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Bolsista PQ do CNPq ganha Prêmio Norman Borlaug – Sustentablidade
A bolsista de Produtividade em Pesquisa (PQ) do CNPq e coordenadora do I nstituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Microrganismos Promotores de Crescimento de Plantas (INCT-MPCP-AGRO), professora Mariângela Hungria , recebeu o Prêmio Norman Borlaug – Sustentabilidade, em cerimônia realizada em agosto, no âmbito do 21° Congresso Brasileiro do Agronegócio (CBA), organizado pela Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG). O Congresso aconteceu em formato híbrido, online e de forma presencial, em São Paulo. Pesquisadora da EMBRAPA Soja, a professora Mariângela Hungria, desenvolveu, ao longo da carreira, pesquisas sobre a viabilidade do uso de microrganismos em substituição total ou parcial aos fertilizantes químicos. Sua contribuição para os avanços da cultura da soja é reconhecida internacionalmente, em especial os estudos sobre o desenvolvimento de tecnologias relacionadas à fixação biológica do nitrogênio. Essa tecnologia utiliza bactérias que retiram o nitrogênio da atmosfera e o disponibilizam para a cultura. O desenvolvimento de inoculantes à base de bactérias substituem os fertilizantes nitrogenados e possibilitam uma agricultura mais sustentável. Nesta safra, a estimativa é a de que o emprego dessa tecnologia gere uma economia de cerca de R$40 bilhões em importações de adubos nitrogenados.
“As pessoas estão finalmente entendendo a importância do ambiente, de usar racionalmente as coisas e que a gente pode ter uma agricultura super produtiva, de primeiro mundo, mas ambientalmente sustentável”, afirmou a professora, ao comentar sua escolha para receber o Prêmio Norman Borlaug. Segundo ela, o emprego dos microrganismos na agricultura traz vantagens econômicas, porque o agricultor e o país economizam em fertilizantes; sociais, porque a técnica melhora a qualidade de vida dos agricultores, proporcionando melhor ambiente; além de contribuir para a diminuição da emissão de gases de efeito estufa. Este ano, a professora Hungria foi listada como um dos 100 principais cientistas do mundo na área de fitotecnia e agronomia pelo Research.com, uma plataforma que oferece dados sobre contribuições científicas em nível mundial. A pesquisadora brasileira foi a única mulher da América do Sul citada pelo site. Mariângela Hungria também recebeu em 2022 o Prêmio Sustentabilidade, outorgado pelo Instituto Pensar Agro e pela Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA).
“Há alguns anos, receber um prêmio do agronegócio trabalhando com microrganismos para substituir insumos químicos era impensável. Receber dois prêmios em um ano nesse contexto indica o quanto está mudando a percepção de diversos setores do agronegócio para a importância da sustentabilidade", completou a professora, lembrando a importância do financiamento de projetos recebido do CNPq. “Se não fosse o CNPq eu não seria uma pesquisadora no Brasil”, ressaltou a professora. Para Mariângela Hungria, a guerra da Rússia com a Ucrânia, que disparou o preço dos fertilizantes, contribuiu ainda mais para chamar a atenção para o uso de microrganismos que substituem parcial ou totalmente os fertilizantes, ressaltando o trabalho do INCT coordenado por ela. “Em agricultura de larga escala, a gente precisa desses fertilizantes. Só que eles são caros, o que ficou mais evidente este ano. São cotados em dólar, a maioria é importada”, comentou ela, que salientou ainda a dependência brasileira na área. “O Brasil está importando 85 por cento de todos os fertilizantes que ele usa. Considerando que é um Brasil com economia fortemente baseada em agricultura, isso aí é uma dependência externa absurda”, alertou a pesquisadora.
Além da contribuição para a cultura da soja, Mariângela Hungria também coordenou pesquisas que resultaram no lançamento de outras tecnologias, com estirpes para a cultura do feijoeiro, de Azospirillum para as culturas do milho, do trigo e de pastagens com braquiárias e coinoculação de rizóbios e Azospirillum para as culturas da soja e do feijoeiro.