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Projeto apoiado pelo CNPq cria sistema para alerta rápido sobre o avanço de áreas queimadas
Sistema desenvolvido pelo Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (LASA), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), para monitorar a localização e a extensão de áreas queimadas em regiões brasileiras, o ALARMES (Alerta de Área Queimada com Monitoramento Estimado por Satélite) será lançado no dia 8 de junho e é fruto de projeto apoiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O ALARMES é uma ferramenta de alerta rápido sobre o avanço das queimadas, combinando imagens de satélites da NASA, focos de calor e inteligência artificial para identificar novas áreas atingidas pelo fogo. O sistema foi criado em conjunto com o Instituto Dom Luiz, da Faculdade de Ciências, da Universidade de Lisboa e com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera, e disponibilizará informações sobre fogos em biomas do Cerrado, do Pantanal e de Roraima, com atualizações diárias e também comparações com o histórico de queimadas nessas áreas.
O Alarmes é uma plataforma pela qual é monitorar queimadas em todo o Brasil
O ALARMES foi desenvolvido no âmbito do projeto “ANDURÁ – Uso de sensoriamento remoto para avaliação da qualidade de programas de fogo”, contemplado com recursos do CNPq em Chamada conjunta lançada em 2018, pelo CNPq e pelo Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo), do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), para selecionar projetos de pesquisa sobre manejo integrado do fogo. As atividades de criação e de acompanhamento do sistema são coordenadas por Renata Libonati dos Santos , bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq, professora do Departamento de Meteorologia, do Centro de Ciências Matemáticas e Natureza (CCNM), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), coordenadora do LASA e pesquisadora especializada em sensoriamento remoto aplicado para detectar fogos e áreas de queimada por satélite e temas afins. Além do financiamento do CNPq, o projeto também recebeu recursos do Critical Ecosystem Partnership Fund, do Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB) e apoio de colaboração técnica do Greenpeace e do World Wide Fund for Nature (WWF).
A professora explica que o protótipo do ALARMES foi elaborado para preencher uma lacuna das informações diárias sobre queimadas, inexistente nos sistemas então em uso. Os cientistas utilizam satélites para observar o fogo em três etapas: o pré-fogo, o momento durante e o pós-fogo. Nesse monitoramento, há duas vertentes principais. A primeira é a do contexto histórico, em que as informações se encontram disponíveis apenas depois de algum tempo, que pode ser de forma quinzenal, mensal e anual, no tocante aos focos de calor, durante a ocorrência do fogo, ou à área queimada. Na segunda vertente, de alerta diário, a maioria dos sistemas focam na questão do calor durante a ocorrência. “Foi aí que começamos a desenvolver nosso sistema, para que preenchesse a lacuna da informação diária sobre a área que está queimando”, comenta a professora Renata. O sistema se encontra ativo desde 2020 e já se foi validado para vários lugares do mundo em que queimadas são relevantes, como Austrália, Moçambique, Portugal, Califórnia e regiões brasileiras do Cerrado e do Pantanal.
Além de contribuir para o trabalho de tomada de decisão de gestores públicos de órgãos ambientais, o ALARMES permitirá aos pesquisadores compreender a velocidade de aumento das áreas afetadas pelo fogo em tempo quase real, gerando maior impacto acerca do problema em diferentes atores e provocando maior divulgação sobre as queimadas pela mídia. O ALARMES funciona baseado em algoritmo e em dados de satélite da NASA e faz rodadas de forma diária, em tempo quase real. Os dados acessados do repositório da NASA geram mapas para as áreas de queimada, com localização, extensão e data. O termo tempo quase real se refere aos processamentos de dados que ocorrem de forma rápida, logo a seguir ao evento, mas que não respondem de forma instantânea, como em tempo real. O motivo para isso é que, no caso do Brasil, o atraso em relação à passagem do satélite é de um dia, o que significa que os dados da área queimada do dia anterior estarão disponíveis no dia seguinte. Mesmo com a demora, as informações são relevantes para serviços de emergência e avaliações rápidas de tomadas de decisão. “Ano passado gerávamos relatórios semanais”, diz a professora Renata Libonati, sobre as informações atualizadas acerca do Cerrado e do Pantanal. Ela diz que essas informações visavam apoiar os órgãos ambientais e a defesa civil em ações de combate ao fogo e planejamento.
A plataforma disponibilizará informações sobre fogos em biomas do Cerrado, do Pantanal e de Roraima, com atualizações diárias
Até o dia do lançamento oficial do sistema, é possível acessar apenas alguns dados do ALARMES por meio da página eletrônica do LASA. Além disso, as informações levantadas pelo ALARMES são disponibilizadas por meio de boletim semanal para o Pantanal e para áreas prioritárias no Cerrado. Há uma sessão de cadastro, para quem tiver interesse em receber informações sobre queimadas, e uma lista de perguntas e respostas mais freqüentes. Quando o ALARMES estiver com os dados disponíveis online, os usuários também poderão acessar mapas interativos para as áreas queimada, que mostrarão alertas para 1, 7, 15 e 30 dias, durante o intervalo de tempo de 2012 a 2020. Além disso, os usuários poderão escolher o bioma e unidades de conservação que querem consultar. A professora Renata Libonati afirma que a ferramenta disponibilizará atualizações diárias para o Pantanal, o Cerrado e Roraima, bem como comparações históricas, que indicarão se o fogo ou seus indícios estão acima ou abaixo da média para essas três regiões. O ALARMES mostrará o total da área queimada no período procurado, a porcentagem que isso representa na área do bioma, bem como a evolução diária. O gráfico também poderá ser apresentado em escala logarítmica e mostrar o acumulado do período e calor mínimo histórico, média e máxima histórica.
A média móvel de área queimada dos últimos 7, 15, 30 e 60 dias indicará se área queimada está com tendência de aumento ou de diminuição, em relação aos últimos 15, 30 e 60 dias em cada área geográfica. Haverá, ainda, a relação das áreas mais queimadas em cada bioma, com porcentagem de área queimada. Ainda em 2021, a professora Renata Libonati diz que o LASA lançará uma versão ainda melhor do ALARMES, com mapeamento Landsat a 30 metros.