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CNPq participa da abertura da 74ª Reunião Anual da SBPC e entrega o Premio José Reis
Na abertura da 74ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que aconteceu domingo, 24 de junho de 2022, no auditório da Associação dos Docentes da Universidade de Brasília (ADUnB), o tema escolhido para o encontro deste ano - Ciência, independência e soberania nacional – motivou diversas reflexões que ressaltaram a importância desses três elementos para o desenvolvimento do país e sua competitividade no cenário internacional. O Presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCTI), Evaldo Vilela, esteve presente e ressaltou a ciência como ferramenta imprescindível para o desenvolvimento do país.
Prof. Evaldo, ao lado da reitora da UnB, Márcia Abrahão. Foto: Roberto Hilário COCOM/CNPq
Para o Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Paulo Alvim, ciência, independência e soberania são fatores primordiais se queremos ser uma nação inclusiva e sustentável. “É um esforço coletivo”, diz ele, referindo-se à colaboração com a comunidade acadêmica. O ministro afirmou que Ciência e Tecnologia é política de Estado e que o Brasil vai precisar cada vez mais de ciência, de pesquisadores e de ter uma postura convergente nesse sentido.
O presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Marcus Vinicius David , por seu turno completou o pensamento, ressaltando que, no atual estágio da economia mundial, a independência dos países só se dará pela educação e pelo pleno desenvolvimento científico e tecnológico. “É o único caminho que nós temos para termos, efetivamente, uma nação independente”, observa ele. Para a presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), professora Helena Nader , apenas com educação e ciência vamos cumprir os objetivos do desenvolvimento sustentável da agenda 2030, documento firmado pelos Estados-membros da Organização das Nações Unidas (ONU), com plano de ação global para erradicar a pobreza, dentro das condições que nosso planeta oferece e sem comprometer a qualidade de vida das próximas gerações. "O Brasil tem que, imediatamente, ter uma política de Estado", diz a professora Helena Nader, ao se referir à área de Ciência e Tecnologia.
Ao contrário dos últimos dois anos, quando aconteceu apenas de forma virtual, a reunião será realizada de forma híbrida, com atividades presenciais e virtuais, até sábado, dia 30 de julho de 2022, nos quatro campi da UnB, localizados em Brasília, Ceilândia, Gama e Planaltina. A reunião contará com uma programação que inclui painéis, conferências, mesas-redondas, webminicursos e sessão de pôsteres. A programação é divulgada no site do evento e algumas atividades serão transmitidas pelo canal da SBPC no YouTube . Os webminicursos acontecerão por meio das plataformas Moodle e Zoom.
Entrega do Prêmio José Reis
Durante a cerimônia, foi entregue o Prêmio José Reis de Divulgação Científica e Tecnológica, concedido pelo CNPq aos profissionais que, por suas atividades, tenham contribuído de forma significativa para a formação de uma cultura científica e por tornar a Ciência, a Tecnologia e a Inovação conhecidas da sociedade. Nesta 42ª edição do Prêmio, que contemplou a categoria Pesquisador e Escritor, o ganhador foi o professor do Instituto de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, astrônomo e bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq, Alan Alves Brito , agraciado pela pluralidade de trabalhos de divulgação científica, com foco relevante na diversidade, na equidade e na inclusão social.
Prof. Alan Alves Brito recebe o diploma das mãos do presidente do CNPq. Foto: Roberto Hilário COCOM/CNPq
O professor Alan Brito é autor de livros em sua área de conhecimento, um deles finalista do Prêmio Jabuti do ano de 2020, e trabalha com educação e divulgação da Astronomia e da Física, incluindo questões decoloniais, étnico-raciais, de gênero e também suas intersecções com as ciências exatas. Para ele, ser contemplado com o Prêmio José Reis foi um reconhecimento, em especial pela relevância do CNPq para a sua formação e para a promoção da educação, da ciência e da cultura científica no país. “É um momento tocante da minha trajetória até aqui, eu que venho do Brasil profundo”, diz o professor, para quem o maior prêmio é a oportunidade de contribuir com escolas e comunidades, estendendo cidadania dentro e fora dos ambientes acadêmicos e científicos. “Não podemos perder de vista que a educação e as ciências são interdependentes. E, nesse sentido, a divulgação das ciências é fundamental”, salienta o professor Alan Brito.
Na próxima terça-feira, 26 de julho de 2022, com início às 9 horas, o professor Alan Brito ministrará conferência sobre o conjunto de seus trabalhos, no Anfiteatro 13, do Instituto Central de Ciências (ICC), da UnB. Além de tratar dos livros que já publicou, o professor falará sobre alguns projetos de divulgação em ciências que idealizou e que coordena na UFRGS. Esses projetos são articulados e compartilhados com escolas, comunidades negras, quilombolas e indígenas. “Quero, mais do que nunca, contar histórias, e apresentar essas oralituras que tanto me inspiram a seguir”, reflete ele. O professor acredita que as ciências exatas não podem ser vistas como distantes ou desarticuladas das diversas realidades brasileiras e de outras ciências, como as humanas, as da natureza, a matemática e as linguagens, em suas múltiplas tecnologias sociais. Na opinião dele, as ciências exatas também não podem estar distantes do quotidiano do Brasil profundo, como ele se refere a minorias que existem e também precisam ter voz. “A Plataforma de lançamento de Satélites no Maranhão ocupa um território que é quilombola”, lembra ele, como exemplo.
“Eu tenho articulado o ensino, a pesquisa e a divulgação em ciências para abordar essas questões na teoria e na prática. De um lado, parto da premissa de que a Física e a Astronomia Moderna e Contemporânea são cruciais para o entendimento das nossas interpretações da realidade (modelos científicos), a partir de conceitos chave como ciência, tecnologia, desenvolvimento e inovação, os quais precisam ser refletidos prospectando a realidade social e racial do país”, explica o professor, para quem a Física e a Astronomia se encontram na base do projeto moderno e contemporâneo de Ciência e Tecnologia. No caso brasileiro, o professor Alan Brito acredita que a divulgação de temas e de questões científicas constitui poderosa tecnologia social e simbólica, por humanizar os processos e reafirmar a autoestima das pessoas, que passam a se sentir parte do processo de criação. “Além disso, ela nos devolve cidadania e responsabilidades cosmológicas. A divulgação de questões científicas amplia o debate em sociedade, nos ajuda a viver a vida com o pensamento crítico, sem perder de vista as questões éticas, estéticas e poéticas de ser e estar no mundo, com a potência transformadora”, completa ele.
Veja o álbum de fotos:
Abertura: https://photos.app.goo.gl/9csmmErS933qmyLYA
Palestra Prof. Alan: https://photos.app.goo.gl/y3NVC7CBs1LSVcYMA