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Universidade Católica lança aplicativo Idoso Ativo
O Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gerontologia propõe inclusão digital aliada a exercícios físicos por meio do aplicativo Idoso Ativo. A ideia é melhorar a qualidade de vida com foco em força, equilíbrio e postura.
Já se foi o tempo no qual o idoso era associado ao sedentarismo. Cada dia mais, pessoas acima dos 60 anos estão em constante atividade física e envolvidas com a tecnologia. Para tornar mais fáceis as tarefas do dia a dia, como abaixar-se, levantar-se ou subir escadas, e ainda aprimorar capacidades motoras dos idosos, o Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gerontologia da Universidade Católica de Brasília (UCB), em parceria com o curso de Fisioterapia, lançou em 2016 o aplicativo Idoso Ativo. Disponível gratuitamente nas plataformas Android e iOS, a proposta inédita no Brasil atrai usuários da terceira idade.
Com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), durante dois anos, a fisioterapeuta Cláudia Teixeira Santos, sob a orientação da professora do Mestrado em Gerontologia da UCB, Karla Vilaça, desenvolveu o projeto com foco na melhora do equilíbrio, da postura e da força idosos. Ao todo, são 24 exercícios voltados à capacidade funcional, divididos por fases e diferentes modalidades, e orientações para caminhada moderada em terreno plano. Cada modalidade é composta por séries e três exercícios que devem ser feitos em tempo estipulado. Karla explica que a interface também foi projetada para os idosos, com fases diferenciadas por cores e design simplificado. "As fases foram separadas por cor. Na cor azul, a fase 1 é mais simples, com exercícios iniciais de adaptação, e na fase 2, identificada na cor verde, começam os exercícios mais complexos.", frisou.
Inicialmente, o objetivo do aplicativo é orientar e estimular os idosos a praticarem atividade física, com enfoque em membros inferiores (pernas). A pesquisadora explica que foram priorizados exercícios mais práticos ligados à fisioterapia. "Priorizamos exercícios para a melhora da capacidade funcional do dia a dia desses idosos. Primeiro, ele faz o aquecimento, depois o fortalecimento, seguido pelo equilíbrio e, por fim, o relaxamento. Depois disso, é preciso preencher uma 'escala de percepção de esforço' para nos dizer como ele se sentiu e, assim, termos um monitoramento. Ele acessa o aplicativo por meio de cadastro com login e senha, por isso recebemos o feedback com os dados", frisou.
Para fins acadêmicos e clínicos, o aplicativo é autoexplicativo e de fácil usabilidade, além de possuir interatividade com o usuário. Cláudia e Karla contam que programadores desenvolveram a interface do produto enquanto elas forneceram os dados, com a seleção de exercícios específicos com base em revisão de literatura científica da fisioterapia. Ao aplicar os exercícios no pai de 76 anos, Cláudia pôde avaliar o nível das atividades. "Há idosos institucionalizados, sedentários, ativos e superativos. Meu pai é um idoso ativo, portanto, achou fácil. Quando entrei no mestrado, pensei no uso da tecnologia numa proposta de inclusão digital para a terceira idade. Alguns idosos já baixaram o aplicativo e estão utilizando em casa".
Para utilizar o Idoso Ativo, é preciso ter um smartphone com acesso à internet, pois a interface do aplicativo fornece vídeos para visualização online. A introdução oferece as principais informações e recomendações de como usar o aplicativo, suas etapas e os materiais necessários para cada atividade. A recomendação é utilizá-lo com acompanhamento de um fisioterapeuta e manter os exames médicos sempre atualizados. "Nossa preocupação foi selecionar exercícios simples para permitir que os idosos possam realizar em casa com o menor risco possível. Além disso, escolhemos materiais acessíveis que qualquer pessoa possui em casa, como bola, cadeira, escada e bastão", frisou Cláudia.
Idoso Ativo
Nesta etapa, o aplicativo está em fase de validação por meio de estudantes bolsistas do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic) do curso de fisioterapia, que reúnem os idosos do Centro de Convivência do Idoso (CCI) na Universidade para executar a série de atividades do aplicativo. Segundo a professora Karla Vilaça, orientadora do projeto, o trabalho tem continuidade no curso de Fisioterapia da Universidade com o grupo do CCI, ao trazer benefícios tanto para os estudantes como para a comunidade. "A ideia de realizar exercícios utilizando o aparelho celular era um desafio inicial, no entanto, hoje constatamos que os idosos usam muito esse tipo de tecnologia e aderiram muito ao uso do nosso aplicativo".
Janaína Alves de Andrade, 23 anos, 8º semestre, está há um ano no projeto e avaliou a usabilidade e a satisfação do aplicativo. "Esse retorno quanto a facilidade de uso e leitura, qualidade do áudio e cores adequadasé muito importante. A utilização da tecnologia com o envelhecimento é algo inovador porque muitos ainda não sabem mexer no celular. Fui surpreendida com a interação deles: ao mesmo tempo em que possuem dificuldades, eles conseguem superar, tanto na questão do exercício como no uso do aplicativo. Para nós, o aplicativo dá uma base padrão de como podemos trabalhar com o idoso e, assim, ampliamos essa visão com algo diferenciado. É visível como eles ganharam força, pois as mesmas atividades ficam mais leves. Na pesquisa acadêmica, podemos aprofundar nossa prática com base na teoria", disse.
É a primeira vez que a senhora Rosalina Leandro Andreto, 67 anos, tem contato com esse tipo de tecnologia. "Eu achei os vídeos interessantes, mas ainda tenho muito dificuldade em mexer no celular. Faço pouca atividade, então, o projeto é uma forma de fortalecer os músculos", pontuou.
Dona Joecir Teresa Ribeiro, 65 anos, frequenta aulas de dança e academia. 'Saio para dançar, no mínimo, uma vez na semana e faço academia três vezes. Procurei a fisioterapia para tratar um problema de bursite nos quadris e aqui recebo todo o atendimento. O aplicativo ajuda porque a gente acaba esquecendo como fazer o exercício em casa e o tempo necessário. Com o vídeo, você assiste e repete facilmente. Sinto mais disposição".
Davi José Ferreira, 62 anos, é um dos idosos mais conectados do grupo. "Agora utilizo a tecnologia para melhorar meu joelho. O aplicativo é excelente. Sempre olho em casa antes e durante as aulas, é mais fácil. Já me adaptei aos exercícios e senti muita melhora nas articulações".
Conheça o aplicativo disponível para Android e iOS.
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