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Sessão especial celebra os 40 anos do PROANTAR na Reunião Anual do SBPC
Na última quarta-feira, 27, aconteceu, no anfiteatro 13 do Instituto Central de Ciências (ICC), da Universidade de Brasília (UnB), sessão especial em comemoração aos quarenta anos do Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR). Programa de Estado que tem o objetivo de produzir conhecimento científico sobre a Antártica e suas relações com o restante do sistema climático global, o PROANTAR facilitou, a partir de 1982, a presença de cientistas brasileiros no continente antártico. Os membros do Tratado da Antártica, a que o Brasil também aderiu, devem manter na região um programa científico de excelência, de forma a possibilitar sua participação nas reuniões consultivas que decidem o futuro daquela área geográfica. “A presença brasileira na Antártica, fazendo ciência, é fundamental”, afirmou a presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), professora Helena Nader , que participou da sessão ao lado de representantes das principais instituições que apoiam o Programa: o CNPq; o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI); o Ministério das Relações Exteriores (MRE) e a Marinha do Brasil.
Sessão especial contou com participação dos parceiros do programa. Foto: Roberto Hilário COCOM/CNPq
O CNPq financia as pesquisas científicas desenvolvidas na região desde 1991. Desde então, as ações que recebem apoio financeiro têm crescido no volume de recursos aplicados e na qualidade das pesquisas realizadas. Segundo a professora Zaíra Turchi , diretora de Cooperação Institucional do CNPq, comemorar as quatro décadas do PROANTAR é um momento de celebração. "Fazer pesquisa é sempre difícil e na Antártica é muito mais. Um programa como este precisa continuar tendo muito apoio”, disse a professora. Reconhecendo o trabalho de pesquisadores e também de parceiros do programa, a professora Zaíra Turchi refletiu que não é simples seguir adiante com uma proposta como o PROANTAR, quando não se tem uma política de Estado permanente. Ela lembrou que o programa é estratégico não só para o planeta, mas para a soberania nacional. “É um orgulho para nós”, completou ela.
A Antártica é uma região de importância significativa para o mundo e, em particular, para os países do Cone Sul. Além dos aspectos geoestratégicos, a área também é alvo de interesses científicos, em especial climatológicos e ambientais.
Alterações meteorológicas na região afetam de modo significativo a temperatura e o regime de precipitações no Brasil. Dessa forma, pesquisas na Antártica permitem fazer melhores previsões de tempo e de clima, o que tem impacto direto sobre a agricultura brasileira, devido à ligação entre a variabilidade climática da Antártica e a do Sul do País. Assim, mudanças climáticas na Antártica podem alterar o quadro da agricultura no Brasil, gerando prejuízos. Ademais, o oceano Austral é a principal conexão entre as maiores bacias oceânicas e também responsável pela comunicação do oceano profundo com a atmosfera, permitindo que sinais de anomalias na temperatura, por exemplo, sejam carregados das camadas superficiais para maiores profundidades. O oceano Austral, dessa forma, tem um papel importante nas mudanças do clima, que, por sua vez, têm impacto ambiental por afetar, por exemplo, o nível do mar, a temperatura dos oceanos, o sequestro de carbono e as funções ecossistêmicas
De acordo com o Secretário de Pesquisa e Formação Cientifica do MCTI, Marcelo Morales, que participou do evento representando o ministério, “a atenção aos oceanos é uma demanda mundial e devemos ter consciência de o que é esse ecossistema e o que ele representa para a humanidade”. Ele mencionou a iminência de uma nova chamada pública para o PROANTAR em 2022. O representante do Ministério das Relações Exteriores, Filipe Correa Nasser Silva, por seu turno, lembrou que o continente antártico representa 10 por cento da massa terrestre do planeta e se encontra alheio a soberanias nacionais, isto é, é um espaço sem competição territorial, que tem seus pilares baseados na paz, na ciência e na cooperação internacional.
Durante a sessão especial foram homenageados com a medalha comemorativa do CNPq o Comandante Antônio José Teixeira, chefe da estação antártica Comandante Ferraz em 1985 e em 1987; o professor Carlos Oiti Berbert, geólogo e relator da área de Ciências da Terra no grupo de avaliação ambiental PROANTAR; o Ministério das Relações Exteriores, representado por Filipe Correa Nasser Silva; a Marinha do Brasil, representada pelo Contra-Almirante Marco Antônio Linhares Soares; o MCTI, representado por Marcelo Morales e a servidora do CNPq, Margareth Alves Carvalho , homenageada devido a sua dedicação permanente na condução do PROANTAR. Durante a sessão especial também foi exibido vídeo com depoimentos de pesquisadores envolvidos em projetos apoiados pelo CNPq no âmbito do PROANTAR.
No momento, se encontram em fase final de execução 16 projetos de pesquisa, contemplados pela Chamada Nº 64/2013 – MCTI/CNPq/FNDCT-Ação Transversal – Programa Antártico Brasileiro – PROANTAR. Os projetos estão inseridos em linhas de pesquisa variadas, que abrangem estudos sobre a biodiversidade e os impactos ambientais na Antártica; geologia e geoquímica na Antártica e no Oceano Sul; monitoramento ambiental, do clima e da atmosfera da região Antártica e aspectos tecnológicos, culturais e socioeconômicos na Antártica. O valor global do financiamento de projetos contratados na Chamada 64/2013 foi de R$ 13,8 milhões de reais. Também se encontram em desenvolvimento mais 21 projetos de pesquisa, contemplados pela Chamada CNPq/MCTIC/CAPES/FNDCT nº 21/2018. As propostas aprovadas por esta Chamada foram financiadas com recursos no valor total de pouco mais de R$ 18 milhões.
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