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SinBiose participa da discussão sobre o futuro dos Programas Estruturantes do CNPq
O Centro de Síntese em Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos – SinBiose/CNPq, representado por Marisa Mamede, da gerência do Centro, participou do seminário comemorativo de 70 anos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O evento aconteceu nos dias 26 e 27 de abril, no formato híbrido (auditório da sede do CNPq e online), e marcou o encerramento das atividades em referência aos 70 anos do Conselho, celebrados em 2021. O Seminário “ 70 Anos do CNPq (1951-2021) – Passado, Presente e Futuro Pensando e Transformando o Brasil ” foi organizado conjuntamente com a Academia Brasileira de Ciências (ABC). O evento contou com a participação de importantes nomes da comunidade científica e gestores do Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia.
“Esta participação reconhece o protagonismo do SinBiose dentro e fora do CNPq” explica, Mamede. O Centro foi apresentado na mesa “Projetos e Ações Mobilizadoras do CNPq” com a moderação de Adalberto Val, coordenador do INCT Adaptações da Biota Aquática da Amazônia. Participaram ainda Jailson Bittencourt de Andrade (INCT Energia e Ambiente/ABC), Ruben Oliven (Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da UFRGS/ABC) e Thiago Cagliari (Programa de Pesquisa em Ciências da Terra e do Meio Ambiente do CNPq).
Em sua apresentação, Mamede destacou o pioneirismo do SinBiose como catalisador da ciência de síntese no país. Todo o desenho do programa é pautado na inter e transdisciplinaridade, tanto em termos conceituais quanto na conformação da governança visando promover a ciência de sín tese.
Marisa Mamede e Thiago Cagliari no Seminário dos 70 anos do CNPq
A ideia é que este formato seja um mecanismo para avançar a fronteira do conhecimento científico e criar um solo fértil para a inovação. Um dos caminhos é aproximar a ciência da tomada de decisão: “isto reforça o papel central do CNPq no Sistema de CT&I nacional, além do seu papel indutor e posição privilegiada na articulação entre atores”, pontuou Mamede. Para isso, ela destaca a necessidade do engajamento de atores não acadêmicos e o protagonismo da comunicação neste interstício: “já temos um Plano estratégico de comunicação do SinBiose com visão de 10 anos, trabalhamos a identificação e abordagem com stakeholders dos projetos, temos um boletim de notícias, redes sociais e queremos chegar ao ponto de gerar produtos efetivamente úteis para a tomadas de decisão”.
Outro aspecto ressaltado em sua apresentação no seminário foi o reconhecimento internacional do SinBiose como ação relevante para estímulo à pesquisa de síntese no Brasil, em articulação com outros países. Neste sentido foram citadas as iniciativas conjuntas com o CESAB (França), STFC IAA Workshop e o início de um diálogo para parceria com a Biodiversa+ visando ações de colaboração multilateral voltadas para ciência de síntese.
Os próximos desafios pautados pela gerente incluem a promoção de diálogo com stakeholders para coprodução de material para a tomada de decisão, desenvolvimento de infraestrutura adequada para o suporte aos projetos (incluindo suporte em ciência de dados), publicação de política de dados do programa, captação de recursos e estabelecimento de parcerias para nova chamada de programa (2023), sendo todas estas etapas importantes para no caminho da consolidação da iniciativa, com identidade própria no sistema de CTI Nacional.
Rumo ao Futuro dos Programas Estruturantes do CNPq
Convidados a refletir sobre o futuro dos programas estruturantes, os participantes da mesa de discussão concordaram em três pontos: reposição de quadro técnico, aproximar ciência da sociedade e previsibilidade de recursos.
“A equipe de técnicos do CNPq é altamente qualificada e sempre soube fazer um trabalho azeitado entre os pesquisadores, mas houve um número grande de aposentadorias”, pontuou Ruben Oliven. A ausência de reposição quadros somada às aposentadorias nos últimos anos, deixou o CNPq com cerca de ⅓ do efetivo de há dez anos atrás. Isto impõe uma enorme sobrecarga ao contingente de servidores ativos e tem impactado a capacidade de resposta do órgão.
Thiago Cagliari reiterou a necessidade de mais pessoal no CNPq e chamou a atenção para articular melhor com o congresso para a melhoria e estabilidade da situação orçamentária
Marisa Mamede chamou a atenção para a importância de contar com previsibilidade orçamentária, sobretudo para a manutenção e ampliação de programas estruturantes de longa duração. “É difícil trabalhar com programas de longa duração sem saber se naquele ano haverá recursos ou não. Estes programas têm a sua temporalidade própria, e precisam ser protegidos da instabilidade que temos visto, por exemplo, na concessão de recursos pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, FNDCT”, destacou Mamede. O FNDCT é alvo recorrente de cortes de verbas.
Marisa Mamade fala sobre o SinBiose
Outro destaque, trazido por Mamede foi a discussão sobre como avançar no fomento à transdisciplinaridade. "Estamos estruturados em uma árvore do conhecimento cheia de caixinhas, mas precisamos criar mecanismos para criar vasos comunicantes e permitir a circulação de ar fresco entre elas. Eu trabalho com um programa interdisciplinar e vejo a dificuldade que é articular com outras áreas de conhecimento”, explicou a gerente do SinBiose. Segundo ela, este é um desafio que se coloca não só para o CNPq, mas para todas as agências de fomento do mundo.
Por fim, Adalberto Val (Inpa/ABC), moderador da sessão, pontuou a necessidade de se pensar a ciência e tecnologia como atividade de Estado, para não ter que anualmente ou em anos eleitorais ficar provando sua importância ou tendo que convencer as pessoas. “Ciência e tecnologia é o único caminho possível. Não se trata de fé cega, mas de tomar decisão para a tomada de decisão”, pontua Val. Para o moderador é preciso colocar a ciência e tecnologia no "colo'' da sociedade, sem esse caminho é difícil avançar. “Não podemos buscar a sociedade só quando precisamos dela. É preciso fazer isso continuamente”, finaliza Val.