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Síntese, acesso a dados e colaboração são o cerne dos centros de síntese do conhecimento
Sínteses de conhecimento não são resumos de conhecimentos sobre um determinado assunto. As sínteses são transbordamentos de novos conhecimentos decorrentes da integração de disciplinas. São conhecimentos que se encontram, se confrontam e se misturam adquirindo nova forma.
Para que isso ocorra, é fundamental que se crie ambientes que favoreçam a criatividade por meio da integração de métodos e perspectivas, acadêmicas e não acadêmicas, criando análises e conceitos que vão além das fronteiras das disciplinas acadêmicas.
Esta integração de dados abre o horizonte para análises de grandes bases de dados, criação de modelos, cenários e a busca por soluções para grandes questões contemporâneas. Em razão disso, muitas destas sínteses configuram poderosos instrumentos de informação qualificada para a tomada de decisão em questões de relevância social ou ambiental. Para a produção desse novo saber, dois ingredientes são fundamentais na relação entre pesquisadores e saberes: a diversidade e a cooperação.
As sínteses do conhecimento podem ser elaboradas por diferentes arranjos institucionais envolvendo universidades, centros de pesquisa, órgãos governamentais ou multilaterais, entidades que representam conhecimento local ou indígena. Em termos de duração, as sínteses podem acontecer em formato de curta duração, como órgãos e entidades que encomendam estudos desta natureza, ou de forma mais perene, como as realizadas em centros de síntese. Os centros de síntese de conhecimento são infraestruturas longevas dedicadas a estimular a pesquisa colaborativa entre grupos e redes de pesquisa interdisciplinares, em um ambiente criativo que visa proporcionar o aprendizado em grupo.
O diferencial do Centro de Síntese é apoiar em termos logísticos e técnicos (TI, comunicação, acompanhamento das equipes, apoio internacional) os grupos de especialistas com diversos perfis (especialidade, gênero, faixa etária, etnias, etc) a inovar em termos de novos conhecimentos, favorecendo a criação de confiança entre os membros do grupo.
O primeiro centro de síntese foi fundado em 1995, o National Center for Ecological Analysis and Synthesis (NCEAS). O centro foi motivado pela percepção de que os dados sobre as questões ecológicas estavam dispersos e que, para buscar novas e mais amplas percepções sobre eles - para sintetizá-los - havia também a necessidade de criar um lugar onde a colaboração necessária para tal pesquisa pudesse ocorrer. Somado a isso, naquele momento ocorria o surgimento da internet comercial e o reconhecimento de seu potencial para revolucionar a acessibilidade à informação. Além disso, houve um envolvimento crescente de disciplinas fora da ecologia na resolução de questões e desafios ambientais.
Essas noções emergentes - síntese, acesso a dados e colaboração - tornaram o momento oportuno para uma abordagem que pudesse integrar dados, teorias e métodos para aprofundar nossa compreensão do mundo natural. As práticas científicas tradicionais normalmente consistiam em um laboratório solitário ou trabalho de campo, e os pesquisadores muitas vezes protegiam seus dados. O estabelecimento do NCEAS alterou radicalmente essas práticas, promovendo pesquisas colaborativas que dependiam do compartilhamento e da reutilização de dados, abrindo caminho para ideias modernas sobre ciência aberta e ética de gerenciamento de dados.
Existem, atualmente, uma dúzia de centros de síntese no mundo que abordam os mais variados temas como ciências da vida, ciências biomédicas, ciências da terra e ciência exatas. Eles estão localizados na América do Norte, Europa, China e Austrália, e o mais recente deles, o Centro de Síntese em Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos - SinBiose, no Brasil, criado em 2018 e o único na região tropical.
Saiba mais sobre o SinBiose aqui.
Lista de centros de síntese e outras organizações de interesse*
Centro | Localização | Ecopo |
Centro de Síntese em Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (SinBiose) |
Brasília, Brasil |
Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos |
The Synthesis Centre for Biodiversity Sciences (sDiv) | Leipzig - Alemanha (Centro Alemão para Pesquisa Integrativa em Biodiversidade (iDiv)) | Ciência e gestão da biodiversidade |
Environmental ‘Omics Synthesis Centre (EOS) |
Wallingford, Oxfordshire, Reino Unido |
‘Omics’ ambiental e bioinformática |
National Socio-Environmental Synthesis Center (SESYNC) |
Annapolis, Maryland, EUA |
Ecologia; sociologia; ciência política; economia; psicologia e, elaboração, planejamento e design de políticas |
CEntre for the Synthesis and Analysis of Biodiversity (CESAB) | Aix-en-Provence, França (Fundação para Pesquisa em Biodiversidade) | Ciências da biodiversidade; ecologia |
Fort Collins, Colorado, EUA (Pesquisa Geológica dos Estados Unidos) | Ciências Ambientais e da Terra | |
Saskatchewan (University of Regina), mas operações distribuídas por todo o Canadá | Ecossistemas canadenses e seus serviços | |
National Institute for Mathematical and Biological Synthesis (NIMBioS) |
Knoxville, Tennessee, EUA (University of Tennessee) | Interface entre biologia e matemática |
Universidade de Oslo, Noruega | Mudanças evolutivas na ecologia por meio da biologia populacional, modelagem estatística e matemática e genômica | |
National Center for Ecological Analysis and Synthesis (NCEAS) |
Santa Barbara, Califórnia, EUA (University of California) | Ecologia e ciências ambientais |
Pequim, China (Academia Chinesa de Ciências) | Ecologia |
* adaptado de International Synthesis Consortium (ISC) - 2021