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Estrutura proposta pelo SinBiose inova gestão de pesquisa no país
As primeiras ideias do Centro de Síntese de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos - SinBiose emergiram em 2017 como uma demanda da comunidade científica. Um grupo de pesquisadores com experiência em pesquisas ecológicas de longa duração ( PELD /CNPq) apontavam para a necessidade de se produzir sínteses do conhecimento que integrassem o grande volume de conhecimentos que eram gerados em pesquisas e, simultaneamente, favorecessem a disseminação do conhecimento, sobretudo para os tomadores de decisão.
Foi então que uma parte deste grupo de pesquisadores e gestores do CNPq começou a delinear um centro de síntese para agregar pesquisas da área ambiental. A primeira fase, de planejamento, consistiu em análises de diferentes centros de síntese no mundo para buscar elementos que atendessem às características organizacionais e temáticas do país. Esta etapa incluiu visitas técnicas a um dos centros mais ativos do mundo, o SDiv ( Synthesis Centre for Biodiversity Sciences ) na Alemanha, em 2018. Houve também workshops locais com especialistas de todo o país para discutir missão, visão e foco .
Foi então que se definiu que o Sinbiose teria como missão: “produzir sínteses de dados e conceitos de elevado padrão internacional, com ênfase em projetos que abordem problemas atuais em biodiversidade e serviços ecossistêmicos. O Centro deve gerar resultados socialmente relevantes e atuar como intermediário entre ciência e política, auxiliando no desenvolvimento de cenários, estratégias e soluções para a área. Deve atuar na identificação de lacunas de conhecimento e problemas ambientais emergentes”.
A etapa seguinte, de implementação, se iniciou em 2019 com uma estrutura simplificada na forma de um projeto apoiado pelo CNPq, MCTI e FAPESP. Este projeto tem como objetivo central organizar institucionalmente o SinBiose. O primeiro passo foi criar a estrutura de governança do centro (RN 0007/2019) tendo como diretriz a diversidade de atores e instituições que pudessem contribuir em diferentes instâncias de decisão e operação do centro. Esta estrutura de governança representou uma novidade institucional no âmbito do CNPq.
- Comitê Consultivo - composto por quatro setores: governo federal (MCTI, MMA, MAPA e MS), organizações de pesquisa ( SBPC, ABC, Andifes, ISC), agências de fomento (CNPq, CAPES, CONFAP, FINEP) e organizações da sociedade civil. Este comitê busca trazer uma visão mais abrangente e intensificar a interface com a sociedade.
- Comitê Científico - formado por cientistas de todas as regiões do país, tem como papel a assessoria científica.
- Comitê Executivo - inclui as agências de fomentos, parcerias e implementação de projetos e bolsas
- Gerência de Projetos - responsável pelo planejamento, coordenação e apoio às atividades do SinBiose.
Esta estrutura já está em plena atividade desde 2020.
Outro ponto decisivo da fase de implantação foi a primeira chamada pública para a criação de grupos de trabalho por meio de projeto, cujo objetivo fosse estudar relações entre biodiversidade, serviços ecossistêmicos e bem-estar humano. Outro avanço importante para a implantação do centro foi a definição de sínteses científicas na qual valoriza a “abordagem de pesquisa inter ou transdisciplinar, que integra conhecimentos, métodos e perspectivas científicas diversas, voltada para a análise, sistematização, reorganização ou recontextualização de dados e informações já disponíveis, forma a produzir conhecimento novo”. Desta forma, as sínteses científicas possibilitam transcender os limites de qualquer disciplina, conjunto de dados ou linha de pesquisa. A expectativa é que esta nova forma de produzir conhecimento favorece novas descobertas científicas, bem como outros produtos socialmente relevantes, como informação qualificada para subsidiar a tomada de decisão e formulação de políticas públicas.
Outro ponto de destaque do edital é o reforço de premissas basilares do centro como a diversidade em suas múltiplas dimensões: perspectivas teóricas ou temática, balanço de gênero, faixa etária, estágio da carreira, representatividade regional, étnica, cultura e colaboração internacional..
Outro avanço na fase de implantação foi a estruturação de um plano estratégico de comunicação com horizonte temporal para os próximos 10 anos. A comunicação com a sociedade é, ao lado da excelência científica e da relevância social, um dos eixo estruturantes do centro.
Atualmente o SinBiose apoia sete projetos , que relacionam biodiversidade, serviços ecossistêmicos e bem estar humano em diferentes frentes, tais como: Amazônia (vetores de doença, restauração florestal, degradação), campos e savanas brasileiros, polinização e recife de corais. Totalizando 113 membros de equipe (acadêmicos e não acadêmicos) e 93 instituições do Brasil e exterior.
A discussão sobre a fase de consolidação do Centro está prevista para 2022 e terá como base a experiência com os primeiros projetos. A expectativa neste futuro próximo é que o centro conte com pessoal dedicado, infraestrutura, financiamento, parcerias consolidadas e intensificação de atividades e meios de promover a inter/transdisciplinaridade entre os grupos de trabalho.
O primeiro workshop do SinBiose ocorreu em Brasília (2018) e reuniu mais de 50 participantes entre gestores, representantes de centros de síntese do exterior e pesquisadores de todo o Brasil