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Publicação apresenta avanços científicos de pesquisas de longa duração sobre as restingas e lagoas costeiras do litoral do Norte Fluminense
A publicação está disponível gratuitamente em versão virtual no site do CNPq e terá lançamento da edição física no dia 22 de novembro. A cerimônia de lançamento está prevista para ocorrer às 15h, no Instituto de Biodiversidade e Sustentabilidade NUPEM-UFRJ, em Macaé, estado do Rio de Janeiro.
De acordo com Francisco de Assis Esteves, professor do Instituto de Biodiversidade e Sustentabilidade da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq e um dos editores do livro, a obra é relevante porque o sítio em que foram desenvolvidas as pesquisas representa também as diferentes restingas brasileiras, refletindo as condições estabelecidas em restingas de outros deltas de rios da costa brasileira e as dificuldades que outras regiões costeiras passam em função do forte processo de ocupação dessas faixas. “O sítio nos fornece importantes respostas sobre como a flora e a fauna se estabelecem nessas áreas arenosas, bem drenadas e alagadas. O Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba tem, a cada ano, aumentado os limites com áreas de ocupação e áreas bastante industrializadas, de forma a sofrer impactos diversos, desde extração mineral, vegetal, até mesmo questão de poluição, impacto do transporte marítimo e terrestre de petróleo e alteração de regimes hídricos”, diz o professor. Segundo ele, nos próximos anos as áreas costeiras ainda sofrerão impacto de mudanças climáticas, que alterarão o ritmo de inundação e elevação do nível do lençol freático, de forma a alterar drasticamente a composição de espécies. O livro também teve como editores os pesquisadores do NUPEM-UFRJ Pablo Gonçalves, bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq; Ana Cristina Petry e Rodrigo Lemes Martins; além de Caryne Braga, professora da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF).
O livro representa uma continuidade da obra Pesquisas Ecológicas de Longa Duração na Restinga de Jurubatiba, publicada em 2004. Dessa forma, vários de seus capítulos oferecem sínteses do conhecimento sobre as biotas e os processos ecológicos estudados antes do início do PELD na região. Ademais, a nova obra traz capítulos sobre pesquisas que exploram a dimensão geológica ou paleoambiental da Restinga de Jurubatiba; as dimensões humanas sobre a conservação das restingas; os impactos humanos nesses ecossistemas e a importância das pesquisas para a gestão daquela unidade de conservação, pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). “A continuidade das pesquisas no sítio é importante para a região porque permite monitorar o contexto de mudanças climáticas globais e alteração no nível do mar, com profundos reflexos nas condições de alagamento destes locais, alteração da flora e fauna, assim como emissão de gases e efeitos de migrações humanas, transformações urbanas e outros problemas, com consequências gigantescas para a conservação de recursos hídricos também”, comenta um dos editores do novo livro, Rodrigo Lemes.
Com extensão geográfica de aproximadamente 1.000 quilômetros quadrados, o sítio PELD Jurubatiba abrange o Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba, a Área de Proteção Ambiental da Lagoa Feia até o limite norte da Área de Proteção Ambiental de Itapebussus, em Rio das Ostras, também Norte Fluminense. Para o professor Francisco Esteves, a iniciativa do PELD contribuiu para o meio ambiente da região de diversas formas, incluindo a produção de conhecimento científico sobre as restingas e lagoas costeiras da região; a formação de recursos humanos qualificados para trabalhar na conservação do meio ambiente e a promoção de ações de educação ambiental e conscientização da população sobre a importância da conservação do meio ambiente. Ao lembrar que o PELD chegou a Macaé em 1999, ano posterior à criação do Parque da Restinga de Jurubatiba e do NUPEM-UFRJ, o professor Esteves ressalta que todos foram criados no mesmo contexto: o de produzir estudos nas restingas e lagoas costeiras da região. “Portanto,o PELD também é responsável pela interiorização da UFRJ no estado do Rio de Janeiro, o que está bem discutido em um dos capítulos do livro, que fala como este é um caso clássico de Place Innovation, mostrando como o PARNA [referência ao Parque Nacional da Restinga da Jurubatiba] e as pesquisas PELD transformaram e produziram um ecossistema de desenvolvimento de ciência, tecnologia, turismo e ensino na região Norte –Fluminense”, afirma o professor Esteves.
No momento, cerca de quarenta pesquisadores desenvolvem estudos na área do PELD de Jurubatiba. Contudo, ao longo de seus anos de existência, a estimativa é esse PELD tenha auxiliado a formação de mais de uma centena de cientistas. “Um exemplo disso sou eu”, diz o pesquisador Rodrigo Lemes. “Fiz parte do primeira edital, como aluno de doutorado, do segundo edital, como pesquisador, do terceiro, como vice coordenador e do quarto, novamente como pesquisador”, salienta. A versão virtual do livro Dimensões Ecológicas, Geológicas e Humanas em Estudos de Longa Duração no Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba, Rio de Janeiro, já disponível, tem 432 páginas, divididas em três seções, cada uma representando diferentes dimensões ou tratamentos para o estudo dos ecossistemas de Jurubatiba. A primeira seção, de três capítulos, envolve o contexto físico e histórico da Restinga de Jurubatiba. Os nove capítulos da segunda seção são dedicados ao estudo de séries temporais de dados ecológicos, visando a compreensão de dinâmicas e de processos de longa duração em ecossistemas, comunidades e espécies. A terceira seção do livro, por sua vez, é composta de seis capítulos que tratam dos impactos ambientais e das dimensões humanas do Parque nacional da Restinga de Jurubatiba, desde sua implantação e uso como sala de aula até sua gestão pelo ICMBio e o gerenciamento de dados oriundos das pesquisas de longa duração.