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Gambiarras Digitais – Arte, Ciência e Política no Mundo Conectado
III Congresso Internacional em Humanidades Digitais (HDRio2023)
O III Congresso Internacional em Humanidades Digitais da Cidade do Rio de Janeiro (HDRio2023) em torno do tema “Gambiarras Digitais – Arte, Ciência e Política no Mundo Conectado” convida tecnólogos, cientistas sociais, pensadores, artivistas, professores, estudantes, pesquisadores, instituições, governos, organizações sociais e empresas a refletir, reavaliar e debater sobre as vantagens e desvantagens das gambiarras digitais para a vida, submetendo os seus artigos, pôsteres, podcasts, aplicativos, plataformas e instalações de arte, para a seleção e posterior apresentação desses trabalhos ou meios de comunicação em palestras, mesas-redondas, oficinas, feira de empreendedorismo digital (de aplicativos, plataformas e games), além de exposição de arte digital e eventos culturais, em uma extensa programação a ser criada.
O termo “gambiarra” se origina provavelmente do italiano gamba [perna] e remete a gambeta, que indica um procedimento manhoso, tal como um drible no futebol. Gambiarra indica um gesto de improvisação característico de todas as culturas, embora no Brasil tenha grande centralidade, geralmente associado ao famoso “jeitinho”. Na vida cotidiana, o termo “gambiarra” costuma ganhar uma conotação puramente negativa de algo “precário, tosco ou feio”. Do ponto de vista da moral, a gambiarra é fruto de descuido, preguiça ou má-fé. Já da perspectiva das artes em geral, a gambiarra, ao contrário, pode ser vista também como uma técnica de recombinação e de reapropriação de materiais, visando superar situações de carência de recursos através da abundância de criatividade. Para a filosofia, a gambiarra pode ser a marca da astúcia (métis, em grego), capaz de fazer alianças entre a razão e a imaginação em busca de atalhos para se chegar aos objetivos, sempre quando o caminho mais direto se mostrar demasiadamente perigoso.
As gambiarras não dizem respeito apenas à improvisação de materiais. Elas podem se mostrar como formas imateriais de recombinação, a saber, como “gambiarras digitais”. Para a área estrita de teoria da informação, o termo parece indicar um mal uso das tecnologias, seja por ignorância ou por incompetência. Contudo, para as Humanidades Digitais a ideia de “gambiarras digitais” pode indicar também uma forma mais democrática de acesso e compartilhamento das tecnologias de informação, tornando-as mais abertas para o crivo crítico e mais passíveis de reconstrução pelo coletivo social. As “gambiarras digitais” podem vir a ser uma forma de expressão de habilidades humanas em uma época em que o universo tal como o conhecemos está vivenciando a instauração do “metaverso”. Nesse contexto, a proposta do HDRio2023 é promover um debate sobre outras e melhores formas de articular humano e inumano; razão e imaginação; arte, ciência e política; algoritmos e afetos, em nome de um projeto político de pluralização das realidades acessíveis ao ser humano, enfim, da instauração de um “pluriverso”.
O HDRio2023, que será realizado de 16 a 20 de abril de 2023, no bairro da Urca, em torno dos campi da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), buscará reunir uma rede de pesquisadores que, desde as duas primeiras edições do congresso (HDRio2018 e HDrio2021), já vêm trocando ideias e experiências, transferindo saberes e práticas, propondo caminhos e alternativas e principalmente, despertando novas questões ainda mais relevantes, a partir dos atravessamentos híbridos, nos nossos próprios corpos, das tecnologias digitais e das tradições humanistas na vida contemporânea.
Site do evento: https://www.even3.com.br/hdrio2023/?fbclid=IwAR1EKTvDG04ZEGGokCj1kGTSaJRs_aq6Ue6lhAG_b7i_xnh0M_zMQuTnEUg