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Representantes dos órgãos estaduais de Meio Ambiente e pesquisadores discutem indicadores para o monitoramento da regeneração natural na Amazônia
Aconteceu entre os dias 22 e 24 de junho, na Ilha do Mosqueiro em Belém (PA), a oficina “Monitoramento da integridade ecológica da regeneração natural na Amazônia” organizada pelo grupo de pesquisadores do Projeto Regenera, do Centro de Síntese em Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos – SinBiose/CNPq. O evento teve como objetivo discutir indicadores de progresso das iniciativas de restauração ecológica baseadas na regeneração natural na região Amazônica e contou com representantes das secretarias de meio ambiente do Acre, Amazonas, Amapá, Rondônia e Pará, além do IPAAM do Amazonas.
Esta etapa do projeto Regenera prevê a interlocução com os Órgãos Estaduais de Meio Ambiente (OEMAs) para aprimorar os indicadores e favorecer a implantação e acompanhamento dos PRADAs (Planos de Recuperação de Áreas Degradadas) no âmbito do Código Florestal. O evento reuniu 19 participantes e foi organizado pelas pesquisadoras Rita Mesquita (INPA), Catarina Jakovac (UFSC), Ima Vieira (MPEG) e o pesquisador André Giles (INPA).
Grupos de trabalho discutem indicadores de integridade ecológica da regeneração natural. Na foto, a Prof. Juliana Schietti da UFAM do Amazonas apresenta os resultados do seu grupo de discussão.
A regeneração natural da floresta é uma estratégia de baixo custo para a recuperação da reserva legal e das áreas de preservação permanente em pequenas e grandes propriedades rurais. O monitoramento via satélite indica que aproximadamente 20% das áreas desmatadas da Amazônia estão cobertas por florestas em regeneração. Isso pode parecer uma boa notícia, mas muitas destas florestas estão regenerando em áreas sujeitas à degradação pelo fogo e uso intensivo do solo, gerando uma regeneração natural lenta, de baixa diversidade e baixas taxas de sequestro de carbono. Em tais situações, a restauração ecológica efetiva requer intervenções como o manejo de espécies invasoras, o enriquecimento de espécies através de semeadura direta ou plantio de mudas, entre outras.
“Indicadores robustos e de fácil aplicabilidade pelas assistências técnicas e de extensão rural e órgãos ambientais de meio ambiente são essenciais para garantir que os PRADAs não estejam apenas criando uma cobertura verde de baixo valor social e ecológico mas estejam efetivamente recuperando os serviços ambientais”, esclarece a coordenadora do projeto, Rita Mesquita, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia.
Grupo de trabalho composto por pesquisadores e técnicos das OEMAs discutindo indicadores e valores de referência para a integridade ecológica da regeneração natural na Amazônia .
De acordo com as OEMAs, atualmente poucos estados da Amazônia têm indicadores objetivos para fazer o acompanhamento dos PRADAs implantados. Os técnicos ressaltaram a necessidade de indicadores robustos e de valores de referência para que possam avaliar se um PRADA baseado em regeneração natural está cumprindo sua obrigação de recomposição da vegetação nativa. É preciso saber, por exemplo, quantas espécies e qual o tamanho que as árvores deveriam ter em uma capoeira de cinco anos para avaliar se a restauração ecológica está sendo efetiva. Indicadores e valores de referência são essenciais também para a quitação do compromisso pelo proprietário junto ao órgão ambiental.
Dentro deste contexto, o grupo se debruçou sobre os resultados científicos da base de dados compilada pelo Projeto Regenera, que abarca indicadores avaliados em mais de 500 florestas em regeneração por toda a Amazônia. Dentre os indicadores avaliados estão riqueza e diversidade de espécies, área basal, cobertura da vegetação, altura do dossel e tamanho das árvores.
Combinando a experiência prática das OEMAs e as análises científicas, o grupo fez uma seleção de indicadores que permitem avaliar a qualidade da regeneração natural em diferentes momentos da sucessão ecológica.
O resultado da discussão do evento embasará a produção de uma nota técnica para os órgãos ambientais. “O resultado continuará sendo trabalhado pelo grupo para gerar uma nota técnica com diretrizes para auxiliar o processo de regularização ambiental das propriedades rurais, garantindo eficiência ecológica no processo de recuperação da vegetação nativa”, finaliza a vice-coordenadora do projeto, Catarina Jakovac, da Universidade Federal de Santa Catarina.