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Pesquisa investiga os forídeos, principal praga que acomete a meliponicultura
Coordenador do programa de pós-graduação em Biodiversidade e Conservação da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Unidade Acadêmica de Serra Talhada (UAST/UFRPE), Airton Torres Carvalho é meliponicultor desde criança e aprendeu cedo sobre pragas e doenças enfrentadas pelos criadores de abelhas sem ferrão. Em especial, que a principal ameaça enfrentada na meliponicultura é o forídeo Pseudohypocera kerteszi, espécie de mosca parasita que ataca e dizima as colônias. Além de parasitarem os ninhos das abelhas sem ferrão, as moscas são potenciais transmissoras de microrganismos patogênicos.
Compreender a dinâmica da ocorrência de pragas e doenças em colônias de abelhas sem ferrão é fundamental para o futuro da meliponicultura e para a conservação das espécies. Esse é o mote do projeto de pesquisa do qual Airton é coordenador, e um dos selecionados por meio da Chamada Pública nº32/2017 do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e financiados em parceria entre CNPq, Ibama, Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e Associação Brasileira de Estudos das Abelhas (A.B.E.L.H.A.).
"Estamos estudando a ecologia química da interação entre o forídeo e as abelhas sem ferrão, buscando descobrir quais as pistas químicas utilizadas pelas moscas para encontrar seus hospedeiros", explica o pesquisador.
Além disso, a pesquisa tem por objetivo avaliar se a microbiota das abelhas produz tais compostos químicos utilizados pelas moscas para encontrar os ninhos.
São três as espécies de abelhas nativas selecionadas para o estudo: uruçu amarela (Melipona flavolineata), uruçu ou uruçu nordestina (Melipona scutellaris) e mandaçaia (Melipona quadrifasciata). As três espécies conferem à pesquisa uma abrangência nacional, visto que a ocorrência de cada uma delas se dá em diferentes ecossistemas brasileiros. A coleta de amostras está sendo realizada do Pará ao Rio Grande do Sul, passando por Estados como Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia, Pernambuco e Rio Grande do Norte.
Também serão usados dados comparativos entre as regiões de ocorrência natural das espécies e áreas para onde os ninhos foram translocados, assim como colônias em condições naturais e manejadas.
"Esperamos descobrir as substâncias voláteis utilizadas pelas moscas para encontrar os ninhos e, no longo prazo, desenvolver uma armadilha externa que possa controlar as infestações de florídeos", enfatiza Airton. Paralelamente, a caracterização da microbiota permitirá aos pesquisadores identificar microrganismos patogênicos a fim de subsidiar ações de controle e combate a doenças.
Diagnóstico científico
No que diz respeito a patógenos e doenças, os resultados da pesquisa vão gerar conhecimento de impacto direto na atividade do meliponicultor, e poderá servir de base técnica e científica para o desenvolvimento de políticas públicas efetivas no Brasil, que promovam a produtividade da meliponicultura - atividade de tamanha importância ecológica e econômica, que gera renda em comunidades locais pelo País.
"Estudar abelhas nos dá essa possibilidade: trabalhar com temas extremamente complicados, mas que são traduzidos em aplicação prática no dia a dia do produtor".
Para realizar a pesquisa, o grupo conta com a participação de alunos de graduação, mestrado e doutorado. O coordenador explica que, como professor, sua maior missão é o desenvolvimento de pessoas, sobretudo em universidades públicas.
Aírton destaca ainda a importância de iniciativas público-privadas no fomento à pesquisa científica. Segundo ele, o edital do CNPq dá subsídios para a formação de especialistas que continuarão a trabalhar na geração de conhecimento. "Nosso sentido maior é sempre a conservação das espécies: quanto mais estudarmos, mais conhecemos e mais conservamos a biodiversidade".
Resumo
Linha de Pesquisa 1 - Pesquisa em patógenos e parasitas em abelhas nativas e Apis mellifera
Projeto de pesquisa -Pragas em Abelhas: Procurando por doenças e entendendo a química da interação entre Meliponini e Phoridae
Parceiros - cooperação interregional
Universidade Federal Rural de Pernambuco
Universidade Federal de Pernambuco
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Instituto Tecnológico Vale
Salzburg University (Áustria)
Illinois Institute of Technology (Estados Unidos)