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Estudo coordenado por pesquisador da UFC desenvolve teste rápido para a detecção do SARS-CoV-2
Pesquisadores de equipe coordenada pelo bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq e professor do Departamento de Fisiologia e Farmacologia da Universidade Federal do Ceará (UFC), Alexandre Havt Bindá , desenvolveram teste genético rápido para a detecção do vírus SARS-CoV-2, utilizando técnica conhecida como LAMP, ou Amplificação Isotérmica Mediada por Loop. Com apenas um passo, capaz de amplificar o material genético do vírus em única temperatura, a técnica não requer perícia para manipular os testes ou para interpretar os resultados. Mais barata do que os testes diagnósticos baseados nas técnicas de RTqPCR ou sorologia (IgM/IgG), que exigem destreza técnica e infraestrutura sofisticada, a LAMP se trata de uma reação de etapa única, que amplifica sequências de DNA ou de RNA, à temperatura de 65 graus Celsius e tempo de execução total de 40 minutos a 60 minutos. A reação permite que se obtenha resultados a olho nu. Devido à mudança de PH, a solução cor de rosa em que o material genético se encontra torna-se amarelada, indicando reação positiva para a presença do SARS-CoV-2.
O teste realizado na UFC foi conduzido pelo Prof. Alexandre Havt Bindá, responsável pelo estudo molecular (Imagem: divulgação)
De acordo com o relatório final da pesquisa, enviado ao CNPq, a rapidez na disponibilização dos resultados oficiais para o COVID-19 com o uso da técnica LAMP pode auxiliar o gerenciamento da pandemia, com identificação, isolamento e tratamento de pacientes infectados em tempo hábil, reduzindo, dessa forma, os problemas relacionados ao atraso do diagnóstico molecular. Para se ter uma ideia da rapidez oferecida ela técnica, no exame de swabs nasofaríngeos por meio do PCR são necessárias cerca de quatro horas para os procedimentos laboratoriais e 48 horas a 72 horas para a liberação dos resultados oficiais após os dados serem analisados por um especialista. O aumento do diagnóstico precoce da doença pela técnica LAMP contribuiria para a redução do risco de transmissão, facilitando a prevenção e o controle do COVID-19. Segundo os pesquisadores, a metodologia LAMP pode ser também utilizada para o desenvolvimento de testes de diagnóstico de outros patógenos, como demonstraram vários artigos científicos já publicados sobre diagnóstico molecular de influenza A e B, bem como os vírus Chikungunya e da peste suína.
O projeto visando a identificação do vírus SARS-CoV-2 em menor tempo foi desenvolvido em três etapas. Na primeira delas, os pesquisadores examinaram swabs nasofaríngeos de 71 pacientes com suspeita de COVID-19, selecionados de forma aleatória. Os pacientes possuíam idade média de 37 anos, os homens representavam 49 por cento do total de examinados. A maioria dos pacientes, 96 por cento, eram residentes em Fortaleza. Apenas três por cento deles movava no perímetro suburbano da cidade. As amostras analisadas tinham procedência de várias unidades básicas de saúde do Ceará, como Fortaleza, Barra do Ceará, José Walter, Hospital da Criança e Barra do Futuro.
A segunda etapa visou a avaliação da sensibilidade e da especificidade da técnica LAMP na detecção do vírus em amostras de swab de nasofaringe, armazenadas no LACEN (Laboratório Central de Saúde Pública) do estado do Ceará. Essas amostras já haviam sido avaliadas por PCR. A terceira etapa, por fim, consistiu na comparação das técnicas de LAMP e de PCR na detecção do SARS-CoV-2, em amostras de saliva, de nasofaringe, de orofaringe e de lavado de orofaringe de pacientes suspeitos de apresentarem COVID-19, atendidos no Hospital São José, em Fortaleza, e de amostras de swab de nasofaringe de pacientes também suspeitos de apresentarem a doença, provenientes de comunidades urbanas ligadas às Secretarias Regionais de Fortaleza. Os resultados da pesquisa mostraram que o kit de diagnóstico LAMP, pode ser utilizado para o diagnóstico do SARS-CoV-2 em swabs nasofaríngeos. Assim, o conhecimento desenvolvido pelo estudo pode ser aplicado para o diagnóstico rápido e eficiente do SARS-CoV-2, realizado em unidades básicas de saúde.
A nova técnica tem a vantagem de ser bem mais rápida que a técnica atual de RT-qPCR, além de ser mais barata (Imagem: divulgação)
Além do professor Alexandre Bindá, participaram da equipe de pesquisa o bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq e professor da Faculdade de Medicina da UFC, Aldo Ângelo Moreira Lima ; os bolsistas de Produtividade em Pesquisa do CNPq e professores do Departamento de Fisiologia e Farmacologia da UFC, Armênio Aguiar dos Santos e Pedro Jorge Caldas Magalhães ; o bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq e professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto/USP, Eurico de Arruda Neto e seu aluno de Pós-Doutorado, Daniel Macedo de Melo Jorge ; Karene Ferreira Cavalcante , Vania Angélica Feitosa Viana e Liana Perdigão Mello representantes do LACEN-CE; o pesquisador Marco Clementino , bolsista Jovem Talento da CAPES; a médica infectologista Melissa Soares Medeiros ; o professor associado do Departamento de Saúde Comunitária da Faculdade de Medicina da UFC, Roberto da Justa Pires Neto , e o médico do Hospital São José de Doenças Infecciosas, Érico Antônio Gomes de Arruda .