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CNPq anuncia os vencedores do XII Prêmio de Fotografia - Ciência & Arte
O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) anuncia os ganhadores do XII Prêmio Fotografia – Ciência e Arte, edição 2022, que receberão as respectivas premiações durante a reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), a ser realizada em julho de 2023, em Curitiba, Paraná. O Prêmio contempla imagens produzidas por estudantes de graduação e pós-graduação, graduados e pós-graduados, docentes, pesquisadores brasileiros e estrangeiros com visto permanente no Brasil, em duas categorias: imagens produzidas por câmeras fotográficas e imagens obtidas por meio de instrumentos especiais (ópticos, eletrônicos e eletromagnéticos). Além do diploma e dos custos de deslocamento e hospedagem para receber a premiação, os agraciados desta edição recebem, ainda, importância em Reais, no valor de 5 mil, 10 mil ou 15 mil, a depender da respectiva classificação.
O contemplado com o primeiro lugar na Categoria I , relativa a imagens produzidas por câmeras fotográficas, é Talbert Igor Santana de Oliveira, que na XI edição do mesmo prêmio, em 2021, havia sido contemplado com o segundo lugar, na mesma categoria. Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Talbert é bacharel em Artes, com formação em Cinema e Audiovisual, pela mesma instituição. Ele ganhou com a foto “Mestre Zé Verde – A Gaita Ancestre do Brejinho”, em que retrata José João da Mata, conhecido como Zé Verde, um dos poucos remanescentes da cultura popular da gaita, estilo de pífano, no território do município de Cipó, na Bahia.
Vencedores na Categoria "Imagens produzidas por câmeras fotográficas".
Para Talbert de Oliveira, ganhar o prêmio, desta vez em primeiro lugar, reafirma o compromisso e a seriedade que ele tem para com a pesquisa acadêmica que desenvolve e para com sua relevância para a construção de conhecimento. Ele também observa que sua premiação atenta para a valorização dos bens imateriais na cidade de Cipó. “Sou oriundo da zona rural do sertão baiano, de escola pública e programa de assistência estudantil universitária na Universidade Federal da Bahia. Ganhar esse prêmio também é uma reafirmação pessoal na crença da educação como força de transformação, é mais uma mostra da importância que a minha família e os incentivos públicos sociais tiveram para o meu desenvolvimento”, afirma.
Os demais agraciados na Categoria I do Prêmio de Fotografia – Ciência e Arte são Guilherme Siniciato Terra Garbino, que tirou o segundo lugar com a foto “O vampiro na noite”, que mostra exemplar de morcego hematófago Desmodus rotundus , importante vetor do vírus da raiva, e Vladimir Pedro Peralva Borges Martins, contemplado com o terceiro lugar, pela fotografia “O ovo”, submissão fotográfica de um ovo sendo analisado em um ovoscópio dentro de uma câmara escura.
Para Guilherme Garbino, professor do Departamento de Biologia Animal da Universidade Federal de Viçosa (UFV), a existência de um prêmio como o de Fotografia – Ciência e Arte é um sinal de valorização e apoio à pesquisa científica no país. “Tenho a esperança de que esse prêmio possa trazer mais visibilidade à importância do trabalho de campo na vigilância e detecção de patógenos com potencial de emergência. Também considero que essa oportunidade possa contribuir para a construção de uma imagem mais positiva associada aos morcegos. Esses mamíferos voadores desempenham um papel vital nos ecossistemas, como polinizadores de plantas, dispersores de sementes e controladores naturais de pragas”, diz. Vladimir Martins, por sua vez, salienta o papel do prêmio em humanizar o mundo da ciência. “No âmbito da minha própria experiência em neurociência a qual as fotografias tendem a técnicas complexas de imageamento, fico grato de ter capturado de maneira tão natural algo simples, mas não menos importante, o meio pelo qual meus estudos do sistema nervoso central e os efeitos de substâncias de abuso afetam o desenvolvimento, o ovo. Em sua simplicidade, esse assunto se torna uma porta de entrada para se conectar com o público mais amplo e evocar uma compreensão íntima de nossa pesquisa. Como estudamos o sistema nervoso central usando um embrião de galinha e como isso se traduz para os seres humanos? O valor de gerar a curiosidade e despertar o interesse pela ciência é algo incalculável”, ressalta ele.
Na Categoria II, relativa a imagens produzidas por instrumentos especiais, o premiado em primeiro lugar foi Elizeu Barbosa de Castro, doutor em Biologia Animal pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), com especialização em Acarologia. A foto ganhadora, “ Tenuipalpus spinosaurus Castro, Feres & Ochoa”, mostra uma nova espécie de ácaro plantícola coletado em áreas de Cerrado do estado de Minas Gerais. A imagem foi obtida por meio de microscópio eletrônico de varredura em baixa temperatura (LT-SEM). “Estou muito honrado em participar e ter uma foto vencedora do Prêmio de Fotografia – Ciência & Arte do CNPq. Essa é uma iniciativa muito importante para divulgação das imagens produzidas em trabalhos científicos realizados em instituições de pesquisa do Brasil, além de ser uma forma de estimular o interesse da sociedade em geral pela ciência”, observa Elizeu.
Para Raquel das Neves Almeida, contemplada em segundo lugar na Categoria II, o prêmio concedido pelo CNPq tem um valor inestimável, pois foi o reconhecimento do trabalho desenvolvido por ela. “Sou extremamente grata por receber essa premiação e acredito que seja uma maneira esplêndida de unir a arte à ciência e devolvê-la à sociedade por meio da divulgação científica. Só tenho a agradecer à comissão avaliadora e ao CNPq por desenvolverem esse tipo de interação entre ciência e arte”, afirma Raquel. Ela ressalta a experiência para obter, pelo meio de microscopia eletrônica de varredura, a imagem da foto “Macrófago Ceifador: Na Mira da Morte”, que forneceu dados importantes para sua pesquisa de mestrado.
O terceiro colocado na Categoria II foi Joaquim Ferreira do Nascimento Neto, doutorando em Genética, Conservação e Biologia Evolutiva, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA). Ele ganhou o prêmio com a foto “Ameaça escondida: granadas de dengue prontas para explodir em água parada”, obtida por microscopia eletrônica de varredura e que mostra a ultraestrutura do ovo do mosquito Aedes aegypti , principal vetor de arboviroses urbanas nas Américas. “Prêmios como este valorizam a ciência produzida no Brasil e no estado do Amazonas, e mostram como o conhecimento gerado nos laboratórios das instituições de pesquisa e ensino amazônicas, graças a rede de colaboração existente, possibilita a produção de conhecimento relevante e de qualidade para a comunidade científica e para a população”, ressalta Joaquim.
Os trabalhos submetidos ao prêmio foram julgados com observância da originalidade da imagem, do seu impacto visual, do domínio da técnica e da estética, da relevância da imagem para a pesquisa do candidato e da contribuição do trabalho apresentado para a popularização e para a divulgação científica e tecnológica. A escolha dos premiados foi feita por comissão julgadora, constituída por sete pesquisadores oriundos da comunidade científica e tecnológica. Os autores das imagens premiadas, conforme o edital, devem assinar termo de cessão de direitos, licenciamento e autorização de uso pleno da imagem ao CNPq.