administração subcutânea (SC) na dose de 100 mg (ou mepolizumabe 75 mg Intravenoso (IV) comparado a placebo) uma vez a cada 4 semanas, durante 32 semanas, como uma terapia adjunta para os pacientes com asma eosinofílica grave14,15. A taxa de exacerbações foi reduzida em 47% (IC95% 28 a 60) entre pacientes recebendo mepolizumabe IV e em 53% (IC95% 36 a 65) entre os que receberam mepolizumabe SC, quando comparado com os que receberam placebo (p<0,001 para ambas as comparações). Exacerbações necessitando hospitalizações ou visitas a um centro de emergência foram reduzidas em 32% no grupo recebendo mepolizumabe IV e em 61% no grupo recebendo mepolizumabe SC14. Em um segundo estudo conduzido com 135 pacientes com asma eosinofílica grave, em uso de corticosteroides orais em uma dose de 5 mg/dia e 35 mg/dia, foram acompanhados durante 24 semanas para avaliar o efeito do mepolizumabe na dose de 100 mg uma vez a cada 4 semanas16. Neste estudo, a probabilidade de redução da dose do glicocorticoide foi 2,39 vezes maior no grupo mepolizumabe do que no placebo (IC95% 1,25-4,56; p=0,008). O percentual médio de redução da dose de glicocorticoide foi de 50% no grupo mepolizumabe quando comparado com a redução no grupo placebo (p=0,007)16,17,18. Em ambos os estudos, uma maior proporção de pacientes atingiu uma melhora maior ou igual a 4 pontos na pontuação total do questionário respiratório St. George’s Respiratory Questionnaire (SGRQ). Em um terceiro estudo multicêntrico, duplo cego, placebo controlado, de 2009 a 2011, que incluiu 616 pacientes avaliou a eficácia e segurança do mepolizumabe durante 52 semanas. Os pacientes foram randomizados para receber uma das três doses de mepolizumabe IV (75 mg, 250 mg ou 750 mg) ou placebo combinado (100 mL NaCl 0,9%) uma vez a cada 4 semanas19. Neste estudo a taxa total média de exacerbações por pessoa por ano foi reduzida em 48% (IC95% 31 a 61; p <0,0001), em 39% (IC95% 19 a 54; p = 0,0005) e em 52% (IC95% 36 a 64; p <0,0001) nos pacientes recebendo mepolizumabe 75mg, 250mg e 750mg, respectivamente19. Em relação à segurança, no primeiro estudo um total de 78% dos pacientes no grupo mepolizumabe e 83% dos pacientes no grupo placebo relataram um evento adverso durante as 32 semanas do período de tratamento duplo cego14. Já no segundo estudo, um total de 83% dos pacientes no grupo mepolizumabe e 91% dos pacientes no grupo placebo relataram evento adverso durante as 24 semanas do período de tratamento com redução da dose do corticoide oral do estudo duplo cego16. Em ambos os estudos, a proporção de pacientes relatando eventos adversos graves foi mais frequente nos grupos placebos do que nos grupos mepolizumabe, sendo a asma o evento adverso grave mais frequente14,16. O mepolizumabe foi associado com um maior risco para três efeitos adversos: eczema, congestão nasal e dispneia17,18,20.Referências bibliográficas
1Caminati M, Bagnasco D, Vaia R, Senna G. New horizons for the treatment of severe, eosinophilic asthma: benralizumab, a novel precision biologic. Biologics 2019 May;13:89–95.
2Global Initiative for Asthma [homepage na internet]. Global strategy for asthma management and prevention. 2020:1–211 [acesso em 07 jul 2020]. Disponível em: https://ginasthma.org/wp-content/uploads/2020/06/GINA-2020-report_20_06_04-1-wms.pdf.
3To T, Stanojevic S, Moores G, Gershon AS, Bateman ED, Cruz AA et al. Global asthma prevalence in adults: findings from the cross-sectional world health survey. BMC Public Health 2012 Mar;12(204).
4Loftus PA, Wise SK. Epidemiology of asthma. Curr. Opin. Otolaryngol. Head Neck Surg 2016 Jun;24(3):245–9.
5Aubier M, Thabut G, Fabry-Vendrand C. Characteristics of patients with severe, uncontrolled, eosinophilic asthma enrolled in a French cohort. J. Asthma Allergy 2018 Aug;11:217–24.
6Hekking, P-PW, Wener RR, Amelink M, Zwinderman AH, Bouvy ML, Bel EH. The prevalence of severe refractory asthma. J. Allergy Clin. Immunol 2015 Apr;135(4):896–902.
7Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Portaria nº 1.317, de 25 de novembro de 2013. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Asma. [portaria na internet]. Diário Oficial da União 27 nov 2013 [acesso em 07 jul 2020]; Seção 1, (131). Disponível em: http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2014/julho/22/PT-SAS-N---1317-alterado-pela-603-de-21-de-julho-de-2014.pdf.
8Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde [homepage na internet]. Protocolos e Diretrizes do Ministério da Saúde [acesso em 07 jul 2020]. Disponível em: http://conitec.gov.br/pcdt-em-elaboracao.
9Nucala. [Bula]. Itália: GlaxoSmithKline Brasil Ltda.
10Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Medicamentos. Câmera de Regulação do Mercado de Medicamentos. Listas de Preços de Medicamentos [acesso em 07 jun 2020]. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/374947/5932738/LISTA_CONFORMIDADE_GOV_2020_07_v1.pdf/041d92c5-e6f8-458f-b176-a2f9ea9a3ac2.
11Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2020. Brasília: Ministério da Saúde; 2020 [acesso em 07 jul 2020]. Disponível em: http://portalms.saude.gov.br/assistencia-farmaceutica/medicamentos-rename.
12Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação n°. 499, de dez 2019. Omalizumabe para tratamento de asma alérgica grave não controlada apesar do uso de corticoide inalatório associado a um beta-2 agonista de longa ação. [Acesso em 07 jul 2020]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2019/Relatorio_Omalizumabe_asma_grave_499_2019_FINAL.pdf.
13Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde [homepage na internet]. Tecnologias demandadas [acesso em 07 jul 2020]. Disponível em: http://conitec.gov.br/tecnologias-em-avaliacao.
14Ortega HG, Liu MC, Pavord ID, Brusselle GG et al. Mepolizumab treatment in patients with severe eosinophilic asthma. N. Engl. J. Med 2014 Sep; 371:1198–207.
15Ortega H, Menzies-Gow A, Llanos J-P, Forshag M, Albers F, Gunsoy N et al. Rapid and consistent improvements in morning PEF in patients with severe eosinophilic asthma treated with mepolizumab. Adv. Ther 2018 Jul;35(7):1059–68.
16Bel, EH, Wenzel SE, Thompson PJ, Prazma CM, Keene ON, Yancey SW et al. Oral glucocorticoid-sparing effect of mepolizumab in eosinophilic asthma. N. Engl. J. Med 2014 Sep;371,1189–97.
17Lugogo N, Domingo C, Chanez P, Leigh R, Gilson MJ, Price RG et al. Long-term efficacy and safety of mepolizumab in patients with severe eosinophilic asthma: a multi-center, open-label, phase IIIb study. Clin. Ther 2016 Sep;38(9):2058-70.
18Henriksen DP, Bodtger U, Sidenius K, Maltbaek N, Pedersen L, Madesen H et al. Efficacy, adverse events, and inter-drug comparison of mepolizumab and reslizumab anti-IL-5 treatments of severe asthma - a systematic review and meta-analysis. Eur. Clin. Respir J. 2018 Nov;5(1).
19Pavord ID, Korn S, Howarth P, Bleecker ER, Buhl R, Keene ON et al. Mepolizumab for severe eosinophilic asthma (DREAM): a multicentre, double-blind, placebo-controlled trial. Lancet (London, England) 2012 Aug;380,651–59.
20Deeks ED. Mepolizumab: a review in eosinophilic asthma. BioDrugs 2016 Jun;30:361–70. -
Mepolizumabe para tratamento da asma eosinofílica :: Agosto/2023
Data de elaboração: Julho/2023 Data de publicação: Agosto/2023 O que é a asma eosinofílica?
A asma é uma doença inflamatória crônica das vias aéreas inferiores que se caracteriza, clinicamente, por aumento da responsividade dessas vias a diferentes estímulos, com consequente obstrução ao fluxo aéreo, de forma recorrente e, tipicamente, reversível. O controle da asma compreende dois aspectos: o controle das limitações clínicas atuais (o mínimo de sintomas durante o dia, a ausência de sintomas à noite, a necessidade reduzida de medicamentos de alívio dos sintomas e a ausência de limitação das atividades físicas) e a redução de riscos futuros (exacerbações, a perda acelerada da função pulmonar e os efeitos adversos do tratamento).Com base nesses parâmetros, a asma pode ser classificada em controlada, parcialmente controlada e não controlada. Os fenótipos mais comuns da asma são: i) asma alérgica - geralmente começa na infância e está associada a uma história passada ou familiar de doença alérgica (como eczema, rinite alérgica ou alergia a alimentos ou medicamentos) com inflamação eosinofílica das vias aéreas; ii) asma não alérgica - ocorre em alguns adultos e o perfil celular pode ser neutrofílico, eosinofílico ou conter apenas algumas células inflamatórias (paucigranulocíticas); iii) asma de início tardio (ocorre pela primeira vez na vida adulta e, geralmente, os pacientes são refratários ao tratamento com corticosteroides); iv) asma com limitação do fluxo de ar (remodelação da parede das vias aéreas); e v) asma com obesidade. Segundo dados de 2008 do DATASUS, a asma foi a 3ª causa de internação hospitalar pelo Sistema Único de Saúde (SUS), com cerca de 300.000 hospitalizações naquele ano. Em 2013, ocorreram 129.728 internações e 2.047 mortes por asma no Brasil. Em 2018, o número de internações foi de aproximadamente 87.000. A prevalência de sintomas de asma entre adolescentes no Brasil está entre as mais altas do mundo. Um estudo mostrou uma prevalência média de broncoespasmo nessa população de aproximadamente 20%, semelhante ao reportado em uma publicação da Organização Mundial da Saúde para adultos de 18 a 45 anos de 70 países, que indicou que 23% dos brasileiros tiveram sintomas de asma. Apenas 12% da amostra tinha diagnóstico clínico dessa doença1.
Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde (SUS) para tratar a asma eosinofílica?
Sim. O SUS oferece estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Asma, publicado por meio da Portaria Conjunta SAES/SCTIE nº 14, de 24 de agosto de 2021. Este documento inclui o conceito geral da asma, critérios de diagnóstico, critérios de inclusão e de exclusão, tratamento e mecanismos de regulação, controle e avaliação1.A tecnologia possui registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)?
Sim. O medicamento mepolizumabe foi registrado na Anvisa em agosto de 2017, sob a marca comercial Nucala®. Conforme bula, é indicado como tratamento complementar de manutenção da asma eosinofílica grave em pacientes adultos e pediátricos a partir de 6 anos de idade; como tratamento complementar aos corticosteroides em pacientes adultos com granulomatose eosinofílica com poliangeíte recidivante ou refratária; para o tratamento de pacientes com 12 anos de idade ou mais com síndrome hipereosinofílica por ≥ 6 meses, sem causa não hematológica secundária identificável; e como terapia complementar aos corticosteroides intranasais para o tratamento de pacientes adultos com rinossinusite crônica com pólipos nasais grave, para os quais a terapia com corticosteroides sistêmicos e/ou cirurgia não proporcionaram controle adequado da doença2.Possui biossimilar?
Não3.Quais são as marcas do medicamento disponível no mercado?
Nucala® - pó liófilo 100 mg – solução injetável;
Nucala® – solução injetável 100 mg/mL + caneta aplicadora + agulha;
Nucala® – solução injetável 100 mg/mL – seringa preenchida + adaptador + agulha; e
Nucala® – solução injetável 40 mg/0,4 mL – adaptador + agulha.
* Medicamento disponível no mercado de acordo com a lista CMED3, publicada em 04/07/2023, atualizada em 14/07/2023.
O mepolizumabe está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename)?
Sim, de acordo com consulta realizada à Rename4, em 24/07/2023. Os critérios de elegibilidade estão definidos no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Asma.Quanto custa o tratamento com mepolizumabe?
Considerando a dose recomendada em bula de 100 mg por injeção subcutânea a cada 4 semanas, o custo mensal inicial estimado foi de R$ 9.456,44. O valor foi calculado considerando o Preço Fábrica (PF) e a alíquota de 18% em relação ao Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS), segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED/Anvisa3, pois esse medicamento não consta na lista com aplicação do desconto do Coeficiente de Adequação de Preços (CAP) ou com isenção de ICMS.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar a asma eosinofílica?
Sim, de acordo com o PCDT da Asma1, o objetivo do tratamento é atingir e manter o controle da doença, que é definido como a intensidade com que as suas manifestações são suprimidas pelo tratamento. Os medicamentos preconizados para asma são:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Beclometasona cápsula ou pó inalante
aerossol ou spray bucal200 e 400 mcg
50 e 250 mcgBudesonida cápsula inalante
pó inalante ou aerossol bucal
200 e 400 mcg
200 mcg
Fenoterol Aerosol 100 mcg
Formoterol cápsula ou pó inalante 12 mcg
Formoterol + budesonida cápsula ou pó inalante 12 mcg/400 mcg e 6 mcg/200 mcg
Salbutamol Aerosol
solução inalante100 mcg
5 mg/mL
Salmeterol pó para inalação 50 mcg
Prednisona comprimido 5 e 20 mg
Prednisolona solução oral 1 mg/mL e 3 mg/mL
Omalizumabe* pó para solução injetável 150 mg + 2 mL (diluente)
Mepolizumabe pó para solução injetável 100 mg ou caneta aplicadora
* De acordo com a fabricante do medicamento omalizumabe, estima-se que, a partir de setembro de 2022, a produção mundial da apresentação pó liofilizado para solução injetável, incorporado e padronizado na Rename, seja descontinuada e, sendo assim, a partir de dezembro de 2022 somente a apresentação em solução injetável em seringa preenchida estará disponível no Brasil. Assim, os membros da Conitec, durante a 113ª Reunião Ordinária, no dia 06/10/2022, recomendaram, por unanimidade, a incorporação da apresentação de solução injetável em seringa preenchida de 150 mg/mL do omalizumabe..
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) já avaliou a tecnologia para esta condição clínica?
Sim, a Conitec avaliou mepolizumabe e o benralizumabe para o tratamento da asma eosinofílica grave refratária em pacientes com idade de 18 anos ou mais. Durante a 97ª Reunião Ordinária, realizada no dia 06 de maio de 2021, os membros presentes deliberaram, por unanimidade, recomendar a incorporação do mepolizumabe para o tratamento de pacientes com asma eosinofílica grave refratária5. O documento técnico foi encaminhado ao então Secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde do Ministério da Saúde, que ratificou a recomendação e publicou a Portaria SCTIE/MS nº 22/2021, no Diário Oficial da União (DOU) nº 103, de 02/06/2021, Seção 1, pág. 118.O que a literatura científica relata sobre o uso xxx para essa condição clínica?
Bet et al (2014)6 conduziram um estudo clínico randomizado duplo-cego, com 135 pacientes com asma eosinofílica, controlado por placebo, alocados em dois grupos (mepolizumabe e placebo). O desfecho principal foi a redução no corticosteroide oral, avaliado em um tempo de seguimento de 20 semanas. As taxas anuais de exacerbações (TEA) foram de 1,44/ano no grupo mepolizumabe e de 2,12/ano no grupo placebo (Hazard Ratio - HR de 0,68; IC de 95%: 0,47 a 0,99; p = 0,04). Foram observadas melhorias nos escores Asthma Control Questionnaire – 5 (ACQ-5) desde a semana 2, no grupo mepolizumabe, e estas melhoras mantiveram-se até a semana 24 (diferença entre os grupos, -0,52 pontos; IC de 95%: -0,87 a -0,17; p = 0,004). Também foi observada melhora na pontuação do St. George Respiratory Questionnaire (SGRQ) na semana 24, diferença entre os grupos de -5,8 pontos (IC de 95%: -10,6 a -1,0; p = 0,02). Na semana 24, houve uma tendência não significativa de melhoria no Volume Expiratório Forçado no Primeiro Segundo (VEF1) no grupo mepolizumabe comparado ao placebo. Houve diferenças entre os dois grupos de 114 mL antes da broncodilatação (p = 0,15) e de 128 mL após a broncodilatação (p = 0,06). Mais pacientes no grupo mepolizumabe do que no placebo tiveram uma redução de 90% a 100% na dose oral de glicocorticoide (23% versus 11%) e uma redução de 70% a menos de 90% (17% versus 8%). Mais pacientes no grupo placebo não tiveram redução na dose oral de glicocorticoide, apresentaram falta de controle da asma ou desistiram do estudo (56% versus 36%). A Odds Ratio - OR geral para uma redução na dose oral de glicocorticoide no grupo mepolizumabe foi de 2,39 (IC de 95%: 1,25 a 4,56; p = 0,008). A incidência de efeitos adversos não relacionados à asma foi 83% no grupo mepolizumabe versus 91% no grupo placebo. Os efeitos adversos mais frequentes foram nasofaringite e cefaleia. No total, 7 pacientes tiveram reações adversas sistêmicas, destes: 4 no grupo mepolizumabe e 3 no grupo placebo.Ortega et al (2014)7 avaliaram 576 pacientes divididos em três grupos: placebo e mepolizumabe nas doses 75 mg ou 100 mg. O objetivo central foi avaliar a TEA e o tempo de seguimento foi 32 semanas. Houve uma redução relativa na taxa de exacerbação de 47% (IC de 95%: 28 a 60) no grupo mepolizumabe IV (intravenosa) (p < 0,001) e 53% (IC de 95%: 36 a 65) no grupo mepolizumabe SC (subcutânea) (p < 0,001), em comparação ao placebo. Também houve diferença entre os braços de tratamento ativo e placebo, utilizando-se o ACQ5, ocorreram reduções médias nos escores totais de 0,42 (IC de 95%: −0,61 a −0,23) pontos no grupo mepolizumabe IV e 0,44 (−0,63 a −0,25) pontos no grupo SC; comparando estes dois grupos com o placebo a diferença observada foi significativa (p < 0,001).Na escala SGRQ, observou-se uma redução média de 6,4 pontos (IC de 95%: −9,7 a −3,2) mepolizumabe IV e de 7,0 pontos (IC de 95%: −10.2 a −3.8), no mepolizumabe SC comparados ao grupo placebo (p < 0,001). O uso do mepolizumabe reduziu a taxa de exacerbações que requiseram hospitalização ou ida à emergência em 61% (p = 0,02) no grupo mepolizumabe SC. No grupo mepolizumabe IV a redução de 32% não foi significativa (p = 0,30).
O VEF1 médio pré broncodilatador 100 mL (IC de 95%: 13 a 187) maior no grupo mepolizumabe IV, comparado ao placebo (p = 0,02) e 98 mL (IC de 95%: 11 a 184) maior no mepolizumabe SC também comparado ao placebo (p = 0,03). O VEF1 pós broncodilatador foi 146 mL (IC de 95%: 50 a 242) maior no mepolizumabe IV que no placebo (p = 0,003) e 138 mL (IC de 95%: 43 a 232) mepolizumabe SC versus placebo (p = 0,004). A incidência geral de eventos adversos durante o tratamento foi semelhante nos três grupos: 84% no grupo mepolizumabe IV, 78% no grupo mepolizumabe SC e 83% no grupo placebo. Os efeitos adversos mais frequentemente relatados foram nasofaringite e cefaleia. A incidência de eventos adversos graves (incluindo eventos relacionados à asma) foi de 7% no grupo mepolizumabe IV, 8% no grupo mepolizumabe SC e 14% no grupo placebo.
Referências bibliográficas
1 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Especializada à Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Portaria Conjunta nº 14, de 24 de agosto de 2021. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Asma. [portaria na internet]. Diário Oficial da União 27 de agosto de 2021.2 Nucala. [Bula]. Brasil: GlaxoSmithKline do Brasil Ltda.
3 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Medicamentos. Câmera de Regulação do Mercado de Medicamentos. Listas de Preços de Medicamentos [Acesso em 24 jul 2023]. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/cmed/precos.
4 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2022. Brasília: Ministério da Saúde; 2022 [Acesso em 24 jul 2023]. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/20220128_rename_2022.pdf.
5 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação nº 613, de maio 2021. Benralizumabe e mepolizumabe no tratamento da asma eosinofílica grave refratária em pacientes com idade de 18 anos ou mais. [Acesso em 24 jul 2023]. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/2021/20210602_relatorio_613_benralizumabe_mepolizumabe_asma_grave_p_22.pdf.
6 Bel EH, Wenzel SE, Thompson PJ, Prazma CM, Keene ON, Yancey SW, et al. Oral glucocorticoid-sparing effect of mepolizumab in eosinophilic asthma. N Engl J Med. 2014 Sep;371(13):1189–97.
7 Ortega HG, Liu MC, Pavord ID, Brusselle GG, FitzGerald JM, Chetta A, et al. Mepolizumab treatment in patients with severe eosinophilic asthma. N Engl J Med. 2014 Sep;371(13):1198–207.
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Metilfenidato para transtorno de déficit de atenção e hiperatividade :: Abril/2018
Data de elaboração: Abril/2018 Data de publicação: Abril/2018 O que é Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade?
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é caracterizado, principalmente, pela dificuldade de organização e concentração, impulsividade nas relações pessoais e, em muitos casos, hiperatividade – que pode ser traduzida como uma necessidade irresistível de movimento, tornando o portador incapaz de controlar seus impulsos, apresentar dificuldade em manter um foco específico e ter baixa concentração. Além disso, não consegue controlar sua agitação, déficits de memória, ocasionando inúmeros comprometimentos na vida social, acadêmica, familiar e laborativa1,2.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade?
No SUS, não há nacionalmente uma estratégia de cuidado definido para cuidado da doença contudo, alguns estados possuem protocolos específicos para o cuidado na doença.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O metilfenidato é um estimulante do sistema nervoso central, que possui registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), com indicação para tratamento do transtorno de déficit de atenção/hiperatividade.Também pode ser indicado para tratamento de narcolepsia (distúrbio do sono, no qual os pacientes vivenciam repetidos ataques de sonolência durante o dia)3.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Ritalina® - 10 mg – comprimidos (caixa com 20, 30 e 60)
Ritalina LA® - 10 mg, 20mg, 30mg, 40mg – cápsulas gelatinosas (caixa com 30)
Concerta® - 18 mg, 36mg, 54mg – comprimidos liberação prolongada (caixa com 30)*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 09/04/2018.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não.Quanto custa o tratamento com Metilfenidato?
Considerando a dose recomendada em bula de 10mg, 18mg, 20mg, 30mg, 36mg, 40 mg e 54mg, uma vez ao dia, o custo mensal estimado para tratamento com metilfenidato é de R$ 31,90, R$133,19, R$155,41, R$172,08 R$ 180,99, R$171,31 e R$181,01, respectivamente. O custo foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% do medicamento de referência, segundo ANVISA4.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade?
Não há no SUS um tratamento medicamentoso específico para o transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) disponível no Sistema Único de Saúde (SUS). Conhecedor da situação e preocupado com a excessiva medicalização das crianças e adolescentes com TDAH, o Ministério da Saúde, por meio das Coordenações Gerais de Saúde da Criança e Aleitamento Materno, Saúde dos Adolescentes e dos Jovens e a Coordenação de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas do Ministério da Saúde, divulgou em 1° de outubro de 2015 uma recomendação para que Estados e Municípios publiquem protocolos de dispensação de metilfenidato, seguindo recomendações nacionais e internacionais, no intuito de diminuir a prescrição excessiva do medicamento, evitando uso abusivo.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Não, até a presente data, não foi protocolada, na CONITEC, demanda para analisar a incorporação do metilfenidato para tratamento de TDAH ou para outras condições clínicas, seja pelo laboratório fabricante ou por determinados demandantes. Ressalta-se que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou a empresa produtora do medicamento, pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à CONITEC, desde que cumpra as exigências legais.
Mais informações em: http://conitec.gov.br/faca-sua-proposta-de-incorporacaoO que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Estudo publicado pelo Boletim Brasileiro de Avaliação de Tecnologias em Saúde (BRATS) em 2014 avaliou as evidências científicas disponíveis sobre o uso do metilfenidato no tratamento do TDAH em crianças. Para essa avaliação foram incluídos sete estudos considerados como as melhores evidências para avaliação da eficácia e segurança dos medicamentos (4 revisões sistemáticas com metanálise, 1 ensaio clinico randomizado e 2 avaliações de tecnologias em saúde). Este estudo conclui que ainda não está bem definida a eficácia em longo prazo do tratamento do TDAH, pois os estudos comparam os medicamentos apenas com placebo e são de curta duração5. É válido destacar que o tratamento do TDAH é complexo, e além da terapia medicamentosa inclui intervenções sociais, psicológicas e comportamentais6. Ademais, o metilfenidato possui alto potencial para abuso e dependência, por isso deve ser indicado com cautela e sua prescrição deve ser controlada.
Revisão sistemática sobre a doença publicada em 2017 avaliou 40 estudos sobre o tema. Como resultado, os autores apontam que as evidências para a eficácia de tratamentos não-farmacológicos de TDAH em adultos, bem como a combinação de estratégias farmacológicas e não-farmacológicas, é apenas preliminar. Destacam, ainda, que as evidências disponíveis abordam, principalmente, a eficácia e a tolerabilidade de psicoestimulantes e não-psicoestimulantes para os sintomas centrais do TDAH no curto prazo, fazendo-se necessário mais apoio empírico para os tratamentos não-farmacológicos e multimodais. Uma hierarquia abrangente de medicamentos para o TDAH, baseada em evidências de eficácia e tolerabilidade, ainda não está disponível7.Referências bibliográficas
1MATTOS, Paulo et al. A Multicenter, Open-Label Trial to Evaluate the Quality of Life in Adults With ADHD Treated With Long-Acting Methylphenidate (OROS MPH) Concerta Quality of Life (CONQoL) Study. Journal of attention disorders, v. 17, n. 5, p. 444-448, 2013. Disponível em: http://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1177/1087054711434772 Acesso em: 20/04/2018.
2SILVA, Maria Aparecida da et al. Health-related quality of life in adults with attention-deficit and hyperactivity disorder. MedicalExpress, v. 1, n. 1, p. 43-46, 2014. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S2358-04292014000100043&script=sci_arttext Acesso em: 20/04/2018.
3METILFENIDATO. Bula de medicamento. Novartis Biociências SA. Farm. Resp.: Virginia da Silva Giraldi. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=10716102013&pIdAnexo=1909485. Acesso em 24/04/2018.
4Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 23/04/2018.
5Boletim Brasileiro de Avaliação de Tecnologias em Saúde - BRATS. Metilfenidato no tratamento de crianças com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. Ano VIII nº 23. Março de 2014. Disponível em: http://rebrats.saude.gov.br/institucional/brats Acesso em: 20/04/2018.
6National Institute for Health and Clinical Excellence (NICE). Methylphenidate, atomoxetine and dexamfetamine for attention deficit hyperactivity disorder (ADHD) in children and adolescents. Technology appraisal guidance. Published: 22 March 2006. Disponível em: https://www.nice.org.uk/guidance/ta98/resources/methylphenidate-atomoxetine-and-dexamfetamine-for-attention-deficit-hyperactivity-disorder-adhd-in-children-and-adolescents-pdf-2294886169285 Acesso em: 20/04/2018.
7De Crescenzo F, Cortese S, Adamo N, et al. Pharmacological and non-pharmacological treatment of adults with ADHD: a meta-review. Evidence-Based Mental Health 2017;20:4-11 -
Metreleptina para hipercolesterolemia familiar homozigótica :: Dezembro/2018
Data de elaboração: Dezembro/2018 Data de publicação: Dezembro/2018 O que é Hipercolesterolemia Familiar Homozigótica?
A hipercolesterolemia família (HF) é uma doença genética que provoca alta concentração de colesterol no sangue. Esta grande quantidade de colesterol no sangue está presente desde o nascimento e pode levar ao desenvolvimento antecipado da doença aterosclerótica (formação de placas de gordura nas artérias, que dificultam a passagem do sangue) e até mesmo a morte prematura do indivíduo. A doença pode ser transmitida de geração em geração, de tal forma que, os irmãos e filhos de pessoas com HF têm 50% de probabilidade de herdar a patologia. Estes indivíduos apresentarão níveis elevados de LDL-c desde o nascimento e ao longo da vida, sendo homens e mulheres igualmente afetados. O defeito primário na HF é uma mutação no gene específico do receptor para LDL plasmático. Devido ao desequilíbrio na homeostase do colesterol no organismo, causado pela HF, o acúmulo de colesterol forma depósitos, tais como: os xantomas e placas de ateroma1,2,3. A HF é subdividida em hipercolesterolemia familiar heterozigótica (HFHe) e hipercolesterolemia familiar homozigótica (HFHo)2. A HFHe ocorre quando a criança herda um gene defeituoso de um único pai. Já na HFHo a criança herda dois genes defeituosos, consequentemente, os receptores de LDL não têm funcionalidade e os pacientes têm uma hipercolesterolemia grave4. A HFHo é a forma mais rara e severa da doença e está associada a aterosclerose acelerada e morte prematura3.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Hipercolesterolemia Familiar Homozigótica?
Sim. Para o tratamento de hipercolesterolemia familiar, o SUS oferece estratégias de tratamento que podem ser verificadas no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) de Dislipidemia: Prevenção de Eventos Cardiovasculares e Pancreatite (http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2014/abril/02/pcdt-dislipidemia-livro-2013.pdf)5.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Não. A metreleptina (Myalept) não possui registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). É indicado no tratamento da deficiência de leptina, em pacientes com lipodistrofia generalizada congênita ou adquirida.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Myalept® - solução injetável – 5mg/mL.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 11/12/2018.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não.Quanto custa o tratamento com Metreleptina?
Considerando que este medicamento ainda não possui registro na ANVISA, não está precificado pela CMED6.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Hipercolesterolemia Familiar Homozigótica?
Sim, são disponibilizados os medicamentos apresentados na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Ácido nicotínico Comprimido de liberação prolongada 250 mg, 500 mg, 750 mg Atorvastatina Comprimido 10 mg, 20 mg, 40 mg, 80 mg Bezafibrato Comprimido e comprimido de liberação prolongada 200 mg, 400 mg Ciprofibrato Comprimido 100 mg Etofibrato Cápsula 500 mg Fenofibrato Cápsula e cápsula de liberação prolongada 200 mg, 250 mg Fluvastatina Cápsula 20 mg, 40 mg Genfibrozila Comprimido 600 mg,900 mg Lovastatina Comprimido 10 mg, 20 mg, 40 mg Pravastatina Comprimido 10 mg, 20 mg, 40 mg Sinvastatina Comprimido 10 mg, 20 mg, 40 mg O financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento1.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosa, conforme PCDT2.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Não, até a presente data, não foi protocolada, na CONITEC, demanda para analisar a incorporação, ao SUS, da metreleptina para tratamento da hipercolesterolemia familiar homozigótica ou para outras condições clínicas, seja pelo laboratório fabricante ou por outros demandantes. Ressalta-se que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou empresa (produtora da tecnologia ou não), pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à CONITEC, desde que cumpra as exigências legais impostas pelo Decreto nº 7.646 de 2011.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Nas buscas por evidências científicas, não foram encontrados estudos que avaliassem a metreleptina para o tratamento da hipercolesterolemia familiar homozigótica (HFHo), seja comparada com ativos ou placebo. No entanto, foi encontrado um estudo aberto e de braço único que avaliou a eficácia e a segurança da metreleptina como um complemento a outras terapias no tratamento da lipodistrofia. Foram analisados os efeitos clínicos e a segurança do tratamento com metreleptina em pacientes com lipodistrofia. A população estudada consistiu de 55 pacientes (36 com lipodistrofia generalizada e 19 com lipodistrofia parcial) com pelo menos uma das seguintes anormalidades metabólicas: diabetes mellitus, nível de triglicerídeo em jejum ≥ 200mg/dL e resistência à insulina, em conjunto com baixos níveis de leptina. Neste estudo, verificou-se reduções nos valores: da hemoglobina A1C, da TGO, da TGP, dos triglicérides, do colesterol total e do LDL, ao longo de um período de três anos, nos pacientes com lipodistrofias tratados com metreleptina. Além disso, os eventos adversos relacionados ao tratamento incluíram fadiga, hipoglicemia, alopecia e diminuição de peso. Já os eventos adversos mais notáveis, como linfoma de células T, pancreatite aguda e renais crônicos, pareceram estar relacionados com anormalidades metabólicas subjacentes ou com comorbidades, de acordo com os autores. Um paciente veio a óbito durante o acompanhamento, mas não foram encontradas maiores informações no estudo. É válido salientar que embora o estudo apresentado tenha avaliado o uso da metreleptina para o tratamento da distrofia, não foi utilizado nenhum comparador, ativo ou não, foi um estudo aberto e o número de participantes foi pequeno. Fatores que tendem a elevar o risco de viés do estudo7.Referências bibliográficas
1Santos RD, Gagliardi ACM., Xavier HZ, et al., I Diretriz Brasileira de Hipercolesterolemia Familiar (HF). Arq. Bras. Cardiol.[online]. 2012, vol.99, n.2, suppl.2, pp.1-28. ISSN 0066-782X. http://dx.doi.org/10.5935/abc.20120202.
2Alonso, R et al. Clinical and molecular characteristics of homozygous familial hypercholesterolemia patients: Insights from SAFEHEART registry Journal of Clinical Lipidology , Volume 10 , Issue 4 , 953 – 961. Doi http://dx.doi.org/10.1016/j.jacl.2016.04.006
3NICE The National Institute for Health and Care Excellence.Guidelines Familial hypercholesterolaemia: identification and management. Clinical guideline Published: 27 August 2008 nice.org.uk/guidance/cg71. Disponível em: https://www.nice.org.uk/guidance/cg71/resources/familial-hypercholesterolaemia-identificationand- management-pdf-975623384005.
4Nordestgaard BG, Chapman MJ, Humphries SE. et al. Familial hypercholesterolaemia is underdiagnosed
and undertreated in the general population: guidance for clinicians to prevent coronary heart disease Consensus Statement of the European Atherosclerosis Society. Eur Heart J. 2013 Dec 1; 34(45): 3478–3490. doi: 10.1093/eurheartj/eht273
5BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria SAS/MS n 200, de 25 de fevereiro de 2013. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Dislipidemia: Prevenção de Eventos Cardiovasculares e Pancreatite. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. Disponível em: http: http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2014/abril/02/pcdt-dislipidemia-livro-2013.pdf Acesso em: 05/11/2018.
6Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 09/10/2018.
7Chan JL, Lutz K, Cochran E, Huang W, Peters Y, Weyer C, Gorde P. Clinical effects of long-term metreleptin
treatment in patients with lipodystrophy. Endocr Pract. 2011 No Dec;17(6):922-32. doi: 10.4158/EP11229.OR. -
Micofenolato de mofetila para neurite óptica recorrente bilateral :: Dezembro/2018
Data de elaboração: Dezembro/2018 Data de publicação: Dezembro/2018 que é Neurite Óptica Recorrente Bilateral?
A neurite óptica aguda é a neuropatia óptica mais comum que afeta adultos jovens e é tradicionalmente dividida em termos clínicos nas formas típica e atípica. A forma típica é geralmente associada com a esclerose múltipla ou considerada como uma síndrome desmielinizante clinicamente isolada com risco de evolução para esclerose múltipla em pessoas brancas. A forma atípica está associada a causas imunomediadas não relacionadas a esclerose múltipla, tais como neurite óptica associada a doenças sistêmicas e neuromielite óptica. Um método alternativo classifica a neurite óptica por causa imunomediada em: a) neurite óptica associada a esclerose múltipla; b) neurite óptica associada a neuromielite óptica, c) neurite óptica associada a doenças sistêmicas; e d) outras formas de neurite óptica idiopática sem doença sistêmica (neurite óptica isolada recorrente, neurite óptica inflamatória crônica recidivante e neurite óptica isolada solitária). A desmielinização ocorre tanto nas formas típica como atípica, dependendo da causa. Pacientes com neurite óptica decorrente de transtornos do espectro de neuromielite óptica (também conhecido como doença ou síndrome de Devic - doença inflamatória autoimune que acomete os nervos ópticos e a medula espinhal) ou de neurite óptica inflamatória crônica recidivante devem ser diagnosticados o mais cedo possível pois se constituem como um grupo de risco para grave perda visual1,2. A apresentação clínica clássica de neurite óptica consiste em dor periocular, muitas vezes retrobulbar, que precede frequentemente a perda de visão e é tipicamente associada com discromatopsia (distúrbio de visão em que não se distingui bem as cores). A dor é agravada pelo movimento do olho, que sugere inflamação do nervo óptico adjacente aos músculos oculares. Dores oculares ou de cabeça não agravada pelo movimento dos olhos ou neurite óptica indolor podem indicar inflamação no canal óptico ou espaço intracraniano. Após a recuperação de neurite óptica, os pacientes podem experimentar deficiência ao brilho, visão reduzida em luz brilhante e fraqueza visual1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Neurite Óptica Recorrente Bilateral?
Atualmente, o Sistema Único de Saúde (SUS) não dispõe de Protocolo Clínico e Diretriz Terapêutica (PCDT) para o tratamento de neurite óptica.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O micofenolato de mofetila possui indicação em bula para a profilaxia da rejeição aguda de órgãos e para o tratamento da primeira rejeição ou da rejeição refratária de órgãos em pacientes adultos receptores de transplantes renais alogênicos. Também está indicado para a profilaxia da rejeição aguda de órgãos, em pacientes adultos receptores de transplante cardíaco e hepático alogênico3.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Mofecell® - comprimido – 500 mg – embalagem com 10, 20, 30, 40 e 50.
Cellcept® - comprimido – 500 mg – embalagem com 50.
Mofilen® - comprimido – 500 mg – embalagem com 50.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 11/12/2018.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Sim. Para imunossupressão no transplante hepático em pediatria e imunossupressão no transplante renal.Quanto custa o tratamento com Micofenolato de Mofetila?
Não há indicação em bula do uso do micofenolato de mofetila para tratamento da neurite óptica recorrente bilateral. Entretanto, considerando a dose recomendada em bula de 1,0 mg, duas vezes ao dia, para tratamento de pacientes que foram submetidos a transplantes renais, o custo mensal estimado foi de R$ 453,86. O valor foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% do medicamento de referência, segundo ANVISA4.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Neurite Óptica Recorrente Bilateral?
Não, o SUS, atualmente, não dispõe de Protocolo Clínico e Diretriz Terapêutica (PCDT) para o tratamento de neurite óptica.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Não, até a presente data, não foi protocolada, na CONITEC, demanda para analisar a incorporação, ao SUS, do micofenolato de mofetila para tratamento de neurite óptica recorrente bilateral seja pelo laboratório fabricante ou por outros demandantes. Destaca-se que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou empresa (produtora da tecnologia ou não), pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à CONITEC, desde que cumpra as exigências legais impostas pelo Decreto nº 7.646 de 2011.
É valido ressaltar que a CONITEC já avaliou o micofenolato de mofetila para nefrite lúpica na 57ª reunião ordinária5, realizada nos dias 05 e 06 de julho de 2017, na qual os membros do plenário recomendaram a incorporação, ao SUS, do micofenolato de mofetila 500 mg para nefrite lúpica.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Não foram encontradas revisões sistemáticas e ensaios clínicos randomizados que avaliassem o micofenolato de mofetila para o tratamento da neurite óptica. Foram encontrados dois estudos observacionais retrospectivos em pacientes com neuromielite óptica (NMO) e transtorno do espectro NMO. Um estudo, com 90 participantes de pesquisa, relatou que o tratamento inicial com rituximabe, micofenolato de mofetila, e, em menor grau, azatioprina reduziu significativamente as taxas de recaída. Além disso, pacientes para os quais o tratamento inicial falhou, muitas vezes alcançaram remissão quando o tratamento foi trocado de um para outro entre esses medicamentos6. O outro estudo, com 59 participantes, relatou que o tratamento com micofenolato de mofetila reduziu a taxa de recaída, estabilizou ou melhorou a incapacidade, e foi bem tolerado em pacientes com NMO e transtorno do espectro NMO7. São necessários estudos de ensaios clínicos randomizados e revisão sistemática para avaliar a eficácia e a segurança do microfenolato de mofetila em comparação com outros tratamentos para neurite óptica.Referências bibliográficas
1Toosy AT, Mason DF, Miller DH. Optic neuritis. Lancet Neurol. 2014 Jan;13(1):83-99. doi: 10.1016/S1474- 4422(13)70259-X. Review.
2Pau D, Al Zubidi N, Yalamanchili S, Plant GT, Lee AG. Optic neuritis. Eye (Lond). 2011 Jul;25(7):833-42. doi: 10.1038/eye.2011.81.
3MICOFENOLATO DE MOFETILA. Bula de medicamento. Produtos Roche Químicos e Farmacêuticos S.A.. Farm. Resp: Tatiana Tsiomis Díaz http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=12391452018&pIdAnexo=10930815 Acesso em 26/12/2018.
4Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 22/03/2018.
5MS, CONITEC Ata da 57ª Reunião ordinária da CONITEC. Acessado em: http://conitec.gov.br/images/Reuniao_Conitec/Ata_57ReuniaoConitec.pdf
6Mealy MA, Wingerchuk DM, Palace J, Greenberg BM, Levy M. Comparison of relapse and treatment failure rates among patients with neuromyelitis optica: multicenter study of treatment efficacy. JAMA Neurol. 2014 Mar;71(3):324-30. doi: 10.1001/jamaneurol.2013.5699. PubMed PMID: 24445513.
7Huh SY, Kim SH, Hyun JW, Joung AR, Park MS, Kim BJ, Kim HJ. Mycophenolate mofetil in the treatment of neuromyelitis optica spectrum disorder. JAMA Neurol. 2014 Nov; 71(11):1372-8. doi: 10.1001/jamaneurol.2014.2057. PubMed PMID: 25199960. -
Mipomersen para Hipercolesterolemia Familiar Homozigótica :: Junho/2019
Data de elaboração: Junho/2019 Data de publicação: Julho/2019 O que é Hipercolesterolemia Familiar Homozigótica?
A Hipercolesterolemia Familiar Homozigótica (HFHo) é uma doença genética caracterizada pela presença de níveis marcadamente elevados de colesterol de baixa densidade (low denstity lipoprotein cholesterol – c-LDL) e alta probabilidade de desenvolvimento de eventos cardiovasculares em idade precoce. A maioria dos pacientes (95%) apresentam mutação em um de três genes: receptor de c-LDL, proprotein convertase subtilisin kexin 9 (PCSK9) ou apolipoproteina B1,2.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Hipercolesterolemia Familiar Homozigótica?
Sim. O SUS oferece uma estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Dislipidemia: prevenção de eventos cardiovasculares e pancreatite, que aborda também a HFHo. Este documento inclui critérios de diagnóstico, de inclusão e exclusão, tratamento não medicamentoso e medicamentoso, monitorização da doença e regulação pelo gestor, dentro do SUS3.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Não. O medicamento mipomersen não possui registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA)4.Possui genérico?
Não4.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
No momento, o mipomersen não é comercializado no Brasil. Assim, não possui marcas disponíveis no mercado brasileiro4.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 12/06/2019.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não5.Quanto custa o tratamento com Mipomersen?
Tendo em vista que este medicamento não possui registro ativo na ANVISA, não está precificado pela CMED6.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Hipercolesterolemia Familiar Homozigótica?
Sim. São disponibilizados os medicamentos apresentados na tabela abaixo3:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Atorvastatina cálcica Comprimido 10, 20, 40 e 80 mg Fluvastatina Cápsulas 20 e 40 mg Lovastatina Comprimido 10, 20 e 40 mg Pravastatina sódica Comprimido 10, 20 e 40 mg Sinvastatina Comprimido 10, 20 e 40 mg Bezafibrato Comprimido e drágea / comprimido de desintegração lenta 200 mg / 400 mg Ciprofibrato Comprimido 100 mg Etofibrato Cápsula 500 mg Fenofibrato Cápsula / cápsula de liberação retardada 200 mg / 250 mg Genfibrozila Comprimido 600 e 900 mg Ácido nicotínico Comprimido 250, 500 e 750 mg *Financiamento realizado pelos três entes federativos, mas em geral, o fornecimento dos medicamentos é realizado na rede básica de saúde sob a responsabilidade da Secretaria de Saúde do Município.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Não. Até a presente data, não foi protocolada na CONITEC proposta de incorporação do mipomersen para tratamento de Hipercolesterolemia Familiar Homozigótica ou para outras condições clínicas, feita pelo laboratório fabricante ou por outros entes interessados7. Ressalta-se que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou a empresa produtora do medicamento, pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à CONITEC, desde que cumpra as exigências legais.
Mais informações em: http://conitec.gov.br/faca-sua-proposta-de-incorporacaoO que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Um Ensaio Clínico Randomizado (ECR) de Fase 3, cujo objetivo era verificar a alteração percentual na concentração de colesterol LDL em relação à linha de base, avaliou a eficácia e segurança de mipomersen 200 mg/semana em pacientes com HFHo, que já haviam recebido a dose máxima tolerada de hipolipemiantes. Dos 51 pacientes que participaram do estudo, 45 completaram o tratamento de 26 semanas. A redução na concentração de c-LDL em pacientes que utilizaram mipomersen foi de 21,3% em comparação com placebo. Os resultados também demonstraram uma redução na concentração de apoliproteína B, colesterol total e colesterol não-HDL no uso do medicamento. Além disso, quatro pacientes (12%) do grupo mipomersen tiveram as concentrações de alanina aminotransferase aumentadas em três vezes ou mais o limite superior do normal. Os eventos adversos mais comuns foram reações no local da injeção, que acometeram 26 pacientes do grupo mipomersen (76%), e quatro do grupo placebo (24%)8.Referências bibliográficas
1Khera AV, Won HH, Peloso GM, Lawson KS, Bartz TM, Deng X, van Leeuwen EM, Natarajan P, Emdin CA, Bick AG, Morrison AC, Brody JA, Gupta N, Nomura A, Kessler T, Duga S, Bis JC, van Duijn CM, Cupples LA, Psaty B, Rader DJ, Danesh J, Schunkert H, McPherson R, Farrall M, Watkins H, Lander E, Wilson JG, Correa A, Boerwinkle E, Merlini PA, Ardissino D, Saleheen D, Gabriel S, Kathiresan S: Diagnostic Yield and Clinical Utility of Sequencing Familial Hypercholesterolemia Genes in Patients With Severe Hypercholesterolemia. J Am Coll Cardiol v. 67, n. 2578-2589, 2016.
2Gidding SS, Champagne MA, de Ferranti SD, Defesche J, Ito MK, Knowles JW, McCrindle B, Raal F, Rader D, Santos RD, Lopes-Virella M, Watts GF, Wierzbicki AS: The Agenda for Familial Hypercholesterolemia: A Scientific Statement From the American Heart Association. Circulation v. 132, n. 2167-2192, 2015.
3Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Portaria nº 200, de 25 de fevereiro de 2013. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Dislipidemia para a prevenção de eventos cardiovasculares e pancreatite. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/sas/2013/prt0200_25_02_2013.html. Acesso em: 12/06/2019.
4Brasil. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Consultas. Disponível em: https://consultas.anvisa.gov.br/#/ Acesso em: 12/06/2019.
5Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2018 – Brasília: Ministério da Saúde, 2018. Disponível em: http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2018/dezembro/17/170407M2018final.pdf. Acesso em: 12/06/2019.
6Brasil. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 12/06/2019.
7Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS. Tecnologias demandadas. Disponível em: http://conitec.gov.br/tecnologias-em-avaliacao. Acesso em: 12/06/2019.
8Raal, Frederick J; Santos, Raul D; Blom, Dirk J; Marais, A David; Charng, Min-Ji; Cromwell, William C; Lachmann, Robin H; Gaudet, Daniel; Tan, Ju L; Chasan-Taber, Scott; Tribble, Diane L; Flaim, Joann D; Crooke, Stanley T. Mipomersen, an apolipoprotein B synthesis inhibitor, for lowering of LDL cholesterol concentrations in patients with homozygous familial hypercholesterolaemia: a randomised, double-blind, placebo-controlled trial. Lancet (London, England), 2010; 375:998-1006. -
Mirabegrona para bexiga neurogênica :: Setembro/2021
Data de elaboração: Setembro/2021 Data de publicação: Setembro/2021 O que é bexiga neurogênica?
O funcionamento normal da bexiga urinária, para armazenar e expulsar urina de forma coordenada e controlada, é regulado pelos Sistemas Nervoso Central (SNC) e Nervoso Periférico (SNP). Disfunções neurológicas resultantes de trauma, doença ou lesão interna ou externa, que possa afetar a coluna cervical ou inervação periférica relacionada ao processo de controle da bexiga e esfíncter urinário resultam no mau funcionamento da bexiga, condição conhecida como bexiga neurogênica. As principais origens do dano decorrem de condições cerebrais, da coluna vertebral supra sacral e em nervos periféricos ou coluna vertebral sacral. Acidentes Vasculares Cerebrais (AVCs), lesões da medula espinhal e compressão da cauda equina produzem danos fixos ao sistema nervoso. Já doenças inflamatórias e demências progressivas, como Parkinson, esclerose múltipla e neuropatia periférica, resultam em danos progressivos. Os sintomas do trato urinário inferior estão relacionados com o armazenamento prejudicado de urina, como o aumento da frequência de micção, urgência e incontinência urinária. Sintomas de esvaziamento incluem a hesitação, fluxo urinário lento, necessidade de esforço durante a micção e retenção urinária. Os sintomas podem surgir concomitantemente. A gravidade e a natureza da incontinência dependem do local, extensão e evolução da lesão neurológica, podendo surgir como resultado da hiperatividade da bexiga, disfunção dos esfíncteres uretrais ou uma combinação dos dois. Os sintomas impactam negativamente na qualidade de vida dos pacientes, ocasionando problemas como isolamento social e impedimento de atividades rotineiras. Alternativas terapêuticas, como treinamento do músculo do assoalho pélvico, medicamentos e cirurgias específicas proporcionam melhora na qualidade de vida. A terapia adequada e eficaz está associada ao diagnóstico preciso por meio da história clínica, exame físico, diário miccional, exames complementares, incluindo urodinâmica, e estudos de imagem1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar bexiga neurogênica?
Não. Atualmente, no âmbito do SUS, não há diretrizes de estratégia de cuidado específicas para tratamento da disfunção de armazenamento para pacientes adultos portadores de bexiga neurogênica.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim2. A mirabegrona é indicada para tratamento sintomático da urgência miccional, aumento da frequência de micções e incontinência de urgência em adultos com síndrome da bexiga hiperativa. A Anvisa registrou o princípio ativo em novembro de 2015.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Myrbetric® - comprimidos revestidos de liberação prolongada de 25 mg (caixa com 30);
Myrbetric® - comprimidos revestidos de liberação prolongada de 50 mg (caixa com 10 e 30).*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED03 de 04/09/2020.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não, de acordo com consulta realizada à Rename4, em 29/09/2021.Quanto custa o tratamento com mirabegrona?
Considerando que a dose recomendada em bula é de 50 mg uma vez ao dia, o custo mensal estimado para tratamento com mirabegrona foi de R$ 200,86 (duzentos reais e oitenta e seis centavos). O valor foi calculado considerando o Preço Fábrica (PF) estabelecido pela Anvisa e a alíquota de 18% em relação ao ICMS do medicamento Myrbetric® 50 mg – caixa com 30 comprimidos, segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos3 (CMED/Anvisa).O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar bexiga neurogênica?
Não. Conforme já informado, não há no SUS tratamento específico disponível para portadores de bexiga neurogênica. Durante a 91ª Reunião Ordinária5 da Conitec, realizada em 07/10/2020, os membros presentes deliberaram, por unanimidade, recomendar a atualização do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Disfunção Neurogênica do Trato Urinário Inferior em Adultos.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, a Conitec avaliou a mirabegrona para disfunção de armazenamento em pacientes com bexiga neurogênica. Durante a 85ª Reunião Ordinária6, realizada no dia 04 de fevereiro de 2020, os membros presentes deliberaram, por unanimidade, recomendar a não incorporação da mirabegrona o tratamento da disfunção de armazenamento em pacientes com bexiga neurogênica. O documento técnico foi encaminhado ao Secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde (SCTIE/MS), que ratificou a recomendação e publicou a Portaria nº 10/2020, no Diário Oficial da União (DOU) nº 49, de 12 de março de 2020, Seção 1, págs. 187-188.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Krhut et al. (2018)7 realizaram um Ensaio Clínico Randomizado (ECR) em 66 pacientes com lesão da medula espinhal ou esclerose múltipla e com sintomas de incontinência urinária. O grupo que recebeu mirabegrona 50 mg ao dia apresentou aumento do volume cistométrico de 183,50 mL na linha de base para 238,81 mL após 4 semanas de tratamento, indicando melhora na capacidade de armazenamento da urina. No grupo que recebeu placebo houve redução de 210,44 mL na linha de base para 167,56 mL.
Chen e Kuo (2018)8 relataram uma série de casos de 44 adultos com bexiga hiperativa e danos no sistema nervoso central causados por AVC, doença de Parkinson e demência em uso de mirabegrona 25 mg. O tempo de seguimento foi de 12 semanas. Houve redução do volume vesical médio, de 83,4 mL na linha de base para 56,8 mL após 4 semanas de uso. Entretanto, entre 4 e 12 semanas houve aumento do volume residual para 78,8 mL. Ocorreu um aumento do volume cistométrico médio em relação ao baseline de 130,8 mL para 148,9 mL em 4 semanas e para 151,7 mL após 12 semanas de uso de mirabegrona, embora esta diferença não tenha apresentado significância estatística.
Wollner e Pannek (2015)9 descreveram uma série de casos de hiperatividade detrusora neurogênica devido a dano medular para avaliar a efetividade e segurança da mirabegrona 50 mg por dia. Os pacientes em uso de mirabegrona apresentaram, no baseline, uma média de 2,9 episódios de incontinência urinária. Observou-se redução significativa para 1,3 episódios. Ainda, notou-se aumento do volume cistométrico médio em relação aos observados na linha de base. No início do estudo, o volume cistométrico médio foi de 365 mL, com aumento para 419 mL após 6 semanas de uso de mirabegrona.Referências bibliográficas
1 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação nº 508, de fev 2020. Antimuscarínicos (oxibutinina, tolterodina, solifenacina e darifenacina) para tratamento da disfunção de armazenamento em pacientes com bexiga neurogênica. [Acesso em 23 ago 2021]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2020/Relatorio_Antimuscarinicos_Bexiga_Neurogenica_508_2020_FINAL.pdf.2 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Consultas. Produtos da Saúde [Internet]. [acesso em 23 de set de 2021]. Disponível em: https://consultas.anvisa.gov.br/#/medicamentos/25351007707201294/?substancia=25329.
3 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Medicamentos. Câmera de Regulação do Mercado de Medicamentos. Listas de Preços de Medicamentos [Acesso em 29 set 2021]. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/cmed/precos/arquivos/lista_conformidade_gov_2021_09_v1.pdf.
4 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2020. Brasília: Ministério da Saúde; 2020 [Acesso em 29 set 2021]. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/relacao_medicamentos_rename_2020.pdf.
5 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Pauta da 91ª Reunião da Conitec. [acesso em 23 de ago de 2021]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Reuniao_Conitec/2020/20201008_Pauta_91_reuniao_pos.pdf.
6 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Pauta da 85ª Reunião da Conitec. [acesso em 23 de ago de 2021]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Reuniao_Conitec/2020/Pauta_85Reuniao_RecomendacoesSolicitacoes.pdf.
7 Krhut J BV, Bílková K, Sýkora R, Míka D, Mokris J, Zachoval R. Efficacy and safety of mirabegron for the treatment of neurogenic detrusor overactivity—Prospective, randomized, double-blind, placebo-controlled study. Neurology and Urodynamics. 2018;37(7):2226-33.
8 Chen SF, Kuo HC. Therapeutic efficacy of low-dose (25 mg) mirabegron therapy for patients with mild to moderate overactive bladder symptoms due to central nervous system diseases. Lower urinary tract symptoms. 2018.
9 Wollner J, Pannek J. Initial experience with the treatment of neurogenic detrusor overactivity with a new beta-3 agonist (mirabegron) in patients with spinal cord injury. Spinal Cord. 2016;54(1):78-82.
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Mometasona para psoríase :: Julho/2018
Data de elaboração: Julho/2018 Data de publicação: Julho/2018 O que é Psoríase?
A psoríase é uma doença sistêmica inflamatória crônica, não contagiosa, que afeta a pele, as unhas e, ocasionalmente, as articulações. Costuma ter apresentação clínica variável e um curso recidivante. Acomete cerca de 2% da população mundial1,2. No Brasil, os dados disponíveis são do Censo Dermatológico da Sociedade Brasileira de Dermatologia: o diagnóstico de psoríase foi verificado em 1.349 de um total de 54.519 pessoas que consultaram dermatologistas em estabelecimentos públicos e privados, totalizando 2,5% dessa amostra. Pode ser incapacitante tanto pelas lesões cutâneas - fator que dificulta a inserção social - quanto pela presença da forma articular que configura a artrite psoriásica3,4. Tem sido classificada como doença autoimune, embora sua fisiopatologia não esteja completamente esclarecida. As formas clínicas da psoríase têm características peculiares, mas podem ser sobrepostas e estar ou não associadas à artrite psoriásica5. A artrite psoriásica (AP) é uma artropatia inflamatória com padrão proliferativo que geralmente se apresenta com fator reumatoide negativo e acompanha a psoríase cutânea6. Sua prevalência na população estadunidense varia de 0,1%-0,25%. Cerca de 20%-30% dos pacientes com psoríase irão desenvolver artrite psoriásica, mas não há como prever esses casos7. Um estudo demonstrou que 84% dos pacientes com artrite psoriásica desenvolvem lesões cutâneas em média 12 anos antes da artrite8.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Psoríase?
Sim. O SUS oferece uma estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Psoríase. (http://conitec.gov.br/images/Protocolos/Psoriase.pdf)9.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O furoato de mometasona é um corticoide sintético e possui registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o alívio da inflamação e do prurido (coceira) nas doenças de pele que respondam ao tratamento com corticoides tópicos, como: psoríase (doenças com espessamento e descamação da pele), dermatite atópica e/ou dermatite alérgica de contato10.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Dermotil® - 1 mg/g – pomada – bisnaga 20g.
Dermotil Fusid® - 1 mg/g + 20 mg/g – creme – bisnaga 10g.
Topison® - 1 mg/g – pomada e creme – bisnaga 20g.
Elocom® - 1 mg/g – pomada – bisnaga 20g.
Resgat® - 1 mg/g – pomada e creme – bisnaga 20g.
Oximax® - 200 mcg ou 400 mcg– pó inalatório –caixa com 10 + inalador
Nites® - 0,5 mg/g – suspensão nasal – spray com 60 borrifadas*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 05/04/2018.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não.Quanto custa o tratamento com Mometasona?
Considerando a dose recomendada em bula de duas aplicações diárias, o custo de 1 bisnaga ao mês é de R$ 21,06. O custo foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% do medicamento de referência, segundo ANVISA11.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Psoríase?
Sim, são disponibilizados os medicamentos apresentados na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Ácido salicílico Comprimido 1.250 mg Acitretina Cápsulas 0,25 mcg Alcatrão mineral Comprimidos 500 mg + 400 UI 600 mg + 400 UI Ciclosporina Comprimidos 10 mg 70 mg Calcipotriol Comprimidos 5 mg 35 mg Clobetasol Comprimido 60 mg Dexametasona Comprimido 0,3 mg Metotrexato Spray nasal Ampolas injetáveis 200 UI/dose 50 UI e 100 UI O financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento1.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosa, conforme PCDT2.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Não, até a presente data, não foi protocolada, na CONITEC, demanda para analisar a incorporação do furoato de mometasona para tratamento de psoríase ou para outras condições clínicas, seja pelo laboratório fabricante ou por determinados demandantes. Ressalta-se que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou a empresa produtora do medicamento, pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à CONITEC, desde que cumpra as exigências legais.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Revisão de literatura publicada em 2018 para avaliar a segurança e eficácia de diferentes formulações da monetasona e a comparação com outros corticoides tópicos, mostrou que a mometasona em ensaios clínicos mostrou eficácia comparável ou significativamente melhor nos estudos clínicos conduzidos em adultos e crianças em relação a demais corticoides tópicos, sendo bem tolerado com efeitos adversos locais transitórios, leves a moderados12. A maioria dos estudos encontrados na literatura comparam mometasona a betametasona, que não disponível no SUS. Foram identificados apenas três estudos de grupos paralelos de pacientes com dermatoses responsivas à corticoide que avaliaram a eficácia do furoato de mometasona pomada 0,1% comparado a valerato de betametasona 0,05% ou butirato de clobetasona 0,025% (disponível no SUS) no tratamento de várias dermatoses responsivas a corticosteroide13,14,15 . O furoato de mometasona em pomada foi aplicado 1 x/dia, ao passo que cada um dos agentes comparativos foi aplicado 2 x/dia durante três semanas. Após uma semana de tratamento, a melhora nos sinais da doença variou de 58% a 90% com a administração 1x/dia de furoato de mometasona, 52% a 77% com a aplicação 2 x/dia do valerato de betametasona, e foi de 69% com a administração 2 x/dia do butirato de clobetasona. Ao final do tratamento, a melhora percentual foi, em média, de 93% para o furoato de mometasona, de 89% e 93% para o valerato de betametasona, e de 90% para o butirato de clobetasona.Referências bibliográficas
1Schaefer I, Rustenbach SJ, Zimmer L, Augustin M. Prevalence of skin diseases in a cohort of 48,665 employees in Germany. Dermatology. 2008;217:169-72
2Icen M, Crowson CS, McEvoy MT, Dann FJ, Gabriel SE, Maradit Kremers H. Trends in incidence of adult-onset psoriasis over three decades: a population-based study. J Am Acad Dermatol. 2009;60:394-401
3Augustin M, Kruger K, Radtke MA, Schwippl I, Reich K. Disease severity, quality of life and health care in plaque-type psoriasis: a multicenter cross-sectional study in Germany. Dermatology. 2008;216:366-72.
4Silva JDT MM, Bonamigo RR. Estratégias de coping e níveis de estresse em pacientes portadores de psoríase. An Bras Dermatol. 2006;81:143-9.
5Aslanian FM, Lisboa FF, Iwamoto A, Carneiro SC. Clinical and epidemiological evaluation of psoriasis: clinical variants and articular manifestations. J Eur Acad Dermatol Venereol. 2005;19:141-2
6Woolacott N, Bravo Vergel Y, Hawkins N, Kainth A, Khadjesari Z, Misso K, et al. Etanercept and infliximab for the treatment of psoriatic arthritis: a systematic review and economic evaluation. Health Technol Assess.2006;10:iii-iv, xiii-xvi, 1-239.
7Mease PJ. Psoriatic arthritis assessment and treatment update. Curr Opin Rheumatol. 2009;21:348-55.
8Gottlieb AB, Kircik L, Eisen D, Jackson JM, Boh EE, Strober BE, et al. Use of etanercept for psoriatic arthritis in the dermatology clinic: the Experience Diagnosing, Understanding Care, and Treatment with Etanercept (EDUCATE) study. J Dermatolog Treat. 2006;17:343-52
9BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria SAS/MS nº 1.229, de 5 de novembro de 2013.Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Psoríase. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. Disponível em:
http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2014/abril/02/pcdt-psoriase-2013.pdf Acesso em: 22/05/2018.
10FUROATO DE MOMETASONA. Bula de medicamento. Biosintética Farmacêutica Ltda. Farm. Resp.: Alberto Jorge Garcia Guimarães. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=11330472014&pIdAnexo=2373130 Acesso em 08/05/2018.
11Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 22/03/2018.
12Spada, F. , Barnes, T. M. and Greive, K. A. (2018), Comparative safety and efficacy of topical mometasone furoate with other topical corticosteroids. Australas J Dermatol. . doi:10.1111/ajd.12762
13Jaimovich, L., Single-blind Efficacy and Safety Study in Patients with Steroidresponsive Dermatoses Comparing Once Daily Applications of Mometasone Furoate Ointment 0,1% and Twice Daily Applications of BETNOVATE® Ointment 0,1%, (I86- 118), Mometasone Furoate Ointment 0,1% Health Registration Dossier, Schering International, 1988.
14Moncada, B., Single-blind Efficacy and Safety Study in Patients with Steroidresponsive Dermatoses Comparing Once Daily Applications of Mometasone Furoate Ointment 0,1% and Twice Daily Applications of EUMOVATE® Ointment 0,05%, (I86- 119), Mometasone Furoate Ointment 0,1% Health Registration Dossier, Schering International, 1988.
15Meinicke, K. et al, Single-blind Efficacy and Safety Study in Patients with Steroidresponsive Dermatoses Comparing Once Daily Applications of Mometasone Furoate Ointment 0,1% and Twice Daily Applications of BETNOVATE® Ointment 0,1%, (I87- 211- 01, 02, 03, 04), Mometasone Furoate Ointment 0,1% Health Registration Dossier, Schering International, 1988. -
Montelucaste para asma :: Dezembro/2017
Data de elaboração: Dezembro/2017 Data de publicação: Dezembro/2017 O que é asma?
A asma é uma doença caracterizada pela inflamação crônica das vias aéreas. É clinicamente definida pela história de sintomas respiratórios, como sibilo (ruído semelhante a um assobio), falta de ar, aperto no peito e tosse, que variam ao longo do tempo e na intensidade, juntamente com limitação do fluxo aéreo expiratório variável1. É uma doença que não possui cura, mas as suas manifestações clínicas e funcionais podem ser controladas com medicamentos e ao se evitar os fatores que desencadeiam as crises. A falta de adesão ou o uso inapropriado dos medicamentos, todavia, podem provocar a morte2,3.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar asma?
Sim. O SUS oferece uma estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Asma (http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2014/julho/22/PT-SAS-N---1317-alterado-pela-603-de-21-de-julho-de-2014.pdf)4.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O montelucaste possui indicação em bula para a profilaxia e o tratamento crônico da asma e para o alívio dos sintomas diurnos e noturnos da rinite alérgica5.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Aria® - comprimido revestido de 10mg; comprimido mastigável de 4mg e 5mg.
Bronsecur® - comprimido revestido de 10mg.
Montelair® - comprimido revestido de 10mg; comprimido mastigável de 4mg e 5mg; granulado 4 mg.
Monty® - comprimido mastigável de 4mg e 5mg.
Piemonte® - comprimido revestido de 10mg; comprimido mastigável de 4mg e 5mg.
Singulair® - comprimido mastigável de 4mg e 5mg e granulado 4 mg.
Uniair® - comprimido revestido de 10mg; comprimido mastigável de 4mg e 5mg.
Viatine® - comprimido revestido de 10mg; comprimido mastigável de 4mg e 5mg; granulado 4 mg.
Zylcas® - comprimido revestido de 10mg.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 19/12/2017.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não.Quanto custa o tratamento com Montelucaste?
Considerando a dose diária definida pela classificação química anatômica terapêutica (DDD/ATC)6 de 10 mg, o custo mensal estimado para o tratamento da asma é de R$ 43,10. O custo foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% dos medicamentos genéricos, segundo a ANVISA7.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar asma?
Sim, as mesmas podem ser conferidas na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Beclometasona cápsula ou pó inalante
cápsula ou pó inalante aerossol ou spray
aerossol ou spray200 mcg
400 mcg
50 mcg
250mmcgBudesonida cápsula ou pó inalante
cápsula ou pó inalante aerossol bucal200 mcg
400 mcg
200 mcgFenoterol aerossol 100 mcg Formoterol cápsula ou pó inalante 12mcg Formoterol+ budesonida cápsula ou pó inalante
cápsula ou pó inalante12 mcg/400 mcg
6 mcg/200mcgSalbutamol aerossol
solução inalante100 mcg
5 mg/mlSalmeterol aerossol bucal ou pó inalante 50mcg Prednisona Comprimido 5 mg
20 mgPrednisolona solução oral 1 mg/ml
3 mg/mlO financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento1.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosa, conforme PCDT2.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Até a presente data, não foi protocolada na CONITEC demanda para a incorporação de montelucaste para tratamento de qualquer condição clínica, seja pelo laboratório fabricante ou por qualquer outro demandante. Ressalta-se que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde, sociedade de especialidade ou a empresa produtora do medicamento, pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à CONITEC, desde que cumpra as exigências legais.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Revisão sistemática com metanálise de ensaios clínicos randomizados avaliou o uso de montelucaste como terapia de primeira linha ou complementar, na prevenção e tratamento de exacerbações de asma em pacientes adultos8. Os resultados desse estudo sugerem que o montelucaste reduz significativamente as exacerbações leves, moderadas e severas de asma crônica leve a moderada, mas tem eficácia inferior aos corticosteroides inalatórios em monoterapia (medicamentos disponibilizados no SUS) ou adicionados a um agonista beta2 de ação prolongada. Outra revisão sistemática comparou o uso de montelucaste com corticosteróides inalatórios em monoterapia em pacientes pediátricos9. Nessa revisão, quatro estudos incluídos relataram superioridade dos corticosteróides inalatórios em relação ao montelucaste e os demais estudos incluídos não mostraram diferenças entre as terapias.Referências bibliográficas
1GINA - GLOBAL INITIATIVE FOR ASTHMA.Global Strategy for Asthma Management and Prevention, 2016.Disponívelem: www.ginasthma.org Acesso em: 27/12/2017.
2WORLD HEALTH ORGANIZATION.Fact sheet on Asthma.Fact sheet N°307.May 2011. Disponível em:
http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs307/en/index.html Acesso em: 27/12/2017.
3_________. Vigilância global, prevenção e controlo das doenças respiratórias crónicas: uma abordagem integradora /editores: Jean Bousquetand Nikolai Khaltaev. World Health Organization 2007. Disponível em: http://whqlibdoc.who.int/publications/2007/9789726751830_por.pdfAcesso em: 27/12/2017.
4BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 1.317, de 25 de novembro de 2013. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Asma. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. Disponível em:http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2014/julho/22/PT-SAS-N---1317-alterado-pela-603-de-21-de-julho-de-2014.pdf Acesso em: 27/12/2017.
5Montelucaste de sódio. São Paulo: Eurofarma Laboratórios S.A. Farm. Farm. Resp.: Dra. Maria Benedita Pereira - CRF-SP 30.378.Bula de medicamento. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=3804292017&pIdAnexo=5283713Acesso em: 27/12/2017.
6WHO Collaborating Centre for Drug Statistics Methodology. ATC/DDD Index 2017. Disponível em: https://www.whocc.no/atc_ddd_index/?code=R03DC03 Acesso em: 27/12/2017.
7CMED - Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos da ANVISA. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 27/12/2017.
8Zhang HP, Jia CE, Lv Y, Gibson PG, Wang G. Montelukast for prevention and treatment of asthma exacerbations in adults: Systematic review and meta-analysis. Allergy and asthma proceedings: the official journal of regional and state allergy societies. 2014;35(4):278-87. Disponível em: https://www.epistemonikos.org/pt/documents/34909b4841d96c9a89607df97756826626173357?doc_lang=en#document Acesso em: 27/12/2017.
9Massingham K, Fox S, Smaldone A. Asthma Therapy in Pediatric Patients: A Systematic Review of Treatment With Montelukast Versus Inhaled Corticosteroids. Journal of pediatric health care: official publication of National Association of Pediatric Nurse Associates & Practitioners. 2013;28(1):51-62. Disponível em: https://www.epistemonikos.org/pt/documents/47dad1f17f6f491df543e140aa67a75c2998af78?doc_lang=en#document Acesso em: 27/12/2017. -
Natalizumabe para esclerose múltipla remitente recorrente com alta atividade da doença :: Setembro/2021
Data de elaboração: Setembro/2021 Data de publicação: Março/2022 O que é esclerose múltipla remitente recorrente com alta atividade da doença?
A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença imunogênica, inflamatória, desmielinizante e neurodegenerativa que acomete as substâncias branca e cinzenta do Sistema Nervoso Central (SNC). Atinge usualmente adultos jovens, dos 20 aos 50 anos de idade, com pico aos 30 anos, sendo mais rara quando se inicia fora desta faixa etária. Em média, é duas vezes mais frequente em mulheres e apresenta menor incidência nas populações afrodescendente, oriental e indígena. No Brasil, a prevalência varia de acordo com a região de residência do paciente, sendo menor no Nordeste e maior na região Sul.Sua origem não é bem compreendida, envolvendo fatores genéticos e ambientais que ainda não estão bem definidos. A evolução da doença, gravidade e sintomas não são uniformes. O quadro clínico se manifesta, na maior parte das vezes, por surtos ou ataques agudos, podendo entrar em remissão de forma espontânea ou com o uso de corticosteroides. Os sintomas podem ser graves ou parecer tão triviais que o paciente pode não procurar assistência médica por meses ou anos. Os principais sintomas são neurite óptica, diplopia (visão dupla), paresia (perda da força muscular) ou alterações sensitivas e motoras de membros, disfunções de coordenação e equilíbrio, dor neuropática, espasticidade, fadiga, disfunções esfincterianas e cognitivo-comportamentais, de forma isolada ou em combinação. Atualmente, a EM é classificada como Esclerose Múltipla Remitente Recorrente (EMRR), caracterizada por episódios de piora aguda do funcionamento neurológico (novos sintomas ou piora dos sintomas existentes) com recuperação total ou parcial e sem progressão aparente da doença; Esclerose Múltipla Secundária Progressiva (EMSP), caracterizada pela fase após um curso inicial de remitência-recorrência, no qual a doença se torna mais progressiva, com ou sem recidivas; Esclerose Múltipla Primária Progressiva (EMPP), caracterizada por agravamento progressivo da função neurológica (acúmulo de incapacidade) desde o início dos sintomas; e Síndrome Clinicamente Isolada (Clinically Isolated Syndrome - CIS), que consiste na primeira manifestação clínica que apresenta características de desmielinização inflamatória sugestiva de EM, mas incapaz de cumprir os critérios de disseminação no tempo por neuroimagem ou líquor.As formas recorrentes (EMRR) e progressivas (EMSP e EMPP) podem ser estratificadas em alta, moderada e baixa atividade. A EM altamente ativa ocorre quando o paciente apresenta: 1) dois ou mais surtos e pelo menos uma lesão captante de gadolínio ou aumento de pelo menos duas lesões em T2 no ano anterior em pacientes não tratados; 2) a atividade da doença no ano anterior durante a utilização adequada de pelo menos um Medicamento Modificador do Curso da Doença (MMCD), na ausência de toxicidade (intolerância, hipersensibilidade ou outro evento adverso) ou não adesão ao tratamento, apresentando pelo menos um surto no último ano durante o tratamento, e evidência de pelo menos nove lesões hiperintensas em T2 ou pelo menos uma lesão captante de gadolínio1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar esclerose múltipla remitente recorrente com alta atividade da doença?
Sim. O SUS oferece estratégia aos pacientes com diagnóstico de EM na forma remitente recorrente, conforme pode ser verificado no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da EM, publicado por meio da Portaria Conjunta SAES/SCTIE/MS nº 32, de 5 de fevereiro de 2021. Este documento inclui critérios de classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados à saúde, de diagnóstico, de elegibilidade (inclusão e exclusão), abordagem terapêutica, monitoramento, gestão e controle pelo gestor dentro do SUS, e fluxo de tratamento.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim3. O natalizumabe, da classe terapêutica de outros produtos com ação imunoprotetora, possui indicação em bula para terapia única no tratamento da EMRR, para prevenir e retardar a progressão da incapacidade em pacientes que não responderam a um ciclo completo e adequado de outros medicamentos, e pacientes com EMRR grave em rápida evolução. A marca de referência foi registrada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em agosto de 2008, e não há medicamentos genéricos ou similares disponíveis no Brasil.Possui biossimilar?
Não4.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Tysabri® - solução injetável de 20 mg/mL.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED04 de 10/10/2021.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Sim, de acordo com consulta realizada à Rename5, em 19/10/2021.Quanto custa o tratamento com natalizumabe?
Considerando a dose recomendada em bula de 300 mg (1 frasco), administrada a cada 4 semanas, o custo mensal estimado para tratamento com natalizumabe foi de R$ 5.017,21 (cinco mil e dezessete reais e vinte e um centavos). O valor calculado considerou o Preço Fábrica (PF) estabelecido pela Anvisa e a alíquota de 0% em relação ao ICMS do medicamento de referência Tysabri®, segundo a CMED4. O medicamento está inserido na lista do Convênio ICMS 87/02 - CONFAZ.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar esclerose múltipla remitente recorrente com alta atividade da doença?
Sim, de acordo com o PCDT da EM6, o natalizumabe, solução injetável de 20 mg/mL x 15 mL, é indicado como primeira opção de tratamento para pacientes com EMRR em alta atividade da doença, com comprovação por meio de relatório médico e ressonância magnética, sejam eles virgens de tratamento ou estejam em qualquer outra linha de tratamento. Em caso de falha, poderá ser substituído por qualquer medicamento de 1ª ou 2ª linha, conforme apresentados na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração MEDICAMENTOS de 1ª LINHA Betainterferona 1a Cápsulas 22 µg, 30 µg e 44 µg Betainterferona 1b Comprimidos 0,25 mg Acetato de Glatirâmer Comprimidos 20 mg e 40 mg Teriflunomida Comprimido 14 mg Fumarato de dimetila Cápsula 120 mg e 240 mg MEDICAMENTOS de 2ª LINHA Fingolimode Cápsula 0,5 mg A azatioprina 50 mg é considerada uma opção menos eficaz no tratamento de 1ª linha e só deve ser utilizada em casos de pouca adesão às formas parenterais (intramuscular, subcutânea ou endovenosa).
O financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por um ou mais dos três entes federativos (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosas, conforme PCDT, que visam à redução da incapacidade e a melhoria da qualidade de vida, o que, em geral, requer uma equipe multiprofissional e multidisciplinar que inclua fisioterapeuta, enfermeiros, psicólogo, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo e médicos de diferentes especialidadesA Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, a Conitec avaliou o natalizumabe para tratamento da EMRR após primeira falha terapêutica. Durante a 91ª Reunião Ordinária, realizada no dia 08/10/2020, os membros da Comissão deliberaram por recomendar a ampliação de uso do natalizumabe no tratamento de pacientes com EMRR com alta atividade de doença, conforme estabelecido pelo Ministério da Saúde. O documento técnico foi encaminhado ao Secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde (SCTIE/MS), que ratificou a recomendação e publicou a Portaria SCTIE/MS nº 49/2020, no Diário Oficial da União (DOU) nº 217, de 13/11/2020, Seção 1, pág. 144.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
A revisão sistemática e meta-análise em rede realizada por Tramacere et al (2015)7 comparou os benefícios e a aceitabilidade dos Medicamentos Moduladores do Curso da Doença (MMCD), incluindo natalizumabe, para o tratamento de pessoas com EMRR. Na avaliação do desfecho de incidência de surto em 12 meses (29 estudos; 17.897 participantes) não foi identificada diferença estatisticamente significante entre as intervenções (RR 0,89; IC95% 0,66- 1,21). Na análise SUCRA, natalizumabe apresentou 85% de probabilidade de ser mais eficaz para esse desfecho e fingolimode apresentou uma probabilidade de 80%. Na avaliação da incidência de surtos em 24 meses (26 estudos; 16.800 participantes), foi identificado um efeito protetor do natalizumabe em comparação ao fingolimode (RR 0,77; IC95% 0,63- 0,95), com significância estatística. Pela análise SUCRA, a probabilidade do natalizumabe ser o melhor tratamento é de 88% versus 71% para o fingolimode. Não foi identificada diferença estatisticamente entre os medicamentos para a descontinuação do tratamento por Efeito Adverso (EA) (RR 0,91; IC95% 0,52-1,59) no tratamento em 24 meses (26 estudos; 16.800 participantes). Não foi identificada diferença estatisticamente significante entre natalizumabe e fingolimode para o desfecho de progressão da incapacidade em 24 meses, incluindo 26 estudos e 16.800 participantes (RR 0,75; IC95% 0,54-1,06).
A meta-análise em rede de Li et al (2019)8 para comparar a eficácia e a aceitabilidade dos MMCD em pacientes com EMRR avaliou a progressão da incapacidade apenas em três meses e não foram observadas diferenças estatisticamente significantes entre o natalizumabe e o fingolimode (RR 0,68; IC95% 0,45-1,00). Foi identificado menor risco de descontinuação para o natalizumabe, em comparação ao fingolimode, nos 24 meses de acompanhamento (RR 0,57; IC95% 0,19-1,66). Não houve diferença entre natalizumabe e fingolimode para o desfecho de incidência de surtos em 24 meses (RR 0,90; IC95% 0,73-1,12).
No estudo de Lucchetta et al (2018)9, a meta-análise em rede para o desfecho de descontinuação do tratamento por EA (em 96 semanas) incluiu 17 estudos com 12.221 pacientes. Diferente do estudo de Li et al, o natalizumabe apresentou maior risco de descontinuação do tratamento por EA quando comparado ao fingolimode (RR 1,10; IC95% 0,36-3,40), sem diferença estatisticamente significante. O natalizumabe apresentou um desempenho superior ao do fingolimode na análise da taxa anualizada de surtos (RR 0,67; IC95% 0,55-0,81), com significância estatística. Na análise SUCRA, natalizumabe apresentou maior probabilidade de ser a melhor alternativa quando comparado ao fingolimode, porém o resultado foi apresentado apenas graficamente, não sendo possível atribuir os valores de probabilidade para cada intervenção. No desfecho de progressão da incapacidade em 12 semanas (n= 16 estudos; 13.510 pacientes) não houve diferença estatisticamente significante entre natalizumabe e fingolimode (HR 0,73; IC95% 0,52-1,00). A análise de progressão da incapacidade em 24 semanas (n= 16 ensaios; 13.410 pacientes) apresentou superioridade do natalizumabe em comparação ao fingolimode (HR 0,68; IC95% 0,49-0,94), com diferença estatisticamente significante.Referências bibliográficas
1 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação nº 582, de dez 2020. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Esclerose Múltipla. [Acesso em 19 out 2021]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2021/20210409_Relatorio_Recomendacao_582_PCDT_EMRR.pdf.2 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos. Portaria Conjunta SAES/SCTIE/MS nº 03, de 05 de fevereiro de 2021. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Esclerose Múltipla. [Portaria na internet]. Diário Oficial da União 17 fev 2021 [Acesso em 19 out 2021]; Seção 1, (88). Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/Portaria/2021/20210217_Portaria_Conjunta_03.pdf.
3 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Consultas. Produtos da Saúde [Internet]. [acesso em 19 out 2021]. Disponível em: https://consultas.anvisa.gov.br/#/medicamentos/25351216949200755/?substancia=23613.
4 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Medicamentos. Câmera de Regulação do Mercado de Medicamentos. Listas de Preços de Medicamentos [Acesso em 19 outubro 2021]. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/cmed/precos/arquivos/lista_conformidade_2021_10_v1.pdf.
5 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2020. Brasília: Ministério da Saúde; 2020 [Acesso em 19 out 2021]. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/relacao_medicamentos_rename_2020.pdf.
6 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Brasília: Ministério da Saúde; [Acesso em 19 out 2021]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Protocolos/20210416_Portaria_Conjunta_PCDT_Esclerose_Multipla.pdf.
7 TRAMACERE et al. Immunomodulators and immunosuppressants for relapsing- remitting multiple sclerosis: a network meta-analysis (Review). Cochrane Database Syst. Rev. (2015). doi:10.1002/14651858.CD011381.pub2.www.cochranelibrary.com.
8 LI et al. Comparative efficacy and acceptability of disease-modifying therapies in patients with relapsing–remitting multiple sclerosis: a systematic review and network meta-analysis. J. Neurol. (2019). doi:10.1007/s00415-019- 09395-w.
9 LUCCHETTA, R. C. et al. Disease-Modifying Therapies for Relapsing–Remitting Multiple Sclerosis: A Network MetaAnalysis. CNS Drugs 32, 813–826 (2018).
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Nivolumabe para carcinoma de células renais :: Janeiro/2023
Data de elaboração: Janeiro/2023 Data de publicação: Janeiro/2023 O que é o carcinoma de células renais?
Câncer de células renais ou adenocarcinoma de células renais ou Carcinoma de Células Renais (CCR) é o tipo mais comum de câncer de rim. O CCR compreende um grupo heterogêneo de cânceres com diferentes alterações genéticas e moleculares subjacentes aos muitos subtipos histológicos. Os de células claras, papilares (tipos 1 e 2) e cromófobos são os tipos mais comuns de câncer de rim e representam 85-90% de todas as neoplasias renais. Cânceres menos comuns incluem adenoma papilar, carcinoma de células claras cístico multilocular, tumor cromófobo oncocítico híbrido, carcinoma dos ductos coletores de Bellini, carcinoma medular renal, carcinoma associado a neuroblastoma e carcinoma mucinoso tubular e de células fusiformes. Atualmente, foram acrescentados outros cinco subtipos de tumor epitelial de carcinoma de células renais: tubulocístico, doença cística adquirida associada, tubulopapilar de células claras, translocação da família da microftalmia e leiomiomatose hereditária associada à síndrome do CCR1.Os sintomas do CCR incluem dor lombar, hematúria, massa abdominal palpável, síndromes paraneoplásicas e manifestações de doença metastática, como dor óssea, tosse persistente ou linfadenomegalia periférica. O exame físico tem um papel limitado no diagnóstico do CCR. As lesões renais expansivas, sejam sólidas ou císticas, permanecem, na sua maioria, assintomáticas e impalpáveis até os estágios mais avançados da doença2.
Os CCR representam 2 a 3% de todos os cânceres, com maior incidência em países ocidentais, são o sétimo câncer mais comum em homens e o nono mais comum em mulheres e vêm apresentando uma tendência mantida de aumento em sua prevalência. As estatísticas de vigilância epidemiológica relataram que, nos EUA, cerca de 74.000 novos casos de câncer renal foram diagnosticados em 2019, representando 4,2% de todos os diagnósticos de câncer. Uma mortalidade de 175.000 pessoas por câncer renal no mesmo ano foi relatada3.
Dos tipos de CCR, 70% a 80% são tumores de células claras (CRCC), 10% a 15% são carcinomas papilares (ou papilíferos), 3% a 5% são CCR do subtipo cromófobo e 1% é carcinoma de origem dos ductos coletores (tumor de Bellini). Os demais tipos celulares são considerados muitos raros, com prevalência abaixo de 1%. O câncer renal, em 2018, no Brasil, teve a incidência estimada em 10.688 novos casos de neoplasias malignas no adulto com taxa geral padronizada por idade de 4,3 casos por 100.000 habitantes e uma taxa bruta geral de 5,1%. Já a taxa bruta de mortalidade foi de 1,9%, caracterizando um dos cânceres urológicos com maior letalidade. Devido ao alto grau de incerteza que acompanha a projeção de pequenos números, não se recomenda estimar o número de casos de câncer de baixa incidência, como o câncer renal. Assim, por demanda específica, em 2018, o Instituto Nacional de Câncer, do Ministério da Saúde, estimou, em todo Brasil, 6.270 casos de câncer de rim, sendo 3.760 entre homens e 2.510 entre mulheres2.
Existe estratégia de cuidado no SUS para tratar o carcinoma de células renais?
Sim. O SUS oferece estratégia de cuidado que pode ser verificada nas Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas (DDT) do Carcinoma de Células Renais2.A tecnologia possui registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)?
Sim. O nivolumabe foi registrado inicialmente na Anvisa em abril de 2016, sob o nome comercial de Opdivo®. A indicação apresentada em bula4 é para o tratamento de:- Melanoma Avançado (Irressecável ou Metastático);
- Tratamento Adjuvante de Melanoma;
- Câncer de Pulmão de Células Não Pequenas (CPCNP);
- Carcinoma de Células Renais Avançado (CCR);
- Linfoma de Hodgkin Clássico (LHc)
- Carcinoma de Células Escamosas de Cabeça e Pescoço (CCECP);
- Carcinoma Urotelial (CU);
- Carcinoma de Células Escamosas do Esôfago (CCEE);
- Câncer Esofágico ou de Câncer da Junção Gastroesofágica, completamente ressecados (CE, CJEG);
- Carcinoma Hepatocelular (CHC);
- Mesotelioma Pleural Maligno (MPM); e
- Câncer Gástrico, Câncer da Junção Gastroesofágica e Adenocarcinoma Esofágico (CG, CJEG, ACE).
Possui genérico?
Não5.Quais são as marcas dos medicamentos disponíveis no mercado*?
Opdivo® - Solução injetável – 10 mg/mL, frasco-ampola com 4 mL e 10 mL.*Medicamento disponível no mercado de acordo com a lista CMED5, de 13/12/2022.
O medicamento está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename)?
Não, de acordo com consulta realizada à Rename6, em 19/12/2022.Quanto custa o tratamento com nivolumabe?
Considerando a dose inicial recomendada em bula de 240 mg, a cada duas semanas. O custo estimado para o primeiro mês de tratamento é de R$ 49.338,30 (quarenta e nove mil, trezentos e trinta e oito reais e trinta centavos). O valor foi calculado considerando-se o Preço Fábrica (PF) e a alíquota de 18% em relação ao Imposto de Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS) do medicamento de referência, segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED/Anvisa5.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar do carcinoma de células renais?
Sim. O SUS disponibiliza o tratamento para o câncer de rim, conforme a DDT do Carcinoma de Células Renais2. Esclarece-se que para o tratamento de câncer no SUS, não há uma lista específica de medicamentos, vez que o cuidado ao paciente deve ser feito de forma integral nas Unidades de Alta Complexidade em Oncologia (UNACON) ou Centros de Alta Complexidade em Oncologia (CACON). Nesses estabelecimentos de saúde, o fornecimento de medicamentos é feito via autorização de procedimento de alta complexidade (APAC), conforme os procedimentos tabelados. Assim, esses hospitais habilitados como UNACON ou CACON devem oferecer assistência especializada e integral ao paciente com câncer, atuando no diagnóstico e tratamento do paciente, sendo ressarcidos pelo gestor federal quando da realização dessa assistência, inclusive farmacêutica, de acordo com valores pré-estabelecidos na Tabela de Procedimentos do SUS.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde – Conitec – já avaliou a tecnologia para esta condição clínica?
Sim, a Conitec avaliou o nivolumabe, para o tratamento do CCR, em 2021, em duas ocasiões. Para o tratamento de segunda linha de pacientes com CCR metastático, juntamente com o cabozantinibe; e, para tratamento de primeira linha de cancer de células renais, juntamente com o pembrolizumabe, axitinibe e ipilumumabe. Durante a 100ª reunião ordinária, realizada no dia 05 de agosto de 2021, os membros da Comissão deliberaram, por unanimidade, por recomendar a não incorporação do cabozantinibe e do nivolumabe para o tratamento de segunda linha para pacientes com CCR metastático. O Plenário entendeu que a consulta pública não agregou informações adicionais ao relatório que pudessem alterar a recomendação preliminar, já que não foram enviados estudos que alterassem as evidências científicas apresentadas ou propostas de preço que justificassem sua incorporação. O documento técnico foi encaminhado ao Secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos em Saúde (SCTIE/MS), que ratificou a recomendação e publicou a Portaria SCTIE/MS nº 58/2021, no Diário Oficial da União (DOU) nº 168, de 03/09/2021, Seção 1, pág. 113. Na mesma reunião ordinária, os membros da Conitec, deliberaram por unanimidade recomendar a não incorporação de axitinibe + pembrolizumabe e nivolumabe + ipilimumabe para tratamento de primeira linha de câncer de células renais. O Plenário entendeu que não foram enviadas na consulta pública evidências ou informações adicionais que pudessem alterar a recomendação preliminar. O documento técnico foi encaminhado ao Secretário da SCTIE/MS, que ratificou a recomendação e publicou a Portaria SCTIE/MS nº 55/2021, no DOU nº 164, de 30/08/2021, Seção 1, pág. 159.O que a literatura científica relata sobre o uso dessa tecnologia para o CCR?
Motzer et al (2020)7, em Ensaio Clínico Randomisado (ECR), com 821 pacientes com com carcinoma renal de células claras avançado previamente tratados com uma ou duas terapias antiangiogênicas foram randomizados, em estudo aberto, multicentrico, de fase III, comparou nivolumabe com everolimo em tratamento de segunda linha do CCR, em que sobrevida global foi o desfecho primário analisado. Foram incluíada análises de desfechos secundários como taxa de resposta objetiva e segurança da tecnologia. Como resultado, a mediana de sobrevida global (intervalo de confiança de 95% [IC]) foi de 25,0 meses (21,8 a não estimável) com nivolumabe e 19,6 meses (17,6 a 23,1) com everolimo; a taxa de risco de morte com nivolumabe x everolimus foi de 0,73 (98,5% IC, 0,57 a 0,93; P=0,0018), atendendo ao critério predefinido de superioridade (P≤0,0148); a taxa de resposta objetiva foi maior com nivolumabe (25%) do que com everolimo (5%); a mediana de sobrevida livre de progressão foi de 4,6 meses com nivolumabe e 4,4 meses com everolimo (hazard ratio, 0,88; 95% CI, 0,75 a 1,03; P=0,11). Concluiu-se que a sobrevida global foi maior e ocorreram menos eventos adversos de grau 3 ou 4 para nivolumab versus everolimo em pacientes com experiência de tratamento com carcinoma de células renais avançado.Em outro estudo Motzer et al (2020)8, esse de extensão, no qual foi verifica a extensão em que os benefícios de resposta e sobrevida persistem, com regimes baseados em imunoterapia. Através de acompanhamento de longo prazo com pacientes com CCR avançado recebendo nivolumabe e ipilimumabe (NIVO+IPI) de primeira linha versus sunitinibe (SUN), no estudo de fase III (CheckMate 214), avaliados após um tempo mínimo de 42 meses de acompanhamento. Os pacientes estratificados pelo risco e região do International Metastatic Renal Cell Carcinoma Database Consortium (IMDC) foram randomizados para nivolumabe (3 mg/kg) mais ipilimumabe (1 mg/kg) a cada 3 semanas por quatro doses, seguido de nivolumabe (3 mg/kg) a cada 2 semanas; ou Sunitinibe (50 mg) uma vez por dia durante 4 semanas (ciclo de 6 semanas). Desfechos primários: sobrevida global (SG), sobrevida livre de progressão (SLP) e taxa de resposta objetiva (ORR) por comitê independente de revisão de radiologia em pacientes de risco intermediário/risco baixo do IMDC. Desfechos secundários: SG, SLP e ORR na população com intenção de tratar (ITT) e segurança. Como resultados, entre a ITT, 550 foram randomizados para NIVO+IPI e 546 para SUN. Entre os pacientes de risco intermediário/baixo risco, SG (HR, 0,66; IC 95%, 0,55–0,80) e SLP (HR, 0,75; IC 95%, 0,62–0,90) foram observados, e ORR foi maior (42,1% vs 26,3%) com NIVO+IPI versus SUN. Em pacientes ITT, ambos os benefícios SG (HR, 0,72; 95% CI, 0,61–0,86) e maior ORR (39,1% vs 32,6%) foram observados com NIVO+IPI versus SUN. Em pacientes de risco favorável, hazard ratio (HR) para morte foi de 1,19 (95% CI, 0,77–1,85) e ORR foi de 28,8% com NIVO+IPI versus 54,0% com SUN. A duração da resposta foi mais longa (HR, 0,46–0,54) e mais pacientes alcançaram resposta completa (10,1%–12,8% vs 1,4%–5,6%) com NIVO+IPI versus SUN, independentemente do grupo de risco. De posse dos dados chegou-se às conclusões de que NIVO+IPI levou a melhores resultados de eficácia versus SUN em pacientes de risco intermediário/baixo risco e ITT que foram mantidos por um acompanhamento mínimo de 42 meses. Uma taxa de resposta completa >10% foi alcançada com NIVO+IPI independentemente da categoria de risco, sem novos sinais de segurança detectados em nenhum dos braços. Esses resultados suportam NIVO+IPI como uma opção de tratamento de primeira linha com potencial para resposta duradoura.
Referências bibliográficas
1 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação n°. 661, jun 2021. Cabozantinibe ou nivolumabe para o tratamento de segunda linha para pacientes com carcinoma de células renais metastático [Acesso em 20 dez 2022]. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/2021/20210903_relatorio_cabozantinibe_nivolumabe_ccr_segunda_linha.pdf.2 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Especializada à Saúde e Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Portaria n° 20 de 27 de outubro de 2022. Aprova as Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas do Carcinoma de Células Renais. [portaria na internet] Diário Oficial da União 7 novembro 2022. [Acesso em 20 dez 2022], Seção 1, (210) . Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/portaria/2022/20221109_portaria_conjunta_n20.pdf.
3 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação n°. 660, ago 2021. Pembrolizumabe, axitinibe, ipilimumabe e nivolumabe para tratamento de primeira linha de câncer de células renais [Acesso em 20 dez 2022]. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/2021/20210830_relatorio_660_pembrolizumabe_axitinibe_ipilimumabe_nivolumabe_ccr_1_linha_final.pdf.
4 Opdivo. [Bula]. Brasil: Bristol-Myers Squibb Farmacêutica Ltda.
5 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Medicamentos. Câmera de Regulação do Mercado de Medicamentos. Listas de Preços de Medicamentos [Acesso em 19 dezembro 2022]. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/cmed/precos.
6 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2022. Brasília: Ministério da Saúde; 2022 [Acesso em 19 dezembro 2022]. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/20220128_rename_2022.pdf.
7 Motzer RJ, Tykodi SS, Escudier B, Oudard S, Hammers HJ, McDermott DF, et al. Final analysis of the CheckMate 025 trial comparing nivolumab (NIVO) versus everolimus (EVE) with >5 years of follow-up in patients with advanced renal cell carcinoma (aRCC). J Clin Oncol. 2020;38(6_suppl):617. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5719487/.
8 Motzer RJ, Escudier B, McDermott DF, Arén Frontera O, Melichar B, Powles T, et al. Survival outcomes and independent response assessment with nivolumab plus ipilimumab versus sunitinib in patients with advanced renal cell carcinoma: 42-month follow-up of a randomized phase 3 clinical trial. J Immunother Cancer. 2020;8(2). Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7359377/.
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Nivolumabe para melanoma :: Maio/2021
Data de elaboração: Maio/2021 Data de publicação: Maio/2021 O que é Melanoma?
O melanoma é um câncer de pele bastante agressivo. Apesar de não estar entre os tumores com maior incidência, a sua agressividade se deve ao grande potencial de disseminação1. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a cada ano são diagnosticados 132 mil novos casos de melanoma no mundo. No ano de 2018, um total de 6.260 novos casos de melanoma maligno de pele foram estimados no Brasil, com a maioria dos casos (cerca de 78%) nas regiões Sul e Sudeste. O nível de letalidade do melanoma é bastante elevado e tem aumentado no decorrer dos anos, 1.794 óbitos em 2015. O melanoma maligno acomete principalmente pessoas de pele clara na faixa entre 30 e 60 anos em ambos os sexos2, sendo a exposição à radiação ultravioleta (UV) da luz solar, em particular ao espectro de UV-B, o principal fator de risco para o desenvolvimento. A incidência de melanoma cutâneo é bastante variável entre os países, mas está diretamente relacionada às variações no fenótipo da pele e aos níveis de exposição solar3. O estadiamento é o principal fator prognóstico do melanoma que dependerá da profundidade da invasão da lesão primária, do comprometimento de linfonodos e da presença de metástase à distância, sendo as metástases sistêmicas responsáveis pela menor sobrevida2. A maioria dos pacientes com melanoma recém-diagnosticado apresenta doença em estágio inicial. Para esses pacientes, o tratamento se dá com remoção cirúrgica do tumor original o que evita a disseminação para outras partes do corpo. No entanto, quando diagnosticado em estágio tardio, o melanoma pode se espalhar e atingir vários órgãos como pulmões, fígado, ossos e cérebro. Alguns pacientes podem apresentar recidiva posterior da doença disseminada, enquanto aproximadamente 10% dos casos de melanoma são diagnosticados em estágio avançado e são irressecáveis ou já metastáticos podendo apresentar envolvimento visceral e cerebral no momento do diagnóstico, com um prognóstico ruim e dificuldade de resposta ao tratamento1,3. O tratamento do melanoma irressecável e metastático tem como objetivo principal aumentar a sobrevida dos pacientes, considerando o balanço entre o controle de sintomas da doença e a ocorrência de eventos adversos da terapia e o consequente impacto na qualidade de vida2.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Melanoma?
Sim. O SUS oferece estratégia de cuidado que pode ser verificada nas Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas (DDT) do Melanoma Maligno Cutâneo, publicada por meio da Portaria4 SAS nº 357, de 8 de abril de 2013. Este documento inclui critérios de classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados à saúde, de diagnóstico clínico e estadiamento, opções terapêuticas, monitorização do tratamento, acompanhamento pós-tratamento e regulação/controle/avaliação pelo gestor, dentro do SUS5.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O nivolumabe foi registrado na Anvisa em novembro de 2016, sob o nome comercial Opdivo®. O nivolumabe possui indicação em bula para:
- monoterapia ou em combinação com ipilimumabe para o tratamento de melanoma avançado (irressecável ou metastático);
- tratamento adjuvante de adultos com melanoma com envolvimento de linfonodos ou doença metastática completamente ressecada;
- tratamento de câncer de pulmão de células não pequenas (CPCNP) localmente avançado ou metastático com progressão após quimioterapia à base de platina;
- tratamento de carcinoma de células renais (CCR) avançado após terapia antiangiogênica prévia;
- em combinação com ipilimumabe é indicado para o tratamento em primeira linha de pacientes adultos com carcinoma de células renais avançado ou metastático que possuem risco intermediário ou alto (desfavorável);
- tratamento de pacientes com Linfoma de Hodgkin clássico (LHc) em recidiva ou refratário após transplante autólogo de células-tronco (TACT) seguido de tratamento com brentuximabe vedotina;
- tratamento de pacientes com carcinoma de células escamosas de cabeça e pescoço (CCECP) recorrente ou metastático, com progressão da doença durante ou após terapia à base de platina;
- tratamento de pacientes com carcinoma urotelial (CU) localmente avançado irressecável ou metastático após terapia prévia à base de platina;
- o tratamento de carcinoma de células escamosas do esôfago (CCEE) irressecável avançado ou metastático após quimioterapia prévia à base de fluoropirimidina e platina;
- em combinação com ipilimumabe é indicado para o tratamento de pacientes com carcinoma hepatocelular (CHC) que foram tratados anteriormente com sorafenibe e que não são elegíveis ao tratamento com regorafenibe ou ramucirumabe; e
- em combinação com ipilimumabe é indicado para o tratamento em primeira linha de pacientes adultos com mesotelioma pleural maligno (MPM) irressecável6.Possui biossimilar?
Não7.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Opdivo® 100mg – Frasco de 10mL (10mg/mL) – solução injetável.
Opdivo® 40mg – Frasco de 4mL (10mg/mL) – solução injetável.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED7 de 05/05/2021.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Considerando que este medicamento é de uso hospitalar, ele não está padronizado na Rename8. Apesar disso, seu uso pode ser adotado pelos hospitais.Quanto custa o tratamento com Nivolumabe?
Para tratamento do melanoma em monoterapia, a dose recomendada é de 240mg de nivolumabe a cada 2 semanas ou 480mg a cada 4 semanas, o que representa 480mg (4 frascos de 100mg e 2 frascos de 40mg) mensal administrados por infusão intravenosa. O custo estimado mensal foi de R$ 44.492,98. Para tratamento do melanoma em combinação com ipilimumabe, a dose recomendada de nivolumabe é de 1mg/Kg (Paciente de 70Kg - 70mg – 2 frascos de 40mg) a cada 3 semanas para as primeiras 4 doses em combinação com ipilimumabe 3mg/Kg. Portanto, o custo estimado de nivolumabe na fase combinada foi de R$ 29.662,00 (para 4 doses). Os valores foram calculados considerando-se o Preço Fábrica (PF) estabelecido pela Anvisa e a alíquota de 18% em relação ao ICMS do medicamento de referência Opdivo®, segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED/Anvisa7.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Melanoma?
Sim. O SUS disponibiliza o tratamento para o melanoma, conforme a DDT do Melanoma Maligno Cutâneo5. Esclarece-se que para o tratamento de câncer no Sistema Único de Saúde, não há uma lista específica de medicamentos, vez que o cuidado ao paciente deve ser feito de forma integral nas Unidades de Alta Complexidade em Oncologia – UNACON ou Centros de Alta Complexidade em Oncologia – CACON. Nesses estabelecimentos de saúde, o fornecimento de medicamentos é feito via autorização de procedimento de alta complexidade (APAC), conforme os procedimentos tabelados. Assim, esses hospitais habilitados como UNACON ou CACON devem oferecer assistência especializada e integral ao paciente com câncer, atuando no diagnóstico e tratamento do paciente.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, a Conitec avaliou o nivolumabe para o tratamento de primeira linha do melanoma avançado não-cirúrgico e metastático. Durante a 88ª reunião ordinária, realizada no dia 08 de julho de 2020, os membros da Comissão deliberaram, por unanimidade, por recomendar a incorporação no Sistema Único de Saúde da classe anti-PD1 (nivolumabe ou pembrolizumabe), para tratamento de primeira linha do melanoma avançado não cirúrgico e metastático, conforme modelo da assistência oncológica no SUS2. O documento técnico foi encaminhado ao Secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde (SCTIE/MS), que ratificou a recomendação e publicou a Portaria SCTIE/MS nº 23/20209, no Diário Oficial da União (DOU) nº 149, de 05/08/2020, Seção 1, pág. 91.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Pike et. al 2017, realizaram uma revisão sistemática com metanálise em rede que incluiu 17 Ensaios Clínicos Randomizados (ECR) e 7.482 participantes com o objetivo de comparar as terapias vemurafenibe, dabrafenibe, vemurafenibe + cobimetinibe, dabrafenibe + trametinibe, selumetinibe, ipilimumabe, ipilimumabe + dacarbazina, nivolumabe + ipilimumabe, nivolumabe ou pembrolizumabe, tremelimumabe, ipilimumabe + sargramostim e avaliar os desfechos de eficácia (sobrevida global –SG e sobrevida livre de progressão - SLP). Quando comparadas ao tratamento padrão com dacarbazina, todas as terapias demonstraram superioridade estatisticamente significativa, tanto no desfecho de SLP quanto em SG (exceto dabrafenibe isolado), com estimativas de efeito maiores para as terapias combinadas do que terapias isoladas. Em relação à SLP, não houve diferença estatística entre as diferentes terapias dentro da mesma classe (vemurafenibe vs. dabrafenibe; vemurafenibe + cobimetinibe vs. dabrafenibe + trametinibe) ou entre as terapias-alvo combinadas, que incluem vemurafenibe + cobimetinibe e dabrafenibe + trametinibe, e a imunoterapia combinada com nivolumabe + ipilimumabe (HR 0,83; IC95% 0,58-1,18). Em relação à SG, maior benefício na redução do risco de morte foi demonstrado com a combinação de nivolumabe + ipilimumabe (67%; 23% no pior cenário) seguida das imunoterapias isoladas anti-PD-1 (nivolumabe e pembrolizumabe) (54%; 41% no pior cenário), terapias-alvo combinadas (vemurafenibe + cobimetinibe e dabrafenibe + trametinibe) (44-46%; 23-27% no pior cenário), imunoterapia isolada com ipilimumabe (32%; 7% no pior cenário) e terapia-alvo isolada com vemurafenibe (20%; 3% no pior cenário).
A taxa de SG nos períodos de um a cinco anos foi avaliada em ECRs referenciados no estudo de Zoratti et al. 2019, uma revisão sistemática com metánálise em rede que incluiu 15 ECR e 6.662 participantes, o estudo demonstrou que mais da metade dos pacientes em uso das terapias-alvo e imunoterapias encontravam-se vivos (exceto na terapia com ipilimumabe + dacarbazina) no primeiro ano. As taxas de sobrevida foram aproximadamente 60% para terapia-alvo isolada e imunoterapia isolada anti-CTLA-4 (ipilimumabe), 70% para imunoterapia isolada com anti-PD-1 (nivolumabe ou pembrolizumabe) e 74% para terapia-alvo combinada e imunoterapia combinada, em contraste com a taxa aproximada de 40% produzida pela dacarbazina. Este benefício em relação à dacarbazina se manteve sustentado nos períodos subsequentes; enquanto a taxa de sobrevida aos quatro anos de seguimento foi menor do que 10% para dacarbazina, para o ipilimumabe foi 30%, para a terapia-alvo combinada 37%, para nivolumabe 46% e para imunoterapia combinada 53%, valores ligeiramente superiores àqueles reportados em 5 anos de seguimento. A sobrevida mediana dos pacientes em uso de dacarbazina foi de aproximadamente 11 meses, naqueles em uso de terapia-alvo isolada foi de 17 meses, terapia alvo combinada e imunoterapia isolada anti-CTLA-4 (ipilimumabe) de 24 meses, imunoterapia isolada anti-PD-1 (nivolumabe ou pembrolizumabe) de 36 meses e imunoterapia combinada de 60 meses.
Ao avaliar os eventos adversos (graus 3 a 4), Pike et al., 2017 demostraram que tanto a imunoterapia combinada entre si (nivolumabe + ipilimumabe) como a imunoterapia combinada com dabarbazina (ipilimumabe + dacarbazina) apresentaram risco aumentado de eventos adversos (RR= 1,28; IC95%: 0,46-3,88 e RR= 1,51; IC95%: 0,58-3,57, respectivamente), embora essas comparações não tenham demonstrado serem estatisticamente significativas, considerando a baixa frequência de ocorrência desses eventos. A revisão sistemática com metanálise em rede de Pasquali e colaboradores 2018, que incluiu 19 ECR e 7.632 participantes comparou terapias-alvo isoladas (vemurafenibe ou dabrafenibe); terapia-alvo combinada (vemurafenibe + cobimetinibe ou dabrafenibe + trametinibe); imunoterapia isolada (ipilimumabe e nivolumabe ou pembrolizumabe) e imunoterapia combinada (ipilimumabe + nivolumabe) na avaliação de eventos adversos (graus 3 a 4) e os resultados demonstraram novamente um risco aumentado de eventos adversos na imunoterapia combinada (RR= 3,49; IC95%: 2,12-5,77) em comparação a imunoterapia isolada (RR= 0,91; IC95%: 0,58-1,43 para nivolumabe ou pembrolizumabe e RR= 1,65; IC95%: 1,09-2,49 para ipilimumabe). A imunoterapia isolada (nivolumabe ou pembrolizumabe) apresentou menor risco destes eventos, ambas comparações sem significância estatística2.Referências bibliográficas
1 Pasquali S, Hadjinicolaou AV, Chiarion Sileni V, Rossi CR, Mocellin S. Systemic treatments for metastatic cutaneous melanoma. Cochrane Database Syst Rev. 2018 Feb 6;2(2). [Acesso em 31 mai 2021]. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6491081/.
2 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação n°. 541, de jul 2020. Terapia-alvo (vemurafenibe, dabrafenibe, cobimetinibe, trametinibe) e imunoterapia (ipilimumabe, nivolumabe, pembrolizumabe) para o tratamento de primeira linha do melanoma avançado não-cirúrgico e metastático. [Acesso em 31 mai 2021]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2020/Relatorio_541_TerapiaAlvo_Melanoma_Final_2020.pdf.
3 Leonardi GC, Falzone L, Salemi R, Zanghì A, Spandidos DA, Mccubrey JA et al. Cutaneous melanoma: From pathogenesis to therapy (Review). Int J Oncol 2018 Apr;52(4):1071-80. [Acesso em 31 mai 2021]. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5843392/.
4 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Portaria nº 357, de 8 de abril de 2013. Aprova as Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas do Melanoma Maligno Cutâneo. [portaria na internet]. Diário Oficial da União 9 abr 2013 [Acesso em 31 mai 2021]; Seção 1, (67). Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/Portaria/2013/Portaria_SAS_357_2013.pdf.
5 Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 357, de 8 de abril de 2013. Aprova as Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas do Melanoma Maligno Cutâneo. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. [Acesso em 31 mai 2021]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Protocolos/DDT/Melanoma-Maligno-Cutaneo.pdf.
6 Opdivo. [Bula]. EUA: Bristol-Myers Squibb Farmacêutica LTDA.
7 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Medicamentos. Câmera de Regulação do Mercado de Medicamentos. Listas de Preços de Medicamentos [Acesso em 31 mai 2021]. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/374947/6015130/LISTA_CONFORMIDADE_GOV_2020_09_v3.pdf/234bb4d0-934d-4c3a-9443-ff52df041f8c.
8 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2020. Brasília: Ministério da Saúde; 2020 [Acesso em 31 mai 2021]. Disponível em: http://portalms.saude.gov.br/assistencia-farmaceutica/medicamentos-rename.
9 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Portaria nº 23, de 4 de agosto de 2020. Torna pública a decisão de incorporar a classe anti-PD1 (nivolumabe e pembrolizumabe) para o tratamento de primeira linha do melanoma avançado não-cirúrgico e metastático, conforme o modelo da assistência oncológica, no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS. [portaria na internet]. Diário Oficial da União 5 ago 2020 [Acesso em 31 mai 2021]; Seção 1, (149). Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/Portaria/2020/Portaria_SCTIE_23_05_08_2020.pdf. -
Nusinersena para atrofia muscular espinhal :: Janeiro/2023
Data de elaboração: Janeiro/2023 Data de publicação: Fevereiro/2023 O que é atrofia muscular espinhal (AME)?
As AME são um grupo diverso de desordens genéticas que afetam o neurônio motor espinhal. A AME 5q é a forma mais comum entre esse grupo de doenças neuromusculares hereditárias autossômicas recessivas, causada por alterações no locus do gene de sobrevivência do neurônio motor. O locus, constituído pelos genes de sobrevivência do neurônio motor 1 (SMN1) e de sobrevivência do neurônio motor 2 (SMN2), sintetiza a proteína de Sobrevivência do Neurônio Motor (SMN), fundamental para a manutenção dos neurônios motores. A ocorrência de mutações nesses genes constitui o principal mecanismo molecular associado a AME 5q e resulta na produção de baixos níveis de SMN. A falta da protéina SMN resulta em degeneração e perda progressiva da função desses neurônios, resultando em fraqueza, hiporreflexia e atrofia simétrica progressiva com predomínio dos músculos voluntários proximais de membros inferiores, superiores, e, durante a progressão da doença, pode afetar os músculos axiais, da respiração e bulbares que, por sua vez, pode gerar falha respiratória e morte. O início da fraqueza varia desde antes do nascimento até a idade adulta. A AME 5q é a causa mais frequente de morte infantil decorrente de uma condição monogênica, apresentando uma prevalência de 12 em 100.000 pessoas e incidências de 1 a cada 6.000 até 1 a cada 11.000 nascidos vivos. O diagnóstico é baseado em testes genéticos moleculares. A classificação clínica da AME 5q é dada pela idade de seu início e máxima função motora adquirida, podendo ser classificada em quatro tipos. Na AME 5q tipo 1, de início precoce, mais grave e mais comum (58% dos casos), os pacientes apresentam hipotonia, controle insuficiente da cabeça, redução de reflexos ou arreflexia antes dos 6 meses de idade e geralmente evoluem para uma insuficiência respiratória antes dos 2 anos de vida. Na AME 5q tipo 2, caracterizada pela manifestação de sintomas entre 6 e 18 meses de idade (27% dos casos), os pacientes, em geral, não ficam de pé ou andam independentemente, a escoliose ocorre universalmente e é um fator contribuinte significativo para distúrbios de ventilação restritivos. O tipo 3 corresponde a 13% dos casos e o tipo 4 menos de 5% dos portadores da mutação. O início dos sintomas nesses subtipos ocorre após os 18 meses de vida e a maioria dos pacientes alcança a vida adulta, com expectativa de vida variável entre os tipos1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde (SUS) para tratar a AME?
Sim. O SUS oferece estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da da Atrofia Muscular Espinhal 5q tipos 1 e 2, publicado por meio da Portaria Conjunta SAES/SCTIE nº 3, de 18 de janeiro de 2022. Este documento inclui o conceito geral da AME 5q tipos 1 e 2, critérios de diagnóstico, critérios de inclusão e de exclusão, tratamento e mecanismos de regulação, controle e avaliação1.A tecnologia possui registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária Sanitária (Anvisa)?
Sim. A nusinersena foi registrada na Anvisa em agosto de 2017, sob o nome comercial Spinraza®. A indicação apresentada em bula é para tratamento da AME 5q2.Possui genérico?
Não3.Quais são as marcas do medicamento disponíveis no mercado*?
Spinraza® - Solução injetável – 2,4 mg/mL – frasco 5 mL.*Medicamento disponível no mercado de acordo com a lista CMED3 de 03/01/2023, atualizada em 09/01/2023.
O medicamento está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename)?
Sim, de acordo com consulta realizada à Rename4, em 04/01/2023.Quanto custa o tratamento com nusinersena?
De acordo com a bula, as três primeiras doses, de 12 mg cada, do tratamento devem ser administradas em intervalos de 14 dias (D0, D14 e D28) e a quarta dose (12 mg) deve aplicada 30 dias após a terceira dose (D63). As doses de manutenção serão administradas (12 mg) a cada 4 meses. O valor do tratamento inicial (4 doses) será de R$ 1.489.913,80; o valor de cada dose de manutenção corresponderá a R$ 372.478,45. O valor foi calculado considerando-se o Preço Máximo de Venda ao Governo (PMGV) e a alíquota de 18% em relação ao em relação ao Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS) do medicamento Spinraza®, segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED/Anvisa)3, pois esse medicamento consta na lista com aplicação do desconto do Coeficiente de Adequação de Preços (CAP).O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar a AME?
Sim, de acordo com o PCDT da AME 5q tipo I1, uma conduta multidisciplinar é o elemento-chave na atenção aos pacientes com atrofia muscular espinhal, incluindo nutricionistas, enfermeiros, fonoaudiólogos e fisioterapeutas, além dos cuidados médicos. O tratamento não medicamentoso desses pacientes abrange, essencialmente, os cuidados nutricionais, respiratórios e ortopédicos.O medicamento preconizado para AME 5q tipo I é:
Medicamento Forma farmacêutica Concentração Nusinersena Solução injetável 2,4 mg/mL O financiamento e aquisição desse medicamento está sob responsabilidade do Ministério da Saúde, competindo às Secretarias de Saúde dos Estados e Distrito Federal a responsabilidade pela programação, armazenamento, distribuição e dispensação.
Ante a recente incorporação do risdiplam para tratamento da AME tipo I e II o PCDT da condição está sendo atualizado para preconizar o medicamento e estabelecer os critérios de elegibilidade dos pacientes, bem como a posologia, mecanismos de controle clínico e o acompanhamento e a verificação dos resultados terapêuticos.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) já avaliou a tecnologia para esta condição clínica?
Sim, a Conitec avaliou a nusinersena em dois momentos distintos para tratamento da AME. Durante a 76ª Reunião Ordinária, realizada no dia 04 de abril de 2019, os membros da Comissão recomendaram, por unanimidade, “a incorporação no SUS do nusinersena para AME 5q tipo I, para pacientes com diagnóstico genético confirmatório que não estejam em ventilação mecânica invasiva permanente contínua (24 horas por dia)”. Pontuou-se que “caso sejam apresentadas evidências adicionais sobre eficácia, efetividade e segurança do nusinersena para tratamento dos tipos II e III de AME 5q, o tema poderá ser reavaliado”[5]. O documento técnico foi encaminhado ao então Secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, que ratificou a recomendação e publicou a Portaria SCTIE/MS nº 24/2019, no Diário Oficial da União (DOU) nº 79, de 25/04/2019, Seção 1, pág. 52. Os membros do Plenário presentes na 5ª Reunião Extraordinária, no dia 12 de maio de 2021, deliberaram, por maioria simples, recomendar a incorporação da nusinersena para tratamento da AME 5q tipo II, conforme PCDT da AME; e pela não incorporação do medicamento para tratamento da AME 5q tipo III6. Considerou-se que “o elevado custo do medicamento e seu uso por toda a vida, são imprescindíveis estudos que apresentem dados mais robustos, demonstrando benefícios mais claros e informações mais detalhadas sobre a segurança do medicamento a longo prazo para subsidiar a tomada de decisão.”. O Secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde (SCTIE/MS) acatou as recomendações e publicou a Portaria SCTIE/MS nº 26/2021 no DOU nº 103, de 02/06/2021, Seção 1, pág. 119.O que a literatura científica relata sobre o uso dessa tecnologia para AME?
O Ensaio Clínico Randomizado (ECR) ENDEAR, de Finkel et al (2017)7, um estudo de fase III controlado por simulação, duplo-cego e multicêntrico avaliou crianças diagnosticadas com AME, com início dos sintomas até os seis meses de idade e duas cópias de SMN2, além de deleção/mutação no gene SMN1. Os desfechos primários foram a resposta na escala motora motor-milestone HINE-2 e sobrevida livre de eventos (tempo até a morte ou o uso de ventilação assistida permanente). Na análise interina, um número estatisticamente maior de pacientes do grupo nusinersena apresentaram resposta à escala motor milestone HINE-2 (41% versus 0%, p<0,001); na análise final, a proporção foi de 51% versus 0%. Nessa análise, das crianças que receberam nusinersena, 22% alcançaram o controle da cabeça, 10% conseguiram rolar, 8% podiam sentar sozinhos e 1% conseguia ficar em pé. Nenhum participante do grupo controle atingiu qualquer um desses marcos motores. A sobrevida livre de evento foi estatisticamente maior no grupo que recebeu nusinersena quando comparado ao controle (61% versus 32%, p= 0,005). Até a data limite da análise final, 39% das crianças no grupo nusinersena e 68% no grupo controle morreram ou receberam ajuda permanente de ventilação, sendo que mediana de tempo até o evento foi de 22,6 semanas no grupo controle e não foi alcançado no grupo nusinersena. O risco de morte ou uso de ventilação assistida permanente foi 47% menor no grupo nusinersena do que no grupo controle (hazard ratio=0,53; IC95% 0,32-0,89; P=0,005). Um número significativamente maior de crianças do grupo nusinersena apresentou resposta à escala Children's Hospital of Philadelphia Infant Test of Neuromuscular Disorders (CHOP INTEND), quando comparado ao grupo controle (71% versus 3%, p <0,0001). Um total de 36% das crianças do grupo nusinersena e 5% das do grupo controle apresentaram resposta CMAP (p<0,001), escala utilizada para medir o grau de inervação muscular. A incidência de eventos adversos ocorridos nas 72 horas após a administração do medicamento ou simulação do procedimento foram superiores no grupo nusinersena (64% versus 59%), sendo a ocorrência de infecções a mais comumente relatada (25% versus 10%).O ECR CHERISH, conduzido por Mercuri et al (2018)8, um estudo fase 3, duplo-cego, controlado com placebo avaliou a eficácia e segurança do nusinersena para tratamento da AME 5q em pacientes com o início tardio da doença (AME 5q tipos II e III), com deleção homozigótica, mutação ou heterozigoto composto em SMN1, com início dos sintomas após os seis meses de idade, idade de 2 a 12 anos, habilidade de sentar-se de forma independente, ausência de histórico de habilidade de andar de forma independente e escore HFMSE entre 10 e 54. O desfecho primário foi a melhora da função motora, por meio da diferença média dos quadrados mínimos no escore Hammersmith Functional Motor Scale - Expanded (HFMSE) da linha de base ao 15º mês. Os desfechos das escalas World Health Organization (WHO) Motor Milestone e Revised Upper Limb Module (RULM) e incidência de eventos adversos também foram avaliados. Os resultados da escala HFMSE mostraram, na análise interina, uma diferença estatisticamente significante para o grupo nusinersena (4,0 versus -1,9; p<0,001) na diferença médica dos quadrados mínimos; na análise final, para o desfecho primário, houve uma diferença de 3,9 pontos no grupo intervenção e -1,0 ponto no grupo controle. A porcentagem de crianças que obteve aumento de três ou mais pontos na escala HFMSE foi estatisticamente significante entre os grupos nusinersena e controle (57% versus 26%, respectivamente). No escore RULM, a diferença média dos quadrados mínimos no grupo nusinersena apresentou um aumento em 4,2 pontos e no grupo controle em 0,5 pontos. A porcentagem de crianças que atingiram pelo menos um novo WHO motor milestone não diferiu significativamente entre os dois grupos (20%, IC 95% 11-31 no grupo nusinersena e 6%, IC 95% 1-20 no grupo controle; p = 0,08). A incidência de eventos adversos foi similar para os pacientes tratados com nusinersena e controle (93% versus 100%, respectivamente), sendo que os mais graves foram reportados em 55% dos pacientes do grupo controle e em 46% do grupo intervenção.es2.
Referências bibliográficas
1 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Especializada à Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Portaria Conjunta nº 03, de 18 de janeiro de 2022. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Atrofia Muscular Espinhal 5q tipos 1 e 2 [portaria na internet]. Diário Oficial da União 31 de janeiro de 2022 [acesso em 04 jan 2023]; Seção 1, (21). Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/protocolos/20220201_portal_portaria_conjunta_3_pcdt_ame_5q_tipos_ieii.pdf.2 Spinraza. [bula]. Brasil: Biogen Brasil Produtos Farmacêuticos LTDA.
3 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Medicamentos. Câmera de Regulação do Mercado de Medicamentos. Listas de Preços de Medicamentos [Acesso em 04 jan 2023]. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/cmed/precos.
4 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2022. Brasília: Ministério da Saúde; 2022 [Acesso em 04 jan 2023]. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/20220128_rename_2022.pdf.
5 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação nº 449, de abril 2019. Nusinersena para Atrofia Muscular Espinhal 5q. [Acesso em 04 jan 2023]. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/2019/relatorio_nusinersena_ame5q.pdf.
6 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação nº 595, de maio 2021. Nusinersena para tratamento da Atrofia Muscular Espinhal 5q tipo II e III (início tardio) [Acesso em 04 jan 2023]. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/2021/20210602_relatorio_595_nusinersena_ame5q_2e3_p_26.pdf.
7 FINKEL R.S.; MERCURI E.; DARRAS B.T., et al. Nusinersen versus Sham Control in Infantile-Onset Spinal Muscular Atrophy. New England Journal of Medicine. 2017;377:1723-32. DOI: 10.1056/NEJMoa1702752.
8 Mercuri E, Darras BT, Chiriboga CA, Day JW, Campbell C, Connolly AM, et al. Nusinersen versus sham control in later-onset spinal muscular atrophy. N Engl J Med. 2018;378(7):625–35.
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Ocrelizumabe para esclerose múltipla :: Novembro/2018
Data de elaboração: Novembro/2018 Data de publicação: Novembro/2018 O que é Esclerose Múltipla?
A Esclerose múltipla (EM) é uma doença autoimune, que acomete o sistema nervoso central (SNC), mais especificamente a substância branca (uma parte mais clara no interior do cérebro), caracterizada por uma reação inflamatória na qual são danificadas as bainhas de mielina (uma capa de tecido adiposo que protege as células nervosas)1. Há quatro formas de evolução clinicada EM: 1) remitente-recorrente, 2) primariamente progressiva, 3) primariamente progressiva com surto e 4) secundariamente progressiva2. O quadro clínico se manifesta, na maioria das vezes, por surtos ou ataques agudos. Os sintomas mais comuns são: neurite óptica, parestesia de membros, disfunções da coordenação e equilíbrio, mielites, disfunções esfincterianas e disfunções cognitivo-comportamentais, de forma isolada ou em combinação3. No Brasil, a taxa de prevalência é de aproximadamente 15 casos por cada 100.000 habitantes4. Geralmente, a EM se manifesta em jovens adultos e é mais frequente em mulheres1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Esclerose Múltipla?
Sim. O tratamento da esclerose múltipla, no âmbito do SUS, é realizado de acordo com os critérios estabelecidos no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Esclerose Múltipla, que especifica o diagnóstico e o tratamento adequado, garantindo o cuidado continuado do paciente com EM (http://conitec.gov.br/images/Protocolos/PCDT_Retificacao_EscleroseMultipla_06.07.2015.pdf)3.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O ocrelizumabe possui indicação em bula para o tratamento de pacientes com formas recorrentes de esclerose múltipla (EMR) e de pacientes com esclerose múltipla primária progressiva (EMPP)5.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Ocrevus® - Solução para diluição para infusão – 300 mg/10 mL – caixa com 1 frasco-ampola.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 15/10/2018.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não.Quanto custa o tratamento com Ocrelizumabe?
Considerando a dose recomendada em bula de 600 mg ao mês (300 mg na primeira semana, com intervalo de duas semanas e depois mais 300mg na quarta semana), o custo mensal estimado para tratamento com ocrelizumabe foi de R$ 37.605,04. O custo foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% do medicamento de referência, segundo ANVISA6.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Esclerose Múltipla?
Sim, são disponibilizados os medicamentos apresentados na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Azatioprina Comprimido 50 mg Betainterferonas Seringa preenchida ou frasco-ampola 1a - 6.000.000 UI (22mcg, 30 mcg)
1a - 12.000.000 UI (44 mcg)
1b- 9.600.000 UI (300 mcg)Fingolimode Cápsula 0,5 mg Glatirâmer Frasco-ampola ou seringa preenchida 20 mg Metilprednisolona Frasco-ampola 500 mg Natalizumabe Frasco-ampola 300 mg O financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento1.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosa, conforme PCDT2.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, a Conitec avaliou o uso do ocrelizumabe para o tratamento de formas recorrentes de EM e para tratamento da EM primariamente. Durante a 76ª reunião ordinária, realizada no dia 4 de abril de 2019, os membros da Comissão recomendaram a não incorporação do ocrelizumabe para ambas as condições clínicas9,10. Os documentos técnicos foram encaminhados ao Secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos (SCTIE/MS), que ratificou as recomendações e publicou as Portarias SCTIE/MS nº 21 e 22/2019, no Diário Oficial da União (DOU) nº 76, de 22/04/2019, Seção 1, pág. 56.
Dessa forma, foram elaboradas, em setembro/2020, duas fichas de perguntas e respostas dessa tecnologia: Ocrelizumabe para o tratamento de formas recorrentes de esclerose múltipla e Ocrelizumabe para tratamento da esclerose múltipla primariamente.**Texto atualizado em 29/09/2020
O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Ensaio clínico randomizado de fase 3, com pacientes acometidos pela EM primariamente progressiva, comparou o uso de ocrelizumabe com placebo. No total, foram incluídos 732 pacientes, sendo que 488 receberam ocrelizumabe (600 mg) e 244 placebo por via intravenosa7. Outro ensaio clínico randomizadado, também de fase 3, avaliou pacientes portadores de EM recorrente, comparando o uso de ocrelizumabe com a interferona beta-1ª subcutânea8. No estudo que comparou o uso de ocrelizumabe com placebo, os pacientes com EM primariamente progressiva tratados com o ocrelizumabe apresentaram taxas mais baixas para os desfechos de: progressão clínica e ressonância magnética quando comparado com o placebo. Os eventos adversos mais comuns foram os relacionados à: infusão, infecções do trato respiratório superior e infecções por herpes oral. Não houveram diferenças clinicamente significativas entre os grupos ocrelizumabe e placebo para as taxas de eventos adversos graves e infecções graves. No outro estudo, que avaliou os pacientes com EM recorrente, o ocrelizumabe foi associado a taxas mais baixas para os desfechos de atividade e progressão da doença do que a interferona beta-1ª subcutânea. Os eventos adversos mais frequentes relatados pelos pacientes tratados com ocrelizumabe foram: reação relacionada à infusão, nasofaringite, infecção do trato respiratório superior, dor de cabeça e infecção do trato urinário. Já os pacientes tratados com interferona beta-1ª subcutânea, os eventos adversos relatados foram doença tipo influenza, eritema no local da injeção, dor de cabeça, infecção do trato urinário e infecção do trato respiratório superior. Ressalta-se a necessidade de estudos que avaliem a segurança e a eficácia do tratamento com ocrelizumabe à longo prazo7,8.Referências bibliográficas
1 Compston A, Coles A. (outubro 2008). Multiple sclerosis. Lancet 372 (9648): 1502–17. DOI:10.1016/S0140- 6736(08)61620-7.
2 Noseworthy JH, Lucchinetti C, Rodriguez M, Weinshenker BG. Multiple sclerosis. N Engl J Med. 2000;343(13):938-52.
3 BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 391, de 5 de maio de 2015. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Esclerose Múltipla. Disponível em: < http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2015/maio/06/PCDT-Esclerose-Multipla-06-05-2015.pdf >. Acesso em: 31/10/2018.
4 Fragoso YD, Peres M. Prevalence of multiple sclerosis in the city of Santos. Rev Bras Epidemiol. 2007:479- 82.
5 OCRELIZUMABE. Bula de medicamento. Produtos Roche Químicos e Farmacêuticos S.A. Farm. Resp: Tatiana Tsiomis Díaz Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=7794692018&pIdAnexo=10717614 Acesso em 31/10/2018.
6 Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 31/10/2018.
7 Montalban X, Hauser SL, Kappos L, Arnold DL, Bar-Or A, Comi G, de Seze J, Giovannoni G, Hartung HP, Hemmer B, Lublin F, Rammohan KW, Selmaj K, Traboulsee A, Sauter A, Masterman D, Fontoura P, Belachew S, Garren H, Mairon N, Chin P, Wolinsky JS; ORATORIO Clinical Investigators. Ocrelizumab versus Placebo in Primary Progressive Multiple Sclerosis. N Engl J Med. 2017 Jan 19;376(3):209-220. doi: 10.1056/NEJMoa1606468.
8 Hauser SL, Bar-Or A, Comi G, Giovannoni G, Hartung HP, Hemmer B, Lublin F, Montalban X, Rammohan KW, Selmaj K, Traboulsee A, Wolinsky JS, Arnold DL, Klingelschmitt G, Masterman D, Fontoura P, Belachew S, Chin P, Mairon N, Garren H, Kappos L; OPERA I and OPERA II Clinical Investigators. Ocrelizumab versus Interferon Beta-1a in Relapsing Multiple Sclerosis. N Engl J Med. 2017 Jan 19;376(3):221-234. doi: 10.1056/NEJMoa1601277.
9 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação n°. 447, de abr 2019. Ocrelizumabe para o tratamento de formas recorrentes de Esclerose Múltipla. [Acesso em 29 set 2020]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2019/Relatorio_Ocrelizumabe_EMRR_447.pdf.
10 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação n°. 446, de abr 2019. Ocrelizumabe para tratamento da esclerose múltipla primariamente. [Acesso em 29 set 2020]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2019/Relatorio_Ocrelizumabe_EMPP.pdf. -
Ocrelizumabe para esclerose múltipla de formas recorrentes :: Novembro/2020
Data de elaboração: Julho/2020 Data de publicação: Novembro/2020 O que é esclerose múltipla de formas recorrentes?
A esclerose múltipla (EM) é uma doença crônica que afeta o sistema nervoso central, danificando o tecido que protege as células nervosas, chamado bainha de mielina, por meio de reações inflamatórias autoimunes1. A EM pode ser classificada de quatro formas: remitente-recorrente (EM-RR), primariamente progressiva (EM-PP), primariamente progressiva com surto (EM-PP com surto) e secundariamente progressiva (EM-SP). As formas recorrentes da EM incluem a EM-RR e a EM-SP. A forma mais comum da doença é a remitente-recorrente, que compreende cerca de 85 % dos casos de EM. Caracteriza-se por exacerbações seguidas por um grau variável de melhora do déficit neurológico, podendo ser completa ou evoluir com uma disfunção sintomática residual. Cerca de 50% das pessoas com EM-RR irá desenvolver EM-SP dentro de 10 anos de diagnóstico. Surtos e ataques agudos são as manifestações mais comuns. Os sintomas mais comuns são neurite óptica, paresia ou parestesia de membros, disfunções da coordenação motora e equilíbrio, mielites, disfunções esfincterianas e disfunções cognitivo-comportamentais, de forma isolada ou em combinação. A identificação da doença no início e o direcionamento imediato para o atendimento especializado dá à Atenção Básica um caráter essencial para um melhor resultado terapêutico e prognóstico dos casos2. Afeta principalmente pessoas jovens entre 20 e 50 anos, sendo mais comum em mulheres e em pessoas brancas. Segundo a Federação Internacional de Esclerose Múltipla, a doença atinge 2,3 milhões de pessoas em todo o mundo. A prevalência média global é de 33 casos por 100.000 habitantes variando muito entre os países. No Brasil, uma revisão sistemática mostrou uma prevalência variando de 1,36 por 100 mil habitantes na região nordeste a 27,2 por 100 mil na região sul, com uma prevalência média de 8,69 por 100 mil habitantes1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar esclerose múltipla de formas recorrentes?
Sim. O SUS oferece estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Esclerose Múltipla. Este documento inclui critérios de diagnóstico, de inclusão e exclusão, casos especiais, tratamento, monitorização da doença e mecanismos de regulação, de controle e de avaliação pelo gestor, dentro do SUS2.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O ocrelizumabe foi registrado na Anvisa em fevereiro de 2018, sob o nome comercial Ocrevus®. A indicação apresentada em bula é para o tratamento de pacientes com formas recorrentes de esclerose múltipla e de pacientes com esclerose múltipla primária progressiva3.Possui biossimilar?
Não4.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Ocrevus® - Solução para diluição para infusão – 30 mg/mL – frasco-ampola de 10 mL5.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED5 de 18/06/2020.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não, de acordo com consulta realizada à Rename6, em 28/07/2020.Quanto custa o tratamento com ocrelizumabe?
Considerando informações constantes em bula, a dose inicial recomendada é de 300 mg, seguida, duas semanas depois, por uma segunda dose de 300 mg. As doses subsequentes seriam de 600 mg a cada seis meses. Dessa forma, seriam utilizados 2 frascos do medicamento em duas semanas. Como cada frasco custa R$ 32.088,20, o total do tratamento durante as duas semanas teria um valor de R$ 64.176,40 (R$ 32.088,20 x 2). Após as duas doses iniciais, seriam utilizados 2 frascos do medicamento (600 mg) a cada seis meses, perfazendo um valor anual de R$ 128.352,80 (R$ 64.176,40 x 2). O valor foi calculado de acordo com o Preço Fábrica (PF) e a alíquota de 18% em relação ao ICMS do Ocrevus®, segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED/Anvisa5. Vale ressaltar que, como o uso deste medicamento é restrito ao ambiente hospitalar, outros custos deverão ser considerados, como administração da tecnologia, profissionais de saúde envolvidos, monitoramentos necessários, entre outros. Estes custos variam de acordo com cada hospital.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar esclerose múltipla de formas recorrentes?
Sim, de acordo com o PCDT da esclerose múltipla2, são disponibilizados os medicamentos apresentados na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Azatioprina Comprimidos 50mg Betainterferonas (1a ou 1b) Frasco-ampola ou seringa preenchida 1a - 6.000.000 UI (22 mcg, 30 mcg)
1a - 12.000.000 UI (44 mcg)
1b - 9.600.000 UI (300mcg)Fingolimode Cápsulas 0,5 mg Fumarato de dimetila Comprimidos 120 mg e 240 mg Glatirâmer Frasco-ampola ou seringa preenchida 20mg ou 40mg Metilprednisolona Frasco-ampola 500mg Natalizumabe Frasco-ampola 300mg Teriflunomida Comprimidos 14mg O financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por um ou mais dos três entes federativos (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, a Conitec avaliou o uso do ocrelizumabe para o tratamento de formas recorrentes de EM. Durante a 76ª reunião ordinária, realizada no dia 4 de abril de 2019, os membros da Comissão recomendaram a não incorporação do ocrelizumabe para esta condição clínica1. Os documentos técnicos foram encaminhados ao Secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos (SCTIE/MS), que ratificou a recomendação e publicou a Portaria SCTIE/MS nº 22/2019, no Diário Oficial da União (DOU) nº 76, de 22/04/2019, Seção 1, pág. 56.O que a literatura científica relata sobre o uso do ocrelizumabe para essa condição clínica?
Duas revisões sistemáticas (RS) com meta-análise em rede avaliaram a eficácia e a segurança de medicamentos modificadores da doença (MMD) no tratamento da EM-RR. O estudo realizado por Xu e colaboradores (2018) não realizou uma comparação direta entre os medicamentos biológicos. Com relação aos desfechos primários, foram avaliadas a taxa anualizada de surto e a incidência de eventos adversos (EA) graves. Quanto à taxa anualizada de surtos, o ocrelizumabe apresentou efeito protetor com diferença estatisticamente significante apenas em relação ao placebo [Risco Relativo (RR) 0,13; Intervalo de Confiança (IC) 95% 0,09-0,20] e à betainterferona (RR 0,45; IC95% 0,36-0,56). Em relação ao natalizumabe, não apresentou diferença estatisticamente significante neste desfecho (RR 0,90; IC95% 0,55-1,48). A maioria dos regimes de tratamento não apresentou diferença estatisticamente significante no risco de EA, com exceção do alentuzumabe, que apresentou risco significativamente maior (RR 2,54; IC95% 1,27-5,09). O ocrelizumabe apresentou um efeito protetor em relação à descontinuação devido a EA (RR 0,59; IC95% 0,39-0,91). Como limitações, têm-se que os estudos incluídos apresentavam população diferente dos critérios de inclusão, uma heterogeneidade na definição de eventos adversos graves e duração de apenas 6 meses para 4 dos 14 estudos. No estudo realizado por Luccetta e colaboradores (2018), apenas dois estudos avaliaram o ocrelizumabe, um de fase II que o comparou com o placebo e a betainterferona e outro de fase III que comparou apenas com betainterferona. Desta forma, não houve comparação direta entre ocrelizumabe e natalizumabe. O natalizumabe apresentou melhor desempenho para a taxa anualizada de surtos, em comparação ao ocrelizumabe (RR 0,84; IC95% 0,65-1,10), porém não houve diferença estatisticamente significante. No rankograma, o natalizumabe apresentou maior probabilidade de ser a melhor alternativa (96%) quando comparado ao ocrelizumabe (85%). Com relação aos eventos adversos, não foram observadas diferenças estatisticamente significantes do ocrelizumabe em relação aos outros tratamentos1.Referências bibliográficas
1 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação n°. 447, de abr 2019. Ocrelizumabe para o tratamento de formas recorrentes de Esclerose Múltipla. [Acesso em 27 jul 2020]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2019/Relatorio_Ocrelizumabe_EMRR_447.pdf.
2 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Secretaria de Atenção Especializada à Saúde. Portaria Conjunta nº 7, de 3 de julho de 2019. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Esclerose Múltipla. [portaria na internet]. Diário Oficial da União 11 jul 2019 [acesso em 27 jul 2020]; Seção 1, (132). Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Protocolos/PCDT-Esclerose-Mltipla.pdf.
3 Ocrevus. [Bula]. Alemanha: Roche Diagnostics GmbH.
4 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Medicamentos. Câmera de Regulação do Mercado de Medicamentos. Listas de Preços de Medicamentos [acesso em 27 jul 2020]. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos.
5 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Medicamentos. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos. Listas de Preços de Medicamentos [acesso em 27 jul 2020]. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/374947/5932738/LISTA_CONFORMIDADE_GOV_2020_07_v1.pdf/041d92c5-e6f8-458f-b176-a2f9ea9a3ac2.
6 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2020. Brasília: Ministério da Saúde; 2020 [acesso em 28 jul 2020]. Disponível em: http://portalms.saude.gov.br/assistencia-farmaceutica/medicamentos-rename. -
Ocrelizumabe para esclerose múltipla primariamente progressiva :: Novembro/2020
Data de elaboração: Agosto/2020 Data de publicação: Novembro/2020 O que é esclerose múltipla primariamente progressiva?
A esclerose múltipla (EM) é uma doença crônica que afeta o sistema nervoso central, danificando o tecido que protege as células nervosas, chamado bainha de mielina, por meio de reações inflamatórias autoimunes1. A EM pode ser classificada de quatro formas: remitente-recorrente (EM-RR), primariamente progressiva (EM-PP), primariamente progressiva com surto (EM-PP com surto) e secundariamente progressiva (EM-SP). As formas recorrentes da EM incluem a EM-RR e a EM-SP. A forma mais comum da doença é a remitente-recorrente, que compreende cerca de 85 % dos casos de EM. Caracteriza-se por exacerbações seguidas por um grau variável de melhora do déficit neurológico, podendo ser completa ou evoluir com uma disfunção sintomática residual. Cerca de 50% das pessoas com EM-RR irá desenvolver EM-SP dentro de 10 anos de diagnóstico. Surtos e ataques agudos são as manifestações mais comuns. Os sintomas mais comuns são neurite óptica, paresia ou parestesia de membros, disfunções da coordenação motora e equilíbrio, mielites, disfunções esfincterianas e disfunções cognitivo-comportamentais, de forma isolada ou em combinação. A identificação da doença no início e o direcionamento imediato para o atendimento especializado dá à Atenção Básica um caráter essencial para um melhor resultado terapêutico e prognóstico dos casos2. Afeta principalmente pessoas jovens entre 20 e 50 anos, sendo mais comum em mulheres e em pessoas brancas. Segundo a Federação Internacional de Esclerose Múltipla, a doença atinge 2,3 milhões de pessoas em todo o mundo. A prevalência média global é de 33 casos por 100.000 habitantes variando muito entre os países. No Brasil, uma revisão sistemática mostrou uma prevalência variando de 1,36 por 100 mil habitantes na região nordeste a 27,2 por 100 mil na região sul, com uma prevalência média de 8,69 por 100 mil habitantes1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar esclerose múltipla primariamente progressiva?
Sim. O SUS oferece estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Esclerose Múltipla. Este documento inclui critérios de diagnóstico, de inclusão e exclusão, casos especiais, tratamento, monitorização da doença e mecanismos de regulação, de controle e de avaliação pelo gestor, dentro do SUS2.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O ocrelizumabe foi registrado na Anvisa em fevereiro de 2018, sob o nome comercial Ocrevus®. A indicação apresentada em bula é para o tratamento de pacientes com formas recorrentes de esclerose múltipla e de pacientes com esclerose múltipla primária progressiva3.Possui biossimilar?
Não4.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Ocrevus® - Solução para diluição para infusão – 30 mg/mL – frasco-ampola de 10 mL5.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED5 de 18/06/2020.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não, de acordo com consulta realizada à Rename6, em 28/07/2020.Quanto custa o tratamento com ocrelizumabe?
Considerando informações constantes em bula, a dose inicial recomendada é de 300 mg, seguida, duas semanas depois, por uma segunda dose de 300 mg. As doses subsequentes seriam de 600 mg a cada seis meses. Dessa forma, seriam utilizados 2 frascos do medicamento em duas semanas. Como cada frasco custa R$ 32.088,20, o total do tratamento durante as duas semanas teria um valor de R$ 64.176,40 (R$ 32.088,20 x 2). Após as duas doses iniciais, seriam utilizados 2 frascos do medicamento (600 mg) a cada seis meses, perfazendo um valor anual de R$ 128.352,80 (R$ 64.176,40 x 2). O valor foi calculado de acordo com o Preço Fábrica (PF) e a alíquota de 18% em relação ao ICMS do Ocrevus®, segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED/Anvisa5. Vale ressaltar que, como o uso deste medicamento é restrito ao ambiente hospitalar, outros custos deverão ser considerados, como administração da tecnologia, profissionais de saúde envolvidos, monitoramentos necessários, entre outros. Estes custos variam de acordo com cada hospital.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar esclerose múltipla primariamente progressiva?
Sim, de acordo com o PCDT da esclerose múltipla2, são disponibilizados os medicamentos apresentados na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Azatioprina Comprimidos 50mg Betainterferonas (1a ou 1b) Frasco-ampola ou seringa preenchida 1a - 6.000.000 UI (22 mcg, 30 mcg)
1a - 12.000.000 UI (44 mcg)
1b - 9.600.000 UI (300mcg)Fingolimode Cápsulas 0,5 mg Fumarato de dimetila Comprimidos 120 mg e 240 mg Glatirâmer Frasco-ampola ou seringa preenchida 20mg ou 40mg Metilprednisolona Frasco-ampola 500mg Natalizumabe Frasco-ampola 300mg Teriflunomida Comprimidos 14mg O financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por um ou mais dos três entes federativos (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, a Conitec avaliou o uso do ocrelizumabe para tratamento da esclerose múltipla primariamente. Durante a 76ª reunião ordinária, realizada no dia 4 de abril de 2019, os membros da Comissão recomendaram a não incorporação do ocrelizumabe para esta condição clínica7. Os documentos técnicos foram encaminhados ao Secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos (SCTIE/MS), que ratificou a recomendação e publicou a Portaria SCTIE/MS nº 21/2019, no Diário Oficial da União (DOU) nº 76, de 22/04/2019, Seção 1, pág. 56.O que a literatura científica relata sobre o uso do ocrelizumabe para essa condição clínica?
Foi incluído um Ensaio Clínico Randomizado (ECR) avaliando a eficácia e a segurança do ocrelizumabe em comparação com placebo no tratamento da EM-PP, e sobre este mesmo ECR foram incluídos dois estudos post hoc. O estudo incluiu 732 pacientes com EM-PP entre 18 e 55 anos de idade, com escore da EDSS (Escala Expandida do Estado de Incapacidade. Do inglês: Expanded Disability Status Scale) entre 3,0 e 6,5 e duração dos sintomas da EM menor que 15 anos para os pacientes com EDSS >5 ou menor que 10 anos para aqueles com EDSS ≤5 no momento da triagem. O tempo de seguimento foi de pelo menos 120 semanas e até que um número pré-especificado de progressão de incapacidade confirmada ocorresse. O desfecho primário de eficácia foi a porcentagem de pacientes com progressão da incapacidade confirmada em 12 semanas em uma análise de tempo até o evento. Com relação a este desfecho, o estudo encontrou um percentual menor de pacientes com progressão da doença no grupo que recebeu placebo (39,3%) [hazard ratio (HR) 0,76; Intervalo de Confiança (IC) 95% 0,59-0,98; valor de p = 0,003], embora a análise de sensibilidade tenha gerado perda de tal diferença entre os grupos. Foram conduzidas duas análises de sensibilidade do desfecho apresentado. A primeira delas explorou a influência do reporte dos médicos sobre as recaídas clínicas em comparação com a definição pelo protocolo (HR 0,74; IC95% 0,56–0,98; p=0,03). Contudo, para a segunda análise de sensibilidade (emprego de imputação alternativa para os pacientes com progressão da doença nas fases iniciais do estudo sem informação do EDSS na linha de base) verificou-se a perda da diferença existente entre os grupos tratado e placebo (HR 0,78 com IC95% 0,60-1,02 para imputação randômica de 50% entre progressão e censura, e HR 0,77 com IC95% 0,60-1,00 na imputação baseada no motivo de descontinuação, p=0,05). A maioria dos eventos adversos (EA) descritos foi mais frequente no grupo tratado com ocrelizumabe, apresentada em número absoluto, assim como aqueles que levaram à descontinuação do tratamento (4,1% e 3,3% para ocrelizumabe e placebo, respectivamente). A principal reação relatada em ambos os grupos foi reação relacionada à infusão no grupo tratado com ocrelizumabe (39,9% e versus 25,5% no placebo), cuja maior frequência ocorreu na primeira administração. Embora EA graves tenham sido proporcionalmente mais comuns no grupo placebo, infecções graves e neoplasias acometeram mais pacientes do grupo ocrelizumabe7.Referências bibliográficas
1 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação n°. 447, de abr 2019. Ocrelizumabe para o tratamento de formas recorrentes de Esclerose Múltipla. [Acesso em 27 jul 2020]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2019/Relatorio_Ocrelizumabe_EMRR_447.pdf.
2 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Secretaria de Atenção Especializada à Saúde. Portaria Conjunta nº 7, de 3 de julho de 2019. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Esclerose Múltipla. [portaria na internet]. Diário Oficial da União 11 jul 2019 [acesso em 27 jul 2020]; Seção 1, (132). Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Protocolos/PCDT-Esclerose-Mltipla.pdf.
3 Ocrevus. [Bula]. Alemanha: Roche Diagnostics GmbH.
4 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Medicamentos. Câmera de Regulação do Mercado de Medicamentos. Listas de Preços de Medicamentos [acesso em 27 jul 2020]. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos.
5 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Medicamentos. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos. Listas de Preços de Medicamentos [acesso em 27 jul 2020]. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/374947/5932738/LISTA_CONFORMIDADE_GOV_2020_07_v1.pdf/041d92c5-e6f8-458f-b176-a2f9ea9a3ac2.
6 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2020. Brasília: Ministério da Saúde; 2020 [acesso em 28 jul 2020]. Disponível em: http://portalms.saude.gov.br/assistencia-farmaceutica/medicamentos-rename.
7 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação n°. 446, de abr 2019. Ocrelizumabe para tratamento da esclerose múltipla primariamente. [Acesso em 27 jul 2020]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2019/Relatorio_Ocrelizumabe_EMPP.pdf. -
Ozonioterapia para tratamento adjuvante na ferida de pé diabético :: Agosto/2020
Data de elaboração: Julho/2020 Data de publicação: Agosto/2020 O que é tratamento adjuvante na ferida de pé diabético?
A úlcera do pé diabético (UPD) - ou Doença do pé diabético - é uma das complicações mais comuns e graves associadas ao diabete melito (DM), de alto impacto humano e financeiro, representando um grande problema de saúde pública1-3. A UPD é definida pela presença de infecção, ulceração e/ou lesões profundas que penetram a derme, localizadas abaixo do tornozelo pacientes com DM. Tais feridas são associadas a alterações neurológicas e à doença vascular periférica, com difícil cicatrização e frequente amputação4. A condição é caracterizada pelo aparecimento de alterações neurológicas periféricas, ortopédicas, vasculares e/ou infecciosas, decorrentes do controle inadequado do Diabetes, podendo ser classificada como Neuropatia Sensitivo-Motora e Neuropatia Autonômica5. A UPD está associada a grande parte das amputações não traumáticas de membros inferiores (MI) - representando entre 40% a 70% dos casos, sendo que 20% das internações de indivíduos com diabetes são relacionadas às lesões nos MI4. Estudos estimam que custos em saúde com pacientes com UPD podem ser cinco vezes maiores quando comparados aos pacientes diabéticos sem úlceras nos pés. Tais custos estão principalmente associados ao manejo ambulatorial e às altas taxas de hospitalização e internações prolongadas2. Estima-se que cerca de 4 a 10% das pessoas com DM desenvolvem UPD, sendo a incidência anual de 2 a 4%, e a incidência cumulativa ao longo da vida de 25%. Já a prevalência da DM no mundo, para todas as faixas etárias, foi estimada em 2,8% em 2000, e estima-se que essa taxa seja de 4,4% até 20302,3,6,7. Pesquisas no Brasil apontaram a prevalência da DM de 6,2 a 6,9% em 20138.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar tratamento adjuvante na ferida de pé diabético?
Sim. O SUS oferece estratégia de cuidado que pode ser verificada no Manual do Pé Diabético - Estratégias para o Cuidado da Pessoa com Doença Crônica, do Ministério da Saúde8. Este documento traz as principais condutas e procedimentos relacionados ao cuidado destes pacientes no SUS. O documento descreve as diferentes alternativas terapêuticas e os cuidados recomendados de acordo com o quadro clínico e Classificação de Risco individual, como por exemplo, as alterações cutâneas mais frequentes e as condutas recomendadas para cada situação.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O equipamento de ozonioterapia e fotobiomodulação possui registro como Aparelho de Multiplo Uso em Estética9 na Anvisa, desde 25/01/2016.Possui genérico?
Não se aplica.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Lumen (Ap. Eletrom.Oxigênio e Fototerapia)
Oxy (Ap. Eletrom.Oxigênio e Fototerapia)
Oxylumen (Ap. Eletrom.Oxigênio Fototerapia)
Aplicadores Rígidos para Ozonioterapia Philozon - Ventosa Média
Aplicadores Rígidos para OzonioterapiaPhilozon - Ventosa Grande
Aplicador Rígido para Ozonioterapia Philozon - Conjunto Y (Esteto)
Aplicadores Flexíveis para Ozonioterapia Philozon (Bags) - Bota
Aplicadores Flexíveis para Ozonioterapia Philozon (Bags) - Calça
Aplicadores Flexíveis para Ozonioterapia Philozon (Bags) - LuvaA tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não se aplica.Quanto custa o tratamento com ozonioterapia?
O procedimento consta na Tabela de Procedimentos, Medicamentos e OPM do SUS (SIGTAP)10 com o código de procedimento 03.09.05.017-0 – “Sessão de Ozonioterapia Aplicada à Odontologia” e descrito como “Método que utiliza a aplicação de mistura dos gases oxigênio e ozônio, por diversas vias de administração, com finalidade terapêutica”. Não consta o valor do procedimento no SIGTAP.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar tratamento adjuvante na ferida de pé diabético?
Sim. O SUS disponibiliza o tratamento para úlcera do pé diabético, conforme o Manual do Pé Diabético, do Ministério da Saúde8. Especificamente para o cuidado das úlceras, o documento aborda as terapias tópicas, como uso de curativos. O objetivo dos curativos consiste na limpeza e aplicação de material sobre uma ferida para sua proteção, absorção e drenagem, com o intuito de melhorar as condições do leito da ferida e auxiliar em sua resolução. Além da aplicação dos curativos, são recomendados procedimentos como limpeza de curativos, debridamento de feridas, além de tratamento de infecções e medicamentos para dor neuropática. Os procedimentos do Sistema de Gerenciamento da Tabela de Procedimentos, Medicamentos e OPM do SUS (SIGTAP) relacionados ao manejo das úlceras de pés diabéticos estão descritos abaixo:
- Código: 04.15.04.003-5; Valor total tabelado: R$ 543,08; Procedimento: Debridamento de ulcera / de tecidos desvitalizados.
- Código: 04.15.04.004-3; Valor total tabelado: R$ 29,86; Procedimento Debridamento de ulcera / necrose.
- Código: 04.01.01.002-3; Valor total tabelado: R$ 0,00; Procedimento Curativo grau i c/ ou s/ debridamento.
- Código: 04.01.01.001-5; Valor total tabelado: R$ 32,40; Procedimento Curativo grau ii c/ ou s/ debridamento.
Atualmente, a ozonioterapia está contemplada no SUS no contexto da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares, aprovada pela Portaria nº 702 de 21 de março de 201811, cujo texto não especifica as indicações para as quais a terapia poderá ser utilizada. Segundo artigo 1º da Resolução do Conselho Federal de Medicina nº 2.181, de 10 de julho de 201812, ficou estabelecido que a ozonioterapia é “procedimento experimental para a prática médica, de acordo com as fundamentações contidas no anexo desta resolução, só podendo ser realizada sob protocolos clínicos de acordo com as normas do sistema CEP/Conep, em instituições devidamente credenciadas”.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Não, em consulta pública realizada em julho de 2020, não foi identificada solicitação de incorporação da ozonioterapia para tratamento adjuvante na ferida de pé diabético ou para outras condições clínicas no SUS, seja pelo laboratório fabricante ou por outros entes interessados. Ressalta-se que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou a empresa (produtora da tecnologia ou não), pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à Conitec, desde que cumpra as exigências legais impostas pelo Decreto nº 7.646 de 2011.O que a literatura científica relata sobre o uso da ozonioterapia para essa condição clínica?
Liu e colaboradores6 realizaram uma Revisão Sistemática (RS), seguindo o Protocolo Cochrane, para avaliar se a ozonioterapia é efetiva isolada ou como auxiliar no tratamento de UPD. A RS incluiu ensaios clínico randomizados (ECR) que avaliaram a ozonioterapia comparada com placebo ou qualquer outra intervenção, sozinha ou associada a outros tratamentos, como antibióticos ou tratamento convencional. Os desfechos primários considerados foram: tempo necessário para alcançar a cicatrização completa das úlceras, número de úlceras curadas e mudança na área da úlcera; e os secundários foram: número de complicações (eventos adversos relatados), qualidade de vida, tempo de internação hospitalar, amputação e incidência de infecção da ferida. Três estudos (212 participantes) foram incluídos nesta revisão. O risco geral de viés foi considerado alto em dois13,14 ensaios e pouco claro em um15. O primeiro estudo13 (101 participantes) comparou o tratamento com ozônio ao tratamento com antibióticos para úlceras nos pés em pessoas com DM. O estudo teve um período de acompanhamento de 20 dias. Os resultados mostraram que a ozonioterapia foi associada a uma maior redução da área da úlcera da linha de base até o final do estudo quando comparado ao tratamento com antibióticos (MD ‐20,54 cm2, IC 95% ‐20,61 a ‐20,47) e menor tempo de internação (MD ‐8,00 dias, IC95% –14,17 a –1,83), mas não pareceu afetar o número de úlceras cicatrizadas por 20 dias (RR 1,10, IC95% 0,87 a 1,40). Não foram observados efeitos colaterais em nenhum dos grupos. Os outros dois ensaios clínicos14,15 (111 participantes) compararam o tratamento combinado de ozonioterapia mais os cuidados usuais com o tratamento apenas com os cuidados usuais para úlceras nos pés em pessoas com DM. Os resultados da metanálise não mostraram evidência de diferença entre os grupos para todos os desfechos: resultados da redução da área da úlcera (MD ‐2,11 cm2, IC 95% ‐5,29 a 1,07), número de úlceras cicatrizadas (RR 1,69, IC95% 0,90 a 3,17), eventos adversos (RR 2,27, IC 95% 0,48 a 10,79) e taxa de amputação (RR 2,73, IC 95% 0,12, 64,42). De acordo com os autores a evidência disponível foi de três pequenos ensaios clínicos randomizados com metodologia pouco clara, impossibilitando, portanto, conclusões firmes sobre a eficácia da terapia de ozônio para úlceras nos pés em pessoas com DM.Referências bibliográficas
1 Rowley WR, Bezold C, Arikan Y, Byrne E, Krohe S. Diabetes 2030: Insights from Yesterday, Today, and Future Trends. Popul Health Manag [Internet]. 2017 Feb;20(1):6–12. Disponível em: https://www.liebertpub.com/doi/10.1089/pop.2015.0181.
2 Toscano C, Sugita T, Rosa M, Pedrosa H, Rosa R, Bahia L. Annual Direct Medical Costs of Diabetic Foot Disease in Brazil: A Cost of Illness Study. Int J Environ Res Public Health [Internet]. 2018 Jan 8;15(1):89. Disponível em: http://www.mdpi.com/1660-4601/15/1/89.
3 Oliveira, JEP; Júnior RMM VS. Diretrizes Da Sociedade Brasileira de Diabetes 2017-2018 [Internet]. Clannad, editor. São Paulo; 2018. 383 p. [acesso em 29 jul 2020] Disponível em: https://www.diabetes.org.br/profissionais/images/2017/diretrizes/diretrizes-sbd-2017-2018.pdf.
4 Santos ICRV, Sobreira CMM, Nunes ÉN dos S, Morais MC de A. Prevalência e fatores associados a amputações por pé diabético. Cien Saude Colet [Internet]. 2013 Oct;18(10):3007–14. [acesso em 29 jul 2020]. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232013001000025&lng=pt&tlng=pt.
5 Caiafa JS, Castro AA, Fidelis C, Santos VP, Silva ES da, Sitrângulo Jr. CJ. Atenção integral ao portador de pé diabético. J Vasc Bras [Internet]. 2011;10(4 suppl 2):1–32. [acesso em 29 jul 2020] Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-54492011000600001&lng=pt&tlng=pt.
6 Liu J, Zhang P, Tian J, Li L, Li J, Tian JH, et al. Ozone therapy for treating foot ulcers in people with diabetes. Cochrane Database Syst Rev [Internet]. 2015 Oct 27; Disponível em: http://doi.wiley.com/10.1002/14651858.CD008474.pub2.
7 Izadi M, Kheirjou R, Mohammadpour R, Aliyoldashi MH, Moghadam SJ, Khorvash F, et al. Efficacy of comprehensive ozone therapy in diabetic foot ulcer healing. Diabetes Metab Syndr Clin Res Rev [Internet]. 2019 Jan;13(1):822–5. Disponível em: https://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S1871402118305496.
8 Brasil. Ministério da Saúde. Manual Do Pé Diabético: Estratégias Para o Cuidado Da Pessoa Com Doença Crônica. [Internet]. 2016. [acesso em 29 jul 2020]. Disponível em: http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/manual_do_pe_diabetico.pdf.
9 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Medicamentos. Consultas [Internet]. [acesso em 28 jul 2020]. Disponível em: https://consultas.anvisa.gov.br/#/saude/25351453664201580/?nomeProduto=ozonioterapia.
10 Brasil. Datasus. SIGTAP - Sistema de Gerenciamento da Tabela de Procedimentos, Medicamentos e OPM do SUS [Internet]. [acesso em 28 jul 2020]. Disponível em: http://sigtap.datasus.gov.br/tabela-unificada/app/sec/procedimento/exibir/0309050170/07/2020.
11 Brasil. Ministério da Saúde. Portaria n° 702, de 21 de março de 2018. Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares - PNPIC Diário Oficial da União 22 mar 2018; Seção 1, (65). [acesso em 29 jul 2020]. Disponível em: http://www.in.gov.br/web/guest/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/7526450/do1-2018-03-22-portaria-n-702-de-21-de-marco-de-2018-7526446.
12 Brasil. Conselho Federal de Medicina. Resolução no 2.181, de 20 de abril de 2018. Estabelece a ozonioterapia como procedimento experimental, só podendo ser utilizada em experimentação clínica dentro dos protocolos do sistema CEP/Conep. Diário Oficial da União 10 jul 2018; Seção 1, (106). [acesso em 29 jul 2020]. Disponível em: https://sistemas.cfm.org.br/normas/visualizar/resolucoes/BR/2018/2181.
13 Martínez-Sánchez G, Al-Dalain SM, Menéndez S, Re L, Giuliani A, Candelario-Jalil E, et al. Therapeutic efficacy of ozone in patients with diabetic foot. Eur J Pharmacol [Internet]. 2005 Oct;523(1–3):151–61. Disponível em: https://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0014299905007879.
14 Zhang J, Guan M, Xie C, Luo X, Zhang Q, Xue Y. Increased Growth Factors Play a Role in Wound Healing Promoted by Noninvasive Oxygen-Ozone Therapy in Diabetic Patients with Foot Ulcers. Oxid Med Cell Longev [Internet]. 2014;2014:1–8. Disponível em: http://www.hindawi.com/journals/omcl/2014/273475/.
15 Wainstein J, Feldbrin Z, Boaz M, Harman-Boehm I. Efficacy of Ozone–Oxygen Therapy for the Treatment of Diabetic Foot Ulcers. Diabetes Technol Ther [Internet]. 2011 Dec;13(12):1255–60. Disponível em: http://www.liebertpub.com/doi/10.1089/dia.2011.0018. -
Olaparibe para carcinoma de ovário seroso de alto grau recidivado :: Dezembro/2018
Data de elaboração: Dezembro/2018 Data de publicação: Dezembro/2018 O que é Carcinoma de Ovário Seroso de Alto Grau Recidivado?
Dentre os cânceres ginecológicos, o câncer de ovário é o que apresenta menor probabilidade de cura. O estágio avançado da doença caracteriza-se pela presença de doença localmente avançada na pelve, com extensão contígua ou envolvimento dos órgãos reprodutivos (útero, falópio, tubo, ovários) e o cólon sigmoide. A alta letalidade deste tumor é amplamente explicada pelo fato de que a maioria (75%) das pacientes é diagnosticada em estágio avançado, com doença amplamente metastática dentro da cavidade peritoneal1. No Brasil, sem considerar os tumores de pele, o câncer de ovário é o quinto mais incidente na Região Centro-Oeste, com um risco estimado de 6,96/100 mil mulheres. Nas Regiões Sudeste (6,76/100 mil), Sul (6,71/100 mil) e Nordeste (4,93/100 mil), ocupa a sétima posição. Já na Região Norte (2,92/100 mil), ocupa a oitava posição2. Em 2014, a taxa de mortalidade padronizada para a população brasileira foi de 3,16 por 100.000 mulheres3. A maioria dos tumores de ovário são carcinomas epiteliais, o mais comum, ou tumor maligno de células germinativas. Estima-se que 75% das pacientes sejam diagnosticadas em estágio avançado1, portanto, a maioria apresenta recidiva dentro dos primeiros 2 anos após o diagnóstico, mesmo após uma cirurgia citorredutora primária e seis ciclos da quimioterapia adjuvante padrão com carboplatina + paclitaxel4.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Carcinoma de Ovário Seroso de Alto Grau Recidivado?
Sim. O SUS oferece estratégias de cuidados que podem ser verificadas no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Neoplasia Maligna Epitelial de Ovário (http://conitec.gov.br/images/Protocolos/DDT/NeoplasiaMaligna_EpitelialOvario.pdf)5.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O olaparibe (Lynparza®) possui indicação em bula, como monoterapia, para o tratamento de manutenção de pacientes adultas com carcinoma de ovário seroso de alto grau (grau 2 ou maior) recidivado, incluindo trompa de Falópio ou peritoneal primário, sensível à platina, com mutação no gene de susceptibilidade ao câncer de mama (BRCA 1 e/ou 2; germinativa ou somática; patogênica e/ou suspeitamente patogênica) e que respondem (resposta parcial ou completa) à quimioterapia baseada em platina6.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Lynparza® - Cápsulas - 50 mg.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 11/12/2018.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não.Quanto custa o tratamento com Olaparibe?
Considerando a dose recomendada em bula de 400 mg (oito cápsulas de 50 mg) administrada duas vezes ao dia, (equivalente a uma dose diária total de 800 mg), o custo mensal estimado para tratamento com olaparibe foi de R$ 8.055,19. O valor foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% do medicamento de referência, segundo ANVISA7.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Carcinoma de Ovário Seroso de Alto Grau Recidivado?
Sim. Esclarece-se que para o tratamento de câncer no Sistema Único de Saúde, não há uma lista específica de medicamentos, vez que o cuidado ao paciente deve ser feito de forma integral nas Unidades de Alta Complexidade em Oncologia – UNACON ou Centros de Alta Complexidade em Oncologia – CACON. Nesses estabelecimentos de saúde, o fornecimento de medicamentos é feito via autorização de procedimento de alta complexidade (APAC), conforme os procedimentos tabelados. Assim, esses hospitais habilitados como UNACON ou CACON devem oferecer assistência especializada e integral ao paciente com câncer, atuando no diagnóstico e tratamento do paciente, sendo ressarcidos pelo gestor federal quando da realização dessa assistência, inclusive farmacêutica, de acordo com valores pré-estabelecidos na Tabela de Procedimentos do SUS.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Não, até a presente data, não foi protocolada, na CONITEC, demanda para analisar a incorporação, ao SUS, do olaparibe para tratamento do carcioma de ovário seroso de alto grau recidivado ou para outras condições clínicas, seja pelo laboratório fabricante ou por outros demandantes. Ressalta-se que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou empresa (produtora da tecnologia ou não), pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à CONITEC, desde que cumpra as exigências legais impostas pelo Decreto nº 7.646 de 2011.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Ensaio clínico randomizado, fase III, duplo-cego, avaliou o olaparibe no tratamento de manutenção do carcioma de ovário em comparação com placebo. Ressalta-se que o estudo ainda está em andamento e foram incluídos 295 participantes de pesquisa (olaparibe n=196; placebo n=99) com câncer de ovário recidivado sensível à platina, com mutação em BRCA1/2 que receberam pelo menos duas linhas de quimioterapia anteriormente. Até o momento, a sobrevida livre de progressão avaliada pelos investigadores foi estatisticamente maior com olaparibe. Quanto à análise de sobrevida global, o tempo mediano não foi alcançado em nenhum dos dois grupos e até o momento, no que se refere a análise interina, não foi observada diferença entre os grupos. Os eventos adversos mais comuns foram anemia, fadiga ou astenia e neutropenia, todos eles com mais acontecimentos no grupo do olaparibe quando comparado ao grupo placebo8.Referências bibliográficas
1Lengyel E. Ovarian Cancer Development and Metastasis. The American Journal of Pathology. 2010;177(3):1053-1064. doi:10.2353/ajpath.2010.100105.
2Instituto Nacional do Câncer José Alencar. Estimativa 2016 – Incidência de Câncer no Brasil. Disponível em: http://www.inca.gov.br/estimativa/2016/index.asp
3Instituto Nacional do Câncer José Alencar. Atlas de Mortalidade. Disponível em: https://mortalidade.inca.gov.br/MortalidadeWeb/
4Giornelli GH. Management of relapsed ovarian cancer: a review. SpringerPlus. 2016;5(1):1197. doi:10.1186/s40064-016-2660-0
5BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 458, de 21 de maio de 2012. Aprova as Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas - Neoplasia Maligna Epitelial de Ovário. Brasília: Ministério da Saúde, 2012. Disponível em: http: http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2014/junho/13/Portaria-609-de-2013.pdf
6OLAPARIBE. Bula de medicamento. AstraZeneca do Brasil Ltda. Farm. Resp.: Dra. Gisele H. V. C. Teixeira. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Protocolos/DDT/NeoplasiaMaligna_EpitelialOvario.pdf Acesso em 21/12/2018.
7Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 22/03/2018.
8Pujade-Lauraine E, Ledermann JA, Selle F et al. Olaparib tablets as maintenance therapy in patients with platinum-sensitive, relapsed ovarian cancer and a BRCA1/2 mutation (SOLO2/ENGOT-Ov21): a double-blind, randomised, placebo-controlled, phase 3 trial. Lancet Oncol 2017; 18: 1274–84 -
Omalizumabe para asma :: Abril/2020
Data de elaboração: Março/2020 Data de publicação: Abril/2020 O que é Asma?
A asma é uma doença caracterizada pela inflamação crônica das vias aéreas. É clinicamente definida pela história de sintomas respiratórios, como sibilo (ruído semelhante a um assobio), falta de ar, aperto no peito e tosse, que variam ao longo do tempo e na intensidade, juntamente com limitação do fluxo aéreo expiratório variável. É uma doença que não possui cura, mas as suas manifestações clínicas e funcionais podem ser controladas com medicamentos e ao se evitar os fatores que desencadeiam as crises. A falta de adesão ou o uso inapropriado dos medicamentos, todavia, podem provocar a morte1,2.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Asma?
Sim. O SUS oferece estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Asma. Este documento inclui critérios de diagnóstico, de inclusão e exclusão, tratamento não medicamentoso e medicamentoso, monitorização da doença e regulação pelo gestor, dentro do SUS3.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O omalizumabe4 está registrado na Anvisa, sob o nome comercial Xolair®, para tratamento de asma alérgica e da urticária crônica espontânea (UCE).Possui biossimilar?
Não.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Xolair® – solução injetável de 75 mg e 150 mgLista CMED5
*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 02/03/2020.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não, de acordo com consulta realizada à Rename , em 10/03/2020.Quanto custa o tratamento com Omalizumabe?
A dose e a frequência apropriadas do uso do omalizumabe são determinadas pelas medidas do nível sérico basal de imunoglobulinas E (Ig E) e pelo peso do paciente. Portanto, as doses podem variar entre 75 a 600 mg em cada administração. A solução injetável com 75 mg custa R$ 695,07; e a com 150 mg custa R$ 1390,15. O valor corresponde ao Preço Máximo de Venda ao Governo (PMGV) e a alíquota ICMS de 0% do medicamento de referência, segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED/Anvisa7.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Asma?
Sim, de acordo com o PCDT da asma3, são disponibilizados os medicamentos apresentados na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Beclometasona Cápsula ou pó inalante
Cápsula ou pó inalante aerossol
ou spray
aerossol ou spray200 mcg
400 mcg
50 mcg
250mmcgBudesonida Cápsula ou pó inalante
Cápsula ou pó inalante
Aerossol bucal200 mcg
400 mcg
200 mcgFenoterol Aerossol 100 mcg Formoterol Cápsula ou pó inalante 12mcg Formoterol+ Budesonida Cápsula ou pó inalante 12 mcg /400 mcg
6 mcg/200mcgPrednisolona Solução oral 1 mg/ml
3 mg/mlPrednisona Comprimido 5 mg
20 mgSalbutamol Aerossol
Solução inalante100 mcg
5 mg/mlSalmeterol Aerossol bucal ou pó inalante 50mcg O financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosas, conforme o referido PCDT.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, a Conitec já avaliou o uso do omalizumabe em três ocasiões. A análise realizada em 2013 concluiu que os estudos apresentados não comprovaram a eficácia do omalizumabe na indicação proposta pelo demandante, ou seja, para pacientes com asma alérgica grave não controlada, mesmo com a adição de corticosteroide oral8. A segunda análise, finalizada em julho de 2016, avaliou o omalizumabe para o tratamento de pacientes com asma grave, não controlada com o uso de corticoide inalatório associado a um beta 2-agonista de longa ação. O Plenário da Conitec apreciou a matéria e recomendou, mais uma vez, a não incorporação do medicamento, pois embora os estudos controlados que avaliaram o omalizumabe tenham mostrado redução das exacerbações clinicamente significativas nos pacientes adultos com asma grave e melhores resultados na avaliação de efetividade para o omalizumabe em relação ao placebo, ainda permanecem incertezas quanto à magnitude do efeito do omalizumabe nesses desfechos e sobre seus efeitos em longo prazo9. A terceira avaliação aconteceu em 2019. Durante a 83ª reunião ordinária, realizada nos dias 06 e 07 de novembro de 2019, a Conitec recomendou a incorporação no SUS do omalizumabe para o tratamento de asma alérgica grave não controlada apesar do uso de corticoide inalatório associado a um beta-2 agonista de longa ação10. O Secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde (SCTIE/MS), ratificou a recomendação e publicou a Portaria SCTIE/MS nº 64/2019, no Diário Oficial da União (DOU)11.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Revisão sistemática (RS) contendo 42 estudos publicados entre 2008 a 2018 atualiza uma revisão de 2016 (que concluiu que o omalizumabe estava associado a melhorias significativas nos resultados objetivos e subjetivos) sobre as evidências do omalizumabe para asma alérgica grave e inclui estudos que se estendem além de 4 anos após o início do uso do medicamento. Esses estudos incluíram 9377 pacientes de 35 países. Em termos de função pulmonar objetiva, o VEF 1 (Volume expiratório forçado no primeiro segundo) melhorou, desde a linha de base, uma média de 8,5% a 12,4%, entre 5 e 32 meses. Alguns estudos relataram melhorias da linha de base entre 42% e 51%. Melhoras nos sintomas noturnos em até 84% (5-9 meses) e 90% (23-32 meses) foram relatadas em análises singulares. Quanto às exacerbações, na janela de 5 a 9 meses, elas diminuíram em média 55,3% em comparação ao ano anterior ao tratamento com omalizumabe. Em 12 meses, a taxa foi 38,4% menor que nos 12 meses pré-omalizumabe e essa tendência continuou ao longo do tempo, chegando a atingir médias decrescentes de 60%. Alguns estudos relataram porcentagens de declínio nos eventos de exacerbação entre 80% e 88%. A maioria dos estudos relatou uma redução da taxa de hospitalizações de 67% ou mais em todos os momentos e em todas as janelas de tempo, com as maiores taxas de declínio variando de 86% a 100%. A taxa estimada de eventos adversos em qualquer nível de gravidade e gravidade, independentemente da duração do acompanhamento, foi de 26,8% (variação de 0% a 55,6% relatada em n = 20 estudos, n = 5877 pacientes). Quanto ao uso de outros medicamentos, para 57% dos pacientes usuários de corticoides inalatórios, esse tratamento foi interrompido ou a dose foi reduzida em média 32%; para 83% dos pacientes usuários de corticoides orais, esse tratamento foi interrompido ou a dose foi reduzida em média 64%; para 66% dos pacientes tratados com antagonistas do receptor de leucotrieno e para 69% dos pacientes prescritos com teofilina, a terapia foi interrompida ou a dose foi reduzida; mas a porcentagem de pacientes que foram descontinuados com LABAs ou cuja dose foi reduzida variou ao longo do tempo, sem padrão discernível. A estimativa para a taxa de eventos adversos graves, foi de 12,6% (variação de 0% a 23,9% em n = 17 estudos, n = 6289 pacientes). Diante dos resultados observados, concluiu-se que há fortes evidências de longo prazo de que o omalizumabe melhora a função pulmonar e o controle da asma, melhora a qualidade de vida, diminui as visitas ao departamento de emergência e hospitalizações e diminui a necessidade de tratamento com corticosteroides e outras terapias12.Referências bibliográficas
1WORLD HEALTH ORGANIZATION.Fact sheet on Asthma.Fact sheet N°307.May 2011. Disponível em:
http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs307/en/index.html Acesso em: 20/07/2017.
2Vigilância global, prevenção e controlo das doenças respiratórias crónicas: uma abordagem integradora /editores: Jean Bousquetand Nikolai Khaltaev. World Health Organization 2007. Disponível em: http://whqlibdoc.who.int/publications/2007/9789726751830_por.pdfAcesso em: 20/07/2017.
3BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 1.317, de 25 de novembro de 2013. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Asma. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. Disponível em: http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2014/julho/22/PT-SAS-N---1317-alterado-pela-603-de-21-de-julho-de-2014.pdfAcesso em: 10/03/2020.
4XOLAIR®: omalizumabe. São Paulo: Novartis Biociências S.A.Farm. Resp.: Flavia Regina Pegorer. Bula de medicamento. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp Acesso em: 10/03/2020.
5Brasil. Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/374947/5797043/LISTA_CONFORMIDADE_GOV_2020_03_v1.pdf/8960e71b-560b-4d06-b0cc-a5c866d8f565. Acesso em 10/03/2020
6Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2020 – Brasília: Ministério da Saúde, 2020. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/relacao_medicamentos_rename_2020.pdf. Acesso em: 10/03/2020
7Brasil. Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/374947/5797043/LISTA_CONFORMIDADE_GOV_2020_03_v1.pdf/8960e71b-560b-4d06-b0cc-a5c866d8f565 Acesso em 10/03/2020.
8BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Gestão e Incorporação de Tecnologias em Saúde. Omalizumabe para o tratamento da asma alérgica grave. Relatório de Recomendação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS – CONITEC – Nº 25. Abril/2013. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Incorporados/Omalizumabe-Asma-final.pdf Acesso em: 02/03/2020.
9BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Gestão e Incorporação de Tecnologias em Saúde. Omalizumabe para o tratamento da asma alérgica grave. Relatório de Recomendação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS – CONITEC – Nº 219. Julho/2016. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2016/Relatorio_Omalizumabe_Asma_Grave_final.pdf Acesso em: 02/03/2020.
10BRASIL. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS – Conitec. Relatório de Recomendação. Omalizumabe para o tratamento de asma alérgica grave não controlada apesar do uso de corticoide inalatório associado a um beta-2 agonista de longa ação. Nº 499, dezembro de 2019. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2019/Relatorio_Omalizumabe_asma_grave_499_2019.pdf Acesso em: 02/03/2020.
11BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria SCTIE/MS nº 64/2019 – Publicada em 30/12/2019. Torna pública a decisão de incorporar o omalizumabe para o tratamento de asma alérgica grave não controlada apesar do uso de corticoide inalatório (CI) associado a um beta-2 agonista de longa ação, no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS. Brasília: Ministério da Saúde, 2019. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/Portaria/2019/Portaria_SCTIE_64_2019.pdf. Acesso em: 15/04/2020.
12Karen M. MacDonald, Abhishek Kavati, Benjamin Ortiz, Abdulaziz Alhossan, Christopher S. Lee e Ivo Abraham (2019) Eficácia a curto e longo prazo no mundo real do omalizumabe na asma alérgica grave: revisão sistemática de 42 estudos publicados em 2008-2018 , Especialista em Revisão de Imunologia Clínica, 15: 5, 553-569, DOI: 10.1080 / 1744666X.2019.1574571 -
Onasemnogeno abeparvovec para tratamento da atrofia muscular espinhal :: Outubro/2023
Data de elaboração: Outubro/2023 Data de publicação: Outubro/2023 O que é a atrofia muscular espinhal?
A Atrofia Muscular Espinhal – AME 5q é forma mais comum de um grupo de doenças neuromusculares hereditárias autossômicas recessivas caracterizadas pela degeneração dos neurônios motores na medula espinhal e no tronco encefálico sendo a causa mais frequente de morte infantil decorrente de uma condição monogênica, apresentando uma prevalência de 1-2 em 100.000 pessoas e incidências de 1 a cada 6.000 até 1 a cada 11.000 nascidos vivos. A condição é causada por alterações no locus do gene de sobrevivência do neurônio motor, localizado na região 5q11.2- 13.3 do cromossomo 5. O locus é constituído por dois genes parálogos: gene de sobrevivência do neurônio motor 1 (SMN1) e gene de sobrevivência do neurônio motor 2 (SMN2), responsáveis pela síntese da proteína de Sobrevivência do Neurônio Motor (SMN), fundamental para a manutenção dos neurônios motores. A ocorrência de deleções, duplicações e conversões acometendo esses genes constitui o principal mecanismo molecular associado à AME 5q.O diagnóstico é baseado em testes genéticos moleculares. A classificação clínica da AME 5q é dada pela idade de seu início e máxima função motora adquirida, podendo ser classificada em quatro tipos: AME 5q tipos 1, 2, 3 e 4.
A AME 5q tipo 1 tem início precoce e é a mais grave e também a mais comum, perfazendo 58% dos casos. Os pacientes apresentam hipotonia, controle insuficiente da cabeça, redução de reflexos ou arreflexia antes dos 6 meses de idade, hipotonia profunda e geralmente nunca são capazes de se sentar sem auxílio. A fraqueza dos músculos intercostais é evidenciada pela observação de um padrão de respiração paradoxal do tipo abdominal, com a relativa preservação do diafragma, geralmente evoluindo para uma insuficiência respiratória antes dos 2 anos de vida. Fraqueza na deglutição e fasciculações de língua estão frequentemente presentes, e, à medida que a língua e os músculos faríngeos se enfraquecem, esses pacientes correm risco de aspiração. Pode ser dividida em 1a, 1b e 1c. Indivíduos com AME 5q tipo 1a, também denominada AME 5q tipo 0, apresentam apenas uma cópia do gene SMN2 e nenhum marco de desenvolvimento, tendo início pré-natal. Pacientes com AME tipo 1b geralmente apresentam duas cópias do gene SMN2, com início dos sintomas antes dos 3 meses de idade, com controle cefálico pobre ou ausente, problemas respiratórios e alimentares, geralmente com evolução letal no segundo ou terceiro ano de vida. Pacientes com AME tipo 1c apresentam usualmente três cópias do gene SMN2, com aparecimento dos sintomas depois dos 3 meses, podendo apresentar controle cefálico e problemas respiratórios e alimentares que atingem um plateau nos primeiros 2 anos.
A AME 5q tipo 2 é caracterizada pela manifestação dos sintomas entre 6 e 18 meses de idade e estima-se que representa 27% dos casos de AME. A capacidade de sentar é geralmente alcançada por volta dos nove meses, embora esse marco possa ser atrasado. Os pacientes, em geral, não ficam de pé ou andam independentemente, mas alguns conseguem ficar de pé com a ajuda de órteses ou de uma estrutura ortostática. O exame físico demonstra fraqueza proximal predominante, que é mais grave nos membros inferiores, e os reflexos geralmente estão ausentes. A deglutição prejudicada e a insuficiência ventilatória são frequentes e a escoliose ocorre universalmente neste grupo e é um fator contribuinte significativo para distúrbios de ventilação restritivos. Embora a expectativa de vida seja reduzida em pacientes com AME 5q tipo 2, em grande parte devido às complicações respiratórias, a maioria desses indivíduos chega à idade adulta, devido à melhora da história natural relacionada a cuidados de suporte.
Os tipos 3 e 4 da AME 5q afetam cerca de 13% e menos de 5% dos portadores da mutação, respectivamente. De forma geral, os pacientes apresentam mais de três cópias de SMN2, com início dos sintomas após os 18 meses de vida. Nesses subtipos, a maioria dos pacientes alcança a vida adulta, com expectativa de vida variável entre os tipos. O alcance de marcos motores é bem distinto entre as classificações, sendo que o tipo 3 apresenta pior função motora e o tipo 4 o melhor desenvolvimento motor1.
Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde (SUS) para tratar a AME?
Sim. O SUS oferece estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da AME 5q Tipos 1 e 2, publicado por meio da Portaria Conjunta SAES/SCTIE nº 6, de 15 de maio de 2023. Este documento inclui o conceito geral da condição, critérios de diagnóstico, critérios de inclusão e de exclusão, tratamento e mecanismos de regulação, controle e avaliação1.A tecnologia possui registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)?
Sim. A terapia de substituição de gene com entrega viral do SMN1 onasemnogeno abeparvoveque foi registrada na Anvisa em agosto de 2020, sob a marca comercial Zolgensma®. Conforme bula, é indicado para o tratamento de crianças abaixo de 2 anos de idade com AME, com mutações bialélicas no gene SMN1 e diagnóstico clínico de AME do tipo 1, ou mutações bialélicas no gene SMN1 e até 3 cópias do SMN22.Possui biossimilar?
Não3.Quais são as marcas do medicamento disponível no mercado?
Zolgensma® - seringa preenchida – suspensão injetável 2,0 x 1013 gv/mL – 2-14 frascos x 8,3mL;Zolgensma® - seringa preenchida – suspensão injetável 2,0 x 1013 gv/mL – 2 frascos x 5,5 mL + 1, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12 frascos x 8,3mL;
Zolgensma® - seringa preenchida – suspensão injetável 2,0 x 1013 gv/mL – 1 frasco x 5,5 mL + 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13 frascos x 8,3mL; e
Zolgensma® - seringa preenchida – suspensão injetável 2,0 x 1013 gv/mL – 2 frascos x 5,5 mL + 2 frascos x 8,3mL;
* Medicamento disponível no mercado de acordo com a lista CMED3, publicada em 02/10/2023, atualizada em 23/10/2023.
O onasemnogeno abeparvoveque está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename)?
Não, de acordo com consulta realizada à Rename 20224, em 23/10/2023. No entanto, considerando que a lista é atualizada a cada 2 anos e que o onasemnogeno abeparvoveque foi incorporado ao SUS para o tratamento de pacientes pediátricos até 6 meses de idade com AME do tipo 1 que estejam fora de ventilação invasiva acima de 16 horas por dia em dezembro 2022, a tecnologia será inserida na próxima atualização do documento.Quanto custa o tratamento com onasemnogeno abeparvoveque?
Considerando a dose recomendada de 1,1 × 1014 gv/kg em dose única, o custo estimado foi de R$ 9.523.904,20. O valor foi calculado considerando o Preço Fábrica (PF) e a alíquota de 18% em relação ao Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS), segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED/Anvisa3, pois esse medicamento não consta na lista com aplicação do desconto do Coeficiente de Adequação de Preços (CAP) ou com isenção de ICMS.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar a AME?
Sim, de acordo com o PCDT da AME 5q Tipos 1 e 21, os medicamentos preconizados para os subtipos 1 e 2 da AME são:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Risdiplam pó para solução oral 0,75 mg/mL Nusinersena solução injetável
2,4 mg/mL
Ante a incorporação do onasemnogeno abeparvoveque, o PCDT está em fase de atualização para que passe a preconizar o medicamento e as condições de elegibilidade dos pacientes.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) já avaliou a tecnologia para esta condição clínica?
Sim, a Conitec avaliou o onasemnogeno abeparvoveque para o tratamento de pacientes pediátricos até 6 meses de idade com Atrofia Muscular Espinhal (AME) do tipo I. Durante a 115ª Reunião Ordinária, realizada no dia 1º de dezembro de 2022, os membros presentes deliberaram, por maioria simples, recomendar a incorporação ao SUS da terapia gênica para o tratamento de pacientes pediátricos com até 6 meses de idade com AME tipo 1 e que estejam fora de ventilação mecânica invasiva acima de 16 horas por dia5. O documento técnico foi encaminhado à então Secretária de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde do Ministério da Saúde, que ratificou a recomendação e publicou a Portaria SCTIE/MS nº 172/2022, no Diário Oficial da União (DOU) nº 229, de 07/12/2022, Seção 1, pág. 191.O que a literatura científica relata sobre o uso dessa tecnologia para AME?
Mendell et al (2017)6 publicou os resultados do estudo START, um ensaio clínico não randomizado, aberto, de braço único, incluindo pacientes com até 6 meses de idade (com exceções de até 9 meses de idade) diagnosticados com AME tipo 1, em homozigose, com 2 cópias do gene SMN2. O estudo incluiu 15 indivíduos em duas coortes, tendo a Coorte 1 incluído apenas 3 pacientes em uma dose baixa 6,7 x 1013 gv/kg, diferente da atualmente indicada em bula. A Coorte 2 incluiu 12 pacientes com a dose terapêutica de 2,0 x 1014 gv/kg. Após 24 meses de tratamento, todos os indivíduos da Coorte 1 (n=3) e da Coorte 2 (n = 12) sobreviveram, conferindo uma estimativa de sobrevida global tanto em 12 meses, quanto em 24 meses de 100% (IC95%: 77,9 a 100,0; n = 12/12) nos indivíduos em uso da dose terapêutica. Considerando os dados de ambas as coortes, é possível observar uma sobrevida global em 12 e 24 meses de 100% (IC95%: 81,9 a 100,0; n = 15/15). Em seu acompanhamento de longo prazo, todos os 10 pacientes acompanhados na dose terapêutica estavam vivos ao final de 5 anos, conferindo uma sobrevida global em 5 anos de 100% (IC95%: 74,1 a 100,0; n = 10/10). Após os 24 meses, todos sobreviveram sem eventos respiratórios (tendo ocorrido um evento em um dos três pacientes da coorte de baixa dose na idade de 28 meses), conferindo uma estimativa de sobrevida livre de eventos tanto em 12 meses, quanto em 24 meses de 100% (IC95%: 77,9 a 100,0; n = 12/12) nos indivíduos em uso da dose terapêutica. Considerando os dados de ambas as coortes, é possível observar uma sobrevida livre de eventos em 12 e 24 meses de 100% (IC95%: 81,9 a 100,0; n = 15/15). No acompanhamento de longo, todos os 10 pacientes estavam vivos e não necessitavam de ventilação permanente ao final de 5 anos, conferindo uma sobrevida livre de eventos em 5 anos de 100% (IC95%: 74,1 a 100,0; n = 10/10). Ao final de 12 e 24 meses, 11 indivíduos em dose terapêutica na Coorte 2 (n = 12) alcançaram o marco de uma pontuação ≥ 40 pontos na escala CHOP-INTEND, refletindo uma estimativa de 91,7% (IC95%: 65,2 a 99,6, n = 11/12) de resposta motora. Foram relatados 56 eventos adversos graves em 13 pacientes nas duas coortes estudadas, tendo sido 2 eventos de grau 4 relacionados ao tratamento. Ambos os eventos se relacionaram ao aumento dos níveis de enzimas hepáticas na corrente sanguínea (acima de 30 vezes o limite superior), necessitando intervenção com uso de corticosteroides. Dentre outros principais eventos adversos, foram mais frequentes os eventos: infecção do trato respiratório superior, 83% (n = 10); vômitos, 67% (n = 8); constipação, 58% (n =7); pirexia, 50% (n=6) e congestão nasal, 50% (n=6).Day et al (2021)7 publicaram os resultados do estudo STR1VE-US, um ensaio clínico não randomizado, aberto, de braço único, com pacientes de até 6 meses de idade diagnosticados com AME tipo 1, em homozigose, com 1 ou 2 cópias do gene SMN2. O estudo incluiu 22 indivíduos com 2 cópias do gene SMN2, tratados com uma única com a dose terapêutica de 1,1 x 1014 gv/kg.
No estudo STR1VE-US (NCT03306277), observou-se 1 óbito dentre os 22 pacientes incluídos e que receberam a dose única de onasemnogeno abeparvoveque, conferindo uma sobrevida global em 12 e 18 meses de 95,5% (IC95%: 79,6 a 99,8; n = 21/22). No estudo STR1VE-US (NCT03306277), um paciente foi a óbito com aproximadamente 7 meses e um paciente atingiu o critério de ventilação permanente com aproximadamente 11 meses, conferindo uma estimativa de sobrevida livre de eventos tanto em 12 meses, quanto em 18 meses, de 91% (IC95%: 79 a 100,0; n = 20/22). No estudo STR1VE-US (NCT03306277), 21 dos 22 pacientes incluídos alcançaram o marco de uma pontuação ≥ 40 pontos na escala CHOP-INTEND, refletindo uma estimativa de 95,5% (IC95%: 79,6 a 99,8; n = 21/22) de resposta motora. No estudo STR1VE-US, aos 18 meses de idade, 13 dos 22 pacientes incluídos atingiram o desfecho de sentar independente funcional por 30 segundos ou mais, uma estimativa de 59% (IC95%: 38 a 77,9, n = 13/22). No estudo STR1VE-US, 10 (45%) pacientes apresentaram algum evento adverso grave, sendo três desses eventos considerados relacionados ao tratamento: 2 pacientes apresentaram elevação das enzimas aminotransferases hepáticas e um teve hidrocefalia. Os eventos adversos graves mais frequentes foram: bronquiolite, pneumonia, dificuldade respiratória e bronquiolite causada pelo vírus respiratório sincicial e foram considerados não relacionados ao onasemnogeno abeparvoveque.
Referências bibliográficas
1 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Especializada à Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Complexo da Saúde. Portaria Conjunta SAES/SECTICS nº 6, de 15 de maio de 2023. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Atrofia Muscular Espinhal 5q tipos 1 e 2. [portaria na internet]. Diário Oficial da União 19 de maio de 2023.2 Zolgensma. [Bula]. Brasil: Novartis Biociencias S.A.
3 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Medicamentos. Câmera de Regulação do Mercado de Medicamentos. Listas de Preços de Medicamentos [Acesso em 23 out 2023]. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/cmed/precos.
4 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2022. Brasília: Ministério da Saúde; 2022 [Acesso em 23 out 2023]. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/20220128_rename_2022.pdf.
5 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação nº 793, de dezembro 2021. Onasemnogeno abeparvoveque para o tratamento de atrofia muscular espinhal (AME) [Acesso em 23 out 2023]. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/portaria/2022/20221207_relatorio_zolgensma_ame_tipo_i_793_2022.pdf.
6 Mendell JR, Al-Zaidy S, Shell R, Arnold WD, Rodino-Klapac LR, Prior TW, et al. Single-Dose Gene-Replacement Therapy for Spinal Muscular Atrophy. New England Journal of Medicine. 2017 Nov 2;377(18):1713–22 .
7 Day JW, Finkel RS, Chiriboga CA, Connolly AM, Crawford TO, Darras BT, et al. Onasemnogene abeparvovec gene therapy for symptomatic infantile-onset spinal muscular atrophy in patients with two copies of SMN2 (STR1VE): an open-label, single-arm, multicentre, phase 3 trial. Lancet Neurol. 2021 Apr;20(4):284–93.
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Orlistate para sobrepeso e obesidade :: Fevereiro/2022
Data de elaboração: Setembro/2021 Data de publicação: Fevereiro/2022 O que é sobrepeso e obesidade?
A obesidade e as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) relacionadas à obesidade são epidêmicas no mundo. Esta doença é determinada pelo índice de massa corporal (IMC), valores entre 25 e 29,9 Kg/m2 indicam sobrepeso e acima de 30kg/m2, obesidade. A obesidade é uma condição crônica multifatorial, que engloba diferentes dimensões, tais como biológica, social, cultural, comportamental, de saúde pública e política. O desenvolvimento da obesidade decorre de interações entre o perfil genético de maior risco, fatores sociais e ambientais, por exemplo, inatividade física, ingestão calórica excessiva, ambiente intrauterino, uso de medicamentos obesogênicos e status socioeconômico. Sono insuficiente, disruptores endócrinos e microbiota intestinal também podem estar associados à gênese da obesidade.De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a extensão e a gravidade da crise da obesidade são comparadas apenas à negligência e ao estigma enfrentados pelas pessoas com obesidade. No mundo, sobrepeso e obesidade afetam mais de 2 bilhões de adultos, e a prevalência quase triplicou em 40 anos. Em 2016, mais de 1,9 bilhão de adultos, com 18 anos ou mais, estavam acima do peso. Desses, mais de 650 milhões tinham obesidade, o que aumenta a preocupação com os riscos à saúde associados a esta condição clínica. Dados do histórico do VIGITEL (Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico) mostraram que, no Brasil, a obesidade cresceu 60% em dez anos, de 11,8% em 2006 para 18,9% em 2016. Estes dados apontam que a obesidade é um grave problema de saúde pública que requer intervenções sanitárias mais eficientes. A prevalência de excesso de peso tende a aumentar com a idade e diminuir com a escolaridade. O diagnóstico de sobrepeso ou obesidade é clínico, com base na estimativa do IMC, que é dado pela relação entre o peso e a altura do indivíduo. A obesidade compromete a qualidade e reduz a expectativa de vida do indivíduo. Além disso, ela impacta a sociedade com aumento dos gastos diretos em saúde, bem como dos custos indiretos, associados à perda de produtividade. O incremento constante deste agravo à saúde traz consigo o aumento dos gastos federais com doenças crônicas no SUS, como diabetes, hipertensão arterial sistêmica, dentre outras comorbidades1,2.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar sobrepeso e obesidade?
Sim. O SUS oferece estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) do Sobrepeso e Obesidade em Adultos, publicado por meio da Portaria SCTIE/MS nº 533, de 11 de novembro de 2020. O documento foi disponibilizado com vistas a apresentar diretrizes gerais para a prevenção e promoção à saúde ao discorrer sobre o diagnóstico, a terapêutica e o monitoramento de pessoas adultas com sobrepeso ou obesidade no Sistema Único de Saúde (SUS). O PCDT inclui critérios de classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados à saúde, de diagnóstico, de inclusão e exclusão, de prevenção do sobrepeso e da obesidade, tratamento, casos especiais, monitoramento, e regulação/controle/avaliação pelo gestor, dentro do SUS4.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O orlistate é indicado para o tratamento de pacientes com sobrepeso ou obesidade, incluindo pacientes com fatores de risco associados à obesidade, em conjunto com uma dieta de baixa caloria5.Possui genérico?
Sim6.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Lipiblock® e orlistate (medicamento genérico) - cápsulas duras de 120 mg.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED06 de 04/09/2021.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não, de acordo com consulta realizada à Rename7, em 29/09/2021.Quanto custa o tratamento com orlistate?
A dose diária recomendada de orlistate é de uma cápsula dura de 120mg, tomada, por via oral, durante ou até uma hora após cada uma das três refeições principais, totalizando 3 cápsulas por dia. O custo estimado mensal foi de R$ 272,97. Os valores foram calculados considerando-se o Preço Fábrica (PF) estabelecido pela Anvisa e a alíquota de 18% em relação ao ICMS do medicamento genérico orlistate (Fabricante Ranbaxy Farmacêutica Ltda.), segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED/Anvisa6.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar sobrepeso e obesidade?
Sim, de acordo com o PCDT de Sobrepeso e Obesidade em adultos, o SUS preconiza o tratamento não farmacológico baseado em alimentação controlada, prática de atividade física, suporte psicológico, práticas integrativas e complementares em saúde e tratamento cirúrgico apenas para os casos e critérios determinados pelo Protocolo. Não há medicamento para redução de peso incorporado no sistema público de saúde do Brasil3.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, a Conitec avaliou o orlistate para a redução de peso em indivíduos com sobrepeso ou obesidade. Durante a 86ª Reunião Ordinária, realizada no dia 05 de março de 2020, os membros da Comissão deliberaram, por unanimidade, recomendar a não incorporação do orlistate para a redução de peso em indivíduos com sobrepeso ou obesidade no âmbito do SUS1. O documento técnico foi encaminhado ao Secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde (SCTIE/MS), que ratificou a recomendação e publicou a Portaria nº 14/2020, no Diário Oficial da União (DOU) nº 78, de 24 de abril de 2020, Seção 1, pág. 221.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
A evidência científica recuperada por meio de 5 revisões sistemáticas (Khera et al. 20168, Leblanc et al. 20189, Gray et al. 201210, Sahebkbar et al. 201711 e Siebenhofer et al. 201612), que incluíram no total 88 ensaios clínicos randomizados (ECR), somadas a 6 ECR (Arzola-Paniagua et al. 201613, Derosa et al. 201214, Golay et al. 200515, Jain et al. 201116, Moini et al. 201417 e Trujillo et al. 201018), os quais não estavam contemplados nas revisões, aponta para uma redução média de -2,68 Kg (IC95% -3,01; -2,35) em um ano nos pacientes que utilizam orlistate 120 mg, três vezes ao dia, em relação ao placebo.
A evidência de maior qualidade recuperada, a revisão de Leblanc e colaboradores (2018)9, uma revisão sistemática, advinda de uma síntese de evidências para a Agency for Healthcare Research and Quality, incluiu ECR ou estudos observacionais que avaliassem intervenções, farmacológicas ou não, no âmbito da atenção primária em saúde, para emagrecimento ou manutenção de peso perdido, combinadas ou não. Foram incluídos estudos com duração de, no mínimo, 12 meses, que abordassem medidas não farmacológicas (treinamento de médicos, aconselhamento comportamental, etc) e/ou farmacológicas (apenas para medicamentos e dosagens aprovados pelo Food and Drug Administration (FDA) - orlistate, lorcaserina, naltrexona-bupropiona, fentermina-topiramato e liraglutida) comparados ao placebo ou entre si, em pacientes maiores de 18 anos, que tivessem IMC maior ou igual a 25 kg/m2. Os resultados apontam apenas para uma tendência de emagrecimento de 5-10% do peso com as intervenções farmacológicas, indicando que os melhores efeitos foram obtidos com intervenções comportamentais. No entanto, na revisão de Khera et al, 20168, que incluiu ECR, de duração mínima de um ano, que apresentassem como intervenção um dos cinco medicamentos registrados no FDA para perda de peso (orlistate, lorcaserina, naltrexona-bupropiona, fentermina-topiramato e liraglutida), em suas doses aprovadas, comparados entre si ou com placebo, em população com sobrepeso ou obesa (IMC maior ou igual a 27 kg/m2), apesar da heterogeneidade presente – e significante na meta-análise de perda de 5% do peso inicial – houve maior chance de redução de peso em 5 e 10% do peso inicial com o uso de orlistate, quando foi comparado ao placebo. Os resultados foram significantes, embora de pequena magnitude (<2,0) quando transformados para risco relativo. A magnitude de efeito do orlistate na redução do peso foi estatisticamente significativa em quase todos os estudos. Porém, a perda de peso pós seguimento foi inferior a 5-10%, que é o limiar de perda de peso clinicamente significante. Somado a isso, houve aumento estatisticamente significativo de efeitos adversos gastrointestinais e altas taxas de abandono nos estudos avaliados. A evidência de maior qualidade recuperada aponta apenas para uma tendência de emagrecimento de 5-10% do peso com o uso de orlistate quando combinado às intervenções comportamentais, o que sugere que o tratamento farmacológico não deve ser implementado isoladamente na ausência de outras medidas não farmacológicas1.Referências bibliográficas
1 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação nº 523, de mar 2020. Orlistate para a redução de peso em indivíduos com sobrepeso ou obesidade. [Acesso em 24 jun 2021]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2020/Relatorio_orlistate_sobrepeso_obesidade_523_2020_FINAL.pdf.2 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação nº 522, de mar 2020. Sibutramina para o tratamento dos pacientes com obesidade. [Acesso em 24 jun 2021]. Disponível em:
http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2020/Relatorio_sibutramina_obesidade_522_2019_FINAL.pdf.3 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos. Portaria SCTIE/MS nº 53, de 11 de novembro de 2020. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas de Sobrepeso e Obesidade em Adultos. [Portaria na internet]. Diário Oficial da União 13 nov 2020 [Acesso em 24 jun 2021]; Seção 1, (145). Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/Portaria/2020/20201113_Portaria_SCTIE_53.pdf.
4 Brasil. Ministério da Saúde. Portaria SCTIE/MS nº 53, de 11 de novembro de 2020. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas de Sobrepeso e Obesidade em Adultos. Brasília: Ministério da Saúde, 2020. [Acesso em 24 jun 2021]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Protocolos/20201113_PCDT_Sobrepeso_e_Obesidade_em_Adultos_29_10_2020_Final.pdf.
5 Orlistate. [Bula]. Índia: Sun Pharmaceutical Ind. Ltd.
6 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Medicamentos. Câmera de Regulação do Mercado de Medicamentos. Listas de Preços de Medicamentos [Acesso em 29 set 2021]. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/cmed/precos/arquivos/lista_conformidade_gov_2021_06_v2.pdf.
7 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2020. Brasília: Ministério da Saúde; 2020 [Acesso em 29 set 2021]. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/relacao_medicamentos_rename_2020.pdf.
8 Khera R, Murad MH, Chandar AK, Dulai PS, Wang Z, Prokop LJ, et al. Association of Pharmacological Treatments for Obesity With Weight Loss and Adverse Events. JAMA [Internet]. 2016 Jun 14 [cited 2019 Mar 11];315(22):2424. Available from: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/27299618/.
9 LeBlanc ES, Patnode CD, Webber EM, Redmond N, Rushkin M, O’Connor EA. Behavioral and Pharmacotherapy Weight Loss Interventions to Prevent ObesityRelated Morbidity and Mortality in Adults. JAMA [Internet]. American Medical Association; 2018 Sep 18 [cited 2019 Mar 11];320(11):1172. Available from: https://jamanetwork.com/journals/jama/fullarticle/2702877.
10 Gray LJ, Cooper N, Dunkley A, Warren FC, Ara R, Abrams K, et al. A systematic review and mixed treatment comparison of pharmacological interventions for the treatment of obesity. Obes Rev [Internet]. 2012 Jun [cited 2019 Mar 11];13(6):483–98. Available from: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/22288431/.
11 Sahebkar A, Simental-Mendía LE, Reiner Ž, Kovanen PT, Simental-Mendía M, Bianconi V, et al. Effect of orlistat on plasma lipids and body weight: A systematic review and meta-analysis of 33 randomized controlled trials. Pharmacol Res [Internet]. 2017 Aug [cited 2019 Mar 14]; 122:53–65. Available from: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28559211/.
12 Siebenhofer A, Jeitler K, Horvath K, Berghold A, Posch N, Meschik J, et al. Longterm effects of weight-reducing drugs in people with hypertension. Cochrane Database Syst Rev [Internet]. 2016 Mar 2 [cited 2019 Mar 16];3:CD007654. Available from: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/26934640.
13 Arzola-Paniagua MA, García-Salgado López ER, Calvo-Vargas CG, Guevara-Cruz M. Efficacy of an orlistat-resveratrol combination for weight loss in subjects with obesity: A randomized controlled trial. Obesity [Internet]. 2016 Jul [cited 2019 Mar 15];24(7):1454–63. Available from: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/27221771/.
14 Derosa G, Cicero A, D’Angelo A, Fogari E, Maffioli P. Effects of 1-year orlistat treatment compared to placebo on insulin resistance parameters in patients with type 2 diabetes. J Clin Pharm Ther [Internet]. 2012 Apr [cited 2019 Mar 14];37(2):187–95. Available from: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/21812797/.
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18 Trujillo RC, Acosta A de L, Parra MG de la, Tapia MGP. Estudio comparativo para evaluar la eficacia y seguridad de orlistat vs placebo en pacientes adultos de la Ciudad de México. Med Interna México [Internet]. 2010 [cited 2019 Mar 13];26(5):437–48. Available from: https://www.medigraphic.com/cgi-bin/new/resumen.cgi?IDARTICULO=28348.
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Osimertinibe para câncer de pulmão de células não pequenas, avançado ou metastático positivo para mutação EGFR T790M :: Dezembro/2018
Data de elaboração: Dezembro/2018 Data de publicação: Dezembro/2018 O que é Câncer de Pulmão de Células não Pequenas, Avançado ou Metastático Positivo para Mutação EGFR T790M?
O câncer de pulmão é um grande desafio para a oncologia devido à alta incidência e mortalidade1. A média de sobrevivência dos pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas avançado ou metastático é de apenas cinco meses, com uma taxa de sobrevivência após um ano de apenas 10%2. As taxas de resposta do carcinoma pulmonar de células não pequenas à quimioterapia citotóxica variam de 20 a 30% e a sobrevida global típica é de 8 a 10 meses3. Separando por gênero, estatísticas recentes mostraram que é o câncer mais prevalente em homens, com uma incidência de 1,2 milhões, e o quarto mais comum em mulheres, com incidência de 0,6 milhões de novos casos4. O câncer de pulmão de células não pequenas representa aproximadamente 85,0% dos cânceres de pulmão primário e a maioria dos pacientes apresenta a doença em seu estágio avançado ou metastático no momento do diagnóstico5. A mutação do gene do receptor do fator de crescimento epidérmico ativado (Epidermal Growth Factor Receptor - EGFR) está presente em quase 50% dos pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas que são da etnia asiática, em comparação com 12% na população caucasiana. O tabaco é um dos principais fatores etiológicos do câncer de pulmão, no entanto, esse também pode estar associado a outros fatores, tais como: causas externas, como fatores de exposição ambiental, além de fatores genéticos. Esses fatores justificam a existência de alguns tipos de câncer também em pessoas que nunca fumaram6. Os genes associados à susceptibilidade de câncer de pulmão em não fumantes são diversos, sendo a mutação do EGFR o mais relatado6.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Câncer de Pulmão de Células não Pequenas, Avançado ou Metastático Positivo para Mutação EGFR T790M?
Sim. O SUS oferece uma estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretriz Diagnóstica e Terapêutica do Câncer de Pulmão. (http://conitec.gov.br/images/Artigos_Publicacoes/ddt_CAPulmao_26092014.pdf)7.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O osimertinibe (Tagrisso®) possui indicação em bula para: o tratamento de primeira linha de pacientes com câncer de pulmão de não pequenas células (CPNPC) localmente avançado ou metastático, cujo tumor apresenta mutações de deleções do éxon 19 ou de substituição do éxon 21 (L858R) dos Receptores do Fator de Crescimento Epidérmico (EGFRs); e também para tratamento de pacientes com CPNPC localmente avançado ou metastático, positivo para mutação EGFR T790M, cuja doença progrediu quando em uso de, ou após a terapia com inibidores da tirosina quinase dos EGFRs8.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Tagrisso® - Comprimidos revestidos – 40 mg e 80 mg – embalagens com 30.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 11/12/2018.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não.Quanto custa o tratamento com Osimertinibe?
Considerando a dose recomendada em bula de 80 mg de osimertinibe, uma vez ao dia, até progressão da doença ou toxicidade inaceitável, o custo mensal estimado para tratamento com osimertinibe foi de R$ 18.718,17. O valor foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% do medicamento de referência, segundo ANVISA9.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Câncer de Pulmão de Células não Pequenas, Avançado ou Metastático Positivo para Mutação EGFR T790M?
Sim. Esclarece-se que para o tratamento de câncer no Sistema Único de Saúde, não há uma lista específica de medicamentos, vez que o cuidado ao paciente deve ser feito de forma integral nas Unidades de Alta Complexidade em Oncologia – UNACON ou Centros de Alta Complexidade em Oncologia – CACON. Nesses estabelecimentos de saúde, o fornecimento de medicamentos é feito via autorização de procedimento de alta complexidade (APAC), conforme os procedimentos tabelados. Assim, esses hospitais habilitados como UNACON ou CACON devem oferecer assistência especializada e integral ao paciente com câncer, atuando no diagnóstico e tratamento do paciente, sendo ressarcidos pelo gestor federal quando da realização dessa assistência, inclusive farmacêutica, de acordo com valores pré-estabelecidos na Tabela de Procedimentos do SUS.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Não, até a presente data, não foi protocolada, na CONITEC, demanda para analisar a incorporação, ao SUS, do osimertinibe para tratamento de câncer de pulmão ou para outras condições clínicas, seja pelo laboratório fabricante ou por outros demandantes. Ressalta-se que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou a empresa (produtora da tecnologia ou não), pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à CONITEC, desde que cumpra as exigências legais impostas pelo Decreto nº 7.646 de 2011.
Mais informações em: http://conitec.gov.brO que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Um Ensaio clínico randomizado, fase III avaliou a eficácia e segurança do osimertinibe em comparação à quimioterapia associada à platina. Foram incluídos 419 participantes de pesquisa com câncer de pulmão de células não pequenas localmente avançado ou com mutação positiva para T790M, que tiveram progressão da doença após a terapia com inibidor da tirosina quinase EGFR de primeira linha. Os pacientes foram randomizados em dois braços, sendo 279 para o grupo com a intervenção (osimertinibe) e 140 para o grupo controle (pemetrexedo associado à platina). Os resultados do estudo mostraram que o osimertinibe teve uma eficácia significativamente maior do que a terapia de platina associado à pemetrexedo em pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas T790M positivo nos casos em quem a doença havia progredido durante a terapia de EGFR-TKI de primeira linha10. No entanto, tem-se uma limitação pois este estudo foi financiado pela indústria farmacêutica, responsável pelo desenvolvimento do produto. Apesar desse cenário incerto e com escassez de evidências acerca da eficácia e segurança do osimertinibe, diversas agências de avaliação de tecnologias no mundo já recomendam essa tecnologia como uma opção de tratamento de câncer de pulmão de células não pequenas localmente avançado ou metastático positivo para a mutação EGFR T790M em adultos, nos casos em que a doença progrediu após o uso da primeira linha de inibidores da tirosina quinase EGFR11,12,13.Referências bibliográficas
1 MINISTÉRIO DA SAÚDE. Instituto Nacional do Câncer José Alencar Gomes da Silva [homepage on the Internet]. Rio de Janeiro: INCA. Estimativa 2014 - Incidência de Câncer no Brasil 2014. [Adobe Acrobat document, 126p.]. Available from: http://www.inca.gov.br/estimativa/2014/estimativa-24012014.pdf
2 RAPP, E. et al. Chemotherapy can prolong survival in patients with advanced non-small-cell lung cancer — report of a Canadian multicenter randomized trial. Journal of Clinical Oncology, 1988; 6:633- 41.
3 SCHILLER, J.H. et al. Comparison of four chemotherapy regimens for advanced non-small-cell lung cancer. The New England Journal of Medicine. 346(2):92-8, 2002. http://dx.doi.org/10.1056/NEJMoa011954
4 FERLAY et al. Cancer incidence and mortality worldwide: sources, methods and major patterns in GLOBOCAN 2012. International Journal of Cancer, 1;136(5):E359-86 2015. doi: 10.1002/ijc.29210.
5 CRINÒ L. et al. Early stage and locally advanced (non-metastatic) non-small-cell lung cancer: ESMO Clinical Practice Guidelines for diagnosis, treatment and follow-up. Annals of Oncology; 21 Suppl 5: v103-v115, 2010.
6 OKAZAKI, I. et al. Genes Associated with Succeptibility to Lung Adenocarcinoma Among Never Smokers Suggest the Mechanism of Disease. ANTICANCER RESEARCH 34: 5229-5240 (2014).
7 BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 957, de 26 de setembro de 2014. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas Aprova as Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas do Câncer de Pulmão. Brasília: Ministério da Saúde, 2014. Disponível em: http: http://conitec.gov.br/images/Artigos_Publicacoes/ddt_CAPulmao_26092014.pdf Acesso em: 21/12/2018.
8 OSIMERTINIBE. Bula de medicamento. AstraZeneca do Brasil Ltda. Farm. Resp: Dra. Gisele H. V. C. Teixeira. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=5128552018&pIdAnexo=10591204. Acesso em 21/12/2018.
9 Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 22/03/2018.
10 MOK, T. S. et al. Osimertinib or Platinum–Pemetrexed in EGFR T790M–Positive Lung Cancer. The New England Journal of Medicine, 376; 7, 2017.
11 NICE - National Institute for Health and Care Excellence. Technology appraisal guidance [TA416]: Osimertinib for treating locally advanced or metastatic EGFR T790M mutation-positive non-small-cell lung cancer. Published date: 26 October 2016. Disponível em: https://www.nice.org.uk/guidance/ta416/chapter/1-Recommendations
12 SMC – Scottish Medicines Consortium. SMC advice: Osimertinibe (Tagrisso). Published in 13 February 2017. Disponível em: https://www.scottishmedicines.org.uk/SMC_Advice/Advice/1214_17_osimertinib_Tagrisso/osimertinib_T agrisso
13 CADTH - Canadian Agency for Drugs and Technologies in Health. pCODR Expert Review Committee (pERC) FINAL RECOMMENDATION: Osimertinibe (Tagrisso). Disponível em: https://cadth.ca/sites/default/files/pcodr/pcodr_osimertinib_tagrisso_nsclc_fn_rec.pdf -
Oxcarbazepina para epilepsia :: Dezembro/2019
Data de elaboração: Dezembro/2019 Data de publicação: Dezembro/2019 O que é Epilepsia?
A epilepsia é caracterizada pela predisposição permanente do cérebro em originar crises epilépticas, levando a consequências neurobiológicas, cognitivas, psicológicas e sociais destas crises1. Essa doença está associada a uma maior mortalidade, a um risco aumentado de comorbidades psiquiátricas e a inúmeros problemas psicossociais. As epilepsias podem ser causadas por lesões estruturais, alterações genéticas, erros inatos do metabolismo, e uma série de doenças que envolvem o sistema nervoso humano, assim como condições adquiridas ao longo da vida2,3. A definição de epilepsia requer a ocorrência de pelo menos uma crise epiléptica, que é a ocorrência transitória de sinais ou sintomas clínicos secundários a uma atividade neuronal anormal excessiva ou sincrônica. Estas crises podem ser classificadas como generalizadas, focais e “de início desconhecido”, sendo que cada uma possui subdivisões4,5. Pode ser prevenida e controlada em até 70% dos pacientes. O não tratamento é um risco à morte súbita e a traumatismo. A probabilidade geral de um indivíduo ser afetado pela epilepsia ao longo da vida é de cerca de 3%6. Estima-se que a prevalência mundial de epilepsia ativa esteja entre 0,5% e 1,0% da população7. Enquanto no Brasil, estima-se 5,4 a 16,5 indivíduos possuam epilepsia ativa, a cada 1.000 habitantes8,9,10.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Epilepsia?
Sim. O SUS oferece uma estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Epilepsia. Este documento inclui critérios de diagnóstico, de inclusão e exclusão, tratamento não medicamentoso e medicamentoso, monitorização da doença e regulação pelo gestor, dentro do SUS11 .A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim12. A oxcarbazepina é indicada em pacientes adultos e crianças com mais de 1 mês de idade para o tratamento de crises parciais (envolvendo os subtipos simples, complexos e crises parciais evoluindo para crises com generalização secundária) e crises tônico-clônicas generalizadas13.Possui genérico?
Sim12. Além de genéricos, a oxcarbazepina possui medicamentos similares, como demonstrado abaixo.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
OLEPTAL® – Comprimido Revestido – 300 mg e 600 mg
OXCARB® – Comprimido Revestido – 300 mg e 600 mg; Suspensão Oral – 60 mg/mL – frasco de 100 mL
OLEPTAL® – Comprimido Revestido – 300 mg e 600 mg
OXCARB® – Comprimido Revestido – 300 mg e 600 mg; Suspensão Oral – 60 mg/mL – frasco de 100 mL
OXCARBAZEPINA (Genéricos) – Comprimido Revestido – 300 mg e 600 mg; Suspensão Oral – 60 mg/mL – frasco de 100 mL
SELZIC® – Comprimido Revestido – 300 mg e 600 mg
TRILEPTAL® – Comprimido Revestido – 300 mg e 600 mg; Suspensão Oral – 60 mg/mL – frasco de 100 mL
ZYOXIPINA® – Comprimido Revestido – 300 mg e 600 mg*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 14/11/2019.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não15. A oxcarbazepina não consta na RENAME 202018.Quanto custa o tratamento com Oxcarbazepina?
De acordo com a bula do medicamento, o regime terapêutico recomendado para adultos, no início do tratamento e que pode ser mantido na fase de manutenção, é de 600 mg/dia, divididos em duas doses13. Assim, considerando que um ano possui 365 dias, para o tratamento de um ano de duração seriam necessários 730 comprimidos de 300 mg do medicamento. Considerando o Preço Máximo de Venda ao Governo (PMVG) estabelecido pela ANVISA14 e a alíquota de 0% em relação ao ICMS do medicamento genérico produzido pela Ranbaxy Farmacêutica LTDA, o custo anual estimado do tratamento com oxcarbazepina seria de R$ 554,80, por paciente com epilepsia em monoterapia.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Epilepsia?
Sim, são disponibilizados os medicamentos apresentados na tabela abaixo11:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Ácido valproico (valproato de sódio) Comprimido ou cápsulas/solução e xarope 250 mg e 500 mg Carbamazepina Comprimido / Suspensão oral 200 mg e 400 mg Clobazam Comprimido 10 mg e 20 mg* Clonazepan Solução oral 2,5 mg/mL* Etossuximida Xarope 50 mg/mL* Fenitoína Comprimido / Suspensão oral 100 mg Fenobarbital Comprimido / Solução oral 100 mg Gabapentina Cápsula 300 mg e 400 mg* Lamotrigina Comprimido 25 mg, 50 mg e 100 mg* Levetiracetam Comprimido / Solução oral 250 mg e 750 mg Primidona Comprimido 100 mg e 250 mg* Topiramato Comprimido 25 mg, 50 mg e 100 mg* Vigabatrina Comprimido 500 mg* A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Não. Até a presente data, não foi protocolada na Conitec proposta para analisar a incorporação no SUS da oxcarbazepina para tratamento de epilepsia ou para outras condições clínicas, seja pelo laboratório fabricante ou por outros entes interessados16. Ressalta-se que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou empresa (produtora da tecnologia ou não), pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à Conitec, desde que cumpra as exigências legais impostas pelo Decreto nº 7.646 de 2011. O Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Epilepsia, regulamentado por meio da Portaria SAS/MS nº. 1.319 - 25/11/2013 deliberou por não indicar a referida tecnologia. Mais informações em: http://conitec.gov.br.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Uma revisão sistemática (RS) da Cochrane, tipo de estudo considerado de alta credibilidade, comparou diversos medicamentos antiepiléticos (carbamazepina, fenitoína, valproato de sódio, fenobarbital, oxcarbazepina, lamotrigina, gabapentina, topiramato, levetiracetam, zonisamida), quanto ao tempo para descontinuação do tratamento inicialmente alocado, remissão e primeira crise, por meio de uma meta-análise em rede (MAR) construída pelos autores. Em relação ao controle das crises parciais, a MAR demonstrou que oxcarbazepina não apresentou diferença estatisticamente significante da maioria dos demais medicamentos. Contudo, este medicamento se mostrou inferior a lamotrigina quanto ao tempo para descontinuação do tratamento (HR: 1,46; IC95%: 1,11 – 1,92 [referência: lamotrigina]); superior a levetiracetam em tempo para remissão de 12 meses (HR: 1,38; IC95%: 1,05 – 1,79 [referência: oxcarbazepina]); inferior a fenobarbital (HR: 1,38; IC95%: 1,04 – 1,83 [referência: fenobarbital]) e superior a gabapentina (HR: 1,32; IC95%: 1,08 – 1,63 [referência: oxcarbazepina]), quanto ao tempo para primeira crise. Para o tratamento das crises generalizadas, os resultados da MAR mostraram que oxcarbazepina não apresentou diferença estatisticamente significante para todos os desfechos avaliados, quando comparada aos demais medicamentos. Os eventos adversos mais comumente relatados com todos os medicamentos foram sonolência/fadiga, cefaleia ou enxaqueca, distúrbios gastrointestinais, tontura/desmaio e erupções cutâneas ou distúrbios da pele. Por fim, os autores concluíram que carbamazepina e lamotrigina são os tratamentos de primeira linha mais adequados para indivíduos com crises parciais, sendo que levetiracetam pode ser uma alternativa. Para o tratamento de crises tônico-clônicas generalizadas, valproato de sódio seria o tratamento de primeira linha adequado. Lamotrigina e levetiracetam seriam alternativas adequadas para este, especialmente no caso de gravidez, por conta da teratogenicidade do valproato de sódio17.Referências bibliográficas
1Fisher RS, Acevedo C, Arzimanoglou A, Bogacz A, Cross JH, Elger CE, Engel J Jr, Forsgren L, French JA, Glynn M, Hesdorffer DC, Lee BI, Mathern GW, Moshé SL, Perucca E, Scheffer IE, Tomson T, Watanabe M, Wiebe S. A practical clinical definition of epilepsy. ILAE official report. Epilepsia 2014; 55(4): 475-82.
2Sirven JI. Epilepsy: a spectral disorder. Cold Spring Harb Perspect Med 2015;5(9):a022848.
3Brigo, F. An evidence-based approach to proper diagnostic use of the electroencephalogram for suspected seizures. Epilepsy Behav 2011; 21(3): 219-22.
4Panayiotopoulos CP. The new ILAE report on terminology and concepts for organization of epileptic seizures: a clinician’s critical view and contribution. Epilepsia. 2011; 52(12): 2155–60.
5Elger CE, Schmidt D. Modern management of epilepsy: a practical approach. Epilepsy Behav. 2008; 12(4): 501- 39.
6Kwan P, Brodie MJ. Early identification of refractory epilepsy. N Engl J Med. 2000; 342(5): 314-9.
7Banerjee PN, Filippi D, Hauser WA. The descriptive epidemiology of epilepsy – a review. Epilepsy Res. 2009; 85(1): 31-45.
8Marino R Jr, Cukiert A, Pinho E. Epidemiological aspects of epilepsy in São Paulo, Brazil: a prevalence study. Arq Neuro-Psiquiatr. 1986; 44(3): 243-54.
9Fernandes JG, Schmidt MI, Monte TL et al. Prevalence of epilepsy. The Porto Alegre Study. Epilepsia 1992; 33(Suppl 3): 132.
10Noronha AL, Borges MA, Marques LH, Zanetta DM, Fernandes PT, de Boer H, Espíndola J, Miranda CT, Prilipko L, Bell GS, Sander JW, Li LM. Prevalence and pattern of epilepsy treatment in different socioeconomic classes in Brazil. Epilepsia 2007; 48(5): 880-5.
11Brasil. Ministério da Saúde. Portaria Conjunta nº 17, de 21 de junho de 2018. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Epilepsia. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Protocolos/PCDT_Epilepisia_2019.pdf Acesso em 18/11/2019.
12Brasil. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Consultas. Disponível em: https://consultas.anvisa.gov.br/#/ Acesso em: 18/11/2019.
13Bula do medicamento TRILEPTAL: oxcarbazepina. Farm. Resp. Flavia Regina Pegorer. São Paulo - SP: Novartis Biociências S.A. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/index.asp Acesso em 18/11/2019.
14Brasil. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos. Acesso em: 18/11/2019.
15Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2018 – Brasília: Ministério da Saúde, 2018. Disponível em: http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2018/dezembro/17/170407M2018final.pdf. Acesso em: 18/11/2019.
16Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS. Tecnologias demandadas. Disponível em: http://conitec.gov.br/tecnologias-em-avaliacao. Acesso em: 18/11/2019.
17Nevitt SJ, Sudell M, Weston J, Tudur Smith C, Marson AG. Antiepileptic drug monotherapy for epilepsy: a network meta-analysis of individual participant data. Cochrane Database Syst Rev. 2017 Dec 15;12:CD011412.
18Brasil. Ministério da Saúde. RENAME – Relação Nacional de Medicamentos Essenciais. Disponível em: http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2019/dezembro/11/Rename-2020.pdf. Acesso em :12/12/2019. -
Oxibutinina para bexiga neurogênica :: Setembro/2021
Data de elaboração: Setembro/2021 Data de publicação: Setembro/2021 O que é bexiga neurogênica?
O funcionamento normal da bexiga urinária de armazenar e expulsar urina de forma coordenada e controlada é regulada pelo Sistema Nervoso Central (SNC) e pelo Sistema Nervoso Periférico (SNP). Disfunções neurológicas resultantes de trauma, doença ou lesão interna ou externa, que possam afetar a coluna cervical ou inervação periférica relacionada ao processo de controle da bexiga e esfíncter urinário resultam no mau funcionamento da bexiga, condição conhecida como bexiga neurogênica. O dano se origina, principalmente, a partir de condições cerebrais, da coluna vertebral suprasacral e de nervos periféricos ou coluna vertebral sacral. Acidentes Vasculares Cerebrais (AVCs), lesões da medula espinhal e compressão da cauda equina produzem danos fixos ao sistema nervoso. Já doenças inflamatórias e demências progressivas, como Parkinson, esclerose múltipla e neuropatia periférica, resultam em danos progressivos. Os sintomas do trato urinário inferior estão relacionados ao armazenamento prejudicado de urina, ao aumento da frequência de micção, à urgência urinária e à incontinência urinária. Sintomas de esvaziamento incluem a hesitação, fluxo urinário lento, necessidade de esforço durante a micção e retenção urinária. Os sintomas podem surgir concomitantemente. A gravidade e natureza da incontinência depende do local, extensão e evolução da lesão neurológica, podendo surgir como resultado da hiperatividade da bexiga, disfunção dos esfíncteres uretrais ou de uma combinação dos dois. Os sintomas impactam negativamente na qualidade de vida dos pacientes, ocasionando problemas, como isolamento social e impedimento de atividades rotineiras. Alternativas terapêuticas, como o treinamento do músculo do assoalho pélvico, os medicamentos e as cirurgias especificas, proporcionam uma melhora na qualidade de vida. A terapia adequada e eficaz está associada ao diagnóstico preciso, por meio de história clínica, exame físico, diário miccional, exames complementares, incluindo a urodinâmica, e estudos de imagem1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar bexiga neurogênica?
Não. Atualmente, no âmbito do SUS, não há diretrizes de estratégia de cuidado específicas para tratamento da disfunção de armazenamento para pacientes adultos portadores de bexiga neurogênica.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim2. O cloridrato de oxibutinina, da classe de medicamentos antiespasmódicos, é indicado para o alívio dos sintomas urológicos relacionados à incontinência urinária, urgência miccional, noctúria e incontinência urinária em pacientes com bexiga neurogênica espástica não inibida e bexiga neurogênica reflexa. É recomendado, ainda, como coadjuvante no tratamento de cistites e prostatite crônica, distúrbios psicossomáticos da micção e redução de episódios de enurese noturna (crianças de 5 anos de idade ou mais). A marca de referência foi registrada pela Anvisa em dezembro de 1995.Possui genérico?
Sim3.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Retemic® - comprimidos de 5 mg (caixa com 30 e 60);
Retemic® - comprimidos revestidos de liberação prolongada de 10 mg (caixa com 15 e 30);
Retemic® - xarope de 1 mg/mL – frasco com 120 mL;
Cloridrato de oxibutinina (EMS) - xarope de 1 mg/mL – frasco com 120 mL;
Dry® - comprimidos de 5 mg (caixa com 30 e 60);
Nourin® - comprimidos de 5 mg (caixa com 30 e 60)*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED03 de 04/09/2020.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não, de acordo com consulta realizada à Rename4, em 22/09/2021.Quanto custa o tratamento com oxibutinina?
Visto que existem diferentes registros referentes ao oxibutinina 5 mg na Anvisa, devido ao fato de o fármaco ter medicamento de referência e similares, calculou-se o valor do tratamento com o medicamento de referência Retemic®, embalagem com 60 comprimidos. A dosagem usualmente recomendada para adultos é de 1 comprimido, 2 a 3 vezes ao dia. O uso comum pediátrico acima de 5 anos é de 1 comprimido de 5 mg, 2 vezes ao dia. Para fins de estimativa dos custos mensais, considerou-se a prescrição média de 2 comprimidos ao dia, assim, o valor total representou R$ 45,89 (quarenta e cinco reais e oitenta e nove centavos). Para a apresentação de oxibutinina 1 mg/mL com 120 mL, estão disponíveis dois registros: medicamento de referência e genérico. Para fins de estimativa do custo mensal, considerou-se o valor do medicamento de referência Retemic®. A dose usual para adultos é de 5 mL, 2 a 3 vezes ao dia (10 – 15 mL/dia). Já a pediátrica acima de 5 anos, de 5 mL, 2 vezes ao dia (10 mL/dia). Considerando a administração média de 10 mL ao dia, o custo estimado mensal foi de R$ 110,10 (cento e dez reais e dez centavos).Tendo em vista que a apresentação de 10 mg possui uma única marca registrada (Retemic®), e que a dosagem recomendada em bula é de 1 comprimido de liberação prolongada ao dia, o valor estimado para tratamento foi de R$ 83,03 (oitenta e três reais e três centavos). Todos os valores foram calculados considerando-se o Preço Fábrica (PF) médio estabelecido pela Anvisa e a alíquota de 18% em relação ao ICMS dos medicamentos, previsto na Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED/Anvisa)3.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar bexiga neurogênica?
Não. Conforme já informado, não há no SUS tratamento específico disponível para portadores de bexiga neurogênica. Durante a 91ª Reunião5 da Conitec, realizada em 07/10/2020, os membros presentes deliberaram, por unanimidade, recomendar a atualização do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Disfunção Neurogênica do Trato Urinário Inferior em Adultos, ocasião em que foi assinado o registro de deliberação nº 560/2020. Até o momento, o aludido Protocolo não foi publicado.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, a Conitec avaliou a oxibutinina para disfunção de armazenamento em pacientes com bexiga neurogênica. Durante a 85ª Reunião6 Ordinária, realizada no dia 04 de fevereiro de 2020, os membros da Comissão deliberaram, por unanimidade, recomendar a não incorporação dos antimuscarínicos (oxibutinina, tolterodina, solifenacina e darifenacina) para o tratamento da disfunção de armazenamento em pacientes com bexiga neurogênica. O documento técnico foi encaminhado ao Secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde (SCTIE/MS), que ratificou a recomendação e publicou a Portaria nº 9/2020, no Diário Oficial da União (DOU) nº 49, de 12/03/2020, Seção 1, pág. 187.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Schröder et al. (2016)7 realizaram um ensaio clínico randomizado (ECR), multicêntrico, com 35 participantes, para avaliar eficácia, segurança e tolerabilidade das apresentações oxibutinina xarope (10 mL, 3 vezes ao dia) e comprimido de 5 mg (3 vezes ao dia). O tempo de seguimento do estudo controlado foi de 4 semanas. Após, o estudo tornou-se open-label, com todos os participantes recebendo oxitubinina intravesical durante 12 meses. Pacientes que utilizaram o medicamento intravesical apresentaram uma redução na capacidade máxima da bexiga (DP) de 359,1 mL na linha de base, para 116,6 mL, após 28 dias de tratamento. Pacientes que utilizaram a oxibutinina oral tiveram uma redução, não estatisticamente significativa, da capacidade máxima de 399,5 mL na linha de base, para 18,1 mL. Houve uma diferença estatisticamente significante entre os grupos a favor da forma intravesical. Ocorreram reduções do número médio de episódios diários de incontinência de 1,18 e 0,94 nos grupos que receberam oxibutinina intravesical e oral, respectivamente. Ambos os grupos tiveram reduções estatisticamente significantes da linha de base ao final dos 28 dias de tratamento. Eventos adversos anticolinérgicos (boca seca, constipação, olho seco, midríase) foram mais presentes no grupo que recebeu a apresentação oral.
Amarenco et al. (2017)8 descreveram um ECR, duplo-cego, multicêntrico, com o total de 189 adultos, para avaliar a eficácia e segurança dos medicamentos oxibutinina e solifenacina em adultos com hiperatividade detrusora neurogênica causada por esclerose múltipla ou danos na coluna vertebral. O tempo de seguimento foi de 4 semanas. Os pacientes dos grupos solifenacina 5 mg, solifenacina 10 mg, oxibutinina 5 mg, tiveram um aumento da DP de 77,8 mL, 134,2 mL e 165,4 mL, respectivamente, da linha de base até a semana quatro; enquanto os pacientes que receberam placebo tiveram um aumento de 5,4 mL. Houve diferença estatisticamente significante entre os princípios ativos em relação ao placebo. O evento adverso mais comum foi boca seca, sendo estatisticamente maior no grupo que recebeu oxibutinina, em comparação ao placebo, embora a diferença entre solifenacina e placebo não tenha sido estatisticamente significante.Referências bibliográficas
1 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação nº 508, de fev 2020. Antimuscarínicos (oxibutinina, tolterodina, solifenacina e darifenacina) para tratamento da disfunção de armazenamento em pacientes com bexiga neurogênica. [Acesso em 23 ago 2021]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2020/Relatorio_Antimuscarinicos_Bexiga_Neurogenica_508_2020_FINAL.pdf.2 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Consultas. Produtos da Saúde [Internet]. [acesso em 23 de ago de 2021]. Disponível em: https://consultas.anvisa.gov.br/#/medicamentos/q/?substancia=2978.
3 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Consultas. Produtos da Saúde [Internet]. [acesso em 22 de set de 2021]. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/cmed/precos/arquivos/lista_conformidade_gov_2021_09_v1.pdf.
4 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2020. Brasília: Ministério da Saúde; 2020 [Acesso em 23 ago 2021]. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/relacao_medicamentos_rename_2020.pdf.
5 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Pauta da 91ª Reunião da Conitec. [acesso em 23 de ago de 2021]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Reuniao_Conitec/2020/20201008_Pauta_91_reuniao_pos.pdf.
6 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Pauta da 85ª Reunião da Conitec. [acesso em 23 de ago de 2021]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Reuniao_Conitec/2020/Pauta_85Reuniao_RecomendacoesSolicitacoes.pdf.
7 Schroder A, Albrecht U, Schnitker J, Reitz A, Stein R. Efficacy, safety, and tolerability of intravesically administered 0.1% oxybutynin hydrochloride solution in adult patients with neurogenic bladder: A randomized, prospective, controlled multi-center trial. Neurourology and urodynamics. 2016;35(5):582-8.
8 Amarenco G, Sutory M, Zachoval R, Agarwal M, Del Popolo G, Tretter R, et al. Solifenacin is effective and well tolerated in patients with neurogenic detrusor overactivity: Results from the double-blind, randomized, active- and placebo-controlled SONIC urodynamic study. Neurourology and urodynamics. 2017;36(2):414-21.
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Palbociclibe, combinado com terapia endócrina para câncer de mama avançado ou metastático, HR+ (receptor hormonal positivo) e HER2- (receptor 2 do fator de crescimento epidérmico humano negativo) :: Novembro/2019
Data de elaboração: Agosto/2019 Data de publicação: Novembro/2019 O que é câncer de mama avançado ou metastático, HR+ (receptor hormonal positivo) e HER2- (receptor 2 do fator de crescimento epidérmico humano negativo)?
O câncer de mama é uma doença causada pela multiplicação desordenada das células da mama. Esse processo gera células anormais que se multiplicam, formando um tumor. Há vários tipos de câncer de mama. Por isso, a doença pode evoluir de diferentes formas. Alguns tipos têm desenvolvimento rápido, enquanto outros crescem mais lentamente. Esses comportamentos distintos se devem a característica próprias de cada tumor1. O subtipo HER2+ ocorre quando a proteína conhecida como HER2, localizada na membrana das células cancerígenas, aparece em excesso. Ele é bastante invasivo, por isso as pacientes precisam ter acesso aos tratamentos mais adequados para mantê-lo sob controle. A fase conhecida como metastática é a mais avançada do câncer de mama e ocorre quando o tumor atinge outros órgãos do corpo além da mama2. O câncer de mama é o tipo da doença mais comum entre as mulheres no mundo e no Brasil, depois do de pele não melanoma, correspondendo a cerca de 25% dos casos novos a cada ano. No Brasil, esse percentual é de 29%, e para 2018, são esperados 59.700 casos novos de câncer de mama1. Quando diagnosticado e tratado precocemente, tem um bom prognóstico, no entanto, quando diagnosticado em estágios avançados, com metástases sistêmicas, a cura não é possível. No Brasil, a sobrevida aproximada é de 80%. As taxas de incidência aumentam rapidamente até os 50 anos e, posteriormente, esse aumento ocorre de forma mais lenta. Além da idade, existem outros fatores de risco estabelecidos, tais como: aqueles relacionados à vida reprodutiva da mulher (menarca precoce, nuliparidade, idade da primeira gestação a termo acima dos 30 anos, uso de anticoncepcionais orais, menopausa tardia e terapia de reposição hormonal), história familiar de câncer da mama, alta densidade do tecido mamário, obesidade, urbanização e elevação do status socioeconômico3. O câncer de mama metastático tem uma taxa de sobrevida em cinco anos de apenas 26%, motivo pelo qual é essencial o desenvolvimento de terapias mais eficazes. Seu tratamento não é curativo, mas paliativo, com foco na otimização do tempo de sobrevida e na qualidade de vida e na limitação de eventos adversos. Quase 75% de todos os casos de câncer de mama são receptores hormonais positivos (HR +) e a maioria são receptores 2 do fator de crescimento epidérmico humano negativos (HER2−). O HR+ / HER2‐ geralmente é gerenciado com terapia endócrina altamente tolerável (TE), consistindo de inibidores da aromatase ou bloqueadores dos receptores de estrogênio. No entanto, uma proporção de câncer de mama metastático não responde à TE devido à resistência intrínseca, e a maioria das pacientes acabará por desenvolver progressão da doença por causa da resistência adquirida4.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar câncer de mama avançado ou metastático, HR+ (receptor hormonal positivo) e HER2- (receptor 2 do fator de crescimento epidérmico humano negativo)?
Sim. O SUS oferece uma estratégia de cuidado que pode ser verificada nas Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas do Carcinoma de Mama3.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim5. Palbociclibe é indicado para o tratamento do câncer de mama avançado ou metastático HR+ / HER2- em combinação com terapia endócrina: com inibidores de aromatase de terceira geração (anastrozol, letrozol ou exemestano) como terapia endócrina inicial em mulheres pós-menopausa; ou com fulvestranto em mulheres que receberam terapia prévia.Possui genérico?
Não.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Ibrance® - 75 mg, 100 mg ou 125 mg de palbociclibe em embalagens contendo 21 cápsulas duras (uso oral).*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 01/08/20196.
*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 28/08/2019.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não. Palbociclibe não consta na RENAME 20187.Quanto custa o tratamento com Palbociclibe, combinado com terapia endócrina?
Considerando a dose recomendada em bula de 125 mg (ou 100mg ou 75 mg, no caso de eventos adversos) uma vez ao dia, durante 21 dias consecutivos, seguido por sete dias sem tratamento para compor um ciclo completo de 28 dias, o custo estimado para este período para tratamento com palbociclibe é de R$ 218.212,26, visto que as três dosagens possuem o mesmo valor unitário.O custo foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% do medicamento de referência, segundo ANVISA6.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar câncer de mama avançado ou metastático, HR+ (receptor hormonal positivo) e HER2- (receptor 2 do fator de crescimento epidérmico humano negativo)?
Sim. Esclarece-se que para o tratamento de câncer no Sistema Único de Saúde, não há uma lista específica de medicamentos, vez que o cuidado ao paciente deve ser feito de forma integral nas Unidades de Alta Complexidade em Oncologia – UNACON – ou Centros de Alta Complexidade em Oncologia – CACON. Nesses estabelecimentos de saúde, o fornecimento de medicamentos é feito via autorização de procedimento de alta complexidade (APAC), conforme os procedimentos tabelados. Assim, esses hospitais habilitados como UNACON ou CACON devem oferecer assistência especializada e integral ao paciente com câncer, atuando no diagnóstico e tratamento do paciente.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Não, até a presente data, não foi protocolada, na Conitec, demanda para analisar a incorporação, no SUS, do palbociclibe para tratamento de câncer de mama avançado ou metastático, HR+ e HER2- ou para outras condições clínicas, seja pelo laboratório fabricante ou por outros demandantes. Ressalta-se que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou a empresa (produtora da tecnologia ou não), pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à Conitec, desde que cumpra as exigências legais impostas pelo Decreto nº 7.646 de 2011.
Mais informações em: http://conitec.gov.brO que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Uma revisão sistemática avaliou o tratamento do câncer de mama avançado HR+/HER2- com everolimus, ribociclibe, palbociclibe e ademaciclibe em combinação com terapia endócrina. Todos os estudos incluídos foram avaliados com critérios da abordagem GRADE para graduar a qualidade da evidência. Foram observados, em dois estudos randomizados com palbociclibe, uma sobrevida média livre de progressão (PFS) de 20,2 meses no grupo de combinação versus 10,2 meses no grupo de terapia endócrina (ET) único (a taxa de risco (HR) para progressão ou morte da doença foi de 0,49; IC95% 0,32-0,75; p-valor unilateral <0,0001) e 30,5 versus 19,3 meses (HR=0,65; IC 95% 0,51-0,84; p-valor = 0,001). Sugere-se um aumento do PFS de 10 a 11 meses ao adicionar palbociclibe ao ET. A PFS foi de 9,5 meses ao utilizar o palbociclibe versus 4,6 meses utilizando o placebo (HR=0,46; IC 95% 0,36-0,59; p-valor <0,0001). Os eventos adversos (EAs) graves ocorreram em 19,6% e 13% (versus 12,6% e 17%) nos ensaios com palbociclibe. Além da neutropenia, que é o EA mais comum de grau 3 e 4 dos inibidores da CDK 4/6 (ribociclibe, palbociclibe e abemaciclibe), outros EAs comuns que ocorreram nos grupos de palbociclibe foram leucopenia (19%, 24,8% e 28%) e anemia (6%, 5,4% e 3%). Em todos os ensaios, outros EAs comuns de baixo grau incluíam toxicidades hematológicas (neutropenia, leucopenia, anemia), fadiga, infecções, diarréia, náusea, dor abdominal, artralgia e alopecia. Em três estudos com palbociclibe observou-se a interrupção do tratamento devido a EAs em 13%, 9,7% e 4% (versus 2%, 5,9% e 2%, respectivamente), porém, nenhuma morte foi diretamente ligada ao efeito tóxico. Os desfechos primários avaliados em todos os ensaios foram PFS ou TTP, e o desfecho clinicamente mais importante, a sobrevida global, ainda é aguardado na maioria dos ensaios. Com base apenas na eficácia, não há indicação de preferência a qualquer um dos três inibidores da CDK 4/6 no tratamento de primeira e segunda linha. Conclui-se, portanto, que os quatro novos agentes direcionados estão associados a uma melhoria do PFS e têm uma tolerabilidade aceitável. Assim, eles devem ser oferecidos a mulheres com câncer de mama avançado HR + / HER2 ‐ tanto em terapia de primeira linha quanto em pacientes previamente tratados por doença metastática. No entanto, são necessários dados adicionais sobre o impacto na sobrevida global para avaliar o benefício total. Como o efeito é comparável, o preço e as diferenças nos EAs podem se tornar argumentos substanciais para a escolha individual da terapia4.Referências bibliográficas
1https://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/cancer-de-mama, disponível em 13/12/2019
2http://www.oncoguia.org.br/conteudo/hormonioterapia-para-cancer-de-mama/1404/265/, disponível em 13/12/2019
3BRASIL. Ministério da Saúde. PORTARIA CONJUNTA Nº 5, DE 18 DE ABRIL DE 2019. Aprova as Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas do Carcinoma de Mama. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Protocolos/DDT/DDT-Carcinoma-de-mama_PORTARIA-CONJUNTA-N--5.pdf. Acesso em: 28/08/2019.
4Tea M. Bøttcher, Søren Cold & Anders B. Jensen (2019) Tratamento do câncer de mama avançado HR + / HER2− com novos agentes direcionados em combinação com terapia endócrina: uma revisão da eficácia e tolerabilidade com base em ensaios clínicos randomizados disponíveis sobre everolimus, ribociclib, palbociclibe e abemaciclibe, Acta Oncologica, 58: 2, 147-153, DOI: 10.1080 / 0284186X.2018.1532603
5BRASIL. Ministério da Saúde. Anvisa. Consulta de medicamentos. https://consultas.anvisa.gov.br/#/medicamentos/25351324949201619/?substancia=26024. Acesso em 28/08/2019.
6Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. http://portal.anvisa.gov.br/documents/374947/2829072/LISTA_CONFORMIDADE_GOV_2019-08-01.pdf/23d303d9-ff32-4ce5-a8ec-ce7822f7e27d . Acesso em 28/08/2019.
7BRASIL. Ministério da Saúde. RENAME – Relação Nacional de Medicamentos Essenciais. Disponível em: http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2018/dezembro/17/170407M2018final.pdf. Acesso em: 28/08/2019. -
Palbociclibe para câncer de mama :: Março/2023
Data de elaboração: Março/2023 Data de publicação: Março/2023 O que é o câncer de mama?
O câncer de mama é uma doença causada pela multiplicação desordenada de células da mama. Esse processo gera células anormais que se multiplicam, formando um tumor.O diagnóstico para o câncer de mama pode incluir estratégias de detecção precoce e rastreamento. A estratégia de diagnóstico precoce contribui para a redução do estágio de apresentação do câncer e possibilidade de melhor efetividade do tratamento. São considerados sinais e sintomas suspeitos de câncer de mama e de referência urgente para a confirmação diagnóstica:
Quadro 1. Sintomas suspeitos de câncer de mama.
Sintomas suspeitos de câncer de mama
Qualquer nódulo mamário em mulheres com mais de 50 anos.
Nódulo mamário em mulheres com mais de 30 anos, que persistem por mais de um ciclo menstrual.
Nódulo mamário de consistência endurecida e fixo ou que vem aumentando de tamanho, em mulheres adultas de qualquer idade.
Descarga papilar sanguinolenta unilateral.
Lesão eczematosa da pele que não responde a tratamentos tópicos.
Presença de linfadenopatia axilar.
Aumento progressivo do tamanho da mama com a presença de sinais de edema, como pele com aspecto de casca de laranja
Retração na pele da mama.
Mudança no formato do mamilo
Fonte: Site Conitec (4)
Em geral, pode ser dividido em três subgrupos biológicos, cada um dos quais tem uma influência direta nas escolhas de tratamento: aqueles que expressam o receptor de estrogênio (ER); aqueles que expressam o receptor 2 do fator de crescimento epidérmico humano (HER2); e aqueles que não expressam nenhum destes, nem o receptor de progesterona (triplo-negativo). Embora seja improvável que o câncer de mama metastático seja curado, tem havido melhorias significativas na sobrevida devido à disponibilidade de terapias sistêmicas mais eficazes, incluindo terapia endócrina no tratamento de doenças sensíveis aos hormônios1.
O câncer de mama é uma das doenças mais estudadas em Oncologia, considerado muito heterogêneo e, portanto, com diferentes abordagens em diretrizes, guidelines, e trabalhos científicos. O câncer de mama tem seu prognóstico e tratamento definidos pela localização, idade de apresentação e estadiamento, e ainda fatores de risco que levam em consideração critérios histopatológicos, biológicos e, mais recentemente, moleculares e genéticos2.
Trata-se do segundo cancer mais incidente no mundo, ficando atrás apenas do câncer de pulmão. No Brasil, o câncer de mama é o tipo mais comum de câncer entre as mulheres no mundo e no Brasil, depois do câncer de pele não melanoma, correspondendo a cerca de 25% dos casos novos a cada ano. Estima-se que no período de 2020 a 2022 há incidência de câncer de mama seja de aproximadamente 66.280 casos para cada ano. Esse valor corresponde a um risco estimado de 61,61 casos novos a cada 100 mil mulheres. O câncer de mama é mais frequente em mulheres mais velhas e menos de 5% dos casos são diagnosticados em mulheres abaixo dos 35 anos2.
A identificação de fatores de risco e da doença em seu estágio inicial e o encaminhamento ágil e adequado para o atendimento especializado dão à Atenção Básica um caráter essencial para um melhor resultado terapêutico e prognóstico dos casos2.
O desenvolvimento do câncer de mama está relacionado a uma combinação de fatores de risco, no entanto algumas mulheres podem ter câncer de mama mesmo sem quaisquer outros fatores de risco que conheçam1.
Existe estratégia de cuidado no SUS para tratar o câncer de mama?
Sim. O SUS oferece estratégia de cuidado que pode ser verificada nas Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas (DDT) do Carcinoma de Mama2, publicado por meio da Portaria SAS/SCTIE/MS nº 53, de 18 de abril 2019. As Diretrizes estão em fase de atualização.A tecnologia possui registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)?
Sim. O palbociclibe foi registrado inicialmente na Anvisa em julho de 2018, sob o nome comercial de Ibrance®. A indicação apresentada em bula é para o tratamento do câncer de mama a avançado ou metastático HR (receptor hormonal) positivo e HER2 (receptor 2 do fator de crescimento epidérmico humano) negativo, em combinação com terapia endócrina: com inibidores de aromatase de terceira geração (anastrozol, letrozol ou exemestano) como terapia endócrina inicial em mulheres pós-menopausa; ou com fulvestranto em mulheres que receberam terapia prévia4.Possui genérico?
Não5.Quais são as marcas dos medicamentos disponíveis no mercado*?
Ibrance® - cápsula dura nas concentrações de 75 mg, 100 mg e de 125mg em apresentação com 21 cápsulas.
*Medicamento disponível no mercado de acordo com a lista CMED5, de 07/02/2023, atualizada em 14/02/2023.
O medicamento está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename)?
Não, de acordo com consulta realizada à Rename6, em 20/03/2023.Quanto custa o tratamento com palbociclibe?
Considerando a dose recomendada em bula de 125 mg, ao dia, por vinte e um dias consecutivos, em ciclo de 28 dias, o custo mensal estimado para tratamento com succinato de ribociclibe R$ 13.408,50 (quatorze mil, quatrocentos e oito reais e cinquenta centavos). O valor foi calculado considerando-se o Preço Fábrica (PF) e a alíquota de 0% em relação ao ICMS do medicamento de referência, segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED/Anvisa5, pois esse medicamento consta do Convênio ICMS nº 162/94.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar o câncer de mama?
Sim. O SUS disponibiliza o tratamento para o câncer de mama, conforme a DDT do Carcinoma de Mama2. Esclarece-se que para o tratamento de câncer no SUS, não há uma lista específica de medicamentos, vez que o cuidado ao paciente deve ser feito de forma integral nas Unidades de Alta Complexidade em Oncologia (UNACON) ou Centros de Alta Complexidade em Oncologia (CACON). Nesses estabelecimentos de saúde, o fornecimento de medicamentos é feito via autorização de procedimento de alta complexidade (APAC), conforme os procedimentos tabelados. Assim, esses hospitais habilitados como UNACON ou CACON devem oferecer assistência especializada e integral ao paciente com câncer, atuando no diagnóstico e tratamento do paciente, sendo ressarcidos pelo gestor federal quando da realização dessa assistência, inclusive farmacêutica, de acordo com valores pré-estabelecidos na Tabela de Procedimentos do SUS:A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde – Conitec – já avaliou a tecnologia para esta condição clínica?
Sim, a Conitec avaliou o palbociclibe para o tratamento de pacientes adultas com câncer de mama avançado ou metastático com HR+ e HER2-; em segunda linha, do cancer de mama avançado ou metastático RH+/HER2-, em combinação com fulvestranto, em mulheres adultas; e em primeira linha, do cancer de mama avançado ou metastático RH+/HER-, em combinação com hormonioterapia, em mulhers na pós-menopausa. Durante a 103ª reunião ordinária, realizada no dia 10 de novembro de 2021, os membros da Comissão recomendaram a incorporação ao SUS dos inibidores de ciclina (abemaciclibe, palbociclibe e succinato de ribociclibe) para o tratamento do câncer de mama avançado ou metastático com HR+ e HER2-, de acordo com a assistência oncológica no SUS e as Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas do Ministério da Saúde2. Os documentos técnicos foram encaminhados ao então Secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde (SCTIE/MS), que ratificou as recomendaçãos e publicou a Portaria SCTIE/MS nº 73/2021, no Diário Oficial da União (DOU) nº 229, de 07/12/2021, Seção 1, pág. 160.O que a literatura científica relata sobre o uso dessa tecnologia para o câncer de mama?
Finn et al (2020)7, nos estudos denominados PALOMA-1 e TRIO-18, Ensaios Clínicos Randomizados (ECR) de fase 2, avaliaram a associação do palbociclibe ao letrozol, utilizado no tratamento de primeira e segunda linha do câncer de mama avançado ER+/HER2- em mulheres pós-menopausa e comparado ao uso de apenas o letrozol. Mulheres na pós-menopausa com ER+/HER2- foram randomizadas 1:1 para receber palbociclibe (125 mg/dia, esquema 3/1) mais letrozol (2,5 mg/dia, contínuo) ou letrozol sozinho (2,5 mg/dia, contínuo). O desfecho primário foi a sobrevida livre de progressão (SLP) e os desfechos secundários incluídos foram a sobrevida global (SG) e segurança do medicamento. Os dados analisados foram até 30 de dezembro de 2016 (duração mediana do acompanhamento, 64,7 meses), a taxa de risco estratificada para SG foi de 0,897 (95% CI 0,623-1,294; P = 0,281); a SG mediana nos braços de palbociclibe mais letrozol e letrozol sozinho foi de 37,5 e 34,5 meses, respectivamente. O tempo mediano desde a randomização até o primeiro uso subsequente de quimioterapia foi maior com palbociclibe mais letrozol do que apenas com letrozol (26,7 e 17,7 meses, respectivamente). O evento adverso relatado com mais frequência no braço de palbociclibe mais letrozol foi neutropenia (qualquer grau, 75%; grau 3 ou 4, 59%). Os pacientes que realizaram tratamento com palbociclibe associado a letrozol apresentaram uma SLP de 20,2 meses e com letrozol foi de 10,2 meses. Concluiu-se que o tratamento com palbociclibe associado ao letrozol levou a uma melhora numérica, mas não estatisticamente significativa, na SG mediana.Referências bibliográficas
1 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação n°. 678, de nov 2021. Abemaciclibe, palbociclibe e succinato de ribociclibe para o tratamento de pacientes adultas com câncer de mama avançado ou metastático com HR+ e HER2- [Acesso em 20 mar 2023]. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/2021/20211207_relatorio_678_abemaciclibe_palbociclibe_ribociclibe_carcinoma_mama_final.pdf.2 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Portaria Conjunta nº 5, de 18 de abril de 2019. Aprova as Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas do Carcinoma de Mama. [portaria na internet] Diário Oficial da União 29 abril 2019 [acesso em 20 mar 2023]; Seção 1, (44). Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/protocolos/ddt/ddt-carcinoma-de-mama_portaria-conjunta-n-5.pdf.
3 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Portaria Conjunta SAS/SCTIE/MS nº 5, de 28 de abril 2019. Aprova as Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas do Mieloma Múltiplo. [Portaria na internet]. Diário Oficial da União 29 abr 2019 [Acesso em 20 mar 2023]; Seção 1, (44). Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/portaria/2019/portariasconjuntas_sctie_sas_5_2019.pdf.
4 Palbociclibe. [Bula]. Brasil: Pfizer Brasil LTDA.
5 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Medicamentos. Câmera de Regulação do Mercado de Medicamentos. Listas de Preços de Medicamentos [Acesso em 20 mar 2023]. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/cmed/precos.
6 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2022. Brasília: Ministério da Saúde; 2022 [Acesso em 20 mar 2023]. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/20220128_rename_2022.pdf.
7 Finn RS, Boer K, Bondarenko I, Patel R, Pinter T, Schmidt M, et al. Overall survival results from the randomized phase 2 study of palbociclib in combination with letrozole versus letrozole alone for first-line treatment of ER+/HER2- advanced breast cancer (PALOMA-1, TRIO-18). Breast Cancer Res Treat. 2020;183(2):419-28. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32683565/.
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Panitumumabe para câncer colorretal :: Fevereiro/2020
Data de elaboração: Dezembro/2019 Data de publicação: Fevereiro/2020 O que é Câncer Colorretal?
O câncer colorretal, também chamado de câncer de cólon e reto, abrange tumores malignos que acometem o intestino grosso do indivíduo, e afeta igualmente ambos os sexos. Está associado a hábitos alimentares e atividades físicas, fatores como sobrepeso ou obesidade aumentam o risco de desenvolver o câncer colorretal. Além disso, algumas alterações biológicas, tais como elevados níveis de insulina e excesso de gordura corporal promovem um estado de inflamação crônica no organismo que são promotoras de carcinogênese nas células intestinais11. Os principais sintomas e sinais para detecção do câncer de colorretal são: presença de sangue nas fezes, dor e cólica abdominal frequente com mais de 30 dias de duração, alteração no ritmo intestinal (diarreia ou constipação), emagrecimento rápido, anemia, cansaço e fraqueza12. Esta é uma doença tratável e, muitas vezes, curável quando se localiza no intestino grosso, sem ter se estendido a outros órgãos do corpo. Em geral, a causa primária de morte dos pacientes submetidos a tratamento cirúrgico é a recorrência do câncer1,2. Quanto à sua classificação, o tipo histopatológico mais comum é o adenocarcinoma, enquanto os outros tipos de câncer colorretal são neoplasias malignas raras, representando de 2% a 5% dos tumores colorretais, e requerem condutas terapêuticas específicas. Dependendo de suas especificidades, o adenocarcinoma pode ser categorizado em três graus de diferenciação: bem diferenciado (grau I), moderadamente diferenciado (grau II) e mal diferenciado (grau III)3,4.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Câncer Colorretal?
Sim. O SUS oferece uma estratégia de cuidado que pode ser verificada nas Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas (DDT) do Câncer de Cólon e Reto. Este documento inclui critérios de diagnóstico e estadiamento, tratamento não medicamentoso e medicamentoso, monitorização da doença e regulação pelo gestor, dentro do SUS2.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim4. O panitumumabe possui indicação em bula para o tratamento de pacientes adultos com câncer colorretal metastático RAS tipo selvagem (CCRm)5.Possui biossimilar?
Não4.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
VECTIBIX® - Solução para diluição para infusão – 20 mg/mL – frasco-ampola de 5 mL e 20 mL.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 14/11/2019.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não7. O panitumumabe não consta na RENAME 202013.Quanto custa o tratamento com Panitumumabe?
De acordo com a bula do medicamento, o regime terapêutico recomendado é 6 mg/kg do peso corporal do paciente, administrados uma vez a cada duas semanas5. Assim, considerando um ano-calendário possuindo 52 semanas e um adulto pesando 70 kg, para o tratamento de um ano de duração seriam necessários aproximadamente 130 frascos-ampola de 5 mL do medicamento. Considerando o Preço Máximo de Venda ao Governo (PMVG) estabelecido pela ANVISA6 e a alíquota de 0% em relação ao ICMS do medicamento Vectibix®, o custo anual estimado do tratamento com panitumumabe foi de R$ 129.335,70, por paciente com câncer colorretal.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Câncer Colorretal?
Sim. Esclarece-se que para o tratamento de câncer no Sistema Único de Saúde, não há uma lista específica de medicamentos, uma vez que o cuidado ao paciente deve ser feito de forma integral nas Unidades de Alta Complexidade em Oncologia – UNACON ou em Centros de Alta Complexidade em Oncologia – CACON. Nestes estabelecimentos de saúde, o fornecimento de medicamentos é feito via Autorização de Procedimento de Alta Complexidade (APAC), conforme os procedimentos tabelados. Assim, os hospitais habilitados como UNACON ou CACON devem oferecer assistência especializada e integral ao paciente com câncer, atuando no diagnóstico e tratamento do paciente. Nesse sentido, a utilização do medicamento panitumumabe se trata de uma decisão médica sobre o tratamento da condição clínica em questão, conforme estabelecido atenção oncológica no SUS. Esses hospitais são ressarcidos pelo gestor federal quando da realização dessa assistência oncológica, inclusive farmacêutica, de acordo com valores pré-estabelecidos na Tabela de Procedimentos do SUS.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Não. Até a presente data, não foi protocolada na Conitec proposta para analisar a incorporação no SUS do panitumumabe para tratamento de câncer colorretal ou para outras condições clínicas, seja pelo laboratório fabricante ou por outros entes interessados8. Ressalta-se que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou a empresa (produtora da tecnologia ou não), pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à Conitec, desde que cumpra as exigências legais impostas pelo Decreto nº 7.646 de 2011.
Mais informações em: http://conitec.gov.br/faca-sua-proposta-de-incorporacaoO que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Duas revisões sistemáticas (RS) foram identificadas, sendo que uma tratou apenas de estudos observacionais9 e a outra de ensaios clínicos randomizados (ECR), com os quais realizou uma meta-análise em rede (MAR)10. Ambas avaliaram a eficácia e segurança dos medicamentos para o tratamento do câncer colorretal, em combinação com quimioterapia. A primeira RS9, que avaliou coortes de bevacizumabe, cetuximabe e panitumumabe, encontrou apenas dois estudos que compararam diretamente panitumumabe a outra intervenção, e que utilizaram medidas diferentes daquelas utilizadas nos demais estudos, dificultando a comparação. Assim, não foram apresentados resultados estratificados para panitumumabe, especialmente por falta de estudos de comparação direta9. Assim também, há escassez de ECR sobre panitumumabe e estudos de comparação direta de medicamentos para o câncer colorretal na literatura. Desse modo, a segunda RS comparou indiretamente os medicamentos por meio de uma MAR, que demonstrou que panitumumabe, em conjunto com quimioterapia, possuiu maior probabilidade de eficácia quanto aos desfechos de sobrevida livre de progressão (SUCRA: 89,3) e sobrevida global (SUCRA: 83,4). Em relação à taxa de resposta global, cetuximabe, com quimioterapia, apresentou o melhor desempenho na MAR (SUCRA: 94,6). O bevacizumabe, em conjunto com quimioterapia, possuiu a melhor segurança (SUCRA: 72,8). Por fim, ao considerar todos os resultados, a terapia quimioterapia + panitumumabe se mostrou a melhor intervenção dentre as outras, liderando o ranking da MAR (SUCRA médio: 66,875). Contudo, a segunda colocada no ranking, esquema FOLFOXIRI + bevacizumabe, apresentou valor muito próximo do panitumumabe (SUCRA médio: 65,525), indicando que ambas as intervenções, no geral, podem apresentar perfis de eficácia e segurança bem próximos10.Referências bibliográficas
1Cordeiro F, Yamaguchi NH, Habr-Gama A, Cutait R, Reinan RJ, Abramoff R, et al. Diagnóstico, Estadiamento e Tratamento Cirúrgico e Multidisciplinar do Câncer Colorretal. São Paulo: AMB/CFM, 2001. 12p.
2Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 958, de 26 de setembro de 2014. Aprova as Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas do Câncer de Cólon e Reto. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Artigos_Publicacoes/ddt_Colorretal__26092014.pdf. Acesso em 14/11/2019.
3Hamilton SR, Aaltonen LA. Pathology and genetics of tumors of the digestive system. Gastroenterology. 2001 Nov 121(5): 1258.
4Brasil. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Consultas. Disponível em: https://consultas.anvisa.gov.br/#/ Acesso em: 14/11/2019.
5Bula do medicamento VECTIBIX: panitumumabe. Farm. Resp. Monica Carolina Dantas Pedrazzi. Taboão da Serra: Amgen Biotecnologia do Brasil Ltda. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/index.asp Acesso em 14/11/2019.
6Brasil. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos. Acesso em: 14/11/2019.
7Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2018 – Brasília: Ministério da Saúde, 2018. Disponível em: http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2018/dezembro/17/170407M2018final.pdf. Acesso em: 14/11/2019.
8Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS. Tecnologias demandadas. Disponível em: http://conitec.gov.br/tecnologias-em-avaliacao. Acesso em: 14/11/2019.
9da Silva WC, de Araujo VE, Lima EMEA, Dos Santos JBR, Silva MRRD, Almeida PHRF, de Assis Acurcio F, Godman B, Kurdi A, Cherchiglia ML, Andrade EIG. Comparative Effectiveness and Safety of Monoclonal Antibodies (Bevacizumab, Cetuximab, and Panitumumab) in Combination with Chemotherapy for Metastatic Colorectal Cancer: A Systematic Review and Meta-Analysis. BioDrugs. 2018 Dec;32(6):585-606.
10Ciliberto D, Staropoli N, Caglioti F, Chiellino S, Ierardi A, Ingargiola R, Botta C, Arbitrio M, Correale P, Tassone P, Tagliaferri P. The best strategy for RAS wild-type metastatic colorectal cancer patients in first-line treatment: A classic and Bayesian meta-analysis. Crit Rev Oncol Hematol. 2018 May;125:69-77.
11Brasil. INCA – Instituto Nacional de Câncer. Disponível em: https://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/cancer-de-intestino/profissional-de-saude. Acessado em: 24/12/2019.
12Brasil. Ministério da Saúde. Cartilha de Prevenção do Câncer do Colorretal. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/folder/prevencao_cancer_colorretal_profissionais_saude.pdf. Acessado em: 26/12/2019
13Brasil. Ministério da Saúde. RENAME – Relação Nacional de Medicamentos Essenciais. Disponível em: http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2019/dezembro/11/Rename-2020.pdf. Acesso em :12/12/2019. -
Pantoprazol para úlcera péptica :: Dezembro/2019
Data de elaboração: Dezembro/2019 Data de publicação: Dezembro/2019 O que é Úlcera Péptica?
É uma perda de tecido que ocorre no trato digestivo expostas à secreção cloridropéptica: esôfago, estômago, duodeno proximal e divertículo de Meckel com mucosa gástrica ectópica1. A úlcera péptica gera complicações que trazem prejuízos a qualidade de vida, dentre as quais estão: hemorragia gastrointestinal alta e perfuração, ambas são causas de mortalidade e internações. As causas mais frequentes da úlcera péptica são infecção por Helicobacter pylori (H. pylori), utilização de anti-inflamatórios não esteroides, estresse, hábitos alimentares e fatores genéticos2. Os sintomas mais frequentes são dores, na parte superior do abdome, durante a noite ou que melhoram ao se alimentar.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Úlcera Péptica?
Não. Atualmente, no âmbito do SUS, não existe protocolo clínico e diretrizes terapêuticas para tratamento de úlcera pépticas.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O pantoprazol (pantoprazol sódico sesqui-hidratado) é indicado para tratamento: das lesões gastrintestinais leves; alívio dos sintomas gastrintestinais decorrentes da secreção ácida gástrica; gastrites ou gastroduodenites agudas ou crônicas e dispepsias não-ulcerosas; tratamento da doença por refluxo gastroesofágico sem esofagite, das esofagites leves e de manutenção de pacientes com esofagite de refluxo cicatrizada para prevenção de recidivas em adultos e pacientes pediátricos acima de 5 anos; profilaxia das lesões agudas da mucosa gastroduodenal induzidas por medicamentos como os anti-inflamatórios não hormonais; tratamento de úlcera péptica duodenal e úlcera péptica gástrica; tratamento de esofagite de refluxo moderada ou grave em adultos e pacientes pediátricos acima de 5 anos; erradicação do H. pylori com a finalidade de evitar a recorrência de úlcera gástrica ou duodenal causada por este microorganismo (neste caso, deve ser associado a dois antibióticos adequados); e tratamento da síndrome de Zollinger-Ellison e de outras doenças que produzem ácido em excesso no estômago3.Possui genérico?
Sim. Além de genéricos, o pantoprazol possui medicamentos similares, como demonstrado abaixo nas apresentações 20 mg e 40 mg com as seguintes indicações:Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Adipept® - comprimido revestido – 20 mg
Divena® - comprimido revestido de liberação retardada – 40 mg
Gázia® - comprimido revestido de liberação retardada – 40 mg
Inilok® - comprimido revestido de liberação retardada – 40 mg
Pantasun® – pó liófilo injetável – 40 mg/ml
Panthor® - comprimido revestido – 40 mg
Pantocal® - comprimido revestido – 20 mg e 40 g e frasco-ampola de 40 mg
Pantomix® - comprimido revestido – 20 mg e 40 mg
Pantoneo® - comprimido revestido – 20 mg e 40 mg
Pantopaz® - comprimido revestido – 20 mg e 40 mg
Pantozol® - comprimido revestido de liberação retardada – 20 mg e 40 mg e frasco-ampola de 40 mg
Peptovit® - comprimido revestido – 40 mg
Prature® - comprimido revestido de liberação retardada – 20 mg e 40 mg
Prazy® - comprimido revestido – 20 mg e 40 mg
Protton® - comprimido revestido – 20 mg e 40 mg
Tecta® - comprimido revestido – 40 mg
Ziprol® - comprimido revestido – 20 mg e 40 mgLista CMED4.
*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 10/12/2019.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não. O pantoprazol não consta na RENAME 20205.Quanto custa o tratamento com Pantoprazol?
Visto que existem diversos registros referentes ao pantoprazol na Anvisa, devido ao fato do fármaco ter medicamento de referência, genéricos, similares de várias marcas e produtores e apresentações diferentes, foi calculado o valor do tratamento com o medicamento de referência Pantozol®.Considerando a dose recomendada em bula de 40 mg uma vez ao dia para tratamento de úlcera péptica, o custo estimado para tratamento durante 4 semanas foi de R$ 148,43.O valor foi calculado considerando-se o Preço Máximo de Venda ao Governo (PMGV) estabelecido pela ANVISA e a alíquota de 0% em relação ao ICMS do medicamento de referência, segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED/Anvisa5.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Úlcera Péptica?
Não.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Não. Até a presente data, não foi protocolada na Conitec proposta para analisar a incorporação no SUS do pantoprazol para tratamento de doença úlcera péptica ou para outras condições clínicas, seja pelo laboratório fabricante ou por outros entes interessados6. Ressalta-se que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou a empresa (produtora da tecnologia ou não), pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à Conitec, desde que cumpra as exigências legais impostas pelo Decreto nº 7.646 de 2011.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Foram selecionadas três revisões sistemáticas (RS), a primeira com meta-análise, comparou a eficácia de diferentes inibidores de bomba de prótons em pacientes com úlceras duodenais, incluindo 24 ensaios clínicos randomizados, totalizando 6.188 pacientes. Quando em comparação com os antagonistas dos receptores H2 (ranitidina), o pantoprazol 40 mg por dia e o lansoprazol 30 mg por dia aumentaram a taxa de cicatrização (RR=2,96; IC95% 1,78-5,14 e RR = 2,04; IC 95% = 1,13-3,53, respectivamente). Na meta-análise observou-se diferenças significativas quando comparado opantoprazol 40 mg/d vs lansoprazol 15 mg/d (RR=3,57; IC95% 1,36-10,31) e o lansoprazol 30 mg/d vs lansoprazol 15 mg/d (RR=2,45; IC95% 1,01- 6,14))7.
A outra RS com meta-análise que investigou as diferenças clínicas entre os inibidores da bomba de prótons, demonstrou que, para úlcera péptica, o pantoprazol 40 mg apresentou-se discretamente superior ao omeprazol 20 mg (RR=1,07; IC 95%, 1,02-1,13). Para a erradicação de H. pylori, não houve diferença estatisticamente significativa, concluindo que a diferença está na dosagem e não no inibidor. Ao agrupar os resultados, todos os ICs de 95% incluíram RR = 18.
A terceira RS, incluiu estudos de ensaios clínicos randomizados que avaliaram as diferenças em resultados clínicos entre agentes ou doses dentro da classe dos inibidores de bomba de prótons. Apesar da existência de diferenças de pequenas magnitudes, alguns autores consideraram que
ainda existem dados insuficientes para estabelecer a superioridade de um fármaco sobre
todos os outros nas indicações tratadas com esses agentes9.Referências bibliográficas
1Jornal de pediatria. Artigo de revisão. Disponível em: http://www.jped.com.br/conteudo/00-76-s127/port.pdf. Acessado em 23/12/2019
2Cuidados nutricionais na úlcera péptica. Artigo de revisão. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/abcd/v27n4/pt_0102-6720-abcd-27-04-00298.pdf. Acessado em: 23/12/2019
3PANTOPRAZOL SÓDICO SESQUI-HIDRATADO. Bula de medicamento Takeda Pharma Ltda. Farm. Resp.: Geraldo César M. de Castro. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp. Acesso em 23/12/2019.
4Brasil. Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. http://portal.anvisa.gov.br/documents/374947/2829072/LISTA_CONFORMIDADE_GOV_2019-12-10.pdf/360106da-b97b-43d6-af3f-53df9e88a062. Acesso em
5Brasil. Ministério da Saúde. RENAME – Relação Nacional de Medicamentos Essenciais. Disponível em: http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2019/dezembro/11/Rename-2020.pdf. Acesso em 23/12/2019.
6Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS. Tecnologias demandadas. Disponível em: http://conitec.gov.br/tecnologias-em-avaliacao. Acesso em: 18/11/2019.
7Hu ZH, Shi AM, Hu DM, Bao JJ. Efficacy of proton pump inhibitors for patients with duodenal ulcers: A pairwise and network meta-analysis of randomized controlled trials. Saudi J Gastroenterol 2017;23:11-9.
8Klok RM, Postma MJ, Van Hout BA, Brouwers JR. Meta-analysis: comparing the efficacy of proton pump inhibitors in short-term use. Alimentary pharmacology & therapeutics. 2003 May 1;17(10):1237-45.
9Vakil N, Fennerty MB. Direct comparative trials of the efficacy of proton pump inhibitors in the management of gastro oesophageal reflux disease and peptic ulcer disease. Alimentary pharmacology & therapeutics. 2003 Sep 1;18(6):559-68. -
Pegvisomanto para acromegalia :: Julho/2018
Data de elaboração: Julho/2018 Data de publicação: Julho/2018 O que é Acromegalia?
A acromegalia é uma doença sistêmica crônica caracterizada pela produção excessiva de hormônio do crescimento (GH) após o fechamento das epífises dos ossos e que pode ser causada por diferentes condições clínicas, mas na maioria dos casos se relaciona à hipersecreção desse hormônio por adenomas funcionais de células somatotróficas da hipófise anterior – somatotropinomas. Pode ter como causa em cerca de 2% dos pacientes a hipersecreção eutópica (hamartomas hipotalâmicos, ganglioneuromas) ou ectópica (tumores carcinóides pulmonares, pancreáticos, feocromocitomas) de hormônio liberador de GH (GHRH) ou ainda hipersecreção ectópica hipofisária ou extra hipofisária de GH1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Acromegalia?
Sim. O SUS oferece uma estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Acromegalia. (http://conitec.gov.br/images/Protocolos/PCDT_Acromegalia_retificacaoPT199-2016.pdf)2A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O pegvisomanto possui indicação em bula para o tratamento da acromegalia em pacientes que apresentaram resposta inadequada à cirurgia e/ou à radioterapia. Também é indicado para aqueles pacientes cujo tratamento médico apropriado com análogos da somatostatina não normalizou as concentrações séricas de IGF-I (fator de crescimento semelhante à insulina tipo 1) ou não foi tolerado. O objetivo do tratamento com pegvisomanto é normalizar os níveis séricos de IGF-I3.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Somavert® – pó liofilizado injetável de 10 mg, 15 mg e 20mg – (caixa com 30 frascos).*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 15/05/2018.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não.Quanto custa o tratamento com Pegvisomanto?
Considerando a dose recomendada em bula, de 10 mg, 15 mg ou 20 mg uma vez ao dia, para, o custo mensal estimado para tratamento com pegvisomanto é de R$ 5.098,65; R$ 7.647,97 e R$ 10.197,28, respectivamente. O custo foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% do medicamento de referência, segundo ANVISA4.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Acromegalia?
Sim, são disponibilizados os medicamentos apresentados na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Cabergolina Comprimido 0,mg Lanreotida Solução injetável 60 mg, 90 mg e 120g Octreotida Frasco-ampola de liberação prolonada
Frasco-ampola10 mg/ml, 20 mg/ml e 30 mml/
0,1 mg/mlO financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento1.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosa, conforme PCDT2.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, a CONITEC avaliou o pegvisomanto para tratamento de acromegalia por três vezes, em 2013, 2015 e 2017. Na última avaliação, observou-se que as evidências encontradas não trouxeram dados diferentes dos encontrados nas avaliações anteriores. A recomendação pela não incorporação se deu especialmente pelo fato da evidência atualmente disponível sobre eficácia e segurança de pegvisomanto para acromegalia ser baseada principalmente em estudos observacionais de baixa qualidade metodológica, com nível de evidência fraco a favor da tecnologia, e com grande impacto orçamentário para o sistema público5.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Revisão sistemática Cochrane, realizada em 2009 com tempo de seguimento entre 12 semanas a 2 anos, teve como objetivo avaliar a eficácia e a custo-efetividade da monoterapia do pegvisomanto no tratamento da acromegalia. Nesta revisão foram incluídos 18 estudos, com um total de 930 participantes. Destes 18 estudos, apenas 1 era um ensaio clínico randomizado (controlado por placebo) e 17 eram não randomizados. Os desfechos avaliados e os resultados encontrados foram a normalização dos níveis de IGF-I (na maioria dos pacientes), o aumento dos níveis de GH, a melhora de alguns sinais e sintomas, o não aumento do tumor e um perfil geral de efeitos adversos seguro, apesar de alterações de enzimas hepáticas em alguns pacientes e suspensão do tratamento por esta razão. Os autores da revisão concluíram que o pegvisomanto foi eficaz em melhorar os níveis de IGF-I e os sinais e sintomas da doença, mas que faltam evidências de longo prazo que avaliem melhora clínica, qualidade de vida, adesão ao tratamento e segurança6. Verificou-se nesta revisão sistemática que não ficaram claras as características basais das populações estudadas, de forma que não foi possível afirmar se são representativas da população de vida real que utilizaria o medicamento. Em busca por demais evidências científicas, as que estão disponíveis sobre o uso do pegvisomanto para tratamento da acromegalia são, em sua maioria, de baixa qualidade metodológica. Os estudos que avaliam sua eficácia e segurança são principalmente observacionais e não controlados, incluindo análises retrospectivas e comparação de dados antes e depois do uso do medicamento7,8,9,10. Mesmo em estudos de longo prazo e com grande tamanho da amostra, as limitações metodológicas dos estudos trazem incertezas quanto aos benefícios do pegvisomanto na redução dos sinais e sintomas da doença.Referências bibliográficas
1NETO, V. L. et al. Recomendações do Departamento de Neuroendocrinologia da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia para o diagnóstico e tratamento da acromegalia no Brasil. Arq Bras Endocrinol Metab vol.55 no.2 São Paulo Mar. 2011. Disponível em: Acesso em 23/05/2018.
2BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 199, de 25 de fevereiro de 2013. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Acromegalia. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. Disponível em: http: http://conitec.gov.br/images/Protocolos/PCDT_Acromegalia_retificacaoPT199-2016.pdf Acesso em: 24/035/2018.
3PEGVISOMANTO. Bula de medicamento. Laboratórios Pfizer Ltda. Farm. Resp.: Carolina C. S. Rizoli. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=15999282016&pIdAnexo=3354669 Acesso em 24/05/2018.
4Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 24/05/2018.
5Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS. Relatório de Recomendação nº 348/2018. Pegvisomanto para acromegalia. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2018/Relatorio_Pegvisomanto_Acromegalia.pdf
Acesso em 10/07/2018.
6Moore DJ, Adi Y, Connock MJ, Bayliss S. Clinical effectiveness and cost-effectiveness of pegvisomant for the treatment of acromegaly: a systematic review and economic evaluation. BMC Endocr Disord. 2009;9:20
7Trainer PJ, Ezzat S, D'Souza GA, Layton G, Strasburger CJ. A randomized, controlled, multicentre trial comparing pegvisomant alone with combination therapy of pegvisomant and long-acting octreotide in patients with acromegaly. Clin Endocrinol (Oxf). 2009;71(4):549-57.
8Brue T. ACROSTUDY: Status Update on 469 Patients. Horm Res. 2009;71 Suppl 1:34-8.
9Tritos NA, Chanson P, Jimenez C, King D, Jönsson PJ, Klibanski A, et al. Effectiveness of first-line pegvisomant monotherapy in acromegaly: an ACROSTUDY analysis. Eur J Endocrinol. 2017;176(2):213-20.
10van der Lely AJ, Biller BM, Brue T, Buchfelder M, Ghigo E, Gomez R, et al. Long-term safety of pegvisomant in patients with acromegaly: comprehensive review of 1288 subjects in ACROSTUDY. J Clin Endocrinol Metab. 2012;97(5):1589-97. -
Pembrolizumabe para carcinoma de células renais :: Janeiro/2023
Data de elaboração: Janeiro/2023 Data de publicação: Janeiro/2023 O que é o carcinoma de células renais?
Câncer de células renais ou adenocarcinoma de células renais ou Carcinoma de Células Renais (CCR) é o tipo mais comum de câancer de rim. O CCR compreende um grupo heterogêneo de cânceres com diferentes alterações genéticas e moleculares subjacentes aos muitos subtipos histológicos. Os de células claras, papilares (tipos 1 e 2) e cromófobos são os tipos mais comuns de câncer de rim e representam 85-90% de todas as neoplasias renais. Cânceres menos comuns incluem adenoma papilar, carcinoma de células claras cístico multilocular, tumor cromófobo oncocítico híbrido, carcinoma dos ductos coletores de Bellini, carcinoma medular renal, carcinoma associado a neuroblastoma e carcinoma mucinoso tubular e de células fusiformes. Atualmente, foram acrescentados outros cinco subtipos de tumor epitelial de carcinoma de células renais: tubulocístico, doença cística adquirida associada, tubulopapilar de células claras, translocação da família da microftalmia e leiomiomatose hereditária associada à síndrome do CCR1.Os sintomas do CCR incluem dor lombar, hematúria, massa abdominal palpável, síndromes paraneoplásicas e manifestações de doença metastática, como dor óssea, tosse persistente ou linfadenomegalia periférica. O exame físico tem um papel limitado no diagnóstico do CCR. As lesões renais expansivas, sejam sólidas ou císticas, permanecem, na sua maioria, assintomáticas e impalpáveis até os estágios mais avançados da doença2.
Os CCR representam 2 a 3% de todos os cânceres, com maior incidência em países ocidentais, são o sétimo câncer mais comum em homens e o nono mais comum em mulheres e vêm apresentando uma tendência mantida de aumento em sua prevalência. As estatísticas de vigilância epidemiológica relataram que, nos EUA, cerca de 74.000 novos casos de câncer renal foram diagnosticados em 2019, representando 4,2% de todos os diagnósticos de câncer. Uma mortalidade de 175.000 pessoas por câncer renal no mesmo ano foi relatada3.
Dos tipos de CCR, 70% a 80% são tumores de células claras (CRCC), 10% a 15% são carcinomas papilares (ou papilíferos), 3% a 5% são CCR do subtipo cromófobo e 1% é carcinoma de origem dos ductos coletores (tumor de Bellini). Os demais tipos celulares são considerados muitos raros, com prevalência abaixo de 1%. O cancer renal, em 2018, no Brasil, teve a incidência estimada em 10.688 novos casos de neoplasias malignas no adulto com taxa geral padronizada por idade de 4,3 casos por 100.000 habitantes e uma taxa bruta geral de 5,1%. Já a taxa bruta de mortalidade foi de 1,9%, caracterizando um dos cânceres urológicos com maior letalidade. Devido ao alto grau de incerteza que acompanha a projeção de pequenos números, não se recomenda estimar o número de casos de câncer de baixa incidência, como o câncer renal. Assim, por demanda específica, em 2018, o Instituto Nacional de Câncer, do Ministério da Saúde, estimou, em todo Brasil, 6.270 casos de câncer de rim, sendo 3.760 entre homens e 2.510 entre mulheres2.
Existe estratégia de cuidado no SUS para tratar o TEV em gestantes com trombofilia?
Sim. O SUS oferece estratégia de cuidado que pode ser verificada nas Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas (DDT) do Carcinoma de Células Renais2.A tecnologia possui registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária Sanitária (Anvisa)?
Sim. O pembrolizumabe foi registrado inicialmente na Anvisa em outubro de 2016, sob o nome comercial de Keytruda®. A indicação apresentada em bula4 para o tratamento do:- Melanoma;
- Câncer de pulmão de células não pequenas;
- Carcinoma urotelial;
- Câncer gástrico;
- Linfoma de Hodgkin Clássico;
- Linfoma de Grandes Células B Primário do Mediastino;
- Carcinoma de células renais;
- Câncer de cabeça e pescoço;
- Câncer esofágico;
- Câncer com instabilidade microssatélite alta;
- Câncer Colorretal;
- Câncer endometrial;
- Câncer de mama triplo-negativo; e
- Câncer Cervical.
Possui genérico?
Não5.Quais são as marcas do medicamento disponíveis no mercado*?
Keytruda® - Soulução injetável – 100 mg e frasco-ampola de 4 mL.*Medicamento disponível no mercado de acordo com a lista CMED5, de 13/12/2022.
O medicamento está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename)?
Não, de acordo com consulta realizada à Rename6, em 19/12/2022.Quanto custa o tratamento com o pembrolizumabe?
Considerando a bula do medicamento, a posologia 200 mg a cada 03 semanas. Dessa forma o custo mensal é de R$ 37.003,82 (trinta e sete mil, três reais e oitenta e dois centavos). O valor foi calculado considerando-se o Preço Fábrica (PF) e a alíquota de 18% em relação ao Imposto de Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS) do medicamento de referência, segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED/Anvisa5.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar do CCR?
Sim. O SUS disponibiliza o tratamento para o câncer de rim, conforme a DDT do Carcinoma de Células Renais2. Esclarece-se que para o tratamento de câncer no Sistema Único de Saúde, não há uma lista específica de medicamentos, vez que o cuidado ao paciente deve ser feito de forma integral nas Unidades de Alta Complexidade em Oncologia (UNACON) ou Centros de Alta Complexidade em Oncologia (CACON). Nesses estabelecimentos de saúde, o fornecimento de medicamentos é feito via autorização de procedimento de alta complexidade (APAC), conforme os procedimentos tabelados. Assim, esses hospitais habilitados como UNACON ou CACON devem oferecer assistência especializada e integral ao paciente com câncer, atuando no diagnóstico e tratamento do paciente, sendo ressarcidos pelo gestor federal quando da realização dessa assistência, inclusive farmacêutica, de acordo com valores pré-estabelecidos na Tabela de Procedimentos do SUS.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde – Conitec – já avaliou a tecnologia para esta condição clínica em adultos?
Sim, a Conitec avaliou o pembrolizumabe para tratamento do câncer de células renais juntamente com axitinibe, nivolumabe e ipilimumabe. Os membros da Conitec, presentes em em sua 100ª Reunião Ordinária realizada no dia 05 de agosto de 2021, deliberaram por unanimidade recomendar a não incorporação de axitinibe + pembrolizumabe e nivolumabe + ipilimumabe para tratamento de primeira linha de câncer de células renais. O Plenário entendeu que não foram enviadas na consulta pública evidências ou informações adicionais que pudessem alterar a recomendação preliminar. O documento técnico foi encaminhado ao Secretário da SCTIE/MS, que ratificou a recomendação e publicou a Portaria SCTIE/MS nº 55/2021, no DOU nº 164, de 30/08/2021, Seção 1, pág. 159.O que a literatura científica relata sobre o uso dessa tecnologia para o CCR?
Cao et al (2020)7, com o objetivo de comparar e classificar os efeitos associados às terapias sistêmicas no tratamento de primeira linha em pacientes CCR avançado/metastático, em estudo de revisão sistemática com meta-análise indireta, nos bancos de dados PubMed, Cochrane, Web of Science e ClinicalTrials.gov para Ensaios Clínicos Randomizados (ECR) publicados até fevereiro de 2020 de todos os tratamentos disponíveis para CCR avançado/metastático. A análise foi feita em uma estrutura bayesiana. Como resultados foram encontrados que para CCR avançado/metastático de risco favorável, avelumabe mais axitinibe foi associado a uma melhora significativamente maior na sobrevida livre de progressão (SLP) do que sunitinibe; para pacientes de risco intermediário, cabozantinibe, nivolumabe mais ipilimumabe, pembrolizumabe mais axitinibe e avelumabe mais axitinibe foram associados a melhora significativamente maior na SLP do que o sunitinibe; pembrolizumabe mais axitinibe e nivolumabe mais ipilimumabe foram associados a melhora significativamente maior na sobrevida global (SG) do que sunitinibe; para pacientes de baixo risco, nivolumabe mais ipilimumabe e pembrolizumabe mais axitinibe foram associados a melhora significativamente maior na SLP do que sunitinibe; nivolumabe mais ipilimumabe e pembrolizumabe mais axitinibe foram significativamente mais eficazes para SG do que sunitinibe; para SG, houve probabilidades de 81% e 78% de que pembrolizumabe mais axitinibe foi a melhor opção para pacientes de risco intermediário e baixo risco, respectivamente. Concluiu-se que avelumabe mais axitinibe pode ser o tratamento ideal para CCR avançado/metastático de risco favorável. Pembrolizumabe mais axitinibe pode ser o tratamento ideal para risco intermediário e baixo risco pacientes.Com o objetivo de comparar os tratamentos de combinações de drogas, ipilimumab-nivolumab (Ipi-Nivo), pembrolizumab-axitinib (Pembro-Axi) e avelumab-axitinib (Ave-Axi), em pacientes CCR metastático (CCRm), no cenário de primeira linha, Elaidi et al (2020)8 realizaram uma meta-análise de rede bayesiana, nos bancos de dados Pubmed, Cochrane e ClinicalTrials.gov, de janeiro/2015 a outubro/2019, para quaisquer ECR de pacientes virgens de tratamento com CCRm, para os desfechos de sobrevida global, sobrevida livre de progressão e taxa de resposta objetiva. Como resultados encontrados no modelo baseado em contraste, Ave-Axi (SUCRA: 83%) e Pembro-Axi (SUCRA: 80%) exibiram as melhores probabilidades de classificação para SLP. Para SG, Pembro-Axi (SUCRA: 96%) foi a opção preferida à Ave-Axi e Ipi-Nivo. A análise objetiva da taxa de resposta mostrou Ave-Axi como a melhor (SUCRA= 94%) e Pembro-Axi como a segunda melhor opção. Nos modelos paramétricos, o risco de progressão foi comparável para Ave-Axi e Ipi-Nivo, enquanto Pembro-Axi exibiu um risco menor durante os primeiros 6 meses de tratamento e um risco maior posteriormente. Além disso, o Pembro-Axi exibiu uma vantagem líquida em termos de SG sobre os outros dois regimes, enquanto o Ave-Axi foi a opção menos preferida. As evidências gerais sugerem que pembrolizumabe mais axitinibe pode ser a melhor opção.
Referências bibliográficas
1 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação n°. 661, jun 2021. Cabozantinibe ou nivolumabe para o tratamento de segunda linha para pacientes com carcinoma de células renais metastático [Acesso em 20 dez 2022]. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/2021/20210903_relatorio_cabozantinibe_nivolumabe_ccr_segunda_linha.pdf.2 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Especializada à Saúde e Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Portaria n° 20 de 27 de outubro de 2022. Aprova as Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas do Carcinoma de Células Renais. [portaria na internet] Diário Oficial da União 7 novembro 2022. [Acesso em 20 dez 2022], Seção 1, (210) . Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/portaria/2022/20221109_portaria_conjunta_n20.pdf.
3 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação n°. 660, ago 2021. Pembrolizumabe, axitinibe, ipilimumabe e nivolumabe para tratamento de primeira linha de câncer de células renais [Acesso em 20 dez 2022]. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/2021/20210830_relatorio_660_pembrolizumabe_axitinibe_ipilimumabe_nivolumabe_ccr_1_linha_final.pdf.
4 Keytruda. [Bula]. Brasil: Merck Sharp & Dohme Farmacêutica Ltda.
5 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Medicamentos. Câmera de Regulação do Mercado de Medicamentos. Listas de Preços de Medicamentos [Acesso em 20 dezembro 2022]. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/cmed/precos.
6 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2022. Brasília: Ministério da Saúde; 2022 [Acesso em 20 dezembro 2022]. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/20220128_rename_2022.pdf.
7 Cao G, Wu X, Wang Z, Tian X, Zhang C, Wu X, et al. What is the optimum systemic treatment for advanced/metastatic renal cell carcinoma of favourable, intermediate and poor risk, respectively? A systematic review and network meta-analysis. BMJ open [Internet]. 2020;10(8):e034626. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32859659/.
8 Elaidi R, Phan L, Borchiellini D, Barthelemy P, Ravaud A, Oudard S, et al. Comparative efficacy of first-line immunebased combination therapies in metastatic renal cell carcinoma: A systematic review and network meta-analysis. Cancers [Internet]. 2020 Jun 1 [cited 2020 Sep 18];12(6):1–13. Disponível em: https://www.preprints.org/manuscript/202005.0353/v1.
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Pirfenidona para Fibrose Pulmonar Idiopática :: Julho/2019
Data de elaboração: Abril/2019 Data de publicação: Julho/2019 O que é Fibrose Pulmonar Idiopática?
Fibrose pulmonar idiopática (FPI) é uma doença rara e progressiva de origem desconhecida, descrita como uma forma específica de pneumonia crônica e fibrosante que ocorre geralmente em adultos idosos1,2. Caracteriza-se por um processo inflamatório, com substituição dos componentes teciduais normais do interstício pulmonar por fibrose. Os processos de inflamação e de fibrose são variáveis e em muitos casos a fibrose prepondera sobre o processo inflamatório, o que torna ineficazes as tentativas de tratamento com antiinflamatório. A doença tem geralmente um comportamento insidioso com exacerbações temporárias, mas a evolução em alguns casos pode mostrar-se imprevisível e rápida, com prognóstico ruim3. O diagnóstico de FPI é baseado na ausência de uma causa conhecida de fibrose pulmonar, sendo fundamental uma abordagem multidisciplinar, envolvendo pneumologistas, radiologistas e patologistas. Em alguns casos, pode ser necessária a biópsia pulmonar4. Dependendo do estágio evolutivo da doença (leve, moderado ou avançado) o paciente apresentará dispneia (dificuldade para respirar) aos esforços e até em repouso, tosse não produtiva e alterações da função pulmonar aos testes específicos (espirometria)1,2.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Fibrose Pulmonar Idiopática?
Sim, no âmbito do SUS a abordagem dos portadores de fibrose pulmonar inclui medidas de suporte (suplementação de oxigênio e reabilitação pulmonar) identificação e tratamento de comorbidades, e encaminhamento ao transplante pulmonar.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. A pirfenidona (Esbriet®) possui indicação em bula para o a tratamento de fibrose pulmonar idiopática (FPI)5.Possui genérico?
Não.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Esbriet® - Cápsula - 267 mg*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 15/10/2018.
*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 22/03/2018.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não.Quanto custa o tratamento com Pirfenidona?
Considerando a dose recomendada em bula de três cápsulas de 267 mg três vezes por dia com um total de 2403 mg/dia para pacientes adultos, o valor mensal estimado para tratamento da pirfenidona foi de R$ 18. 964,56. O custo foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% do medicamento de referência, segundo ANVISA6.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Fibrose Pulmonar Idiopática?
Não há, no SUS, tratamento farmacológico específico para a fibrose pulmonar idiopática, e deste modo a atenção deve ser voltada para o tratamento de comorbidades e terapia paliativa. Entre os medicamentos farmacológicos para as comorbidades, encontram-se disponíveis no SUS pelo Componente básico da Assistência Farmacêutica (CBAF) os corticoides: predinisona e budesonida.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, a Conitec avaliou o uso da pirfenidona para tratamento de fibrose pulmonar idiopática. Os membros do plenário da Comissão, presentes na 73ª reunião ordinária, realizada nos dias 05 e 06 de dezembro de 2018, recomendaram a não incorporação da pirfenidona para o tratamento da fibrose pulmonar idiopática. Foi considerado que a evidência atual mostra um benefício ao paciente em termos de retardo na progressão da doença, ou seja, no declínio da função pulmonar medida em termos da capacidade vital forçada(CVF), no entanto, a fraca evidência quanto à prevenção de desfechos críticos, tais como mortalidade e exacerbações agudas, associadas a um perfil de segurança com um grau importante de incidência de reações adversas e descontinuações. Dessa forma, o balanço entre os riscos e benefícios para o paciente foi desfavorável à incorporação do medicamento7.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Cinco estudos clínicos randomizados abordam o tratamento da FPI. Todos os estudos possuem limitações quanto aos critérios de inclusão e exclusão, tempo de seguimento e desfechos. O principal desfecho clínico, declínio da CFV, mostrou uma redução significativa ao longo do seguimento dos estudos com a utilização da pirfenidona. Em relação a progressão da doença (declínio da CVF ≥ 10%) os estudos demonstraram diferença significativa entre a pirfenidona e o placebo, embora com variabilidade de critérios para a definição da medida. Os dados de mortalidade que incluíram os 5 estudos demonstram um benefício, porém a diferença não foi estatisticamente significante. O mesmo resultado foi encontrado em relação a sobrevida livre de progressão. O medicamento não apresentou efeito significativo na redução da incidência de exacerbações agudas na FPI. Eventos adversos não apresentaram diferenças significativas entre os grupos, porém, as reações adversas de natureza cutânea foram mais frequentes no grupo pirfenidona8,9,10,11. Portanto, na análise desses estudos conclui-se que a evidência atual mostra um benefício ao paciente em termos de retardo na progressão da doença, ou seja, no declínio da função pulmonar medida em termos da capacidade vital forçada(CVF), todavia, as evidências são fracas quanto à prevenção de desfechos críticos, tais como mortalidade e exacerbações agudas, associadas a um perfil de segurança com um grau importante de incidência de reações adversas e descontinuações. São necessários estudos mais robustos e ainda estudos que comparem diretamente a pirfenidona com outras alternativas terapêuticas para o tratamento de FPI.Referências bibliográficas
1Rochwerg B, Neupane B, Zhang Y, Garcia CC, Raghu G, Richeldi L, Brozek J, Beyene J, Schünemann H. Treatmen to fidiopathic pulmonary fibrosis: a network meta-analysis. BMC Med. 2016 Feb 3;14:18. doi: 10.1186/s12916-016-0558-x. PubMed PMID: 26843176; PubMed Central PMCID: PMC4741055.
2Aravena C, Labarca G, Venegas C, Arenas A, Rada G. Pirfenidone for Idiopathic Pulmonary Fibrosis: A Systematic Review and Meta-Analysis. PLoS One. 2015 Aug 26;10(8):e0136160. doi: 10.1371/journal.pone.0136160. Review. Erratum in: PLoS One. 2015;10(10):e0140288. PubMed PMID: 26308723; PubMed Central PMCID: PMC4550327
3Rubin, Adalberto Sperb, et al. "Fibrose pulmonar idiopática: características clínicas e sobrevida em 132 pacientes com comprovação histológica." J Pneumol 25 (2000): 61-68.
4Raghu G, Collard HR, Egan JJ, Martinez FJ, Behr J, Brown KK, et al. An Official ATS/ERJ/JRS/ALAT Statement: Idiopathic Pulmonary Fibrosis: Evidence-based Guidelines for Diagnosis and Management. Am J RespirCritCare Med. 2011;183(6):788-824. PMid:21471066.
5PIRFENIDONA. Bula de medicamento. Produtos Roche Químicos e Farmacêuticos S.A. Farm. Resp.: Tatiana Tsiomis Díaz Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=4140152018&pIdAnexo=10551118. Acesso em 26/04/2019.
6Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 22/03/2018.
7BRASIL. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias do SUS – CONITEC. Relatório de Recomendação. Pirfenidona para o tratamento de fibrose pulmonar idiopática (FPI). Nº420, dezembro de 2018. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2018/Relatorio_Pirfenidona_FPI.pdf Acesso em: 26/04/2019.
8Azuma A, Nukiwa T, Tsuboi E, Suga M, Abe S, Nakata K, et al. Double-blind, placebo-controlled trial of pirfenidone in patients with idiopathic pulmonary fibrosis. Am J Respir Crit Care Med. 1o de maio de 2005;171(9):1040–7
9Taniguchi H, Ebina M, Kondoh Y, Ogura T, Azuma A, Suga M, et al. Pirfenidone in idiopathic pulmonary fibrosis. Eur Respir J. abril de 2010;35(4):821–9.
10Noble PW, Albera C, Bradford WZ, Costabel U, Glassberg MK, Kardatzke D, et al. Pirfenidone in patients with idiopathic pulmonary fibrosis (CAPACITY): two randomised trials. Lancet Lond Engl. 21 de maio de 2011;377(9779):1760–9.
11King TEJ, Bradford WZ, Castro-Bernardini S, Fagan EA, Glaspole I, Glassberg MK, et al. A phase 3 trial of pirfenidone in patients with idiopathic pulmonary fibrosis. N Engl J Med. 29 de maio de 2014;370(22):2083–92. -
Plerixafor para transplante autólogo de células estaminais hematopoiéticas :: Novembro/2018
Data de elaboração: Novembro/2018 Data de publicação: Novembro/2018 O que é Transplante Autólogo de Células Estaminais Hematopoiéticas?
O transplante de células estaminaisI hematopoiéticas é um tratamento eletivo, que utiliza a célula progenitora do próprio paciente ou de um doador compatível, para reestabelecimento da hematopoiese normal, após supressão medular com altas doses de quimioterapia. Pode ser classificado como alogênicoII, singênicoIII ou autólogoIV, de acordo com o doador, a partir de células obtidas de três fontes: medula óssea, sangue periférico e sangue de cordão umbilical e placentário1. O transplante autólogo de medula óssea deve ser considerado, como uma opção de tratamento, em todos os pacientes elegíveis e com recidiva após o tratamento quimioterápico da doença2,3. O transplante alogênico pode ser uma opção em casos de recidiva ao transplante autólogo, entretanto, trata-se de uma técnica com alta taxa de mortalidade. Em ambos os transplantes, os pacientes elegíveis são aqueles mais jovens, não resistentes à quimioterapia e que apresentam estágio de alto risco/gravidade da doença2,3. A maior parte dos pacientes não é elegível para o transplante devido à idade e as comorbidades apresentadas, principalmente para o alogênico4,7 .I.Células que podem se diferenciar em diversas linhagens celulares, tendo a capacidade de se auto renovar e de se dividir indefinidamente.II. Nos transplantes alogênicos são utilizadas células tronco de um doador saudável, aparentado ou não aparentado.III.No transplante singênico o doador é o irmão gêmeo do paciente, gêmeos idênticos, da mesma placenta.IV.Nesta técnica são utilizadas as próprias células tronco do paciente, que são tratadas com altas doses de radiação ou quimioterapia para garantir que não existam células cancerígenas. Também denominado transplante autogênico.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Transplante Autólogo de Células Estaminais Hematopoiéticas.?
Sim. O SUS oferece uma estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Anemia Aplástica, Mielodisplasiae Neutropenias Constitucionais – Uso de Fatores Estimulantes de Crescimento de Colônias de Neutrófilos. (http://conitec.gov.br/images/Protocolos/PCDT_Anemia_AplasticaMielodisplasiaNeutropenia-Fev2016.pdf)8.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O plerixafor (Mozobil®) é indicado, em combinação com o fator estimulante de colônia de granulócitos (G-CSF), para aumentar a mobilização de células tronco hematopoiéticas (CTH) para o sangue periférico, para coleta e posterior transplante autólogo em pacientes com linfoma não Hodgkin ou mieloma múltiplo9.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Mozobil® - solução injetável – 20 mg/mL*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 15/10/2018.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não.Quanto custa o tratamento com Plerixafor?
Para definir o custo deve ser considerando a dose recomendada em bula de 20 mg/mL, administrada após o paciente ter recebido fator estimulante de colônia de granulócitos (G-CSF), uma vez ao dia, por quatro dias. O custo estimado para as quatro doses de tratamento com plerixafor é de R$ 40.995,20. O custo foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% do medicamento de referência, segundo ANVISA10.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Transplante Autólogo de Células Estaminais Hematopoiéticas.?
Sim, são disponibilizados os medicamentos apresentados na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Filgrastim (G-CSF) Solução injetável 300 mc Molgramostim (GM-CSF) Solução injetável 300 mc O financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento1.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosa, conforme PCDT2.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Não, até a presente data, não foi protocolada, na CONITEC, demanda para analisar a incorporação, ao SUS, do plerixafor para tratamento de transplante autólogo de células estaminais hematopoiéticas ou para outras condições clínicas, seja pelo laboratório fabricante ou por outros demandantes. Ressalta-se que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou a empresa (produtora do medicamento ou não), pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à CONITEC, desde que cumpra as exigências legais impostas pelo Decreto nº 7646/2011.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Ensaios clínicos randomizados avaliaram o plerixafor para mobilização de células hematopoiéticas para transplante autólogo. Uma revisão sistemática avaliou a eficácia e segurança de diferentes estratégias de mobilização de células hematopoiéticas para transplante autólogo em neoplasias hematológicas. A indicação mais comum para o transplante autólogo foi Linfoma Não Hodgkin (LNH), seguido por Mieloma Múltiplo (MM) e linfoma de Hodgkin (LH). Os resultados encontrados nestes estudos sugerem que a associação de plerixafor a terapia com G-CSF melhora a mobilização das células hematopoiéticas estaminais para o transplante autólogo em pacientes com linfoma, mas que apresenta menor resultado em pacientes com mieloma. Observa-se que, essa melhora pode ser obtida também através do aumento da dose do G-CSF ou com a associação da quimioterapia ao G-CSF. A revisão sistemática apresentou como limitações: o fato de que poucos estudos avaliaram o uso de plerixafor; a maior parte dos estudos incluídos foram realizados com financiamento do fabricante; os estudos incluídos apresentaram variação na qualidade metodológica e não obtiveram dados conclusivos em termos de segurança e sobrevida, desfechos importantes a serem avaliados11,12.Referências bibliográficas
1Hemorio. Protocolos de Enfermagem. Assistência de Enfermagem no Transplante Autólogo de Células Tronco Hematopoéticas de Sangue Periférico. Hemorio, 2010. 1º Ed. Disponível em: .
2Owen RG, Pratt G, Auer RL, Flatley R, Kyriakou C, Lunn MP, Matthey F, McCarthy H, McNicholl FP, Rassam SM, Wagner SD, Streetly M, D'Sa S; British Committee for Standards in Haematology. Guidelines on the diagnosis and management of Waldenström macroglobulinaemia. Br J Haematol. 2014 May;165(3):316-33. doi: 10.1111/bjh.12760. Epub 2014 Feb 15. PubMed PMID: 24528152.
3Ansell SM, Kyle RA, Reeder CB, Fonseca R, Mikhael JR, Morice WG, Bergsagel PL, Buadi FK, Colgan JP, Dingli D, Dispenzieri A, Greipp PR, Habermann TM, Hayman SR, Inwards DJ, Johnston PB, Kumar SK, Lacy MQ, Lust JA, Markovic SN, Micallef IN, Nowakowski GS, Porrata LF, Roy V, Russell SJ, Short KE, Stewart AK, Thompson CA, Witzig TE, Zeldenrust SR, Dalton RJ, Rajkumar SV, Gertz MA. Diagnosis and management of Waldenström macroglobulinemia: Mayo stratification of macroglobulinemia and risk-adapted therapy (mSMART) guidelines. Mayo Clin Proc. 2010 Sep;85(9):824-33. doi: 10.4065/mcp.2010.0304. Epub 2010 Aug 11. Review. PubMed PMID: 20702770; PubMed Central PMCID: PMC2931618.
4London Cancer. Lymphoplasmacytic Lymphoma / Waldenström’s Macroglobulinaemia Guidelines. London, v1, 12.03.2015. Approved by Pathway Board for Haematological Malignancies Disponível em: .
5Perkins JB, Shapiro JF, Bookout RN, Yee GC, Anasetti C, Janssen WE, FernandezHF. Retrospective comparison of filgrastim plus plerixafor to other regimens for remobilization after primary mobilization failure: clinical and economic outcomes. Am J Hematol. 2012 Jul;87(7):673-7. doi: 10.1002/ajh.23221.
6Vishnu P, Roy V, Paulsen A, Zubair AC. Efficacy and cost-benefit analysis ofrisk-adaptive use of plerixafor for autologous hematopoietic progenitor cellmobilization. Transfusion. 2012 Jan;52(1):55-62. doi:10.1111/j.1537- 2995.2011.03206.x.
7Vos JM, Minnema MC, Wijermans PW, Croockewit S, Chamuleau ME, Pals ST, KleinSK, Delforge M, van Imhoff GW, Kersten MJ; HOVON Multiple Myeloma Working Party; HOVON Lymphoma Working Party. Guideline for diagnosis and treatment of Waldenström's macroglobulinaemia. Neth J Med. 2013 Mar;71(2):54- 62. PubMed PMID:23462052.
8BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria Nº 113, de 4 de fevereiro de 2016. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica. Brasília: Ministério da Saúde, 2016
. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Protocolos/PCDT_Anemia_AplasticaMielodisplasiaNeutropenia-Fev2016.pdf Acesso em: 13/11/2018.
9PLERIXAFOR. Bula de medicamento. Sanofi-Aventis Farmacêutica Ltda. Farm. Resp.: Silvia Regina Brollo. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=11650542018&pIdAnexo=10893134. Acesso em 13/11/2018.
10Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 14/11/2018.
11Hartmann T, Hübel K, Monsef I, Engert A, Skoetz N. Additional plerixafortogranulocyte colony-stimulating factors for haematopoietic stem cell mobilisationfor autologous transplantation in people with malignant lymphoma or multiplemyeloma. Cochrane Database Syst Rev. 2015 Oct 20;10:CD010615. doi:10.1002/14651858.CD010615.pub2. Review. PubMed PMID: 26484982.
12Sheppard D, Bredeson C, Allan D, Tay J. Systematic review of randomizedcontrolled trials of hematopoietic stem cell mobilization strategies forautologous transplantation for hematologic malignancies. Biol Blood MarrowTransplant. 2012 Aug;18(8):1191-203. doi: 10.1016/j.bbmt.2012.01.008. Epub 2012Jan 16. Review. PubMed PMID: 22261379. -
Pregabalina para dor crônica :: Novembro/2019
Data de elaboração: Novembro/2019 Data de publicação: Novembro/2019 O que é dor crônica?
A dor é uma sensação ou experiência emocional desagradável, associada com dano tecidual real ou potencial. A dor pode ser classificada em três modalidades, de acordo com sua intensidade: dor forte, apresentando-se altamente limitante para o paciente; dor moderada, limitante e com dificuldade de controle; e dor leve, sendo percebida pelo paciente, mas não referida como limitante nem insuportável.
A dor crônica é uma sensação dolorosa que persiste por mais de 30 dias, com intensidade moderada a alta. A dor crônica pode ser proveniente de várias doenças de base, como a osteoartrose, artrite reumatoide, dor lombar (dor de predomínio nociceptivo); neuropatia diabética, fibromialgia (dor de predomínio neuropático); dor oncológica e dor ciática (dor mista)1. O objetivo do tratamento em dor crônica é reabilitar o paciente e melhorar a qualidade de vida, já que a completa eliminação da dor nem sempre é possível2.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar dor crônica?
Sim, o SUS oferece uma estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) de Dor Crônica (http://conitec.gov.br/images/Protocolos/DorCronica.pdf)1.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. A pregabalina3 possui indicação em bula para tratamento de adultos com dor neuropática (dor devido à lesão e/ou mau funcionamento dos nervos e/ou do sistema nervoso), epilepsia, transtorno de ansiedade generalizada e fibromialgia (doença caracterizada por dor crônica em várias partes do corpo, cansaço e alterações do sono).Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Dorene® cápsula gel dura de 75 mg (caixa com 15 e 30)
Dorene® cápsula gel dura de 150 mg (caixa com 15 e 30)
DoreneTabs® comprimido de 75 mg (caixa com 15 e 30)
Dorene Tabs® comprimido de 150 mg (caixa com 15 e 30)
Lyrica® - cápsula gel dura de 25 mg (caixa com 10, 14, 20 e 28)
Lyrica® - cápsula gel dura de 75 mg (caixa com 10, 14, 20 e 28)
Lyrica® - cápsula gel dura de 150mg (caixa com 10, 14, 20 e 28)
Prebictal®- cápsula gel dura de 50 mg (caixa com 10, 14, 20 e 28)
Prebictal®- cápsula gel dura de 75 mg (caixa com 14 e 28)
Prebictal®- cápsula gel dura de 100 mg (caixa com 14 e 28)
Prebictal®- cápsula gel dura de 150 mg (caixa com 14 e 28)
Pregabalina - cápsula gel dura de 75mg (caixa com 10, 14, 20, 28, 30 e 56)
Pregabalina - cápsula gel dura de 150 mg (caixa com 10, 14, 20, 28, 30 e 56)
Preneurin® - cápsula gel dura de 75mg (caixa com 30)
Preneurin® - cápsula gel dura 150 mg (caixa com 30)
Proleptol® - cápsula gel dura de 75mg (caixa com 15 e 30)
Proleptol® - cápsula gel dura de 150mg (caixa com 30)4.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 19/12/2017.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não.Quanto custa o tratamento com Pregabalina?
Considerando a dose recomendada em bula de 75 mg duas vezes ao dia, para todas as indicações, o custo mensal estimado é de R$91,80. O custo foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo por cápsula do medicamento (PMGV) e alíquota ICMS de 0% dos medicamentos genéricos na apresentação cápsula de 75 mg, segundo a ANVISA5.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar dor crônica?
Sim, as mesmas podem ser conferidas na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Ácido acetilsalicílico Comprimido 500 mg Ácido valproico Cápsula
Comprimido
Solução oral e xarope250 mcg
500 mg
50 mg/mLAmitriptilina Comprimido 25 mg
75 mgCarbamazepina Comprimido
Comprimido
Suspensão oral200 mg
400 mg
20 mg/mLClomipramina Comprimido 10 mg
25 mgCodeína Ampola
Comprimido
Comprimido
Solução oral30 mg/mL
30 mg
60 mg
3 mg/mLDipirona Comprimido
Solução oral500 mg
500mg/mLFenitoina Comprimido
Solução oral100 mg
20 mg/mLGabapentina Cápsula 300 mg
400 mgIbuprofeno comprimido
comprimido
comprimido
solução oral200 mg
300 mg
600 mg
50 mg/mLMetadona comprimido
comprimido
ampola5 mg
10 mg
10 mg/mLMorfina Ampola
Comprimido
Comprimido
cápsulas de liberação controlada
cápsulas de liberação controlada
cápsulas de liberação controlada
solução oral10 mg/mL
10 mg
30 mg
30 mg
60 mg
100 mg
10 mg/mLNortriptilina Cápsula 10 mg
25 mg
50 mg
75 mgParacetamol Comprimido
Solução oral500 mg
200 mg/mLO financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento1.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosa, conforme PCDT2.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Não, até a presente data, não foi protocolada na CONITEC demanda para incorporação de pregabalina para tratamento de qualquer condição clínica, seja pelo laboratório fabricante ou por qualquer outro demandante. Ressalta-se que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde, sociedade médica ou a empresa produtora da tecnologia, pode solicitar à CONITEC a avaliação da sua incorporação no SUS, desde que cumpra as exigências legais. Para mais informações, acesse: http://conitec.gov.br/faca-sua-proposta-de-incorporacao.Embora o medicamento não tenha sido avaliado pela CONITEC, o PCDT da dor crônica indica os motivos pelos quais a pregabalina não foi incluída no SUS, a saber: inexistência de trabalhos, até aquela data, que indicassem a superioridade da pregabalina em relação a outros medicamentos para o tratamento da dor neuropática e também devido ao perfil de efeitos adversos e experiência acumulada com outros antiepilépticos1.
O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Revisões sistemáticas6,7, que avaliaram a eficácia da pregabalina em pacientes com dor neuropática (5.783 pacientes) e fibromialgia (3283 participantes), em comparação com placebo, demonstraram um pequeno benefício da pregabalina em relação ao placebo na redução da dor, com eventos adversos toleráveis em alguns pacientes. No entanto, são necessários mais estudos que comparem diretamente a pregabalina com outros comparadores ativos para conclusões sobre efetividade e segurança do medicamento, bem como o estabelecimento do custo e efetividade desse tratamento em relação aos cuidados ofertados no SUS para o controle da doença.Referências bibliográficas
1BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria SAS/MS nº 1.083, de 02 de outubro de 2012. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Dor crônica. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Protocolos/DorCronica.pdfAcesso em: 26/12/2017.
2STUMP, Patrick Raymond Nicolas André Ghislain; KOBAYASHI, Ricardo; CAMPOS, Alexandre Walter de. Lombociatalgia. Rev. dor, São Paulo , v. 17, supl. 1, p. 63-66, 2016 . Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-00132016000500063&lng=pt&nrm=isoAcesso em: 26/12/2017.
3PREGABALINA. Bula de Medicamento. Farmacêutica Responsável: Tatiana de Campos. Medley Farmacêutica Ltda. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=26447292016&pIdAnexo=4126972Acesso em: 26/12/2017.
4Câmara de Regulação - CMED Secretaria Executiva PREÇOS MÁXIMOS DE MEDICAMENTOS POR PRINCÍPIO ATIVO, PARA COMPRAS PÚBLICAS PREÇO FÁBRICA (PF) E PREÇO MÁXIMO DE VENDA AO GOVERNO (PMVG). Atualizada em 19/12/2017. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/374947/3464400/LISTA_CONFORMIDADE_GOV_2017-07-21.pdf/ee0c5ac1-00b9-4fdc-b410-4642339a5f03.
5Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precosAcesso em: 26/12/2017.
6Derry S, Cording M, Wiffen PJ, Law S, Phillips T, Moore RA. Pregabalin for pain in fibromyalgia in adults. Cochrane Database Syst Rev. 2016 Sep 29;9:CD011790. [Epub ahead of print] Review.
7Pérez C, Latymer M, Almas M, Ortiz M, Clair A, Parsons B, Varvara R. Does Duration of Neuropathic Pain Impact the Effectiveness of Pregabalin? Pain Pract. 2017 Apr;17(4):470-479. doi: 10.1111/papr.12469. Epub 2016 Sep 2. -
Propionato de clobetasol para psoríase :: Agosto/2020
Data de elaboração: Fevereiro/2020 Data de publicação: Agosto/2020 O que é psoríase?
A psoríase é uma doença sistêmica inflamatória crônica, não contagiosa, que afeta a pele, as unhas e, ocasionalmente, as articulações. Costuma ter apresentação clínica variável e um curso recidivante. Acomete cerca de 2% da população mundial. No Brasil, os dados disponíveis são do Censo Dermatológico da Sociedade Brasileira de Dermatologia: o diagnóstico de psoríase foi verificado em 1.349 de um total de 54.519 pessoas que consultaram dermatologistas em estabelecimentos públicos e privados, totalizando 2,5% dessa amostra. Pode ser incapacitante tanto pelas lesões cutâneas - fator que dificulta a inserção social - quanto pela presença da forma articular que configura a artrite psoriásica. Tem sido classificada como doença autoimune, embora sua fisiopatologia não esteja completamente esclarecida. A psoríase caracteriza-se pelo surgimento de placas eritemato-escamosas, de dimensões variadas, com bordas bem delimitadas e graus variáveis de acúmulo de escamas. As escamas são branco-prateadas, secas e aderidas e deixam pontilhado sanguinolento ao serem removidas. As formas clínicas da psoríase têm características peculiares, mas podem ser sobrepostas e estar ou não associadas à artrite psoriásica: crônica em placas (ou vulgar), em gotas (gutatta), pustulosa (subdividida em difusa de Von Zumbusch, pustulose palmoplantar e acropustulose), eritrodérmica, invertida (flexora) e ungueal1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar psoríase?
Sim. O SUS oferece estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Psoríase, publicado por meio da Portaria Conjunta SCTIE/SAES nº 10, de 06 de setembro de 2019. Este documento inclui critérios de diagnóstico, de inclusão e exclusão, casos especiais, tratamento, monitorização da doença e regulação/controle/avaliação pelo gestor, dentro do SUS1.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O propionato de clobetasol possui indicação em bula para o tratamento de doenças inflamatórias da pele, como psoríase (exceto quando as lesões estão muito espalhadas pelo corpo), eczemas recalcitrantes (difíceis de tratar), líquen plano, lúpus eritematoso discoide e outras doenças da pele que não melhoram satisfatoriamente com o uso de medicamentos esteroides menos potentes2.Possui genérico?
Sim3.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Clobesol® - 0,5 mg/g – creme – bisnaga 30g
Clobirex®- 0,5 mg/g – creme e pomada – bisnaga 30g
Clob-X® - 0,5 mg/g – creme e pomada – bisnaga 25g
Propiosol®- 0,5 mg/g – creme e pomada – bisnaga 30g
Psorex® - 0,5 mg/g – creme e pomada – bisnaga 30g
Psorex® - 0,5 mg/g – solução tópica – frasco de 50mL
Therapsor® - 0,5 mg/g – creme – bisnaga de 25g
Therapsor® - 0,5 mg/mL – solução tópica – frasco gotas de 25mL
Topirex®- 0,5 mg/g – creme – bisnaga 30g
Topirex®- 0,5 mg/mL – solução capilar – frasco 50*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 21/02/2020.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Sim, de acordo com consulta realizada à Rename5, em 21/02/2020.Quanto custa o tratamento com Propionato de clobetasol?
Visto que existem diversos registros referentes ao propionato de clobetasol na Anvisa, devido ao fato do fármaco ter medicamento de referência, genéricos, similares de várias marcas e produtores e apresentações diferentes, foi calculado o valor do tratamento com o medicamento de referência Psorex®. Considerando a dose recomendada em bula de duas aplicações diárias para o tratamento da psoríase, o custo mensal de 1 bisnaga é de R$ 27,56. O valor foi calculado considerando-se o Preço Fábrica (PF) e a alíquota de 18% em relação ao ICMS do medicamento de referência, segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED/Anvisa4, pois esse medicamento não consta na lista de isenção de ICMS ou com aplicação do desconto CAP.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar psoríase?
Sim, de acordo com o PCDT da Psoríase1, são disponibilizados os medicamentos apresentados na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Ácido salicílico Pomada 50mg/g (5%) Acitretina Cápsulas 10 e 25mg Adalimumabe Solução injetável 40 mg Alcatrão mineral Pomada 10mg/g (1%) Calcipotriol Pomada 50mcg/g (0,005%) Ciclosporina Cápsulas 10, 25, 50 e 100mg Ciclosporina Solução oral 100mg/mL Ciclosporina Solução injetável 50mg Clobetasol Creme 0,5mg/g Clobetasol Solução capilar 0,5mg/g Dexametasona Creme 1mg/g (0,1%) Etanercepte Solução injetável 25 e 50mg/mL Metotrexato Comprimidos 2,5mg/mL Metotrexato Solução injetável 25mg/mL Secuquinumabe Pó para solução injetável 150mg/mL Ustequinumabe Solução injetável 45mg/05mL e 90mg/1,0mL O financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por um ou mais dos três entes federativos (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, a Conitec avaliou o propionato de clobetasol para tratamento de psoríase. Durante a 6ª reunião ordinária, realizada no dia 05/07/2012, os membros da Comissão recomendaram a incorporação no SUS do clobetasol 0,05% creme para o tratamento da psoríase6.O que a literatura científica relata sobre o uso do propionato de clobetasol para essa condição clínica?
A maioria dos pacientes com psoríase tem doença limitada (<5% da superfície corporal) e pode ser tratada com fármacos tópicos que oferecem alto padrão de segurança e eficácia nesses casos. O tratamento tópico otimizado permite o controle das formas mais comuns da psoríase com a obtenção de remissão prolongada e pode evitar a progressão da doença a extensões que necessitem do uso de fototerapia e tratamentos sistêmicos, que implicam em maior número de efeitos adversos e custos incomparáveis1. O propionato de clobetasol, um corticosteróide tópico de muito alta potência, mostrou efetividade para o tratamento da psoríase em revisão da Cochrane publicada em 2009 e atualizada em 2013 com 177 ensaios clínicos e 34.808 participantes. Quando comparado ao placebo para psoríase no couro cabeludo, o clobetasol se mostrou como o tratamento mais efetivo (SMD* ‐1,73; IC95% ‐1,99 a ‐1,48; I² = 14,3%). Outros estudos menores que avaliaram propionato de clobetasol ou associações no tratamento da psoríase também observaram benefícios superiores quando comparados a outras alternativas de tratamento, em termos de eficácia6.
*SMD - diferença padronizada de médias.Referências bibliográficas
1 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Especializada à Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Portaria Conjunta nº 10, de 6 de setembro de 2019. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Psoríase. [portaria na internet]. Diário Oficial da União 11 setembro 2019 [acesso em 15 maio 2020]; Seção 1, (176). Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Protocolos/Diretrizes/Portaria_SAES_SCTIE_10_2019.pdf.
2 Psorex. [Bula]. Alemanha: Aspen Bad Oldesloe GmbH.
3 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Medicamentos. Câmera de Regulação do Mercado de Medicamentos. Listas de Preços de Medicamentos [acesso em 15 maio 2020]. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos.
4 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Medicamentos. Câmera de Regulação do Mercado de Medicamentos. Listas de Preços de Medicamentos [acesso em 21 fev 2020]. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/374947/5777008/LISTA_CONFORMIDADE_GOV_2020_02_v6.pdf/230734ef-e119-4737-9c67-b7447b471133.
5 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2020. Brasília: Ministério da Saúde; 2020 [acesso em 21 fev 2020]. Disponível em: http://portalms.saude.gov.br/assistencia-farmaceutica/medicamentos-rename.
6 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação n°. 10, de out 2012. Clobetasol para o tratamento da psoríase. [acesso em 21 fev 2020]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Incorporados/Clobetasol-Psoriase-final.pdf. -
Propionato de clobetasol para vitiligo :: Novembro/2019
Data de elaboração: Dezembro/2019 Data de publicação: Novembro/2019 O que é Vitiligo?
O vitiligo é uma doença caracterizada pela perda da coloração da pele. As lesões formam-se devido à diminuição ou ausência de melanócitos (as células responsáveis pela formação da melanina, pigmento que dá cor à pele) nos locais afetados. As causas da doença ainda não estão claramente estabelecidas, mas alterações ou traumas emocionais podem estar entre os fatores que desencadeiam ou agravam a doença. A doença é caracterizada por lesões cutâneas de hipopigmentação, ou seja, diminuição da cor, com manchas brancas de tamanho variável na pele. O vitiligo não é contagioso e não traz prejuízos à saúde física. No entanto, as lesões provocadas impactam significativamente na qualidade de vida e na autoestima do paciente. Nesses casos, o acompanhamento psicológico pode ser recomendado1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Vitiligo?
Não. Atualmente, no âmbito do SUS, não há uma estratégia específica para o tratamento do vitiligo.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim2. O medicamento propionato de clobetasol possui registro na Anvisa com as seguintes indicações: tratamento antiinflamatório para afecções de pele, como psoríase, eczema, lúpus.Possui genérico?
Sim.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Nomes comerciais: Clob-X®, Psorex®, Psorin®, Propiosol®, Dermacare®, The X®, Psorex®, Psorin®, Propiosol®, Dermacare®, Therapsor®, Apsor®, Clobesol®.
Está registrado nas seguintes formas farmacêuticas: solução capilar, creme, gel, pomada dermatológica 0,5mg/g.
*Medicamento disponível no mercado de acordo com a lista CMED de 14/11/20193 e bulas eletrônicas da Anvisa.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 27/11/2019.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Sim. Propionato de clobetasol consta na RENAME 20184.Quanto custa o tratamento com Propionato de clobetasol?
Considerando que existem diversos registros referentes ao propionato de clobetasol na Anvisa, devido ao fato do fármaco ter medicamento de referência, genéricos, similares de várias marcas e produtores e diversas apresentações, não foi calculado o custo do tratamento. O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar essa doença? Considerando que existem diversos registros referentes ao propionato de clobetasol na Anvisa, devido ao fato do fármaco ter medicamento de referência, genéricos, similares de várias marcas e produtores e diversas apresentações, não foi calculado o custo do tratamento.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Vitiligo?
Ainda não há alternativas terapêuticas disponíveis no SUS para o tratamento do vitiligo, mas o SUS disponibiliza diversas terapias e tratamentos que poderiam ser utilizados nesses casos, como fototerapia, tacrolimo e corticosteroides.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, a Conitec avaliou o clobetasol para o tratamento psoríase. Os membros do Plenário da Comissão, em outubro de 2012, recomendaram a incorporação do clobetasol para o tratamento psoríase no SUS, tendo sida oficialmente incorporada mediante aprovação do Secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde em setembro de 20125.
Mais informações em: http://conitec.gov.brO que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Foram encontrados dois estudos de ensaio clinico que avaliaram o clobetasol para o tratamento do vitiligo. O estudo de Khalid e colaboradores (1995)6 comparou o propionato de clobetasol tópico na forma de creme com a aplicação de protetor solar tópico em crianças com vitiligo. As crianças que utilizaram propionato de clobetasol tópico estiveram quase cinco vezes mais propensas a alcançar taxa de repigmentação maior que 75% quando comparadas àquelas que usaram apenas protetor solar. Já o estudo de Lim-Ong e colaboradores (2005)7 comparou o propionato de clobetasol tópico mais NB-UVB versus placebo mais NB-UVB na atividade do vitiligo. A repigmentação ocorreu na maioria dos pacientes (75%) e foi mantida em ambos os braços após 1 ano de tratamento. No entanto, os dois ensaios clínicos são altamente heterogêneos, tanto em termos de população como em termos de comparadores. Ambos os estudos localizados mostraram que o clobetasol é eficaz no tratamento do vitiligo, com relação à repigmentação. É importante frisar que embora os estudos encontrados sejam poucos e a evidência de superioridade não seja robusta, o medicamento propionato de clobetasol tópico é um corticosteroide registrado para comercialização no Brasil há mais de uma década, além de ser disponibilizado pelo SUS para outras afecções.Referências bibliográficas
1Brasil. Ministério da Saúde. Biblioteca Virtual de Saúde. http://bvsms.saude.gov.br/dicas-em-saude/2205-vitiligo. Acesso em: 28/11/2019.
2Brasil. Ministério da Saúde. Anvisa. Consulta a medicamentos registrados. http://portal.anvisa.gov.br/consulta-produtos-registrados. Acesso em: 28/11/2019.
3Brasil. Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. http://portal.anvisa.gov.br/documents/374947/2829072/LISTA_CONFORMIDADE_GOV_2019-11-14.pdf/db214bb0-c875-435b-bad0-806525f341b4. Acesso em 27/11/2019.
4Brasil. Ministério da Saúde. RENAME – Relação Nacional de Medicamentos Essenciais. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/medicamentos_rename.pdf. Acesso em: 27/11/2019.
5Brasil. Ministério da Saúde, Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, Departamento de Gestão e Incorporação de Tecnologias. Clobetasol para o tratamento da psoríase. Outubro/2012. Disponível em:
http://conitec.gov.br/images/Incorporados/Clobetasol-Psoriase-final.pdf. Acesso em: 27/11/2019.
6Khalid M, Mujtaba G, Haroon TS. Comparison of 0.05% clobetasol propionate cream and topical PUVAsol in childhood vitiligo. International Journal of Dermatology 1995;34(3):203–5.
7Lim-Ong M, Leveriza RMS, Ong BET, Frez MLF. Comparison between narrow-band UVB with topical corticosteroid and narrow-band UVB with placebo in the treatment of vitiligo: A randomized controlled trial. Journal of the Phillipine Dermatological Society 2005;14:17–25. -
Propionato de Fluticasona + Xinafoato de Salmeterol para Asma :: Novembro/2022
Data de elaboração: Novembro/2022 Data de publicação: Novembro/2022 O que é asma?
A asma é uma doença inflamatória crônica das vias aéreas inferiores que se caracteriza, clinicamente, por aumento da responsividade dessas vias a diferentes estímulos, com consequente obstrução ao fluxo aéreo, de forma recorrente e, tipicamente, reversível1. A condição, que afeta tanto adultos quanto crianças, é definida por histórico de sintomas respiratórios como sibilos, falta de ar, opressão torácica e tosse, acompanhados de variável limitação do fluxo expiratório, que variam em intensidade e frequência. Várias exposições ambientais estão associadas a asma: infecção grave por vírus sincicial respiratório na infância predispõe os pacientes à asma mais tarde na vida, com uma taxa atribuível de asma devido ao vírus de aproximadamente 20%, dependendo da idade. exposição precoce a ambientes com alto grau de conteúdo microbiano (por exemplo, ambientes rurais e creches) está associado a menores chances de desenvolver asma, quando comparados com controles. Há uma variação de aspectos como grau de inflamação da via aérea, hiper-reatividade brônquica, produção de muco e remodelação das vias aéreas de indivíduo para indivíduo2. Em 2012, a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), um estudo transversal realizado pelo Ministério da Saúde com 109.104 adolescentes do 9º ano de escolas públicas e privadas de todos os estados brasileiros, confirmou taxas de prevalência de sintomas de asma de 23% e de diagnóstico médico de 12%. De 2008 a 2013, o número de óbitos e hospitalizações por asma diminuiu 10% e 36%, respectivamente. No entanto, a taxa de mortalidade hospitalar aumentou em aproximadamente 25%. Em 2013, ocorreram 129.728 internações e 2.047 mortes por asma no Brasil. Já em 2018, o número de internações foi de aproximadamente 87.000. De uma maneira geral, o nível de controle da asma é baixo e a morbidade é elevada, independentemente do país avaliado. No Brasil, as hospitalizações e a mortalidade estão diminuindo na maioria das regiões, em paralelo ao maior acesso aos tratamentos1. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que atualmente há 235 milhões de pessoas com asma no mundo. Ainda, segundo a OMS 80% das mortes causadas pela asma ocorrem em países classificados como de renda baixa ou média-baixa. Em um estudo realizado numa coorte de 397 crianças (5 a 12 anos de idade) em Salvador/BA, 36% apresentavam asma intermitente, sendo 12,8% asma persistente moderada e 10,8% asma persistente grave2.Existe estratégia de cuidado no SUS para tratar a asma?
Sim. O SUS oferece estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Asma, publicado por meio da Portaria SAES/SCTIE/MS nº 143, de 24 de agosto de 2021. Este documento inclui o conceito geral da asma, critérios de diagnóstico, critérios de inclusão e de exclusão, tratamento e mecanismos de regulação, controle e avaliação. Tem caráter nacional e deve ser utilizado pelas Secretarias de Saúde dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios na regulação do acesso assistencial, autorização, registro e ressarcimento dos procedimentos correspondentes.A tecnologia possui registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária Sanitária (Anvisa)?
Sim. A associação medicamentosa xinafoato de salmeterol + propionato de fluticasona foi registrada na Anvisa em outubro de 2004, sob a marca comercial Seretide®. Conforme bula, é indicada para tratamento regular da asma4. Pode ser administrada em pacientes em tratamento de manutenção com beta2 de longa duração (LABA) e corticoides inalatórios (CI); pacientes que permanecem sintomáticos sob monoterapia com CI; e em pacientes em tratamento regular com broncodilatadores que requerem o uso de CI.Possui genérico?
Não5.Quais são as marcas do medicamento disponíveis no mercado*?
Seretide® Spray - suspensão aerossol para inalação – 25 mcg/125 mcg; 25 mcg/250 mcg; 25 mcg/50 mcg – 120 acionamentos + válcula;
Seretide® Diskus - pó inalatório – 50 mcg/100 mcg; 50 mcg/250 mcg; 50 mcg/500 mcg – 60 doses;
Seretide® Diskus - pó inalatório – 50 mcg/250 mcg; 50 mcg/500 mcg – 28 doses.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED5, de 03/11/2022.
O medicamento está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename)?
Não, de acordo com consulta realizada à Rename6, em 04/11/2022.Quanto custa o tratamento com o xinafoato de salmeterol + propionato de fluticasona?
Considerando a dose recomendada em bula de duas inalações, duas vezes ao dia, para adultos e adolescentes, independente da concentração, o custo mensal estimado para tratamento da asma, administrando a apresentação em spray, pode variar de R$ 104,06 (25 mcg/50 mcg) a R$ 201,44 (25 mcg/250 mcg). A dose recomendada para adultos e adolescente na apresentação de Diskus é uma inalação, duas vezes ao dia, independente da concentração. O custo mensal estimado pode variar de R$ 104,06 a R$ 201,44 nas apresentações com 60 doses. Os valores foram calculados considerando-se o Preço Fábrica (PF) e a alíquota de 18% em relação ao Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS), segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED/Anvisa5, pois essa associação medicamentosa não consta na lista com aplicação do desconto do Coeficiente de Adequação de Preços (CAP) ou com isenção de ICMS.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar a asma?
Sim, de acordo com o PCDT da Asma3, o tratamento tem por objetivo atingir e manter o controle da doença, que é definido como a intensidade com que as suas manifestações são suprimidas pelo tratamento. Compreende dois objetivos distintos: o controle das limitações clínicas presentes, ou seja, sintomas mínimos durante o dia e ausência de sintomas à noite, pouca ou nenhuma necessidade de uso de medicamentos de alívio e ausência de limitação das atividades físicas; e a redução dos riscos futuros, ou seja, das exacerbações, da perda da função pulmonar e dos efeitos adversos do tratamento.Os medicamentos preconizados são:
Medicamento Forma farmacêutica Concentração Beclometasona cápsula ou pó inalante
aerossol ou spray bucal200 e 400 mcg
50 e 250 mcgBudesonida cápsula inalante
pó inalante ou aerossol bucal200 e 400 mcg
200 mcgFenoterol aerossol 100 mcg Formoterol cápsula ou pó inalante 12 mcg Formoterol + budesonida cápsula ou pó inalante 12 mcg/400 mcg e 6 mcg/200 mcg Salbutamol aerosol
solução inalante100 mcg
5 mg/mLSalmeterol pó para inalação 50 mcg Prednisona comprimido 5 e 20 mg Prednisolona solução oral 1 mg/mL e 3 mg/mL Omalizumabe* pó para solução injetável 150 mg + 2 mL (diluente) Mepolizumabe pó para solução injetável 100 mg ou caneta aplicadora * De acordo com a fabricante do medicamento omalizumabe, estima-se que, a partir de setembro de 2022, a produção mundial da apresentação pó liofilizado para solução injetável, incorporado e padronizado na Rename, seja descontinuada e, sendo assim, a partir de dezembro de 2022 somente a apresentação em solução injetável em seringa preenchida estará disponível no Brasil[7]. Assim, os membros da Conitec, durante a 113ª Reunião Ordinária, no dia 06/10/2022, recomendaram, por unanimidade, a incorporação da apresentação de solução injetável em seringa preenchida de 150 mg/mL do omalizumabe.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) já avaliou a tecnologia para esta condição clínica?
Sim, a Conitec avaliou a associação medicamentosa xinafoato de salmeterol + propionato de fluticasona para o tratamento da asma em pacientes a partir de 4 anos. Durante a 103ª Reunião Ordinária, realizada no dia 10 de novembro de 2021, os membros da Comissão deliberaram por recomendar a não incorporação tecnologia para tratamento da asma8. Considerou-se que ”evidências disponíveis demonstram que tanto o salmeterol/fluticasona quanto formoterol/budesonida são eficazes no tratamento da asma em crianças a partir de 4 anos, adolescentes e adultos.”. O documento técnico foi encaminhado ao então Secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde do Ministério da Saúde, que ratificou a recomendação e publicou a Portaria SCTIE/MS nº 74/2021, no Diário Oficial da União (DOU) nº 229, de 07/12/2021, Seção 1, pág. 161.O que a literatura científica relata sobre o uso dessa tecnologia para asma?
O Ensaio Clínico Randomizado (ECR) duplo-cego, paralelo, controlado e de três braços de Barnes et al (2013)9 teve por objetivo demonstrar a equivalência clínica entre beclometasona/formoterol e fluticasona/salmeterol Diskus® na manutenção função pulmonar e controle da asma. Após 12 semanas de tratamento, o volume expiratório final no 1° segundo (VEF1) pré-dose não diferiu entre os tratamentos (diferença entre as médias 0,01 L; IC 95% – 0,03–0,06 L), sem alterações significativas em ambos os grupos (p = 0,726 e p = 0,783 em beclometasona/formoterol e fluticasona/salmeterol, respectivamente). Não foram relatados problemas de segurança em ambos os grupos.O ECR de fase III, multicêntrico, paralelo de dois braços, controlado de Hsieh et al (2018)10 comparou a eficácia de beclometasona/formoterol e da combinação fixa fluticasona/salmeterol. O estudo demonstrou eficácia semelhante de ambas combinações em termos de alteração média do VEF1 na semana 12. A mudança do VEF1 da pré-dose inicial para 5 min após a ingestão do medicamento na semana 12 no grupo beclometasona/formoterol (0,20 ± 0,31 L) foi numericamente maior do que no grupo fluticasona/salmeterol (0,14 ± 0,35 L), mas a diferença não atingiu significância estatística (p = 0,5334). As frequências de eventos adversos (EA) reportados foram de 40% entre pacientes tratados com fluticasona/salmeterol e de 45,9% entre os tratados com beclometasona/formoterol. O EA mais frequente foi a infecção do trato respiratório superior (fluticasona/salmeterol: 7,2%; beclometasona/formoterol: 5,7%).
Em ECR duplo-cego conduzido por Dahl et al (2007)11 comparou a eficácia de salmeterol/fluticasona (250/50 mcg; n=694) versus a budesonida/formoterol (200/6 mcg; n=697). A taxa média de exacerbações em 24 semanas foi similar entre os grupos (fluticasona/salmeterol: 2,69; budesonida/formoterol: 2,79; razão: 0,96 [IC 95%: 0,84 a 1,10]. Foi observada uma redução anual de 30% na taxa de exacerbação moderada a grave no grupo propionato de fluticasona/xinafoato de salmeterol quando comparado ao grupo budesonida/formoterol (IC 95%: 0 a 49%; 52% de redução versus 1% de aumento; p =0,059). Também foram observados melhoras na função pulmonar, nos sintomas na asma e no uso de medicamentos de resgate. Ambos os tratamentos foram bem tolerados.
Referências bibliográficas
1 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Especializada à Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Portaria Conjunta nº 14, de 24 de agosto de 2021. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Asma. [portaria na internet]. Diário Oficial da União 27 agosto 2021 [acesso em 04 nov 2022]; Seção 1, (119). Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/assuntos/avaliacao-de-tecnologias-em-saude/protocolos-clinicos-e-diretrizes-terapeuticas.2 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação nº 612, de maio 2021. Tiotrópio para tratamento da asma moderada e grave em pacientes adultos e crianças (com idade de 6 anos ou mais). [Acesso em 04 nov 2022]. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/2021/20210602_relatorio_612_tiotropio_asma_p19.pdf.
3 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Especializada à Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Portaria Conjunta nº 14, de 24 de agosto de 2021. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Asma. [portaria na internet]. Diário Oficial da União 27 agosto 2021 [acesso em 04 nov 2022]; Seção 1, (119). Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/portaria/2021/20210827_portaria_conjunta_14.pdf.
4 Seretide. [Bula]. Brasil: GlaxoSmithKline Brasil Ltda.
5 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Medicamentos. Câmera de Regulação do Mercado de Medicamentos. Listas de Preços de Medicamentos [Acesso em 04 nov 2022]. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/cmed/precos.
6 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2022. Brasília: Ministério da Saúde; 2020 [Acesso em 04 nov 2022]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/20220128_RENAME_2022.pdf.
7 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação Inclusão de nova apresentação de omalizumabe (150 mg/mL) solução injetável em seringa preenchida para tratamento da asma alérgica grave não controlada apesar do uso de corticoide inalatório (CI) associado a um beta2-agonista de longa ação (LABA), de ago 2022. [acesso em 04 nov 2022]; Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/consultas/relatorios/2022/20220830_relatorio_omalizumabe_asma_cp55.pdf
8 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação n° 676, de nov 2021. Propionato de fluticasona/ xinafoato de salmeterol para tratamento da asma em pacientes a partir de 4 anos. [Acesso em 04 nov 2022]. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/2021/20211207_relatorio_676_seretide_final.pdf.
9 Barnes N, van Noord JA, Brindicci C, Lindemann L, Varoli G, Perpiña M, et al. Steppingacross controlled asthmatic patients to extrafine beclometasone/formoterol combination. Pulm Pharmacol Ther. 2013 Oct;26(5):555–61.
10 Hsieh M-J, Lin Y-C, Lai R-S, Wu C-L, Lai C-L, Wang C-C, et al. Comparative efficacy and tolerability of beclomethasone/formoterol and fluticasone/salmeterol fixed combination in Taiwanese asthmatic patients. J Formos Med Assoc. 2018 Dec;117(12):1078–85.
11 Dahl R, Chuchalin A, Gor D, Yoxall S, Sharma R. EXCEL: A randomised trial comparing salmeterol/fluticasone propionate and formoterol/budesonide combinations in adults with persistent asthma. Respir Med. 2006 Jul;100(7):1152–62.
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Quetiapina para o transtorno afetivo bipolar :: Dezembro/2017
Data de elaboração: Dezembro/2017 Data de publicação: Dezembro/2017 O que é transtorno afetivo bipolar?
O transtorno bipolar é um distúrbio que leva os indivíduos acometidos a apresentarem dois ou mais episódios de alteração do humor e perturbação nos níveis de atividade, com momentos de elevação do humor e aumento da energia e da atividade (hipomania ou mania) e, outros, de rebaixamento do humor e de redução da energia e da atividade (depressão)1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar transtorno afetivo bipolar?
Sim, o SUS oferece uma estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) do Transtorno Afetivo Bipolar do tipo I2.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim, possui indicação em bula para o tratamento da esquizofrenia, episódios de mania associados ao transtorno afetivo bipolar (em monoterapia ou como terapia adjuvante) e episódios de depressão associados ao transtorno afetivo bipolar3.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Aebol® - comprimido revestido de 25mg e 100mg.
Atip® - comprimido revestido de 25mg, 50mg, 100mg e 200mg.
Atip® XR - comprimido revestido de liberação prolongada de 50mg.
Duoquel® - comprimido revestido de 25mg, 100mg e 200mg.
Kitapen® - comprimido revestido de 25mg, 100mg e 200mg.
Neotiapim® - comprimido revestido de 25mg, 100mg e 200mg.
Neuroquel® - comprimido revestido de 300mg.
Queopine® - comprimido revestido de 25mg, 100mg e 200mg.
Querok® - comprimido revestido de 25mg, 100mg, 200mg e 300mg.
Queropax® - comprimido revestido de 25mg, 100mg, 200mg e 300mg.
Quet® - comprimido revestido de 25mg, 100mg e 200mg.
Quet® XR - comprimido revestido de liberação prolongada de 50mg.
Quetibux® - comprimido revestido de 25mg, 100mg e 200mg.
Quetiel® - comprimido revestido de 25mg, 100mg e 200mg.
Quetipin® - comprimido revestido de 25mg, 100mg e 200mg.
Quetros® - comprimido revestido de 25mg, 100mg e 200mg.
Seroquel® - comprimido revestido de 25mg, 100mg, 200mg e 300mg.
Seroquel® XRO- comprimido revestido de liberação prolongada de 50mg, 200mg e 300mg.
Tracox® - comprimido revestido de 25mg, 100mg e 200mg.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 19/12/2017.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Sim, é fornecida no SUS de acordo com os critérios estabelecidos no PCDT da Esquizofrenia, PCDT do Transtorno Esquizoafetivo e PCDT do Transtorno Afetivo Bipolar4.Quanto custa o tratamento com Quetiapina?
Considerando a dose usual recomendada em bula de 400 a 800 mg/dia, o custo mensal estimado para o tratamento em monoterapia varia de R$ 492,00 à R$ 984,005. O custo foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% dos medicamentos genéricos, segundo Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED / ANVISA.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar transtorno afetivo bipolar?
Sim, as mesmas podem ser conferidas na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Ácido valproico Comprimido
Comprimido
Xarope e solução oral250 mg
500 mg
50 mg/mLCarbamazepina Comprimido
Comprimido
Suspensão oral200 mg
400 mg
20 mg/mLCarbonato de lítio Comprimido 300 mg Clozapina Comprimido 25 mg
100 mgFluoxetina Cápsula e comprimido 20 mg Haloperidol Comprimido
Comprimido
Solução injetável
Solução oral1 mg
5 mg
5 mg/mL
2 g/mLLamotrigina Comprimido 25 mg
50 mg
100 mgOlanzapina Comprimido 5 mg
10 mgQuetiapina Comprimido 25 mg
100 mg
200 mg
300 mgRisperidona Comprimido 1 mg
2 mg
3 mgO financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento1.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosa, conforme PCDT2.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, a quetiapina foi avaliada pela CONITEC para o tratamento do transtorno afetivo bipolar e obteve recomendação favorável à incorporação no SUS6.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Importante destacar que pacientes com transtornos mentais podem ter piora dos seus sintomas, mesmo se estiverem tomando medicamentos. Dado que o diagnóstico de um transtorno mental não é equivalente à necessidade de tratamento, essa é uma decisão clínica complexa que leva em consideração vários fatores, como a gravidade e importância dos sintomas, riscos e benefícios dos tratamentos disponíveis e outros fatores (p. ex., sintomas psiquiátricos complicadores de outras doenças)7.Referências bibliográficas
1Organização Mundial da Saúde. CID-10 Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde. 10a rev. São Paulo: Universidade de São Paulo; 1997. Disponível em: http://www.datasus.gov.br/cid10/V2008/WebHelp/f30_f39.htm Acesso em: 26/12/2017.
2BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 315, de 30 de março de 2016. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Transtorno Afetivo Bipolar do tipo I. Brasília: Ministério da Saúde, 2016. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Protocolos/PCDT_TranstornoAfetivoBipolar_TipoI.pdf Acesso em: 26/12/2017.
3Hemifumarato de quetiapina. São Paulo: Eurofarma Laboratórios S.A. Farm. Resp.: Dra. Maria Benedita Pereira - CRF-SP 30.378. Bula de remédio. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=25076622016&pIdAnexo=4031282 Acesso em: 26/12/2017.
4Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2014 / 9. ed. rev. e atual. – Brasília: Ministério da Saúde, 2015. 230 p. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Artigos_Publicacoes/Rename/Rename-2014-Julho2015.pdf Acesso em: 03/08/2017.
5Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 26/12/2017.
6BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Gestão e Incorporação de Tecnologias em Saúde. Clozapina, Lamotrigina, Olanzapina, Quetiapina e Risperidona para o Tratamento do Transtorno Afetivo Bipolar. Relatório de Recomendação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS – CONITEC – Nº 140. Março/2015. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Incorporados/TranstornoBipolar_final.pdf Acesso em: 26/12/2017.
7DSM-5 / [American Psychiatnc Association, tradução Maria Inês Corrêa Nascimento et al.]; revisão técnica: Aristides Volpato Cordioli... [et al.]. Porto Alegre: Artmed, 2014. xliv, 948. Disponível em: https://goo.gl/RvzHRV Acesso em: 26/12/2017. -
Ramelteona para insônia em adultos, caracterizada pela dificuldade em iniciar o sono :: Fevereiro/2019
Data de elaboração: Fevereiro/2019 Data de publicação: Fevereiro/2019 O que é Insônia em adultos?
A insônia pode ser caracterizada pela dificuldade de iniciar o sono, chamada “insônia inicial”; de manter o sono continuamente durante a noite, chamada “insônia de manutenção”; e, a menos comum, de despertar antes do horário desejado, conhecida como “insônia terminal”. É uma das queixas mais comuns na prática clínica, que leva a efeitos deletérios, como diminuição da qualidade de vida e uma predisposição a vários distúrbios psiquiátricos1. A insônia pode causar como consequência o aumento do risco de depressão, alterações da memória, redução da concentração e mau desempenho no trabalho2. A insônia tem sido associada também à falta de saúde geral, que inclui alterações de humor e da função cognitiva e pode ser classificada como aguda (por menos de 2-3 semanas) ou ainda crônica (que ocorre várias vezes por ano por pelo menos 2 anos), tendo cada episódio duração mínima de 3 dias, especialmente quando associada a doenças psiquiátricas ou médicas subjacentes2. Para serem considerados clinicamente significativos, esses sintomas devem ocorrer pelo menos três vezes por semana por um período mínimo de um mês e estarem associados com sofrimento importante e/ou com prejuízo no funcionamento social e ocupacional do indivíduo2.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Insônia em adultos?
Não. Atualmente, não existe no âmbito do SUS estratégias específicas de cuidados para o tratamento de distúrbios do sono.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. A ramelteona (Rozerem®) possui indicação em bula para o tratamento da insônia associada a dificuldade em adormecer3.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Rozerem® - comprimido – 8 mg – embalagem com 10,20 e 30.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 22/01/2019.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não.Quanto custa o tratamento com Ramelteona?
Considerando a dose recomendada em bula de 8 mg uma vez ao dia, o custo mensal estimado para tratamento com ramelteona foi de R$ 44,03 O valor foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% do medicamento de referência, segundo ANVISA4.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Insônia em adultos?
Não. Ainda não há alternativas farmacológicas específicas para o tratamento do distúrbio do sono e insônia, no âmbito do SUS.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Não, até a presente data, não foi protocolada, na CONITEC, demanda para analisar a incorporação, ao SUS, da ramelteona para tratamento da insônia ou para outras condições clínicas, seja pelo laboratório fabricante ou por outros demandantes. Ressalta-se que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou empresa (produtora da tecnologia ou não), pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à CONITEC, desde que cumpra as exigências legais impostas pelo Decreto nº 7.646 de 2011.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Ensaio clínico randomizado multicêntrico, duplo-cego e controlado avaliou a eficácia, segurança e resposta à dose de ramelteona em pacientes com insônia primária crônica. Foi constatado que o uso da ramelteona resultou em reduções estatisticamente significativas na latência do sono persistente (LPS) e interferiu no tempo total de sono (TST). Além disso, não houve diferença no número ou tipo de eventos adversos entre os grupos avaliados, sendo os mais comumente relatados dor de cabeça, sonolência e dor de garganta5. Um outro ensaio clínico randomizado, duplo-cego, crossover de cinco períodos avaliou a eficácia e segurança de ramelteona em diferentes doses (4, 8, 16 ou 32 mg) comparado ao placebo em 65 pacientes japoneses com insônia crônica. Como resultado observou-se que a ramelteona nas doses de 8 e 32mg reduziram significativamente a latência média para o sono persistente em comparação com placebo, além de ser bem tolerado6. Estudo de revisão sistemática com meta-análise, que incluiu apenas ensaios clínicos randomizados focados em ramelteona versos placebo, avaliou a eficácia e segurança de ramelteona no tratamento da insônia crônica. Os resultados apresentados pelos autores mostram que houve melhorias significativas em todos os desfechos avaliados (latência do sono, tempo de sono total, PSG (polissonografia), tempo total de sono da PSG, latência para sono- REM, efeitos residuais no dia seguinte e todos e efeitos adverso), exceto na porcentagem de sono-REM. No entanto, reforçam a necessidade de mais pesquisas que incluam, inclusive, estudos comparativos com outros hipnóticos sedativos7.Referências bibliográficas
1Asnis, Gregory; Thomas, Manju; Henderson, Margaret. Pharmacotherapy Treatment Options for Insomnia: A Primer for Clinicians. Int. J. Mol. Sci. 2016, 17(1), 50; doi:10.3390/ijms17010050.
2Kubota AMA, Silva MNRMO, Masioli AB. Aspectos da insônia no adulto e a relação com o desempenho ocupacional. Rev Ter Ocup Univ São Paulo. 2014 maio/ago.;25(2):119-25.
3RAMELTEONA Bula de medicamento. Takeda Pharma. Farm. Resp.: Francielle Tatiana Mathias Disponível em: https://www.takeda.com/siteassets/zh-tw/home/what-we-do/products/rozerem/rozerem.pdf Acesso em 11/02/2019.
4Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 11/02/2019.
5ERMAN, Milton et al. An efficacy, safety, and dose–response study of ramelteon in patients with chronic primary insomnia. Sleep medicine, v. 7, n. 1, p. 17-24, 2006.
6KOHSAKA, Masako et al. Efficacy and tolerability of ramelteon in a double-blind, placebo-controlled, crossover study in Japanese patients with chronic primary insomnia. Expert review of neurotherapeutics, v. 11, n. 10, p. 1389-1397, 2011.
7LIU, J. et al. Ramelteon in the treatment of chronic insomnia: systematic review and meta‐analysis. International journal of clinical practice, v. 66, n. 9, p. 867-873, 2012. -
Ranibizumabe para Degeneração Macular Relacionada à Idade :: Junho/2019
Data de elaboração: Junho/2019 Data de publicação: Junho/2019 O que é Degeneração macular relacionada à idade?
A degeneração macular relacionada à idade (DMRI) é um distúrbio degenerativo da mácula, área central da retina, onde as imagens são formadas. A mácula é uma área altamente especializada que se localiza dentro da retina e é responsável pela visão central nítida exigida para tarefas como a leitura ou o reconhecimento facial. No centro da mácula, uma pequena depressão denominada fóvea contém a mais alta densidade de cones (sensores de cor) e constitui a área responsável pela maior acuidade visual (AV)1. Dos diversos fatores de risco associados a degeneração macular, a idade é o mais forte, ocorrendo mais frequentemente após 55 anos de idade2. Além da idade, o tabagismo também é um fator de risco para o desenvolvimento d e DMRI3. Mais recentemente, fatores genéticos demonstraram estar fortemente ligados ao desenvolvimento de DMRI4. A presença da DMRI úmida em um olho e o fato de ser da raça branca, em comparação a negros e hispânicos, também são fatores que elevam o risco de desenvolver DMRI35. A DMRI apresenta-se sob duas formas clínicas distintas: uma forma “não exsudativa”, também conhecida como forma seca ou não-neovascular, e uma forma “exsudativa”, também denominada úmida ou neovascular67. A DMRI pode progredir para a forma úmida ou seca, e as duas podem coexistir no mesmo paciente. A forma seca ocorre em 79%8 a 90%9 dos casos e apresenta evolução lenta. Atualmente não há nenhum tratamento cientificamente comprovado para a forma seca da DMRI.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Degeneração macular relacionada à idade?
Sim. O SUS oferece estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) Degeneração Macular Relacionada com a Idade - forma neovascular.(http://conitec.gov.br/images/Protocolos/PCDT-DMRI.pdf)10A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O ranibizumabe (Lucentis®) tem indicação em bula para o tratamento da degeneração macular neovascular (exsudativa ou úmida) relacionada à idade (DMRI); do comprometimento visual devido à neovascularização coroidal (NVC); da deficiência visual devido ao edema macular diabético (EMD); e da deficiência visual devido ao edema macular secundário à oclusão de veia da retina (OVR)11.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Lucentis® - solução injetável – 10 mg/mL – embalagem com uma seringa preenchida*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 13/02/2019.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
NãoQuanto custa o tratamento com Ranibizumabe?
A dose recomendada em bula é de 0,5 mg administrada com injeção intravítrea única, o que corresponde a um volume injetado de 0,05 mL. Sendo assim, o custo estimado para aplicação do ranibizumabe em um único olho é de R$ 2.506,7812.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Degeneração macular relacionada à idade?
Sim, o SUS disponibiliza, conforme descrito no PCDT da DMRI, o medicamento bevacizumabe apresentado na tabela abaixoMedicamento Forma farmacêutica Concentração Bevacizumabe Solução injetável 25 mg/mL O financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento1.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosa, conforme PCDT2.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, a CONITEC avaliou o ranibizumabe para tratamento da degeneração macular relacionada à idade. Os membros do plenário da Comissão, presentes na 25ª reunião ordinária, realizada no dia 08 de maio de 2014, recomendaram a não incorporação do medicamento ranibizumabe para o tratamento da degeneração macular relacionada à idade, em virtude de sua relação de custo-efetividade desfavorável, quando comparado ao bevacizumabe13.
Mais informações em: http://conitec.gov.brO que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Ensaio clínico randomizado multicêntrico de não inferioridade, duplo-cego realizado em 38 centros de oftalmologia, na França, avaliou o perfil de eficácia e segurança de bevacizumabe versus ranibizumabe para o tratamento da DMRI. Os resultados apontaram que o bevacizumabe não foi inferior ao ranibizumabe para mudança na acuidade visual (AV) em 1 ano com perfis de segurança semelhantes. O ranibizumabe tende a ter um melhor resultado anatômico. Esses resultados são semelhantes aos de outros estudos com comparação cabeça-a-cabeça14. Ensaio clínico randomizado de fase III, multicêntrico, duplo-cego, envolvendo 184 pacientes, avaliou a eficácia e a segurança do ranibizumabe trimestralmente, após uma fase inicial mensal de três meses. O desfecho primário foi a alteração média na AV em 12 meses. Após a conclusão do estudo de 12 meses, o protocolo foi alterado para oferecer aos pacientes do grupo placebo a oportunidade, primeiro, de serem transferidos para o grupo que recebe 0,5mg de ranibizumabe trimestralmente e, depois, para o grupo que recebe 0,5 mg de ranibizumabe mensalmente de 12 meses a 24 meses. Os resultados encontrados foram: alteração média da AV do baseline aos 12 meses: perda média de 16,3 letras no grupo placebo, perda média de 0,2 letras no grupo 0,5mg (p< 0,0001). Logo, observou-se uma diferença de 16,1 letras no grupo tratado com o ranibizumabe 0,5mg em relação ao grupo placebo, após um ano de tratamento. Perda de menos de 15 letras de AV em 12 meses: RR=1,83 (1,74-1,92); NNT 2,44 (2,27- 2,66) (90,2% do grupo ranibizumabe 0,5mg vs 49,2% do grupo placebo, p< 0,0001). Ganho de pelo menos 15 letras em 12 meses: RR=1,38 (1,07-1,79); NNT=27,78 (15,69- 137,69) (13,1% no grupo ranibizumabe 0,5 mg vs 9,5% no grupo placebo, não significativo)15.Referências bibliográficas
1National Institute for Health and Clinical Excellence (NICE). Ranibizumab and pegaptanib for the treatment of age-related macular degeneration. May 2012. Disponível em: http://www.nice.org.uk/nicemedia/live/12057/41719/41719.pdf. Acesso em:12/07/2018.
2VanNewkirk MR, Weih L, McCarty CA, Stanislavsky YL, Keeffe JE, Taylor HR. Visual impairment and eye diseases in elderly institutionalized Australians. Ophthalmology 2000, 107(12):2203-2208.
3Klein R, Wang Q, Klein BE, Moss SE, Meuer SM. The relationship of age-related maculopathy, cataract, and glaucoma to visual acuity. Invest Ophthalmol Vis Sci 1995, 36(1):182-191.
4Zanke B, Hawken S, Carter R, Chow D. A genetic approach to stratification of risk for age-related macular degeneration. Can J Ophthalmol 2010, 45(1):22-27.
5Age-Related Eye Disease Study Research Group. Risk factors associated with age-related macular degeneration. A case-control study in the age-related eye disease study: Age-Related Eye Disease Study Report Number 3. Ophthalmology 2000, 107(12):2224-2232
6Nehemy MB. Degeneração macular relacionada a idade: novas perspectivas. Arquivos Brasileiros de Oftalmologia 2006; 69:955-958.
7Vedula SS, Krzystolic MG. Antiangiogenic therapy with anti-vascular endothelial growth factor modalities for neovascular age-related macular degeneration (Cochrane Review). In: The Cochrane Library, Issue 3, 2008. Oxford: Update Software.
8Farah ME, Oshima A, Costa RA, Sallum JF. Degeneração macular relacionada à idade: modalidades terapêuticas. Arquivos Brasileiros de Oftalmologia 2001;64:583-588.
9Van der Hagen AM, Yolton DP, Kaminski MS, Yolton RL. Free radicals and antioxidant supplementation: a review of their roles in age-related macular degeneration. J Am Optom Assoc. 1993;64(12):871-8 apud Santos LPF, Diniz JR, Leão ACS, Sena MF. Degeneração macular relacionada à idade: prevalência e fatores de risco em dois centros oftalmológicos de referência em Pernambuco. Arq Bras Oftalmol. 2005;68(2):229-33.
10BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria Conjunta SAS/SCTIE nº 18 de 19 de 11/2018Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes
Terapêuticas da Doença de Alzheimer. Brasília: Ministério da Saúde, 2017. Disponível em: http: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2017/Recomendacao/Portaria_Conjunta_13_PCDT_Alzheimer_28_11_2017.pdf Acesso em: 16/05/2018.
11RANIBIZUMABE. Bula de medicamento. Boehringer Ingelheim Pharma. Farm. Resp.: Dímitra Apostolopoulou. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=6669612015&pIdAnexo=2766739. Acesso em 22/02/2019.
12Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 27/02/2019.
13BRASIL. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias do SUS – CONITEC. Relatório de Recomendação. Ranibizumabe para Degeneração Macular Relacionada à Idade. Nº 119, abril de 2015. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2015/Relatorio_Ranibizumabe_DMRI_final.pdf Acesso em: 27/02/2019.
14Schmidt-Erfurth U, Eldem B, Guymer R, Korobelnik JF, Schlingemann RO, Axer-Siegel R, Wiedemann P, Simader C, Gekkieva M, Weichselberger A; EXCITE Study Group. Efficacy and safety of monthly versus quarterly ranibizumab treatment in neovascular age-related macular degeneration: the EXCITE study. Ophthalmology. 2011 May;118(5):831-9
15Regillo CD, Brown DM, Abraham P, Yue H, Ianchulev T, Schneider S, Shams N. Randomized, doublemasked, sham-controlled trial of ranibizumab for neovascular age-related macular degeneration: PIER Study year 1. Am J Ophthalmol. 2008 Feb;145(2):239-248. -
Ranibizumabe para tratamento do Edema Macular Diabético (EMD) :: Maio/2022
Data de elaboração: Maio/2022 Data de publicação: Maio/2022 O que é Edema Macular Diabético (EMD)?
A retinopatia diabética (RD) é uma complicação microvascular na retina que afeta cerca de 1 em cada 3 pessoas com diabete melito (DM) e está entre as principais causas de perda de visão em pessoas entre 20 e 75 anos1. O EMD é uma das principais complicações relacionadas à perda visual observada na RD, e é caracterizada por um espessamento da retina ou acumulação de lipoproteínas e lipídios na camada plexiforme interna e externa da retina (exudatos duros). O aspecto central é a acúmulo de fluido intra ou sub-retiniano na área macular, provocada pela disrupção da barreira hemato-retiniana. A proporção de pacientes com EMD e diabete melito tipo 1 (DM1) é de 7 a 10% e 25 a 30% quando diagnosticados há mais de 10 e 20 anos, respectivamente. A incidência de EMD em pacientes com diabete melito tipo 2 (DM2) varia conforme o uso de insulina. Pacientes em insulinoterapia e diagnosticados há mais de 10 anos apresentam uma incidência de 10%; aqueles diagnosticados há mais de 20 anos sobe para 25 a 30%. Pacientes que não utilizam insulina apresentam uma incidência menor (metade daqueles que utilizam o hormônio) de desenvolver o EMD. No geral, condições clínicas sistêmicas que aumentam a passagem de líquido para a retina, como hipertensão grave e hipoalbuminemia, podem influenciar no desenvolvimento do EMD. A presença e a gravidade do EMD não estão relacionadas diretamente com o grau da RD, podendo estar presente em qualquer estágio da doença e evoluir de forma independente. O tratamento sistêmico é baseado no controle dos níveis de glicemia (hemoglobina glicada), níveis pressóricos, lipídios séricos, a função renal e índice de massa corporal, associado a exercício físico e alimentação adequada. Os tratamentos oculares tem por objetivo reduzir ou impeder a progressão do edema. De acordo com o estágio da doença, o tratamento pode ser realizado com um ou mais dos seguintes métodos: terapia a laser, terapia antiangiogênica, terapia com corticosteroide e tratamento cirúrgico. Até o momento não há nenhum procedimento ou medicamento que cure o EMD sendo importante a utilização dos tratamentos mais eficazes para controle da doença2.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Edema Macular Diabético (EMD)?
Sim. O SUS oferece estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da RD1, publicado por meio da Portaria SAES/SCTIE/MS nº 193, de 16 de novembro de 2021. Este documento inclui o conceito geral da RD, critérios de diagnóstico, critérios de inclusão e de exclusão, classificação, tratamento e mecanismos de regulação, controle e avaliação, é de caráter nacional e deve ser utilizado pelas Secretarias de Saúde dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios na regulação do acesso assistencial, autorização, registro e ressarcimento dos procedimentos correspondentes. A conduta terapêutica é definida conforme a classificação “edema macular diabético com qualquer grau de retinopatia diabética”.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O medicamento ranibizumabe 10 mg/mL foi registrado na Anvisa em setembro de 2004, sob a marca comercial Lucentis®. Conforme bula, é indicada noS tratamentos de da degeneração macular neovascular(exsudativa ou úmida) relacionada à idade; deficiência visual devido ao EMD; retinopatia diabética proliferativa; deficiência visual devido ao edema macular secundário à oclusão de veia da retina; e do comprometimento visual devido à neovascularização coroidal. Em bebês premature tem indicação para o tratamento da retinopatia da prematuridade (RP) com zona I (fase 1+, 2+ 3 ou 3+), zona II (estágio 3+) ou RP-PA (RP posterior agressiva)4.Possui biossimilar?
Não5.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Lucentis® - solução injetável - 10 mg/mL – frasco + agulha com filtro (0,23 mL), seringa + agulha + filtro para injeção (0,23 mL) e seringa preenchida (0,165 mL).*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED05 de 06/05/2022.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não, de acordo com consulta realizada à Rename6, em 11/05/2022.Quanto custa o tratamento com Ranibizumabe?
Considerando a dose recomendada em bula de uma injeção mensal até que a acuidade visual máxima seja atendida e/ou não haja sinais de atividade da doença, o custo mensal estimado para tratamento com ranibizumabe foi de R$ 4.883,35. O valor foi calculado considerando o Preço Fábrica (PF) e a alíquota de 18% em relação ao ICMS do medicamento de referência (Lucentis®), segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED/Anvisa, pois esse medicamento não consta na lista de isenção de ICMS ou com aplicação do desconto CAP5.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Edema Macular Diabético (EMD)?
Sim, de acordo com o PCDT da RD1, os tratamentos são disponibilizados conforme comprometimento da fóvea. Nos casos que que há edema sem o comprometimento da fóvea, o tratamento com laser é uma opção viável para a redução da piora da acuidade visual, e não há terapia farmacológica recomendada. Pacientes com EMD que acomete o centro da fóvea têm indicação de aplicação dos medicamentos anti- fator de crescimento endotelial vascular (anti-VEGF) aflibercepte e ranibizumabe. A fotocoagulação por laser é inferior aos fármacos citados, entretanto, sua utilização é justificada na prática médica por sua maior conveniência. A vitrectomia via pars plana (VVPP) é o tratamento cirúrgico padrão para o EMD que acomete o centro da fóvea com tração vítreo-macular, comumente utilizada após a falha do tratamento medicamentoso. O tratamento do EMD está tabelado no Sistema de Gerenciamento da Tabela de Procedimentos, Medicamentos, Órteses, Próteses e Materiais Especiais do SUS (SIGTAP).A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, a Conitec avaliou o ranibizumabe para o tratamento de pacientes com EMD. Durante a 89ª reunião ordinária, realizada no dia 5 de agosto de 2020, os membros da Comissão deliberaram, por unanimidade, recomendar a incorporação do referido fármaco para o tratamento de EMD, conforme protocolo do Ministério da Saúde e assistência oftalmológica no SUS7. O documento técnico foi encaminhado ao Secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde (SCTIE/MS), que ratificou a recomendação e publicou a Portaria SCTIE/MS nº 39/2020, no Diário Oficial da União (DOU) nº 181, de 21/09/2020, Seção 1, pág. 235.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Mitchell et al (2011)8 realizaram um estudo multicêntrico, duplo cego, controlado com laser, com 12 meses de duração (estudo RESTORE), para avaliar a superioridade do ranibizumabe em monoterapia ou combinado com fotocoagulação a laser no tratamento do EMD. O ranibizumabe em monoterapia ou combinado com laser foi superior ao laser em monoterapia, no que se refere a variação média de letras na melhor acuidade visual corrigida (MAVC) do mês 1 ao mês 12, em relação ao valor do baseline, sendo de 6,1 e 5,9 letras versus 0,8 letras, respectivamente. A variação média de letras na MAVC, do baseline até o mês 12 levou a melhoras rápidas e superiores de 6,8 no grupo do ranibizumabe em monoterapia e 6,4 no grupo do ranibizumabe combinado com laser em comparação com 0,9 letras atingidas com o laser em monoterapia. Uma proporção significativamente maior de pacientes ganhou 5 ou mais letras na MAVC com ranibizumabe (65,2% para ranibizumabe e 63,6% para ranibizumabe e laser) versus 33,6% para laser em monoterapia. Dos pacientes tratados com o ranibizumabe, 37,4% (monoterapia) e 43,2% (ranibizumabe em associação ao laser) obtiveram um ganho de pelo menos 10 letras em comparação com 15,5% dos pacientes tratados com o laser em monoterapia. Uma porcentagem de 22,6% e 22,9% dos pacientes tratados com o ranibizumabe em monoterapia ou em associação ao laser, respectivamente, obtiveram um ganho de pelo menos 15 letras em comparação com 8,2% dos pacientes tratados com o laser em monoterapia. A redução na espessura média da retina central (CRT) no mês 12 foi de 118,7 μm no grupo da monoterapia de ranibizumabe e 128,3 μm no grupo da terapia combinada de ranibizumabe e laser, em comparação com 61,3 μm no grupo da fotocoagulação a laser isolada.
Schmidt-Erfurth et al (2014)9 realizaram um estudo de extensão do RESTORE para avaliar eficácia e segurança do ranibizumabe ao longo de 3 anos de tratamento. O ganho médio de letras na MAVC, no mês 12, foi de 7,9 para o grupo tratado com ranibizumabe no estudo principal e 7,1 para o grupo tratado com ranibizumabe e laser combinado no estudo principal, sendo sustentado do mês 12 ao 36 (8,0 para o grupo do ranibizumabe e 6,7 para o grupo do ranibizumabe combinado com laser). Os pacientes previamente tratados com laser, que foram elegíveis para receberem tratamento com ranibizumabe no estudo de extensão, apresentaram uma melhora da MAVC de 2,3 letras no mês 12 para 6,0 letras no mês 36. No mês 36, 42,2% dos pacientes no grupo tratado anteriormente com ranibizumabe, 28,9% dos pacientes no grupo tratado anteriormente com ranibizumabe combinado com laser e 17,6% dos pacientes no grupo tratado anteriormente com laser, apresentaram um escore > 78 letras na MAVC. Em pacientes tratados com ranibizumabe no estudo principal e no estudo de extensão, a média de redução da espessura central da retina observada no final do estudo principal (grupo do ranibizumabe: 127,8 μm; grupo ranibizumabe combinado com laser: 139,7 μm, no mês 12) foi mantida no mês 36 (grupo do ranibizumabe: 142,1 μm; grupo ranibizumabe combinado com laser: 145,9 μm).
Nguyen et al (2012)10 realizaram dois estudos paralelos de fase III, RISE e RIDE, multicêntricos, randomizados, com duplo mascaramento, controlados com injeção simulada, com 24 meses de duração, desenhados para avaliar a eficácia e segurança de ranibizumabe intravítreo em pacientes com EMD. Em relação a acuidade visual, ambos os estudos foram significativamente maiores no número de pacientes do grupo do ranibizumabe que ganharam ≥ 15 letras desde o baseline em 2 anos. O tratamento com ranibizumabe proporcionou melhora rápida na visão, com mudança estatística significante versus injeção simulada observada a partir do 7º dia após a primeira injeção. A redução geral da espessura foveal central durante os 24 meses do estudo foi significativamente maior com ranibizumabe (ambos os grupos) do que com a injeção simulada. A redução média da CRT no estudo RISE foi 253,1 μm no grupo do ranibizumabe, em comparação com 133,4 μm no grupo de injeção simulada. No estudo RIDE a redução média da CRT foi correspondente a 270,7 µm e 125,8 µm, respectivamente.Referências bibliográficas
1 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Secretaria de Atenção Especializada à Saúde. Portaria Conjunta SAES/SCTIE/MS nº 17, de 1º de outubro de 2021. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Retinopatia Diabética. [Portaria na internet]. Diário Oficial da União 16 dez 2021. [Acesso em 09 maio 2022]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/Portaria/2021/20211217_Portaria_Conjunta_17.pdf.2 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação nº 549, de ago 2020. Ranibizumabe para tratamento de Edema macular Diabético. [Acesso em 11 maio 2022]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Consultas/Relatorios/2020/20200921_Relatorio_Ranibizumabe_EMD_549.pdf.
3 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Secretaria de Atenção Especializada à Saúde. Portaria Conjunta SAES/SCTIE/MS nº 17, de 1º de outubro de 2021. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Retinopatia Diabética. [Portaria na internet]. Diário Oficial da União 22 nov 2021 [Acesso em 16 dez 2021]; Seção 1, (210). [Acesso em 11 maio 2022]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2021/20211217_Relatorio_PCDT_Retinopatia-Diabetica_618_Final.pdf.
4 Ranibizumabe. [Bula]. Brasil: Novartis Biociências S.A.
5 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Medicamentos. Câmera de Regulação do Mercado de Medicamentos. Listas de Preços de Medicamentos [Acesso em 11 maio 2022]. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/cmed/precos.
6 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2022. Brasília: Ministério da Saúde; 2020 [Acesso em 11 maio 2022]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/20220128_RENAME_2022.pdf.
7 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação n° 549, de agosto 2020. Ranibizumabe para tratamento de Edema Macular Diabético (EMD). [Acesso em 11 maio 2022]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Consultas/Relatorios/2020/20200921_Relatorio_Ranibizumabe_EMD_549.pdf.
8 Mitchell P, Bandello F, Schmidt-Erfurth U, et al. (2011). The RESTORE study: ranibizumab monotherapy or combined with laser versus laser monotherapy for diabetic macular edema. Ophthalmology. 118(4):615-25. https://doi.org/10.1016/j.ophtha.2011.01.031.
9 Schmidt-Erfurth U., Lang G.E., Holz F.G. et al. (2014). Three-Year Outcomes of Individualized Ranibizumab Treatment in Patients with Diabetic Macular Edema. The RESTORE Extension Study Ophthalmology. 121 :1045-1053. https://doi.org/10.1016/j.ophtha.2013.11.041.
10 Nguyen Q.D., Brown D.M., Marcus D.M. et al. (2012). Ranibizumab for Diabetic Macular Edema Results from 2 Phase III Randomized Trials: RISE and RIDE. Ophthalmology. 119(4):789– 801. https://doi.org/10.1016/j.ophtha.2011.12.039.
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Ranolazina para angina estável :: Janeiro/2019
Data de elaboração: Janeiro/2019 Data de publicação: Janeiro/2019 O que é Angina Estável?
A angina não é considerada especificamente uma doença, mas sim uma síndrome clínica de um problema cardíaco subjacente, que se caracteriza por dor ou desconforto (sensação de aperto ou pressão) em quaisquer das seguintes regiões: tórax, epigástrio, mandíbula, ombro, dorso ou membros superiores. Os fatores desencadeantes da dor e os sintomas variam, dependendo do tipo de angina, dentre os quais incluem-se: a microvascular, a de Prinzmetal, a estável, a instável e a variante1. A angina estável, ou pectoris, é um termo médico para dor ou desconforto no peito, com duração aproximada de cinco minutos. É tipicamente desencadeada ou agravada com a atividade física ou estresse emocional, momento em que o músculo cardíaco não recebe tanto sangue quanto necessita, devido ao estreitamento ou ao bloqueio de uma ou mais artérias do coração, caracterizando a isquemia do músculo cardíaco; exposição a temperaturas muito quentes ou muito frias; refeições pesadas e o tabagismo2. Usualmente, a angina estável acomete portadores de doença arterial coronariana (DAC) com comprometimento de, pelo menos, uma artéria epicárdica. Entretanto, pode também ocorrer em casos de doença cardíaca valvar, cardiomiopatia hipertrófica e hipertensão não controlada. Pacientes com coronárias normais e isquemia miocárdica relacionada ao espasmo ou disfunção endotelial também podem apresentar angina, assim como pacientes com anomalias anatômicas das artérias coronárias3. O diagnóstico da angina estável compreende a história clínica do paciente, onde se avalia os sintomas apresentados como a qualidade, a localização, a irradiação, a duração, os fatores desencadeantes, os fatores de alívio e os sintomas associados; o exame físico, onde se avalia a existência ou não de DAC ou de outras condições associadas e testes adicionais, como eletrocardiograma (ECG) de esforço, ecocardiograma com estresse, cintilografia miocárdica com estresse, tomografia, ressonância magnética cardiovascular (RMC) e cineangiocoronariografia (CATE), também com o propósito de avaliar a probabilidade de DAC3.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Angina Estável?
Sim. Apesar de não haver um Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) específico para angina (pois não é considerada uma patologia e sim uma síndrome clínica de problemas cardíacos subjacentes), no SUS, este quadro clínico é tratado de acordo com a Linha de Cuidado do Infarto Agudo do Miocárdio4 e o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) sobre Síndrome Coronariana Aguda5, que especificam o tratamento adequado e orientam quanto à prevenção de novos eventos coronarianos, garantindo o cuidado continuado e a reabilitação do paciente.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. A ranolazina (Riscard®) para o possui indicação em bula para o tratamento de angina crônica. Pode ser utilizada em monoterapia se o tratamento inicial com betabloqueadores não foi bem tolerado ou foi inefetivo, ou se o tratamento com betabloqueadores é contraindicado. Também pode ser utilizado como terapia adjuvante aos betabloqueadores, nitratos, bloqueadores dos canais de cálcio, inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECAs), bloqueadores dos receptores de angiotensina (BRAs), além de terapias de antiagregação plaquetária e hipolipemiantes6.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Riscard ® - comprimido revestido – 500 mg e 1000 mg – embalagem com 30, 60, 90 e 120.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 11/12/2018.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não.Quanto custa o tratamento com Ranolazina?
Considerando a dose recomendada em bula, de 500 mg ou 1000 mg duas vezes ao dia, o custo mensal estimado para tratamento com ranolazina foi de R$ 52,39 e R$ 104,77 respectivamente. O valor foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% do medicamento de referência, segundo ANVISA7.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Angina Estável?
Considerando a dose recomendada em bula, de 500 mg ou 1000 mg duas vezes ao dia, o custo mensal estimado para tratamento com ranolazina foi de R$ 52,39 e R$ 104,77 respectivamente. O valor foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% do medicamento de referência, segundo ANVISA .Sim, de acordo com os critérios estabelecidos no PCDT da Síndrome Coronariana Aguda, são disponibilizados os seguintes medicamentos:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Ácido acetilsalicílico Comprimido 100 mg
500 mgAtenolol Comprimido 50 mg
100 mgCaptopril Comprimido 25 mg Carvedilol Comprimido 3,125 mg
6,25 mg
12,5 mg
25 mgClopidogrel Comprimido 75 mg Enalapril Comprimido 5 mg
10 mg
20 mgEspironolactona Comprimido 25 mg
100 mgLosartana Comprimido 50 mg Metoprolol Comprimido 25 mg
50 mg
100 mgMononitrato de isossorbida Comprimido 20 mg
40 mgPropranolol Comprimido 10 mg
40 mgVarfarina Comprimido 1 mg
5 mgO financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento1.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosa, conforme PCDT2.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Não, até a presente data, não foi protocolada, na CONITEC, demanda para analisar a incorporação, ao SUS, da ranolazina para tratamento da angina estável ou para outras condições clínicas, seja pelo laboratório fabricante ou por outros demandantes. Ressalta-se que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou empresa (produtora da tecnologia ou não), pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à CONITEC, desde que cumpra as exigências legais impostas pelo Decreto nº 7.646 de 2011.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Uma Revisão sistemática (RS) com metanálise avaliou os efeitos da ranolazina sobre a mortalidade por causas cardiovasculares (desfecho primário de eficácia) e não cardiovasculares, a mortalidade por todas as causas, a qualidade de vida, a incidência de infarto agudo do miocárdio, a frequência dos episódios de angina e a incidência de eventos adversos em pacientes com angina estável, em comparação com placebo ou qualquer outro agente antianginoso. Foram incluídos 17 estudos de ensaios clínicos randomizados (ECR), totalizando 9.975 participantes, com uma média de idade de 63,3 anos. Os resultados da revisão sistemática foram favoráveis a ranolazina como terapia complementar quanto à frequência semanal de episódios de angina e de danos clínicos decorrentes do tratamento com ranolazina, quer em monoterapia ou terapia complementar, em relação à incidência de eventos adversos não graves, em comparação com placebo. As evidências do efeito do tratamento com ranolazina administrado em monoterapia ou como terapia complementar, foram consideradas incertas quando comparadas com placebo, em relação à mortalidade por todas as causas, à qualidade de vida e à incidência de infarto agudo do miocárdio não fatal. Também foram consideradas incertas as evidências do efeito do tratamento com ranolazina, como monoterapia, quando comparadas com placebo, em relação à mortalidade por causas cardiovasculares e à frequência semanal de episódios de angina.Referências bibliográficas
1American Heart Association (AHA). Angina (Chest Pain). Disponível em: .
2American Heart Association (AHA). Angina Pectoris (Stable Angina). Disponível em: .
3Cesar LA, Ferreira JF, Armaganijan D, Gowdak LH, Mansur AP, Bodanese LC, Sposito A, Sousa AC, Chaves AJ, Markman B, Caramelli B, Vianna CB, Oliveira CC, Meneghetti C, Albuquerque DC, Stefanini E, Nagib E, Pinto IMF, Castro I, Saad JA, Schneider JC, Tsutsui JM, Carneiro JKR, Torres K, Piegas LS, Dallan LA, Lisboa LAF, Sampaio MF, Moretti MA, Lopes NH, Coelho OR, Lemos P, Santos RD, Botelho R, Staico R, Meneghello R, Montenegro ST, Vaz VD. Sociedade Brasileira de Cardiologia. Arquivos brasileiros de cardiologia. Diretriz de doença coronária estável. Agosto de 2014, volume 103, nº2(2). Disponível em: .
4BRASIL. Ministério da Saúde. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para a Linha do cuidado do Infarto Agudo do Miocárdio na Rede de Atenção às Urgências. Disponível em: http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/File/HOSPSUS/protocolo_sindrome_coronariaMS2011.pdf Acesso em: 22/01/2019.
5BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.994 de 13/12/2011. Aprova a Linha de Cuidado: Síndromes Coronarianas Agudas. Brasília: Ministério da Saúde, 2011. Disponível em: http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2014/abril/02/pcdt-sindromes-coronarianas-agudas-2011.pdf Acesso em: 22/01/2019.
6RANOLAZINA. Bula de medicamento. Biolab Sanus Farmacêutica Ltda Farm. Resp.: Dr. Dante Alario Jr. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=12123272018&pIdAnexo=10914455 Acesso em 22/01/2019.
7Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 22/01/2019. -
Regorafenibe para câncer de cólon metastático :: Novembro/2018
Data de elaboração: Novembro/2018 Data de publicação: Novembro/2018 O que é Câncer de Cólon Metastático?
O câncer colorretal (CCR) abrange tumores que acometem um segmento do intestino grosso (o cólon) e o reto. O termo metastático é referido quando o câncer se espalha para outros órgãos. O CCR, ao ser detectado precocemente, quando ainda não há metástase, tem tratamento com prognóstico de cura. Porém, quando a doença está espalhada as chances de cura ficam reduzidas. Grande parte desses tumores se inicia a partir de pólipos, lesões benignas que podem crescer na parede interna do intestino grosso, podendo sofrer malignização com o tempo. O tipo histopatológico mais comum é o adenocarcinoma. Outros tipos de CCR são neoplasias malignas raras, perfazendo de dois a cinco por cento dos tumores colorretais, e requerem condutas terapêuticas específicas. Uma maneira de prevenir o aparecimento desses tumores seria a detecção e a remoção dos pólipos antes que eles se tornarem malignos1,2.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Câncer de Cólon Metastático?
Sim. O SUS oferece uma estratégia de cuidado que pode ser verificada na Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas (DDT) do Câncer de Cólon e Reto (http://conitec.gov.br/images/Artigos_Publicacoes/ddt_Colorretal__26092014.pdf)3.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O regorafenibe (Stivarga®) possui indicação em bula para o tratamento de pacientes adultos com: tumores estromais gastrintestinais (GIST) metastáticos ou não ressecáveis, que tenham progredido ou experimentaram intolerância ao tratamento prévio com imatinibe e sunitinibe; carcinoma hepatocelular (CHC) que tenham sido previamente tratados com sorafenibe; e câncer colorretal (CCR) metastático que tenham sido previamente tratados com, ou não sejam considerados candidatos para, as terapias disponíveis. Estas incluem quimioterapia à base de fluoropirimidinas, terapia anti-VEGF e terapia anti-EGFR4.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Stivarga® - comprimido revestido com 40 mg – embalagem com 28.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 19/11/2018.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não.Quanto custa o tratamento com Regorafenibe?
Considerando a dose recomendada em bula de 160 mg (4 comprimidos de 40mg cada), uma vez ao dia, durante 3 semanas de terapia, seguido de 1 semana sem terapia para abranger um ciclo de 4 semanas, o custo mensal estimado para tratamento com regorafenibe foi de R$ 8.997,87. O valor foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% do medicamento de referência, segundo ANVISA5.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Câncer de Cólon Metastático?
Sim. Para o tratamento do câncer, no âmbito do Sistema Único de Saúde, não há uma lista específica de medicamentos, uma vez que o cuidado ao paciente deve ser feito de forma integral nas Unidades de Alta Complexidade em Oncologia – UNACON ou Centros de Alta Complexidade em Oncologia – CACON. Nesses estabelecimentos de saúde, o fornecimento de medicamentos é feito via autorização de procedimento de alta complexidade (APAC), conforme os procedimentos tabelados. Assim, esses hospitais habilitados como UNACON ou CACON, no SUS, devem oferecer assistência especializada e integral ao paciente com câncer, atuando no diagnóstico e tratamento do paciente, sendo ressarcidos pelo gestor federal quando da realização dessa assistência, inclusive farmacêutica, de acordo com valores pré-estabelecidos na Tabela de Procedimentos do SUS.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Não. Até a presente data, não foi protocolada, na CONITEC, demanda para analisar a incorporação, ao SUS, do regorafenibe para tratamento de câncer colorretal ou para outras condições clínicas, seja pelo laboratório fabricante ou por outros demandantes. Ressalta-se que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou empresa (produtora da tecnologia ou não), pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à CONITEC, desde que cumpra as exigências legais impostas pelo Decreto nº7.646/2011.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Um ensaio clínico randomizado avaliou a eficácia e segurança do regorafenibe comparado com placebo em pacientes com câncer colorretal (CCR) metastático. Os autores concluíram que a sobrevida global foi melhor com o regorafenibe do que com o placebo. A mediana de sobrevida global foi de 8,8 meses no grupo tratado com o regorafenibe versus 6,3 meses no grupo tratado com placebo. A sobrevida livre de progressão também foi significativamente melhor no grupo
tratado com regorafenibe do que no grupo placebo, com uma mediana de sobrevida livre de progressão de 3,2 meses no grupo regorafenibe e 1,7 meses no grupo do placebo. Eventos adversos ocorreram em 97% dos pacientes que receberam regorafenibe e em 46% dos que receberam placebo. Eventos adversos graves ocorreram em 12 pacientes no grupo tratado com regorafenibe (9%) e três no grupo placebo (4%). Diante destes resultados pode-se considerar que houve uma melhora modesta na sobrevida global, entretanto os benefícios na sobrevida livre de progressão foram acompanhados de maiores eventos adversos. Sendo assim, são necessários mais estudos que comparem o regorafenibe com outros tratamentos utilizados para o CCR metastático6.Referências bibliográficas
1Instituto Nacional do Câncer José Alencar Gomes da Silva. Tipos de Câncer. Colorretal. INCA, 2016. Disponível em .
2Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas em Oncologia/Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde – Brasília : Ministério da Saúde, 2014.
3BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 958, de 26 de setembro de 2014. Aprova as Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas do Câncer de Cólon e Reto. Brasília: Ministério da Saúde, 2014. Disponível em: http: http://conitec.gov.br/images/Artigos_Publicacoes/ddt_Colorretal__26092014.pdf Acesso em: 22/11/2018.
4REGORAFENIBE. Bula de medicamento. Bayer S.A.. Farm. Resp.: Dra. Dirce Eiko Mimura. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=10967722018&pIdAnexo=10855758 Acesso em 22/11/2018.
5Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 22/03/2018.
6Li J, Qin S, Xu R, Yau TC, Ma B, Pan H, Xu J, Bai Y, Chi Y, Wang L, Yeh KH, Bi F, Cheng Y, Le AT, Lin JK, Liu T, Ma D, Kappeler C, Kalmus J, Kim TW; CONCUR Investigators. Regorafenib plus best supportive care versus placebo plus best supportive care in Asian patients with previously treated metastatic colorectal cancer (CONCUR): a randomised, double-blind, placebo-controlled, phase 3 trial. Lancet Oncol. 2015 Jun;16(6):619-29. doi: 10.1016/S1470-2045(15)70156-7. Epub 2015 May 13. PubMed PMID: 25981818. -
Riociguate para Hipertensão Tromboembólica Crônica :: Novembro/2022
Data de elaboração: Novembro/2022 Data de publicação: Novembro/2022 O que é a hipertensão pulmonar troboembólica crônica?
Hipertensão Arterial Pulmonar (HAP) é uma síndrome clínica e hemodinâmica definida como pressão arterial pulmonar média (PAPm) igual ou acima (≥) de 25 milímetros de mercúrio (mmHg) em repouso, com pressão de oclusão da artéria pulmonar (POAP) e/ou pressão diastólica final do ventrículo esquerdo abaixo ou igual (≤) a 15 mmHg. Resulta no aumento da resistência vascular na pequena circulação e elevação dos níveis pressóricos na circulação pulmonar. Pode ocorrer associada tanto a uma variedade de condições médicas subjacentes, quanto a uma doença que afeta exclusivamente a circulação pulmonar1.HAP é uma complicação conhecida das doenças do tecido conjuntivo, especialmente da esclerose sistêmica, com uma prevalência de 12%. Pode estar associada ao lúpus eritematoso sistêmico, doença mista do tecido conjuntivo e artrite reumatoide. Nesses pacientes, doença intersticial pulmonar e HAP correspondem hoje às principais causas de morte. HAP é uma complicação rara da infecção por HIV, com prevalência estimada de 0,5%, mas relativamente bem documentada. O advento da terapia antirretroviral altamente ativa (HAART) não diminuiu a ocorrência de HAP. Estudos hemodinâmicos estimaram uma prevalência de HAP de 2%-6% em pacientes com cirrose. O mecanismo dessa associação ainda é desconhecido, porém costuma estar relacionado à presença de hipertensão portal2.
A Hipertensão Pulmonar Tromboembólica Crônica (HPTEC) é a persistência de trombos organizados nas artérias pulmonares, persistente no mínimo por três meses de anticoagulação efetiva, associado a uma PAPm > 20 mmHg, resistência vascular pulmonar (RVP) ≥ 3 UW e POAP ≤ 15 mmHg, com no mínimo um defeito de perfusão pulmonar detectado por cintilografia, angiotomografia computadorizada do tórax ou arteriografia pulmonar3. A HP tem a classificação clínica diferenciada em 5 grupos e a HPTEC é um subtipo de hipertensão pulmonar pertencente ao Grupo 4 da classificação de hipertensão pulmonar, conforme o IV Simpósio Internacional de Hipertensão Pulmonar.
Existe estratégia de cuidado no SUS para tratar hipertensão pulmonar troboembólica crônica?
Não. Atualmente, no âmbito do SUS, não há Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Hipertensão Pulmonar Tromboembólica Crônica.A tecnologia possui registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)?
Sim. O riociguate foi registrado inicialmente na Anvisa em outubro de 2015, sob o nome comercial de Adempas®. A indicação apresentada em bula é para o tratamento de pacientes adultos com HPTEC inoperável e HPTEC persistente ou recorrente após tratamento cirúrgico para melhorar a capacidade para o exercício e a classe funcional da Organização Mundical de Saúde (OMS)4.Possui genérico?
Não5.Quais são as marcas dos medicamentos disponíveis no mercado*?
Adempas® - comprimidos revestidos com 0,5 mg, na apresentação de 42 comprimidos; com 1,0 mg, na apresentação de 42 comprimidos; com 1,5 mg, nas apresentações de 42 e 84 comprimidos; com 2,0 mg, nas apresentações de 42 e 84 comprimidos; e com 2,5 mg, nas apresentações de 42 e 84 comprimidos.*Medicamento disponível no mercado de acordo com a lista CMED5, de 03/11/2022.
O medicamento está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename)?
Não, de acordo com consulta realizada à Rename6, em 04/11/2022.Quanto custa o tratamento com riociguate?
Considerando a dose inicial recomendada em bula de 1,0 mg, três vezes ao dia, por duas semamas (14 dias), com aumento de 0,5 mg a cada duas semanas, até o máximo de 2,5 mg, sempre administrado três vezes ao dia, para adultos. O custo estimado para o primeiro mês de tratamento é de R$ 19.534,44 (dezenove mil, quinhentos e trinta e quatro reais e quarenta e quatro centavos). O valor foi calculado considerando-se o Preço Fábrica (PF) e a alíquota de 18% em relação ao ICMS do medicamento de referência, segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED/Anvisa5.O SUS oferece alternativas terapêuticas para hipertensão pulmonar tromboembólica crônica?
Sim. Cabe destacar que que pacientes com HPTEC não estão contemplados no PCDT para o tratamento da HAP2, estando incluídos como critério de exclusão. O tratamento específico e ideal da hipertensão tromboembólica consiste na remoção cirúrgica dos trombos através da tromboendarterectomia pulmonar, sendo esse, portanto, o procedimento cirúrgico considerado como padrão ouro e disponível no SUS (SIGTAP Cod. 0412050153 Tromboendarterectomia pulmonar). Entretanto, alguns pacientes podem apresentar hipertensão pulmonar persistente mesmo após a tromboendarterectomia. Nessas situações, deve-se avaliar a indicação de tratamento com drogas vasodilatadoras pulmonares, além de outras medidas que já são oferecidas ao paciente pelo SUS, quer seja em nível ambulatorial ou hospitalar, a depender da gravidade do caso3.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde – Conitec – já avaliou a tecnologia para esta condição clínica?
Sim, a Conitec avaliou o riociguate por três vezes. Em 2018, para o tratamento da HPTEC inoperável ou persistente/recorrente pacientes adultas. Durante a 70ª reunião ordinária, realizada no dia 29 de agosto de 2018, os membros da Comissão deliberaram, por unanimidade, por não recomendar o riociguate para HPTEC inoperável ou persistente/recorrente. Considerou-se que as evidências clínicas apresentadas são frágeis e a análise de custo-efetividade mostra que riociguate não apresenta resultados clínicos condizentes com o preço praticado para o medicamento no Brasil. O documento técnico foi encaminhado ao Secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos em Saúde (SCTIE/MS), que ratificou a recomendação e publicou a Portaria SCTIE/MS nº 75/2018, no Diário Oficial da União (DOU) nº 241, de 17/12/2018, Seção 1, pág. 76. Em 2020, o riociguate, foi avaliado pela Conitec, para o tratamento da HPTEC Inoperável ou Persistente/Recorrente após tratamento cirúrgico. Durante a 86ª reunião ordinária, realizada no dia 04 de março de 2020, os membros da Comissão deliberaram, por unanimidade, recomendar a não incorporação no SUS do riociguate para HPTEC Inoperável ou Persistente/Recorrente após Tratamento Cirúrgico. O documento técnico foi encaminhado ao Secretário da SCTIE/MS, que ratificou a recomendação e publicou a Portaria SCTIE/MS nº 11/2020, no DOU nº 62, de 31/03/2020, Seção 1, pág. 77. E em 2022, a Conitec avaliou o riociguate para o tratamento da HPTEC inoperável, persistente ou recorrente após tratamento cirúrgico. Durante a 105ª Reunião Ordinária, realizada no dia 10 de fevereiro de 2022, os membros da Comissão deliberaram, por unanimidade, recomendar a não incorporação do riociguate para HPTEC inoperável, persistente ou recorrente após tratamento cirúrgico. Considerou-se as incertezas quanto aos benefícios do riociguate para a indicação proposta; a sua razão de custoefetividade incremental e o seu impacto orçamentário estimado, além da ausência de contribuição que pudesse modificar a recomendação preliminar. Os documentos técnicos foram encaminhados à Secretária da SCTIE/MS, que ratificou a recomendação e publicou a Portaria SCTIE/MS nº 24/2022, no DOU nº 49, de 14/03/2022, Seção 1, pág. 96.O que a literatura científica relata sobre o uso dessa tecnologia para o HPTEC?
O ensaio clínico de McLaughlin et al (2017)7, em artigo delineado como estudo de vigilância NCT01784562, apresentou, risco de viés moderado pela ferramenta de análise de risco ROBINS-I, pois teve problemas devido a fatores de confundimento, particularmente no que tange ao uso de tratamento concomitante a intervenção avaliada, podendo enviesar os resultados encontrados sobre segurança e eficácia. Após resultados positivos do estudo de Fase 3 CHEST-1 em pacientes com HPTEC, o estudo de acesso precoce de Fase 3b HPTEC foi projetado para avaliar a segurança e tolerabilidade do riociguate em condições reais. O estudo consiste em observar o fornecimento aos pacientes acesso antecipado ao riociguate antes do lançamento. Foi um estudo aberto, não controlado, de braço único e acesso precoce no qual 300 pacientes adultos com HPTEC inoperável ou persistente/recorrente receberam riociguate ajustado de 1 mg três vezes ao dia até um máximo de 2,5 mg três vezes ao dia. O objetivo principal foi avaliar a segurança e tolerabilidade do riociguate, com a classe funcional da OMS e a distância de caminhada de 6 minutos (DTC6) como parâmetros de eficácia exploratórios. No total, apenas 87% (n. 262) concluíram o estudo (seguimento médio de 42 semanas) e foram analisados para o principal desfecho que foi segurança e tolerabilidade. Eventos adversos (EAs) foram relatados em 273 pacientes (91%), sendo a maioria leve (90 pacientes [30%]) ou moderada (109 [36%]). Os EAs mais comuns foram dispepsia (20%), tontura (19%), cefaleia (18%) e edema periférico (18%). Os EAs graves mais comuns foram síncope (n=17; 6%), insuficiência ventricular direita (n=8; 3%) e pneumonia (n=7; 2%). No geral, a segurança do riociguate foi semelhante entre os subgrupos de pacientes.O estudo japonês, multicêntrico, prospectivo e não intervencionista de Tanabe at al (2020)8, em artigo delineado como estudo observacional NCT02117791 de vigilância e pós-comercialização, avaliou a segurança e eficácia do riociguate para HPTEC na prática clínica japonesa, registrando todos os pacientes com HPTEC tratados com riociguate após seu lançamento no Japão em abril de 2014. A segurança foi avaliada por meio da análise das reações adversas medicamentosas. As medidas de eficácia incluíram a avaliação da mudança na classe funcional da OMS, teste de caminhada de seis minutos e hemodinâmica. No total, 1.031 pacientes foram incluídos na análise de segurança com 811 (78,7%) pacientes em classe funcional II/III da OMS. A duração média do tratamento foi de 591,4 dias (mediana de 441,0 dias). Reações adversas medicamentosas foram relatadas em 19,5% dos pacientes, sendo as mais comuns hipotensão (5,9%), cefaleia (3,0%), tontura (1,9%) e doença do refluxo gastroesofágico (1,5%). Reações adversas graves ao medicamento foram relatadas em 2,1% dos pacientes. A sobrevida estimada foi de 97,0% em um ano, 95,8% em dois anos e 94,4% em três anos. A análise de eficácia (n = 1027) mostrou aumentos significativos desde o início na distância de caminhada de seis minutos e reduções significativas desde o início na pressão arterial pulmonar média e resistência vascular pulmonar. Esses resultados provisórios de riociguate em pacientes japoneses com HPTEC demonstraram um perfil de segurança que foi geralmente consistente com os de estudos clínicos principais.
Referências bibliográficas
1 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação n°. 383, de dez 2018. Riociguate para hipertensão pulmonar tromboembólica crônica (HPTEC) inoperável ou persistente/recorrente [Acesso em 21 out 2022]. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/2018/relatorio_riociguate_hptec.pdf.2 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Portaria n° 35 de 16 de janeiro de 2014. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Hipertensão Arterial Pulmonar. [portaria na internet] Diário Oficial da União 17 janeiro 2014. [Acesso em 21 out 2022], Seção 1, (91) . Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/protocolos/hap-1.pdf.
3 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação n°. 708, de fev 2022. Riociguate para o tratamento da hipertensão pulmonar tromboembólica crônica (HPTEC) inoperável, persistente ou recorrente após tratamento cirúrgico [Acesso em 04 nov 2022]. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/2022/20220314_relatorio_708_riociguate_hptec_inoperavel_persistente_recorrente.pdf.
4 Riociguate. [Bula]. Brasil: Bayer S.A.
5 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Medicamentos. Câmera de Regulação do Mercado de Medicamentos. Listas de Preços de Medicamentos [Acesso em 04 novembro 2022]. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/cmed/precos.
6 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2022. Brasília: Ministério da Saúde; 2022 [Acesso em 04 novembro 2022]. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/20220128_rename_2022.pdf.
7 McLaughlin VV, Jansa P, Nielsen-Kudsk JE, Halank M, Simonneau G, Grünig E, et al. Riociguat in patients with chronic thromboembolic pulmonary hypertension: results from an early access study. BMC Pulm Med. 2017;17(1):216. Disponível em: https://doi.org/10.1186/s12890-017-0563-7.
8 Tanabe N, Ogo T, Hatano M, Kigawa A, Sunaya T, Sato S. Safety and effectiveness of riociguat for chronic thromboembolic pulmonary hypertension in real-world clinical practice: interim data from post-marketing surveillance in Japan. Pulmonary circulation. 2020;10(3):2045894020938986. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7378726/.
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Riociguate para hipertensão pulmonar tromboembólica crônica :: Dezembro/2018
Data de elaboração: Dezembro/2018 Data de publicação: Dezembro/2018 O que é Hipertensão Pulmonar Tromboembólica Crônica?
A hipertensão pulmonar (HP) ocorre quando a pressão nas artérias pulmonares ou na irrigação vascular dos pulmões é anormalmente alta e geralmente sobrecarrega o lado direito do coração, podendo ser causada por uma condição médica, como as doenças pulmonares e cardíacas e o tromboembolismo pulmonar (TEP). A hipertensão arterial pulmonar (HAP) se refere à HP relacionada diretamente com as artérias que conduzem o sangue dos pulmões ao coração, e, nestes casos, a pressão no lado direito do coração é muito maior do que nos pacientes que possuem HP decorrente de outras causas1. Conforme estabelecido no V Simpósio da Hipertensão Pulmonar, esta patologia foi classificada em 5 grupos: Grupo 1: Hipertensão Arterial Pulmonar (HAP); Grupo 2: Hipertensão Pulmonar por Doença Cardíaca Esquerda; Grupo 3: Hipertensão Pulmonar a Doença Pulmonar ou Hipoxemia; Grupo 4: Hipertensão Pulmonar por Doença Tromboembólica Crônica (HPTEC), e Grupo 5: Hipertensão Pulmonar por Mecanismo Multifatorial Desconhecido2. O TEP é uma situação clínica que, em geral, é grave e se caracteriza pela migração de um ou mais coágulos das veias sistêmicas para o leito vascular pulmonar. A HP persistente observada após um episódio de TEP e excluída de outras causas prováveis é denominada hipertensão pulmonar tromboembólica crônica (HPTEC)3,4. Assim, a HPTEC pertence ao Grupo 4 da HP e resulta de uma obstrução vascular pulmonar caracterizada por um TEP instalado e/ou uma trombose vascular pulmonar progressiva5. Apesar de ser uma condição comum, uma parcela menor de pacientes que sofrem de TEP agudo desenvolvem HPTEC e apenas metade destes sofreram um evento de TEP agudo diagnosticado. Portanto, para melhor identificar pacientes com TEP que são mais propensos a desenvolver HPTEC, muitos estudos têm avaliado os fatores de risco potenciais no momento do TEP e da HPTEC, incluindo fatores demográficos, detalhes clínicos específicos do TEP, a presença de condições médicas subjacentes e anormalidades trombofílicas5. Pacientes com HPTEC geralmente apresentam sintomas sutis ou não específicos6. O principal sintoma da HPTEC é a dispneia progressiva, que pode estar acompanhada de tosse seca. A síncope (desmaio) e a opressão retroesternal, com dor precordial, aos esforços são mais comuns nos casos terminais, em que se observa a pressão na artéria pulmonar com valores muito elevados e estão relacionados com a redução do débito cardíaco de alguns pacientes3,9.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Hipertensão Pulmonar Tromboembólica Crônica?
Sim. O SUS oferece uma estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) Hipertensão Arterial Pulmonar. (http://conitec.gov.br/images/Protocolos/HAP.pdf)7.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O riociguate (Adempas®) possui indicação em bula para o tratamento de adultos com HPTEC (Grupo 4) inoperável ou persistente/recorrente após tratamento cirúrgico8.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Adempas® - Comprimidos Revestidos – 0,5 mg, 1,0 mg, 1,5 mg, 2,0 mg e 2,5 mg – embalagem com 42 ou 84.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 19/11/2018.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não.Quanto custa o tratamento com Riociguate?
Considerando a dose inicial recomendada em bula de 1,0 mg, três vezes ao dia por 2 semanas, o custo mensal estimado para tratamento com riociguate foi de R$ 4.879,37. O valor foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% do medicamento de referência, segundo ANVISA9.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Hipertensão Pulmonar Tromboembólica Crônica?
Sim, são disponibilizados os medicamentos apresentados na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Ácido acetilsalicílico Comprimido 100 mg
500 mgÁcido acetilsalicílico Comprimido 250 mg
500 mgAmbrisentana Comprimido 5 mg e 10 mg Anlodipino Comprimido 5 mg e 10 mg Bosentana Comprimido 62,5 mg e 125 mg Fibrinogênio Solução injetável 1 g Furosemida Comprimido
Solução injetável40 mg
10 mg/mLHeparina sódica Solução injetável 5.000 UI/0,25 mL Hidroclorotiazida Comprimido 12,5 mg
25 mgIloprosta Solução para nebulização 10 mcg/ml Nifedipino Comprimido e Cápsula 10 mg Protamina Solução injetável 10 mg/mL Sildenafila Comprimido 20 mg Varfarina sódica Comprimido 1 mg
5 mgO financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento1.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosa, conforme PCDT2.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, a CONITEC avaliou o riociguate para tratamento de hipertensão pulmonar tromboembólica crônica10. Os membros do plenário da Comissão, presentes na 70ª reunião ordinária, realizada nos dias 29 e 30 de agosto de 2018, recomendaram, por unanimidade, a não incorporação, ao SUS, do riociguate para hipertensão pulmonar tromboembólica crônica (HPTEC) inoperável ou persistente/recorrente.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Revisão Sistemática avaliou a eficácia e a segurança do riociguate em relação ao placebo. Foram avaliados 5 estudos com um total de 966 pacientes. Os estudos demonstraram que o riociguate foi capaz de melhorar significativamente a distância de caminhada de 6 minutos em 16 semanas de tratamento. A droga também mostrou melhora na resistência vascular pulmonar, nos níveis de peptídeo natriurético cerebral N-terminal, na classe funcional da OMS e no tempo para agravamento clínico e no Borg score de dispneia. Riociguate demonstrou um perfil de segurança modesto, apresentando a hipotensão como o efeito adverso mais incômodo. De acordo com os autores, o riociguate é a primeira terapia não cirúrgica que está aprovado para HPTEC e parece oferecer algum alívio, principalmente para a terça parte dos pacientes que não estão aptos para o tratamento cirúrgico e não possuem outras alternativas de tratamento, embora a hipotensão e o sangramento exijam uma monitorização cuidadosa. Todavia, ressalta-se a necessidade de acompanhar os resultados do riociguate em longo prazo e de estudos que o comparem com outros medicamentos já existentes para o tratamento da HAP, antes que ele se torne uma opção de primeira linha11.Referências bibliográficas
1American Thoracic Society (ATS). ATS Patient Education Series. Pulmonary arterial hypertension. Am J Respir Crit Care Med. 2013, sep; Vol. 187, P1-P2. Disponível em: .
2Simonneau G, Gatzoulis MA, Adatia I, Celermajer D, Denton C, Ghofrani A, Gomez Sanchez MA, Kumar RK, Landzberg M, Machado RF, Olschewski H, Robbins IM, Souza R.[Updated clinical classification of pulmonary hypertension]. Turk Kardiyol Dern Ars. 2014 Oct;42 Suppl 1:45-54. doi.org/10.1016/j.jacc.2013.10.029.
3Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT). Diretrizes brasileiras para manejo da hipertensão pulmonar, 2005. Capítulo 6: Hipertensão pulmonar tromboembólica. J Bras Pneumol. 2005; 31(2):S28-S31. Disponível em: . Acesso em: 09 jul. 2016.
4Piazza G, Goldhaber SZ. Chronic thromboembolic pulmonary hypertension. N Engl J Med. Jan. 27, 2011; 364(4):351-60. doi: 10.1056/NEJMra0910203.
5Mehta S, Helmersen D, Provencher S, Hirani N, Rubens FD, De Perrot M, Blostein M, Boutet K, Chandy G, Dennie C, Granton J, Hernandez P, Hirsch AM, Laframboise K, Levy RD, Lien D, Martel S, Shoemaker G, Swiston J, Weinkauf J; Canadian Thoracic Society Pulmonary Vascular Disease - CTEPH CPG Development Committee; Canadian Thoracic Society Canadian Respiratory Guidelines Committee. Diagnostic evaluation and management of chronic thromboembolic pulmonary hypertension: a clinical practice guideline. Can Respir J. 2010 Nov-Dec;17(6):301-34. Disponível em: .
6Jaff MR, McMurtry MS, Archer SL, Cushman M, Goldenberg N, Goldhaber SZ, Jenkins JS, Kline JA, Michaels AD, Thistlethwaite P, Vedantham S, White RJ, Zierler BK; American Heart Association Council on Cardiopulmonary, Critical Care, Perioperative and Resuscitation; American Heart Association Council on Peripheral Vascular Disease; American Heart Association Council on Arteriosclerosis, Thrombosis and Vascular Biology. Management of massive and submassive pulmonary embolism, iliofemoral deep vein thrombosis, and chronic thromboembolic pulmonary hypertension: a scientific statement from the American Heart Association. Circulation. 2011 Apr 26;123(16):1788-830. doi: 10.1161/CIR.0b013e318214914f.
7BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 609, de 6 de junho de 2013. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. Disponível em: http: http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2014/junho/13/Portaria-609-de-2013.pdf Acesso em: 22/03/2018.
8RIOCIGUATE. Bula de medicamento. Bayer S.A. Farm. Resp.: Dra. Dirce Eiko Mimura. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=25503822017&pIdAnexo=10397730. Acesso em 05/12/2018.
9Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 22/03/2018.
10MS, CONITEC Relatório de Recomendação nº383, dezembro/2018. Riociguate para hipertensão pulmonar tromboembólica crônica (HPTEC) inoperável ou persistente/recorrente. Acessado em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2018/Relatorio_Riociguate_HPTEC.pdf
11Shanmugam E, Jena A, George M. Riociguat: Something new in pulmonary hypertension therapeutics? J Pharmacol Pharmacother. 2015 Jan-Mar;6(1):3-6. doi: 10.4103/0976-500X.149132. -
Risdiplam para Atrofia Muscular Espinhal :: Janeiro/2023
Data de elaboração: Janeiro/2023 Data de publicação: Fevereiro/2023 O que é Atrofia Muscular Espinhal (AME)?
As AME são um grupo diverso de desordens genéticas que afetam o neurônio motor espinhal. A AME 5q é a forma mais comum entre esse grupo de doenças neuromusculares hereditárias autossômicas recessivas, causada por alterações no locus do gene de sobrevivência do neurônio motor. O locus, constituído pelos genes de sobrevivência do neurônio motor 1 (SMN1) e de sobrevivência do neurônio motor 2 (SMN2), sintetiza a proteína de Sobrevivência do Neurônio Motor (SMN), fundamental para a manutenção dos neurônios motores. A ocorrência de mutações nesses genes constitui o principal mecanismo molecular associado a AME 5q e resulta na produção de baixos níveis de SMN. A falta da protéina SMN resulta em degeneração e perda progressiva da função desses neurônios, resultando em fraqueza, hiporreflexia e atrofia simétrica progressiva com predomínio dos músculos voluntários proximais de membros inferiores, superiores, e, durante a progressão da doença, pode afetar os músculos axiais, da respiração e bulbares que, por sua vez, pode gerar falha respiratória e morte. O início da fraqueza varia desde antes do nascimento até a idade adulta. A AME 5q é a causa mais frequente de morte infantil decorrente de uma condição monogênica, apresentando uma prevalência de 12 em 100.000 pessoas e incidências de 1 a cada 6.000 até 1 a cada 11.000 nascidos vivos. O diagnóstico é baseado em testes genéticos moleculares. A classificação clínica da AME 5q é dada pela idade de seu início e máxima função motora adquirida, podendo ser classificada em quatro tipos. Na AME 5q tipo 1, de início precoce, mais grave e mais comum (58% dos casos), os pacientes apresentam hipotonia, controle insuficiente da cabeça, redução de reflexos ou arreflexia antes dos 6 meses de idade e geralmente evoluem para uma insuficiência respiratória antes dos 2 anos de vida. Na AME 5q tipo 2, caracterizada pela manifestação de sintomas entre 6 e 18 meses de idade (27% dos casos), os pacientes, em geral, não ficam de pé ou andam independentemente, a escoliose ocorre universalmente e é um fator contribuinte significativo para distúrbios de ventilação restritivos. O tipo 3 corresponde a 13% dos casos e o tipo 4 menos de 5% dos portadores da mutação. O início dos sintomas nesses subtipos ocorre após os 18 meses de vida e a maioria dos pacientes alcança a vida adulta, com expectativa de vida variável entre os tipos1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde (SUS) para tratar a AME?
Sim. O SUS oferece estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da da Atrofia Muscular Espinhal 5q tipos 1 e 2, publicado por meio da Portaria Conjunta SAES/SCTIE nº 3, de 18 de janeiro de 2022. Este documento inclui o conceito geral da AME 5q tipos 1 e 2, critérios de diagnóstico, critérios de inclusão e de exclusão, tratamento e mecanismos de regulação, controle e avaliação1.A tecnologia possui registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária Sanitária (Anvisa)?
Sim. O medicamento risdiplam foi registrado na Anvisa em outubro de 2020, sob a marca comercial Evrysdi®. Conforme bula, é indicado para tratamento da AME2.Possui genérico?
Não3.Quais são as marcas do medicamento disponíveis no mercado*?
Evrysdi® - pó solução oral – 0,75 mg/mL – frasco (80 mL) - 2 seringas (6 mL) + 2 seringas (12 mL).*Medicamento disponível no mercado de acordo com a lista CMED31 de 03/01/2023, atualizada em 09/01/2023.
O medicamento está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename)?
Não, de acordo com consulta realizada à Rename4, em 04/01/2023.Quanto custa o tratamento com risdiplam?
Considerando as doses recomendadas em bula de 0,20 mg/kg para crianças de 2 meses a 1 ano e 11 meses, de 0,25 mg/Kg para criança de 2 anos ou mais com menos de 20 Kg e 5 mg para crianças com 2 anos ou mais com 20 kg ou mais, administradas uma vez ao dia; considerando o peso corporal médio de 6,8 kg e 15,9 kg, o custo mensal estimado para tratamento com risdiplam pode variar conforme tabela abaixo:Idade Peso corporal médio (Kg) Custo Mensal 2 meses a < 2 anos de idade 6,8
15,9R$ 62.423,17
R$ 124.846,34≥ 2 anos de idade (< 20 kg) 15,9
R$ 124.846,34
≥ 2 anos de idade (≥ 20 kg) 20
R$ 187.269.51
O valor foi calculado considerando-se o Preço Fábrica (PF) e a alíquota de 18% em relação ao Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS), segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED/Anvisa3, pois esse medicamento não consta na lista com aplicação do desconto do Coeficiente de Adequação de Preços (CAP) ou com isenção de ICMS.
O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar a AME?
Sim, de acordo com o PCDT da AME 5q tipo I1, uma conduta multidisciplinar é o elemento-chave na atenção aos pacientes com atrofia muscular espinhal, incluindo nutricionistas, enfermeiros, fonoaudiólogos e fisioterapeutas, além dos cuidados médicos. O tratamento não medicamentoso desses pacientes abrange, essencialmente, os cuidados nutricionais, respiratórios e ortopédicos.O medicamento preconizado para AME 5q tipo I é:
Medicamento Forma farmacêutica Concentração Nusinersena Solução injetável
2,4 mg/mL
O financiamento e aquisição desse medicamento está sob responsabilidade do Ministério da Saúde, competindo às Secretarias de Saúde dos Estados e Distrito Federal a responsabilidade pela programação, armazenamento, distribuição e dispensação.
Ante a incorporação do risdiplam para tratamento da AME 5q tipos I e II, os membros presentes na 114ª Reunião Ordinária da Conitec, no dia 10/11/2022, recomendaram a atualização do PCDT de AME 5q Tipo I e II. O protocolo preconiza o medicamento e estabelece os critérios de elegibilidade dos pacientes, bem como a posologia, mecanismos de controle clínico e o acompanhamento e a verificação dos resultados terapêuticos. O documento contendo a recomendação da Conitec foi encaminhado à Secretária de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde do Ministério da Saúde (SCTIE/MS), que o enviou à Secretaria de Atenção Especializada à Saúde (SAES/MS), para análise e manifestação, com posterior retorno à SCTIE/MS, para providências quanto à publicação da decisão no Diário Oficial da União (DOU).
Destaca-se que o medicamento onasemnogeno abeparvoveque foi incorporado ao SUS para o tratamento de pacientes pediátricos até 6 meses de idade com AME tipo I que estejam fora de ventilação invasiva acima de 16 horas por dia, conforme protocolo estabelecido pelo Ministério da Saúde e Acordo de Compartilhamento de Risco. Assim, o PCDT será atualizado para que passe a preconizar o medicamento e as condições de elegibilidade dos pacientes.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) já avaliou a tecnologia para esta condição clínica?
Sim, a Conitec avaliou o risdiplam para tratamento da AME 5q tipos I, II e III. Durante a 105ª Reunião Ordinária, realizada no dia 10 de fevereiro de 2022, os membros da Comissão deliberaram, por unanimidade, recomendar a incorporação da tecnologia para tratamento da AME 5q tipos I e II, e recomendaram a não incorporação do risdiplam para tratamento da AME 5q tipo III5,6. O posicionamento desfavorável considerou que "apesar das evidências científicas analisadas serem de boa qualidade, há uma grande incerteza quanto a magnitude e precisão do efeito nos desfechos considerados críticos. O impacto orçamentário mostrando um alto valor ao final de cinco anos, também foi concludente para a recomendação.". Os documentos técnicos foram encaminhados à Secretária de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde do Ministério da Saúde, que ratificou as recomendações e publicou as Portarias SCTIE/MS nº 19/2022 (AME 5q tipo I) e nº 17/2022 (AME 5q tipos II e III) no DOU nº 49, de 11/03/2022, Seção 1, pág. 95.O que a literatura científica relata sobre o uso dessa tecnologia para AME?
O estudo FIREFISH, multicêntrico, aberto, não randomizado, incluiu crianças com idades de 1 a 7 meses diagnosticadas com AME tipo I e presença de duas cópias do gene SMN2 para avaliar a efetividade do risdiplam. A primeira etapa do estudo avaliou a segurança, farmacocinética e farmacodinâmica em diferentes regimes de dose de risdiplam. Na Parte 1, 90,5% (IC95%: 71,9 a 98,4; n=19/21) dos pacientes estavam livres de evento (morte ou ventilação permanente), estimativa sustentada em 82,3% (IC95%: 59,1 a 95,3; n=14/17) ao final de 24 meses. A parte 2 avalia a eficácia do tratamento por um seguimento de até 24 meses - desfecho primário a capacidade de se sentar sem apoio por pelo menos 5 segundos (componente motor grosso da escala Bayley de desenvolvimento de bebês e crianças, terceira edição – BSID-III) após 12 meses de tratamento. Após 12 meses, 85% (IC95%: 70 a 93; n=35/41) dos pacientes tratados permaneceram vivos ou sem necessidade de ventilação permanente. No desfecho de sobrevida livre de evento em aproximadamente 12 meses, observaram-se os valores: 61,3% (IC95%: 50,2 a 71,4; n=49/80) em pacientes tratados com nusinersena; 31,7% (IC95%: 18,9 a 47,0; n=13/41) em pacientes tratados com injeções sham (placebo) e 26% (IC95%: 8 a 44; n=6/23) em uma coorte histórica sem tratamento farmacológico específico. Em relação aos desfechos motores, 56% (IC95%: 40 a 72; n=23/41) atingiram uma pontuação ≥40 na escala CHOP-INTEND; 90% (IC95%: 77 a 97; n=37/41) e 29% (IC95%: 16 a 46; n=12/41) foram capazes de se sentar sem apoio por pelo menos 5 segundos. Ao final de 24 meses (Parte 1), 58,8% (IC95%: 35 a 80; n=10/17 das crianças conseguiam se sentar sem apoio por pelo menos 5 segundos. O tratamento teve um perfil favorável de segurança, tendo como principais eventos graves: pneumonia, 32% (n=13); bronquiolite, 5% (n=2); hipotonia, 5% (n=2) e insuficiência respiratória, 5% (n=2). Nenhum evento adverso que levasse à descontinuação do tratamento14.
O estudo SUNFISH, multicêntrico, randomizado, controlado por placebo, duplo cego incluiu crianças com AME tipo II ou III e idade de 2 a 25 anos também foi realizado em duas etapas: Parte 1 (n=51) para valiar a segurança, tolerabilidade e farmacocinética de diferentes níveis de dose de risdiplam; e Parte 2 (n=180) avaliou a eficácia e segurança da dose selecionada da Parte 1 de risdiplam em pacientes com AME tipos II e III não ambulante. Ao final de 12 meses (Parte 1), 56% dos pacientes atingiram uma mudança de pelo menos três pontos na pontuação total MFM-327, e ao final de 24 meses 54% dos participantes obtiveram essa mudança mínima. Em relação aos níveis de SMN, tratamento com risdiplam levou a um aumento médio nos níveis da proteína no sangue em duas vezes após 4 semanas de uso, mantido por ≥12 meses. Na Parte 2, ao final de 12 meses, 38,3% (IC95%: 28,9 a 47,6; n=44/115) dos pacientes tratados com risdiplam alcançaram ≥ 3 pontos de aumento na MFM-32, comparado a 23,7% (IC95%: 12,0 a 35,4; n = 14/59) no grupo placebo; 69,6% (IC95%: 60,7 a 78,4 n=80/115) dos pacientes tratados com risdiplam alcançaram pelo menos alguma mudança (pontuação ≥ 0) na pontuação total de MFM-32, contra 54,2% (IC95%: 40,7 a 67,8; n=32/59) dos que receberam placebo (p= 0,043). No acompanhamento de 24 meses, 32% (IC95%: 23,8 a 41,6; n = 33/103) dos pacientes tratados com risdiplam alcançaram ≥ 3 pontos de aumento na MFM-32. A meta-análise bayesiana identificou uma probabilidade de 87% de que risdiplam seja o melhor tratamento. Nas duas partes o tratamento apresentou perfil favorável de segurança, tendo como eventos adversos graves mais comuns pneumonia (6%) e fratura de fêmur (4%) na Parte 1 e pneumonia (7,5% - n=9) e influenza (1,7% - n=2) na Parte 2. Não houve evento adverso que levasse à descontinuação do tratamento ao longo dos 24 meses de seguimento7,8.
Referências bibliográficas
1 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Especializada à Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Portaria Conjunta nº 03, de 18 de janeiro de 2022. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Atrofia Muscular Espinhal 5q tipos 1 e 2. [portaria na internet]. Diário Oficial da União 31 de janeiro de 2022 [acesso em 04 jan 2023]; Seção 1, (21). Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/protocolos/20220201_portal_portaria_conjunta_3_pcdt_ame_5q_tipos_ieii.pdf.2 Evrysdi. [Bula]. Brasil: Produtos Roche Químicos e Farmacêuticos S.A.
3 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Medicamentos. Câmera de Regulação do Mercado de Medicamentos. Listas de Preços de Medicamentos [Acesso em 04 jan 2023]. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/cmed/precos.
4 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2022. Brasília: Ministério da Saúde; 2020 [Acesso em 02 dez 2022]. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/20220128_rename_2022.pdf.
5 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação nº 709, de fev 2022. Risdiplam para o tratamento de atrofia muscular espinhal (AME) tipo I. [Acesso em 05 jan 2023]. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/2022/20220314_relatorio_709_risdiplam_ametipoi.pdf.
6 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação nº 710, de fev 2022. Risdiplam para o tratamento de atrofia muscular espinhal (AME) tipo II e III. [Acesso em 05 jan 2023]. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/2022/20220314_relatorio_710_risdiplam_ametipoiieiii.pdf.
7 Oskou M, Day J, Deconinck N, Mazzone E, Nascimento A, Saito K. SUNFISH Part 2: 24-month Efficacy and Safety of Risdiplam in Patients with Type 2 or Non-ambulant Type 3 Spinal Muscular Atrophy (SMA) (2240). Am Acad Neurol. 2021.
8 Mercuri E, Barisic N, Boespflug‐Tanguy O, Day J, Deconinck N, Kostera‐Pruszczyk A, et al. SUNFISH Part 2: efficacy and safety of risdiplam (RG7916) in patients with Type 2 or non-ambulant Type 3 spinal muscular atrophy (SMA). 6th Congr Eur Acad Neurol. Paris; 2020.
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Risperidona para esquizofrenia :: Abril/2018
Data de elaboração: Abril/2018 Data de publicação: Abril/2018 O que é Esquizofrenia?
A esquizofrenia é uma síndrome clínica complexa, que compreende manifestações psicopatológicas do pensamento, percepção, emoção, movimento e comportamento. Pode ser caracterizada por sintomas chamados positivos, como delírios, alucinações e catatonia, bem como por sintomas ditos negativos, como embotamento afetivo, falta de lógica e apatia. A manifestação desses sintomas varia com as características do paciente e com o tempo, mas o efeito cumulativo da doença tende a ser grave e persistente, constituindo-se no perfil de doença psiquiátrica crônica, com prejuízo sócio-funcional marcante dos acometidos1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Esquizofrenia?
Sim. O tratamento da esquizofrenia no SUS é realizado de acordo com os critérios estabelecidos no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da esquizofrenia, que especifica o diagnóstico e o tratamento adequado, garantindo o cuidado continuado do paciente (http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2014/abril/02/pcdt-esquizofrenia-livro-2013.pdf)2. No momento, este PCDT encontra-se em fase de atualização, a fim de revisar a literatura recente sobre o tema e verificar a necessidade de inclusão/alteração/exclusão de recomendações ou terapias.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. A risperidona possui registro na Anvisa, com o uso aprovado para tratar psicoses, por exemplo esquizofrenia, ansiedades e transtornos do comportamento, como mania e irritabilidade associada ao transtorno autista3.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Zargus® - comprimido de 1mg (caixa com 6 e 7)
Zargus® - comprimido de 2mg (caixa com 20)
Zargus® - comprimido de 3mg (caixa com 7)
Risperac® - comprimido de 1 mg (caixa com 10, 20, 30 e 60)
Risperac® - comprimido de 2 mg (caixa com 10, 20, 30 e 60)
Risperac® - comprimido de 3 mg (caixa com 10, 20, 30 e 60)
Riss® - comprimido de 1mg (caixa com 10 e 30)
Riss® - comprimido de 2mg (caixa com 10 e 30)
Riss® - comprimido de 3mg (caixa com 30)
Risperdal® - comprimido de 1mg (caixa com 20)
Risperdal® - solução oral de 1mg/mL (frasco de 30mL)
Risperdal® - comprimido de 2mg (caixa com 20)
Risperdal® - comprimido de 3mg (caixa com 30
Risperdal® - comprimido de 500mcg (caixa com 30)
Risperdal Consta® - pó para solução injetável IM 37,5 mg
Risperdal Consta® - pó para solução injetável IM 50 mg
Rispalum® - comprimido de 1mg (caixa com 20 e 60)
Rispalum® - comprimido de 2mg (caixa com 20)
Rispalum® - comprimido de 3mg (caixa com 20)
Risperidon® - comprimido de 1mg (caixa com 20, 30, 200)
Risperidon® - solução oral de 1mg/mL (frasco de 30mL)
Risperidon® - comprimido de 2mg (caixa com 20,30 e 200)
Risperidon® - comprimido de 3mg (caixa com 20 e 30)
Respidon ® - comprimido de 1mg (caixa com 10 e 30)
Respidon ® - comprimido de 2mg (caixa com 10 e 30)
Respidon ® - comprimido de 3mg (caixa com 10 e 30)
Ripevil® - comprimido de 1mg (caixa com 20)
Ripevil® - comprimido de 2mg (caixa com 20)
Ripevil® - comprimido de 3mg (caixa com 20)
Esquidon® - comprimido de 1mg (caixa com 30)
Esquidon® - comprimido de 1mg (caixa com 30)
Esquidon® - comprimido de 1mg (caixa com 30)
Viverdal® - comprimido de 1mg (caixa com 30)
Viverdal® - solução oral de 1mg/mL (frasco de 30mL*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 14/03/2018.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Sim. É fornecida pelo SUS de acordo com os critérios estabelecidos no PCDT da Esquizofrenia, PCDT do Transtorno Esquizoafetivo, PCDT do Transtorno do Espectro do Autismo e PCDT do Transtorno Afetivo Bipolar4.Quanto custa o tratamento com Risperidona?
Considerando a dose recomendada em bula, de 500mcg, 1 mg, 2 mg e 3 mg uma vez ao dia, o custo mensal estimado para tratamento com risperidona é de R$ 49,11 R$ 62,71 R$ 130,05 R$193,63, respectivamente. O custo foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% do medicamento de referência, segundo ANVISA5.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Esquizofrenia?
Sim, são disponibilizados os medicamentos apresentados na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Clorpromazina Comprimido
Solução oral25 mg e 100 mg
40 mg/mLClozapina Comprimido 25 mg e 100 mg Decanoato de haloperidol Solução injetável 50 mg/mL Haloperidol Comprimido
Solução oral1 e 5 mg
2 mg/mLOlanzapina Comprimido 5 e 10 mg Quetiapina Comprimido 25, 100, 200 e 300 mg Ziprasidona Cápsula 40 e 80 mg O financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento1.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosa, conforme PCDT2.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim. A risperidona já fazia parte da RENAME para tratamento de esquizofrenia. Em 2015, a CONITEC avaliou a risperidona para tratamento do transtorno afetivo bipolar (TAB) e foi recomendada a incorporação desta medicação para tal patologia6. Em 2016, a risperidona foi avaliada pela CONITEC para tratamento do comportamento agressivo em adultos com transtorno do espectro do autismo (TEA) e também foi deliberada a incorporação para tratar pacientes com TEA7.
Mais informações em: http://conitec.gov.brO que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Revisão sistemática de estudos randomizados Cochrane avaliou efeitos clínicos, segurança e rentabilidade da risperidona em comparação com a olanzapina no tratamento da esquizofrenia. Os autores apontam que não há diferença clara entre olanzapina e risperidona, além do fato de que em alguns dados, pacientes que utilizaram olanzapina experimentaram menos readmissão hospitalar8. Revisão Sistemática publicada em 2017 que comparou diferentes tratamentos (medicamentos e intervenções psicossociais) para esquizofrenia, mostrou que o tratamento com risperidona, clozapina e olanzapina mostrou-se superior aos antipsicóticos de segunda geração. Intervenções psicossociais também mostraram efeitos positivos nos resultados funcionais, qualidade de vida e principais sintomas da doença, além de redução importante na taxa de recaída, comparado com cuidados habituais9.Referências bibliográficas
1 SOUZA, Leonardo Araújo de; COUTINHO, Evandro Silva Freire. Fatores associados à qualidade de vida de pacientes com esquizofrenia. Rev. Bras. Psiquiatr., São Paulo , v. 28, n. 1, p. 50-58, Mar. 2006. Acesso em 27/03/2018. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S1516-44462006000100011.
2BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 364, de 9 de abril de 2013.Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Esquizofrenia. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. Disponível em: Acesso em: 27/03/2018.
3RISPERIDONA. Bula de medicamento. Biosintética Farmacêutica Ltda. Farm. Resp,: Alberto Jorge Garcia Guimarães. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=15085642017&pIdAnexo=8302823 Acesso em 28/03/2018.
4BRASIL. Ministério da Saúde. Protocolos e Diretrizes Terapêuticas. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS. Disponível em: http://conitec.gov.br/index.php/protocolos-e-diretrizes. Acesso em 28/03/2018
5Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 22/03/2018.
6BRASIL. Ministério da Saúde. PORTARIA Nº 3 DE 9 DE MARÇO DE 2015. Torna pública a decisão de incorporar os medicamentos clozapina, lamotrigina, olanzapina, quetiapina e risperidona, para tratamento do Transtorno Afetivo Bipolar no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS.Ministério da Saúde, 2015. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/Portaria/2014/Portaria3_10.03.2015.pdf Acesso em 06/04/2018.
7BRASIL. Ministério da Saúde. PORTARIA Nº 2 DE 14 DE JANEIRO DE 2016. Torna pública a decisão de incorporar o uso da risperidona no tratamento do comportamento agressivo em adultos com transtorno do espectro do autismo (TEA), no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/Portaria/2016/PortariaSCTIE_1a5_2016.pdf Acesso em 06/04/2018.
8Jayaram MB, Hosalli P. Risperidone versus olanzapine for schizophrenia. Cochrane Database Syst Rev.
2005;(2):CD005237.
9McDonagh MS, Dana T, Selph S, Devine EB, Cantor A, Bougatsos C, Blazina I, Grusing S, Fu R, Kopelovich SL, Monroe-DeVita M, Haupt DW. Treatments for Schizophrenia in Adults: A Systematic Review. Comparative Effectiveness Review No. 198. AHRQ Publication No. 17(18)-EHC031-EF. Rockville, MD: Agency for Healthcare Research and Quality; October 2017. www.effectivehealthcare.ahrq.gov/reports/final.cfm -
Rituximabe para artrite reumatoide :: Agosto/2020
Data de elaboração: Julho/2020 Data de publicação: Agosto/2020 O que é artrite reumatoide?
A artrite reumatoide (AR) é uma doença autoimune, inflamatória sistêmica e crônica, caracterizada por sinovite periférica e diversas manifestações extra-articulares. Acomete as articulações de pequenas dimensões, como as das mãos e pés, mas qualquer articulação sinovial do corpo pode ser afetada. A forma clínica mais comum é a poliartrite simétrica de pequenas e grandes articulações, que pode provocar limitação funcional, comprometendo a capacidade laboral e a qualidade de vida do paciente1,2. Com a progressão da doença, a realização de atividades, tanto cotidianas como profissionais, vão ficando comprometidas causando impacto socioeconômico significativo para o indivíduo e para a sociedade2. A prevalência da AR é estimada em 0,5-1,0% da população, com predomínio em mulheres e incidência maior na faixa etária de 30 a 50 anos, ocorre em todas as raças e em todas as partes do mundo, não havendo diferença de prevalência com a condição climática3,4.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar artrite reumatoide?
Sim. O SUS oferece uma estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da artrite reumatoide1. Este inclui os critérios de diagnóstico, de inclusão e de exclusão, tratamento medicamentoso e não medicamentoso, monitorização e mecanismos de regulação, controle e avaliação da doença pelo gestor, dentro do SUS.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim5. O rituximabe possui indicação para tratamento de linfoma não Hodgkin, leucemia linfoide crônica, artrite reumatoide, granulomatose com poliangiite (Granulomatose de Wegener), poliangiite microscópica (PAM) e pênfigo vulgar, podendo ser usado sozinho (monoterapia) ou associado a outros quimioterápicos ou outros medicamentos.Possui genérico?
Sim6.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Mabthera® - 10mg/mL solução para aplicação intravenosa caixa com 2 frascos de 10 mL; 10mg/mL solução para aplicação intravenosa caixa com 1 frasco de 50 mL.
Riximyo® - 10mg/mL solução para aplicação intravenosa caixa com 2 ou 3 frascos de 10 mL; 10mg/mL solução para aplicação intravenosa caixa com 1 ou 2 frascos de 50 mL.
Ruxience® - 10mg/mL solução para aplicação intravenosa caixa com 1 frasco de 10 mL; 10mg/mL solução para aplicação intravenosa caixa com 1 frasco de 50 mL.
Truxima® - 10mg/mL solução para aplicação intravenosa caixa com 2 frascos de 10 mL; 10mg/mL solução para aplicação intravenosa caixa com 1 frasco de 50 mL.
Vivaxxia® - 10mg/mL solução para aplicação intravenosa caixa com 1 ou 2 frascos de 10 mL; 10mg/mL solução para aplicação intravenosa caixa com 1 frasco de 50 mL.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 01/07/2020.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Sim, de acordo com consulta realizada à Rename7, em 03/07/2020.Quanto custa o tratamento com o medicamento rituximabe?
De acordo com o PCDT de artrite reumatoide, o regime terapêutico recomendado consiste de duas infusões intravenosa de 1000 mg cada, com 14 dias de intervalo. Caso o paciente necessite receber doses adicionais (também duas doses de 1000 mg cada), com base nos sinais e sintomas da doença, estas costumam ser dadas de 6 a 12 meses após a última administração. Dessa forma, a posologia mínima de tratamento é 2.000mg e a máxima de 4.000 mg. Cada frasco de 50 mL possui 500 mg sendo necessário, portanto, 4 frascos para dose mínima e 8 frascos para dose máxima. Visto que existem diversos registros referentes ao rituximabe na Anvisa, devido ao fato do fármaco ter medicamento de referência e biossimilares de várias marcas e produtores e apresentações diferentes, foi calculado o valor do tratamento com o medicamento de referência Mabthera® 10 mg/mL solução de aplicação intravenosa, frasco de 50 mL. Considerando o Preço Máximo de Venda ao Governo (PMVG) estabelecido pela Anvisa e alíquota de 0% em relação ao ICMS do medicamento Mabthera®, em frasco de 50 mL, o custo anual estimado do tratamento com rituximabe é mínimo de R$ 22.540,80, podendo chegar a R$ 45.081,60, caso o paciente necessite de doses adicionais, administradas em um segundo momento no mesmo ano1,6.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar artrite reumatoide?
Sim, de acordo com o PCDT da artrite reumatoide, são disponibilizados os medicamentos apresentados na tabela abaixo1:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Abatacepte Pó para solução injetável
Solução injetável250 mg
125 mg/mLAdalimumabe Solução injetável 40 mg Azatioprina Comprimido 50 mg Ciclofosfamida Comprimido 50 mg Ciclosporina Cápsula
Solução oral10 mg, 25 mg, 50 mg e 100 mg
100 mg/mLCertolizumabe pegol Solução injetável 200 mg Cloroquina Comprimido 150 mg Etanercepte Solução injetável 25 mg e 50 mg Golimumabe Solução injetável 50 mg Hidroxicloroquina Comprimido 400 mg Ibuprofeno Comprimido revestido
Solução oral200 mg, 300 mg ou 600 mg
50 mg/mLInfliximabe Pó para solução injetável 100 mg/10 mL Leflunomida Comprimido 20 mg Metilprednisolona Pó para solução injetável 500 mg Metotrexato Comprimido
Solução injetável2,5 mg
50 mg/2mLNaproxeno Comprimido 250 mg ou 500 mg Prednisolona Solução oral 1 mg/mL ou 3 mg/mL Prednisona Comprimido 5 mg ou 20 mg Sulfassalazina Comprimido 500 mg Tocilizumabe Solução injetável 80 mg/4mL Tofacitinibe Comprimido 5 mg A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim. A Conitec avaliou e deliberou sobre a proposta de incorporação do rituximabe para o tratamento de artrite reumatoide, conforme o Relatório de Recomendação nº 128 de julho de 2012. Os membros da Comissão, deliberaram por unanimidade, recomendar a incorporação do rituximabe, juntamente com os outros medicamentos para AR avaliados no mesmo relatório, com as seguintes condições: atualizar o PCDT do Ministério da Saúde em conformidade com a deliberação da Conitec; não haver associação de agentes biológicos devido ao seu conhecido potencial de imunodepressão e eventos adversos; reduzir o preço dos medicamentos biológicos, tendo em vista que a incorporação de todas as alternativas biológicas disponíveis no mercado para o tratamento da AR se dará exclusivamente se houver redução ao menor custo de tratamento.O que a literatura científica relata sobre o uso de rituximabe para essa condição clínica?
Em uma revisão sistemática9 (RS) Cochrane, publicada em 2015, foi avaliada a eficácia e segurança do rituximabe em pacientes com artrite reumatoide ativa, tratados ou não com medicamentos anti-TNF, anteriormente. Foram incluídos oito estudos com 2720 pacientes. Os resultados principais foram de eficácia e segurança de acordo com os seguintes critérios: 1) Critérios medidos pela American College of Rheumatology (ACR 50), que representa uma melhoria de 50% nas contagens de articulações sensíveis e inchadas, mais uma melhoria de 50% em três dos cinco componentes principais; 2) Remissão da doença, medida por escores de atividade de doença (DAS) <2.6; 3) Qualidade de vida relacionada à saúde, medido pelo Medical Outcomes Study Short-Form Health Survey (SF ‐ 36); e 4) Eventos adversos graves. Um estudo10 comparou o rituximabe (duas doses de 1.000 mg) com metotrexato (MTX), ambos em monoterapia. Em 24 semanas 33% das pessoas no grupo que recebeu rituximabe alcançaram uma resposta ACR 50 em comparação com 13% das pessoas no grupo que recebeu MTX (RR 2,6; IC 95% 1,0 a 6,6). Essas diferenças estatisticamente significantes desapareceram em 48 e 104 semanas. Cinco estudos10-14 analisaram a associação rituximabe (duas doses de 1000 mg) e MTX em comparação ao MTX sozinho demonstrou que 29% das pessoas que receberam rituximabe-MTX obtiveram uma resposta ACR 50 em 24 semanas em comparação com 9% dos que usaram apenas MTX (RR 3,3; IC 95% 2,3 a 4,6). Além disso, 22% dos pacientes que receberam rituximabe-MTX alcançaram remissão clínica em comparação com 11% dos que usavam MTX em monoterapia tiveram uma probabilidade significativamente maior de ter um DAS baixo nas 24, 52 e 104 semanas ou estar em remissão clínica nas 52 e 104 semanas (RR de 2,4; IC 95% 1,7 a 3,5). Houve melhora significativa no escore do componente físico da mensuração da qualidade de vida (SF ‐ 36) com rituximabe-MTX quando comparado à monoterapia com MTX em 24 a 52 semanas (MD ‐4,1, IC 95% ‐4,5 a ‐3,3). Das pessoas que tomaram rituximabe-MTX, 28% relataram mais eventos adversos associados à primeira infusão, em comparação com 18% do grupo que usou apenas MTX (RR 1,6, IC 95% 1,3 a 2,0).Referências bibliográficas
1 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Secretaria de Atenção Especializada à Saúde. Portaria Conjunta nº 5, de 16 de março de 2020. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Artrite Reumatoide e Artrite Idiopática Juvenil. [Portaria na internet]. Diário Oficial da União 20 mar 2020; Seção 1, (55). [Acesso em 04 jul 2020]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Protocolos/PortariaConjunta_05_PCDT_ArtriteReumatoideJuvenil_2020.pdf.
2 Mota LMH da, Cruz BA, Brenol CV, Pereira IA, Rezende-Fronza LS, Bertolo MB, et al. Consenso 2012 da Sociedade Brasileira de Reumatologia para o tratamento da artrite reumatoide. Rev Bras Reumatol [Internet]. 2012 Apr; 52(2):152–74. [Acesso em 03 jul 2020]. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0482-50042012000200002&lng=pt&nrm=iso&tlng=em.
3 Brandão Lenise Ferraz Marcos Bosi Zerbini CADF. Avaliação da qualidade de vida na artrite reumatóide : revisão atualizada Evaluation of quality of life in rheumatoid arthritis. Rev bras Reum [Internet]. 1997;37(5):275–81. [Acesso em 03 jul 2020]. Disponível em: http://www.danielsimonn.com.br/recomendados/atividade-fisica-saude/artigo2.pdf.
4 Singh JA, Hossain A, Mudano AS, Tanjong Ghogomu E, Suarez‐Almazor ME, Buchbinder R, et al. Biologics or tofacitinib for people with rheumatoid arthritis naive to methotrexate: a systematic review and network meta‐analysis. Cochrane Database Syst Rev [Internet]. 2017;(5). [Acesso em 03 jul 2020]. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1002/14651858.CD012657.
5 Mabthera. [Bula]. Produtos Roche Químicos e Farmacêuticos S.A.
6 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Câmera de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED). Listas de Preços de Medicamentos [Internet]. [Acesso em 03 jul 2020]. Disponivel em: http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos.
7 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2020. Brasília: Ministério da Saúde; 2020. [Acesso em 03 jul 2020]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Rename-2020-final.pdf.
8 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação nº12, de jul 2012. Medicamentos Biológicos (infliximabe, etanercepte, adalimumabe, rituximabe, abatacepte, tocilizumabe, golimumabe e certolizumabe pegol) para o tratamento da Artrite Reumatoide. 2012. [Acesso em 03 jul 2020]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Incorporados/Biologicos-ArtriteReumatoide-final.pdf.
9 Lopez‐Olivo MA, Amezaga Urruela M, McGahan L, Pollono EN, Suarez‐Almazor ME. Rituximab for rheumatoid arthritis. Cochrane Database Syst Rev [Internet]. 2015;(1). [Acesso em 03 jul 2020]. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1002/14651858.CD007356.pub2.
10 Edwards JCW, Szczepanski L, Szechinski J, Filipowicz-Sosnowska A, Emery P, Close DR, et al. Efficacy of B-cell-targeted therapy with rituximab in patients with rheumatoid arthritis. N Engl J Med. 2004 Jun;350(25):2572–81.
11 Cohen SB, Emery P, Greenwald MW, Dougados M, Furie RA, Genovese MC, et al. Rituximab for rheumatoid arthritis refractory to anti-tumor necrosis factor therapy: Results of a multicenter, randomized, double-blind, placebo-controlled, phase III trial evaluating primary efficacy and safety at twenty-four weeks. Arthritis Rheum. 2006 Sep;54(9):2793–806.
12 Emery P, Fleischmann R, Filipowicz-Sosnowska A, Schechtman J, Szczepanski L, Kavanaugh A, et al. The efficacy and safety of rituximab in patients with active rheumatoid arthritis despite methotrexate treatment: results of a phase IIB randomized, double-blind, placebo-controlled, dose-ranging trial. Arthritis Rheum. 2006 May;54(5):1390–400.
13 Emery P, Deodhar A, Rigby WF, Isaacs JD, Combe B, Racewicz AJ, et al. Efficacy and safety of different doses and retreatment of rituximab: a randomised, placebo-controlled trial in patients who are biological naive with active rheumatoid arthritis and an inadequate response to methotrexate (Study Evaluating Rituximab’s Eff. Ann Rheum Dis. 2010 Sep;69(9):1629–35.
14 Tak PP, Rigby W, Rubbert-Roth A, Peterfy C, van Vollenhoven RF, Stohl W, et al. Sustained inhibition of progressive joint damage with rituximab plus methotrexate in early active rheumatoid arthritis: 2-year results from the randomised controlled trial IMAGE. Ann Rheum Dis. 2012 Mar;71(3):351–7. -
Rivaroxabana para prevenção de acidente vascular cerebral em pacientes com fibrilação atrial :: Dezembro/2017
Data de elaboração: Dezembro/2017 Data de publicação: Dezembro/2017 O que é acidente vascular cerebral?
A fibrilação atrial refere-se a uma irregularidade nos batimentos cardíacos que pode levar à formação de coágulos no interior do coração. Esses coágulos podem alcançar a circulação sanguínea e provocar obstrução de vasos situados em órgãos sistêmicos com risco, sobretudo, de acidente vascular cerebral1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar acidente vascular cerebral?
O tratamento anticoagulante disponível no SUS é a varfarina, capaz de reduzir a incidência de acidentes vasculares cerebrais2.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim e possui indicação em bula a prevenção de tromboembolismo venoso, prevenção de AVC, embolia sistêmica e redução de mortalidade vascular em pacientes com fibrilação atrial3.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Xarelto® - comprimidos revestidos 10 mg (caixa com 5, 10, 30 e 100)
Xarelto® - comprimidos revestidos 15 mg (caixa com 14, 28, 42 e 98)
Xarelto® - comprimidos revestidos 20 mg (caixa com 14, 28, 42 e 98)4.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 19/12/2017.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não.Quanto custa o tratamento com Rivaroxabana?
Considerando a dose recomendada em bula de 20 mg uma vez ao dia, o custo mensal estimado é de R$135,90. O custo foi calculado considerando-se o preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% do medicamento, segundo a ANVISA5.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar acidente vascular cerebral?
Sim, a mesma pode ser conferida abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Varfarina Comprimidos 1 mg
5 mgO financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento1.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosa, conforme PCDT2.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, a CONITEC avaliou os novos anticoagulantes orais, incluindo a rivaroxabana, para a prevenção de acidente vascular cerebral em pacientes com fibrilação atrial. Os membros da Comissão recomendaram a não incorporação dos medicamentos, pois os estudos disponíveis, até aquele momento, não comprovaram sua superioridade, seja em termos de eficácia ou de segurança, em relação à varfarina, medicamento disponibilizado pelo SUS6.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
O ensaio clínico ROCKET AF (The Rivaroxaban Once Daily Oral Direct Factor Xa Inhibition Compared with Vitamin K Antagonism for Prevention of Stroke and Embolism Trial in Atrial Fibrillation) avaliou a rivaroxabana em relação à varfarina na prevenção de acidente vascular cerebral ou embolia sistêmica, em pacientes com fibrilação atrial não valvar com moderado a alto risco de AVC. Os resultados mostraram que, em pacientes com fibrilação atrial, a rivaroxabana não foi inferior à varfarina para prevenção de acidente vascular cerebral ou embolia sistêmica. Não houve diferença significativa entre os grupos no risco de hemorragia maior, embora o sangramento intracraniano e fatal tenha ocorrido menos freqüentemente no grupo da rivaroxabana. Porém, os resultados desse ensaio foram questionados, em dezembro de 2015, por Deborah Cohen. Segundo a autora, a The BMJ (British Medical Journal) descobriu que o dispositivo utilizado para controle do RNI, essencial na titulação do medicamento comparador (varfarina), foi submetido a um recall em 2014, e, com isso, os resultados poderiam ser inferiores ao correto. numa margem significativa clinicamente7.Informações adicionais
A prescrição para o uso da opção disponível no SUS – varfarina – muitas vezes é evitada, justificando-se o risco de sangramento. Todavia, vale frisar que esse risco está presente com o uso de qualquer anticoagulante8 e pode ser minimizado pela realização de testagem rotineira da coagulação – RNI, procedimento realizado no SUS. Vale destacar, ainda, que os novos anticoagulantes orais são medicamentos novos protegidos por patentes e têm custo anual cerca de 17 vezes superior à varfarina (incluindo a realização de 20 exames RNI/ano)5.Referências bibliográficas
1MAGALHAES, LP et al. II Diretrizes Brasileiras de Fibrilação Atrial. Arq. Bras. Cardiol., São Paulo , v. 106, n. 4, supl. 2, p. 1-22, Apr. 2016 . Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0066-782X2016003100001&script=sci_arttext Acesso em: 26/12/2017.
2Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS-CONITEC. Relatório de recomendação nº195. Apixabana, rivoraxabana e dabigratana em pacientes com fibrilação atrial não valvar. Fevereiro/2016. Acesso em: 26/12/2017. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2016/Relatrio_Anticoagulantes_final.pdf.
3Xarelto®: rivaroxabana. São Paulo: Bayer S.A. Farm. Resp.: Dra. Dirce EikoMimura - CRF-SP nº 16532. Bula de remédio. Disponível em:http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=12487392016&pIdAnexo=3098631Acesso em: 26/12/2017.
4Câmara de Regulação - CMED Secretaria Executiva PREÇOS MÁXIMOS DE MEDICAMENTOS POR PRINCÍPIO ATIVO, PARA COMPRAS PÚBLICAS PREÇO FÁBRICA (PF) E PREÇO MÁXIMO DE VENDA AO GOVERNO (PMVG). Atualizada em 19/12/2017. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/374947/3464400/LISTA_CONFORMIDADE_GOV_2017-07-21.pdf/ee0c5ac1-00b9-4fdc-b410-4642339a5f03.
5Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precosAcesso em: 26/12/2017.
6BRASIL. Ministério da Saúde. PORTARIA Nº 11, DE 4 DE FEVEREIRO DE 2016. Torna pública a decisão de não incorporação dos medicamentos apixabana, rivaroxabana e dabigatrana para prevenção de acidente vascular cerebral em pacientes com fibrilação atrial crônica não valvar, no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS. Brasília: Ministério da Saúde, 2016. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2016/Relatrio_Anticoagulantes_final.pdfAcesso em: 26/12/2017.
7Cohen D. Rivaroxaban: can we trust the evidence? BMJ. 2016 Feb 3;352:i575. doi: 10.1136/bmj.i575. PubMed PMID: 26843102.
8Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Gestão e Incorporação de Tecnologias em Saúde. CoaguChek® XS no monitoramento do INR em pacientes recebendo tratamento com varfarina. Relatório de Recomendação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS – CONITEC – Setembro/2012. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Incorporados/CoaguChek-final.pdf Acesso em: 26/12/2017. -
Rivastigmina via transdérmica (adesivo) para a doença Alzheimer :: Julho/2018
Data de elaboração: Julho/2018 Data de publicação: Julho/2018 O que é Doença Alzheimer?
A Doença de Alzheimer é um transtorno neurodegenerativo progressivo, que compromete gradualmente a memória do indivíduo, as habilidades intelectuais e a personalidade. É caracterizada por uma variedade de sintomas neuropsiquiátricos e de alterações comportamentais. Durante os estágios iniciais, o sintoma mais óbvio é a incapacidade de aprender e lembrar-se de novas informações. Em estágios avançados, a capacidade de pensar, falar ou realizar tarefas básicas como se vestir ou comer são gravemente prejudicadas1,2.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Doença Alzheimer?
Sim. O SUS oferece uma estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Doença de Alzheimer. (http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2017/Recomendacao/Portaria_Conjunta_13_PCDT_Alzheimer_28_11_2017.pdf)3.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. A rivastigmina possui indicação em bula para o tratamento de pacientes com demência leve a moderadamente grave do tipo Alzheimer, também conhecida como doença de Alzheimer provável ou doença de Alzheimer. Pode ser utilizada ainda no tratamento de pacientes com demência leve a moderadamente grave associada à doença de Parkinson4.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Exelon® Patch – 9 mg - adesivo transdérmico de 5 cm2 - embalagens contendo 7 ou 30 adesivos.
Exelon® Patch – 18 mg - adesivo transdérmico de 10 cm2 - embalagens contendo 15 ou 30 adesivos.
Exelon® Patch – 27 mg - adesivo transdérmico de 15 cm2 - embalagens contendo 15 ou 30 adesivos.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 15/06/2018.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Sim.Quanto custa o tratamento com Rivastigmina?
Considerando a dose recomendada em bula de um adesivo ao dia (de 9mg, 18 mg ou 27 mg), por no mínimo quatro semanas, o custo mensal estimado para tratamento com rivastigmina é de R$328,50; R$382,91, e R$ 382,91, respectivamente. O custo foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% do medicamento de referência, segundo ANVISA5.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Doença Alzheimer?
Sim, são disponibilizados também para a doença os medicamentos apresentados na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Donepezila Comprimido 5 mg e 1 mg Galantamina Cápsula 8 mg, 16 mg e 24 mg Rivastigmina Cápsula
Solução oral1,5 mg, 3 mg, 4,5 mg e 6 mg
2 mg/mlO financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento1.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosa, conforme PCDT2.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, a CONITEC avaliou a rivastigmina adesivo transdérmico para tratamento de Alzheimer. Os membros da Comissão recomendaram a incorporação desse medicamento na 46ª reunião do plenário do dia 28/06/20166.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Ensaio clínico randomizado multicêntrico, duplo-cego, conduzido entre 2003 e 2006, teve como objetivo avaliar a eficácia, segurança e tolerabilidade do adesivo de rivastigmina em pacientes com doença de Alzheimer comparado ao uso oral e ao uso placebo. Este estudo foi estruturado em quatro braços: rivastigmina adesivo 10cm2, rivastigmina adesivo 20cm2, rivastigmina cápsulas 6mg e placebo. Foram incluídos 1.195 pacientes e verificou-se que adesivo de 10 cm2 teve eficácia similar a cápsula de 6mg (tomado 2x por dia), e o adesivo de 20 cm2 foi superior a ambos. Em relação aos efeitos adversos, se observou que a tolerabilidade cutânea ao adesivo foi boa, não a apresentando irritação em mais de 90% dos pacientes7.Referências bibliográficas
1American Psychiatric Association. Psychology Topics: Alzheimer's. Disponível em http://www.apa.org/topics/alzheimers/. Acesso em: 17/05/2018.
2Academia Brasileira de Neurologia, Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade. Doença de Alzheimer: Diagnóstico. P.24. Jan. de 2011.
3BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria conjunta nº 13, de 28 de novembro de 2017. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes
Terapêuticas da Doença de Alzheimer. Brasília: Ministério da Saúde, 2017. Disponível em: http: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2017/Recomendacao/Portaria_Conjunta_13_PCDT_Alzheimer_28_11_2017.pdf Acesso em: 16/05/2018.
4RIVASTIGMINA. Bula de medicamento. Novartis Biociências SA. Farm. Resp.: Flavia Regina Pegorer. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=23574372016&pIdAnexo=3933178 Acesso em 16/05/2018.
5Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 09/07/2018.
6BRASIL. Ministério da Saúde. PORTARIA Nº 31, DE 20 DE SETEMBRO DE 2016. Torna pública a decisão de incorporar a rivastigmina
adesivo transdérmico para o tratamento de demência para Doença de Alzheimer, conforme Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas do Ministério da Saúde, no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS. Brasília, Ministério da Saúde, 2016. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2016/Relatorio_Rivastigmina_Alzheimer_final.pdf Acesso em 24/05/2018.
7Winblad B, Grossberg G, Frölich L, Farlow M, Zechner S, Nagel J, et al. IDEAL: a 6-month, doubleblind, placebo-controlled study of the first skin patch for Alzheimer disease. Neurology. 2007 Jul;69(4 Suppl 1):S14–22. -
Romiplostim para púrpura trombocitopênica auto-imune :: Dezembro/2019
Data de elaboração: Dezembro/2019 Data de publicação: Dezembro/2019 O que é púrpura trombocitopênica auto-imune?
A púrpura trombocitopênica idiopática (PTI), também conhecida como púrpura trombocitopênica imunológica, auto-imune ou isoimune, é uma doença geralmente benigna, imunomediada adquirida e de causa desconhecida, que se caracteriza por trombocitopenia (baixas contagens de plaquetas), ou seja, uma diminuição aguda ou crônica do número de plaquetas com o aumento do risco de hemorragia. Os pacientes com PTI têm risco aumentado de sangramento. Pode ser classificada, de acordo com a faixa etária acometida, como infantil ou adulta, e quanto ao tempo de evolução da doença, classifica-se como PTI recentemente diagnosticada quando o diagnóstico é em até 3 meses do seu aparecimento e como persistente se tem duração entre 3 a 12 meses (incluindo os pacientes que não alcançam remissão espontânea ou que não mantêm resposta completa à terapia, chamados refratários), e a forma crônica quando a doença ultrapassa 12 meses de duração. Essa doença pode ser classificada, ainda, como PTI grave, quando se apresenta com sangramento suficiente para se indicar tratamento imediato ou na ocorrência de nova hemorragia que suscite o aumento da dose terapêutica adicional com outro medicamento que aumente as plaquetas. A PTI é uma das causas mais comuns de plaquetopenia em crianças, com uma incidência anual em torno de 4,1 a 9,5 casos por 100 mil crianças, com maior número de casos entre 1 e 5 anos de idade e leve predomínio no sexo masculino, enquanto que na adolescência, a distribuição entre sexos é igual. Entre crianças e adolescentes a apresentação clínica típica da doença é a ocorrência de sangramentos em pacientes previamente saudáveis. A identificação da doença em seu estágio inicial e o encaminhamento ágil e adequado para o atendimento especializado dão à atenção primária um caráter essencial para um melhor resultado terapêutico e prognóstico dos casos1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar púrpura trombocitopênica auto-imune?
Sim. O tratamento da púrpura trombocitopênica idiopática no SUS é realizado de acordo com os critérios estabelecidos no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Púrpura Trombocitopênica Idiopática, que especifica o diagnóstico e tratamento adequado, garantindo o cuidado continuado do paciente1.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim2. O romiplostim é indicado para o tratamento: da púrpura trombocitopênica imunológica (idiopática) crônica (PTI) em pacientes adultos esplenectomizados que são refratários a outros tratamentos; e de segunda linha para pacientes adultos não-esplenectomizados quando a cirurgia é contraindicada.Possui genérico?
Não.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Nplate® - Pó liofilizado para solução injetável 250 mcg em embalagem com 1 frasco.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 10/12/2019.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não. O romiplostim não consta na RENAME 20204.Quanto custa o tratamento com Romiplostim?
Considerando a dose recomendada conforme relatório da Conitec que avaliou a tecnologia (um frasco de 250mg por semana), o custo mensal do tratamento de um adulto foi de R$ 4.940,24 (frasco = R$ 1.235,06). O valor foi calculado considerando-se o Preço Máximo de Venda ao Governo (PMGV) estabelecido pela ANVISA e a alíquota de 0% em relação ao ICMS do medicamento de referência, segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED/Anvisa3.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar púrpura trombocitopênica auto-imune?
Sim, são disponibilizados os medicamentos apresentados na tabela abaixo1:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Prednisona Comprimido 5mg
20mgDexametasona Comprimido Ampola 4mg
4 mg/mLMetilprednisolona Ampola 500mg Imunoglobulina humana intravenosa Ampola 0,5g
1,0g
2,5g
3g
5g
6gCiclofosfamida Drágea 50mg Azatioprina Comprimido 50mg Eltrombopague Comprimido revestido 25mg
50mgDanazol Cápsula 100 mg
200 mgVincristina Frasco-ampola 1mg/mL O financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, a Conitec avaliou o romiplostim para púrpura trombocitopênica idiopática (PTI) crônica e refratária em alto risco de sangramento5. Os membros da CONITEC presentes na 72ª reunião ordinária no dia 08 de novembro de 2018, deliberaram, por unanimidade, por não recomendar a incorporação ao SUS do romiplostim para o tratamento de púrpura trombocitopênica idiopática. A decisão foi dada por meio da Portaria nº 69 de em 11 de dezembro de 20186.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Um ensaio clínico randomizado (ECR)7 demostrou que o romiplostim causou um aumento significativo na contagem de plaquetas quando comparado ao placebo (RR= 3,00; IC95% 0,54 - 16,77), achado que foi corroborado por outro ECR 8 que encontrou taxas de duração da resposta plaquetária significativamente maiores (RR= 16,88; IC95% 1,06 - 268,42) e melhora significativa na taxa de resposta plaquetária global (RR= 34,28; IC95% 2,20 – 533,41), quando comparado o romiplostim com o placebo. Além disso, uma revisão sistemática (RS)9 confirmou esse achado, visto que, na análise combinada o uso de agonistas do receptor de trombopoietina (romiplostim e eltrombopague) apresentaram melhora significativa nas taxas de resposta plaquetária global comparado ao placebo (RR= 4,06; IC95% 2,93 - 5,63; valor de p <0,00001) e ao tratamento padrão (RR= 1,81; IC95% 1,37 - 2,37; valor de p<0,0001), e maiores taxas de duração da resposta no número de plaquetas, com significância estatística, comparado ao placebo (RR= 14,16; IC95% 2,91 - 69,01; valor de p= 0,001). Entretanto, apesar desse aumento significativo na contagem de plaquetas, a RS demonstrou que não houve diferença estatisticamente significante para incidência de eventos hemorrágicos importantes (classificados como graves, com risco de morte ou fatais) na PTI crônica quando o romiplostim foi comparado com placebo (RR= 0,48; IC95% 0,19 - 1,16; valor de p=0,10) ou tratamento padrão (RR= 0,49; IC95% 0,15 - 1,63; valor de p=0,24), resultado também encontrado no estudo de Kuter et. al. (2008)6 comparado com o placebo (RR= 0,50; IC95% 0,14 - 1,80). Nenhum dos estudos incluiu sobrevida global como desfecho, portanto, não foi possível avaliar se o romiplostim ajuda a prolongar a vida dos pacientes. Embora faltem estudos de longo prazo, a RS demonstrou que os agonistas do receptor de TPO são bem tolerados, apresentando o total de efeitos adversos semelhantes ao do grupo placebo (RR= 1,04; IC95% 0,95 - 1,15; valor de p=0,35). No que se refere ao total de eventos adversos graves, os 3 estudos não encontraram diferença estatisticamente significante entre o romiplostim comparado ao placebo (RR= 0,12, IC 95% 0,01 - 1,00) (Bussel, 2006), (RR= 0,94, IC 95% 0,48 - 1,85) (Kuter, 2008) e (RR= 0,92; IC95% 0,61 - 1,38; valor de p= 0,68) (Zeng, 2011), entretanto a RS demonstrou uma redução significativa de eventos adversos entre o romiplostim e o tratamento padrão (RR= 0,61; IC95% 0,40 - 0,92; valor de p=0,02). Não existe evidência suficiente para afirmar a eficácia do romiplostim para o tratamento da PTI crônica, sendo necessários mais estudos para explorar o papel desse medicamento de forma mais completa.Referências bibliográficas
1Brasil. Ministério da Saúde. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas de Púrpura Trombocitopênica Idiopática (julho de 2019).
http://conitec.gov.br/images/Protocolos/PCDT_PurpuraTrombocitopenicaIdiopatica.pdf. Acesso em: 24/12/2019.
2Brasil. Ministério da Saúde. Anvisa. Consulta a medicamentos registrados. http://portal.anvisa.gov.br/consulta-produtos-registrados. Acesso em: 24/12/2019.
3Brasil. Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. http://portal.anvisa.gov.br/documents/374947/2829072/LISTA_CONFORMIDADE_GOV_2019-12-10.pdf/360106da-b97b-43d6-af3f-53df9e88a062. Acesso em 24/12/2019.
4Brasil. Ministério da Saúde. RENAME – Relação Nacional de Medicamentos Essenciais. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/medicamentos_rename.pdf. Acesso em: 24/12/2019.
5Brasil. Ministério da Saúde. Conitec. Relatório de recomendação Romiplostim para púrpura trombocitopênica idiopática (PTI) crônica e refratária em alto risco de sangramento (dezembro de 2018). http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2018/Recomendacao/Relatorio_Romiplostim_PTI.pdf
6Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 69, de 11 de dezembro de 2018. Torna pública a decisão de não incorporar o romiplostim para púrpura trombocitopênica idiopática (PTI) crônica e refratária em alto risco de sangramento, no âmbito do Sistema Único de Saúde – SUS. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/Portaria/2018/Portarias_SCTIE-69-70-71-72.pdf. Acesso em: 24/12/2019.
7Bussel JB, Kuter DJ, Phil D, George JN, Mcmillan R, Aledort LM, et al. AMG 531, a Thrombopoiesis-Stimulating Protein, for Chronic ITP. 2006.
8Kuter DJ, Bussel JB, Lyons RM, Pullarkat V, Gernsheimer TB, Senecal FM, et al. Efficacy of romiplostim in patients with chronic immune thrombocytopenic purpura: a double-blind randomised controlled trial. Lancet. 2008;371(9610):395–403.
9Zeng Y, Duan X, Xu J, Ni X. TPO receptor agonist for chronic idiopathic thrombocytopenic purpura. Cochrane Database Syst Rev [Internet]. 2011;(7). Available from: http://doi.wiley.com/10.1002/14651858.CD008235.pub2 -
Rosuvastatina para dislipidemia :: Dezembro/2017
Data de elaboração: Dezembro/2017 Data de publicação: Dezembro/2017 O que é dislipidemia?
A dislipidemia é um distúrbio caraterizado por alterações nos níveis séricos dos lipídeos. As alterações do perfil lipídico podem incluir taxas de colesterol total e triglicerídeos elevadas, lipoproteína de alta densidade baixa e níveis elevados de lipoproteína de baixa densidade, resultando em aumento de risco para ocorrência de doenças cardiovasculares e cerebrovasculares12.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar dislipidemia?
Sim, o SUS oferece uma estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) de Dislipidemia: Prevenção de Eventos Cardiovasculares e Pancreatite (http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2014/abril/02/pcdt-dislipidemia-livro-2013.pdf )3.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim e possui indicação em bula para o tratamento de pacientes com hipercolesterolemia, devendo ser usada como auxiliar à dieta quando a resposta à dieta e aos exercícios é inadequada4.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Crestor® - comprimido revestido de 5mg, 10mg, 20mg e 40mg.
Plenance® - comprimido revestido de 10mg e 20mg.
Rostatin® - comprimido revestido de 5mg, 10mg e 20mg.
Rosucor® - comprimido revestido de 10mg e 20mg.
Rosulib® - comprimido revestido de 10mg e 20mg.
Rosustatin® - comprimido revestido de 5mg, 10mg e 20mg.
Rosuvast® - comprimido revestido de 10mg e 20mg.
Rosuvas® - comprimido revestido de 5mg, 10mg e 20mg.
Ruvascor® - comprimido revestido de 5mg, 10mg e 20mg.
Sancol® - comprimido revestido de 10mg e 20mg.
Trezor® - comprimido revestido de 10mg e 20mg.
Vivacor® - comprimido revestido de 5mg, 10mg e 20mg.
Zinpass® - comprimido revestido de 10mg e 20mg.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 19/12/2017.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não.Quanto custa o tratamento com Rosuvastatina?
Considerando a dose recomendada em bula de 10 mg/dia, o custo mensal estimado para o tratamento da dislipidemia é de R$ 57,00. O custo foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% dos medicamentos genéricos, segundo ANVISA5.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar dislipidemia?
Sim, as mesmas podem ser conferidas na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Ácido nicotínico Comprimido 250 mg
500 mg
750 mgAtorvastatina Comprimido 10 mg
20 mg
40 mg
80 mgBezafibrato Comprimido drágea 200 mg
400 mgCiprofibrato Comprimido 100 mg Etofibrato Cápsula 500 mg Fenofibrato Cápsula
Cápsula de liberação prolongada200 mg
250 mgFluvastatina Cápsula 20 mg
40 mgGenfibrozila Comprimido 600 mg
900 mgLovastatina Comprimido 10 mg
20 mg
40 mgPravastatina Comprimido 10 mg
20 mg
40 mgSinvastatina Comprimido 10 mg
20 mg
40 mgO financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento1.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosa, conforme PCDT2.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Até a presente data, não foi protocolada na CONITEC demanda para incorporação de rosuvastatina para tratamento de qualquer condição clínica, seja pelo laboratório fabricante ou por qualquer outro demandante. Ressaltamos que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou a empresa produtora do medicamento, pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à CONITEC, desde que cumpra as exigências legais.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Estudos apontam que a rosuvastatina possui similaridade de efeito na redução dos níveis de colesterol em relação a outras estatinas, diferindo apenas na potência por miligrama6 7 8. Vale adicionar que revisão sistemática que avaliou a tolerabilidade e os danos das diferentes estatinas, incluindo a rosuvastatina, demonstrou que a sinvastatina e a pravastatina, ambas disponibilizadas no SUS, são mais seguras e toleráveis do que as demais estatinas avaliadas8. Assim, destacamos que existem opções equivalentes ou mesmo superiores à rosuvastatina disponibilizadas no Sistema Único de Saúde.Referências bibliográficas
1SPOSITO, A. C. et al. IV Brazilian guideline for dyslipidemia and atherosclerosis prevention: Department of Atherosclerosis of Brazilian Society of Cardiology. Arquivos brasileiros de cardiologia, v. 88, p. 2, 2007. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0066-782X2007000700002&lng=en&nrm=iso&tlng=enAcesso em: 21/12/2017.
2XAVIER, H. T. et al .V Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose. Arq. Bras. Cardiol., São Paulo , v. 101, n. 4, supl. 1, p. 1-20, Oct. 2013. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0066-782X2013004100001&script=sci_arttextAcesso em: 21/12/2017.
3Brasil. Ministério da Saúde. Portaria SAS/MS nº 200, de 25 de fevereiro de 2013. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas Dislipidemia: Prevenção de eventos cardiovasculares e pancreatite. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. Disponível em: http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2014/abril/02/pcdt-dislipidemia-livro-2013.pdf Acesso em: 21/12/2017.
4Trezor ®: rosuvastatina cálcica. Guarulhos: Aché Laboratórios Farmacêuticos S.A. Farm. Resp.: Gabriela Mallmann - CRF-SP nº 30.138. Bula de remédio. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=23992402016&pIdAnexo=3960384 Acesso em:
21/12/2017.
5CMED - Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos da ANVISA. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 21/12/2017.
6KARLSON, Björn W. et al. Doses of rosuvastatin, atorvastatin and simvastatin that induce equal reductions in LDL-C and non-HDL-C: Results from the VOYAGER meta-analysis. Europeanjournalofpreventivecardiology, v. 23, n. 7, p. 744-747, 2016. Disponível em: http://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1177/2047487315598710 Acesso em: 23/07/2017.
7NACI, Huseyin et al. Dose-comparative effects of different statins on serum lipid levels: a network meta-analysis of 256,827 individuals in 181 randomized controlled trials. Europeanjournalofpreventivecardiology, v. 20, n. 4, p. 658-670, 2013. Disponível em: http://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1177/2047487313483600 Acesso em: 23/07/2017.
8NACI, Huseyin; BRUGTS, Jasper; ADES, Tony. Comparative tolerability and harms of individual statins.Circulation: Cardiovascular QualityandOutcomes, p. CIRCOUTCOMES. 111.000071, 2013. Disponível em: http://circoutcomes.ahajournals.org/content/circcvoq/early/2013/07/09/CIRCOUTCOMES.111.000071.full.pdf Acesso em: 23/07/2017. -
Ruxolitinibe para mielofibrose :: Janeiro/2019
Data de elaboração: Janeiro/2019 Data de publicação: Janeiro/2019 O que é Mielofibrose?
A mielofibrose é um tipo raro de câncer que afeta as células responsáveis pela produção de sangue na medula óssea. A doença surge quando as células que produzem o sangue adquirem a capacidade de se reproduzir descontroladamente, gerando um grande número de células sanguíneas anormais (que não desempenham sua função adequadamente) e acabam formando uma fibrose ou cicatriz na medula óssea. Ao longo do tempo, esta produção inadequada de células sanguíneas pode resultar em sinais e sintomas como anemia grave, fraqueza, fadiga e, muitas vezes, o aumento do baço. A mielofibrose mieloproliferativa pode apresentar-se como um transtorno novo (mielofibrose primária - MFP) ou evoluir secundariamente a partir de policitemia vera anterior ou trombocitemia essencial (MF Pos-PV ou MF Pos-TE respectivamente). O termo neoplasia mieloproliferativa (NMP) associada a mielofibrose tem sido sugerido para abranger todas estas entidades1. As características clínicas da mielofibrose são variáveis e incluem anemia progressiva, leucopenia ou leucocitose, trombocitopenia ou trombocitose e hemopoiese extramedular multi-órgãos, causando mais comumente hepatomegalia e esplenomegalia sintomática. Os pacientes com doença avançada apresentam sintomas graves, as consequências de esplenomegalia maciça (dor, saciedade precoce, falta de ar, infarto esplênico, hipertensão portal e dispneia), falência medular progressiva, hipertensão pulmonar, transformação em leucemia e morte precoce. De acordo com o risco da doença os indivíduos podem apresentar uma mediana de sobrevida de 15,4 anos para baixo risco; 6,5 anos para risco intermediário 1; 2,9 anos para risco intermediário 2 e 1,3 anos para alto risco1. Não existem estimativas epidemiológicas da doença no Brasil, mas estudos observaram que na União Europeia, a taxa de incidência de mielofibrose variou de 0,1 por 100.000 por ano a 1 por 100.000 por ano. No entanto, estes registros não indicaram se os dados eram somente para mielofibrose primária ou mielofibrose primária e secundária2.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Mielofibrose?
Não. No SUS, não há uma estratégia de cuidado definido, pelo Ministério da Saúde, para tratar a mielofibrose, contudo, alguns Estados possuem protocolos específicos para o cuidado na doença, pelo SUS. Entretanto, esclarece-se que para o tratamento de câncer no Sistema Único de Saúde, o cuidado ao paciente está bem estabelecido e deve ser feito de forma integral.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O ruxolitinibe (Jakavi®) possui indicação em bula para o tratamento de pacientes com mielofibrose de risco intermediário ou alto, incluindo mielofibrose primária, mielofibrose pós-policitemia vera ou mielofibrose pós trombocitemia essencial. Também é indicado para o tratamento de pacientes com policitemia vera que são intolerantes ou resistentes à hidroxiureia ou à terapia citorredutora de primeira linha3.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Jakavi® - comprimidos – 5 mg, 15 mg, 20 mg – embalagem com 60.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 11/12/2018.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não.Quanto custa o tratamento com Ruxolitinibe?
Considerando a dose recomendada em bula de 15 mg administrados por via oral duas vezes por dia para pacientes com contagem de plaquetas entre 100.000 e 200.000/mm3 e 20 mg duas vezes por dia em pacientes com contagem de plaquetas > 200.000/mm3, o custo mensal estimado para tratamento com ruxolitinibe foi de R$ 15.351,67 tanto para dosagem de 15 mg como para de 20 mg, ambas duas vezes ao dia. O valor foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% do medicamento de referência, segundo ANVISA4.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Mielofibrose?
Sim. Esclarece-se que para o tratamento de câncer no Sistema Único de Saúde, não há uma lista específica de medicamentos, vez que o cuidado ao paciente deve ser feito de forma integral nas Unidades de Alta Complexidade em Oncologia – UNACON ou Centros de Alta Complexidade em Oncologia – CACON. Nesses estabelecimentos de saúde, o fornecimento de medicamentos é feito via autorização de procedimento de alta complexidade (APAC), conforme os procedimentos tabelados. Assim, os hospitais habilitados como UNACON ou CACON devem oferecer assistência especializada e integral ao paciente com câncer, atuando no diagnóstico e tratamento do paciente.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Não, até a presente data, não foi protocolada, na CONITEC, demanda para analisar a incorporação, ao SUS, do ruxolitinibe para tratamento da mielofibrose ou para outras condições clínicas, seja pelo laboratório fabricante ou por outros demandantes. Ressalta-se que qualquer
pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou empresa (produtora da tecnologia ou não), pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à CONITEC, desde que cumpra as exigências legais impostas pelo Decreto nº 7.646 de 2011.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Revisão Sistemática avaliou os benefícios e danos clínicos dos inibidores de Janus kinase-1 e Janus kinase-2, comparando ruxolitinibe com placebo ou melhor terapia disponível. Foram incluídos dois ensaios clínicos, COMFORT-1 e COMFORT-2 envolvendo 528 participantes de pesquisa diagnosticados com mielofibrose primária, mielofibrose pós-policitemia vera ou mielofibrose pós-trombocitemia essencial. Como os dois estudos tiveram comparadores diferentes, os dados não puderam ser compilados. A confiança nas estimativas dos resultados destes ensaios foi baixa devido ao viés de desenho e às suas amostras limitadas que resultaram em resultados imprecisos. Outra questão foi que o ensaio clínico COMFORT-2 não especificou quais foram os tratamentos considerados como melhor terapia. Quanto aos resultados verificou-se que ruxolitinibe foi melhor do que o placebo para o desfecho sobrevida global, redução do tamanho do baço e qualidade de vida. Não houve diferenças estatisticamente significativas entre ruxolitinibe e melhor terapia disponível para sobrevida global e sobrevida livre de progressão. Ruxolitinibe foi melhor do que a melhor terapia disponível para os desfechos qualidade de vida e redução do baço. O risco de eventos adversos não hematológicos de grau 3 ou 4 (incluindo fadiga, artralgia, náusea, diarreia, dor nas extremidades e pirexia) foi semelhante entre ruxolitinibe e placebo ou terapia disponível. A confiança nas estimativas dos resultados dos ensaios clínicos incluídos na revisão sistemática foi baixa devido ao viés de desenho e às suas amostras limitadas que resultaram em resultados imprecisos. São necessários mais estudos que comparem o ruxolitinibe com as opções terapêuticas disponíveis5.Referências bibliográficas
1Reilly JT, McMullin MF, Beer PA, Butt N, Conneally E, Duncombe A, Green AR, Michaeel NG, Gilleece MH, Hall GW, Knapper S, Mead A, Mesa RA, Sekhar M, Wilkins B, Harrison CN; Writing group: British Committee for Standards in Haematology.. Guideline for the diagnosis and management of myelofibrosis. Br J Haematol. 2012 Aug;158(4):453-71. doi: 10.1111/j.1365-2141.2012.09179.x.
2Moulard O, Mehta J, Fryzek J, Olivares R, Iqbal U, Mesa RA. Epidemiology of myelofibrosis, essential thrombocythemia, and polycythemia vera in the European Union. Eur J Haematol. 2014 Apr;92(4):289-97. doi: 10.1111/ejh.12256. PubMed PMID: 24372927.
3RUXOLITINIBE. Bula de medicamento. Novartis Biociências SA. Farm. Resp.: Flávia Regina Pegorer. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=5929392018&pIdAnexo=10636774. Acesso em 14/01/2019.
4Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 14/01/2019.
5Martí-Carvajal AJ, Anand V, Solà I. Janus kinase-1 and Janus kinase-2 inhibitors for treating myelofibrosis. Cochrane Database Syst Rev. 2015 Apr 10;(4):CD010298. doi: 10.1002/14651858.CD010298.pub2. -
Sacubitril/Valsartana para Insuficiência Cardíaca :: Outubro/2019
Data de elaboração: Setembro/2019 Data de publicação: Outubro/2019 O que é Insuficiência Cardíaca?
A insuficiência cardíaca ocorre quando o coração é incapaz de bombear de forma adequada o sangue na corrente sanguínea, podendo gerar acúmulo de fluidos no corpo e muitos sintomas, tais como: falta de ar, fadiga, pernas inchadas, ganho de peso, pulso irregular ou acelerado, dificuldade para dormir, desmaios, falta de apetite, indigestão, náuseas e vômitos1. Quanto ao tipo de disfunção, a IC pode ser classificada como: a) insuficiência cardíaca sistólica ou com fração de ejeção reduzida - quando os ventrículos do coração não se contraem adequadamente durante cada batimento cardíaco e o sangue não é adequadamente bombeado para fora do coração; e b) insuficiência cardíaca diastólica ou com fração de ejeção normal - quando o ventrículo não se enche de sangue suficiente quando o coração descansa entre cada batimento cardíaco. Uma vez feito o diagnóstico clínico deve-se avaliar a classe funcional do paciente baseada nos sintomas segundo a classificação da New York Heart Association – NYHA, em 4 classes2:Classificação de New York Heart Association – NYHA
Classificação da IC - Classes NYHA I Sem limitação aos esforços habituais II Limitação discreta aos esforços habituais III Confortável ao repouso, limitação moderada aos esforços habituais IV Sintomático aos mínimos esforços ou mesmo em repouso O diagnóstico da IC é clínico, baseado em anamnese e em exame físico bem elaborado, logo, não há um teste diagnóstico específico para a síndrome. Apesar da inespecificidade dos sintomas e sinais, os problemas associados a IC são particularmente evidentes nas fases iniciais da doença, visto que os pacientes relatam a falta de ar, o cansaço e a fadiga, mas não têm evidências ecocardiográficas de disfunção sistólica ventricular esquerda. Além disso, os sintomas e os sinais da IC podem ser difíceis de serem interpretados em pacientes mais velhos, com graus mais elevados de comorbidades e entre os pacientes obesos2,3.
Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Insuficiência Cardíaca?
Sim. No momento, não há disponível no SUS Protocolo Clínico de Diretrizes Terapêuticas específico para o tratamento da insuficiência cardíaca. Mas, existem disponíveis no SUS medidas farmacológicas e não farmacológicas que objetivam, principalmente, o alívio dos sinais e sintomas, a melhora da qualidade de vida, a diminuição da progressão ou reversão da disfunção cardíaca e periférica e a redução de admissões hospitalares e da mortalidade por IC. As diferentes abordagens terapêuticas são adotadas de acordo com o estágio da doença e podem ser associadas de acordo com a evolução e manifestação da doença.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O Sacubitril/Valsartana (Entresto®) possui indicação em bula para o tratamento de pacientes adultos com insuficiência cardíaca crônica sintomática (NYHA classe II-IV) com fração de ejeção reduzida4.Possui genérico?
Não.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Entresto® - 24 mg + 26 mg – embalagem com 28 comprimidos; 49 mg + 51 mg – embalagem com 28 ou com 60 comprimidos; 97 mg + 103 mg – embalagem com 28 ou com 60 comprimidos;*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 02/09/2019.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não. Sacubitril/Valsartana não consta na RENAME 20185.Quanto custa o tratamento com Sacubitril/Valsartana?
Considerando a dose recomendada em bula de 49 mg/51 mg duas vezes ao dia, o custo mensal estimado para tratamento com sacubitril/valsartana foi de R$ 152,88. O valor foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% do medicamento de referência, segundo ANVISA6.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Insuficiência Cardíaca?
Sim, são disponibilizados os medicamentos apresentados na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Captopril Comprimido 25mg Maleato de Enalapril 5 mg
10 mg
20 mgLosartana potássica Comprimido 50 mg Succinato de metoprolol Comprimido 25 mg
50 mg
100 mgCarvedilol Comprimido 3,125 mg
6,25 mg
12,5 mg
25 mgEspironolactona Comprimido 25 mg
100 mgHidralazina Comprimido 25 mg
50 mgDinitrato de isossorbida Comprimido sublingual 5 mg Mononitrato de isossorbida Comprimido
Cápsula10 mg
20 mg
40 mg
10 mgDigoxina Comprimido
Elixir0,25 mg
0,05 mg/mLFurosemida Comprimido
Solução injetável40 mg
10 mg/mLHidroclorotiazida Comprimido 12,5 mg
25 mg* O financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento7.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, a Conitec avaliou o sacubitril/valsartana para o tratamento da insuficiência cardíaca. Os membros do Plenário da Comissão, presentes na 77ª reunião ordinária, realizada nos dias 08 e 09 de maio de 2019, recomendaram a incorporação do sacubitril/valsartana para o tratamento da insuficiência cardíaca crônica em pacientes com classe funcional NYHA II e BNP > 150 (ou NT-ProBNP > 600), com fração de ejeção reduzida (FEVE ≤ 35%), idade menor ou igual a 75 anos e refratários ao melhor tratamento disponível, conforme estabelecido em Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas8.
Mais informações em: http://conitec.gov.brO que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Foram selecionados um ensaio clínico randomizado (ECR) fase III, uma revisão sistemática (RS) com meta-análise em rede, uma meta-análise e um estudos de coorte, que avaliaram os resultados do sacubitril/valsartana para o tratamento de pacientes com ICFEr (Insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida). O ECR avaliou a eficácia e segurança do sacubitril/valsartana versus enalapril em 8.442 pacientes com ICFEr, demonstrando resultados positivos, com significância estatística, para os desfechos: morte por todas as causas/causas cardiovasculares, hospitalização por insuficiência cardíaca e mudanças no escore KCCQ (Kansas City Cardiomyopathy Questionnaire). Contudo, esse resultado não se manteve para os pacientes maiores de 75 anos, com classe funcional NYHA III-IV, fração de ejeção ventricular esquerda (FEVE) > 35% e virgens de tratamento com inibidores da enzima conversora da angiotensina (IECA). Em relação à segurança, o estudo demonstrou não haver diferenças significantes do sacubitril/valsartana quando comparado ao enalapril9. A meta-análise em rede avaliou o tratamento da ICFEr com todos os grupos de medicamentos recomendados pelas diretrizes (Brasileira10, Européia11 e Americana12), demonstrando redução do risco de morte com significância estatística e superioridade das associações em relação ao placebo13. O estudo de coorte observacional retrospectivo avaliou 44 pacientes tratados com sacubitril/valsartana e 88 pacientes controles (em uso de IECA ou bloqueadores dos receptores de angiotensina II (BRA)), para desfechos de segurança e eficácia. Os resultados de eficácia foram melhores no grupo sacubitril/valsartana quando comparados ao grupo controle, enquanto os desfechos de segurança mostraram perfis comparáveis nos dois grupos14. A meta-análise avaliou a segurança de ensaios clínicos com sacubitril/valsartana versus IECA/BRA/placebo para o tratamento de pacientes com IC e hipertensão e, para todos os eventos adversos avaliados, os resultados demonstraram não haver diferença estatisticamente significante entre os grupos15. Por fim, conclui-se que essas evidências elencadas, em sua maioria foram avaliados como de boa qualidade pelos instrumentos: ROB 1.0 (para ECR), Amstar 2 (para RS) e Newcastle (para o estudo de coorte). Esses estudos indicaram que o uso do sacubitril/valsartana, em esquema triplo de tratamento, foi eficaz e potencialmente seguro para pacientes com IC classe NYHA II sintomáticos, com fração de ejeção ventricular esquerda menor ou igual a 35%, refratários ao tratamento com IECA e/ou BRA e com idade igual ou inferior a 75 anos. Tais evidências, somadas ao custo elevado do tratamento com essa tecnologia, indicam que seria necessário o estabelecimento de critérios de elegibilidade para o uso do sacubitril/valsartana no SUS.Referências bibliográficas
1PONIKOWSKI. P., VOORS, A.A., ANKER, S.D., et al. (2016). 2016 ESC guidelines for the diagnosis and treatment of acute and chronic heart failure: The Task Force for the 74 diagnosis and treatment of acute and chronic heart failure of the European Society of Cardiology (ESC) developed with the special contribution of the Heart Failure Association (HFA) of the ESC. European Heart Journal, 37(27), 2129-2200
2YANCY, C.W., JESSUP, M., BOZKURT, B., et al. (2013). 2013 ACCF/AHA guideline for the management of heart failure: a report of the American College of Cardiology Foundation/American Heart Association Task Force on practice guidelines. Circulation, 128(16), e240-327
3McMURRAY, J.J.V., ADAMOPOULOS, S., ANKER, S.D., et al. (2012). ESC guidelines for the diagnosis and treatment of acute and chronic heart failure 2012: The Task Force for the Diagnosis and Treatment of Acute and Chronic Heart Failure 2012 of the European Society of Cardiology. Developed in collaboration with the Heart Failure Association (HFA) of the ESC. European Journal of Heart Failure, 14(8), 803-869.
4SACUBITRIL/VALSARTANA. Bula de medicamento. Novartis Biociências AS. Farm. Resp.: Flavia Regina Pegorer. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=12353912018&pIdAnexo=10928981 Acesso em 25/09/2019.
5BRASIL. Ministério da Saúde. RENAME – Relação Nacional de Medicamentos Essenciais. Disponível em: http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2018/dezembro/17/170407M2018final.pdf. Acesso em: 28/08/2019
6Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 02/09/2019.
7Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2018. Brasília, MS, 2018. 219 p. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Artigos_Publicacoes/Rename/Rename_2018_Novembro.pdf Acesso em: 26/09/2019
8BRASIL. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias do SUS – CONITEC. Relatório de Recomendação. Sacubitril/valsartana para o tratamento de pacientes adultos com insuficiência cardíaca crônica sintomática (NYHA classe II-IV) com fração de ejeção reduzida. Nº454, agosto de 2019. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2019/Relatorio_Sacubitril_Valsartana_ICC_FINAL_454_2019.pdf Acesso em: 24/09/2019.
9McMURRAY, J. J., Packer, M., Desai, A. S., Gong, J., Lefkowitz, M. P., Rizkala, A. R., ... & Zile, M. R. (2014). Angiotensin–neprilysin inhibition versus enalapril in heart failure. New England Journal of Medicine, 371(11), 993-1004.
10BOCCHI, E.A. et al. (2009). Sociedade Brasileira de Cardiologia. III Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, 93(1 supl.1):1-71.
11PONIKOWSKI. P., VOORS, A.A., ANKER, S.D., et al. (2016). 2016 ESC guidelines for the diagnosis and treatment of acute and chronic heart failure: The Task Force for the 74 diagnosis and treatment of acute and chronic heart failure of the European Society of
Cardiology (ESC) developed with the special contribution of the Heart Failure Association (HFA) of the ESC. European Heart Journal, 37(27), 2129-2200.
12YANCY, C.W., JESSUP, M., BOZKURT, B., et al. (2013). 2013 ACCF/AHA guideline for the management of heart failure: a report of the American College of Cardiology Foundation/American Heart Association Task Force on practice guidelines. Circulation, 128(16), e240-327.
13KOMAJDA, M., Böhm, M., Borer, J. S., Ford, I., Tavazzi, L., Pannaux, M., & Swedberg, K.(2018). Incremental benefit of drug therapies for chronic heart failure with reduced ejection fraction: a network meta‐analysis. European journal of heart failure.
14De VECCHIS, R., & ARIANO, C. (2017). Sacubitril-Valsartan for Heart Failure with Reduced Left Ventricular Ejection Fraction: A Retrospective Study.
15LI, B., et al. (2017). Safety of the neprilysin/renin-angiotensin system inhibitor LCZ696. Oncontarget. Vol. 8 (No. 47). -
Saxagliptina para diabetes mellitus :: Dezembro/2017
Data de elaboração: Dezembro/2017 Data de publicação: Dezembro/2017 O que é diabetes mellitus?
O diabetes mellitus (DM) é uma doença caracterizada por distúrbios metabólicos e hiperglicemia, devido aos defeitos na ação da insulina, na secreção de insulina ou em ambas. Dentre as várias classes clínicas da doença, destacam-se o diabetes tipo 1 (DM1) e o tipo 2 (DM2). O DM1 ou insulinodependente ocorre como consequência da deficiência de insulina, causada pela destruição das células beta pancreáticas. O DM2 é caracterizado pela deficiência parcial da produção de insulina pelo pâncreas ou ainda pela resistência à insulina e deficiência na ação desse hormônio1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar diabetes mellitus?
Sim. Para o tratamento do DM, o SUS oferece uma estratégia de tratamento que contempla o cuidado integral do paciente. Essa estratégia é descrita no Caderno de Atenção Básica – Diabetes (http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/caderno_36.pdf), que orienta sobre os critérios de diagnóstico da doença, os tratamentos com as respectivas doses adequadas e mecanismos para o monitoramento clínico em relação à efetividade do tratamento e à supervisão de possíveis efeitos adversos2.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O saxagliptina3 possui indicação em bula como adjuvante à dieta e à prática de exercícios para melhorar o controle glicêmico em pacientes com diabetes mellitus tipo 2.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Onglyza® - comprimido revestido de 2,5mg (caixa com 28)
Onglyza® - comprimido revestido de 5mg (caixa com 14 e 28)4.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 19/12/2017.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não.Quanto custa o tratamento com Saxagliptina?
Considerando a dose recomendada em bula de 2,5 mg ou 5 mg uma vez ao dia, o custo mensal estimado para tratamento com a saxagliptina é de R$56,76. O custo foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% dos medicamentos disponíveis no mercado, segundo a ANVISA5.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar diabetes mellitus?
Sim, as mesmas podem ser conferidas na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Cloridrato de metformina Comprimido 500 mg
850 mgGlibenclamida Comprimido 5 mg Gliclazida Comprimido de liberação controlada 30 mg
60 mg
80 mgInsulina humana regular Solução injetável 100 UI/ml Insulina humana NPH Suspensão injetável 100 UI/ml O financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento1.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosa, conforme PCDT2.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Não. Até a presente data, não foi protocolada na CONITEC demanda para a incorporação da saxagliptina para tratamento de qualquer condição clínica, seja pelo laboratório fabricante ou por qualquer outro demandante. Ressalta-se que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou a empresa produtora do medicamento, pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à CONITEC, desde que cumpra as exigências legais.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
A saxagliptina foi avaliada em estudos clínicos e mostrou diminuir discretamente os níveis de glicose no sangue dos pacientes diabéticos quando comparada ao placebo6. Entretanto, há evidências de que o efeito dos inibidores de DPP-4 (classe terapêutica da saxagliptina) na hemoglobina glicada na diabetes tipo 2 diminui significativamente durante o segundo ano de tratamento7. Em termos de segurança, a incidência de eventos adversos de pacientes com DM2 que tomaram placebo + metformina, medicamento disponibilizado pelo SUS, foi relativamente menor quando comparado com pacientes que receberam a saxagliptina + metformina (OR=0,60; IC95%=0,41-0,88).8 Ademais, ainda não foi demonstrado se esse medicamento pode diminuir as complicações clínicas da diabetes. Também não há dados suficientes para afirmar que é um medicamento eficaz e seguro.Referências bibliográficas
1SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES (SBD). Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2015-2016. São Paulo, 2015. Disponível em: http://www.diabetes.org.br/sbdonline/images/docs/DIRETRIZES-SBD-2015-2016.pdf. Acesso em: 27/12/2017.
2BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica: diabetes mellitus. Cadernos de Atenção Básica, n. 36. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. Disponível em: http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/caderno_36.pdf. Acesso em: 27/12/2017.
3Onglyza®. saxagliptina. São Paulo: Bristol-Myers Squibb Farmacêutica S.A. Responsável Técnico: Dra. Elizabeth M. Oliveira CRF-SP nº 12.529. Bula de remédio. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=9358982013&pIdAnexo=1855538. Acesso em: 27/12/2017.
4Câmara de Regulação - CMED Secretaria Executiva PREÇOS MÁXIMOS DE MEDICAMENTOS POR PRINCÍPIO ATIVO, PARA COMPRAS PÚBLICAS PREÇO FÁBRICA (PF) E PREÇO MÁXIMO DE VENDA AO GOVERNO (PMVG). Atualizada em 19/12/2017. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/374947/3464400/LISTA_CONFORMIDADE_GOV_2017-07-21.pdf/ee0c5ac1-00b9-4fdc-b410-4642339a5f03.
5Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precosAcesso em: 27/12/2017.
6Doucet J, Chacra A, Maheux P, Lu J, Harris S, Rosenstock J. Efficacy and safety of saxagliptin in older patients with type 2 diabetes mellitus. Curr Med Res Opin. 2011 Apr;27(4):863-9. doi: 10.1185/03007995.2011.554532. Epub 2011 Feb 17.
7Esposito K, Chiodini P, Maiorino MI, Bellastella G, Capuano A, Giugliano D. Glycaemic durability with dipeptidyl peptidase-4 inhibitors in type 2 diabetes: a systematic review and meta-analysis of long-term randomised controlled trials. BMJ Open. 2014 Jun 10;4(6):e005442. doi: 10.1136/bmjopen-2014-005442. Review.
8Wang LG, Wang H, Liu Q, Hua WC, Li CM. A network meta-analysis for efficacy and safety of seven regimens in the treatment of type II diabetes. Biomed Pharmacother. 2017 Aug;92:707-719. doi: 10.1016/j.biopha.2017.05.002. Epub 2017 Jun 3. -
Secuquinumabe para artrite psoríaca ativa :: Junho/2022
Data de elaboração: Junho/2022 Data de publicação: Junho/2022 O que é a artrite psoríaca?
A artrite psoríaca (ou artrite psoriásica ou psoriática) é uma doença sistêmica inflamatória do grupo das espondiloartrites, associada à psoríase, caracterizada por dor, rigidez e inflamação nas articulações, ligamentos e tendões. A origem da doença não está esclarecida, sendo classificada como uma condição autoimune multigênica, com possíveis fatores ambientais importantes no desenvolvimento inicial da doença, tais como, obesidade no início da vida adulta (18 anos de idade) e tabagismo. A condição clínica pode apresentar manifestações periféricas ou axial. O diagnóstico se baseia nas manifestações clínicas nos locais da inflamação articular. O teste do fator reumatoide com resultado negativo, provas como velocidade de hemossedimentação e níveis elevados de proteína C-reativa são indicativos da doença. Atualmente ela é subdivida em cinco formas clínicas: poliartrite simétrica, oligoartrite ou monoartrite assimétrica, interfalangiana distal, espondilite e artrite mutilante (forma mais rara e grave). Embora nos estágios iniciais essas formas possam ser diferenciadas, há considerável sobreposição entre elas, e a maioria dos pacientes acaba por progredir para a forma poliarticular. As taxas de incidência globais variam de 3,6 a 7,2 a cada 100.000 casos ao ano. No Brasil, a prevalência da doença na população geral é de 13,7% e de 33% em pacientes com diagnóstico confirmado de psoríase, sendo considerada a segunda espondiloartrite mais frequente. A artrite psoríaca pode surgir em qualquer idade, sendo comumente desenvolvida entre os 30 e 50 anos, com distribuição semelhante entre os gêneros1. O desenvolvimento de outras comorbidades, tais como doenças cardiovasculares, obesidade, síndrome metabólica, diabete melito, hipercolesterolemia, doenças oftálmicas autoimunes, osteoporose, doenças inflamatórias do intestino (doença de Crohn e colite ulcerativa), problemas renais, transtornos psiquiátricos e distúrbios neurológicos e pulmonares, estão relacionadas a artrite posíaca. O prognóstico da doença é pior na presença de dano articular e acometimento de articulações como quadril, punho, tornozelo, coluna cervical e articulação sacroilíaca, elevação das provas de reação inflamatórias e manifestações extra-articulares2.2. Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde (SUS) para tratar a artrite psoríaca?
Sim. O SUS oferece estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Artrite Psoríaca, publicado por meio da Portaria SAES/SCTIE/MS nº 93, de 21 de maio de 2021. Este documento inclui o conceito geral da artrite psoríaca, classificação da doença, critérios de diagnóstico, critérios de inclusão e de exclusão, tratamento, monitoramento e mecanismos de regulação, controle e avaliação e o termo de esclarecimento e responsabilidade. Tem caráter nacional e deve ser utilizado pelas Secretarias de Saúde dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios na regulação do acesso assistencial, autorização, registro e ressarcimento dos procedimentos correspondentes.A tecnologia possui registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)?
Sim. O medicamento secuquinumabe foi registrado na Anvisa em dezembro de 2015, sob a marca comercial Cosentyx®. Conforme bula, é indicado para o tratamento de 1) psoríase em placas moderada a grave em pacientes com 6 anos de idade ou mais que são candidatos a terapia sistêmica ou fototerapia; 2) artrite psoriásica ativa em pacientes adultos, quando a resposta à terapia prévia com medicamentos antirreumáticos modificadores do curso da doença (DMARD) for inadequada (em monoterapia ou em combinação com metotrexato); 3) espondilite anquilosante ativa em pacientes adultos, que não tenham respondido adequadamente à terapia convencional; 4) espondiloartrite axial não radiográfica ativa com sinais objetivos de inflamação, como indicado por proteína C reativa (PCR) elevada e/ou evidência na ressonância magnética em adultos que responderam de maneira inadequada a anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs); 5) artrite relacionada à entesite ativa em pacientes acima de 4 anos de idade; e 6) artrite psoriásica juvenil ativa em pacientes acima de 2 anos de idade4.Possui biossimilar?
Não5.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Cosentyx® - pó liofilizado - 150 mg; solução injetável 150 mg/mL - seringas preenchidas de 1 mL; solução intável 300 mg – seringa preenchida de 2 mL.*Medicamento disponível no mercado de acordo com a lista CMED5, de 28/06/2022.
O medicamento está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename)?
Sim, de acordo com consulta realizada à Rename6, em 22/06/2022.Quanto custa o tratamento com secuquinumabe?
Considerando a dose recomendada em bula de 300 mg, em duas injeções subcutâneas de 150 mg a cada mês (dose de manutenção), para artrite psoríaca no tratamento de placas moderada a grave, ou que não respondem adequadamente a anti‐fator de Necrose Tumoral (anti-TNF), o custo mensal estimado para tratamento com secuquinumabe foi de R$ 12.906,78. O valor foi calculado considerando-se o Preço Máximo de Venda ao Governo (PMGV) e a alíquota de 18% em relação ao ICMS do medicamento Cosentyx®, segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED/Anvisa, pois esse medicamento consta na lista com aplicação do desconto do Coeficiente de Adequação de Preços (CAP).O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar a artrite psoríaca?
Sim, de acordo com o PCDT da Artrite Psoríaca2, o tratamento tem como objetivo a redução dos sintomas, a remissão ou o controle da atividade da doença (para mínima ou baixa atividade), oferecendo melhor qualidade de vida e evitando perda da capacidade funcional dos pacientes. Utilizam-se os fatores de pior prognóstico dos casos de artrite psoríaca para fins de decisão terapêutica.Medicamento Forma farmacêutica Concentração Ibuprofeno comprimido revestido
suspensão oral200, 300 e 600 mg
50 mg/mLNaproxeno comprimido 250 e 500 mg Prednisona comprimido 5 mg e 20 mg Metilprednisolona frasco 40 mg/2 mL Ciclosporina cápsula
solução oral10, 25, 50 e 100 mg
100 mg/mLLeflunomida comprimido 20 mg Sulfassalazina comprimido 500 mg Metotrexato comprimido
solução injetável2,5 mg
2 mLAdalimumabe solução injetável 40 mg Etanercepte solução injetável 25 e 50 mg Infliximabe pó para solução injetável 100 mg/10 mL Golimumabe solução injetável 50 mg Secuquinumabe solução injetável 150 mg/mL Certolizumabe pegol solução injetável 200 mg/mL Tofacitinibe comprimido 5 mg A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, a Conitec avaliou o secuquinumabe para o tratamento de pacientes com artrite psoríaca em três momentos distintos. Durante a 73ª Reunião Ordinária, realizada no dia 5 de dezembro de 2018, os membros da Comissão deliberaram, por unanimidade, recomendar a incorporação do secuquinumabe para artrite psoríaca em pacientes com doença ativa (moderada a grave) e com falha terapêutica com uso de medicamentos modificadores do curso da doença (MMCD) e de pelo menos um anti-TNF, conforme PCDT7. O documento técnico foi encaminhado ao então Secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, que ratificou a recomendação e publicou a Portaria SCTIE/MS nº 1/2019, no Diário Oficial da União (DOU) nº 14, de 21/01/2019, Seção 1, pág. 50. Os membros do Plenário presentes na 82ª Reunião Ordinária, no dia 9 de outubro de 2019, deliberaram, por unanimidade, recomendar a não incorporação do secuquinumabe para o tratamento da artrite psoríaca ativa em pacientes adultos na primeira etapa de terapia biológica8.
Considerou-se que "há importantes incertezas quanto à proporção de pacientes com AP e psoríase moderada a grave concomitante que utilizariam secuquinumabe no SUS, na dose de 300 mg, em primeira etapa de biológicos da AP, levando ao dobro do custo unitário do medicamento e a impacto orçamentário incremental". O Secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde (SCTIE/MS) acatou a recomendação e publicou a Portaria SCTIE/MS nº 52/2019, no DOU nº 215, de 06/11/2019, Seção 1, pág. 195. A Comissão, em sua 97ª Reunião Ordinária, realizada no dia 5 de maio de 2021, deliberou, por unanimidade, recomendar a não incorporação do secuquinumabe para tratamento da artrite psoriásica ativa em pacientes adultos na primeira etapa de terapia biológica1. Considerou-se que “entre outros fatores, que o secuquinumabe continua com preço de tratamento superior ao do adalimumabe, no cenário esperado, no qual 60% dos pacientes utilizarão o secuquinumabe de 300 mg e 40% dos pacientes estarão em uso da dose de 150 mg.”. O Secretário da SCTIE/MS acatou a recomendação e a tornou pública por meio da Portaria SCTIE/MS nº 27/2021, no DOU nº 103, de 02/06/2021, Seção 1, pág. 119.
O que a literatura científica relata sobre o uso dessa tecnologia para artrite psoríaca?
A metanálise de rede usando dados de Ensaios Clínicos Randomizados (ECR) conduzida por McInnes et al (2018)9 não observou diferenças estatisticamente significantes na comparação indireta de adalimumabe (RR: 1,24 (IC95%: 0,80 a 1,76)) (RR: 1,28 (IC95%: 0,84 a 1,79)), infliximabe (RR: 0,86 (IC95%:0,59 a 1,12)) (RR: 0,88 (IC95%: 0,61 a 1,51)) e golimumabe (RR: 1,23 (IC95%: 0,79 a 1,84)) (RR: 1,26 (IC95%: 0,82 a 1,88)), quando comparado ao secuquinumabe 150 mg e 300 mg, respectivamente, para o desfecho de melhora de ao menos 50% do acometimento da pele pelo índice Psoriasis Area and Severity Index 50 (PASI50). Também não foram observadas diferenças estatisticamente significantes na comparação indireta dos fármacos pelo PASI75 e PASI90. O American College of Rheumatology (ACR) é um instrumento para mensura uma melhora global em relação à atividade da doença de 20% (ACR20), 50% (ACR50) e 70% (ACR70). Não foram observadas diferenças estatisticamente significantes na comparação indireta entre adalimumabe (RR: 1,04 (IC95%: 0,72 a 1,43)) (RR: 0,99 (IC95%: 0,67 a 1,37)), infliximabe (RR: 0,90 (IC95%: 0,63 a 1,27)) (RR: 0,86 (IC95%: 0,58 a 1,22)) e golimumabe (RR: 0,87 (IC95%: 0,60 a 1,20)) (RR: 0,83 (IC95%: 0,56 a 1,15)), quando comparado ao secuquinumabe 150 mg e 300 mg, respectivamente, para o desfecho de ACR20. Para os índices ACR50 e ACR70 também não foram observadas diferenças estatisticamente significantes na comparação indireta. Na metanálise em rede conduzida por Lu et al. (2019)10, para pacientes virgens de tratamento não houve diferenças estatisticamente significantes na comparação indireta entre o secuquinumabe 300 mg e etanercepte (RR: 1,86 (IC95%: 0,96 a 3,61)) e entre secuquinumabe 150 e 300 mg e adalimumabe (RR:1,64 (IC95%: 0,98 A 2,77) e RR:1,35 (IC95%: 0,78 a 2,32), respectivamente) para o desfecho de ACR20. Contudo, infliximabe (RR: 3,19 (IC95%: 1,67 a 6,12)) (RR: 2,62 (IC95%:1,35 a 5,11)) e golimumabe (RR: 2,58 (IC95%: 1,69 a 3,94)) (RR: 2,12 (IC95%: 1,35 a 3,31)) apresentaram melhores resultados nesse desfecho quando comparado ao secuquinumabe 150 e 300 mg, respectivamente. E o etanercepte também apresentou melhores resultados que o secuquinumabe 150 mg (RR: 2,27 (IC95%: 1,19 a 4,32)) para esse desfecho de ACR20. Foram encontradas menores chances de eventos adversos para pacientes tratados com secuquinumabe 150 mg (OR: 0,27 (IC95%: 0,09 a 0,82)) e 300 mg (OR: 0,28 (IC95%: 0,11 A 0,71)), quando comparado aos 20 pacientes tratados com adalimumabe. Não foram encontradas diferenças estatisticamente significantes entre secuquinumabe 150 e 300 mg, quando comparado a etanercepte, golimumabe e infliximabe. O ECR head-to-head conduzido por McInnes et al. (2020)11 demonstrou que a proporção de pacientes que alcançou o desfecho PASI 90 foi significantemente maior no grupo que recebeu secuquinumabe 300 mg (80%) do que o adalimumabe 40 mg (70%), em 52 semanas de seguimento. Não houve diferença estatisticamente significante entre o secuquinumabe 300 mg e o adalimumabe 40 mg na frequência de eventos adversos relacionados ao tratamento (77% versus 79%, respectivamente).Referências bibliográficas
1 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação n°. 620, de mai 2021. Secuquinumabe para tratamento da artrite psoriásica ativa em pacientes adultos na primeira etapa de terapia biológica. [Acesso em 21 jun 2022]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2021/20210602_Relatorio_620_secuquinumabe_ArtritePsoriaca_P27.pdf.2 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Especializada à Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Portaria Conjunta nº 9, de 21 de maio de 2021. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Artrite Psoríaca. [portaria na internet]. Diário Oficial da União 28 maio 2021 [acesso em 22 jun 2022]; Seção 1, (100). Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Protocolos/20210531_PCDT_min_artrite_psoriaca.pdf.
3 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Especializada à Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Portaria Conjunta nº 9, de 21 de maio de 2021. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Artrite Psoríaca. [portaria na internet]. Diário Oficial da União 28 maio 2021 [acesso em 22 jun 2022]; Seção 1, (100). Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/Portaria/2021/20210528_Portaria_Conjunta_09.pdf.
4 Secuquinumane. [Bula]. Brasil: Novartis Biociências S.A.
5 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Medicamentos. Câmera de Regulação do Mercado de Medicamentos. Listas de Preços de Medicamentos [Acesso em 30 jun 2022]. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/cmed/precos.
6 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2022. Brasília: Ministério da Saúde; 2022 [Acesso em 22 jun 2022]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/20220128_RENAME_2022.pdf.
7 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação n°. 336, de jan 2019. Secuquinumabe para o tratamento da artrite psoriásica ativa em pacientes adultos com resposta inadequada a medicamentos modificadores do curso da doença sintéticos ou biológicos da classe anti-TNF. [Acesso em 27 jun 2022]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2019/Relatorio_Secuquinumabe_Artrite_Psoriasica.pdf.
8 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação n°. 485, de nov 2019. Secuquinumabe para o tratamento da artrite psoriásica ativa em pacientes adultos na primeira etapa de terapia biológica. [Acesso em 27 jun 2022]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2019/Relatorio_Secuquinumabe150_ArtritePsoriaca.pdf.
9 McInnes IB, Nash P, Ritchlin C, Choy EH, Kanters S, Thom H, et al. Secukinumab for psoriatic arthritis: comparative effectiveness versus licensed biologics/apremilast: a network meta-analysis. J Comp Eff Res. 2018 Nov;7(11):1107– 23.
10 Lu C, Wallace BI, Waljee AK, Fu W, Zhang Q, Liu Y. Comparative efficacy and safety of targeted DMARDs for active psoriatic arthritis during induction therapy: A systematic review and network meta-analysis. Semin Arthritis Rheum [Internet]. 2019;49(3):381–8. Available from: https://www.embase.com/search/results?subaction=viewrecord&id=L2002200786&from=export.
11 McInnes IB, Behrens F, Mease PJ, Kavanaugh A, Ritchlin C, Nash P, et al. Secukinumab versus adalimumab for 59 treatment of active psoriatic arthritis (EXCEED): a double-blind, parallel-group, randomised, active-controlled, phase 3b trial. Lancet (london, england) [Internet]. 2020;395(10235):1496-1505. Available from: https://www.cochranelibrary.com/central/doi/10.1002/central/CN-02123862/full.
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Secuquinumabe para espondilite ancilosante ou anquilosante :: Agosto/2020
Data de elaboração: Julho/2020 Data de publicação: Agosto/2020 O que é espondilite ancilosante ou anquilosante?
A espondilite ancilosante ou anquilosante (EA) é uma doença inflamatória crônica classificada no grupo das espondiloartrites que acomete preferencialmente a coluna vertebral, podendo evoluir com rigidez e limitação funcional progressiva do esqueleto axial. Assim, as formas mais iniciais de EA, nas quais o dano estrutural é menor ou inexistente, podem ser classificadas como espondiloartrites axiais1. As apresentações clínicas desses pacientes incluem dor crônica nas costas, rigidez matinal e perda da mobilidade da coluna vertebral que afetam, principalmente, a pelve e a região lombar2. A EA tem prevalência variando de 9 a 30 por 10.000 da população adulta no mundo todo2, com pico de incidência em homens dos 20 aos 30 anos, especialmente em portadores do antígeno HLA-B27, o que, no Brasil, representa cerca de 60% dos pacientes1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar espondilite ancilosante ou anquilosante?
Sim. O SUS oferece estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Espondilite Ancilosante1. Este documento inclui critérios de diagnóstico, de inclusão e exclusão, tratamento não medicamentoso e medicamentoso, monitorização da doença e regulação, controle e avaliação pelo gestor, dentro do SUS.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O secuquinumabe foi registrado na Anvisa em dezembro de 2015, sob o nome comercial Cosentyx®3 . A indicação apresentada em bula é para tratamento de pacientes com psoríase em placas, artrite psoriática e espondilite anquilosante.Possui biossimilar?
Não4.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Cosentyx® - 150 mg – pó liofilizado para solução injetável.Cosentyx® - 150 mg/mL solução injetável - embalagens contendo 1 ou 2 canetas preenchidas.
*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 27/07/2020.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Sim, de acordo com consulta realizada à Rename5, em 27/07/2020.Quanto custa o tratamento com secuquinumabe Secuquinumabe?
Considerando a dose recomendada em bula de 150 mg, com administração inicial uma vez por semana (nas semanas 0, 1, 2, 3 e 4, seguida por administração de manutenção mensal), o custo no primeiro mês é de R$ 13.889,6 seguido do custo mensal estimado de R$ 3.472,4. O valor foi calculado considerando-se o Preço Fábrica (PF) e a alíquota de 18% em relação ao ICMS do medicamento de referência, segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED/Anvisa4, pois esse medicamento não consta na lista de isenção de ICMS ou com aplicação do desconto CAP.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar espondilite ancilosante ou anquilosante?
Sim, de acordo com o PCDT da Espondilite Ancilosante1, são disponibilizados os medicamentos apresentados na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Adalimumabe Solução injetável 40 mg Certolizumabe pegol* Solução injetável 200mg/mL com caneta aplicadora Etanercepte Frasco-ampola ou seringa preenchida 25 e 50 mg Golimumabe* Seringa preenchida 50 mg Ibuprofeno Comprimidos revestidos
Solução oral200, 300 e 600 mg
50 mg/mLInfliximabe Frasco-ampola 100 mg/10 mL Metilprednisolona Frasco 40 mg/2 mL Metotrexato Comprimido
Frasco-ampola2,5 mg
50 mg/2 mLNaproxeno Comprimido 250 e 500 mg Secuquinumabe* Solução injetável 150mg/mL com caneta aplicadora Sulfassalazina Comprimido 500 mg * Medicamentos aprovados apenas para pacientes adultos.
O financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por um ou mais dos três entes federativos (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, a Conitec avaliou o secuquinumabe para tratamento de EA. Durante a 60ª reunião ordinária, realizada no dia 05 de outubro de 2017, os membros da Comissão recomendaram a incorporação do secuquinumabe para tratamento de espondilite ancilosante ao SUS6. O documento técnico foi encaminhado ao Secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos (SCTIE/MS), que ratificou a recomendação e publicou a Portaria nº 65, no Diário Oficial da União (DOU) nº 12, de 17 de janeiro de 2018, seção 1, pág. 137.O que a literatura científica relata sobre o uso de secuquinumabe para essa condição clínica?
Uma revisão sistemática e metanálise2 foram realizadas seguindo as recomendações das diretrizes de Itens Preferidos para Relatórios para Revisões Sistemáticas e Meta-Análises (PRISMA), publicada em maio de 2020, com o objetivo de avaliar sistematicamente a eficácia e segurança dos inibidores da interleucina em pacientes com espondilite anquilosante ativa. O secuquinumabe 150 mg foi avaliado em 4 ensaios clínicos de fase III, randomizados, duplo-cegos e controlados por placebo, realizados com adultos. O desfecho primário avaliado foi a proporção de pacientes com pelo menos 20% de melhora nos critérios de resposta Avaliação da Sociedade Internacional de Espondiloartrite (ASAS20) na semana 16. O desfecho secundário foi definido como melhora de 40% em pelo menos três domínios e não piorar com relação ao domínio restante (ASAS40) na mesma semana. A análise combinada demonstrou que, na semana 16, a taxa de resposta do ASAS20 aumentou significativamente em pacientes tratados com de secuquinumabe (58,4%, 454/777) em comparação ao placebo (35,7%, 139/389) (RR = 1,64, IC95% 1,41 a 1,89, p < 0,001) e a taxa de resposta do ASAS40 também teve um aumento significativo com secuquinumabe (36,9%, 287/777) versus placebo (18,8%, 73/389) (RR = 1,97, IC95% 1,57 a 2,47, p < 0,001). A incidência de eventos adversos durante os períodos controlados por placebo foi relatada em todos os estudos incluídos. Os eventos adversos mais relatados foram eventos adversos emergentes do tratamento (57,2% versus placebo 51,4%) (RR = 1,11, IC 95% 1,01 a 1,22, p = 0,03) e infecções não graves (27,4% versus placebo 15,0%) (RR = 1,82, IC 95% 1,40 a 2,37, p < 0,001). As infecções relatadas foram leves ou moderadas, sendo as mais frequentes do trato respiratório superior e nasofaringite.Referências bibliográficas
1 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Portaria Conjunta nº 25, de 22 de outubro de 2018. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Espondilite Ancilosante. [portaria na internet]. Diário Oficial da União 26 out 2018; Seção 1, (207). [acesso em 06 jul 2020]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Protocolos/PCDT_EspondiliteAncilosante.pdf.
2 Yin Y, Wang M, Liu M, Zhou E, Ren T, Chang X, et al. Efficacy and safety of IL-17 inhibitors for the treatment of ankylosing spondylitis: a systematic review and meta-analysis. Arthritis Res Ther [Internet]. 2020 May 12;22(1):111. Available from: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32398096.
3 Cosentyx. [Bula]. Novartis Biociências S.A.
4 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos. Listas de preços de medicamentos [Internet]. [acesso em 06 jul 2020]. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos.
5 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2020. Brasília: Ministério da Saúde; 2020. [acesso em 06 jul 2020]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Rename-2020-final.pdf.
6 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS. Relatório de Recomendação. Secuquinumabe para o tratamento da Espondilite Anquilosante. No 318. [Internet]. 2018. [acesso em 06 jul 2020]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2018/Recomendacao/Relatorio_Secuquinumabe_EA.pdf. -
Secuquinumabe para psoríase vulgar (ou em placas) :: Junho/2020
Data de elaboração: Junho/2020 Data de publicação: Junho/2020 O que é Psoríase Vulgar?
A psoríase é uma doença sistêmica inflamatória crônica, não contagiosa, que afeta a pele, as unhas e, ocasionalmente, as articulações. O curso da psoríase é recidivante e costuma ter apresentação clínica variável. Cerca de 2% da população mundial é acometida por esta doença. No Brasil, os dados disponíveis são do Censo Dermatológico da Sociedade Brasileira de Dermatologia: o diagnóstico de psoríase foi verificado em 1.349 de um total de 54.519 pessoas que consultaram dermatologistas em estabelecimentos públicos e privados, totalizando 2,5% dessa amostra. É classificada como doença autoimune, embora sua fisiopatologia não esteja completamente esclarecida. Pode ser incapacitante tanto pelas lesões cutâneas - fator que dificulta a inserção social -, quanto pela presença da forma articular que configura a artrite psoríaca. A predisposição genética é um fator relevante, com risco de cerca de 10 vezes maior para parentes de primeiro grau. As formas clínicas da psoríase têm características peculiares, mas podem ser sobrepostas e estar ou não associadas à artrite psoríaca: crônica em placas (ou vulgar), em gotas (gutatta), pustulosa (subdividida em difusa de Von Zumbusch, pustulose palmoplantar e acropustulose), eritrodérmica, invertida (flexora) e ungueal. As lesões da psoríase vulgar se apresentam em forma de placas eritemato-escamosas, de dimensões variadas, com bordas bem delimitadas e graus variáveis de acúmulo de escamas. São simétricas e localizam-se preferencialmente nas superfícies extensoras dos joelhos, cotovelos, couro cabeludo e região lombossacra. A psoríase vulgar é a forma mais comum, atingindo cerca de 75% a 90% dos pacientes, sendo a descamação relatada em 92% dos casos. Aproximadamente 80% dos casos são considerados leves a moderados e melhoram com tratamento tópico; os casos considerados graves correspondem a 20% a 30% e frequentemente necessitam de terapêutica sistêmica. Os fatores desencadeantes podem ser o clima frio, infecções, estresse e fármacos, entre outros. A psoríase pode ocorrer em qualquer idade, geralmente, entre a terceira e quarta década de vida, sendo semelhante sua distribuição entre os sexos1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Psoríase Vulgar?
Sim. O SUS oferece estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Psoríase. Este documento inclui critérios de diagnóstico, de inclusão e de exclusão, casos especiais, tratamento, monitorização da doença e regulação, controle e avaliação pelo gestor dentro do SUS1.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O secuquinumabe foi registrado na Anvisa em dezembro de 2015, sob o nome comercial Cosentyx®. A indicação apresentada em bula é para o tratamento da psoríase em placas (ou vulgar), artrite psoriásica e espondilite anquilosante. Nas duas últimas doenças, ele é utilizado em pacientes que, respectivamente, não tenham respondido adequadamente ao tratamento com medicamentos antirreumáticos modificadores do curso da doença e ao tratamento convencional2.Possui biossimilar?
Não3.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Cosentyx® 150 mg/mL solução injetável – embalagens contendo 1 ou 2 seringas preenchidas de 1 ml cada, com ou sem caneta(s) aplicadora(s).
Cosentyx® 150 mg pó liófilo para solução injetável.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 09/06/2020.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Sim, de acordo com consulta realizada à Rename4, em 10/06/2020.Quanto custa o tratamento com Secuquinumabe?
Para tratamento de psoríase vulgar, considerando a dose recomendada em bula de 300 mg (administrada na forma de duas injeções subcutâneas de 150 mg), com administração inicial nas semanas 0, 1, 2, 3 e 4, seguida por administração de manutenção mensal, o custo com secuquinumabe referente às cinco doses iniciais seria de R$ 34.724,00. Após este período, o custo estimado mensal seria de R$ 6.944,80. O valor foi calculado considerando-se o Preço Fábrica (PF) estabelecido pela Anvisa e a alíquota de 18% em relação ao ICMS do medicamento de referência Cosentyx®, segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED/Anvisa3.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Psoríase Vulgar?
Sim, de acordo com o PCDT da Psoríase1, são disponibilizados os medicamentos apresentados na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Ácido salicílico Pomada 50 mg/g (5%) Acitretina Cápsula 10mg e 25mg Alcatrão mineral Pomada 10 mg/g (1%) Adalimumabe Solução injetável 40 mg Ciclosporina Cápsula
Solução oral
Solução injetável10mg, 25mg, 50mg e 100mg
100 mg/mL
50mgCalcipotriol Pomada 50 mcg/g (0,005%) Clobetasol Creme
Solução capilar0,5 mg/g
0,5 mg/gDexametasona Creme 1 mg/g (0,1%) Etanercepte Solução injetável 25 mg e 50 mg Metotrexato Comprimido
Solução injetável2,5 mg
25 mg/mLSecuquinumabe Pó para solução injetável 150 mg/mL Ustequinumabe Solução injetável 45 mg/0,5 mL e 90 mg/1,0 mL O financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por um ou mais dos três entes federativos (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosas, conforme PCDT1.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, a Conitec avaliou o uso do secuquinumabe (Cosentyx®) para psoríase moderada a grave. Durante a 81ª reunião ordinária, realizada no dia 4 de setembro de 2019, os membros da Comissão recomendaram a não incorporação do secuquinumabe como primeira etapa de terapia biológica para o tratamento da psoríase em placas moderada a grave em pacientes adultos5. O documento técnico foi encaminhado ao Secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde (SCTIE/MS), que ratificou a recomendação e publicou a Portaria SCTIE/MS nº 46/2019, no Diário Oficial da União (DOU) nº 202, de 17/10/2019, Seção 1, pág. 646.
Mais informações em: http://conitec.gov.br/faca-sua-proposta-de-incorporacao.O que a literatura científica relata sobre o uso dessa tecnologia para essa condição clínica?
O Relatório nº 477, da Conitec, avaliou o secuquinumabe para psoríase moderada a grave, por meio de estudos de ensaio clínico randomizado (ECR), de comparação entre secuquinumabe e ustequinumabe; e de meta-análise em rede para a comparação entre secuquinumabe e adalimumabe. Em um ECR, com maior frequência de controle dos sintomas entre 4 e 52 semanas de acompanhamento em pacientes virgens de biológicos e em melhora da qualidade de vida (evidência com qualidade alta), secuquinumabe demonstrou eficácia estatisticamente superior em relação ao ustequinumabe (RR 1,26; IC 95% 1,13 – 1,40). A superioridade do secuquinumabe também foi observada no subgrupo de pacientes sem exposição prévia a biológicos (RR 1,25; IC 95% 1,12 – 1,39, n=578). No subgrupo de pacientes com exposição prévia a biológicos, não foi encontrada diferença entre os grupos (RR 1,31; IC 95% 0,87 – 1,95). Entretanto, é possível que não tenha havido poder estatístico suficiente para identificar diferenças entre os grupos, uma vez que se tratava da análise de apenas 91 pacientes. Em relação ao impacto na qualidade de vida, medido pelo Índice de Qualidade de Vida em Dermatologia (DLQI), mais pacientes que usaram secuquinumabe atingiram o DLQI 0/1, que representa pouco ou nenhum impacto da psoríase na qualidade de vida dos pacientes, comparado ao número de pacientes que receberam ustequinumabe (RR 1,21; IC 95% 1,08 – 1,35, n=664). Quanto aos eventos adversos, foi reportado um óbito no grupo que recebeu ustequinumabe e nenhum no grupo secuquinumabe. Para eventos adversos graves e infecções, não foram identificadas diferenças entre os grupos, com riscos relativos de 1,16 (IC 95% 0,70 – 1,91; n=671) e RR 1,02 (IC 95% 0,90 – 1,16; n=671), respectivamente. Não foram identificados estudos de intervenção de comparação direta entre secuquinumabe e adalimumabe, concluídos ou em andamento. A meta-análise em rede Bayesiana não identificou diferença estatística entre secuquinumabe e adalimumabe em relação ao controle total dos sintomas em 52 semanas de acompanhamento, com razão de risco de 1,32 e intervalo de credibilidade extenso de 95% entre 0,91 e 3,05 (evidência com qualidade baixa). Não foram identificadas diferenças entre secuquinumabe e ustequinumabe ou adalimumabe em desfechos de segurança5.Referências bibliográficas
1Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Secretaria de Atenção Especializada à Saúde. Portaria Conjunta nº 10, de 6 de setembro de 2019. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Psoríase. [portaria na internet]. Diário Oficial da União 11 set 2019 [acesso em 10 jun 2020]; Seção 1, (176). Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Protocolos/Diretrizes/Portaria_SAES_SCTIE_10_2019.pdf.
2Cosentyx [Bula]. Suíça: Novartis Biociências S.A. Farm; 2020.
3Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. [acesso em 16 jun 2020]. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/374947/5910567/LISTA_CONFORMIDADE_GOV_2020_06_v1.pdf/e9203699-a1b2-43f1-8987-6737b36a975e.
4Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2020. Brasília: Ministério da Saúde; 2020 [acesso em 10 jun 2020]. Disponível em: http://portalms.saude.gov.br/assistencia-farmaceutica/medicamentos-rename.
5Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação n°. 477, de out 2019. Secuquinumabe (Cosentyx®) para Psoríase moderada a grave. [Acesso em 10 jun 2020]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2019/Relatorio_SECUQUINUMABE_PSORASE_SECRETARIO_2019_PORTARIA.pdf.
6Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Portaria n°. 46, de 16 de outubro de 2019. Torna pública a decisão de não incorporar o secuquinumabe como primeira etapa de terapia biológica para o tratamento da psoríase em placas moderada a grave em pacientes adultos, no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS. [portaria na internet]. Diário Oficial da União 17 out 2019 [acesso em 10 jun 2020]; Seção 1,(202). Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/Portaria/2019/PortariasSCTIE_46e48_2019.pdf. -
Selexipag para hipertensão arterial pulmonar :: Novembro/2018
Data de elaboração: Novembro/2018 Data de publicação: Novembro/2018 O que é Hipertensão Arterial Pulmonar?
A hipertensão pulmonar (HP) compreende um conjunto de desordens no organismo que podem causar complicações na maioria das doenças cardiovasculares e respiratórias. É definida como um aumento da pressão pulmonar média igual ou acima de 25 mmHg em repouso, avaliada por meio de cateterismo cardíaco1,2. A hipertensão arterial pulmonar (HAP) refere-se a uma subpopulação de pacientes com HP caracterizada hemodinamicamente pela presença de HP pré-capilar, incluindo uma pressão de oclusão da artéria pulmonar expiratória final (PAWP) menor ou igual a 15 mmHg2. Os sintomas em pacientes com HP são inespecíficos e associados principalmente à disfunção ventricular direita progressiva. Os sintomas iniciais são tipicamente induzidos por esforços. A dispneia (dificuldade de respirar caracterizada por respiração rápida e curta) relacionada a esforços é o sinal mais precoce e frequentemente observado, com caráter progressivo e reflete a incapacidade do sistema cardiovascular em aumentar o débito cardíaco. Outros sintomas que podem estar associados à HP são fadiga, pré-sincope, síncope, dor torácica e palpitações3.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Hipertensão Arterial Pulmonar?
Sim. O SUS oferece uma estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) Hipertensão Arterial Pulmonar. (http://conitec.gov.br/images/Protocolos/HAP.pdf)4A tecnologia possui registro na ANVISA?
O medicamento selexipag (Uptravi®) não possui registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). É indicado para o tratamento a longo prazo da hipertensão arterial pulmonar (HAP) em adultos com Classe Funcional (CF) II–III de acordo com a classificação da OMS.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Uptravi® - comprimidos revestidos - 200 mcg, 400 mcg, 600 mcg, 800 mcg, 1.000 mcg, 1.200 mcg, 1.400 mcg, 1.600 mcg.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 22/10/2018.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não.Quanto custa o tratamento com Selexipag?
Tendo em vista que este medicamento ainda não possui registro na ANVISA, não está precificado pela CMED5.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Hipertensão Arterial Pulmonar?
Sim, são disponibilizados os medicamentos apresentados na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Ambrisentana Comprimido 5 mg
10 mgAnlodipino Comprimido 5 mg
10 mgBosentana Comprimido 62,5 mg
125 mgIloprosta Solução para Nebulização 10 mcg/ml Nifedipino Cápsula ou Comprimido 10 mg Sildenafila Comprimido 20 mg O financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento1.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosa, conforme PCDT2.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Não, até a presente data, não foi protocolada, na CONITEC, demanda para analisar a incorporação do medicamento selexipag para tratamento de neoplasia maligna de hipertensão arterial pulmonar ou para outras condições clínicas, seja pelo laboratório fabricante ou por outros demandantes. Ressalta-se que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou a empresa (produtora da tecnologia ou não), pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à CONITEC, desde que cumpra as exigências legais impostas pelo Decreto nº 7.646/2011.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Ensaio clínico randomizado avaliou o uso de selexipag para o tratamento de HAP comparado com placebo. Trata-se de um estudo de fase 3, controlado por placebo, com recrutamento de 1.156 pacientes. Os resultados do ensaio clínico analisado sugerem que selexipag apresenta melhor benefício clínico em comparação com placebo sem, entretanto, influenciar na mortalidade e apresentando mais eventos adversos. Os dados do estudo foram de difícil interpretação e não permitiram uma conclusão clara a respeito do benefício do medicamento. Por fim, verifica-se que não existem comparações diretas de selexipag com medicamentos já aprovados e disponibilizados para o tratamento de HAP e que no Brasil, através do Sistema Único de Saúde, são disponibilizadas outras opções terapêuticas para o tratamento de HAP6.Referências bibliográficas
1Galiè N, Humbert M, Vachiery JL, et al. 2015 ESC/ERS Guidelines for the diagnosis and treatment of pulmonary hypertension: The Joint Task Force for the Diagnosis and Treatment of Pulmonary Hypertension of the European Society of Cardiology (ESC) and the European Respiratory Society (ERS): Endorsed by: Association for European Paediatric and Congenital Cardiology (AEPC), International Society for Heart and Lung Transplantation (ISHLT). Eur Heart J. 2016 Jan 1;37(1):67-119. doi: 10.1093/eurheartj/ehv317.
2Hoeper MM, Bogaard HJ, Condliffe R, et al. Definitions and diagnosis of pulmonary hypertension. J Am Coll Cardiol. 2013 Dec 24;62(25 Suppl):D42-50. doi: 10.1016/j.jacc.2013.10.032.
3Classificação e avaliação diagnóstica da hipertensão pulmonar. J. bras. pneumol., São Paulo , v. 31, supl. 2, p. S1- S8, Aug. 2005. doi: dx.doi.org/10.1590/S1806-37132005000800002.
4BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 609, de 6 de junho de 2013. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. Disponível em: http: http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2014/junho/13/Portaria-609-de-2013.pdf Acesso em: 22/03/2018.
5Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 22/10/2018.
6Sitbon O, Channick R, Chin KM, et al; GRIPHON Investigators. Selexipag for the Treatment of Pulmonary Arterial Hypertension. N Engl J Med. 2015 Dec 24;373(26):2522-33. doi: 10.1056/NEJMoa1503184. -
Sibutramina para obesidade :: Fevereiro/2022
Data de elaboração: Setembro/2021 Data de publicação: Fevereiro/2022 O que é obesidade?
A obesidade é uma condição crônica multifatorial, que engloba diferentes dimensões, tais como biológica, social, cultural, comportamental, de saúde pública e política. O desenvolvimento da obesidade decorre de interações entre o perfil genético de maior risco, os fatores sociais e ambientais, à exemplo da inatividade física, ingestão calórica excessiva, ambiente intrauterino, uso de medicamentos obesogênicos e status socioeconômico. Sono insuficiente, disruptores endócrinos e microbiota intestinal também podem estar associados à gênese da obesidade. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a extensão e a gravidade da crise da obesidade são comparadas apenas à negligência e ao estigma enfrentados pelas pessoas com obesidade. No mundo, sobrepeso e obesidade afetam mais de 2 bilhões de adultos, e a prevalência quase triplicou em 40 anos. Em 2016, mais de 1,9 bilhão de adultos, com 18 anos ou mais, estavam acima do peso. Destes, mais de 650 milhões tinham obesidade, o que aumenta a preocupação com os riscos à saúde associados a essa condição clínica. De acordo com dados da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico de 2019, a prevalência da obesidade em adultos no Brasil aumentou 72% nos últimos treze anos, saindo de 11,8%, em 2006, para 20,3%, em 2018. Mais da metade da população brasileira, 55,4%, tem excesso de peso. Observou-se um aumento de 30%, quando comparado com percentual de 42,6%, referente ao ano de 2006. A prevalência de excesso de peso tende a aumentar com a idade e diminuir com a escolaridade. O diagnóstico de sobrepeso ou obesidade é clínico, baseado na estimativa do índice de massa corporal (IMC), que consiste na relação entre o peso e a altura do indivíduo. A obesidade compromete a qualidade e reduz a expectativa de vida do indivíduo. Além disso, ela gera impactos na sociedade a partir do aumento dos gastos diretos em saúde, bem como dos custos indiretos associados à perda de produtividade1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar obesidade?
Sim. O SUS oferece estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) do Sobrepeso e Obesidade em Adultos, publicado por meio da Portaria SCTIE/MS nº 532, de 11 de novembro de 2020. O documento foi disponibilizado com vistas a apresentar diretrizes gerais para a prevenção e promoção à saúde, discorrendo sobre o diagnóstico, a terapêutica e o monitoramento de pessoas adultas com sobrepeso ou obesidade no Sistema Único de Saúde (SUS). O PCDT inclui critérios de classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados à saúde, de diagnóstico, de inclusão e exclusão, de prevenção do sobrepeso e da obesidade, além de tratamento, casos especiais, monitoramento, e regulação/controle/avaliação pelo gestor, no âmbito do SUS3.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O cloridrato de sibutramina é indicado como terapia adjuvante, integrando um programa de gerenciamento de peso recomendado para pacientes com IMC maior ou igual a 30 kg/m24.Possui genérico?
Sim5.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Slenfig®, Biomag®, Vazy®, Sibus®, Nolipo®, Grece®, Sigran®, Saciette® e cloridrato de sibutramina** - cápsulas duras de 10 mg e 15 mg.
** Diversos fabricantes de medicamentos genéricos.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED05 de 04/09/2021.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não, de acordo com consulta realizada à Rename6, em 29/09/2021.Quanto custa o tratamento com sibutramina?
O cloridrato de sibutramina monoidratado deve ser utilizado apenas sob orientação médica. A dose inicial recomendada é de 1 cápsula de 10 mg por dia. Caso não ocorra perda de, pelo menos, 2 kg nas primeiras 4 semanas de tratamento, o médico deve reavaliar o tratamento, que pode incluir um aumento da dose para 15 mg ou a suspensão do tratamento com sibutramina.Visto que existem diversos registros referentes à sibutramina na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), e que o fármaco possui medicamentos genéricos e similares de várias marcas e produtores e apresentações diferentes, o cálculo do valor do tratamento foi baseado no medicamento genérico de maior custo.O custo estimado mensal para ambas as dosagens, 10 mg e 15 mg, foi de R$ 232,33. Os valores foram calculados de acordo com o Preço Fábrica (PF), estabelecido pela Anvisa, e a alíquota de 18% em relação ao ICMS do medicamento genérico cloridrato de sibutramina monoidratado, da fabricante Aché Laboratórios Farmacêuticos S.A., segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED/Anvisa)5.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar obesidade?
Sim, de acordo com o PCDT de Sobrepeso e Obesidade em adultos, o SUS preconiza o tratamento não farmacológico baseado em alimentação controlada, prática de atividade física, suporte psicológico, práticas integrativas e complementares em saúde, e tratamento cirúrgico apenas para os casos e critérios determinados pelo Protocolo. Não há medicamento para redução de peso incorporado no sistema público de saúde do Brasil3.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, a Conitec avaliou a sibutramina para o tratamento dos pacientes com obesidade. Durante a 86ª Reunião Ordinária, realizada no dia 05 de março de 2020, os membros da Comissão deliberaram, por unanimidade, recomendar a não incorporação da sibutramina para o tratamento dos pacientes com obesidade no âmbito do SUS1. O documento técnico foi encaminhado à Secretária de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde-Substituta (SCTIE/MS), que ratificou a recomendação e publicou a Portaria nº 15/2020, no Diário Oficial da União (DOU) nº 78, de 24/04/2020, Seção 1, pág. 221.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Rucker et al. (2007)7 realizaram uma revisão sistemática com meta-análise para quantificar a eficácia dos efeitos associados ao uso prolongado de medicamentos anti-obesidade. Foram incluídos ensaios clínicos randomizados (ECR) de ao menos um ano de duração que avaliaram os efeitos dos medicamentos anti-obesidade no peso, fatores de risco cardiovasculares, morbidade e mortalidade cardiovascular, e mortalidade global. A diferença média ponderada (IC 95%) de perda de peso foi de -4,16 kg (-4,73 kg a -3,59 kg) a favor da sibutramina, considerando todos os 10 estudos que compararam sibutramina ao placebo. Na análise de subgrupo, que incluiu os sete ECR, cujo principal objetivo era a perda de peso, a diferença média ponderada (IC 95%) de perda de peso foi de -4,20 kg (-4,77 kg a -3,64 kg), também a favor da sibutramina. Por sua vez, quando analisado o subgrupo de três ECR que tinha como objetivo a manutenção de peso dos participantes, a diferença média ponderada (IC 95%) de perda de peso foi de -4,01 kg (-5,73 kg a - 2,28 kg), a favor do grupo sibutramina. Comparados com placebo, a sibutramina aumentou a pressão arterial sistólica em 1,7 mmHg (0,1 mmHg a 3,3 mmHg; sete estudos), a pressão arterial diastólica em 2,4 mmHg (1,5 mm Hg a 3,3 mmHg; sete estudos) e a frequência cardíaca em 4,5 batimentos/min (3,5 batimentos/min a 5,6 batimentos/min; sete estudos). Insônia, náusea, boca seca e constipação foram mais comuns em pacientes que foram tratados com sibutramina, ocorrendo taxas de frequência de 7-20%. Todos os estudos incluídos mostraram um efeito positivo no tratamento, o que sugere viés de publicação. Considerando que grande parte dos estudos foi financiado por empresas farmacêuticas, e que em alguns deles não se detalhou o nível de envolvimento do financiador no estudo, há uma probabilidade maior de publicação de resultados positivos. Em relação aos desfechos de redução de IMC, os ECR (Halpern et al., 20028; Fanghänel et al., 20039; Kaya et al., 200410; Tankova et al., 200411; Porter et al., 200412; Derosa et al., 200413; Di Francesco et al., 200714; e Erondu et al., 200715) demonstraram que a sibutramina também foi mais eficaz quando comparada ao controle na maioria dos estudos. Dos seis estudos que avaliaram esse desfecho, todos reportaram que a variação de peso foi significativa dentro do grupo final versus inicial. Entretanto, apenas três relataram diferença entre o grupo sibutramina e o grupo controle, sendo que o primeiro comparou a sibutramina 10mg/dia com placebo pelo período de seis meses (Halpern et al., 2002)8; o segundo comparou a sibutramina 10mg/dia com orlistate e dieta, durante 12 semanas (Kaya et al., 2004)10; e o terceiro comparou a sibutramina, em doses de 5 a 20 mg/dia, com placebo ou nenhum medicamento por seis meses (Porter et al., 2004)12. Em uma coorte mais recente (Douglas et al., 2015)16, com baixo risco de viés, demonstrou-se que, em longo prazo (de 5 a 36 meses), os pacientes em uso de sibutramina adquiriram peso. Considerando todos os estudos apresentados, restou demonstrado que a sibutramina apresenta maior número de eventos adversos quando comparada ao controle (placebo, orlistate ou nenhum medicamento). Desta forma, seu uso deve ser avaliado com cautela pelo médico prescritor, levando em conta fatores como a idade e o perfil de comorbidades de cada paciente. As evidências disponíveis sugerem que o tratamento com sibutramina para a redução de peso representa ganhos clinicamente relevantes para pacientes com obesidade. No entanto, fatores como a baixa qualidade metodológica dos estudos, a tendência de publicação de resultados positivos e o número considerável de eventos adversos, agregam incertezas quanto ao benefício atribuído à sibutramina. Na maioria dos estudos, a sibutramina foi utilizada concomitantemente à recomendação de mudança de hábitos alimentares e comportamentais1.Referências bibliográficas
1 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação nº 522, de mar 2020. Sibutramina para o tratamento dos pacientes com obesidade. [Acesso em 22 jun 2021]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2020/Relatorio_sibutramina_obesidade_522_2019_FINAL.pdf.
2 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos. Portaria SCTIE/MS nº 53, de 11 de novembro de 2020. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas de Sobrepeso e Obesidade em Adultos. [Portaria na internet]. Diário Oficial da União 13 nov 2020 [Acesso em 22 jun 2021]; Seção 1, (145). Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/Portaria/2020/20201113_Portaria_SCTIE_53.pdf.
3 Brasil. Ministério da Saúde. Portaria SCTIE/MS nº 53, de 11 de novembro de 2020. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas de Sobrepeso e Obesidade em Adultos. Brasília: Ministério da Saúde, 2020. [Acesso em 22 jun 2021]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Protocolos/20201113_PCDT_Sobrepeso_e_Obesidade_em_Adultos_29_10_2020_Final.pdf.
4 Cloridrato de sibutramina. [Bula]. Brasil: Aché Laboratórios Farmacêuticos S.A.
5 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Medicamentos. Câmera de Regulação do Mercado de Medicamentos. Listas de Preços de Medicamentos [Acesso em 29 set 2021]. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/cmed/precos/arquivos/lista_conformidade_gov_2021_09_v1.pdf.
6 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2020. Brasília: Ministério da Saúde; 2020 [Acesso em 29 set 2021]. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/relacao_medicamentos_rename_2020.pdf.
7 Rucker D PR, Li SK, Curioni C, Lau DCW. Long term pharmacotherapy for obesity and overweight: Updated meta-analysis. Br Med J 2007;335(7631):1194-9.
8 Halpern A LC, Herszkowicz N, Barbato A, Costa APA. Evaluation of efficacy, reliability, and tolerability of sibutramine in obese patients, with an echocardiographic study. Rev Hosp Clin Fac Med Sao Paulo [Internet] 2002;57(3):98-102.9 Fanghänel G CL, Sánchez-Reyes L, Gómez-Santos R, Campos-Franco E, Berber A. Safety and efficacy of sibutramine in overweight Hispanic patients with hypertension. Adv Ther 2003;20(2):101-13.
10 Kaya A AN, Topsever P, Filiz M, Öztürk A, Daǧar A, et al. Efficacy of sibutramine, orlistat and combination therapy on short-term weight management in obese patients. Biomed Pharmacother 2004;58(10):582-7.
11 Tankova T, Dakovska G, Lazarova M, Dakovska L, Kirilov G, Koev D. Sibutramine in the treatment of obesity in type 2 diabetic patients and in nondiabetic subjects. Acta Diabetol [Internet]. Dezembro de 2004; 41940:146-53. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1007/s00592-004-0158-7.
12 Porter JAR, Marsha A; Conner, Douglas A; Lanty, Frances A; Vogel, Erin A;Gay, Elizabeth C;Merenich JA. The long-term outcomes of sibutramine effectiveness on weight (LOSE weight) study: Evaluating the role of drug therapy within a weight management program in a group-model health maintenance organization. Am J Manag Care [Internet] 2004;10(6):369-76.
13 Derosa GC, A.F.G; Murdolo, G; Ciccarelli, L; Fogari R. Comparasion of metabolic effects of orlistat and sibutramine treatment in Type 2 diabetic obese patients. Diab Nutr Metab 2004:222- 9.
14 Di Francesco V ST, Zamboni M, Bissoli L, Zoico E, Mazzali G, et al. Weight loss and quality of life improvement in obese subjects treated with sibutramine: A double-blind randomized multicenter study. Ann Nutr Metab 2007;51(1):75-81.
15 Erondu N AC, Lu K, Mallick M, Musser B, Gantz I, et al. NPY5R antagonism does not augment the weight loss efficacy of orlistat or sibutramine. Obesity 2007;15(8):2027-42.
16 Douglas IJ BK, Batterham RL, Smeeth L. The effectiveness of pharmaceutical interventions for obesity: Weight loss with orlistat and sibutramine in a United Kingdom population-based cohort. Br J Clin Pharmacol 2015;79(6):1020-7.
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Sofosbuvir + Velpatasvir para Hepatite C :: Fevereiro/2019
Data de elaboração: Fevereiro/2019 Data de publicação: Fevereiro/2019 O que é Hepatite C?
A hepatite C é uma doença infecciosa que causa inflamação aguda ou crônica no fígado. Possui elevadas taxas de morbidade e mortalidade, sendo atualmente um problema de saúde pública, que acomete entre 80 e 150 milhões de pessoas no mundo. No Brasil, aproximadamente 10 mil casos são notificados a cada ano1. A doença é causada pelo vírus da hepatite C (HCV – do inglês: Hepatitis C Virus), classificado em seis principais genótipos (GT) (1 a 6) com subtipos importantes. O vírus é transmitido principalmente pelo sangue, tendo como vias de contaminação possíveis às transfusões sanguíneas, hemodiálise, contaminação por agulhas, seringas e materiais intravenosos; já a via sexual e a transmissão vertical, não apresentam potencial de contaminação elevado1,2. Aproximadamente 80% dos pacientes são assintomáticos ou apresentam sinais e sintomas inespecíficos, comuns as diversas doenças crônicas do fígado, como febre, diminuição do apetite, dor abdominal e icterícia, razão pela qual a maioria dos pacientes têm diagnóstico tardio, quando a doença já está em fase avançada e apresenta complicações secundárias3,4. Dentre as complicações graves estão à cirrose e o câncer hepático, de modo que a hepatite C é uma das maiores causas de transplantes de fígado4. De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), estima-se que 71 milhões de pessoas tenham infecção crônica de hepatite C no mundo e aproximadamente 399.000 delas morrem a cada ano, principalmente por cirrose e carcinoma hepatocelular1. Habitualmente, a hepatite C é diagnosticada em sua fase crônica, já que, na maioria das pessoas, as primeiras duas décadas após a transmissão do vírus caracterizam-se por evolução insidiosa e assintomática. Nos casos mais graves, ocorre progressão para cirrose e descompensação hepática1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Hepatite C?
Sim. O SUS oferece estratégias de cuidados que podem ser verificadas no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Hepatite C e coinfecções (http://conitec.gov.br/index.php/protocolos-e-diretrizes#H)1.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O sofosbuvir + velpatasvir (Epclusa®) possui indicação em bula para o tratamento da infecção crônica pelo vírus da hepatite C (HCV) em adultos5.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Epclusa® - Comprimidos revestidos – 400 mg/100 mg – embalagem com 28.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 22/01/2019.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não.Quanto custa o tratamento com Sofosbuvir + Velpatasvir?
Considerando a dose recomendada em bula de 400mg (sofosbuvir) + 100mg (velpatasvir), uma vez por dia, durante 12 semanas, o custo estimado para tratamento com sofosbuvir + velpatasvir foi de R$ 18.936,25. O valor foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% do medicamento de referência, segundo ANVISA6.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Hepatite C?
Sim, de acordo com o PCDT são disponibilizados os medicamentos apresentados na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Alfapeginterferona 2a Solução injetável 180 mcg Daclatasvir (inibidor do complexo enzimático NS5A) Comprimido 30 mg
60 mgSofosbuvir (análogo de nucleotídeo que inibe a polimerase do HCV) Comprimido 400 mg Glecaprevir 100 mg/pibrentasvir 40mg Comprimido 100mg + 40 mg Ribavirina (Inibidor do RNA mensageiro viral e da polimerase do RNA viral) Cápsula 250 mg Sofosbuvir 400mg/velpatasvir 100 mg Comprimido 400 mg + 100 mg Sofosbuvir 400 mg/ledipasvir 90 mg Comprimido 400 mg + 90 mg Elbasvir 50 mg/grazoprevir 100 mg Comprimido 50 mg + 100 mg Alfaepoetina Solução injetável 10.000 UI Filgrastim 300mcg Solução injetável 300mcg O financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento1.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosa, conforme PCDT2.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, a CONITEC avaliou o sofosbuvir + velpatasvir para tratamento da hepatite C. Os membros do plenário da Comissão, presentes na 71ª reunião ordinária, realizada nos dias 03 e 04 de outubro de 2018, deliberaram, por unanimidade, por recomendar a incorporação ao SUS da associação dos antivirais de sofosbuvir e velpatasvir (SOF/VEL) para tratamento da hepatite C crônica GT 1 a 6 em adultos7.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Ensaio clínico randomizado (ECR) incluiu dois estudos: ASTRAL-2 e ASTRAL-3. Ambos de fase 3 em pacientes que receberam tratamento prévio para HCV genótipos 2 ou 3 e aqueles que não receberam tratamento, incluindo pacientes com cirrose compensada. No ensaio clínico ASTRAL-2, os pacientes com HCV genótipo 2 foram randomizados para receber um comprimido de dose fixa combinada de sofosbuvir (400 mg) e velpatasvir (100 mg) uma vez ao dia ou sofosbuvir (400 mg) e ribavirina (dose baseada em peso) (RibaSphere, Kadmon) durante 12 semanas. No ensaio clínico ASTRAL-3, pacientes com HCV genótipo 3 foram randomizados para receber sofosbuvir-velpatasvir durante 12 semanas ou sofosbuvir-ribavirina durante 24 semanas. Nos dois estudos, à randomização foi estratificada de acordo com a presença ou ausência de cirrose e o tratamento prévio ou não. Verificou-se que a taxa de reposta virológica sustentada entre os pacientes com HCV genótipo 2 em uso de sofosbuvir-velpatasvir foi de 99% versus 94% entre aqueles em uso de sofosbuvir-ribavirina. Entre os pacientes HCV genótipo 3, a taxa de resposta virológica sustentada após o tratamento com sofosbuvir-velpatasvir foi de 95% versus 80% entre aqueles em uso de sofosbuvir-ribavirina. Em ambos os estudos, as taxas de eventos adversos foram menores entre os pacientes recebendo sofosbuvir-velpatasvir do que nos pacientes recebendo sofosbuvir-ribavirina, sendo que os eventos adversos mais comuns em todos os grupos de tratamento foram: fadiga, dor de cabeça e náusea. No estudo ASTRAL-3 pacientes recebendo sofosbuvir-ribavirina tiveram maior frequência de insônia, irritabilidade e tosse, eventos que são associados à ribavirina8. Outro estudo de ensaio clínico (ASTRAL 4) randomizado, open-label, de fase III, multicêntrico, realizado por Curry e colaboradores, avaliou a eficácia e segurança do tratamento de sofosbuvir-velpatasvir (SOF/VEL) com ou sem ribavirina (RBV), em pacientes infectados com HCV GT1 a 6 e com cirrose descompensada. A respeito das alterações na função hepática, dos 267 pacientes tratados, 250 tiveram escores CPT (Child-Turcotte-Pugh) e MELD (Modelo para Doença Hepática Terminal) avaliáveis após a semana 12. Desses, 47% apresentaram melhora nos escores CPT em relação ao baseline, 42% não demonstraram alteração e 11% tiveram piora. Dos 223 pacientes com escore MELD inferior a 15 no baseline, 51% apresentaram melhora no escore, 22% não tiveram alteração e 27% demonstraram piora. Dos 27 pacientes que tiveram escores MELD superior ou igual a 15 no baseline, 81% apresentaram melhora, 11% não apresentaram alteração e 7% tiveram piora. Em relação à segurança, um total de nove pacientes descontinuaram o tratamento devido a algum evento adverso: 1% no grupo SOF/VEL por 12 semanas, 5% no grupo SOF/VEL+RBV e 4% no grupo SOF/VEL por 24 semanas. Os eventos adversos graves ocorreram em 19% dos pacientes no grupo SOF/VEL por 12 semanas, 16% no grupo SOF/VEL+RBV e 18% do grupo SOL/VEL por 24 semanas. Todavia, ressalta-se que como limitações do estudo pode-se pontuar que o mesmo não foi desenhado para detectar diferenças entre os grupos de tratamento. E ainda, apenas 13 pacientes com cirrose descompensada, com MELD escore maior ou igual a 16, foram incluídos, não sendo possível extrapolar os resultados para pacientes com doença mais grave9.Referências bibliográficas
1BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria SCTIE/MS nº 84, de 19 de dezembro de 2018. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Hepatite C e Coinfecções. Brasília: Ministério da Saúde, 2018. Disponível em: http: http://conitec.gov.br/index.php/protocolos-e-diretrizes#H Acesso em: 28/01/2019.
2COVAS, D. T.; PASSOS, A. D. C.; VALENTE, V.B.; Marcadores sorológicos das hepatites B e C em doadores de sangue do Hemocentro de Ribeirão Preto, SP. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, Uberaba, v.36, n.6 nov./dez. 2005.
3MANDELL, G; BENNETT, J.; DOLIN, R. Mandell, Douglas, and Bennett’s Principles and Practice of Infectious Diseases. Philadelphia: Elsevier, 2009.
4WHO (World Health Organization). Hepatitis. Atualização de 07 abr 2017. Disponível em: .
5SOFOSBUVIR+VELPATASVIR. Bula de medicamento. Gilead Sciences Farmacêutica do Brasil Ltda. Farm. Resp: Raquel Maia Sanchez Disponível em: https://www.gilead.com/-/media/files/pdfs/other/epclusa_br_profissional-da-saude.pdf?la=en&hash=BE8F49E7C0224702926B32EADD217B8C Acesso em 28/01/2019.
6Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 28/01/2019.
7BRASIL. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias do SUS – CONITEC. Relatório de Recomendação. Sofosbuvir em associação a velpatasvir para hepatite C crônica. Nº398, outubro de 2018. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2018/Relatorio_SofosbuvirVelpatasvir_HepatiteC_Cronica.pdf Acesso em: 28/01/2019.
8Foster G. R. et. al. Sofosbuvir and Velpatasvir for HCV Genotype 2 and 3 Infection. New England Journal of Medicine, v. 373, p.2608-2617, dec, 2015.
9 CURRY MP, O’LEARY JG, BZOWEJ N, et al. Sofosbuvir and Velpatasvir for HCV in Patients with Decompensated Cirrhosis. The New England Journal of Medicine. 2015 -
Somatropina para síndrome de Prader-Willi :: Outubro/2018
Data de elaboração: Outubro/2018 Data de publicação: Outubro/2018 O que é Síndrome de Prader-Willi?
A síndrome de Prader-Willi (SPW) é uma doença genética, caracterizada pela ausência de genes expressos paternalmente na região cromossômica 15q11-13 devido a deleção, dissomia materna, defeito de impressão ou translocação cromossômica1,2. Trata-se de uma doença multissistêmica complexa, caracterizada por uma variedade de defeitos físicos, cognitivos e comportamentais3,4. As características incluem hipotonia, fraqueza muscular, hipogonadismo, obesidade, baixa estatura, problemas comportamentais e deficiência intelectual3,5. Os pacientes com SPW apresentam um aumento da massa corporal gorda, diminuição da massa corporal magra e diminuição da densidade mineral óssea. Deficiências do hormônio de crescimento em graus variados são frequentemente observadas em pacientes com SPW3,4. A escoliose foi encontrada em alguns pacientes com SPW6.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Síndrome de Prader-Willi?
Não, não existe até o momento estratégia específica no SUS para o tratamento desta doença. O SUS oferece suporte à doença por meio de procedimentos previstos na Política Nacional de Atenção às Pessoas com Doenças Raras. O manejo clínico dos pacientes envolve equipe multidisciplinar com atividades como fisioterapia e fonoaudiologia, uso de medicamentos sintomáticos, intervenções cirúrgicas e específicas de acordo com o caso.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Não, apesar da somatropina estar registrada na ANVISA para o tratamento de crianças com deficiência de crescimento e Síndrome de Turner, não se observa na bula do medicamento qualquer indicação para a Síndrome de Prader-Willi7.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Biomatrop® - 4 UI e 16 UI – Pó para solução injetável – caixa com 1 frasco-ampola.
Eutropin® - 4 UI e 15 UI – Pó para solução injetável – caixa com 5 frasco-ampola.
Genotropin® - 16 UI e 36 UI – Pó para solução injetável – caixa 1 ou 5 canetas preenchidas.
Hormotrop® - 4 UI e 12 UI – Pó para solução injetável – caixa com 4 ou 6 frasco-ampola.
Norditropin® - 5 UI, 10 UI e 15UI – Solução injetável – caixa com 1 frasco-ampola
Omnitrope® - 5 UI e 10 UI – Solução injetável – caixa com 1 frasco-ampola.
Saizen® - 1,33 mg/ml, 5,83 mg/ml, 8 mg/ml – Solução injetável – caixa com 1 frasco-ampola.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 25/09/2018.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não está disponível para a indicação proposta.Quanto custa o tratamento com Somatropina?
Considerando a dose recomendada em bula de 0,10 UI/Kg de peso corpóreo, uma vez ao dia, o custo mensal estimado para tratamento da somatropina, em um paciente de 70 kg é de é de R$ 1.879,74. O custo foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% do medicamento de referência, segundo ANVISA8.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Síndrome de Prader-Willi?
Não.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Até a presente data, não foi protocolada, na CONITEC, demanda para analisar a incorporação da somatropina para tratamento de Síndrome de Prader-Willi, seja pelo laboratório fabricante ou por determinados demandantes. É válido informar que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou a empresa produtora do medicamento, pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à CONITEC, desde que cumpra as exigências legais.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Revisão sistemática seguida de meta-análise avaliou a eficácia e a segurança do tratamento com hormônio de crescimento em adultos com Síndrome de Prader-Willi (SPW). Foram incluídos oito estudos com 134 participantes de pesquisa. Cinco estudos avaliaram a resposta em 12 meses de tratamento, enquanto três estudos relataram os efeitos a longo prazo, entre 60 a 72 meses. Todos os estudos tinham desenho prospectivo, mas apenas dois foram randomizados controlados por placebo e um deles era duplo cego. Foram estimadas as diferenças das médias ponderadas entre os grupos tratados com hormônio de crescimento e placebo (ou diferenças entre o pré-tratamento e o pós-tratamento, conforme apropriado). Concluiu-se que a terapia com hormônio de crescimento diminuiu a massa gorda corporal, aumentou a massa magra e melhorou a função motora em adultos9. Outra revisão sistemática avaliou o efeito do uso do hormônio do crescimento ou da atividade física na performance motora em crianças e adultos com SPW e foi verificado que a somatropina melhorou o desenvolvimento mental e motor dos lactentes, além de aumentar a funcionalidade física e a força da parede torácica em crianças10.Referências bibliográficas
1Fridman, C., Varela, M.C., Kok, F. et al. (2000) Prader-Willi syndrome: genetic tests and clinical findings. Genetic Testing, 4, 387– 392.
2Lo ST, Siemensma EP, Festen DA, Collin PJ, Hokken-Koelega AC. Behavior in children with Prader-Willi syndrome before and during growth hormone treatment: a randomized controlled trial and 8-year longitudinal study. Eur Child Adolesc Psychiatry. 2015;24:1091-101.
3Hoybye, C., Bruun, J.M., Richelsen, B. et al. (2004) Serum adiponectin levels in adults with Prader-Willi syndrome are independent of anthropometrical parameters and do not change with.
4Coupaye M, Lorenzini F, Lloret-Linares C, Molinas C, Pinto G, Diene G, et al. Growth hormone therapy for children and adolescents with Prader-Willi syndrome is associated with improved body composition and metabolic status in adulthood. J Clin Endocrinol Metab [Internet]. 2013 Feb [cited 2015 Oct 6];98(2):E328-E335. Available from: http://press.endocrine.org/doi/pdf/10.1210/jc.2012-2881
5Whittington, J.E., Holland, A.J., Webb, T., Butler, J., Clarke, D., Boer, H., 2001. Population prevalence and estimated birth incidence and mortality rate for people with Prader–Willi syndrome in one UK Health Region. Journal of Medical Genetics 38, 792–798.
6Murakami N, Obata K, Abe Y, Oto Y, Kido Y, Itabashi H, et al. Scoliosis in Prader-Willi syndrome: effect of growth hormone therapy and value of paravertebral muscle volume by CT in predicting scoliosis progression. Am J Med Genet A. 2012 Jul;158A(7):1628- 32.
7SOMATROPINA. Bula de medicamento. Laboratórios Pfizer Ltda. Farm. Resp.: Carolina C. S. Rizoli - CRF-SP Nº 27071. Disponível em:http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=16983612016&pIdAnexo=3438475 Acesso em: 28/09/2018.
8Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 28/09/2018.
9Sanchez-Ortiga R, Klibanski A, Tritos NA. Effects of recombinant human growth hormone therapy in adults with Prader-Willi syndrome: a meta-analysis. Clin Endocrinol (Oxf). 2012 Jul;77(1):86-93. doi: 10.1111/j.1365-2265.2011.04303.x.
10Reus L, van Vlimmeren LA, Staal JB, Otten BJ, Nijhuis-van der Sanden MW. The effect of growth hormone treatment or physical training on motor performance in Prader-Willi syndrome: a systematic review. Neurosci Biobehav Rev. 2012 Sep;36(8):1817-38. doi: 10.1016/j.neubiorev.2012.05.005. -
Succinato de ribociclibe para câncer de mama :: Outubro/2022
Data de elaboração: Outubro/2022 Data de publicação: Outubro/2022 O que é o câncer de mama?
O câncer de mama é uma doença causada pela multiplicação desordenada de células da mama. Esse processo gera células anormais que se multiplicam, formando um tumor.O diagnóstico para o câncer de mama pode incluir estratégias de detecção precoce e rastreamento. A estratégia de diagnóstico precoce contribui para a redução do estágio de apresentação do câncer e possibilidade de melhor efetividade do tratamento. São considerados sinais e sintomas suspeitos de câncer de mama e de referência urgente para a confirmação diagnóstica:
Quadro 1. Sintomas suspeitos de câncer de mama.
Sintomas suspeitos de câncer de mama Qualquer nódulo mamário em mulheres com mais de 50 anos. Nódulo mamário em mulheres com mais de 30 anos, que persistem por mais de um ciclo menstrual. Nódulo mamário de consistência endurecida e fixo ou que vem aumentando de tamanho, em mulheres adultas de qualquer idade. Descarga papilar sanguinolenta unilateral. Lesão eczematosa da pele que não responde a tratamentos tópicos. Presença de linfadenopatia axilar. Aumento progressivo do tamanho da mama com a presença de sinais de edema, como pele com aspecto de casca de laranja. Retração na pele da mama. Mudança no formato do mamilo. Fonte: Site Conitec4
Em geral, pode ser dividido em três subgrupos biológicos, cada um dos quais tem uma influência direta nas escolhas de tratamento: aqueles que expressam o receptor de estrogênio (ER); aqueles que expressam o receptor 2 do fator de crescimento epidérmico humano (HER2); e aqueles que não expressam nenhum destes, nem o receptor de progesterona (triplo-negativo). Embora seja improvável que o câncer de mama metastático seja curado, tem havido melhorias significativas na sobrevida devido à disponibilidade de terapias sistêmicas mais eficazes, incluindo terapia endócrina no tratamento de doenças sensíveis aos hormônios1.
O câncer de mama é uma das doenças mais estudadas em Oncologia, considerado muito heterogêneo e, portanto, com diferentes abordagens em diretrizes, guidelines, e trabalhos científicos. O câncer de mama tem seu prognóstico e tratamento definidos pela localização, idade de apresentação e estadiamento, e ainda fatores de risco que levam em consideração critérios histopatológicos, biológicos e, mais recentemente, moleculares e genéticos2.
Trata-se do segundo cancer mais incidente no mundo, ficando atrás apenas do câncer de pulmão. No Brasil, o câncer de mama é o tipo mais comum de câncer entre as mulheres no mundo e no Brasil, depois do câncer de pele não melanoma, correspondendo a cerca de 25% dos casos novos a cada ano. Estima-se que no período de 2020 a 2022 há incidência de câncer de mama seja de aproximadamente 66.280 casos para cada ano. Esse valor corresponde a um risco estimado de 61,61 casos novos a cada 100 mil mulheres. O câncer de mama é mais frequente em mulheres mais velhas e menos de 5% dos casos são diagnosticados em mulheres abaixo dos 35 anos2.
A identificação de fatores de risco e da doença em seu estágio inicial e o encaminhamento ágil e adequado para o atendimento especializado dão à Atenção Básica um caráter essencial para um melhor resultado terapêutico e prognóstico dos casos2.
O desenvolvimento do câncer de mama está relacionado a uma combinação de fatores de risco, no entanto algumas mulheres podem ter câncer de mama mesmo sem quaisquer outros fatores de risco que conheçam1.
Existe estratégia de cuidado no no SUS para tratar o câncer de mama?
Sim. O SUS oferece estratégia de cuidado que pode ser verificada nas Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas (DDT) do Carcinoma de Mama2, publicado por meio da Portaria SAS/SCTIE/MS nº 53, de 18 de abril 2019. As Diretrizes estão em fase de atualização.A tecnologia possui registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)?
Sim. O succinato de ribociclibe foi registrado inicialmente na Anvisa em julho de 2018, sob o nome comercial de Kisqali™. A indicação apresentada em bula são para o tratamento de pacientes, com câncer de mama localmente avançado ou metastático, receptor hormonal (RH) positivo e receptor para o fator de crescimento epidérmico humano tipo 2 (HER2) negativo em combinação com um inibidor de aromatase ou fulvestranto. Em mulheres na pré ou perimenopausa, a terapia endócrina deve ser combinada com um agonista do hormônio liberador do hormônio luteinizante (LHRH)4.Possui genérico?
Não5.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Kisqali™ - comprimido revestido com 200 mg em apresentações com 21, 42 e 63 comprimidos.*Medicamento disponível no mercado de acordo com a lista CMED5, de 29/08/2022, atualizada em 12/08/2022.
O medicamento está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename)?
Não, de acordo consulta realizada à Rename6, em 29/08/2022.Quanto custa o tratamento com succinato de ribociclibe?
Considerando a dose recomendada em bula de 600 mg, ao dia, por vinte e um dias consecutivos, em ciclo de 28 dias, o custo mensal estimado para tratamento com succinato de ribociclibe R$ 19.338,77 (dezenove mil, trezentos e trinta e oito reais e setenta e sete centavos). O valor foi calculado considerando-se o Preço Fábrica (PF) e a alíquota de 18% em relação ao ICMS do medicamento de referência, segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED/Anvisa5, pois esse medicamento não consta na lista de isenção de ICMS ou com aplicação do desconto CAP.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar o câncer de mama?
Sim. O SUS disponibiliza o tratamento para o câncer de mama, conforme a DDT do Carcinoma de Mama1. Esclarece-se que para o tratamento de câncer no SUS, não há uma lista específica de medicamentos, vez que o cuidado ao paciente deve ser feito de forma integral nas Unidades de Alta Complexidade em Oncologia (UNACON) ou Centros de Alta Complexidade em Oncologia (CACON). Nesses estabelecimentos de saúde, o fornecimento de medicamentos é feito via autorização de procedimento de alta complexidade (APAC), conforme os procedimentos tabelados. Assim, esses hospitais habilitados como UNACON ou CACON devem oferecer assistência especializada e integral ao paciente com câncer, atuando no diagnóstico e tratamento do paciente, sendo ressarcidos pelo gestor federal quando da realização dessa assistência, inclusive farmacêutica, de acordo com valores pré-estabelecidos na Tabela de Procedimentos do SUS.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou a tecnologia para esta condição clínica?
Sim, a Conitec avaliou o succinato de ribociclibe para o tratamento de pacientes adultas com câncer de mama avançado ou metastático com HR+ e HER2-. Durante a 103ª reunião ordinária, realizada no dia 10 de novembro de 2021, os membros da Comissão recomendaram a incorporação ao SUS dos inibidores de ciclina (abemaciclibe, palbociclibe e succinato de ribociclibe) para o tratamento do câncer de mama avançado ou metastático com HR+ e HER2-, de acordo com a assistência oncológica no SUS e as Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas do Ministério da Saúde2. Os documentos técnicos foram encaminhados ao Secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde (SCTIE/MS), que ratificou as recomendaçãos e publicou a Portaria SCTIE/MS nº 73/2021, no Diário Oficial da União (DOU) nº 229, de 07/12/2021, Seção 1, pág. 160.O que a literatura científica relata sobre o uso dessa tecnologia para o câncer de mama?
Slamon at al (2020)7, no estudo denominado MONALEESE-3, um Ensaio Clínico Randomizado (ECR) de fase 3, multicêntrico, internacional, controlado por placebo e com análise por intenção de tratar (ITT). Nesse estudo, ribociclibe foi associado ao fulvestranto, utilizado no tratamento de primeira e segunda linha e comparado ao fulvestranto + placebo nas respectivas linhas. Na primeira publicação do estudo, os dados do desfecho primário Sobrevida Livre de Progressão (SLP) foram apresentados. Ribociclibe + fulvestranto, na análise por intenção de tratar, reduziu significantemente o risco para progressão em 41% (HR 0,59; IC 95% 0,49-0,70), com uma mediana de SLP estimada em 20,6 versus 12,8 meses com a monoterapia com fulvestranto. No corte de primeira linha, a mediana de SLP foi de 33,6 meses, a maior já observada com TE para esse desfecho, e de 19,2 meses para a monoterapia com fulvestranto, representando uma redução de risco para progressão de 45% (HR: 0,55; IC 95%: 0,41-0,72). Para a população em segunda linha, a mediana de SLP com ribociclibe + fulvestranto foi de 14,6 versus 9,1 meses com a monoterapia com fulvestranto, representado uma redução de risco para progressão de 43% (HR: 0,57; IC 95%: 0,44-0,74). As taxas de resposta objetiva e benefício clínico também foram significativamente maiores com ribociclibe + fulvestranto. Nas análises de subgrupo de interesse, houve consistência dos benefícios. O tempo até deterioração da qualidade de vida das pacientes apresentou tendência de estar prolongado com o uso de ribociclibe + fulvestranto. Os principais eventos adversos foram os hematológicos, representado principalmente pela neutropenia (53,4% no grupo ribociclibe versus 0% no grupo placebo + fulvestranto). Na atualização, para a população ITT, a associação de ribociclibe + fulvestranto reduziu o risco de mortalidade em 28% (HR 0,72; IC 95% 0,57-0,92) e o valor de p de 0,00455 foi inferior ao corrigido para a análise interina pelo método Lan-DeMets O´Brian Flaming, atingindo, portanto, significância estatística para a diferença entre os grupos. A mediana de SG foi não atingida para a associação versus 40,0 meses para a monoterapia com fulvestranto + placebo. No corte de primeira linha, a magnitude do benefício se manteve, estimando a redução de risco em 30% com mediana de SG também não alcançada versus 45,1 no grupo da monoterapia com fulvestranto. No corte de segunda linha, a redução estimada foi de 27%, com mediana de SG de 40,2 meses versus 32,5 meses com fulvestranto em monoterapia. Os achados de eventos adversos foram consistentes com os evidenciados na primeira publicação.Referências bibliográficas
1 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação n°. 678, de nov 2021. Abemaciclibe, palbociclibe e succinato de ribociclibe para o tratamento de pacientes adultas com câncer de mama avançado ou metastático com HR+ e HER2- [Acesso em 29 agosto 2022]. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/2021/20211207_relatorio_678_abemaciclibe_palbociclibe_ribociclibe_carcinoma_mama_final.pdf.2 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Portaria Conjunta nº 5, de 18 de abril de 2019. Aprova as Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas do Carcinoma de Mama. [portaria na internet] Diário Oficial da União 29 abril 2019 [acesso em 29 ago 2022]; Seção 1, (44). Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/protocolos/ddt/ddt-carcinoma-de-mama_portaria-conjunta-n-5.pdf.
3 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Portaria Conjunta SAS/SCTIE/MS nº 5, de 28 de abril 2019. Aprova as Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas do Mieloma Múltiplo. [Portaria na internet]. Diário Oficial da União 29 abr 2019 [Acesso em 29 ago 2022]; Seção 1, (44). Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/portaria/2019/portariasconjuntas_sctie_sas_5_2019.pdf .
4 Succinato de ribociclibe. [Bula]. Brasil: Novartis Biociências SA.
5 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Medicamentos. Câmera de Regulação do Mercado de Medicamentos. Listas de Preços de Medicamentos [Acesso em 29 agosto 2022]. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/cmed/precos.
6 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2022. Brasília: Ministério da Saúde; 2022 [Acesso em 29 agosto 2022]. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/20220128_rename_2022.pdf.
7 Slamon DJ, Neven P, Chia S, Fasching PA, De Laurentiis M, Im SA, et al. Overall Survival with Ribociclib plus Fulvestrant in Advanced Breast Cancer. The New England journal of medicine. 2020;382(6):514-24. Disponível em: https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa1911149.
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Sunitinibe para carcinoma de células renais metastático :: Julho/2019
Data de elaboração: Abril/2019 Data de publicação: Julho/2019 O que é Carcinoma de células renais metastático?
O carcinoma de células renais (CCR), também conhecido como câncer de células renais ou adenocarcinoma de células renais, é o tipo mais comum de câncer de rim. Cerca de 90% dos cânceres de rim são CCR. Existem vários subtipos de CCR, identificadas por meio das células cancerosas visualizadas ao microscópio, entre eles o convencional ou de células claras (com uma prevalência de 70%), o papilar (10%) e o cromofóbico (5%). Os demais são considerados muito raros, com uma prevalência abaixo de 1% para cada um deles. Saber o subtipo de CCR pode ser um fator na decisão sobre o tratamento e pode também ajudar o médico a determinar se o câncer pode ser devido a uma síndrome genética hereditária1. Além disso, estes subtipos de CCR apresentam características morfológicas, genéticas e moleculares distintas, resultando em doenças de prognósticos variáveis2. Os fatores de riscos de CCR estão relacionados aos hábitos de vida (como o tabagismo e a obesidade), fatores exógenos (como a exposição ao cádmio e a alguns herbicidas), fatores genéticos e hereditários, hipertensão e doença renal avançada, dentre outros1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Carcinoma de células renais metastático?
Sim. O SUS oferece uma estratégia de cuidado que pode ser verificada nas Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas (DDT) do Carcinoma de Células Renais (http://conitec.gov.br/images/Artigos_Publicacoes/ddt_Carcinoma-CelRenais_2014.pdf)3A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O sunitinibe (Sutent®) possui indicação em bula para o tratamento de: (i) tumor estromal gastrintestinal (GIST) após falha do tratamento com mesilato de imatinibe em decorrência de resistência ou intolerância; (ii) carcinoma metastático de células renais (CCRm) avançado; e (iii) tumores neuroendócrinos pancreáticos não ressecáveis4.Possui genérico?
Não.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Sutent® - cápsulas – 12,5 mg, 25 mg ou 50 mg - embalagem com 28.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 15/10/2018.
*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 16/11/2018.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
NãoQuanto custa o tratamento com Sunitinibe?
Considerando a dose recomendada em bula de 50 mg, administrada em dose única diária durante 4 semanas consecutivas, seguidas por um período de descanso de 2 semanas (esquema 4/2), totalizando um ciclo completo de 6 semanas, o valor mensal estimado para tratamento do sunitinibe foi de R$ 39.2169,12. O custo foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% do medicamento de referência, segundo ANVISA5.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Carcinoma de células renais metastático?
Sim. Esclarece-se que para o tratamento de câncer no Sistema Único de Saúde, não há uma lista específica de medicamentos, vez que o cuidado ao paciente deve ser feito de forma integral nas Unidades de Alta Complexidade em Oncologia – UNACON ou Centros de Alta Complexidade em Oncologia – CACON. Nesses estabelecimentos de saúde, o fornecimento de medicamentos é feito via autorização de procedimento de alta complexidade (APAC), conforme os procedimentos tabelados. Assim, os hospitais habilitados como UNACON ou CACON devem oferecer assistência especializada e integral ao paciente com câncer, atuando no diagnóstico e tratamento do paciente.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, a Conitec avaliou o sunitinibe para tratamento de carcinoma de células renais metastático. Os membros do plenário da Comissão, presentes na 73ª reunião ordinária realizada nos dias 07 e 08 de novembro de 2018, recomendaram a incorporação do sunitinibe para carcinoma renal de células claras metastático, mediante negociação de preço e conforme o modelo da Assistência Oncológica no SUS6.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Um estudo de ensaio clínico randomizado, fase III, com 750 pacientes com no mínimo 18 anos, diagnosticados com carcinoma de células renais (CCR) metastático caracterizado histologicamente como carcinoma renal de células claras (CRCC) e sem histórico de tratamento prévio com terapia sistêmica, comparou o sunitinibe com interferon-alfa (IFN-α). Os resultados do tratamento com sunitinibe quando comparado com IFN-α, para o tratamento de primeira linha de pacientes com CRCC metastático, demonstraram benefícios clínicos nos desfechos de eficácia avaliados (mediana do tempo de SLP foi de 11 meses versus 5 meses, respectivamente e mediana de SG de 26,4 meses versus 21,8 meses, respectivamente). De modo geral, os eventos adversos foram mais frequentes nos pacientes tratados com sunitinibe, porém menos severos7. Outro estudo, de revisão sistemática com meta-análise, fez uma comparação indireta de ensaios clínicos randomizados de bevacizumabe com interferon-alfa (IFN-α), sunitinibe ou pazopanibe em comparação um com o outro ou com a monoterapia de IFN-α, no tratamento de primeira linha de pacientes com câncer renal de células claras metastático ou avançado, não tratados previamente. Verificou-se que a comparação das duas tecnologias, sunitinibe e pazopanibe, mostrou equivalência de eficácia entre os dois grupos tratados para os desfechos avaliados. A comparação indireta do tratamento com pazopanibe a IFN-α em monoterapia também demonstrou benefícios discretos em pacientes com prognóstico favorável da doença, apesar da fragilidade dos dados obtidos na meta-análise que compararam diferentes esquemas de tratamentos. De modo geral, os desfechos obtidos favoreceram o uso das terapias-alvo avaliadas, quando comparadas ao tratamento com IFN-α em monoterapia. Os resultados demonstraram que sunitinibe e pazopanibe apresentaram maior taxa de resposta em comparação com o bevacizumabe em adição à IFN-α, e sugeriram uma superioridade do pazopanibe em relação ao sunitinibe, quanto à esse desfecho8.Referências bibliográficas
1American Cancer Society (ACS). Kidney Cancer (Adult) - Renal Cell Carcinoma. Disponível em: . Acesso em: 16/11/2018.
2Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Portaria nº 1.440, de 16 de dezembro de 2014. Aprova as Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas do Carcinoma de Células Renais. Brasília: Ministério da Saúde, 2014. Disponível em: . Acesso em: 16/11/2018.
3BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 1.440, de 16 de dezembro de 2014. Aprova as Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas do Carcinoma de Células Renais. Brasília: Ministério da Saúde, 2014. Disponível em: http: http://conitec.gov.br/images/Artigos_Publicacoes/ddt_Carcinoma-CelRenais_2014.pdf. Acesso em: 16/11/2018.
4SUNITINIBE. Bula de medicamento. Laboratórios Pfizer Ltda. Resp.: Adriana L. N. Heloany. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=10810692018&pIdAnexo=10849762. Acesso em 16/11/2018.
5Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 16/11/2018.
6BRASIL. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias do SUS – CONITEC. Relatório de Recomendação. Sunitinibe ou pazopanibe para o tratamento de pacientes portadores de carcinoma renal de células claras metastático Nº406, dezembro de 2018. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2018/Relatorio_SunitinibeePazopanibe_CarcinomaRenal.pdf Acesso em: 26/04/2019.
7Motzer RJ, Escudier B, Oudard S, Hutson TE, Porta C, Bracarda S, et al. Phase 3 trial of everolimus for metastatic renal cell carcinoma : final results and analysis of prognostic factors. Cancer, 2010
8Haaland B, Chopra A, Acharyya S, Fay AP, Lopes Gde L. Comparative effectiveness of approved first-line anti-angiogenic and molecularly targeted therapeutic agents in the treatment of good and intermediate risk metastatic clear cell renal cell carcinoma. BMC Cancer. 2014 Aug 15;14:592. doi: 10.1186/1471-2407-14-592. PubMed PMID: 25127891; PubMed Central PMCID: PMC4148555 -
Tafamidis meglumina para polineuropatia amiloidótica familiar relacionada à proteína transtirretina :: Novembro/2020
Data de elaboração: Outubro/2020 Data de publicação: Novembro/2020 O que é polineuropatia amiloidótica familiar relacionada à proteína transtirretina?
A polineuropatia amiloidótica familiar relacionada à transtirretina (PAF-TTR) é uma doença genética neurodegenerativa progressiva altamente incapacitante, irreversível e fatal. É uma forma de amiloidose hereditária autossômica dominante causada por mutações no gene da transtirretina (TTR). Além da grave incapacidade ao longo da evolução da doença, a PAF-TTR costuma ser fatal entre 7 a 12 anos após o início dos sintomas1. Os depósitos da substância amiloide nos tecidos relacionados à uma mutação da transtirretina provocam frequentemente lesões nos nervos periféricos, coração, trato gastrointestinal, rins, sistema nervoso central e olhos2. As principais manifestações clínicas são dor, parestesia, perda de sensibilidade e paresia que iniciam nos membros inferiores e evoluem para todo o corpo. Ocorre ainda disfunção da marcha e os pacientes acabam por necessitar de auxílio para caminhar ou ficam restritos à cadeira de rodas. Em 80% dos pacientes ocorre acometimento cardíaco, sendo importante fator de morbidade1. Os sintomas digestivos constituem um dos aspectos mais relevantes e precoces da clínica da PAF-TTR, por sua frequência e intensidade e pela influência negativa que tem no bem-estar dos pacientes. Importantes alterações na motilidade gastrointestinal são a principal justificativa para essas manifestações sendo expressão da disautonomia neurovegetativa. Ocorrem: diarreia, constipação, náusea, vômitos e sensação de plenitude gástrica2. Dados epidemiológicos não estão publicados sobre a população brasileira. O Centro de Estudos de Paramiloidose Antônio Rodrigues de Mello (CEPARM), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), reportou os dados de 102 pacientes (58 homens e 44 mulheres) brasileiros com PAF-TTR em 2012, sendo 77% dos casos provenientes do Rio de Janeiro e a maioria de pessoas com ascendência portuguesa. Considerando dados de prevalência da PAF-TTR em Portugal e de número de descendentes de portugueses no país, há uma estimativa de que no Brasil existam cerca de 4.800 pacientes, com prevalência 2,33/100.000 habitantes. O estadiamento da doença, abaixo descrito, deve ser realizado no seguimento do paciente e auxilia na tomada de decisão terapêutica:
- Estágio I - neuropatia sensitivo-motora e autonômica leve em membros inferiores, sem prejuízo da marcha;
- Estágio II - necessita de auxílio para deambular; progressão dos sintomas, com acometimento de membros superiores;
- Estágio III - paciente com sintomas graves, acamado ou restrito à cadeira de rodas1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar polineuropatia amiloidótica familiar relacionada à proteína transtirretina?
Sim. O SUS oferece estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Polineuropatia Amiloidótica Familiar2. Este documento inclui critérios de diagnóstico, de inclusão e de exclusão, tratamento não medicamentoso e medicamentoso, monitorização da doença e regulação, controle e avaliação pelo gestor, dentro do SUS.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O tafamidis meglumina foi registrado na Anvisa em novembro de 2016, sob o nome comercial Vyndaqel®3. As indicações apresentadas em bula são:- tratamento de amiloidose associada à transtirretina em pacientes adultos com polineuropatia sintomática, em estágio inicial ou intermediário, para atrasar o comprometimento neurológico periférico.- tratamento de amiloidose associada à transtirretina em pacientes adultos com cardiomiopatia de tipo selvagem ou hereditária para reduzir todas as causas de mortalidade e hospitalização relacionada a doenças cardiovasculares.Possui genérico?
Não4.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Vindaqel® - 20 mg cápsula mole, em embalagens com 30 e 120 cápsulas.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED4 de 02/10/2020.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Sim, de acordo com consulta realizada à Rename5, em 30/10/2020.Quanto custa o tratamento com tafamidis meglumina?
Considerando a dose recomendada em bula de 20 mg por via oral, uma vez ao dia, o custo mensal do tratamento de PAF-TTR é de R$ 23.600,10. O valor foi calculado considerando-se o Preço Fábrica (PF) e a alíquota de 18% em relação ao ICMS do medicamento Vindaqel®, segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED/Anvisa4, pois esse medicamento não consta na lista de isenção de ICMS ou com aplicação do desconto CAP.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar polineuropatia amiloidótica familiar relacionada à proteína transtirretina?
Sim, de acordo com o PCDT da PAF-TTR, o tratamento medicamentoso disponível é apresentado na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Tafamidis meglumina Cápsula 20 mg O financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por um ou mais dos três entes federativos (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento.
Como tratamento não medicamentoso, o SUS disponibiliza o transplante de fígado com o objetivo de prevenir a formação de depósitos amiloides adicionais, pela remoção do principal sítio de produção de qualquer TTR, mutada ou não. Com a substituição do fígado, espera-se que não haja progressão da doença2.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, a Conitec avaliou o tafamidis meglumina para tratamento de PAF-TTR. Durante a 62ª reunião ordinária, realizada no dia 07 de dezembro de 2017, os membros da Comissão recomendaram a incorporação do tafamidis meglumina para tratamento de PAF-TTR1. O documento técnico foi encaminhado ao Secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos em Saúde (SCTIE/MS), que ratificou a recomendação e publicou a Portaria nº 26, no Diário Oficial da União (DOU) nº 13, de 18 de janeiro de 2018, seção 1, pág. 56.O que a literatura científica relata sobre o uso de tafamidis meglumina para essa condição clínica?
Uma revisão sistemática7, publicada em 2020, teve como objetivo avaliar e comparar a eficácia, aceitabilidade e tolerabilidade de agentes farmacológicos modificadores da doença de PAF. A revisão encontrou um ensaio clínico randomizado, duplo-cego, multicêntrico, conduzido em regime ambulatorial que comparou o tratamento com tafamidis 20 mg uma vez ao dia com o placebo durante 18 meses de tratamento em adultos com PAF-TTR, publicado por Coelho et.al.8. O desfecho primário avaliado na revisão sistemática foi incapacidade devido à progressão de PAF-TTR. Já os desfechos secundários foram: a gravidade da neuropatia periférica, mudança no índice de massa corporal; qualidade de vida, gravidade da depressão, número de participantes que morreram durante o estudo, e, por fim, eventos adversos.
A revisão não encontrou resultados para o desfecho primário. A gravidade da neuropatia periférica indicou que tafamidis pode levar a um menor agravamento da neuropatia periférica em comparação com o placebo aos 12 meses (MD ‐3,83 pontos, intervalo de confiança de 95% (IC) ‐5,99 a ‐1,67; P <0,001) e aos 18 meses (MD ‐3,21 pontos, IC 95% ‐5,63 a ‐0,79 pontos; P = 0,009). A avaliação da mudança do índice de massa corporal indicou que tafamidis pode melhorar o estado nutricional quando comparado ao placebo aos 12 meses (MD 50,20 kg /m2g/L, IC 95% 24,46 a 75,94; P <0,001) e aos 18 meses (MD 70,60 kg / m2 g / L, IC 95% 41,96 a 99,24; P <0,001). Em relação à qualidade de vida não houve diferença estatisticamente significante entre o grupo que usava tafamidis quando comparado ao placebo aos 12 meses (MD ‐3,50 pontos, IC de 95% ‐9,48 a 2,48; P = 0,25) e aos 18 meses (MD ‐4,50 pontos, IC 95% ‐11,27 a 2,27; P = 0,19). Não houve diferença estatisticamente significante entre o número de participantes que morreram durante o estudo entre os grupos que utilizaram tafamidis em comparação ao placebo (RR 0,65, IC 95% 0,11 a 3,74; P = 0,63). Não houve diferença estatisticamente significante do número de pacientes que experimentaram pelo menos um evento adverso entre o grupo que usava tafamidis e o grupo que usava placebo (RR 0,88, IC 95% 0,68-1,14; P = 0,33)7.Referências bibliográficas
1 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS. Relatório de Recomendação no339/2018 - Tafamidis meglumina no tratamento da polineuropatia amiloidótica familiar relacionada à proteína transtirretina [Internet]. [citado 30 de outubro de 2020]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2018/Relatorio_Tafamidis_PAF.pdf
2 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos em Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Portaria Conjunta no 22, de 2 de outubro de 2018. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Polineuropatia Amiloidótica Familiar. Diário Oficial da União. Seção 1, nº 196, pag. 63.[Internet]. [citado 30 de outubro de 2020]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Protocolos/PCDT_Polineuropatia_Amiloidotica_Familiar_2018.pdf
3 Vyndaqel. [Bula]. Wyeth Indústria Farmacêutica Ltda. [Internet]. [citado 30 de outubro de 2020]. Disponível em: https://consultas.anvisa.gov.br/#/medicamentos/25351560099201530/?substancia=25609
4 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos. Lista de preços de medicamentos [Internet]. [citado 30 de outubro de 2020]. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/cmed/precos
5 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2020. [Internet]. [citado 30 de outubro de 2020]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Rename-2020-final.pdf
6 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Portaria no 2, de 17 de janeiro de 2018. Torna pública a decisão de incorporar o tafamidis meglumina para pacientes adultos com polineuropatia sintomática em estágio inicial e não submetidos a transplante hepático, mediante negociação de preço e Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas do Ministério da Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS. [Internet]. [citado 30 de outubro de 2020]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/Portaria/2018/PortariaSCTIE-02_2018.pdf
7 Magrinelli F, Fabrizi GM, Santoro L, Manganelli F, Zanette G, Cavallaro T, et al. Pharmacological treatment for familial amyloid polyneuropathy. Cochrane Neuromuscular Group, organizador. Cochrane Database Syst Rev [Internet]. 20 de abril de 2020 [citado 2 de novembro de 2020]; Disponível em: http://doi.wiley.com/10.1002/14651858.CD012395.pub2
8 Coelho T, Maia LF, Martins da Silva A, Waddington Cruz M, Planté-Bordeneuve V, Lozeron P, et al. Tafamidis for transthyretin familial amyloid polyneuropathy: a randomized, controlled trial. Neurology. 21 de agosto de 2012;79(8):785–92. -
Temozolomida para tumores cerebrais malignos :: Abril/2018
Data de elaboração: Abril/2018 Data de publicação: Abril/2018 O que é Tumores cerebrais malignos?
Os glioblastomas malignos são tumores cerebrais rapidamente progressivos, divididos em anaplásicos e glioblastomas, de acordo com suas características histopatológicas. Estão entre os cânceres mais agressivos, produzindo frequentemente incapacidade progressiva e morte. Sua natureza infiltrativa torna a ressecção completa da lesão virtualmente impossível, sendo alcançado seu melhor manejo com a abordagem combinada de radioterapia pós-operatória e quimioterapia adjuvante, seguindo a cirurgia inicial1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Tumores cerebrais malignos?
Sim. A Portaria nº 599, de 26 de junho de 2012, do Ministério da Saúde aprovou as Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas em Oncologia (DDT) - Câncer Cerebral no Adulto2. Esse documento sugere que doentes adultos com diagnóstico de neoplasia maligna cerebral sejam preferencialmente atendidos em hospitais habilitados em oncologia com serviço de radioterapia e, minimamente, naqueles com porte tecnológico suficiente para diagnosticar, tratar e realizar o seu monitoramento clínico. De acordo com as diretrizes, a seleção do tratamento deverá ser adequada ao tipo histológico e gradação do tumor, localização do tumor, capacidade funcional, condições clínicas e preferência do doente. Assim, o tratamento recomendado, de acordo com o grau do glioma I, II, III ou IV, pode envolver apenas a cirurgia ou cirurgia seguida por radioterapia, radioterapia associada à quimioterapia, quimioterapia paliativa ou observação clínica e radioterapia quando houver progressão clínica.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. A temozolomida possui registro na Anvisa, com o uso aprovado para tratar glioblastoma multiforme, recém-diagnosticado, em tratamento combinado com radioterapia; glioma maligno, glioblastoma multiforme ou astrocitoma anaplásico, que apresentam recidiva ou progressão após tratamento padrão; e é indicado também no tratamento de pacientes com melanoma maligno metastático3.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Temolida® - 100 mg de pó liofilizado para solução injetável ( 1 frasco-ampola - 42 mL)
Temolida® - 100 mg de pó liofilizado para solução injetável ( 5 frascos-ampolas - 42 mL)Zabrux ® - 20 mg em embalagem contendo 1 frasco com 5 cápsulas
Zabrux ® - 100 mg em embalagem contendo 1 frasco com 5 cápsulas
Zabrux ® - 250 mg em embalagem contendo 1 frasco com 5 cápsulas
Temozod ® - 20 mg em embalagem contendo 1 frasco com 5 cápsulas
Temozod ® - 100 mg em embalagem contendo 1 frasco com 5 cápsulas
Temozod ® - 140 mg em embalagem contendo 1 frasco com 5 cápsulas
Temozod ® - 250 mg em embalagem contendo 1 frasco com 5 cápsulas
Temodal ® - 5 mg em embalagem com 1 frasco com 5 cápsulas.
Temodal ® - 20 mg em embalagem com 1 frasco com 5 cápsulas.
Temodal ® - 100 mg em embalagem com 1 frasco com 5 cápsulas.
Temodal ® - 140 mg em embalagem com 1 frasco com 5 cápsulas.
Temodal ® - 180 mg em embalagem com 1 frasco com 5 cápsulas.
Temodal ® - 250 mg em embalagem com 1 frasco com 5 cápsulas.
Temotem ® - 20 mg em embalagem contendo 1 frasco com 5 cápsulas
Temotem ® - 100 mg em embalagem contendo 1 frasco com 5 cápsulas
Temotem ® - 140 mg em embalagem contendo 1 frasco com 5 cápsulas
Temotem ® - 250 mg em embalagem contendo 1 frasco com 5 cápsulas*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 09/04/2018.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não.Quanto custa o tratamento com Temozolomida?
Para esta medicação há duas formas de tratamento: temozolomida em combinação com radioterapia e temozolomida isoladamente. Considerando o esquema de 42 dias, em associação com radioterapia, com a dose recomendada em bula de 5mg, 20mg, 100 mg, 140mg, 180mg e 250mg uma vez ao dia, o custo mensal estimado para tratamento com temozolomida é de R$ 936,18; R$ 3529,62; R$ 18.252,48; R$ 27.652,32; R$ 33.544,08 e R$ 45.185,49, respectivamente. Tendo em vista a fase de monoterapia, na qual se inicia com dose a partir de 150 mg, uma vez ao dia, pelos primeiros cinco dias de cada ciclo, seguidos por 23 dias sem medicamento e considerando as doses apresentadas em bula de 5mg, 20mg, 100 mg, 140mg, 180mg e 250mg o custo mensal estimado para 1º ciclo de tratamento é de, respectivamente, R$ 936,18; R$ 392,18; R$ 2.028,05; R$ 3.072,48; R$ 3.727,12 e R$ 5.020,61. O custo foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% do medicamento de referência, segundo ANVISA4.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Tumores cerebrais malignos?
Sim. Esclarece-se que para o tratamento de câncer no Sistema Único de Saúde, não há uma lista específica de medicamentos, vez que o cuidado ao paciente deve ser feito de forma integral nas Unidades de Alta Complexidade em Oncologia – UNACON ou Centros de Alta Complexidade em Oncologia – CACON. Nesses estabelecimentos de saúde, o fornecimento de medicamentos é feito via autorização de procedimento de alta complexidade (APAC), conforme os procedimentos tabelados. Assim, esses hospitais habilitados como UNACON ou CACON devem oferecer assistência especializada e integral ao paciente com câncer, atuando no diagnóstico e tratamento do paciente. Nessa esteira, a utilização do medicamento temozolomida compreende uma decisão médica sobre o tratamento do caso em questão, conforme estabelecido para o tratamento da oncologia no SUS, para o qual o hospital credenciado deve assumir a responsabilidade de tratamento. Esses hospitais são ressarcidos pelo gestor federal quando da realização dessa assistência, inclusive farmacêutica, de acordo com valores pré-estabelecidos na Tabela de Procedimentos do SUS.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim. A CONITEC avaliou a temozolomida para tratamento adjuvante de pacientes portadores de gliomas de alto grau. Os membros da Comissão recomendaram a não incorporação desse medicamento, pois os estudos disponíveis, até aquele momento, não comprovaram superioridade da temozolomida versus quimioterapia no tratamento de gliomas de alto grau.
Mais informações em: http://conitec.gov.brO que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Revisão sistemática seguida de meta-análise de ensaios randomizados Cochrane comparou o uso de temozolomida concomitante a radioterapia versos radioterapia isolada. Os resultados da metanálise demonstrou um aumento da sobrevida global, com redução de 42% do risco de morte, com a adição da temozolomida em relação ao controle5. No entanto, ressalta-se que uma séria limitação observada em todos os ensaios incluídos na revisão é a falta de cegamento e/ou uso de placebo, o que suscita preocupações de parcialidade na avaliação dos desfechos. Estudos não-cegos são conhecidos por superestimar o tamanho do efeito. Posteriormente, na atualização desta revisão da Cochrane, foram incluídos 3 novos ensaios clínicos, entre eles um estudo randomizado, multicêntrico, aberto, com 179 pacientes com glioma multiforme, que comparou a sobrevida de pacientes submetidos a radioterapia isolada pós ressecção cirúrgica do tumor versos pacientes submetidos a um regime de quimioradioterapia associada a temozolomida e concluiu-se que não houve diferença estatisticamente significativa entre as taxas de sobrevida global dos dois grupos6.Referências bibliográficas
1Stewart L, Burdett S. Chemotherapy for high-grade glioma. Cochrane Database of Systematic Reviews. In : The Cochrane Library, Issue 04, Art Nº CD003913. 2009, updated in 2011.
2 BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas em Oncologia/Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde – Brasília : Ministério da Saúde, 2014. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/protocolos_clinicos_diretrizes_terapeuticas_oncologia.pdf Acesso em: 10/04/2018.
3 TEMOZOLOMIDA. Bula de medicamento. Schering‐Plough Indústria Farmacêutica Ltda. Farm. Resp,: Cristina Matushima. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=10954532013&pIdAnexo=1920752 Acesso em 10/04/2018.
4 Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 22/03/2018.
5 Hart MG, Grant R, Garside R, Rogers G, Somerville M, Stein K. Temozolomide for high grade glioma. Cochrane database Syst. Rev. [Internet]. 2008 Jan [cited 2013 Oct 20];(4):CD007415. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18843749
6 Hart MG, Garside R, Rogers G, Stein K, Grant R. Temozolomide for high grade glioma. Cochrane
database Syst. Rev. [Internet]. 2013 Jan [cited 2013 Oct 21];4:CD007415. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23633341 -
Teriflunomida para esclerose múltipla remitente-recorrente :: Setembro/2020
Data de elaboração: Setembro/2020 Data de publicação: Setembro/2020 O que é Esclerose Múltipla?
A esclerose múltipla (EM) é uma doença crônica que afeta o sistema nervoso central, danificando o tecido que protege as células nervosas, chamado bainha de mielina, por meio de reações inflamatórias autoimunes1. A EM pode ser classificada de quatro formas: remitente-recorrente (EM-RR), primariamente progressiva (EM-PP), primariamente progressiva com surto (EM-PP com surto) e secundariamente progressiva (EM-SP). As formas recorrentes da EM incluem a EM-RR e a EM-SP. A forma mais comum da doença é a remitente-recorrente, que compreende cerca de 85 % dos casos de EM. Caracteriza-se por exacerbações seguidas por um grau variável de melhora do déficit neurológico, podendo ser completa ou evoluir com uma disfunção sintomática residual. Cerca de 50% das pessoas com EM-RR irá desenvolver EM-SP dentro de 10 anos de diagnóstico. Surtos e ataques agudos são as manifestações mais comuns. Os sintomas mais comuns são neurite óptica, paresia ou parestesia de membros, disfunções da coordenação motora e equilíbrio, mielites, disfunções esfincterianas e disfunções cognitivo-comportamentais, de forma isolada ou em combinação. A identificação da doença no início e o direcionamento imediato para o atendimento especializado dá à Atenção Básica um caráter essencial para um melhor resultado terapêutico e prognóstico dos casos2. Afeta principalmente pessoas jovens entre 20 e 50 anos, sendo mais comum em mulheres e em pessoas brancas. Segundo a Federação Internacional de Esclerose Múltipla, a doença atinge 2,3 milhões de pessoas em todo o mundo. A prevalência média global é de 33 casos por 100.000 habitantes variando muito entre os países. No Brasil, uma revisão sistemática mostrou uma prevalência variando de 1,36 por 100 mil habitantes na região nordeste a 27,2 por 100 mil na região sul, com uma prevalência média de 8,69 por 100 mil habitantes1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Esclerose Múltipla?
Sim. O SUS oferece estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Esclerose Múltipla. Este documento inclui critérios de diagnóstico, de inclusão e exclusão, casos especiais, tratamento, monitorização da doença e mecanismos de regulação, de controle e de avaliação pelo gestor, dentro do SUS2.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. A teriflunomida possui indicação em bula para o tratamento de pacientes com as formas recorrentes de esclerose múltipla, para reduzir a frequência das exacerbações clínicas e para retardar o acúmulo de incapacidade física3.Possui genérico?
Sim4.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Aubagio®, Ryfluna® e Teriflunomida** - comprimido revestido com 14mg em embalagens com 30 comprimidos4.** Diversos fabricantes de medicamento genérico.
*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED4 de 09/09/2020.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Sim, de acordo com consulta realizada à Rename5, em 01/09/2020.Quanto custa o tratamento com Teriflunomida?
Visto que existem diversos registros referentes à teriflunomida na Anvisa, devido ao fato do fármaco ter medicamento de referência, genéricos e similar de várias marcas e produtores, foi calculado o valor do tratamento com o medicamento de referência Aubagio® 14mg cápsula. Considerando a dose recomendada em bula de 14 mg/dia, o custo mensal estimado para o tratamento da esclerose múltipla remitente-recorrente é de R$ 6.098,21. O valor foi calculado de acordo com o Preço Fábrica (PF) e a alíquota de 18% em relação ao ICMS do medicamento Aubagio®, do laboratório Sanofi Medley Farmacêutica Ltda, segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED/Anvisa4.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Esclerose Múltipla?
Sim, de acordo com o PCDT da esclerose múltipla2, são disponibilizados os medicamentos apresentados na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Azatioprina Comprimidos 50 mg Betainterferonas (1a ou 1b) Frasco-ampola ou seringa preenchida 1a - 6.000.000 UI (22 mcg, 30 mcg)
1a - 12.000.000 UI (44 mcg)
1b - 9.600.000 UI (300mcg)Fingolimode Cápsulas 0,5 mg Fumarato de dimetila Comprimidos 120 mg e 240 mg Glatirâmer Frasco-ampola ou seringa preenchida 20mg ou 40mg Metilprednisolona Frasco-ampola 500mg Natalizumabe Frasco-ampola 300mg Teriflunomida Comprimidos 14mg O financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por um ou mais dos três entes federativos (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, a Conitec avaliou o uso da teriflunomida para o tratamento de esclerose múltipla remitente-recorrente. Durante a 53ª reunião ordinária, realizada no dia 9 de março de 2017, os membros da Comissão recomendaram a incorporação da teriflunomida para esta condição clínica6. Os documentos técnicos foram encaminhados ao Secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos (SCTIE/MS), que ratificou a recomendação e publicou a Portaria SCTIE/MS nº 19/2017, no Diário Oficial da União (DOU) nº 77, de 24/04/2017, Seção 2, pág. 57.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Uma Revisão Sistemática (RS) Cochrane avaliou eficácia e tolerabilidade de teriflunomida em comparação com outros medicamentos de primeira linha para EMRR. Os autores da RS apontam que a teriflunomida não apresentou diferença significativa em relação à frequência de recidivas e de progressão da doença, quando comparada aos demais medicamentos e apresentou menor tolerabilidade, em 12 meses, quando comparada à betainterferona 1ª (RR 0,46; IC95% 0,28 - 0,78)7. Outro estudo de revisão sistemática, conduzido por Zagmutt e Carroll (2015), com comparação indireta dos eventos adversos de medicamentos para EMRR, observou, a partir das análises estatísticas, que a teriflunomida 14 mg comparada ao glatirâmer 20 mg apresenta três vezes mais chance de eventos adversos (IC95% 0,87 – 7,53)8. Não foram encontradas diferenças significativas em relação a eficácia e segurança entre a teriflunomida e as betainterferonas ou glatirâmer6.Referências bibliográficas
1 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação n°. 447, de abr 2019. Ocrelizumabe para o tratamento de formas recorrentes de Esclerose Múltipla. [Acesso em 11 set 2020]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2019/Relatorio_Ocrelizumabe_EMRR_447.pdf.
2 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Secretaria de Atenção Especializada à Saúde. Portaria Conjunta nº 7, de 3 de julho de 2019. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Esclerose Múltipla. [portaria na internet]. Diário Oficial da União 11 jul 2019 [acesso em 11 set 2020]; Seção 1, (132). Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Protocolos/PCDT-Esclerose-Mltipla.pdf.
3 Aubagio. [Bula]. França: Sanofi Winthrop Industrie.
4 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Medicamentos. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos. Listas de Preços de Medicamentos [acesso em 16 set 2020]. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/374947/6015130/LISTA_CONFORMIDADE_GOV_2020_09_v1.pdf/6669d82e-8c01-412a-b71a-e46b1525d61f.
5 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2020. Brasília: Ministério da Saúde; 2020 [acesso em 01 set 2020]. Disponível em: http://portalms.saude.gov.br/assistencia-farmaceutica/medicamentos-rename.
6 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação n°. 259, de abr 2017. Teriflunomida para primeira linha de tratamento da esclerose múltipla remitente-recorrente. [Acesso em 11 set 2020]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/Relatorio_Teriflunomida_EMRR_final.pdf.
7 Tramacere I, Del Giovane C, Salanti G, D'Amico R, Filippini G. Imunomoduladores e imunossupressores para esclerose múltipla remitente-recorrente: uma meta-análise de rede. Cochrane Database of Systematic Reviews 2015, Issue 9. Art. Nº: CD011381. DOI: 10.1002 / 14651858.CD011381.pub2.
8 Francisco J. Zagmutt & Cathryn A. Carroll (2015) Meta-analysis of adverse events in recent randomized clinical trials for dimethyl fumarate, glatiramer acetate and teriflunomide for the treatment of relapsing forms of multiple sclerosis, International Journal of Neuroscience, 125:11, 798-807, DOI: 10.3109/00207454.2014.979982. -
Teriparatida para osteoporose :: Dezembro/2017
Data de elaboração: Dezembro/2017 Data de publicação: Dezembro/2017 O que é osteoporose?
A osteoporose é uma doença sistêmica que se caracteriza por baixa massa óssea e deterioração do tecido ósseo. Como consequência, aumenta a fragilidade óssea e a suscetibilidade à fratura. As complicações clínicas da osteoporose incluem não só fraturas, mas também dor crônica, depressão, deformidade, perda da independência e aumento da mortalidade. Estima-se que cerca de 50% das mulheres e 20% dos homens com idade igual ou superior a 50 anos sofrerão uma fratura osteoporótica ao longo da vida1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar osteoporose?
Sim, o tratamento da osteoporose no âmbito do SUS é realizado de acordo com os critérios estabelecidos no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da osteoporose, que especifica o diagnóstico e tratamento adequado, garantindo o cuidado continuado dos pacientes (http://conitec.gov.br/images/Protocolos/Osteoporose.pdf).A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim, e possui indicação em bula2 para o tratamento da osteoporose com alto risco para fraturas, tanto em mulheres na pós-menopausa, como em homens.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Fortéo® - solução injetável 250 mcg/mL3.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 19/12/2017.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não.Quanto custa o tratamento com Teriparatida?
Considerando a dose recomendada em bula de 20 mcg uma vez ao dia, o custo mensal estimado é de R$ 1629,70. O custo foi calculado considerando-se o preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% do medicamento de referência, segundo Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED / ANVISA4.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar osteoporose?
Sim, as mesmas podem ser conferidas na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Alendronato de sódio Comprimido 10 mg
70 mgCalcitonina Ampola
Ampola
Spray nasal50 UI
100 UI
200 UICalcitriol Cápsula 0,25 mcg Carbonato de cálcio Comprimido 1250 mg Carbonato de cálcio + colecalciferol Comprimido 500 mg + 400 UI
600 mg + 400 UIEstrógenos conjugados Comprimido 0,3 mg Pamidronato dissódico Pó liofilizado para solução injetável 30 mg
60 mgRaloxifeno Comprimido 60 mg Risedronato de sódio Comprimido 5 mg
35 mgO financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento1.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosa, conforme PCDT2.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Até a presente data, não foi protocolada na CONITEC demanda solicitando a incorporação de teriparatida para tratamento de qualquer condição clínica, seja pelo laboratório fabricante ou por qualquer outro demandante. Qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou a empresa produtora do medicamento, pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à CONITEC, desde que cumpra as exigências legais (http://conitec.gov.br/faca-sua-proposta-de-incorporacao).
Embora não tenha sido avaliada pela CONITEC, o PCDT da osteoporose indica os motivos pelos quais a teriparatida não foi incluída no SUS, a saber: não foi demonstrada superioridade em desfechos clínicos comparativamente aos bifosfonatos já disponibilizados no SUS, assim como pela duração máxima de uso estabelecida pelo fabricante de 18 meses e devido a dúvidas sobre segurança em longo prazo5.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Uma análise estatística de resultados de diferentes estudos individuais comparou a eficácia da teriparatida com alendronato de sódio, medicamento disponibilizado pelo SUS, para o tratamento da osteoporose em mulheres pós-menopausa. Os autores mediram resultados da alteração percentual da densidade mineral óssea (DMO) das vértebras lombares e femoral (Ossos frágeis e quebradiços estão diretamente relacionados com baixa DMO, em contrapartida, ossos fortes e resistentes estão associados com DMO alta) e a incidência de fraturas vertebrais e não-vertebrais. Pacientes tratados com teriparatida tiveram um aumento maior no percentual de DMO da coluna lombar comparados aos que fizeram uso de alendronato. No entanto, não foi demonstrada diferença na variação percentual da DMO femoral entre os dois tratamentos e não houve diferença na incidência de fraturas vertebrais e/ou não-vertebrais em pacientes tratados com teriparatida em comparação com alendronato6.Referências bibliográficas
1BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria SAS/MS nº 451, de 9 de junho de 2014, republicada em 9 de junho de 2014 e retificada em 18 de junho de 2014. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Osteoporose. Brasília: Ministério da Saúde, 2014. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Protocolos/Osteoporose.pdf.
2Forteo®. teriparatida. São Paulo: ELI LILLY DO BRASIL LTDA. Farm. Resp.: Márcia A. Preda - CRF-SP nº 19189. Bula de remédio. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=11083932015&pIdAnexo=3011648. Acesso em: 21/12/2017.
3Câmara de Regulação - CMED Secretaria Executiva PREÇOS MÁXIMOS DE MEDICAMENTOS POR PRINCÍPIO ATIVO, PARA COMPRAS PÚBLICAS PREÇO FÁBRICA (PF) E PREÇO MÁXIMO DE VENDA AO GOVERNO (PMVG). Atualizada em 19/12/2017. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/374947/3464400/LISTA_CONFORMIDADE_GOV_2017-07-21.pdf/ee0c5ac1-00b9-4fdc-b410-4642339a5f03.
4Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 21/12/2017.
5BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria SAS/MS nº 451, de 9 de junho de 2014, republicada em 9 de junho de 2014 e retificada em 18 de junho de 2014. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Osteoporose. Brasília: Ministério da Saúde, 2014. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Protocolos/Osteoporose.pdf.
6Wang YK, Qin SQ, Ma T, Song W, Jiang RQ, Guo JB, Li K, Zhang YM. Effects of teriparatide versus alendronate for treatment of postmenopausal osteoporosis: A meta-analysis of randomized controlled trials. Medicine (Baltimore). 2017 May;96(21):e6970. doi: 10.1097/MD.0000000000006970. -
Tetraidrocanabinol + canabidiol para tratamento sintomático de espasticidade moderada a grave relacionada à esclerose múltipla :: Março/2022
Data de elaboração: Outubro/2021 Data de publicação: Março/2022 O que é Espasticidade moderada a grave relacionada à Esclerose Múltipla?
A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença imunogênica, inflamatória, desmielinizante e neurodegenerativa, que acomete as substâncias branca e cinzenta do Sistema Nervoso Central (SNC). Atinge, usualmente, adultos jovens, dos 20 aos 50 anos de idade, com pico aos 30 anos, sendo mais rara quando se inicia fora dessa faixa etária. É, em média, duas vezes mais frequente em mulheres e apresenta menor incidência nas populações afrodescendente, oriental e indígena. No Brasil, a prevalência varia de acordo com a região de residência do paciente, sendo menor na Nordeste, e maior na Sul. Sua origem não é bem compreendida, envolvendo fatores genéticos e ambientais que ainda não estão propriamente definidos. A evolução da doença, a gravidade e os sintomas não são uniformes. O quadro clínico se manifesta, na maior parte das vezes, por meio de surtos ou ataques agudos, podendo entrar em remissão de forma espontânea ou com o uso de corticosteroides. Os sintomas podem ser graves ou parecer tão triviais, que o paciente pode não procurar assistência médica por meses ou anos. Os principais indícios são neurite óptica, diplopia (visão dupla), paresia (perda da força muscular) ou alterações sensitivas e motoras de membros, disfunções de coordenação e equilíbrio, dor neuropática, espasticidade, fadiga, disfunções esfincterianas e cognitivo-comportamentais, de forma isolada ou em combinação. Atualmente, a EM é classificada em Esclerose Múltipla Remitente Recorrente (EMRR), caracterizada por episódios de piora aguda do funcionamento neurológico (novos sintomas ou piora dos sintomas existentes) com recuperação total ou parcial e sem progressão aparente da doença; Esclerose Múltipla Secundária Progressiva (EMSP), caracterizada pela fase após um curso inicial de remitência-recorrência, na qual a doença se torna mais progressiva, com ou sem recidivas; Esclerose Múltipla Primária Progressiva (EMPP), caracterizada por agravamento progressivo da função neurológica (acúmulo de incapacidade) desde o início dos sintomas; e Síndrome Clinicamente Isolada (CIS, do inglês, Clinically Isolated Syndrome), que consiste na primeira manifestação clínica que apresenta características de desmielinização inflamatória sugestiva de EM, mas incapaz de cumprir os critérios de disseminação no tempo por neuroimagem ou líquor. As formas recorrentes (EMRR) e progressivas (EMSP e EMPP) podem ser estratificadas em alta, moderada e baixa atividade. A EM altamente ativa ocorre quando o paciente apresenta dois ou mais surtos e pelo menos uma lesão captante de gadolínio ou aumento de pelo menos duas lesões em T2 no ano anterior em pacientes não tratados; e quando a atividade da doença no ano anterior durante a utilização adequada de pelo menos um medicamento modificador do curso da doença (MMCD), na ausência de toxicidade (intolerância, hipersensibilidade ou outro evento adverso) ou na não adesão ao tratamento, apresentando pelo menos um surto no último ano durante o tratamento, e evidência de pelo menos nove lesões hiperintensas em T2 ou pelo menos uma lesão captante de gadolínio1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Espasticidade moderada a grave relacionada à Esclerose Múltipla?
Não. O SUS oferece estratégia de cuidado aos pacientes com diagnóstico de EM, conforme se verifica do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da EM, publicado por meio da Portaria Conjunta SAES/SCTIE/MS nº 032, de 05/02/2021. Este documento inclui critérios de classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados à saúde, diagnóstico, elegibilidade (inclusão e exclusão), abordagem terapêutica, monitoramento, gestão e controle pelo gestor dentro do SUS, e fluxo de tratamento. Nos casos de espasticidade, entre outros sintomas, preconiza-se encaminhar o doente a um serviço especializado, cuja decisão terapêutica seja individualizada.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim3. A associação tetraidrocanabinol (THC) 27 mg/mL + canabidiol (CBD) 25 mg/mL é indicada como tratamento para melhoria dos sintomas de pacientes adultos com espasticidade moderada a grave devido à EM que não responderam adequadamente a outra medicação antiespástica, e que demonstram melhoria clinicamente significativa dos sintomas relacionados à espasticidade durante um teste inicial com o tratamento. A agência reguladora registrou o princípio ativo em janeiro de 2017.Possui genérico?
Não4.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Mevatyl® - solução spray de 27 mg/mL + 25 mg/mL – frasco com 10 mL.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED04 de 10/10/2021.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não, de acordo com consulta realizada à Rename5, em 20/10/2021.Quanto custa o tratamento com Tetraidrocanabinol + canabidiol?
Considerando que a dose deve ser ajustada para cada paciente, e que o número de pulverizações deve ser aumentado a cada dia, até o máximo de 12 pulverizações ao dia, para estimar o custo mensal foram considerados 7,5 pulverizações ao dia, conforme ensaios clínicos avaliados pela Conitec9. A saber, cada frasco de 10 mL libera um total de 90 pulverizações.Assim, o custo mensal estimado para tratamento com THC + CBD foi de R$ 6.409,00 (seis mil, quatrocentos e nove reais). O valor foi calculado de acordo com o Preço Fábrica (PF) estabelecido pela Anvisa e a alíquota de 18% em relação ao ICMS do medicamento Mevatyl®– frasco com 10 mL, aludido na CMED4.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Espasticidade moderada a grave relacionada à Esclerose Múltipla?
Não. Conforme já informado, não há no SUS tratamento sintomático específico para tratamento da espasticidade moderada a grave relacionada à EM disponível. Preconiza-se encaminhar o doente a um serviço especializado, cuja decisão terapêutica seja individualizada.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, a Conitec avaliou o THC + CBD para o tratamento sintomático da espasticidade moderada a grave relacionada à EM. Durante a 92ª Reunião Ordinária, realizada no dia 03/11/2020, os membros da Comissão deliberaram, por unanimidade, recomendar a não incorporação da associação THC + CBD como tratamento adjuvante para melhoria dos sintomas de pacientes adultos com espasticidade moderada a grave devido à EM que não responderam adequadamente a outra terapia. O documento técnico foi encaminhado ao Secretário da SCTIE/MS, que ratificou a recomendação e publicou a Portaria SCTIE/MS nº 59/2020, no Diário Oficial da União (DOU) nº 228, de 01/12/2020, Seção 1, pág. 717.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Torres-Moreno et al. (2018)6 realizaram uma revisão sistemática e meta-análise de 17 ensaios clínicos randomizados incluindo 3.161 pacientes. Os canabinoides foram significativamente associados à eficácia para espasticidade subjetiva, dor e disfunção da bexiga em comparação com o placebo. Os canabinoides tiveram um risco maior de eventos adversos e abandono devido a eventos adversos, sem diferenças estatisticamente significativas encontradas para eventos adversos graves. Os resultados sugerem uma eficácia limitada dos canabinoides para o tratamento de espasticidade, dor e disfunção da bexiga em pacientes com Esclerose Múltipla. A terapia com esses medicamentos pode ser considerada segura.
Tomassini et al. (2014)7 realizaram um estudo duplo-cego, controlado por placebo, com dezoito pacientes portadores de EM progressiva secundária com espasticidade sem tratamento prévio com cannabis. Os participantes foram tratados com placebo ou com extrato medicinal de cannabis. Testaram-se os níveis plasmáticos de tetrahidrocanabinol (THC) e canabidiol (CBD). O tratamento com extrato medicinal de cannabis não produziu benefícios significativos na espasticidade quando comparado ao placebo. No que se refere à excitabilidade motora espinhal, não houve diferença entre o extrato medicinal de cannabis e o placebo. Nenhuma correlação foi encontrada entre os níveis plasmáticos de THC ou CBD e medidas eletrofisiológicas ou de imagem. Assim, concluiu-se que os canabinoides não exercem efeitos benéficos na espasticidade relacionada à EM por meio de uma ação direta sobre o sistema motor.
Leocati et al. (2015)8 realizaram um estudo clínico randomizado duplo-cego, controlado por placebo incluindo 44 pacientes portadores de EM primária ou secundária progressiva, com espasticidade moderada a grave, e resposta inadequada a agentes antiespásticos, a fim de avaliar a eficácia do Sativex® spray oral (THC:CBD) na espasticidade de membros inferiores. A dose média diária foi de sete pulverizações por dia. As medidas neurofisiológicas não diferiram significativamente, de acordo com o tratamento, e não se correlacionaram significativamente com a resposta clínica. A resposta na escala de Ashworth modificada (pelo menos 20% de melhora) foi significativamente maior com o uso do Sativex quando comparado ao placebo. Os efeitos colaterais não diferiram significativamente segundo o tratamento. Os resultados identificaram um benefício clínico do Sativex® na espasticidade da EM. O pequeno tamanho da amostra e o curto período de acompanhamento foram limitações do estudo.Referências bibliográficas
1 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação nº 582, de dez 2020. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Esclerose Múltipla. [Acesso em 20 out 2021]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2021/20210409_Relatorio_Recomendacao_582_PCDT_EMRR.pdf.
2 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos. Portaria Conjunta SAES/SCTIE/MS nº 03, de 05 de fevereiro de 2021. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Esclerose Múltipla. [Portaria na internet]. Diário Oficial da União 17 fev 2021 [Acesso em 19 out 2021]; Seção 1, (88). Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/Portaria/2021/20210217_Portaria_Conjunta_03.pdf.
3 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Consultas. Produtos da Saúde [Internet]. [acesso em 20 out 2021]. Disponível em: https://consultas.anvisa.gov.br/#/medicamentos/q/?substancia=25722.
4 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Medicamentos. Câmera de Regulação do Mercado de Medicamentos. Listas de Preços de Medicamentos [Acesso em 19 outubro 2021]. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/cmed/precos/arquivos/lista_conformidade_2021_10_v1.pdf.
5 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2020. Brasília: Ministério da Saúde; 2020 [Acesso em 20 out 2021]. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/relacao_medicamentos_rename_2020.pdf.
6 Torres-Moreno MC, Papaseit E, Torrens M, Farré M. Assessment of Efficacy and Tolerability of Medicinal Cannabinoids in Patients With Multiple Sclerosis: A Systematic Review and Meta-analysis. JAMA Netw open. outubro de 2018;1(6):e183485.
7 Tomassini V, Onesti E, Tinelli E, Frasca V, Antonilli L, Aragona M, et al. Assessing the neurophysiological effects of cannabinoids on spasticity in multiple sclerosis. J Neurosci Rehabil. 2014;1(2):1–13.
8 Leocani L, Nuara A, Houdayer E, Schiavetti I, Del Carro U, Amadio S, et al. Sativex(®) and clinical-neurophysiological measures of spasticity in progressive multiple sclerosis. J Neurol. novembro de 2015;262(11):2520–7. -
Ticagrelor para doença arterial coronariana :: Dezembro/2017
Data de elaboração: Dezembro/2017 Data de publicação: Dezembro/2017 O que é doença arterial coronariana?
A doença arterial coronariana (DAC) refere-se a uma condição cardíaca que ocorre em consequência da obstrução da artéria coronária (do coração) por uma placa aterosclerótica (composta especialmente por lipídios e tecido fibroso), fazendo com que o fluxo sanguíneo se torne insuficiente para uma determinada região do músculo do coração, devido ao desequilíbrio entre a oferta e o consumo de oxigênio. A DAC representa a principal causa de óbito no mundo inteiro e pode se apresentar como angina (dor ou desconforto no peito quando os músculos cardíacos não recebem sangue suficiente) e infarto agudo do miocárdio (IAM)1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar doença arterial coronariana?
Sim. O tratamento da doença arterial coronariana no SUS é pautado pela Linha de Cuidado do Infarto Agudo do Miocárdio e pelo Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Síndrome Coronariana Aguda, que especificam o tratamento adequado e orientam quanto à prevenção de novos eventos coronarianos, garantindo o cuidado continuado e a reabilitação dos pacientes (http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2014/abril/02/pcdt-sindromes-coronarianas-agudas-2011.pdf).A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. Possui indicação em bula para a prevenção de eventos cardiovasculares caracterizados por trombose (coágulo dentro de um vaso sanguíneo), em pacientes que tiveram infarto do miocárdio ou angina instável (dor no peito que ocorre no repouso)2.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Brilinta ® - comprimidos revestidos de 90mg (caixa com 20,30 e 60)3.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 19/12/2017.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não.Quanto custa o tratamento com Ticagrelor?
Considerando a dose recomendada em bula de 180mg/dia, o custo mensal estimado para prevenção de eventos cardiovasculares é de R$156,27. O custo foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% do medicamento disponível no mercado, segundo a ANVISA4.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar doença arterial coronariana?
Sim, as mesmas podem ser conferidas na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Ácido acetilsalicílico Comprimido 100mg Atenolol Comprimido 50mg
100 mgCaptopril Comprimido 25 mg Carvedilol Comprimido 3,125mg
6,25mg
12,5mg
25 mgClopidogrel Comprimido 75mg Dinitrato de isossorbida Comprimido sublingual 5mg Enalapril Comprimido 5mg
10mg
20 mgEspironolactona Comprimido 25mg
100mgLosartana Comprimido 50mg Mononitrato de isossorbida Comprimido 20mg
40 mgPropranolol Comprimido 10mg
40 mgSuccinato de metoprolol comprimido de liberação controlada 25mg
50mg
100 mgTartarato de metoprolol comprimido de liberação controlada 100mg Varfarina sódica Comprimido 1mg
5mgO financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento1.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosa, conforme PCDT2.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim. A CONITEC avaliou o ticagrelor para prevenção de eventos trombolíticos em pacientes com síndrome coronariana aguda. Após apreciação do tema pelo Plenário da CONITEC, o medicamento ticagrelor obteve recomendação de não incorporação no SUS, devido à pequena magnitude do seu efeito em comparação ao clopidogrel (medicamento disponível no SUS) e às limitações metodológicas descritas em relação à efetividade e à análise econômica apresentada pelo demandante5.Vale destacar ainda que, à semelhança de outros agentes antiplaquetários, o uso de ticagrelor em pacientes com reconhecido risco aumentado de sangramento deve ser balanceado em relação ao benefício, em termos de prevenção de eventos trombóticos.
O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
O estudo PLATO (Study of Platelet Inhibition and Patient Outcomes) foi um estudo multicêntrico, duplo-cego, randomizado, que comparou o ticagrelor (180 mg, 90 mg duas vezes ao dia depois) com o clopidogrel (300 a 600 mg, 75 mg) na prevenção de doenças cardiovasculares em 18.624 pacientes com síndrome coronariana aguda (SCA), com ou sem elevação do segmento ST. Os resultados desse estudo demonstraram que o tratamento com ticagrelor em indivíduos com SCA reduziu significativamente o número combinado de mortes de origem vascular, de casos de infarto agudo do miocárdio ou acidente vascular cerebral em comparação com o uso de clopidogrel, após 12 meses de observação. Houve também redução significativa do número de mortes por causa vascular e de infarto agudo do miocárdio isoladamente, no entanto, com risco de sangramento a ser considerado6. Deve-se considerar que o propósito do desenvolvimento de novas drogas anticoagulantes é otimizar a prevenção de eventos isquêmicos e, simultaneamente, reduzir o risco de sangramento.
Um seguimento deste estudo avaliou os efeitos do ticagrelor versus clopidogrel sobre a qualidade de vida relacionada à saúde. Os resultados revelaram que, em pacientes hospitalizados com SCA, com ou sem elevação do segmento ST, o tratamento com ticagrelor foi associado a uma menor mortalidade, mas, de outro modo, não houve diferença na qualidade de vida em relação ao tratamento com clopidogrel.Referências bibliográficas
1Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Especializada. Manual instrutivo da Rede de Atenção às Urgências e Emergências no Sistema Único de Saúde (SUS) / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Especializada. – Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2013. 84 p. : il.
2Brilinta®: ticagrelor. São Paulo: AstraZeneca do Brasil Ltda. Farm. Resp.: Dra. Gisele H. V. C. Teixeira - CRF-SP nº 19.825. Bula de remédio. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=24290102016&pIdAnexo=3978592 Acesso em: 27/12/2017.
3Câmara de Regulação - CMED Secretaria Executiva PREÇOS MÁXIMOS DE MEDICAMENTOS POR PRINCÍPIO ATIVO, PARA COMPRAS PÚBLICAS PREÇO FÁBRICA (PF) E PREÇO MÁXIMO DE VENDA AO GOVERNO (PMVG). Atualizada em 19/12/2017. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/374947/3464400/LISTA_CONFORMIDADE_GOV_2017-07-21.pdf/ee0c5ac1-00b9-4fdc-b410-4642339a5f03.
4Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 27/12/2017.
5BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Gestão e Incorporação de Tecnologias em Saúde. Ticagrelor para prevenção de eventos trombolíticos em pacientes com síndrome coronariana aguda. Relatório de Recomendação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS – CONITEC – Nº 41. Março/2013. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Incorporados/Ticagrelor-final.pdf Acesso em: 27/12/2017.
6Wallentin L, Becker RC, Budaj A, Cannon CP, Emanuelsson H, Held C, Horrow J, Husted S, James S, Katus H, Mahaffey KW, Scirica BM, Skene A, Steg PG, Storey RF, Harrington RA; PLATO Investigators, Freij A, Thorsén M. Ticagrelor versus clopidogrel in patients with acute coronary syndromes. N Engl J Med. 2009 Sep 10;361(11):1045-57. doi: 10.1056/NEJMoa0904327. Epub 2009 Aug 30. PubMed PMID: 19717846. -
Tizanidina para espasticidade :: Dezembro/2018
Data de elaboração: Dezembro/2018 Data de publicação: Dezembro/2018 O que é Espasticidade?
A espasticidade é um distúrbio motor caracterizado pelo aumento do tônus muscular, dependente da velocidade, associado à exacerbação do reflexo miotático (reflexo de estiramento). As principais causas de espasticidade são: acidente vascular cerebral (AVC), traumatismo cranioencefálico (TCE) e traumatismo raquimedular (TRM), em adultos, e paralisia cerebral (PC), em crianças1. É parte da síndrome do neurônio motor superior que se manifesta como aumento do tônus, clonus, espasmos, distonia espástica e co-contrações. O impacto da espasticidade varia, podendo ser um sinal neurológico sutil ou uma espasticidade severa, causando dor e contraturas. A espasticidade existente pode ser agravada por fatores externos como constipação, infecções do trato urinário ou úlceras de pressão2. A espasticidade está associada à redução da capacidade funcional, à limitação da amplitude do movimento articular, ao desencadeamento de dor, ao aumento do gasto energético metabólico e à prejuízos nas tarefas da vida diária, tais como alimentação, locomoção e cuidados de higiene. Pode causar contraturas, rigidez, luxações e deformidades articulares. Por outro lado, o aumento do tônus muscular pode contribuir para estabilização articular, melhora postural, facilitação das trocas de decúbito e transferências. Portanto, é uma situação clínica a ser modulada e não completamente eliminada3.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Espasticidade?
Sim. O SUS oferece uma estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Espasticidade. (http://conitec.gov.br/images/Protocolos/Protocolo_Uso/Portaria_SAS-SCTIE_2_PCDT_Espasticidade_29_05_2017.pdf)3.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. A tizanidina (Sirdalud®) possui indicação em bula para o tratamento de espasmo muscular doloroso: associado à distúrbios estáticos e funcionais da coluna (síndromes cervical e lombar); e após cirurgia, como por exemplo, de hérnia de disco intervertebral ou de osteoartrite do quadril; e também é indicado para o tratamento de espasticidade decorrente de distúrbios neurológicos, tais como: esclerose múltipla, mielopatia crônica, doenças degenerativas da medula espinhal, acidentes cerebrovasculares e paralisia cerebral4.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Sirdalud® - Comprimidos – 2 mg – embalagem com 30 comprimidos sulcados.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 19/11/2018.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não.Quanto custa o tratamento com Tizanidina?
Considerando a dose recomendada em bula de 2 mg, três vezes ao dia, o custo mensal estimado para tratamento com tizanidina foi de R$ 70,17. O valor foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% do medicamento de referência, segundo ANVISA5.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Espasticidade?
Sim, são disponibilizados os medicamentos apresentados na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Ácido acetilsalicílico Comprimido 500 mg Ácido valproico Cápsula ou comprimido
Solução oral ou xarope250mg e 500mg
50mg/mlAmitriptilina Comprimido 25mg e 75mg Carbamazepina Comprimido
Suspensão oral200mg e 400mg
20mg/mlClormipramina Comprimido 10mg e 25mg Codeína Solução oral
Ampola
Comprimido33mg/ml
30mg/ml
30mg e 60mgDipirona Comprimido
Solução oral500mg
200mg/mlFenitoína Comprimido
Suspensão oral100mg
20mg/mlGabapentina Cápsulas 300 mg e 400 mg Ibuprofeno Comprimido
Solução oral200mg e 300mg
50mg/mlMetadona Comprimido
Ampola5mg e 10mg
10mg/mlMorfina Ampola
Solução oral
Comprimido10mg/ml
10mg/ml
10mg e 30mgMorfina LC Cápsula liberação controlada 30mg, 60mg e 100mg Nortriptilina Cápsula 10mg, 25mg, 50mg e 75mg Paracetamol Comprimido
Solução oral500mg
200mg/mlO financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento1.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosa, conforme PCDT2.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Não, até a presente data, não foi protocolada, na CONITEC, demanda para analisar a incorporação, ao SUS, da tizanidina para tratamento de espasticidade ou para outras condições clínicas, seja pelo laboratório fabricante ou por outros demandantes. Ressalta-se que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou a empresa (produtora da tecnologia ou não), pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à CONITEC, desde que cumpra as exigências legais impostas pelo Decreto nº 7.646 de 2011.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Revisão sistemática avaliou a eficácia e a segurança dos relaxantes musculares esqueléticos para espasticidade e condições musculoesqueléticas. Foi observado que baclofeno e tizanidina possuem eficácia semelhante em pacientes com espasticidade e que a tizanidina está associada a maior frequência de boca seca, enquanto o baclofeno com maior fraqueza. Além disso, tizanidina foi eficaz em comparação com o placebo em pacientes com espasticidade (principalmente associada a esclerose múltipla, dor nas costas ou dor no pescoço)6. Outra revisão sistemática avaliou medicamentos orais antiespasmódicos utilizados para tratamento da espasticidade em doenças neurológicas não progressiva. Foi observado que tizanidina não apresentou diferença na eficácia quando comparada ao baclofeno e diazepam. Em comparação com placebo, tizanidina reduziu o tônus muscular em até 34%. Os eventos adversos associados à tizanidina (que ocorreram em 60 a 88% dos pacientes) foram principalmente sonolência e boca seca, e com menor frequência, alteração nas enzimas hepáticas7.Referências bibliográficas
1 BRASIL. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas: Espasticidade. Disponível em:< http://conitec.gov.br/images/Consultas/Relatorios/2016/Relatorio_Espasticidade_CP_42_2016.pdf>. Acesso em 04/12/2018.
2 Kheder A, Nair KP. Spasticity: pathophysiology, evaluation and management. Pract Neurol. 2012 Oct;12(5):289-98. doi: 10.1136/practneurol-2011-000155.
3 BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria conjunta nº 2, de 29 de maio de 2017. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas de Espasticidade. Brasília: Ministério da Saúde, 2017. Disponível em: http: http://conitec.gov.br/images/Protocolos/Protocolo_Uso/Portaria_SAS-SCTIE_2_PCDT_Espasticidade_29_05_2017.pdf Acesso em: 04/12/2018.
4 TIZANIDINA. Bula de medicamento. Novartis Biociências SA. Farm. Resp.: Flavia Regina Pegorer .Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=4646762018&pIdAnexo=10575270 Acesso em 04/12/2018.
5 Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 22/03/2018.
6 Chou R, Peterson K, Helfand M. Comparative efficacy and safety of skeletal muscle relaxants for spasticity and musculoskeletal conditions: a systematic review. J Pain Symptom Manage. 2004 Aug;28(2):140-75.
7 Montané E, Vallano A, Laporte JR. Oral antispastic drugs in non progressive neurologic diseases: a systematic review. Neurology. 2004 Oct 26;63(8):1357-63. Review. -
Tomografia por emissão de pósitrons acoplada à tomografia computadorizada (PET-CT) para o diagnóstico de câncer colorretal :: Dezembro/2019
Data de elaboração: Dezembro/2019 Data de publicação: Dezembro/2019 O que é Diagnóstico de câncer colorretal?
O câncer de colorretal, também conhecido como câncer intestino, abrange tumores malignos do intestino grosso. Acomete tanto homens como mulheres, sendo uma doença curável quando descoberta precocemente, ainda restrito ao intestino1. Está associado a hábitos alimentares e atividades físicas, fatores como sobrepeso ou obesidade aumentam o risco de desenvolver o câncer colorretal. Além disso, algumas alterações biológicas, tais como elevados níveis de insulina e excesso de gordura corporal promovem um estado de inflamação crônica no organismo que são promotoras de carcinogênese nas células intestinais2. Os principais sintomas e sinais para detecção do câncer de colorretal são: presença de sangue nas fezes, dor e cólica abdominal frequente com mais de 30 dias de duração, alteração no ritmo intestinal (diarreia ou constipação), emagrecimento rápido, anemia, cansaço e fraqueza3. O diagnóstico é confirmado pelo exame histopatológico de espécime tumoral através da colonoscopia ou exame de peça cirúrgica. Na suspeita de câncer retal realiza-se um exame proctológico (toque retal). O exame radiológico contrastado do cólon será realizado quando não há acesso à colonoscopia ou contraindicação médica. Para a investigação de metástase intra-abdominais e pélvicas é feita a tomografia computadorizada ou ressonância magnética. O exame de tomografia por emissão de pósitrons (PET/CT) é indicado em situações bem específicas2.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Diagnóstico de câncer colorretal?
Sim1. O SUS oferece uma estratégia de cuidado conforme as Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas (DDT) em Oncologia, Carcinoma de Cólon e Reto.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim4. A tecnologia é registrada como produto para a saúde na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), e atualmente há oito produtos registrados, de cinco empresas diferentes.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Registros da tomografia de emissão de pósitrons e tomografia computadorizada na Agência Nacional de Vigilância Sanitária3, descrita na tabela abaixo:Empresas Modelos Bio Imagem NeuSight PET/CT 16 e 64 GE Healthcare do Brasil - Discovery PET/CT 600, 690, 690 Elite e 690
- Optima PET/CT 560
- Discovery PET/CT 610 e 710
Philips Medical Systems Ltda - Sistema de Imagem PET/CT TruFlight Select
- Sistema de Imagem PET/CT Ingenuity TF
Siemens Healthcare Diagnósticos Ltda Biograph Horizon - 3R e 4R; Biograph mCT Flow 20-3R, 20-4R, 40-3R, 40-4R, 64-3R e 64-4R; Biograph mCT Flow Edge-3R e 4R Biograph mCT-S (20)-3R, (20)-4R, (40)-3R, (40)-4R, (64)-3R e (64)-4R Biograph mCT-X-3R e 4R Toshiba Medical do Brasil Ltda Celesteion PCA-9000 A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não, pois é um procedimento e não medicamento5. Em abril de 2014 foi incorporada essa tecnologia para as seguintes indicações: estadiamento clínico do câncer de pulmão de não pequenas células potencialmente ressecável6; detecção de metástase de câncer colorretal, exclusivamente hepática e potencialmente ressecável7; estadiamento e avaliação da resposta ao tratamento do linfoma de Hodgkin e linfoma não-Hodgkin8.Quanto custa o exame Tomografia por emissão de pósitrons acoplada à tomografia computadorizada (PET-CT)?
Considerando que existem diversos registros e diferentes empresas que produzem equipamento referente a tomografia de emissão de pósitrons associada a tomografia computadorizada (PET-CT), não foi calculado o custo da tecnologia. Este exame não é financiado por quantitativo realizado e sim por procedimento, incluindo todos os custos de todo o material utilizado.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Diagnóstico de câncer colorretal?
Sim1. O SUS disponibiliza o tratamento para o câncer de colorretal, conforme a DDT – Carcinoma de Cólon e Reto.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, a Conitec avaliou a tomografia de emissão de pósitrons e tomografia computadorizada para detecção de metástase hepática exclusiva potencialmente ressecável de câncer colorretal9. Os membros do Plenário da Comissão, em dezembro de 2013, recomendaram a incorporação da tomografia de emissão de pósitrons e tomografia computadorizada para detecção de metástase de câncer colorretal, exclusivamente hepática e potencialmente ressecável no SUS, tendo sida oficialmente incorporada mediante aprovação do Secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde em abril de 20147.
Mais informações em: http://conitec.gov.brO que a literatura científica relata sobre o uso dessa tecnologia para essa condição clínica?
Duas revisões sistemáticas foram selecionadas: uma revisão sistemática com meta-análise10 avaliou o desempenho diagnóstico de PET ou PET-CT na detecção de câncer de colorretal recorrente em pacientes com antígeno carcinoembrionário elevado. Foram incluídos 11 estudos clínicos totalizando 510 pacientes.
•Comparando PET e PET-CT, a especificidade e a sensibilidade demonstraram semelhantes:
- PET: 90,3% (IC 95%: 85,5-94,0%), 80,0% (IC 95%: 67,0-89,6%), 2,88 (IC 95%: 1,37-6,07) e 0,12 (IC 95%, 0,07–0,20).
- PET-CT: 94,1% (IC 95%: 89,4-97,1%), 77,2% (IC 95%: 66,4–85,9%), 4,70 (IC 95%: 0,82–12,13) e 0,06 (IC 95%: 0,03–0,13).
•Comparando PET-CT e tomografia computadorizada, a especificidade e a sensibilidade, o PET-CT demonstrou um desempenho significativamente maior:
- PET-CT: 94,0% (IC95%: 88,1-97,6%), 92,7% (IC95%: 80,1–98,5%), 7,38 (IC95%: 1,60–33,86) e 0,07 (IC95%: 0,03–0,14).
- Tomografia computadorizada: 51,3% (IC 95%:41,9-60,6%), 90,2% (IC 95%: 76,9– 97,3%), 3,28 (IC 95%: 0,69-15,61) e 0,576 (IC 95%: 0,29-1,10).
A segunda revisão sistemática com meta-análise comparou o desempenho diagnóstico de PET, PET-CT, tomografia computadorizada e ressonância magnética. Foram incluídos 14 estudos observacionais.
•Três compararam as tecnologias PET-CT versus PET e cinco, tomografia computadorizada versus outras modalidades de imagem:
- PET-CT: o desempenho foi maior que PET, a área sob a curva ROC (receiver operator characteristic curve) de 0,95 (IC95%: 0,89–0,97) versus 0,92 (IC95%: 0,86–0,96).
- PET-CT: o desempenho foi melhor que tomografia computadorizada, a área sob a curva ROC (receiver operator characteristic curve) de 0,94 (IC 95% 0,87–0,98) versus 0,83 (IC 95% 0,72–0,90).
Nas duas revisões sistemáticas selecionadas a PET-CT se mostrou mais preciso para exames de diagnóstico na detecção de câncer de colorretal em casos específicos de elevação do antígeno carciniembrionário.Referências bibliográficas
1 Brasil. Ministério da Saúde. DDT. Câncer de Cólon e Reto. Portaria Conjunta SAS/MS n° 958 – 26/09/2014. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Artigos_Publicacoes/ddt_Colorretal__26092014.pdf. Acessado em 24/12/2019.
2 Brasil. INCA – Instituto Nacional de Câncer. Disponível em: https://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/cancer-de-intestino/profissional-de-saude. Acessado em: 24/12/2019.
3 Brasil. Ministério da Saúde. Cartilha de Prevenção do Câncer do Colorretal. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/folder/prevencao_cancer_colorretal_profissionais_saude.pdf. Acessado em: 26/12/2019
4 Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Consulta de produtos de saúde. PET/CT. Acesso em 23 de dezembro de 2019. Disponível em: https://consultas.anvisa.gov.br/#/saude/q/?nomeProduto=PET-CT
5 Brasil. Ministério da Saúde. RENAME – Relação Nacional de Medicamentos Essenciais. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/medicamentos_rename.pdf. Acesso em: 23/12/2019.
6 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Portaria nº 7, de 22 de abril de 2014. Diário Oficial da União. 2014 abr 23; nº 7, Seção 1, p. 78. Acesso em: 26/12/2019. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/Portaria/2014/Portarias7e8_23.04.2014.pdf
7 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Portaria nº 8, de 14 de abril de 2014. Diário Oficial da União. 2014 abr 23; nº 7, Seção 1, p. 78. Acesso em: 26/12/2019. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/Portaria/2014/Portarias7e8_23.04.2014.pdf
8 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Portaria nº 9, de 22 de abril de 2014. Diário Oficial da União. 2014 abr 23; nº 7, Seção 1, p. 79. Acesso em: 26/12/ 2019. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/Portaria/2014/Portaria9_22.04.2014.pdf
9 Brasil. Ministério da Saúde, Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, Departamento de Gestão e Incorporação de Tecnologias. PET-CT na detecção de metástase hepática exclusiva potencialmente ressecável de câncer colorretal. Abril/2014. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2015/Relatorio_PET_CancerColoeReto-FINAL.pdf. Acesso em: 26/12/2019.
10 Lu YY1, Chen JH, Chien CR, Chen WT, Tsai SC, Lin WY, Kao CH. Use of FDG-PET or PET/CT to detect recurrent colorectal cancer in patients with elevated CEA: a systematic review and meta-analysis. Int J Colorectal Dis. 2013 Aug;28 (8):1039-47. doi: 10.1007/s00384-013-1659-z. Epub 2013 Feb 14.
11 Maas M, Rutten IJ, Nelemans PJ, Lambregts DM, Cappendijk VC, Beets GL, Beets-Tan RG. What is the most accurate whole-body imaging modality for assessment of local and distant recurrent disease in colorectal cancer? A meta-analysis: imaging for recurrent colorectal câncer. Eur J Nucl Med Mol Imaging. 2011 Aug;38(8):1560-71. doi: 10.1007/s00259-011-1785- 1. Epub 2011 Apr 6. -
Tomografia por emissão de pósitrons acoplada à tomografia computadorizada (PET-CT) para o diagnóstico de nódulo pulmonar solitário :: Dezembro/2019
Data de elaboração: Dezembro/2019 Data de publicação: Dezembro/2019 O que é Nódulo Pulmonar Solitário - (NPS)?
O nódulo pulmonar solitário é uma opacidade radiológica única, esférica, bem circunscrita, com diâmetro igual ou menor a 3 cm, quando maior que 3 cm é denominado como massa pulmonar e tem maior probabilidade de ser uma doença maligna1. Caracteriza-se por estar cercado por parênquima pulmonar e não ter atelectasia (colapso pulmonar), linfadenopatia, pneumonia ou derrame pleural. A detecção é feita de forma incidentalmente por radiografia ou tomografia computadorizada de tórax quando em investigação a outras doenças. A manifestação mais comum do câncer pulmonar é o nódulo pulmonar solitário. O câncer de pulmão continua a ser a neoplasia mais incidente e também a causa de morte por câncer mais frequente no mundo2.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Nódulo Pulmonar Solitário - (NPS)?
Sim3. O SUS oferece uma estratégia de cuidado conforme as Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas (DDT) em Oncologia, Câncer de Pulmão.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim4. A tecnologia é registrada como produto para a saúde na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), e atualmente há oito produtos registrados, de cinco empresas diferentes.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Registros da tomografia de emissão de pósitrons e tomografia computadorizada na Agência Nacional de Vigilância Sanitária3, descrita na tabela abaixo:Empresas Modelos Bio Imagem NeuSight PET/CT 16 e 64 GE Healthcare do Brasil - Discovery PET/CT 600, 690, 690 Elite e 690
- Optima PET/CT 560
- Discovery PET/CT 610 e 710
Philips Medical Systems Ltda - Sistema de Imagem PET/CT TruFlight Select
- Sistema de Imagem PET/CT Ingenuity TF
Siemens Healthcare Diagnósticos Ltda Biograph Horizon - 3R e 4R; Biograph mCT Flow 20-3R, 20-4R, 40-3R, 40-4R, 64-3R e 64-4R; Biograph mCT Flow Edge-3R e 4R Biograph mCT-S (20)-3R, (20)-4R, (40)-3R, (40)-4R, (64)-3R e (64)-4R Biograph mCT-X-3R e 4R Toshiba Medical do Brasil Ltda Celesteion PCA-9000 A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não5. Não, pois é um procedimento e não medicamento. Em abril de 2014 foi incorporada essa tecnologia para as seguintes indicações: estadiamento clínico do câncer de pulmão de não pequenas células potencialmente ressecável6; detecção de metástase de câncer colorretal, exclusivamente hepática e potencialmente ressecável7; estadiamento e avaliação da resposta ao tratamento do linfoma de Hodgkin e linfoma não-Hodgkin8.Quanto custa o exame Tomografia por emissão de pósitrons acoplada à tomografia computadorizada (PET-CT)?
Considerando que existem diversos registros e diferentes empresas referente a tomografia de emissão de pósitrons acoplada a tomografia computadorizada (PET-CT), não foi calculado o custo da tecnologia. Este exame não é financiado por quantitativo realizado e sim por procedimento, incluindo todos os custos de todo o material utilizado.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Nódulo Pulmonar Solitário - (NPS)?
Sim. O SUS disponibiliza o tratamento para o câncer de pulmão, conforme a DDT – Câncer de Pulmão3. Esclarece-se que para o tratamento de câncer no Sistema Único de Saúde, não há uma lista específica de medicamentos e procedimentos, vez que o cuidado ao paciente deve ser feito de forma integral nas Unidades de Alta Complexidade em Oncologia – UNACON – ou Centros de Alta Complexidade em Oncologia – CACON. Nesses estabelecimentos de saúde, o fornecimento de medicamentos é feito via autorização de procedimento de alta complexidade (APAC), conforme os procedimentos tabelados. Assim, esses hospitais habilitados como UNACON ou CACON devem oferecer assistência especializada e integral ao paciente com câncer, atuando no diagnóstico e tratamento do paciente.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim. a Conitec avaliou a tomografia de emissão de pósitrons e tomografia computadorizada em dezembro de 2013 e recomendaram a incorporação da tomografia de emissão de pósitrons e tomografia computadorizada para as seguintes indicações: estadiamento clínico do câncer de pulmão de não pequenas células potencialmente ressecável9; detecção de metástase de câncer colorretal, exclusivamente hepática e potencialmente ressecável10; estadiamento e avaliação da resposta ao tratamento do linfoma de Hodgkin e linfoma não-Hodgkin11. Tendo sido oficialmente incorporada mediante aprovação do Secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde em abril de 20146,7,8. Mais informações em: http://conitec.gov.brO que a literatura científica relata sobre o uso dessa tecnologia para essa condição clínica?
Uma revisão sistemática (RS) avaliou o desempenho diagnóstico de PET e ressonância magnética (RM) simultaneamente em oncologia em comparação com o PET-CT. A RS incluiu 57 artigos sendo que deste, 6 artigos avaliaram um total de 503 pacientes oncológicos. O PET e RM apresentaram uma taxa de detecção de 53,3 a 70,3%, o que foi considerado como um desempenho menor que o PET-CT12.
Outro estudo de revisão guideline da Sociedade Torácica Britânica forneceu recomendações abrangentes para o manejo dos nódulos pulmonares, comparando a imagem ressonância magnética por difusão ponderada (DWI-MRI) com o PET-CT para diferentes desfechos. Para diagnosticar malignidade, foram avaliados 140 nódulos pulmonares e como resultado observou-se uma relação semelhante para a sensibilidade (70% DWI-MRI versus 72% PET- CT) e acurácia diagnóstica (76% versus 74%). No que se refere a especificidade, observou-se que a DWI-MRI apresentou um resultado significativamente melhor quando comparado ao PET-CT (97% versus 79%, respectivamente). Quando avaliado as precisões de PET e PET-CT para o diagnóstico de malignidade em nódulos pulmonares solitários, o PET-CT demonstrou, ligeiramente melhores resultados do que PET isoladamente: sensibilidade (91% versus 88%) e especificidade (82% versus 89%). Quando comparado a acurácia diagnóstica da TC dinâmica com o PET-CT para o diagnóstico de nódulo pulmonar observou-se os seguintes valores de sensibilidade, especificidade, acurácia, VPP e VPN, respectivamente: 81%, 93%, 85%, 96% e 71% (TC dinâmica) e 96%, 88%, 93%, 94% e 92% (PET-CT). Sendo assim, o PET-TC pareceu ter um desempenho melhor que a TC dinâmica13.Referências bibliográficas
1 Brasil. CBR. Radiologia Brasileira. Disponível em: http://www.rb.org.br/detalhe_artigo.asp?id=2694&idioma=Portugues. Acessado em: 27/12/2019.
2 Brasil. Ministério da Saúde. Disponível em: http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2014/fevereiro/03/Relatorio-PET-EstadiamentoCancerPulmonar-CP39.pdf
3 Brasil. Ministério da Saúde. DDT. Câncer de Pulmão. Portaria Conjunta SAS/MS nº 957 - 26/09/2014 (Publicada em 29/09/2014). Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Artigos_Publicacoes/ddt_CAPulmao_26092014.pdf
4 Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Consulta de produtos de saúde. PET/CT. Acesso em 23 de dezembro de 2019. Disponível em: https://consultas.anvisa.gov.br/#/saude/q/?nomeProduto=PET-CT
5 Brasil. Ministério da Saúde. RENAME – Relação Nacional de Medicamentos Essenciais. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/medicamentos_rename.pdf. Acesso em: 23/12/2019.
6 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Portaria nº 7, de 22 de abril de 2014. Diário Oficial da União. 2014 abr 23; nº 7, Seção 1, p. 78. Acesso em: 26/12/2019. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/Portaria/2014/Portarias7e8_23.04.2014.pdf
7 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Portaria nº 8, de 14 de abril de 2014. Diário Oficial da União. 2014 abr 23; nº 7, Seção 1, p. 78. Acesso em: 26/12/2019. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/Portaria/2014/Portarias7e8_23.04.2014.pdf
8 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Portaria nº 9, de 22 de abril de 2014. Diário Oficial da União. 2014 abr 23; nº 7, Seção 1, p. 79. Acesso em: 26/12/ 2019. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/Portaria/2014/Portaria9_22.04.2014.pdf
9 Brasil. Ministério da Saúde, Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, Departamento de Gestão e Incorporação de Tecnologias. PET-CT no Estadiamento do Câncer Pulmonar de Células Não Pequenas. Abril/2014. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2015/Relatorio_PET_EstadiamentoCPulmonar-FINAL.pdf. Acesso em: 26/12/2019.
10 Brasil. Ministério da Saúde, Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, Departamento de Gestão e Incorporação de Tecnologias. PET-CT na detecção de metástase hepática exclusiva potencialmente ressecável de câncer colorretal. Abril/2014. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2015/Relatorio_PET_CancerColoeReto-FINAL.pdf. Acesso em: 26/12/2019.
11 Brasil. Ministério da Saúde, Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, Departamento de Gestão e Incorporação de Tecnologias. PET-CT no Estadiamento e Avaliação da Resposta ao Tratamento dos Linfomas. Abril/2014. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2015/Relatorio_PETLinfoma_FINAL.pdf. Acesso em: 26/12/2019.
12 Riola-Parada C, García-Cañamaque L, Pérez-Dueñas V, Garcerant-Tafur M, Carreras-Delgado JL. Simultaneous PET/MRI vs PET/CT in oncology. A systematic review. Rev Esp Med Nucl Imagen Mol. 2016 Sep-Oct;35(5):306-12. doi: 10.1016/j.remn.2016.06.001. Epub 2016 Aug 8. Review. English, Spanish.
13 Baldwin DR. Management of pulmonary nodules according to the 2015 British Thoracic Society guidelines. Key messages for clinical practice. Pol Arch Med Wewn. 2016 Apr 26;126(4):262-74. doi: 10.20452/pamw.3379. Epub 2016 Apr 26. -
Tomografia por emissão de pósitrons associada à tomografia computadorizada (PET-CT) na detecção do câncer de mama com recidiva locorregional ou metástase :: Dezembro/2019
Data de elaboração: Dezembro/2019 Data de publicação: Dezembro/2019 O que é Câncer de mama?
O câncer de mama é uma doença causada pela multiplicação desordenada das células da mama. Esse processo gera células anormais que se multiplicam, formando um tumor. O câncer de mama é o tipo de câncer mais incidente entre as mulheres em todo o mundo e se apresenta em vários tipos, pois é uma doença que pode evoluir de diferentes formas. Alguns tipos têm desenvolvimento rápido, enquanto outros crescem mais lentamente. Esses comportamentos distintos se devem a característica próprias de cada tumor1. É considerado um câncer de relativo bom prognóstico, quando diagnosticado e tratado precocemente. No entanto, quando diagnosticado em estágios avançados, com metástases sistêmicas, a cura não é possível. Os melhores resultados em sobrevida em países desenvolvidos estão relacionados principalmente ao diagnóstico precoce por mamografia (MMG), sendo este exame um método eficaz de rastreamento populacional. O câncer de mama tem seu prognóstico e tratamento definidos pela localização, idade de apresentação e estadiamento, e ainda fatores de risco que levam em consideração critérios histopatológicos, biológicos e, mais recentemente, moleculares e genéticos2.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Câncer de mama?
Sim3. O SUS oferece uma estratégia de cuidado conforme as Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas (DDT) em Oncologia, Carcinoma de Mama.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim4. A tecnologia é registrada como produto para a saúde na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), e atualmente há oito produtos registrados, de cinco empresas diferentes.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Registros da tomografia de emissão de pósitrons e tomografia computadorizada na Agência Nacional de Vigilância Sanitária3, descrita na tabela abaixo:Empresas Modelos Bio Imagem NeuSight PET/CT 16 e 64 GE Healthcare do Brasil - Discovery PET/CT 600, 690, 690 Elite e 690
- Optima PET/CT 560
- Discovery PET/CT 610 e 710
Philips Medical Systems Ltda - Sistema de Imagem PET/CT TruFlight Select
- Sistema de Imagem PET/CT Ingenuity TF
Siemens Healthcare Diagnósticos Ltda Biograph Horizon - 3R e 4R; Biograph mCT Flow 20-3R, 20-4R, 40-3R, 40-4R, 64-3R e 64-4R; Biograph mCT Flow Edge-3R e 4R Biograph mCT-S (20)-3R, (20)-4R, (40)-3R, (40)-4R, (64)-3R e (64)-4R Biograph mCT-X-3R e 4R Toshiba Medical do Brasil Ltda Celesteion PCA-9000 A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não, pois é um procedimento e não medicamento5. Em abril de 2014 foi incorporada essa tecnologia para as seguintes indicações: estadiamento clínico do câncer de pulmão de não pequenas células potencialmente ressecável6; detecção de metástase de câncer colorretal, exclusivamente hepática e potencialmente ressecável7; estadiamento e avaliação da resposta ao tratamento do linfoma de Hodgkin e linfoma não-Hodgkin8.Quanto custa o exame Tomografia por emissão de pósitrons associada a tomografia computadorizada (PET-CT)?
Considerando que existem diversos registros e diferentes empresas que produzem equipamento referente a tomografia de emissão de pósitrons associada a tomografia computadorizada (PET-CT), não foi calculado o custo da tecnologia. Este exame não é financiado por quantitativo realizado e sim por procedimento, incluindo todos os custos de todo o material utilizado.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Câncer de mama?
Sim. O SUS disponibiliza o tratamento para o câncer de mama, conforme a DDT – Carcinoma de Mama2. Esclarece-se que para o tratamento de câncer no Sistema Único de Saúde, não há uma lista específica de medicamentos, vez que o cuidado ao paciente deve ser feito de forma integral nas Unidades de Alta Complexidade em Oncologia – UNACON – ou Centros de Alta Complexidade em Oncologia – CACON. Nesses estabelecimentos de saúde, o fornecimento de medicamentos é feito via autorização de procedimento de alta complexidade (APAC), conforme os procedimentos tabelados. Assim, esses hospitais habilitados como UNACON ou CACON devem oferecer assistência especializada e integral ao paciente com câncer, atuando no diagnóstico e tratamento do paciente.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, a Conitec avaliou a tomografia de emissão de pósitrons e tomografia computadorizada para outros tipos de câncer. Os membros do Plenário da Comissão, em dezembro de 2013, recomendaram a incorporação da tomografia de emissão de pósitrons e tomografia computadorizada para as seguintes indicações: estadiamento clínico do câncer de pulmão de não pequenas células potencialmente ressecável9; detecção de metástase de câncer colorretal, exclusivamente hepática e potencialmente ressecável10; estadiamento e avaliação da resposta ao tratamento do linfoma de Hodgkin e linfoma não-Hodgkin11. Tendo sido oficialmente incorporada mediante aprovação do Secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde em abril de 20146,7,8.O que a literatura científica relata sobre o uso dessa tecnologia para essa condição clínica?
Foram selecionadas quatro revisões sistemáticas (RS). Uma RS com meta-analise12 avaliou a precisão da ressonância magnética (MRI) e PET-CT para o estadiamento do câncer de mama. Foram incluídos 21 estudos, sendo 13 prospectivos e oito retrospectivos. Dos 21 estudos, apenas dois compararam diretamente a MRI e PET-CT. As estimativas agregadas de sensibilidade e especificidade da ressonância magnética foram 0,82 (IC 95% 0,78-0,85) e 0,93 (IC 95% 0,92-0,94), respectivamente. A MRI apresentou maior sensibilidade do que a PET-CT para o diagnóstico de metástase linfática axilar em pacientes com câncer de mama.
A RS que avaliou a precisão diagnóstica da PET-CT para a detecção de câncer de mama com suspeita de recorrência, incluiu 26 estudos, totalizando 1.752 pacientes. Dos 14 estudos incluídos que realizaram PET-CT, os resultados demonstraram maior precisão quando comparado com PET [0,823 (IC 95% 0.784–0.858) versus 0,796 (IC 95% 0.734–0.849), p-valor=0,035] e similaridade em sensibilidade [0.92 (IC 95% 0.897–0.939) versus 0.876(IC 95% 0.842–0.905), p-valor=0,687]13.
Na terceira RS com meta-análise, foi avaliado a precisão da PET-CT para o diagnóstico de metástase à distância em pacientes com câncer de mama, comparando com a análise histopatológica ou acompanhamento clínico e de imagem. Foram incluídos oito estudos, totalizando 748 pacientes com a idade entre 19 e 84 anos. Nos resultados da meta-análise a PET-CT apresentou ótimo desempenho com uma sensibilidade melhor do que a imagem convencional. A sensibilidade combinada para PET-CT foi de 0,96 (IC 95%0,90-0,99), a especificidade de 0,95 (IC 95% 092-0,97), o teste da razão de verossimilhanças positivo (LR+) foi de 18,9 (IC 95% 12,2 a 29,3) e o negativo (LR-) de 0,04 (IC 95% 0,02 a 0,11). Em seis estudos que compararam a PET-CT com imagens convencionais, totalizando 664 pacientes, os resultados mostraram uma sensibilidade de 0,97 (IC 95% 084-0,99), especificidade de 0,95 (IC 95% 093-0,97), DOR de 598 (IC 95% 108-3309), LR+ de 20,8 (IC 95% 13,1-32,9) e LR- de 0,03 (IC 95% 0,01-0,18) para a PET-CT14.
A última RS, avaliou a precisão comparando PET e PET-CT como estratégias de diagnóstico de recorrência de câncer de mama. Nesta RS a PEC-CT demonstrou maior vantagem sobre a tomografia computadorizada e a PET sozinha para o diagnóstico de recorrência de câncer de mama com sensibilidade significativamente maior do que a tomografia computadorizada (0,95%, IC 95% 0,88-0,98 versus 0,80%; IC 95% 0,65-0,90), mas o aumento da especificidade não foi estatisticamente significativo (0,89%, IC 95% 0,69-0,97 versus, 0,77%, IC 95% 0,0,50-0,92). Também em comparação com a PET, a PET-CT apresentou sensibilidade significativamente maior (0,96%, IC 95% 0,90-0,98 versus 0,85%, IC 95%0,77-0,91). Esses resultados sugerem que a PET-CT apresentou vantagem para o diagnóstico de recorrência de câncer de mama quando comparada com a PET sozinha15.
De modo geral, considerando as evidências das quatro RS, a PEC-CT demonstrou ser um exame mais preciso entre as técnicas atuais de vigilância.Referências bibliográficas
1 https://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/cancer-de-mama, disponível em 13/12/2019
2 Brasil. Ministério da Saúde. Carcinoma de Mama. Portaria Conjunta SAS/SCTIE nº 05 - 18/04/2019 (Publicada em 29/04/2019 http://conitec.gov.br/images/Protocolos/DDT/DDT-Carcinoma-de-mama_PORTARIA-CONJUNTA-N--5.pdf. Acessado em: 23/12/2019
3 Brasil. Ministério da Saúde. DDT. Carcinoma de Mama. Portaria Conjunta SAS/SCTIE nº 05 - 18/04/2019 (Publicada em 29/04/2019 http://conitec.gov.br/images/Protocolos/DDT/DDT-Carcinoma-de-mama_PORTARIA-CONJUNTA-N--5.pdf. Acessado em: 23/12/2019
4 Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Consulta de produtos de saúde. PET/CT. Acesso em 23 de dezembro de 2019. Disponível em: https://consultas.anvisa.gov.br/#/saude/q/?nomeProduto=PET-CT
5 Brasil. Ministério da Saúde. RENAME – Relação Nacional de Medicamentos Essenciais. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/medicamentos_rename.pdf. Acesso em: 23/12/2019.
6 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Portaria nº 7, de 22 de abril de 2014. Diário Oficial da União. 2014 abr 23; nº 7, Seção 1, p. 78. Acesso em: 26/12/2019. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/Portaria/2014/Portarias7e8_23.04.2014.pdf
7 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Portaria nº 8, de 14 de abril de 2014. Diário Oficial da União. 2014 abr 23; nº 7, Seção 1, p. 78. Acesso em: 26/12/2019. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/Portaria/2014/Portarias7e8_23.04.2014.pdf
8 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Portaria nº 9, de 22 de abril de 2014. Diário Oficial da União. 2014 abr 23; nº 7, Seção 1, p. 79. Acesso em: 26/12/ 2019. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/Portaria/2014/Portaria9_22.04.2014.pdf
9 Brasil. Ministério da Saúde, Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, Departamento de Gestão e Incorporação de Tecnologias. PET-CT no Estadiamento do Câncer Pulmonar de Células Não Pequenas. Abril/2014. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2015/Relatorio_PET_EstadiamentoCPulmonar-FINAL.pdf. Acesso em: 26/12/2019.
10 Brasil. Ministério da Saúde, Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, Departamento de Gestão e Incorporação de Tecnologias. PET-CT na detecção de metástase hepática exclusiva potencialmente ressecável de câncer colorretal. Abril/2014. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2015/Relatorio_PET_CancerColoeReto-FINAL.pdf. Acesso em: 26/12/2019.
11 Brasil. Ministério da Saúde, Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, Departamento de Gestão e Incorporação de Tecnologias. PET-CT no Estadiamento e Avaliação da Resposta ao Tratamento dos Linfomas. Abril/2014. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2015/Relatorio_PETLinfoma_FINAL.pdf. Acesso em: 26/12/2019.
12 Liang X, Yu J, Wen B, Xie J, Cai Q, Yang Q. MRI and FDG-PET/CT based assessment of axillary lymph node metastasis in early breast cancer: a meta-analysis. Clin Radiol. 2017 Apr;72(4):295- 301. doi: 10.1016/j.crad.2016.12.001. Epub 2017 Jan 27.
13 Xiao Y, Wang L, Jiang X, She W, He L, Hu G. Diagnostic efficacy of 18F-FDG-PET or PET/CT in breast cancer with suspected recurrence: a systematic review and meta-analysis. Nucl Med Commun. 2016 Nov;37(11):1180-8. doi: 10.1097/MNM.0000000000000573. Review.
14 Hong S, Li J, Wang S. 18FDG PET-CT for diagnosis of distant metastases in breast cancer patients. A meta-analysis. Surg Oncol. 2013 Jun;22(2):139-43. Epub 2013 Apr 5. Review. -
Trastuzumabe Entansina para Câncer de Mama :: Abril/2023
Data de elaboração: Julho/2022 Data de publicação: Agosto/2022 O que é o câncer de mama?
O câncer de mama é uma doença causada pela multiplicação desordenada de células da mama. Esse processo gera células anormais que se multiplicam, formando um tumor.O diagnóstico para o câncer de mama pode incluir estratégias de detecção precoce e rastreamento. A estratégia de diagnóstico precoce contribui para a redução do estágio de apresentação do câncer e possibilidade de melhor efetividade do tratamento. São considerados sinais e sintomas suspeitos de câncer de mama e de referência urgente para a confirmação diagnóstica:
Quadro 1. Sintomas suspeitos de câncer de mama.
Sintomas suspeitos de câncer de mama
Qualquer nódulo mamário em mulheres com mais de 50 anos.
Nódulo mamário em mulheres com mais de 30 anos, que persistem por mais de um ciclo menstrual.
Nódulo mamário de consistência endurecida e fixo ou que vem aumentando de tamanho, em mulheres adultas de qualquer idade.
Descarga papilar sanguinolenta unilateral.
Lesão eczematosa da pele que não responde a tratamentos tópicos.
Presença de linfadenopatia axilar.
Aumento progressivo do tamanho da mama com a presença de sinais de edema, como pele com aspecto de casca de laranja
Retração na pele da mama.
Mudança no formato do mamilo
Fonte: Site Conitec (4)
Em geral, pode ser dividido em três subgrupos biológicos, cada um dos quais tem uma influência direta nas escolhas de tratamento: aqueles que expressam o receptor de estrogênio (ER); aqueles que expressam o receptor 2 do fator de crescimento epidérmico humano (HER2); e aqueles que não expressam nenhum destes, nem o receptor de progesterona (triplo-negativo). Embora seja improvável que o câncer de mama metastático seja curado, tem havido melhorias significativas na sobrevida devido à disponibilidade de terapias sistêmicas mais eficazes, incluindo terapia endócrina no tratamento de doenças sensíveis aos hormônios1.
O câncer de mama é uma das doenças mais estudadas em Oncologia, considerado muito heterogêneo e, portanto, com diferentes abordagens em diretrizes, guidelines, e trabalhos científicos. O câncer de mama tem seu prognóstico e tratamento definidos pela localização, idade de apresentação e estadiamento, e ainda fatores de risco que levam em consideração critérios histopatológicos, biológicos e, mais recentemente, moleculares e genéticos2.
Trata-se do segundo cancer mais incidente no mundo, ficando atrás apenas do câncer de pulmão. No Brasil, o câncer de mama é o tipo mais comum de câncer entre as mulheres no mundo e no Brasil, depois do câncer de pele não melanoma, correspondendo a cerca de 25% dos casos novos a cada ano. Estima-se que no período de 2020 a 2022 há incidência de câncer de mama seja de aproximadamente 66.280 casos para cada ano. Esse valor corresponde a um risco estimado de 61,61 casos novos a cada 100 mil mulheres. O câncer de mama é mais frequente em mulheres mais velhas e menos de 5% dos casos são diagnosticados em mulheres abaixo dos 35 anos2.
A identificação de fatores de risco e da doença em seu estágio inicial e o encaminhamento ágil e adequado para o atendimento especializado dão à Atenção Básica um caráter essencial para um melhor resultado terapêutico e prognóstico dos casos2.
O desenvolvimento do câncer de mama está relacionado a uma combinação de fatores de risco, no entanto algumas mulheres podem ter câncer de mama mesmo sem quaisquer outros fatores de risco que conheçam1.
Existe estratégia de cuidado no SUS para tratar o câncer de mama?
Sim. O SUS oferece estratégia de cuidado que pode ser verificada nas Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas (DDT) do Carcinoma de Mama9, publicado por meio da Portaria SAS/SCTIE/MS nº 53, de 18 de abril 2019. As Diretrizes estão em fase de atualização.A tecnologia possui registro na Anvisa?
Sim. O trastuzumabe entansina foi registrado na Anvisa em janeiro de 2014, sob a marca comercial Kadcyla®. O medicamento é indicado em monoterapia para tratamento de pacientes com câncer de mama HER2-positivo (receptor do fator de crescimento epidérmico humano 2) metastático ou localmente avançado não ressecável, que tenham recebido tratamento prévio com trastuzumabe e um taxano; e também em monoterapia para o tratamento adjuvante de pacientes com câncer de mama HER2-positivo em estágio inicial que apresentam doença residual invasiva após o tratamento neoadjuvante baseado em taxano e trastuzumabe4.Possui genérico?
Não5.Quais são as marcas do medicamento disponíveis no mercado*?
Kadcyla® - pó liofilizado para solução injetável nas concentrações de 100 mg e 160 mg na apresentação de um frasco-ampola de uso único.*Medicamento disponível no mercado de acordo com a lista CMED5, de 07/02/2023, atualizada em 14/02/2023.
O medicamento está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename)?
Não, de acordo com consulta realizada à Rename6, em 20/03/2023.Quanto custa o tratamento com o trastuzumabe entansina?
Considerando a dose recomendada em bula de 3,6 mg/kg, a cada 3 semanas (ciclo de 21 dias), e como o medicamento não é restrito a mulheres e sim para pacientes com câncer de mama, será considerado para o cálculo do custo do tratamento uma pessoa com 70 kg. O custo mensal estimado para tratamento com trastuzumabe entansina é de R$ 51.050,46 (cinquenta e um mil, cinquenta reais e quarenta e seis centavos). O valor foi calculado considerando-se o Preço Fábrica (PF) e a alíquota de 18% em relação ao ICMS do medicamento de referência, segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED/Anvisa5, pois esse medicamento não consta na lista de isenção de ICMS ou com aplicação do desconto CAP.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar o câncer de mama?
Sim. O SUS disponibiliza o tratamento para o câncer de mama, conforme a DDT do Carcinoma de Mama9. Esclarece-se que para o tratamento de câncer no SUS, não há uma lista específica de medicamentos, vez que o cuidado ao paciente deve ser feito de forma integral nas Unidades de Alta Complexidade em Oncologia (UNACON) ou Centros de Alta Complexidade em Oncologia (CACON). Nesses estabelecimentos de saúde, o fornecimento de medicamentos é feito via autorização de procedimento de alta complexidade (APAC), conforme os procedimentos tabelados. Assim, esses hospitais habilitados como UNACON ou CACON devem oferecer assistência especializada e integral ao paciente com câncer, atuando no diagnóstico e tratamento do paciente, sendo ressarcidos pelo gestor federal quando da realização dessa assistência, inclusive farmacêutica, de acordo com valores pré-estabelecidos na Tabela de Procedimentos do SUS.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde – Conitec – já avaliou a tecnologia para esta condição clínica em adultos?
Sim, a Conitec avaliou o trastuzumabe entansina em monoterapia para tratamento de pacientes com câncer de mama HER2-positivo metastático ou localmente avançado iressecável, com tratamento prévio de trastuzumabe e um taxano; e no tratamento adjuvante do câncer de mama HER2-positivo operado em estádio III com doença residual na peça cirúrgica após tratamento neoadjuvante. Durante a 110ª reunião ordinária, realizada no dia 06 de julho de 2022, os membros da Comissão recomendaram a incorporação ao SUS do trastuzumabe entansina no tratamento adjuvante do câncer de mama HER2-positivo operado em estádio III com doença residual na peça cirúrgica após tratamento neoadjuvante, conforme o modelo da Assistência Oncológica no SUS e as Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas do Ministério da Saúde2 e a não incorporação do trastuzumabe entansina em monoterapia para tratamento de pacientes com câncer de mama HER2-positivo metastático ou localmente avançado irressecável que tenham recebido tratamento prévio com trastuzumabe e um taxano. Os documentos técnicos foram encaminhados à então Secretária de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde (SCTIE/MS), que ratificou as recomendações e publicou as Portarias SCTIE/MS nº 98 e 99, respectivamente, no Diário Oficial da União (DOU) nº 173, de 12/09/2022, Seção 1, pág. 128.O que a literatura científica relata sobre o uso dessa tecnologia para o câncer de mama?
Minckwitz et al7 no estudo clínico randomizado, de fase III, multicêntrico, aberto, do uso de trastuzumabe entansina (T-DM1) para paciente com cancer de mama inicial HER 2 positivo com doença residual na mama ou axila na cirurgia após receber terapia neoadjuvante com taxano e trastuzumabe, pacientes foram randomizados para receberem tratamento adjuvante com trastuzumabe entansina ou trastuzumabe por 14 ciclos. O desfecho primário estudado foi a sobrevida livre de doença invasiva (SLDi), já os desfechos secundários foram uma definição mais ampla de SLDi (incluindo o segundo câncer primário não-mamário como um evento, além dos descritos anteriormente), SLD (sobrevida livre de doença), SG (sobrevida global), sobrevida livre de recorrência distante e segurança. Como resultado em análise provisória, entre 1486 pacientes designados aleatoriamente (743 no grupo T-DM1 e 743 no grupo trastuzumabe), a doença invasiva ou a morte ocorreu em 91 pacientes no grupo T-DM1 (12,2%) e 165 pacientes no grupo trastuzumabe (22,2%). A porcentagem estimada de pacientes SLDi em 3 anos foi de 88,3% no grupo T-DM1 e 77,0% no grupo trastuzumabe. A SLDi foi significativamente maior no grupo T-DM1 do que no grupo trastuzumabe (hazard ratio (HR) para doença invasiva ou morte, 0,50; intervalo de confiança de 95%, de 0,39 a 0,64; p<0,001). A recorrência distante como o primeiro evento de doença invasiva ocorreu em 10,5% dos pacientes no grupo T-DM1 e 15,9% daqueles no grupo de trastuzumabe. Os dados de segurança foram consistentes com o perfil de segurança conhecido do T-DM1, com mais eventos adversos associados ao T-DM1 do que apenas ao trastuzumabe. Conclui-se que entre os pacientes com câncer de mama precoce HER2- positivo que apresentou doença invasiva residual após a conclusão da terapia neoadjuvante, o risco de recorrência de câncer de mama invasivo ou morte foi 50% menor com o adjuvante T-DM1 do que apenas com o trastuzumabe.Paracha et al8, em metanálise de rede (NMA), com revisões sistemáticas de estudos controlados publicados de tratamentos para pacientes com câncer de mama HER2-positivo irressecáveis ou metastáticos com recidiva precoce (≤ 6 meses) após terapia adjuvante ou progressão após trastuzumabe (TRAS)+taxano publicado de janeiro de 1998 a janeiro de 2018, incluiu regimes de sete ensaios clínicos randomizados: T-DM1 e combinações de TRAS, capecitabina (CAP), lapatinibe (LAP), neratinibe ou pertuzumabe (PER; não aprovado). Os resultados do SO favoreceram o T-DM1 em vez de comparadores aprovados: taxa de risco (FC) (intervalo de credibilidade de 95% [95% CRI]) vs CAP 0,68 (0,39, 1,10), LAPCAP 0,76 (0,51, 1,07), TRAS-CAP 0,78 (0,44, 1,19). As tendências do SLP (sobrevida livre de progressão) favoreceram o T-DM1 em todos os outros tratamentos: HR (95% CRI) vs CAP 0,38 (0,19, 0,74), LAP-CAP 0,65 (0,40, 1,10), TRAS-CAP 0,62 (0,34, 1,18); a Taxa de resposta geral (ORR) com T-DM1 foi mais favorável do que com todos os tratamentos aprovados. Em geral, os efeitos colaterais gastrointestinais foram menos propensos e transaminases hepáticas elevadas e trombocitopenia mais provável com T-DM1 do que com os comparadores. Concluiu-se que os perfis de eficácia e tolerabilidade do T-DM1 são geralmente favoráveis em comparação com outros tratamentos para câncer de mama HER2-positivo irressecável ou metastático.
Referências bibliográficas
1 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação n°. 678, de nov 2021. Abemaciclibe, palbociclibe e succinato de ribociclibe para o tratamento de pacientes adultas com câncer de mama avançado ou metastático com HR+ e HER2- [Acesso em 20 mar 2023]. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/2021/20211207_relatorio_678_abemaciclibe_palbociclibe_ribociclibe_carcinoma_mama_final.pdf.2 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Portaria Conjunta nº 5, de 18 de abril de 2019. Aprova as Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas do Carcinoma de Mama. [portaria na internet] Diário Oficial da União 29 abril 2019 [acesso em 20 mar 2023]; Seção 1, (44). Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/protocolos/ddt/ddt-carcinoma-de-mama_portaria-conjunta-n-5.pdf.
3 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Portaria Conjunta SAS/SCTIE/MS nº 5, de 28 de abril 2019. Aprova as Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas do Mieloma Múltiplo. [Portaria na internet]. Diário Oficial da União 29 abr 2019 [Acesso em 20 mar 2023]; Seção 1, (44). Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/portaria/2019/portariasconjuntas_sctie_sas_5_2019.pdf.
4 Kadcyla. [Bula]. Brasil: Produtos Roche Químicos e Farmacêuticos S.A.
5 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Medicamentos. Câmera de Regulação do Mercado de Medicamentos. Listas de Preços de Medicamentos [Acesso em 20 mar 2023]. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/cmed/precos.
6 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2022. Brasília: Ministério da Saúde; 2022 [Acesso em 20 mar 2023]. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/20220128_rename_2022.pdf.
7 von Minckwitz G, Huang CS, Mano MS, Loibl S, Mamounas EP, Untch M, et al. Trastuzumab Emtansine for Residual Invasive HER2-Positive Breast Cancer. New England journal of medicine. 2019;380(7):617‐28. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/30516102/.
8 Paracha N, Reyes A, Diéras V, Krop I, Pivot X, Urruticoechea A. Evaluating the clinical effectiveness and safety of various HER2-targeted regimens after prior taxane/trastuzumab in patients with previously treated, unresectable, or metastatic HER2-positive breast cancer: a systematic review and network meta-analysis. Breast Cancer Res Treat. 2020 Apr;180(3):597-609. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7103014/
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Trimetazidina para angina pectoris :: Outubro/2019
Data de elaboração: Julho/2019 Data de publicação: Outubro/2019 O que é Angina Pectoris?
A angina não é considerada especificamente uma doença, mas sim uma síndrome clínica de um problema cardíaco subjacente, que se caracteriza por dor ou desconforto (sensação de aperto ou pressão) em quaisquer das seguintes regiões: tórax, epigástrio, mandíbula, ombro, dorso ou membros superiores. Os fatores desencadeantes da dor e os sintomas variam, dependendo do tipo da angina. Dentre os vários tipos de angina, incluem a angina microvascular, a angina variante ou de Prinzmetal, a angina estável e a angina instável1. A angina estável, ou pectoris, é um termo médico para dor ou desconforto no peito, com duração aproximada de cinco minutos. É tipicamente desencadeada ou agravada devido: a) atividade física ou estresse emocional - momento em que o músculo cardíaco não recebe tanto sangue quanto necessita, devido ao estreitamento ou ao bloqueio de uma ou mais artérias do coração, caracterizando a isquemia do músculo cardíaco; b) exposição a temperaturas muito quentes ou muito frias; c) refeições pesadas; e d) tabagismo2. Usualmente, a angina estável acomete portadores de doença arterial coronariana (DAC) com comprometimento de, pelo menos, uma artéria epicárdica. Entretanto, pode também ocorrer em casos de doença cardíaca valvar, cardiomiopatia hipertrófica e hipertensão não controlada. Pacientes com coronárias normais e isquemia miocárdica relacionada ao espasmo ou disfunção endotelial também podem apresentar angina, assim como, pacientes com anomalias anatômicas das artérias coronárias3. O diagnóstico da angina estável compreende i) a história clínica do paciente, onde se avalia os sintomas apresentados como: a localização, a irradiação, a duração, os fatores desencadeantes, os fatores de alívio e aspectos associados; ii) o exame físico, onde se avalia a existência ou não de DAC ou de outras condições associadas e iii) testes adicionais, como eletrocardiograma (ECG) de esforço, ecocardiograma com estresse, cintilografia miocárdica com estresse, tomografia, ressonância magnética cardiovascular (RMC) e cineangiocoronariografia (CATE), também com o propósito de avaliar a probabilidade de DAC3.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Angina Pectoris?
Sim. Embora não haja um Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) específico para angina pectoris, pois ela não é considerada uma patologia em si e sim uma síndrome clínica de problemas cardíacos subjacentes, para este quadro clínico, o tratamento é realizado no SUS de acordo com o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) das Síndromes Coronarianas Agudas4, que especificam o tratamento adequado e orientam quanto à prevenção de novos eventos coronarianos, garantindo o cuidado continuado e a reabilitação do paciente.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. A trimetazidina é indicado no tratamento da cardiopatia isquêmica e na insuficiência cardíaca de causa isquêmica em pacientes que utilizam outros medicamentos concomitantes para o tratamento desta doença5.Possui genérico?
Sim. Dicloridrato de trimetazidina 35 mg.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Quicard® - 35 mg – comprimido revestido – embalagem com 8, 10, 15, 20, 30, 50 e 60 comprimidos revestidos de liberação prolongada.
Eskemico® - 35 mg – comprimido revestido – embalagem com 8, 10, 15, 20, 30, 50 e 60 comprimidos revestidos de liberação prolongada.
Cortazidin® - 35 mg – comprimido revestido – embalagem com 8, 10, 15, 20, 30, 50 e 60 comprimidos revestidos de liberação prolongada.
Herzaten® - 35 mg – comprimido revestido – embalagem com 8, 10, 15, 20, 30, 50 e 60 comprimidos revestidos de liberação prolongada.
Neovangy MR® - 35 mg – comprimido revestido – embalagem com 8, 10, 15, 20, 30, 50 e 60 comprimidos revestidos de liberação prolongada.
Vazidin®- 35 mg – comprimido revestido – embalagem com 8, 10, 15, 20, 30, 50 e 60 comprimidos revestidos de liberação prolongada.
Vastarel MR® - 35 mg – comprimido revestido – embalagem com 8, 10, 15, 20, 30, 50 e 60 comprimidos revestidos de liberação prolongada.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 01/07/2019.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não. Trimetazidina não consta na RENAME 20186.Quanto custa o tratamento com Trimetazidina?
Considerando a dose recomendada em bula de um comprimido de 35 mg duas vezes ao dia, o custo mensal estimado para o tratamento com trimetazidina foi de R$ 34,85. O valor foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% do medicamento de referência, segundo ANVISA7.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Angina Pectoris?
Sim, são disponibilizados os medicamentos apresentados na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Ácido acetilsalicílico Comprimido 100 mg
500 mgAtenolol Comprimido 50 mg
100 mgCaptopril Comprimido 25 mg Carvedilol Comprimido 3,125 mg
6,25 mg
12,5 mg
25 mgClopidogrel Comprimido 75 mg Enalapril Comprimido 5 mg
10 mg
20 mgEspironolactona Comprimido 25 mg
100 mgLosartana Comprimido 50 mg
Metoprolol Comprimido 25 mg
50 mg
100 mgMononitrato de isossorbida Comprimido 20 mg
40 mgPropranolol Comprimido 10 mg
40 mgVarfarina Comprimido 1 mg
5 mgO financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento8.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Não, até a presente data, não foi protocolada, na Conitec, demanda para analisar a incorporação, ao SUS, da trimetazidina para tratamento de angina pectoris ou para outras condições clínicas, seja pelo laboratório fabricante ou por outros demandantes. Ressalta-se que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou a empresa (produtora da tecnologia ou não), pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à CONITEC, desde que cumpra as exigências legais impostas pelo Decreto nº 7.646 de 2011.
Mais informações em: http://conitec.gov.brO que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Uma revisão sistemática (RS) avaliou a eficácia e tolerância da trimetazidina (TMZ), tanto em monoterapia como em combinação com outros medicamentos. Foram incluídos 12 ensaios clínicos randomizados com um total de 921 participantes de pesquisa. Os autores consideraram os seguintes critérios: número de ataques semanais de angina, tempo para depressão de 1 mm no segmento ST, trabalho total no pico do exercício e a tolerabilidade, que foi avaliada pelo relato de eventos adversos. Os resultados demonstraram que a TMZ reduziu o número de ataques de angina semanais quando tomada concomitante ao tratamento convencional (anticoagulantes e betabloqueadores) mas não quando administrada como monoterapia. Quanto ao tempo para depressão de 1 mm no segmento ST, que se refere a um achado no eletrocardiograma em que o traço no segmento ST é abaixo da linha de base, foi observado que a TMZ aumentou o tempo para depressão de 1 mm do segmento ST quando comparado com placebo e também quando tomada junto com a terapia convencional. Sobre o trabalho total no pico do exercício, que é o esforço realizado no pico do exame ergométrico, a RS demonstrou que a TMZ aumentou o tempo total de trabalho no pico do exercício, mas que este resultado não foi estatisticamente significante. Verificou-se nas análises de subgrupo que a TMZ não melhora significativamente o trabalho total no pico do exercício, seja em monoterapia ou em terapia combinada. Por fim, em relação a tolerabilidade foi relatado que não houve retirada de pacientes do estudo por motivos de efeitos colaterais da TMZ ou de qualquer outro medicamento. Além disso, os autores descreveram que houveram menos eventos adversos (gastrointestinais, cefaléias e cãibras musculares) nos grupos da TMZ em comparação com a nifedipina, propranolol ou metoprolol. Conforme os resultados dessa RS, a TMZ foi eficaz para angina pectoris em monoterapia, quando comparada com placebo, e foi tão eficaz quanto os outros agentes anti-anginosos de primeira linha. Os autores também concluíram que a TMZ apresentou eficácia adicional em combinação com outros agentes e teve boa tolerabilidade9.Referências bibliográficas
1 American Heart Association (AHA). Angina (Chest Pain). Disponível em: .
2 American Heart Association (AHA). Angina Pectoris (Stable Angina). Disponível em: .
3 Cesar LA, Ferreira JF, Armaganijan D, Gowdak LH, Mansur AP, Bodanese LC, Sposito A, Sousa AC, Chaves AJ, Markman B, Caramelli B, Vianna CB, Oliveira CC, Meneghetti C, Albuquerque DC, Stefanini E, Nagib E, Pinto IMF, Castro I, Saad JA, Schneider JC, Tsutsui JM, Carneiro JKR, Torres K, Piegas LS, Dallan LA, Lisboa LAF, Sampaio MF, Moretti MA, Lopes NH, Coelho OR, Lemos P, Santos RD, Botelho R, Staico R, Meneghello R, Montenegro ST, Vaz VD. Sociedade Brasileira de Cardiologia. Arquivos brasileiros de cardiologia. Diretriz de doença coronária estável. Agosto de 2014, volume 103, nº2(2). Disponível em: .
4 BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.994 de 13/12/2011. Aprova a Linha de Cuidado: Síndromes Coronarianas Agudas. Brasília: Ministério da Saúde, 2011. Disponível em: http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2014/abril/02/pcdt-sindromes-coronarianas-agudas-2011.pdf Acesso em: 26/07/2019.
5 TRIMETAZIDINA. Bula de medicamento. Pharlab Indústria Farmacêutica S.A.. Farm. Resp.: Domingos J.S. Iannotti. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=10194802015&pIdAnexo=2958993. Acesso em 05/08/2019.
6 BRASIL. Ministério da Saúde. RENAME – Relação Nacional de Medicamentos Essenciais. Disponível em: http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2018/dezembro/17/170407M2018final.pdf. Acesso em: 28/08/2019.
7 Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 05/08/2019.
8 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2018. Brasília, MS, 2018. 219 p. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Artigos_Publicacoes/Rename/Rename_2018_Novembro.pdf Acesso em: 02/08/2019.
9 Marzilli, M; Klein. W; Efficacy and tolerability of trimetazidine in stable angina: a meta-analysis of randomized, double-blind, controlled trials. Coronary Artery Disease. 14(2):171-179, APRIL 2003. -
Ubidecarenona (Coenzima Q10) para ataxia de Friedrich :: Agosto/2019
Data de elaboração: Junho/2019 Data de publicação: Agosto/2019 O que é Ataxia de Friedrich?
Ataxia é uma palavra de origem grega (ataxis) que significa incapacidade de coordenação e é utilizada para designar os sintomas de algumas condições médicas ou neurológicas degenerativas do sistema nervoso. A ataxia de Friedreich é uma doença hereditária rara que causa danos progressivos ao sistema nervoso. O início dos sintomas ocorre, geralmente, na infância e adolescência (entre 5 e 15 anos) e, em casos incomuns, na idade adulta. A disfunção é autossômica recessiva causada por mutações em ambas as cópias do gene FXN, que codifica uma proteína denominada frataxina. O portador da doença apresenta sintomas indicativos de comprometimento neurológico, além de dificuldade na coordenação dos movimentos para caminhar. Entre os principais sintomas, destaca-se a disartria (dificuldade de articulação da fala), a perda de reflexos, da força e da sensibilidade nos braços e nas pernas, a rigidez muscular, as deformidades ósseas na coluna e nos pés, o enfraquecimento do músculo cardíaco (miocardiopatia hipertrófica) e diabetes. No entanto, a memória, o raciocínio e a cognição permanecem preservados. O diagnóstico é feito pela avaliação clínica, histórico familiar e médico do paciente, avaliação do funcionamento dos músculos e nervos e também por alguns exames, como ressonância magnética do cérebro e da coluna para verificar sinais de atrofia do cordão espinhal com mínima evidência de atrofia cerebelar, e ainda teste genético para detectar o gene da frataxina1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Ataxia de Friedrich?
Não. Atualmente, no âmbito do SUS, ainda não há diretrizes de estratégia de cuidado específicas para pacientes com ataxia de Friedrich.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Não. A Ubidecarenona (Coenzima Q10) não possui registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).Possui genérico?
Não.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Tendo em vista a inexistência de registro na ANVISA, não há marcas disponíveis no Brasil.A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não.Quanto custa o tratamento com Ubidecarenona (Coenzima Q10)?
Considerando que este medicamento ainda não possui registro na ANVISA, não está precificado pela CMED2.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Ataxia de Friedrich?
Ainda não há alternativas terapêuticas disponíveis no SUS para o tratamento de ataxia de Friedrich.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Não. Até a presente data, não foi protocolada na Conitec demanda para analisar a incorporação no SUS da ubidecarenona (Coenzima Q10) para tratamento de ataxia de Friedrich ou para outras condições clínicas, seja pelo laboratório fabricante ou por outros demandantes. Ressalta-se que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou a empresa (produtora da tecnologia ou não), pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à CONITEC, desde que cumpra as exigências legais impostas pelo Decreto nº 7.646 de 2011.
Mais informações em: http://conitec.gov.brO que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Uma revisão sistemática (RS) da Cochrane identificou mais de 12 estudos que usaram antioxidantes no tratamento da ataxia de Friedreich, porém, apenas dois ensaios clínicos randomizados (ECRs) pequenos, que totalizaram 72 participantes, preencheram os critérios de seleção e foram incluídos na revisão. Estes critérios foram: pessoas com ataxia de Friedrich geneticamente confirmada, em todos os estágios da doença, ambos os sexos e qualquer idade e em tratamento farmacológico (incluindo vitaminas). Um dos ensaios comparou idebenona com placebo e o outro comparou coenzima Q10 de dose alta versus dose baixa de coenzima e vitamina E (os especialistas consideraram que a medicação de baixa dosagem era o placebo). A conclusão da RS foi que não houve diferença significativa entre os grupos tratado com antioxidante e grupo placebo, que ambos os estudos relataram alterações nas medidas cardíacas avaliadas pelo ecocardiograma e que não houve mortes relacionadas ao tratamento com antioxidantes. Verificou-se que em nenhum dos estudos foi avaliado o estado neurológico de pessoas com ataxia de Friedreich, por meio de uma escala neurológica validada, o que seria um parâmetro de avaliação importante. Sendo assim, são necessários mais estudos que comparem diretamente a coenzima Q10 (ubidecarenona) com outros comparadores ativos para conclusões sobre efetividade e segurança do medicamento, bem como o estabelecimento do custo e efetividade desse tratamento3.Referências bibliográficas
1 Bürk, K. Friedreich Ataxia: current status and future prospects. Cerebellum & Ataxias (2017) 4:4. DOI 10.1186/s40673-017-0062-x.
2 inistério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 09/10/2018.
3 Kearney M, Orrell RW, Fahey M, Brassington R, Pandolfo M. Pharmacological treatments for Friedreich ataxia. Cochrane Database of Systematic Reviews 2016, Issue 8. Art. No.: CD007791. DOI: 10.1002/14651858.CD007791.pub4. -
Ustequinumabe para artrite psoríaca ativa :: Julho/2018
Data de elaboração: Julho/2018 Data de publicação: Julho/2018 O que é Artrite Psoríaca Ativa?
A artrite psoriásica (AP), comumente chamada de psoriática ou psoríaca, é uma artrite inflamatória crônica que afeta ligamentos, tendões, fáscias, articulações axiais e periféricas e que está associada à psoríase cutânea1,2 . A psoríase cutânea é caracterizada pela presença de placas eritêmato-escamosas de bordas bem definidas, que variam em número e tamanho, presentes particularmente nas superfícies extensoras de membros e do couro cabeludo3. A artrite associada à psoríase é considerada como a manifestação extracutânea mais comum da psoríase4 , é uma doença autoimune poligênica, com alta influência hereditária e de etiologia indefinida5.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Artrite Psoríaca Ativa?
Sim. O SUS oferece uma estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Artrite Psoríaca. (http://conitec.gov.br/images/Protocolos/Protocolo_Uso/Portaria_CJ_06-2017_PCDT_Artrite_Psor%C3%ADaca.pdf)6.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O ustequinumabe possui indicação em bula para o tratamento da psoríase em placa, moderada a grave, em adultos que não responderam, ou que têm uma contraindicação, ou que são intolerantes a outras terapêuticas sistêmicas, incluindo ciclosporina, metotrexato e radiação ultravioleta A associada à administração de psoraleno (PUVA). Também é indicado para o tratamento da artrite psoríaca ativa em pacientes adultos, isolado ou em combinação com metotrexato, quando a resposta ao tratamento com medicamentos modificadores do curso da doença (MMCD) foi inadequado7.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Stelara® - solução injetável de 45mg, 90mg e 130 mg.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 15/05/2018.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não.Quanto custa o tratamento com Ustequinumabe?
Considerando a dose recomendada em bula de 45 mg administrada nas semanas 0 e 4 e, depois, a cada 12 semanas duas aplicações diárias, o custo de uma dose de 45 mg é de R$ 7.981,77, sendo assim, o tratamento mensal é de 31.927,08. Este custo foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% do medicamento de referência, segundo ANVISA 8.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Artrite Psoríaca Ativa?
Sim. O tratamento medicamentoso da AP inclui anti-inflamatórios não esteroidais (AINE), glicocorticoides e medicamentos modificadores do curso da doença (MMCD). Se a doença for persistente mesmo com o uso de MMCD não biológicos administrados de forma isolada ou em associação, em doses máximas toleradas, por seis meses, deve-se considerar o uso de anti-TNF-alfa isolado ou associado. Sendo assim, são disponibilizados no SUS os medicamentos apresentados na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Adalimumabe Solução injetável 40mg/ 0,8mL Ciclosporina Cápsula 10mg, 25mg
50mg e 100mgEtanercepte Solução injetável 25mg e 50mg Golimumabe Solução injetável 50mg/0,5mL Ibuprofeno Comprimidos 200mg,300mg 600mg Infliximabe Solução injetável 100mg/10mL Leflunomida Comprimido 20mg Metilprednisolona Solução injetável 40mg/2mL Metotrexato Comprimido 2,5mg Naproxeno Comprimido 250mg e 500 mg Prednisona Comprimido 5mg e 20mg Sulfassalazina Comprimido 500 mg O financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento1.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosa, conforme PCDT2.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, a CONITEC avaliou em 2018 o ustequinumabe para tratamento de artrite psoríaca ativa em pacientes adultos que apresentaram resposta inadequada aos medicamentos modificadores do curso da doença. Os membros da comissão recomendaram a não incorporação de ustequinumabe para o tratamento de artrite psoríaca ativa moderada a grave, devido a sua inferioridade de eficácia em relação a medicamentos anti-TNF já disponíveis pelo SUS10.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Revisão sistemática com metanálise publicada em 2016 verificou a eficácia comparativa dos agentes biológicos no tratamento da AP em pacientes que não responderam previamente ao uso de MMCDs (glicocorticoides e medicamentos modificadores do curso da doença) e AINE (anti-inflamatórios não esteroidais). Foram incluídos pacientes com AP intolerantes ou não responsivos a tratamento prévio com MMCDs e/ou AINE, que foram acompanhados por um período mínimo de 12 semanas e que avaliaram o ACR20 como desfecho primário ou principal. Individualmente, os anti-TNF antigos etanercepte, infliximabe e golimumabe foram superiores ao ustequinumabe 45 mg e 90 mg, e ao certolizumabe, para ACR20 (p < 0,05), sem diferenças estatisticamente significante para secuquinumabe (150 mg e 300 mg). Adalimumabe não apresentou diferença estatisticamente significante para ustequinumabe (ambas as doses), certolizumabe e secuquinumabe (nas três doses)11.Referências bibliográficas
1 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Ciência e Tecnologia. Diretrizes metodológicas : Diretriz de Avaliação Econômica / Ministério da Saúde, Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, Departamento de Ciência e Tecnologia. – 2. ed. – Brasília: Ministério da Saúde, 2014.132 p. : il. ISBN 978-85-334-2182-0
2 Carneiro S, Azevedo VF, Bonfiglioli R, Ranza R, Gonçalves CR, Keiserman M, Meirelles Ede S, Pinheiro Mde M, Ximenes AC, Bernardo W, Sampaio-Barros PD; Comissão de Espondiloartrites da Sociedade Brasileira de Reumatologia. Recommendations for the management and treatment of psoriatic arthritis. Rev Bras Reumatol. 2013. doi: 10.1590/S0482-50042013000300002. May-Jun;53(3):227-41.
3 Consenso Brasileiro de Psoríase 2012 - Guias de avaliação e tratamento Sociedade Brasileira de Dermatologia. 2 ed. Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de Dermatologia, 2012. 172 p. ISBN 978-85-89240-04-8. Disponível em:
4 Barnas JL, Ritchlin CT. Etiology and Pathogenesis of Psoriatic Arthritis. Rheum Dis Clin North Am. 2015 Nov;41(4):643-63. doi: 10.1016/j.rdc.2015.07.006.
5 Her M, Kavanaugh A. Alterations in immune function with biologic therapies forautoimmune disease. J Allergy Clin Immunol. 2016 Jan;137(1):19-27. doi:10.1016/j.jaci.2015.10.023.
6 BRASIL. Ministério da Saúde. PORTARIA Nº 6, DE 17 DE JULHO DE 2017. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Artrite Psoríaca. Brasília: Ministério da Saúde, 2016. Disponível em:
http://conitec.gov.br/images/Protocolos/Protocolo_Uso/Portaria_CJ_06-2017_PCDT_Artrite_Psor%C3%ADaca.pdf; Acesso em: 11/06/2018.
7 USTEQUINUMABE. Bula de medicamento. Janssen-Cilag Farmacêutica Ltda. Farm. Resp.: Marcos R. Pereira. Disponível em: 8Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 22/03/2018.http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=2503912017&pIdAnexo=4993382 Acesso em 11/06/2018
9 Diário Oficial da União. Torna pública e decisão de incorporar o secuquinumabe no âmbito do SUS. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/Portaria/2018/PortariasSCTIE-3a10_2018.pdf. Acesso em 10 jul 2018.
10 BRASIL. Ministério da Saúde. PORTARIA Nº 6, DE 24 DE JANEIRO DE 2018. Torna pública a decisão de não incorporar o ustequinumabe para o tratamento de pacientes adultos com artrite psoríaca ativa que apresentaram resposta inadequada aos medicamentos modificadores do curso da doença, no âmbito do Sistema Único de Saúde – SUS. Brasília, Ministério da Saúde, 2018. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2018/Relatorio_Ustequinumabe_ArtritePsoriasica.pdfAcesso em 15/06/2018
11 Ungprasert P, Thongprayoon C, Davis JM. Indirect comparisons of the efficacy of biological agents in patients with psoriatic arthritis with an inadequate response to traditional disease-modifying anti-rheumatic drugs or to non-steroidal anti-inflammatory drugs: A meta-analysis. Semin Arthritis Rheum. 2016;45(4):428–38. -
Valproato de sódio para epilepsia :: Setembro/2020
Data de elaboração: Setembro/2020 Data de publicação: Setembro/2020 O que é epilepsia?
A epilepsia é um distúrbio neurológico que afeta cerca de 70 milhões de pessoas em o todo mundo1, 0,5% a 1,0% da população. A doença se caracteriza por uma predisposição permanente do cérebro em originar crises epilépticas e pelas consequências neurobiológicas, cognitivas, psicológicas e sociais destas crises2. As crises epilépticas são divididas em focais, generalizadas ou desconhecidas3. As manifestações clínicas das crises epilépticas focais iniciam-se de forma localizada numa área específica do cérebro. Os aspectos fundamentais no diagnóstico são: alteração ou não da consciência durante a crise (percepção dos eventos por parte do paciente) e tipo de manifestação da crise (motoras e não motoras). Quando motoras, as crises focais são representadas pelos automatismos, crises atônicas, crises clônicas, espasmos epilépticos, crises hipercinéticas, crises mioclônicas e crises tônicas; quando não motoras são as crises autonômicas, parada comportamental, cognitivas, emocionais e sensoriais. Entretanto, uma crise focal, quando propagada para todo o córtex cerebral, pode terminar numa crise tônico-clônica generalizada, sendo então denominada crise focal com evolução para crise tônico-clônica bilateral2. As crises generalizadas têm origem em algum ponto da rede neural que é capaz de recrutar rapidamente outras redes neurais bilaterais, sendo apresentadas no eletroencefalográfico (EEG)3. As crises de início generalizado são subdivididas em motoras (tônico-clônicas, clônicas, tônicas, mioclônicas, mioclônico-tônico-clônicas, mioclônico-atônicas, atônicas, espasmos epilépticos) e não motoras, as clássicas crises de ausência, que se subdividem ainda em típicas, atípicas, mioclônicas e ausências com mioclonias palpebrais2. As crises de origem desconhecida são situações nas quais o clínico é incapaz de determinar se o tipo de epilepsia é focal ou generalizada porque há pouca informação disponível. Podem ser motoras (espasmos epilépticos, crises tônico-clônicas) ou não motoras (parada comportamental)3. A epilepsia está associada a uma maior mortalidade (risco de acidentes e traumas, crises prolongadas e morte súbita), a um risco aumentado de comorbidades psiquiátricas (sobretudo depressão e ansiedade) e também a inúmeros problemas psicossociais (perda da carteira de habilitação, desemprego, isolamento social, efeitos adversos dos fármacos, disfunção sexual e estigma social)2.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar epilepsia?
Sim. O SUS oferece estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Epilepsia. Este documento inclui critérios de diagnóstico, de inclusão e exclusão, tratamento não medicamentoso e medicamentoso, monitorização da doença e regulação, controle e avaliação pelo gestor, dentro do SUS2.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O valproato de sódio foi registrado na Anvisa em abril de 1995, sob o nome comercial Depakene®. A indicação apresentada em bula é para epilepsia como monoterápico ou como terapia adjuvante ao tratamento de pacientes com crises parciais complexas, que ocorrem tanto de forma isolada ou em associação com outros tipos de crises. Também é indicado no tratamento de quadros de ausência simples e complexa em pacientes adultos e crianças acima de 10 anos, e como terapia adjuvante em adultos e crianças acima de 10 anos com crises de múltiplos tipos, que inclui crises de ausência4.Possui genérico?
Sim5.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Ácido Valproico*** - 250 mg cápsula gelatinosa mole
Ácido Valproico*** - 576 mg comprimido revestido
Ácido Valproico*** - 50 mg/mL xarope
Depakene - 250 mg cápsula gelatinosa mole
Depakene - 300 e 500 mg comprimido revestidode
Depakene - 50 mg/mL xarope
Depakene - 50 mg/mL xarope + copo**
Epilenil - 250 mg cápsula gelatinosa mole
Epilenil - 576 mg comprimido revestido
Lavie - 50 mg/mL xarope + copo**
Torval CR - 300 e 500 mg comprimido revestido de liberação prolongada
Valproato de sódio*** - 250 mg cápsula gelatinosa mole
Valproato de sódio*** - 300 e 500 mg comprimido revestido
Valproato de sódio*** - 300 e 500 mg comprimido revestido de liberação retardada
Valproato de sódio*** - 50 mg/mL xarope
Valproato de sódio*** - 50 mg/mL xarope + copo**
Vodsso - 250 mg cápsula gelatinosa mole
Vodsso - 50 mg/mL xarope
Vodsso - 500 mg comprimido revestido** Medicamentos em embalagens hospitalares e de uso restrito a hospitais e clínicas.
*** Diversos fabricantes de medicamento genérico.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED5 de 02/09/2020.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Sim, de acordo com consulta realizada à Rename6, em 03/09/2020.Quanto custa o tratamento com valproato de sódio?
Visto que existem diversos registros referentes ao valproato de sódio na Anvisa, devido ao fato do fármaco ter medicamento de referência, genéricos, similares de várias marcas e produtores e apresentações diferentes, foi calculado o valor do tratamento com o medicamento de referência Depakene® – 250 mg cápsula. Considerando a dose diária inicial recomendada em bula e no PCDT de 250 mg/dia (que corresponde a 1 cápsula de 250mg) e a dose máxima de 3.000mg/dia (correspondendo a 12 cápsulas de 250mg) descrita no PCDT, o custo mensal inicial estimado para tratamento com o medicamento pode variar de R$ 21,96 a R$ 262,80. O valor foi calculado considerando-se o Preço Fábrica (PF) e a alíquota de 18% em relação ao ICMS do medicamento de referência, segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED/Anvisa5, pois esse medicamento não consta na lista de isenção de ICMS ou com aplicação do desconto CAP.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar epilepsia?
Sim, de acordo com o PCDT da epilepsia2, são disponibilizados os medicamentos apresentados na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Ácido valproico(valproato de sódio) Comprimido ou cápsula
Comprimido
Solução e xarope250 mg
500 mg
50 mg/mLCarbamazepina Comprimido
Suspensão oral200 e 400 mg
20 mg/mLClobazam Comprimido 10 e 20 mg Clonazepan Solução oral 2,5 mg/mL Etossuximida Xarope 50 mg/mL Fenitoína Comprimido
Suspensão oral100 mg
20 mg/mLFenobarbital Comprimido
Suspensão oral100 mg
40 mg/mLGabapentina Cápsula 300 e 400 mg Lamotrigina Comprimido 25, 50 e 100 mg Levetiracetam Comprimido
Solução oral250 e 750 mg
100 mg/mLPrimidona Comprimido 100 e 250 mg Topiramato Comprimido 25, 50, 100 mg Vigabatrina Comprimido 500 mg O financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por um ou mais dos três entes federativos (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosas, conforme PCDT.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Não, a Conitec avaliou o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas de epilepsia. Durante a 63ª reunião ordinária, realizada nos dias 31 de janeiro e 01 de fevereiro de 2018, os membros da Comissão deliberaram, por unanimidade recomendar a aprovação do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Epilepsia7. O documento técnico foi encaminhado ao Secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde (SCTIE/MS), que ratificou a recomendação e publicou a Portaria Conjunta SAS/SCTIE nº 17/2018, no Diário Oficial da União (DOU) nº 122, de 27/06/2018, Seção 1, pág. 458.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Em uma revisão sistemática e metanálise de redes1, publicada em 2018, os autores compararam a eficácia dos medicamentos antiepilépticos (AED) disponíveis para tratamento de monoterapia de crises epilépticas generalizadas e também compararam todos os medicamentos antiepilépticos com valproato de sódio, que é o atual tratamento de primeira linha para epilepsia generalizada. Foram selecionados 16 ensaios clínicos randomizados, sendo o mais antigo de 1983 e o mais recente de 2013, totalizando 4.702 pacientes com crises epilépticas generalizadas. Os autores avaliaram a eficácia a partir de dois desfechos: livre de convulsões e retirada por ineficácia terapêutica. Sete artigos9-15, incluídos na revisão sistemática, publicaram estudos sobre a eficácia de valproato de sódio (VPA), lamotrigina (LTG), fenitoína (PHT), carbamazepina (CBZ), topiramato (TPM), levetiracetam (LEV) e fenobarbital (PB) no tratamento de convulsões tônico-clônicas generalizadas, tônicas e clônicas. Na metanálise de redes, para o desfecho livre de convulsões, a fenitoína demonstrou ser inferior ao valproato de sódio [OR 0,50 (IC95% 0,27 a 0,87)], em relação aos demais medicamentos não houve diferença estatisticamente significante. Em relação ao desfecho retirada por ineficácia terapêutica, não foi observada diferença no risco do paciente de se tornar livre de crises ou interromper o tratamento devido à ineficácia terapêutica (falta de efeito e / ou agravamento das crises) entre VPA, CBZ, LTG, LEV, PB e TPM. Esses medicamentos são eficazes e amplamente utilizados na prática clínica, porém, quando classificados, VPA, LTG, LEV e TPM se destacaram como as melhores opções. Em relação ao tratamento das crises de ausência, três estudos16-18 , da revisão sistemática, compararam valproato de sódio (VPA), etossuximida (ESM) e lamotrigina (LTG). A metanálise de rede sugere que não há diferença na eficácia do LTG ou ESM quando comparado ao VPA. No entanto, a classificação indicou ESM (52%) e VPA (47%) são mais prováveis do que LTG (37%) para manter o paciente livre de convulsões [OR 0,31 (IC95% 0,11 a 0,91)]. Não houve diferença estatisticamente significante no desfecho retirada por ineficácia terapêutica.Referências bibliográficas
1 Campos MS de A, Ayres LR, Morelo MRS, Carizio FAM, Pereira LRL. Comparative efficacy of antiepileptic drugs for patients with generalized epileptic seizures: systematic review and network meta-analyses. Int J Clin Pharm [Internet]. 2018;40(3):589–98. [acesso em 03 set 2020] Disponível em: https://doi.org/10.1007/s11096-018-0641-9.
2 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Epilepsia [Internet]. Portaria Conjunta SAS/SCTIE no 17-27/06/2018 2018. [acesso em 03 set 2020] Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Protocolos/PCDT_Epilepisia_2019.pdf.
3 International League Against Epilepsy. Operational classification of seizure types by the International League Against Epilepsy [Internet]. 2017. [acesso em 02 set 2020] Disponível em: https://www.ilae.org/files/ilaeGuideline/ClassificationEpilepsies-Scheffer2017-Brazil.pdf.
4 Depakene. [Bula]. Abbott Laboratórios do Brasil Ltda.
5 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Medicamentos. Câmera de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED). Listas de Preços de Medicamentos [Internet]. [acesso em 03 set 2020]. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos.
6 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais [Internet]. Ministério da Saúde, editor. Brasília; 2020. 217 p. [acesso em 03 set 2020]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Rename-2020-final.pdf.
7 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS. Relatório de Recomendação no 347. [Internet]. 2018. [acesso em 03 set 2020] Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Consultas/Relatorios/2018/Relatorio_PCDT_Epilepsia.pdf.
8 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. S Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Portaria Conjunta SAS/SCTIE no 17, de 21 de junho de 2018 - Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Epilepsia. [Internet]. Brasil; 2018. [acesso em 03 set 2020] Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/Portaria/2017/Portaria_17_PCDT_de_epilepsia.pdf.
9 Brodie MJ, Richens A, Yuen AWC, UK Lamotrigine/Carbamazepine Monotherapy Trial Group. Double-blind comparison of lamotrigine and carbamazepine in newly diagnosed epilepsy. Lancet [Internet]. 1995;345(8948):476–9. Disponível em: http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0140673695905812.
10 Marson AG, Al-Kharusi AM, Alwaidh M, Appleton R, Baker GA, Chadwick DW, et al. The SANAD study of effectiveness of valproate, lamotrigine, or topiramate for generalised and unclassifiable epilepsy: an unblinded randomised controlled trial. Lancet [Internet]. 2007 Mar 24;369(9566):1016–26. Disponível em: https://doi.org/10.1016/S0140-6736(07)60461-9.
11 Richens A, Davidson DL, Cartlidge NE, Easter DJ. A multicentre comparative trial of sodium valproate and carbamazepine in adult onset epilepsy. Adult EPITEG Collaborative Group. J Neurol Neurosurg & Psychiatry [Internet]. 1994 Jun 1;57(6):682 LP – 687. Disponível em: http://jnnp.bmj.com/content/57/6/682.abstract.
12 Steiner TJ, Dellaportas CI, Findley LJ, Gross M, Gibberd FB, Perkin GD, et al. Lamotrigine Monotherapy in Newly Diagnosed Untreated Epilepsy: A Double-Blind Comparison with Phenytoin. Epilepsia [Internet]. 1999;40(5):601–7. Disponível em: https://doi.org/10.1111/j.1528-1157.1999.tb05562.x.
13 Thilothammal N, Banu K, Ratnam RS. Comparison of phenobarbitone, phenytoin with sodium valproate: randomized, double-blind study. Indian Pediatr. 1996 Jul;33(7):549–55.
14 Turnbull DM, Howel D, Rawlins MD, Chadwick DW. Which drug for the adult epileptic patient: phenytoin or valproate? BMJ [Internet]. 1985;290(6471):815–9. Disponível em: https://www.bmj.com/content/290/6471/815.
15 Wilder BJ, Ramsay RE, Murphy J V, Karas BJ, Marquardt K, Hammond EJ. Comparison of valproic acid and phenytoin in newly diagnosed tonic‐clonic seizures. Neurology [Internet]. 1983 Nov 1;33(11):1474 LP – 1474. Disponível em: http://n.neurology.org/content/33/11/1474.abstract.
16 Callaghan N, O’Hare J, O’Driscoll D, O’Neill B, Daly M. Comparative study of ethosuximide and sodium valproate in the treatment of typical absence seizures (petit mal). Dev Med Child Neurol. 1982 Dec;24(6):830–6.
17 Coppola G, Auricchio G, Federico R, Carotenuto M, Pascotto A. Lamotrigine versus valproic acid as first-line monotherapy in newly diagnosed typical absence seizures: an open-label, randomized, parallel-group study. Epilepsia. 2004 Sep;45(9):1049–53.
18 Glauser TA, Cnaan A, Shinnar S, Hirtz DG, Dlugos D, Masur D, et al. Ethosuximide, valproic acid, and lamotrigine in childhood absence epilepsy: initial monotherapy outcomes at 12 months. Epilepsia. 2013 Jan;54(1):141–55. -
Vandetanibe para câncer medular da tireoide :: Dezembro/2018
Data de elaboração: Dezembro/2018 Data de publicação: Dezembro/2018 O que é Câncer Medular da Tireoide?
O câncer da tireoide é a neoplasia endócrina mais comum no mundo e pode ser dividido em câncer diferenciado da tireoide (CDT), câncer medular da tireoide (CMT) e câncer indiferenciado (anaplásico) da tireoide (CIT)1. O CMT é uma neoplasia originária das células C ou para-foliculares, um tipo de célula encontrada na tireoide responsável pela produção e secreção de calcitonina2,3. É uma neoplasia rara, correspondendo a no máximo 5% das neoplasias malignas da glândula tireoide. O CMT pode se apresentar de diferentes formas, incluindo os casos esporádicos e os associados à mutação do proto-oncogene RET, do inglês rearranged during transfection (casos hereditários)2,3,4. Apresenta-se na forma esporádica ou hereditária e a taxa de sobrevida depende do estádio tumoral ao diagnóstico3. Mutações ativadoras no proto-oncogene RET são responsáveis pela forma hereditária da neoplasia e o diagnóstico molecular é fundamental no manejo do CMT3,4. Na forma esporádica, cerca de 50% dos casos apresentam mutações somáticas do gene RET. A calcitonina é um biomarcador específico e altamente sensível para o diagnóstico do CMT. O antígeno carcinoembrionário (CEA) também é produzido pelas células C neoplásicas. Essas moléculas são utilizadas como marcadores prognósticos durante o acompanhamento dos pacientes. O CMT é um tumor indolente, apresentando-se como nódulo único na maioria dos casos esporádicos, enquanto no CMT hereditário é geralmente multicêntrico. O diagnóstico tende a ser tardio (geralmente na quinta ou sexta década de vida) nas formas esporádicas do tumor. Metástases em linfonodos cervicais são detectadas no diagnóstico em cerca de 50% dos pacientes, enquanto metástases distantes ocorrem em 20% dos casos (variação de 7 a 23%). A taxa de sobrevida em dez anos para pacientes com tumor restrito à glândula é aproximadamente 95%, enquanto em pacientes com metástases a distância é de 25% em cinco anos e 10% em dez anos3,4. O fígado é o sítio mais frequente de metástase do CMT. A incidência de metástases ósseas no câncer da tireoide é de aproximadamente 5%, com tempo médio de sobrevida pós-metástase de 5,3 ± 1,3 anos, e os pacientes com hipercalcemia apresentam menor sobrevida3.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Câncer Medular da Tireoide?
Sim. O SUS oferece estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) do Carcinoma Diferenciado da Tireoide (http://conitec.gov.br/images/Protocolos/PCDT_CarcinomaTireoide.pdf)5.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O vandetanibe (Caprelsa®) possui indicação em bula para o tratamento de pacientes com carcinoma medular de tireoide localmente avançado irressecável ou metastático6.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Caprelsa® - Comprimidos revestidos – 100 e 300 mg – embalagem com 30.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 11/12/2018.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não.Quanto custa o tratamento com Vandetanibe?
Considerando que a dose recomendada em bula é de 300 mg, uma vez ao dia, o custo estimado para o tratamento com vandetanibe foi de R$ 12.936,09. O valor foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% do medicamento de referência, segundo ANVISA7.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Câncer Medular da Tireoide?
Sim. Esclarece-se que para o tratamento de câncer no Sistema Único de Saúde, não há uma lista específica de medicamentos, vez que o cuidado ao paciente deve ser feito de forma integral nas Unidades de Alta Complexidade em Oncologia – UNACON ou Centros de Alta Complexidade em Oncologia – CACON. Nesses estabelecimentos de saúde, o fornecimento de medicamentos é feito via autorização de procedimento de alta complexidade (APAC), conforme os procedimentos tabelados. Assim, esses hospitais habilitados como UNACON ou CACON devem oferecer assistência especializada e integral ao paciente com câncer, atuando no diagnóstico e tratamento do paciente, sendo ressarcidos pelo gestor federal quando da realização dessa assistência, inclusive farmacêutica, de acordo com valores pré-estabelecidos na Tabela de Procedimentos do SUS.O financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento1.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosa, conforme PCDT2.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Não, até a presente data, não foi protocolada, na CONITEC, demanda para analisar a incorporação, ao SUS, do vandetanibe para o tratamento do câncer medular da tireoide ou para outras condições clínicas, seja pelo laboratório fabricante ou por outros demandantes. Ressalta-se que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou empresa (produtora da tecnologia ou não), pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à CONITEC, desde que cumpra as exigências legais impostas pelo Decreto nº 7.646 de 2011.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Ensaio clínico randomizado, controlado por placebo, duplo cego, multicêntrico e fase 3 avaliou vandetanibe para o tratamento de câncer medular da tireoide localmente avançado ou metastático. Foram incluídos 299 participantes de pesquisa e observou-se que o vandetanibe foi melhor do que o placebo para os desfechos sobrevida livre de progressão, taxa de resposta objetiva, taxa de controle da doença e resposta bioquímica (redução dos níveis séricos de calcitonina e antígeno carcinoembrionário). Entretanto, não houve diferenças estatisticamente significativas para a sobrevida global. Outro estudo de ensaio clínico não encontrou diferenças estatisticamente significativas para a sobrevida livre de progressão entre vandetanibe e placebo. Os eventos adversos mais frequentes (qualquer grau) ocorreram em maior proporção com vandetanibe, incluindo diarreia, rash, náuseas e hipertensão. O grupo que utilizou vandetanibe apresentou maior frequência de eventos adversos sérios do que o placebo. São necessários mais estudos que avaliem a eficácia e a segurança do vandetanibe, para o tratamento do câncer medular da tireoide8.Referências bibliográficas
1 Katoh H, Yamashita K, Enomoto T, Watanabe M (2015) Classification and General Considerations of Thyroid Cancer. Ann Clin Pathol 3(1): 1045. 2015. Disponível em: < https://www.jscimedcentral.com/Pathology/pathology-3-1045.pdf>.
2 Wells SA Jr, Asa SL, Dralle H, Elisei R, Evans DB, Gagel RF, Lee N, Machens A, Moley JF, Pacini F, Raue F, Frank-Raue K, Robinson B, Rosenthal MS, Santoro M, Schlumberger M, Shah M, Waguespack SG; American Thyroid Association Guidelines Task Force on Medullary Thyroid Carcinoma. Revised American Thyroid Association guidelines for the management of medullary thyroid carcinoma. Thyroid. 2015 Jun;25(6):567-610. doi: 10.1089/thy.2014.0335. Review. PubMed PMID: 25810047; PubMed Central PMCID: PMC4490627.
3 Maia AL, Siqueira DR, Kulcsar MA, Tincani AJ, Mazeto GM, Maciel LM. Diagnosis, treatment, and follow-up of medullary thyroid carcinoma: recommendations by the Thyroid Department of the Brazilian Society of Endocrinology and Metabolism. Arq Bras Endocrinol Metabol. 2014 Oct;58(7):667-700. DOI: 10.1590/0004-2730000003427. English, Portuguese. PubMed PMID: 25372577.
4 Schlumberger M, Bastholt L, Dralle H, Jarzab B, Pacini F, Smit JW; European Thyroid Association Task Force. 2012 European thyroid association guidelines for metastatic medullary thyroid cancer. Eur Thyroid J. 2012 Apr;1(1):5-14. doi: 10.1159/000336977. Epub 2012 Mar 28. Erratum in: Eur Thyroid J. 2012;1(2):54. PubMed PMID: 24782992; PubMed Central PMCID: PMC3821456.
5 BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 7 de 03 de janeiro de 2014. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas do
Carcinoma Diferenciado da Tireoide. Brasília: Ministério da Saúde, 2014. Disponível em: http: http://conitec.gov.br/images/Protocolos/PCDT_CarcinomaTireoide.pdf Acesso em: 22/12/2018.
6 VANDETANIBE. Bula de medicamento. Sanofi-Aventis Farmacêutica Ltda. Farm. Resp.: Silvia Regina Brollo. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=10511042018&pIdAnexo=10838246. Acesso em 23/12/2018.
7 Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 22/03/2018.
8 Wells SA Jr, Robinson BG, Gagel RF, Dralle H, Fagin JA, Santoro M, Baudin E, Elisei R, Jarzab B, Vasselli JR, Read J, Langmuir P, Ryan AJ, Schlumberger MJ. Vandetanib in patients with locally advanced or metastatic medullary thyroid cancer: a randomized, double-blind phase III trial. J Clin Oncol. 2012 Jan 10;30(2):134-41. doi: 10.1200/JCO.2011.35.5040. -
Vedolizumabe para doença de Crohn :: Julho/2020
Data de elaboração: Julho/2020 Data de publicação: Julho/2020 O que é Doença de Crohn?
A doença de Crohn (DC) é uma doença inflamatória crônica sem cura que acomete o intestino podendo se manifestar em qualquer porção do aparelho digestivo, da boca ao ânus sendo mais comum no terço final do intestino delgado, correspondente ao íleo. Os sintomas no trato digestivo correspondem à diarreia, dor abdominal, febre, perda de peso e sangramento retal, mas podem ocorrer manifestações extraintestinais, sendo mais frequentes as oftalmológicas, as dermatológicas e as reumatológicas. Acredita-se que a patogênese da DC envolva fatores genéticos, sistema imune e gatilhos ambientais. As doenças inflamatórias intestinais (DII) são responsáveis por alta prevalência de ansiedade e depressão, além de causarem importante impacto socioeconômico. A incidência das DII aumentou nos países desenvolvidos ocidentais nos últimos 100 anos, com prevalência de 0,3% na América do Norte, Oceania e na maioria dos países da Europa. No Brasil e em outros países de menor desenvolvimento a incidência continua crescente. Em estudo conduzido no estado de São Paulo, foi encontrada incidência da DC de 3,5 por 100.000 pessoas-ano no período entre 1986 e 2005. A DC não é curável clínica e cirurgicamente sendo uma patologia caracterizada por episódios de ativações e remissões. O diagnóstico da DC consiste da análise da história do paciente, exame físico, laboratorial, histopatológico, endoscópico e de imagem. O Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Doença de Crohn do Ministério da Saúde recomenda a utilização do Índice de Harvey-Bradshaw (IHB) para a diferenciação da doença ativa e em remissão. A DC pode afetar sobremaneira a qualidade de vida das pessoas. Estudo conduzido pela Associação Brasileira de Colite Ulcerativa e Doença de Crohn (ABCD) identificou que 80% dos pacientes consideram que sua vida é afetada pela doença mesmo em períodos de remissão e 43% consideram que as DII os impedem de estudar ou trabalhar de forma efetiva. A DC gera afastamentos no trabalho e impactos financeiros elevados. O manejo do paciente com DC objetiva alcançar bom controle dos sintomas, induzir e manter a remissão clínica da doença e melhorar a qualidade de vida proporcionando uma vida ativa. Em longo prazo, espera-se redução das taxas de hospitalização e necessidade de cirurgia1,2.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Doença de Crohn?
Sim. O SUS oferece estratégia de cuidado que pode ser verificada no PCDT da Doença de Crohn, publicado por meio da Portaria Conjunta3 SCTIE/SAES nº 14, de 28 de novembro de 2017. Este documento inclui critérios de diagnóstico, de classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados à saúde, de inclusão e exclusão, casos especiais, centro de referência, tratamento e esquemas de administração, monitorização da doença, acompanhamento pós-tratamento e regulação/controle/avaliação pelo gestor, dentro do SUS2.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O vedolizumabe foi registrado na Anvisa em maio de 2015, sob o nome comercial Entyvio®. A indicação apresentada em bula é para tratamento de pacientes adultos com colite ulcerativa moderada a grave na fase ativa que apresentaram uma resposta inadequada, perda de resposta ou são intolerantes ao tratamento convencional ou a um antagonista de fator de necrose tumoral alfa (TNF-α) e para tratamento de pacientes adultos com Doença de Crohn moderada a grave na fase ativa que apresentaram uma resposta inadequada, perda de resposta ou são intolerantes ao tratamento convencional ou a um antagonista de TNF-α. O vedolizumabe é um medicamento biológico imunossupressor seletivo para o intestino e atua reduzindo a inflamação gastrointestinal em pacientes com colite ulcerativa e DC4.Possui biossimilar?
Não5.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Entyvio® 300 mg – pó liofilizado para solução injetável – embalagem contendo 1 frasco (60 mg/ml após reconstituição).*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 01/07/2020.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não, de acordo com consulta realizada à Rename6, em 20/07/2020. No entanto, o vedolizumabe foi incorporado ao SUS juntamente ao infliximabe para tratamento da retocolite ulcerativa moderada a grave, limitados ao custo do tratamento com infliximabe conforme PCDT7.Quanto custa o tratamento com vedolizumabe?
Para tratamento da DC a dose recomendada em bula é de 300 mg (1 frasco) administrada por infusão intravenosa nas semanas 0, 2 e 6 e depois a cada 8 semanas. O custo estimado para o período de indução (semanas 0, 2 e 6) foi de R$ 44.983,29 e o custo de manutenção (a cada 8 semanas) foi de R$ 14.994,43. O que corresponde a um custo de R$ 44.983,29 nos 2 (dois) primeiros meses e um custo mensal de R$ 7.497,22 nos meses subsequentes. Os valores foram calculados considerando-se o Preço Fábrica (PF) estabelecido pela Anvisa e a alíquota de 18% em relação ao ICMS do medicamento de referência Entyvio®, segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED/Anvisa5O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Doença de Crohn?
Sim, de acordo com o PCDT da doença de Crohn2, são disponibilizados os medicamentos apresentados na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Adalimumabe Seringa pré-preenchida 40mg Alopurinol Comprimido 100 e 300mg Azatioprina Comprimido 50mg Certolizumabe pegol Seringa pré-preenchida 200mg Ciprofloxacino Comprimido 500mg Hidrocortisona Solução injetável 100 e 500mg Infliximabe Frasco-ampola 100mg Mesalazina Comprimido 400, 500 e 800mg Metilprednisolona Solução injetável 500mg Metotrexato Solução injetável 50mg Metronidazol Comprimido 250 e 400mg Prednisona Comprimido 5 e 20mg Sulfassalazina Comprimido 500mg O financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por um ou mais dos três entes federativos (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, a Conitec avaliou o vedolizumabe para o tratamento da DC. Durante a 77ª reunião ordinária, realizada no dia 08 de maio de 2019, os membros da Comissão deliberaram, por unanimidade, por recomendar a não incorporação no SUS do vedolizumabe (Entyvio®) para doença de Crohn moderada a grave1. O documento técnico foi encaminhado ao Secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde (SCTIE/MS), que ratificou a recomendação e publicou a Portaria SCTIE/MS nº 26/2019, no Diário Oficial da União (DOU) nº 100, de 27/05/2019, Seção 1, pág. 45.O que a literatura científica relata sobre o uso do vedolizumabe para essa condição clínica?
As evidências de eficácia e segurança do vedolizumabe para tratamento de pacientes com DC são provenientes de ensaios clínicos randomizados de comparação com placebo. Não foram localizados estudos de comparação que avaliassem desfechos de interesse como remissão da doença, cicatrização da mucosa, frequência de óbitos, eventos adversos graves e infecções graves entre vedolizumabe e os anti-TNF disponíves no SUS (infliximabe, adalimumabe e certolizumabe pegol). Uma revisão sistemática com meta-análise teve como objetivo avaliar a eficácia e segurança do vedolizumabe na DC, comparando o perfil de segurança dos medicamentos biológicos utilizados em pacientes com DC. Foram incluídos ensaios clínicos randomizados e multicêntricos que avaliaram a administração de vedolizumabe (300mg IV) em pacientes adultos com DC moderada a grave comparado a placebo (estudos GEMINI 1 e GEMINI 2), com resultados meta-analisados com modelo de efeitos fixos, uma vez que não foi identificada heterogeneidade. No desfecho indução de remissão, quando comparado ao placebo, o vedolizumabe apresenta superioridade em 6 semanas (RR 1,77 IC 95% 1,21 a 2,59). A superioridade do vedolizumabe foi observada apenas no subgrupo de pacientes virgens de tratamento com biológicos (RR 2,29 IC 95% 1,44 a 3,65). Nos pacientes com falha prévia a anti-TNF, não foi encontrada diferença significativa (RR 1,44 IC 95% 0,87 a 2,40). Com 10 semanas de acompanhamento, o vedolizumabe foi superior ao placebo tanto na população por análise por intenção de tratar (RR 2,2 IC 95% 1,4 a 3,3) quanto nos subgrupos virgens de biológicos (RR 2,2 IC 95% 1,1 a 4,6) e falhados a anti-TNF (RR 2,2 IC 95% 1,3 a 3,6). A manutenção da remissão foi avaliada apenas no estudo GEMINI 2. Os pacientes avaliados foram provenientes de duas coortes: uma de pacientes que receberam vedolizumabe 300mg nas semanas 0 e 2, de forma aberta (não mascarados para o tratamento), e outra de pacientes inicialmente randomizados para receberem vedolizumabe 300mg nas semanas 0 e 2, mascarados para o tratamento. Neste estudo, a manutenção da remissão também foi maior em pacientes que receberam vedolizumabe a cada 8 semanas, por 52 semanas, comparado a placebo (RR 1,8 IC 95% 1,2 a 2,6). Em todos os casos, considerou-se como evidência indireta grave, uma vez que foi utilizado placebo, enquanto o comparador preferencial seria um anti-TNF. Não foram identificados estudos comparativos para o desfecho de cicatrização da mucosa. O perfil de segurança do vedolizumabe (óbitos, eventos adversos graves e infecções graves) não apresentou diferença estatística quando comparado ao placebo ou, de forma indireta, aos anti-TNF1.Referências bibliográficas
1 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação n°. 450, de mai 2019. Vedolizumabe (Entyvio®) para Doença de Crohn. [Acesso em 20 jul 2020]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2019/Relatorio_Vedolizumabe_Crohn.pdf.
2 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação n°. 316, de ago 2017. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Doença de Crohn. [Acesso em 20 jul 2020]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2017/Recomendacao/Relatorio_PCDT-Doenca_de_Crohn_secretario_316_2017.pdf.
3 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Portaria Conjunta nº 14, de 28 de novembro de 2017. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Doença de Crohn. [portaria na internet]. Diário Oficial da União 8 dez 2017 [acesso em 20 jul 2020]; Seção 1, (201). Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Legislacao/DOU_08dez17_Portarias_Conjuntas_SAS-SCTIE_13-14_aprovam_PCDTs.pdf.
4 Entyvio. [Bula]. Brasil: Takeda Pharma Ltda.
5 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Medicamentos. Câmera de Regulação do Mercado de Medicamentos. Listas de Preços de Medicamentos [acesso em 20 jul 2020]. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/374947/5932738/LISTA_CONFORMIDADE_GOV_2020_07_v1.pdf/041d92c5-e6f8-458f-b176-a2f9ea9a3ac2.
6 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2020. Brasília: Ministério da Saúde; 2020 [acesso em 20 jul 2020]. Disponível em: http://portalms.saude.gov.br/assistencia-farmaceutica/medicamentos-rename.
7 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Portaria nº 49, de 22 de outubro de 2019. Torna pública a decisão de incorporar o infliximabe e o vedolizumabe para tratamento da retocolite ulcerativa moderada a grave, limitados ao custo do tratamento com infliximabe conforme Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas do Ministério da Saúde e de não incorporar o adalimumabe e o golimumabe para tratamento da retocolite ulcerativa moderada a grave, no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS. [portaria na internet]. Diário Oficial da União 23 out 2019 [acesso em 20 jul 2020]; Seção 1, (206). Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/Portaria/2019/PortariaSCTIE_49_2019.pdf. -
Vedolizumabe para retocolite ulcerativa :: Agosto/2020
Data de elaboração: Julho/2020 Data de publicação: Agosto/2020 O que é Retocolite Ulcerativa?
A retocolite ulcerativa (RCU) é uma doença inflamatória intestinal (DII) crônica que se caracteriza por inflamações na mucosa do intestino, principalmente na porção do cólon, mas pode afetar também o reto e porções proximais ao cólon. O principal sintoma da RCU é a diarreia com fezes, mas outros sintomas como dores abdominais em cólica, tenesmo, urgência na evacuação e exsudato mucopurulento nas fezes podem estar presentes. Os casos mais graves são acompanhados de sintomas sistêmicos como febre, anemia e emagrecimento. As manifestações extraintestinais podem ocorrer em 10 a 35% dos pacientes e podem apresentar comprometimento articular, cutâneo, hepatobiliar, oftalmológicas, hematológicas e influenciar no metabolismo ósseo1. Os sinais e sintomas da patologia dependem da localização, significância e gravidade da doença. A idade do início da doença é normalmente entre 30 anos e 40 anos. No Brasil, estudo epidemiológico encontrou uma incidência média anual de 7,16 novos casos/100.000 habitantes/ano e uma prevalência de 28,3/100.0002. O diagnóstico da doença é estabelecido pela avaliação da história clínica, exames laboratoriais, exame endoscópio e achados histopatológicos1. A etiologia da RCU não é totalmente elucidada, mas parece envolver fatores genéticos e ambientais. O curso clínico da doença é gradual e frequentemente caracterizado por períodos de remissão espontânea e recaídas subsequentes. O tratamento depende da gravidade e localização da doença. Os princípios gerais para tratar a RCU são considerar a atividade, distribuição (proctite, lado esquerdo, colite extensa) e padrão de doença (frequência de recaída, curso da doença, resposta a medicamentos anteriores, perfil de efeitos colaterais de medicação e manifestação intestinal)2. O objetivo principal do tratamento é atingir remissão clínica livre de corticoide e, posteriormente, manter a remissão em longo prazo, evitando recidivas1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Retocolite Ulcerativa?
Sim. O SUS oferece estratégia de cuidado que pode ser verificada no PCDT da retocolite ulcerativa, publicado por meio da Portaria Conjunta3 SCTIE/SAES nº 6, de 26 de março de 2020. Este documento inclui critérios de classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados à saúde, de diagnóstico, de inclusão e exclusão, casos especiais, tratamento e monitoramento da doença, dentro do SUS1.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O vedolizumabe foi registrado na Anvisa em maio de 2015, sob o nome comercial Entyvio®. A indicação apresentada em bula é para tratamento de pacientes adultos com colite ulcerativa moderada a grave na fase ativa que apresentaram uma resposta inadequada, perda de resposta ou são intolerantes ao tratamento convencional ou a um antagonista de fator de necrose tumoral alfa (TNF-α) e para tratamento de pacientes adultos com Doença de Crohn moderada a grave na fase ativa que apresentaram uma resposta inadequada, perda de resposta ou são intolerantes ao tratamento convencional ou a um antagonista de TNF-α. O vedolizumabe é um medicamento biológico imunossupressor seletivo para o intestino e atua reduzindo a inflamação gastrointestinal em pacientes com colite ulcerativa e doença de Crohn4.Possui biossimilar?
Não5.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Entyvio® 300 mg – pó liofilizado para solução injetável – embalagem contendo 1 frasco (60 mg/mL após reconstituição).*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 20/07/2020.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não, de acordo com consulta realizada à Rename6, em 24/07/2020. No entanto, o vedolizumabe foi incorporado ao SUS juntamente ao infliximabe para tratamento da retocolite ulcerativa moderada a grave, limitados ao custo do tratamento com infliximabe conforme PCDT1.Quanto custa o tratamento com Vedolizumabe?
Para tratamento da RCU a dose recomendada em bula é de 300 mg (1 frasco) administrada por infusão intravenosa nas semanas 0, 2 e 6 e depois a cada 8 semanas. O custo estimado para o período de indução (semanas 0, 2 e 6) foi de R$ 44.983,29 e o custo de manutenção (a cada 8 semanas) foi de R$ 14.994,43. O que corresponde a um custo de R$ 44.983,29 nos 2 (dois) primeiros meses e um custo mensal de R$ 7.497,22 nos meses subsequentes. Os valores foram calculados considerando-se o Preço Fábrica (PF) estabelecido pela Anvisa e a alíquota de 18% em relação ao ICMS do medicamento de referência Entyvio®, segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED/Anvisa5.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Retocolite Ulcerativa?
Sim, de acordo com o PCDT da retocolite ulcerativa1, são disponibilizados os medicamentos apresentados na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Ácido fólico Comprimido 5mg Azatioprina Comprimido 50mg Ciclosporina Cápsula
Solução oral
Ampola10, 25, 50 e 100mg
100mg/mL
50 e 250mgInfliximabe Frasco-ampola 100mg Hidrocortisona Frasco-ampola 100 e 500mg Mesalazina Comprimido
Supositório
Enema400, 500 e 800mg
250, 500 e 1000mg
1 e 3gPrednisona Comprimido 5 e 20mg Sulfassalazina Comprimido 500mg Vedolizumabe Frasco-ampola 300mg O financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por um ou mais dos três entes federativos (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Sim, a Conitec avaliou o vedolizumabe para o tratamento da retocolite ulcerativa. Durante a 81ª reunião ordinária, realizada no dia 04 de setembro de 2019, os membros da Comissão deliberaram, por unanimidade, por recomendar a incorporação do infliximabe e do vedolizumabe para tratamento da colite ulcerativa moderada a grave, limitado ao custo do tratamento com infliximabe e conforme Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas e por não recomendar a incorporação do adalimumabe e golimumabe2. O documento técnico foi encaminhado ao Secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde (SCTIE/MS), que ratificou a recomendação e publicou a Portaria SCTIE/MS nº 49/2019, no Diário Oficial da União (DOU) nº 206, de 23/10/2019, Seção 1, pág. 45.O que a literatura científica relata sobre o uso vedolizumabe para essa condição clínica?
Não foram localizados estudos de comparação direta entre o vedolizumabe e as alternativas disponíveis no SUS. Uma revisão sistemática de comparação indireta avaliou a eficácia e segurança do infliximabe, adalimumabe, golimumabe, vedolizumabe e tofacitinibe para RCU moderada a grave na qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS). Ao utilizar o questionário Europeu de qualidade de vida-5 dimensões (EQ-5D VAS – do inglês European Quality of Life-5 Dimensions questionnaire Visual Analogue Scale), o tratamento com vedolizumabe (diferença de média – MD 9,60; 95% IC 5,73-13,47) foi associado à melhora na média do escore EQ-5D VAS em comparação ao placebo. Não houve diferenças significativas nas comparações indiretas de vedolizumabe com outros biológicos. Em relação aos efeitos na qualidade de vida na indução da terapia, comparados entre si, o vedolizumabe foi superior ao infliximabe, adalimumabe e golimumabe, mas a vantagem não foi mantida quando os intervalos preditivos foram incorporados na análise. Um estudo comparativo por meio de metanálise indireta, avaliou a eficácia e os danos do tafacitinibe e biológicos, dentre eles o vedolizumabe, em indivíduos adultos não previamente expostos a antagonistas do TNF. Os tratamentos foram classificados de acordo com a superfície sob as curvas de classificação cumulativa (SUCRA). Quanto maior o valor do SUCRA, melhor será o grau de intervenção na rede de metanálise. No geral, infliximabe (SUCRA: 0,91) e vedolizumabe (SUCRA: 0,79) foram os mais bem classificados, seguido por golimumabe (SUCRA: 0,45) e adalimumabe (SUCRA: 0,27) para resposta clínica em pacientes sem exposição prévia a biológicos. Um terceiro estudo de coorte bidirecional de pacientes adultos com RCU, avaliou a resposta clínica comparativa do infliximabe com vedolizumabe. No total, 18/27 (66,7%) pacientes induzidos com infliximabe e 24/32 (78,1%) pacientes induzidos com vedolizumabe foram respondedores clínicos. Em relação à remissão clínica, um estudo avaliou a eficácia comparativa e segurança de diferentes terapias em primeira linha (pacientes sem exposição prévia a biológico) e de segunda linha (exposição prévia a fator de necrose tumoral (TNF) ‐ α) para RCU moderada a grave, por meio de uma revisão sistemática e metanálise em rede de 12 ensaios clínicos randomizados. Na metanálise direta, todos os agentes foram superiores ao placebo na indução de remissão clínica, e o tamanho do efeito foi maior para infliximabe (OR: 4,22) e vedolizumabe (OR: 4,26). Não houve diferença significativa na eficácia do vedolizumabe como agente de primeira linha, com baixa confiança nas estimativas (OR: 0,96; IC95%, 0,30‐3,09). No geral, infliximabe (SUCRA: 0,85) e vedolizumabe (SUCRA: 0,82) foram os mais bem classificados, seguido por golimumabe (SUCRA: 0,58) e adalimumabe (SUCRA: 0,31). Na metanálise direta, todos os agentes foram superiores ao placebo na indução da cicatrização da mucosa, e o tamanho do efeito foi maior para o infliximabe (OR: 3,32) e vedolizumabe (OR: 2,91). No quesito cicatrização da mucosa, não houve diferença significativa na eficácia dentre infliximabe e vedolizumabe na indução da cicatrização da mucosa, com baixa confiança nas estimativas (OR, 1,14; IC95%, 0,56‐2,30). No geral, infliximabe (SUCRA: 0,91) e vedolizumabe (SUCRA: 0,81) foram os mais bem classificados, seguido por golimumabe (SUCRA: 0,41) e adalimumabe (SUCRA: 0,32). Em relação a segurança a taxa geral de eventos para resultados de eventos importantes foi baixa. Na fase de manutenção o vedolizumabe e golimumabe foram superiores ao placebo para manutenção da remissão clínica. Na metanálise de rede, nenhum dos biológicos foi significativamente pior do que o placebo nas taxas de eventos adversos graves. Houve uma tendência de menor risco de eventos adversos sérios com vedolizumabe (OR: 0,47; IC95% 0,21‐1,06; SUCRA: 0,91), comparado ao placebo, o que pode estar relacionado ao controle efetivo da doença2.Referências bibliográficas
1 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação n°. 514, de fev 2020. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Retocolite Ulcerativa. [Acesso em 24 jul 2020]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2020/Relatorio_PCDT_Retocolite_Ulcerativa_Final_514_2020.pdf.
2 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Relatório de Recomendação n°. 480, de out 2019. Adalimumabe, golimumabe, infliximabe e vedolizumabe para tratamento da retocolite ulcerativa moderada a grave. [Acesso em 24 jul 2020]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2019/Relatorio_Biologicos_Colite_Ulcerativa.pdf.
3 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Especializada à Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Portaria Conjunta nº 6, de 26 de março de 2020. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Retocolite Ulcerativa. [portaria na internet]. Diário Oficial da União 1 abr 2020 [acesso em 24 jul 2020]; Seção 1, (63). Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/Portaria/2020/PortariaConjunta_SCTIE_SAES_06_2020.pdf.
4 Entyvio. [Bula]. Brasil: Takeda Pharma Ltda.
5 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Medicamentos. Câmera de Regulação do Mercado de Medicamentos. Listas de Preços de Medicamentos [acesso em 24 jul 2020]. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/374947/5932738/LISTA_CONFORMIDADE_GOV_2020_07_v1.pdf/041d92c5-e6f8-458f-b176-a2f9ea9a3ac2.
6 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2020. Brasília: Ministério da Saúde; 2020 [acesso em 24 jul 2020]. Disponível em: http://portalms.saude.gov.br/assistencia-farmaceutica/medicamentos-rename. -
Venlafaxina para depressão :: Dezembro/2017
Data de elaboração: Dezembro/2017 Data de publicação: Dezembro/2017 O que é depressão?
A depressão é caracterizada por episódios de alterações do humor, como tristeza, incapacidade de sentir prazer nas atividades diárias e irritabilidade. Também se relaciona com problemas do sono, diminuição de apetite e energia reduzida. Pode ser classificada em três graus: leve, moderado e grave1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar depressão?
Sim. Para o tratamento dos transtornos mentais em geral, o SUS oferece uma estratégia de cuidado integral, que pode ser consultada no Caderno de Atenção Básica – Saúde Mental (http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/caderno_34.pdf).A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. Possui indicação em bula para o tratamento da depressão, transtornos de ansiedade e pânico2.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Alenthus® XR - cápsula de liberação controlada de 37,5 mg, 75 mg e 150 mg.
Efexor® XR - cápsula de 37,5 mg, 75 mg e 150 mg.
Venforin® - cápsula de liberação prolongada de 37,5 mg, 75 mg e 150 mg.
Veniz® XR - cápsula de liberação prolongada de 37,5 mg, 75 mg e 150 mg.
Venlaxin® - cápsula de liberação prolongada de 37,5 mg, 75 mg e 150 mg.
Venlift® OD - cápsula de 37,5 mg, 75 mg e 150 mg.
Vensate® LP - cápsula de liberação prolongada de 37,5 mg, 75 mg e 150 mg.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 19/12/2017.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não.Quanto custa o tratamento com Venlafaxina?
Considerando a dose recomendada em bula de 75 mg/dia, o custo mensal estimado para o tratamento da depressão é de R$ 69,30. O custo mensal foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% dos medicamentos genéricos, segundo a ANVISA3.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar depressão?
Sim, as mesmas podem ser conferidas na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração amitriptilina comprimido 25 mg
75 mgclomipramina comprimido 10 mg
25 mgfluoxetina cápsula ou comprimido 20 mg
nortriptilina cápsula 10 mg
25 mg
50 mg
75 mgO financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento1.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosa, conforme PCDT2.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Não. Até a presente data, não foi protocolada na CONITEC demanda para incorporação de venlafaxina para tratamento de qualquer condição clínica, seja pelo laboratório fabricante ou por qualquer outro demandante. Ressalta-se que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou a empresa produtora do medicamento, pode solicitar a incorporação de tecnologias à CONITEC, desde que cumpra as exigências legais.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Foram encontradas duas revisões sistemáticas que avaliaram a eficácia e segurança da venlafaxina comparada aos medicamentos classificados como inibidores específicos de recaptação da serotonina (ISRS), entre esses, a fluoxetina, medicamento disponível no SUS, para o tratamento da depressão. Os estudos apontam discreta superioridade da venlafaxina em termos de eficácia, mas também limitações clínicas, principalmente em pacientes hipertensos ou com problemas cardíacos4,5. Ademais, devido ao seu perfil farmacológico, a venlafaxina está associada a um risco aumentado de efeitos cardiovasculares adversos e de mortes por sobredosagem, comparada aos medicamentos da classe de ISRS6.Referências bibliográficas
1 Organização Mundial da Saúde. CID-10: Classificação Estatística Internacional de Doenças. Vol. 1. Edusp, 1994. Disponível em: http://www.datasus.gov.br/cid10/V2008/WebHelp/f30_f39.htm Acesso em: 22/12/2017.
2 Cloridrato de venlafaxina. Barueri: Torrent do Brasil Ltda. Farm. Resp.: Dra. Helena S. Komatsu - CRF-SP nº 19.714. Bula de remédio. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=29390882016&pIdAnexo=4363392 Acesso em: 22/12/2017.
3 CMED - Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos da ANVISA. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 22/12/2017.
4 GARTLEHNER, G. et al. Benefits and Harms of Second-Generation Antidepressants: Background Paper for the American College. Ann Intern Med, v. 149, p. 734-750, 2008. Disponível em: http://annals.org/aim/article/743729/comparative-benefits-harms-second-generation-antidepressants-background-paper-american-college Acesso em: 22/12/2017.
5 DE SILVA, V. A.; HANWELLA, R.Efficacy and tolerability of venlafaxine versus specific serotonin reuptake inhibitors in treatment of major depressive disorder: a meta-analysis of published studies. International clinical psychopharmacology, v. 27, n. 1, p. 8-16, 2012. Disponível em: http://journals.lww.com/intclinpsychopharm/Abstract/2012/01000/Efficacy_and_tolerability_of_venlafaxine_versus.2.aspx Acesso em: 22/12/2017.
6 ©Prescrire. Venlafaxine: more dangerous than most selective serotonergic antidepressants. Prescrire Int 2016, 25 (170): 96-99. Disponível em: http://english.prescrire.org/em/81/168/51882/0/NewsDetails.aspx Acesso em: 22/12/2017. -
Vilanterol associado com fluticasona para asma :: Outubro/2018
Data de elaboração: Outubro/2018 Data de publicação: Outubro/2018 O que é Asma?
A asma é uma doença caracterizada pela inflamação crônica das vias aéreas. É clinicamente definida pela história de sintomas respiratórios, como sibilo (ruído semelhante a um assobio), falta de ar, aperto no peito e tosse, que variam ao longo do tempo e na intensidade, juntamente com limitação do fluxo aéreo expiratório variável1. É uma doença que não possui cura, mas as suas manifestações clínicas e funcionais podem ser controladas com medicamentos e ao se evitar os fatores que desencadeiam as crises. A falta de adesão ou o uso inapropriado dos medicamentos, todavia, podem provocar a morte2,3.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Asma?
Sim. O SUS oferece uma estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Asma (http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2014/julho/22/PT-SAS-N---1317-alterado-pela-603-de-21-de-julho-de-2014.pdf)4.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O vilanterol+luticasona (Relvar® Ellipta®) possui indicação em bula para o tratamento regular da asma em adultos e adolescentes com 12 anos ou mais, com uso combinado a corticosteroide inalatório e um agonista seletivo do receptor beta2 adrenérgico de ação prolongada. É adequado para pacientes não adequadamente controlados com corticosteroide inalatório e, quando necessário, agonista seletivo do receptor beta2 adrenérgico de curta ação. Também é indicado para o tratamento sintomático de pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) com VEF1 70% do normal previsto (pós-broncodilatador) e em pacientes com histórico de exacerbação5.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Relvar® Ellipta® - Pó Inalante – 100 mcg/25 mcg e 200 mcg/25 mcg – embalagem com 14 ou 30 doses.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 25/09/2018.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não.Quanto custa o tratamento com Vilanterol?
Considerando a dose recomendada em bula, de 100 mcg/25 mcg e 200 mcg/25 mcg, uma vez ao dia, o custo mensal estimado para tratamento com vilanterol+luticasona é de R$ 71,34 e R$ 115,88 respectivamente. O custo foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% do medicamento de referência, segundo ANVISA6.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Asma?
Sim, são disponibilizados os medicamentos apresentados na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Beclometasona cápsula ou pó inalante
aerossol ou spray200 mcg
400 mcgBudesonida cápsula ou pó inalante
aerossol bucal200 mcg
400 mcgFenoterol aerossol
100 mcg
Formoterol cápsula ou pó inalante
12 mcg
Formoterol+ budesonida cápsula ou pó inalante
12 mcg/400 mcg
6 mcg/200mcgSalbutamol aerossol
solução inalante100 mcg
5 mg/mlSalmeterol aerossol bucal ou pó inalante
50mcg
Prednisona comprimido
5 mg
20 mgPrednisolona solução oral
1 mg/ml
3 mg/mlO financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento1.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosa, conforme PCDT2.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Não, até a presente data, não foi protocolada, na CONITEC, demanda para analisar a incorporação do vilanterol+luticasona para tratamento de asma, seja pelo laboratório fabricante ou por determinados demandantes. Ressalta-se que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou a empresa produtora do medicamento, pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à CONITEC, desde que cumpra as exigências legais.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Revisão sistemática avaliou vilanterol associado a furoato de flucatisona em comparação com monoterapia de furoato de flucatisona ou propionato de flucatisona. Nesta revisão foram incluídos sete ensaios clínicos randomizados com 5.668 participantes. Os autores concluíram que o uso associado de vilanterol em combinação com furoato de fluticasona tem melhor eficácia em comparação com o uso de fluticasona em monoterapia e placebo. Entretanto, em relação a fluticasona em monoterapia essa diferença pode não ser clinicamente significativa. Também constataram que são necessários mais estudos comparativos para suportar algum benefício de vilanterol e fluticasona frente a outras combinações de inaladores beta-agonistas de ação prolongada (LABA) e inaladores corticosteroides (ICS), inclusive as disponíveis no Brasil7.Referências bibliográficas
1 GINA - GLOBAL INITIATIVE FOR ASTHMA. Global Strategy for Asthma Management and Prevention, 2016.Disponível em: www.ginasthma.org Acesso em: 22/02/2018.
2 WORLD HEALTH ORGANIZATION. Fact sheet on Asthma.Fact sheet N°307.May 2011. Disponível em: http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs307/en/index.html Acesso em: 22/02/2018.
3 Vigilância global, prevenção e controlo das doenças respiratórias crónicas: uma abordagem integradora /editores: Jean Bousquetand Nikolai Khaltaev. World Health Organization 2007. Disponível em: http://whqlibdoc.who.int/publications/2007/9789726751830_por.pdfAcesso em: 22/02/2018.
4 BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 1.317, de 25 de novembro de 2013. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Asma. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. Disponível em:http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2014/julho/22/PT-SAS-N---1317-alterado-pela-603-de-21-de-julho-de-2014.pdf Acesso em: 22/02/2018.
5 VILANTEROL+LUTICASONA. Bula de medicamento. GlaxoSmithKline Brasil Ltda. Farm. Resp.: Edinilson da Silva Oliveira. Disponível em http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=6106622018&pIdAnexo=10641924 Acesso em 18/10/2018.
6 Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 22/03/2018.
7 Rodrigo GJ, Plaza V. Once-daily fluticasone furoate and vilanterol for adolescents and adults with symptomatic asthma: A systematic review with meta-analysis. Ann Allergy Asthma Immunol. 2016 Jun;116(6):565-70. doi: 10.1016/j.anai.2016.03.035. -
Vildagliptina para diabetes mellitus :: Dezembro/2017
Data de elaboração: Dezembro/2017 Data de publicação: Dezembro/2017 O que é diabetes mellitus?
O diabetes mellitus (DM) é uma doença caracterizada por distúrbios metabólicos e hiperglicemia, devido aos defeitos na ação da insulina, na secreção de insulina ou em ambas. Dentre as várias classes clínicas da doença, destacam-se o diabetes tipo 1 (DM1) e o tipo 2 (DM2). O DM1 ou insulinodependente ocorre como consequência da deficiência de insulina, causada pela destruição das células beta pancreáticas. O DM2 é caracterizado pela deficiência parcial da produção de insulina pelo pâncreas ou ainda pela resistência à insulina e deficiência na ação desse hormônio1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar diabetes mellitus?
Sim. Para o tratamento do DM, o SUS oferece uma estratégia de tratamento que contempla o cuidado integral do paciente. Essa estratégia é descrita no Caderno de Atenção Básica – Diabetes (http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/caderno_36.pdf)2, que orienta sobre os critérios de diagnóstico da doença, os tratamentos com as respectivas doses adequadas e mecanismos para o monitoramento clínico em relação à efetividade do tratamento e à supervisão de possíveis efeitos adversos3.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. Possui indicação em bula para tratar pacientes com diabetes mellitus tipo 2, cuja condição não pode ser controlada pela dieta e exercício sozinhos. Ele ajuda a controlar os níveis sanguíneos de açúcar4.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Galvus® - comprimidos com 50 mg (caixa com 14, 28 e 56)
Jalra® - comprimidos com 50 mg (caixa com 14, 28 e 56)5.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 19/12/2017.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não.Quanto custa o tratamento com Vildagliptina?
Considerando a dose recomendada em bula de 50mg uma vez ao dia, o custo mensal estimado para tratamento da diabetes mellitus é de R$55,07. O custo foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% dos medicamentos disponíveis no mercado, segundo a ANVISA6.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar diabetes mellitus?
Sim, as mesmas podem ser conferidas na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração cloridrato de metformina comprimido 500 mg
850 mgglibenclamida comprimido 5 mg gliclazida comprimido de liberação controlada 30 mg
60 mg
80 mginsulina humana regular solução injetável 100 UI/ml insulina humana NPH suspensão injetável 100 UI/ml O financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento1.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosa, conforme PCDT2.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Não. Até a presente data, não foi protocolada na CONITEC demanda incorporação da vildagliptina para tratamento de qualquer condição clínica, seja pelo laboratório fabricante ou por qualquer outro demandante. Ressalta-se que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou a empresa produtora do medicamento, pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à CONITEC, desde que cumpra as exigências legais.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Uma análise estatística de resultados de diferentes estudos individuais envolvendo 28.006 pacientes avaliou a eficácia e segurança da vildagliptina no tratamento do diabetes mellitus tipo 2. A vildagliptina foi associada a uma redução da hemoglobina glicada (média de glicose acumulada durante o período de vida das hemácias, que possibilita avaliar se a diabetes está controlada) e foi tão efetiva quanto outros agentes antidiabéticos orais disponibilizados pelo SUS, como a metformina e glicazida, tanto em monoterapia, quanto como complemento do tratamento. O risco de hipoglicemia foi semelhante ao placebo e menor do que com outros medicamentos. No entanto, a vildagliptina foi associada a um ligeiro aumento do peso corporal em comparação com o placebo ou outros hipoglicemiantes. Além disso, a vildagliptina foi associada a um aumento na incidência de artralgia (dor articular)7.Referências bibliográficas
1 SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES (SBD). Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2015-2016. São Paulo, 2015. Disponível em: http://www.diabetes.org.br/sbdonline/images/docs/DIRETRIZES-SBD-2015-2016.pdf. Acesso em: 22/12/2017.
2 BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica: diabetes mellitus. Cadernos de Atenção Básica, n. 36. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. Disponível em: http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/caderno_36.pdf. Acesso em: 27/12/2017.
3 BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica: diabetes mellitus. Cadernos de Atenção Básica, n. 36. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. Disponível em: http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/caderno_36.pdf. Acesso em: 27/12/2017.
4 Galvus®. vildagliptinaSão Paulo: Novartis Biociências S.A... Farm. Resp.:Flavia Regina Pegorer – CRF-SP 18.150. Bula de remédio. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=29152542016&pIdAnexo=4330131. Acesso em: 27/12/2017.
5 Câmara de Regulação - CMED Secretaria Executiva PREÇOS MÁXIMOS DE MEDICAMENTOS POR PRINCÍPIO ATIVO, PARA COMPRAS PÚBLICAS PREÇO FÁBRICA (PF) E PREÇO MÁXIMO DE VENDA AO GOVERNO (PMVG). Atualizada em 27/12/2017.Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/374947/3464400/LISTA_CONFORMIDADE_GOV_2017-07-21.pdf/ee0c5ac1-00b9-4fdc-b410-4642339a5f03.
6 Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 27/12/2017.
7 Bekiari E, Rizava C, Athanasiadou E, Papatheodorou K, Liakos A, Karagiannis T, Mainou M, Rika M, Boura P, Tsapas A. Systematicreviewand meta-analysisofvildagliptin for treatmentoftype2 diabetes. Endocrine. 2016 Jun;52(3):458-80. doi: 10.1007/s12020-015-0841-1. Epub 2015 Dec 29. Review. -
Vortioxetina para depressão :: Outubro/2018
Data de elaboração: Outubro/2018 Data de publicação: Outubro/2018 O que é Depressão?
A depressão (transtorno depressivo maior ou depressão clínica) é caracterizada por episódios de alterações do humor, provocando sintomas graves que afetam a forma como o indivíduo sente, pensa e lida com atividades diárias1. A depressão pode ser a expressão final de fatores genéticos, como a disfunção de neurotransmissor; problemas de desenvolvimento, como problemas de personalidade e eventos infantis, ou estresses psicossociais, como divórcio e desemprego2. Para o indivíduo ser diagnosticados com depressão, os sintomas devem estar presentes por pelo menos duas semanas1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar Depressão?
Sim. Para o tratamento dos transtornos mentais em geral, o SUS oferece uma estratégia de cuidado integral, que pode ser consultada no Caderno de Atenção Básica – Saúde Mental (http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/caderno_34.pdf)3.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. O vortioxetina (Brintellix®) possui indicação em bula para o tratamento de transtorno depressivo maior4.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Brintellix® - comprimido revestido - 5 mg e 10 mg – embalagem com 10, 30 e 60.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 25/09/2018.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Não.Quanto custa o tratamento com Vortioxetina?
Considerando a dose recomendada em bula de 10 mg uma vez ao dia, o custo mensal estimado para o tratamento de vortioxetina é de R$ 188,11. O custo foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% do medicamento de referência, segundo ANVISA5.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar Depressão?
Sim, são disponibilizados os medicamentos apresentados na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração Amitriptilina Comprimido 25 mg
75 mgClomipramina Comprimido 10 mg2
5 mgFluoxetina Cápsula ou comprimido 20 mg Nortriptilina Cápsula 10 mg
25 mg
50 mg
75 mgO financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento1.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosa, conforme PCDT2.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Não. Até a presente data, não foi protocolada, na CONITEC, demanda para analisar a incorporação do vortioxetina para tratamento de depressão ou para outras condições clínicas, seja pelo laboratório fabricante ou por determinados demandantes. Ressalta-se que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou a empresa produtora do medicamento, pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à CONITEC, desde que cumpra as exigências legais.O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Ensaio clínico randomizado, duplo-cego, controlado por placebo, multicêntrico para avaliar a eficácia da vortioxetina 10 e 20mg uma vez por dia em adultos com diagnóstico primário de transtorno depressivo maior recorrente. Não houve diferenças estatisticamente significantes entre vortioxetina 10mg e placebo para a maioria dos desfechos de eficácia, com exceção da pontuação pela escala de classificação da depressão Montgomery–Asberg (MADRS) em pacientes com escala de classificação de ansiedade de Hamilton na linha de base ≥ 20. Vortioxetina 20mg foi melhor do que o placebo para todos os desfechos avaliados, com exceção da remissão MADRS. Os eventos adversos graves foram relatados por dois pacientes no grupo da vortioxetina 10 mg: infecção renal e tentativa de suicídio. Os eventos adversos mais frequentes relatados foram náusea, dor de cabeça, diarreia e tontura.6 Outro ensaio clínico randomizado avaliar a eficácia, tolerabilidade e segurança do vortioxetina em comparação com placebo em adultos com transtorno depressivo maior recorrente, neste estudo os pacientes foram randomizados (1: 1: 1: 1) para receber vortioxetina 15mg/dia, vortioxetina 20 mg/dia, duloxetina 60mg/dia ou placebo. Relatou-se melhora estatisticamente significante nos desfechos de eficácia dos tratamentos ativos em comparação com o placebo. Entretanto, este estudo não apresenta comparações entre duloxetina e vortioxetina. Apesar disso, duloxetina parece ser melhor do que a vortioxetina tanto para os desfechos de eficácia primários como para os secundários. Os eventos adversos comuns para o grupo vortioxetina foram náuseas, dor de cabeça, diarreia, boca seca e tonturas. No grupo duloxetina, os eventos adversos com incidência superior a 5% foram náuseas, dor de cabeça, tonturas, boca seca, hiperidrose, diarreia e fadiga. Os eventos adversos graves foram relatados por cinco pacientes: dois pacientes no grupo de 20mg de vortioxetina e três pacientes no grupo duloxetina7.Referências bibliográficas
1 National Institutes of Health (NIH) National Institute of Mental Health. Health & Education. Mental Health Information. De ression: . Acesso em: 10/10/2018
2 Williams N, DeBattista C. sychiatric Disorders. In: a adakis MA, Mc hee SJ, Rabow MW. eds. Current Medical Diagnosis & Treatment 2017 New York, NY: McGraw- Hill; . htt ://accessmedicine.mhmedical.com/content.as x?bookid=1843§ionid=135717475. Acesso: 10/10/2018.
3 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde mental / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – Brasília: Ministério da Saúde, 2013. Disponível em: http://dab.saude.gov.br/portaldab/biblioteca.php?conteudo=publicacoes/cab34 Acesso em: 10/10/2018.
4 VORTIOXETINA. Bula de medicamento. Lundbeck Brasil ltda. Farm. Resp.: Michele Medeiros Rocha. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=1817342018&pIdAnexo=10482564 Acesso em 10/10/2018.
5 Ministério da Saúde. Anvisa. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED. Listas de Preços de Medicamentos. Http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 22/03/2018.
6 Jacobsen PL, Mahableshwarkar AR, Serenko M, Chan S, Trivedi MH. A randomized, double-blind, placebocontrolled study of the efficacy and safety of vortioxetine 10 mg and 20 mg in adults with major depressive disorder. J Clin Psychiatry. 2015 May;76(5):575-82. doi: 10.4088/JCP.14m09335.
7 Boulenger JP, Loft H, Olsen CK. Efficacy and safety of vortioxetine (Lu AA21004), 15 and 20 mg/day: a randomized, double-blind, placebo-controlled, duloxetine-referenced study in the acute treatment of adult patients with major depressive disorder. Int Clin Psychopharmacol. 2014 May;29(3):138-49. doi: 10.1097/YIC.0000000000000018. -
Vosoritida para Acondroplasia:: Janeiro/2024
Data de elaboração: dezembro/2023 Data de publicação: janeiro/2024 O que é a acondroplasia?
A acondroplasia é uma doença genética rara descrita como a displasia esquelética primária mais comum em humanos, sendo responsável por mais de 90% dos casos de baixa estatura desproporcional1. A incidência é de 1 a cada 20.000 até 1 a cada 30.000 nascidos vivos. Estimase que a prevalência global é de aproximadamente 1 a 9 indivíduos por 100.000 da população geral. A condição é causada por uma mutação genética que potencializa a função no Receptor 3 do Fator de Crescimento de Fibroblastos – FGFR32. Esse ganho de função provoca alteração no desenvolvimento da cartilagem das placas de crescimento, resultando no crescimento anormal do corpo, e caracterizada por membros curtos, tronco normal, macrocefalia, hipoplasia facial com ponte nasal deprimida. O FGFR3 ativado inibe a proliferação e diferenciação de condrócitos e perturba a síntese da matriz3. A condição segue um padrão de herança autossômico dominante com 100% de penetrância, assim, homens e mulheres são igualmente afetados. Mais de 80% dos casos surgem de uma mutação espontânea, e a idade paterna avançada é um fator de risco conhecido1. A acondroplasia pode resultar em complicações médicas que incluem atraso no desenvolvimento motor e da fala em crianças; otite associada à perda auditiva; disfunção respiratória, incluindo apneia obstrutiva do sono; estenose e compressão da medula espinhal; e más oclusões dentárias. O surgimento de complicações pode provocar dor e diminuir a função física e a qualidade de vida dos pacientes. As taxas de mortalidade são elevadas em crianças, estando associadas a um risco aumentado de morte súbita atribuídas à compressão do tronco, e em adultos, relacionadas a doenças cardiovasculares, complicações neurológicas e acidentes3. Quando ambos os pais são afetados, seus filhos têm uma 25% de chance de ter estatura normal, 50% de ser heterozigoto para acondroplasia e 25% de ter acondroplasia homozigótica. Esta geralmente é incompatível com a vida, resultando em morte neonatal precoce por insuficiência respiratória devido a uma caixa torácica pequena e déficits neurológicos por estenose cervicomedular1. O diagnóstico pode ser realizado por meio de achados clínicos e radiográficos característicos da condição. Em indivíduos em quem há incerteza diagnóstica ou que tenham achados atípicos, a identificação de uma variante patogênica do FGFR3 pode estabelecer o diagnóstico. Não há tratamento específico para acondroplasia. Crianças nascidas com acondroplasia 9 precisam ter sua altura, peso e circunferência da cabeça monitoradas usando curvas especiais de crescimento padronizadas para acondroplasia. Recomenda-se medidas para evitar a obesidade desde cedo4.
Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde (SUS) para tratar a acondroplasia?
Não. Atualmente, no âmbito do SUS, não há uma estratégia específica para o tratamento da acondroplasia. No entanto, o sistema público disponibiliza procedimentos compatíveis com o CID da condição (CID 10 Q77.9), registrados na Tabela do SUS.
A tecnologia possui registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)?
Sim. O medicamento vosoritida foi registrado na Anvisa em novembro de 2021, sob a marca comercial Voxzogo®. Conforme bula, é indicado para o tratamento de acondroplasia em pacientes a partir de 6 meses de idade e cujas epífises não estão fechadas5.
Possui biossimilar?
Não.
Quais são as marcas do medicamento disponível no mercado?
Voxzogo® - seringa preenchida – pó liofilizado 0,4 mg para solução injetável – 0,5 mL + 10 agulhas + 10 seringas; Voxzogo® - seringa preenchida – pó liofilizado 0,56 mg para solução injetável – 0,7 mL + 10 agulhas + 10 seringas; e Voxzogo® - seringa preenchida – pó liofilizado 1,2 mg para solução injetável – 0,6 mL + 10 agulhas + 10 seringas. * Medicamento disponível no mercado de acordo com a lista CMED6, publicada em 09/12/2023.
A vosoritida está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename)?
Não, de acordo com consulta realizada à Rename 20227, em 23/10/2023.
Quanto custa o tratamento com vosoritida?
Considerando uma criança de 20 kg e que a dose recomendada em bula é baseada no peso do paciente e na concentração da vosoritida, administrada diariamente por via subcutânea, o custo mensal estimado para tratamento com vosoritida foi de R$ 151.795,11. O valor foi calculado de acordo com o Preço Fábrica (PF) e a alíquota de 18% em relação ao Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS) do medicamento Voxzogo® segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED/Anvisa6.
O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar a acondroplasia?
Não.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) já avaliou a tecnologia para esta condição clínica?
Não.
O que a literatura científica relata sobre o uso dessa tecnologia para acondroplasia?
Sararirayan et al (2017)8 descreveram os resultados de um estudo de fase III [NCT03197766], randomizado, duplo-cego, controlado por placebo, multicêntrico (realizado em 24 locais distribuídos na Austrália, Alemanha, Japão, Espanha, Turquia, Estados Unidos da América e Reino Unido) que comparou a administração subcutânea diária de 15 μg/kg de vosoritida versus placebo em crianças com acondroplasia, durante 52 semanas. Os pacientes elegíveis tinham idade entre 5 e menos de 18 anos no período de recrutamento. Todos os 121 pacientes, aleatoriamente distribuídos, foram incluídos nas análises de eficácia e segurança. Sessenta pacientes receberam vosoritida e um total de sessenta um utilizaram placebo; 58 do grupo vosoritida concluíram o estudo e 61 do placebo. A diferença média ajustada na velocidade de crescimento anualizada entre os pacientes do grupo vosoritida e do grupo placebo foi de 1,57 cm/ano em favor da vosoritida. Um total de 119 pacientes tiveram pelo menos um evento adverso, sendo 59 do grupo vosoritida (98%) e 60 do grupo placebo (98%). Nenhum dos eventos adversos graves foi considerado como relacionado ao tratamento. Não foram registrados óbitos. Em que pese os autores entenderem que a vosoritida é um tratamento eficaz para o crescimento em crianças com acondroplasia, no entanto, não se sabe altura final do adulto e os eventuais danos a longo prazo da terapia. Registra-se que os estudos 11 científicos relacionados à análise da mencionada tecnologia ainda se encontram em andamento, não se podendo ter, atualmente, clareza ou certeza científica a respeito do seu benefício a longo prazo.
Data de elaboração: dezembro/2023.
Referências bibliográficas
1 Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde. Alerta Monitoramento do Horizonte Tecnológico – Vosoritida para o tratamento da acondroplasia. [acesso em 27 dez 2023]. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/ptbr/midias/radar/2022/20221026_Alerta_MHTvosorititda.pdf.
2 Savarirayan R, Tofts L, Irving M, et al. Safe and persistent growth-promoting effects of vosoritide in children with achondroplasia: 2-year results from an open-label, phase 3 extension study. Dec;23(12):2443-2447. doi: 10.1038/s41436-021-01287-7.
3 Foreman PK, van kessel F, van Hoorn R, et al. Birth prevalence of achondroplasia: A systematic literature review and meta-analysis. 2020 Oct;182(10):2297-2316. doi: 10.1002/ajmg.a.61787.
4 National Human Genome Research Institute. About Achondrolasia. [acesso em 27 dez 2023]. Disponível em: https://www.genome.gov/Genetic-Disorders/Achondroplasia.
5 Voxzogo. [Bula]. Brasil: Biomarin Brasil Farmacêutica LTDA.
6 Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Medicamentos. Câmera de Regulação do Mercado de Medicamentos. Listas de Preços de Medicamentos [Acesso em 27 dez 2023]. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/cmed/precos.
7 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e do Complexo EcponômicoIndustrial da Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2022. Brasília: Ministério da Saúde; 2022 [Acesso em 28 dez 2023]. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/20220128_rename_2022.pdf.
8 Savarirayan R, Tofts L, Irving M et al. Once-daily, subcutaneous vosoritide therapy in children with achondroplasia: a randomised, double-blind, phase 3, placebo-controlled, multicentre trial. 2020 Sep 5;396(10252):684-692. doi: 10.1016/S0140-6736(20)31541-5.
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Ziprasidona para transtorno bipolar tipo I :: Dezembro/2017
Data de elaboração: Dezembro/2017 Data de publicação: Dezembro/2017 O que é transtorno bipolar tipo I?
O transtorno bipolar é um distúrbio que leva os indivíduos acometidos a apresentarem dois ou mais episódios de alteração do humor e perturbação nos níveis de atividade, com momentos de elevação do humor e aumento da energia e da atividade (hipomania ou mania) e, outros, de rebaixamento do humor e de redução da energia e da atividade (depressão)1.Existe estratégia de cuidado no Sistema Único de Saúde para tratar transtorno bipolar tipo I?
Sim. O SUS oferece uma estratégia de cuidado que pode ser verificada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) do Transtorno Afetivo Bipolar do tipo I2.A tecnologia possui registro na ANVISA?
Sim. Possui indicação em bula para o tratamento da esquizofrenia, transtornos esquizoafetivo e esquizofreniforme, estados de agitação psicótica, mania bipolar aguda, transtorno bipolar em adultos e, em associação com lítio ou ácido valpróico, para pacientes com transtorno bipolar tipo I3.Quais são as marcas disponíveis no mercado?
Geodon® - cápsulas de 40mg e 80mg; pó para solução intramuscular20 mg/mL.
LFM ziprasidona® - cápsula de 40mg e 80mg.*Medicamentos disponíveis no mercado de acordo com a lista CMED de 19/12/2017.
A tecnologia está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)?
Sim, no entanto, não é fornecida para essa condição clínica. O medicamento é fornecido no SUS, de acordo com os critérios dos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Esquizofrenia e do Transtorno Esquizoafetivo4.Quanto custa o tratamento com Ziprasidona?
Considerando a dose recomendada em bula de 80 mg/dia, o custo mensal estimado para o tratamento da mania bipolar é de R$ 130,205. O custo foi calculado considerando-se a média do preço máximo de venda ao governo (PMGV) e alíquota ICMS de 0% dos medicamentos genéricos, segundo Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED / ANVISA.O SUS oferece alternativas terapêuticas para tratar transtorno bipolar tipo I?
Sim, as mesmas podem ser conferidas na tabela abaixo:Medicamento Forma farmacêutica Concentração ácido valproico comprimido
comprimido
xarope e solução oral250 mg
500 mg
50 mg/mLcarbamazepina comprimido
comprimido
suspensão oral200 mg
400 mg
20 mg/mLcarbonato de lítio comprimido
300 mg
clozapina comprimido
25 mg
100 mgfluoxetina cápsula e comprimido
20 mg
haloperidol comprimido
comprimido
solução injetável
solução oral1 mg
5 mg
5 mg/mL
2 g/mLlamotrigina comprimido
25 mg
50 mg
100 mgolanzapina comprimido
5 mg
10 mgquetiapina comprimido
25 mg
100 mg
200 mg
300 mgrisperidona comprimido
1 mg
2 mg
3 mgO financiamento para aquisição desses medicamentos pode ser realizado por uma ou mais das esferas de governo (União, Estado, Distrito Federal e Municípios) a depender do componente (Básico, Especializado, Estratégico) da Assistência Farmacêutica o qual pertence o medicamento1.
Além do tratamento medicamentoso, o SUS também disponibiliza outras alternativas não medicamentosa, conforme PCDT2.A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde - Conitec já avaliou essa tecnologia?
Até a presente data, não foi protocolada na CONITEC demanda para a incorporação de ziprasidona para tratamento do transtorno bipolar tipo I, seja pelo laboratório fabricante ou por qualquer outro demandante. Importa ressaltar que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou a empresa produtora do medicamento, pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à CONITEC, desde que cumpra as exigências legais.Embora não tenha sido avaliado pela CONITEC, vale destacar que o PCDT do Transtorno Afetivo Bipolar tipo I justifica a não inclusão da ziprasidona no protocolo, devido à ausência de superioridade em termos de eficácia e ao custo mais elevado em relação a outros medicamentos disponíveis no Sistema Único de Saúde para a mesma indicação2.
O que a literatura científica relata sobre o uso desse medicamento para essa condição clínica?
Um estudo avaliou os medicamentos mais eficazes e aceitos para o tratamento do transtorno bipolar. O tratamento com ziprasidona, aripiprazol e risperidona demonstraram nenhuma ou limitada atividade terapêutica no transtorno bipolar. Assim, os resultados desse estudo sugerem que a associação de olanzapina e fluoxetina (medicamentos disponíveis no SUS) seja recomendada como primeira linha para o tratamento do transtorno bipolar6.Referências bibliográficas
1 Organização Mundial da Saúde. CID-10 Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde. 10a rev. São Paulo: Universidade de São Paulo; 1997. Disponível em: http://www.datasus.gov.br/cid10/V2008/WebHelp/f30_f39.htm Acesso em: 26/12/2017.
2 BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 315, de 30 de março de 2016. Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas do Transtorno Afetivo Bipolar do tipo I. Brasília: Ministério da Saúde, 2016. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Protocolos/PCDT_TranstornoAfetivoBipolar_TipoI.pdf Acesso em: 22/12/2017.
3 Ziprasidona. Rio de Janeiro: LFM – Laboratório Farmacêutico da Marinha. Farm. Resp.: Jacques Magalhães Sato - CRF-RJ N° 6513. Bula de remédio. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=11038032015&pIdAnexo=3009000 Acesso em: 22/12/2017.
4 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2014 / 9. ed. rev. e atual. – Brasília: Ministério da Saúde, 2015. 230 p. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Artigos_Publicacoes/Rename/Rename-2014-Julho2015.pdf Acesso em: 22/12/2017.
5 Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos Acesso em: 22/12/2017.
6 TAYLOR, D. M. et al. Comparative efficacy and acceptability of drug treatments for bipolar depression: a multiple‐treatments meta‐analysis. Acta Psychiatrica Scandinavica, v. 130, n. 6, p. 452-469, 2014. Disponível em: http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/acps.12343/full Acesso em: 22/12/2017.
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