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Programa de Pesquisa Ecológica de Longa Duração completa 20 anos
Com 33 sítios distribuídos nos diversos biomas do país, o Programa Ecológico de Longa Duração (PELD) completa 20 anos de existência em 2017, comprovando que a sua criação mostrou-se essencial no processo de consolidação dos estudos ecológicos brasileiros
O PELD foi inicialmente concebido como um subprograma do Programa Integrado de Ecologia/PIE, o qual envolvia vários órgãos federais. A proposta do PIE foi rapidamente abraçada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), à época presidido pelo Professor José Galizia Tundisi. Ele comentou o processo de criação do PELD:
'O programa foi criado considerando a experiência do LTER - Long Term Ecological Research, que já funcionava há alguns anos. Avaliamos que era válido e importante ter um programa desta magnitude no Brasil. Houve avanços consideráveis nos últimos 20 anos: metodologia avançada, capacitação de estudantes em mestrado e doutorado, inúmeras publicações internacionais e uma compreensão cientifica mais abrangente e sistêmica sobre diferentes ecossistemas e biota neotropical. Portanto, houve avanços metodológicos e de abordagem significativos".
A primeira Chamada pública para apoio a projetos no âmbito do PELD foi lançada em 1997. Em 2000, o programa passou a integrar o Plano Plurianual de Governo ¿ PPA, o que pôde assegurar a sua continuidade. Desde então o CNPq vem promovendo a manutenção da rede PELD e executando a Avaliação e Acompanhamento do programa, organizando atividades e encontros periódicos que possibilitam o compartilhamento de dados e conhecimentos gerados nos sítios. O CNPq também foi responsável, em 2001, 2009, 2012 e 2016, pelo lançamento de chamadas públicas para contratação de projetos, as quais, juntamente com a adesão de algumas FAPs estaduais para o financiamento de novos sítios de referência, conferiram à rede a sua configuração atual.
Recentemente, uma nova seleção foi divulgada, com os sítios contemplados pela chamada pública de 2016.
O PELD, em linhas gerais, trata-se de um esforço estratégico para a organização de uma rede de sítios permanentes de referência para a pesquisa científica no tema de Ecologia de Ecossistemas, com a colaboração de cientistas e estudantes de diversas áreas correlatas, concentrados em uma agenda de pesquisa comum.
Estudos de longa duração precisam ser desenvolvidos para a investigação de processos e fenômenos cujas explicações somente podem ser percebidas e entendidas após longos períodos de medição (geralmente não inferiores a 10 anos). Assim, são pesquisas fundamentais para a compreensão de fenômenos como a perda da biodiversidade ou o aquecimento global, por exemplo, ou para analisar efeitos e impactos de eventos raros ou episódicos como inundações, secas, incêndios, pestes e chuva ácida, para formular e comprovar hipóteses e conceitos ecológicos, bem como avaliar o efeito da introdução de Organismos Geneticamente Modificados ou de espécies invasoras exóticas.
O próprio professor Tundisi avalia o programa atualmente, afirmando que ele hoje está consolidado e bem fundamentado com equipes competentes e de nível internacional. "É uma referência em Ecologia no Brasil e exterior e os próximos passos devem incluir maior integração entre os programas, intercambio mais intenso de alunos de pós-graduação, visitas sabáticas de seis meses a um ano entre os professores do programa e lançamento de uma publicação on line para maior difusão dos trabalhos científicos, além da organização de uma cartilha para escolas com uma síntese do programa".
Critérios de seleção
A seleção dos sítios de referência delimitados pelo programa obedeceu a alguns critérios de seleção, entre eles a representatividade para fins de conservação, a distribuição geográfica e diversidade de biomas, a existência de uma infraestrutura prévia - recursos humanos, equipamentos, acessibilidade, disponibilidade de informação científica -, vinculação institucional, a capacidade de executar e garantir a continuidade de investigações ecológicas de longa duração e a possibilidade de experimentação no local, que não é excludente mas fortemente desejável.
Diversos ecossistemas brasileiros têm se beneficiado com o programa, principalmente quanto à caracterização básica da biodiversidade, tendo havido uma ampliação considerável no conhecimento da flora e da fauna de áreas que abrigam sítios PELD. O professor Marcelo Morales, diretor do CNPq, é um entusiasta do PELD:
"O Programa de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração representa uma iniciativa pioneira no país, com uma rede de 33 sítios distribuídos nos diversos biomas do país, contribuindo para formação de recursos humanos e consolidação da pesquisa em Ecologia no Brasil. O PELD se destaca por disponibilizar informação relevante para a gestão ambientalmente sustentável dos ecossistemas e colabora para que o Brasil possa cumprir acordos internacionais para a Biodiversidade, sendo um dos mais importantes na área, as conhecidas¿Metas de Aichi¿. O CNPq, CAPES, CONFAP e Fundo Newton se orgulham de estar fomentando esse importante Programa estratégico."
Vale lembrar que o PELD brasileiro é, desde 1998, membro da International Long Term Ecological Research/ Rede Internacional de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração (ILTER), cuja finalidade é a de "aumentar a compreensão sobre ecossistemas globais e propor soluções para problemas ambientais atuais e futuros", a partir de uma visão de mundo em que a ciência "ajuda a prevenir e solucionar problemas ambientais e sócio-ecológicos", congregando 40 países-membros e suas redes nacionais de pesquisa.
Ao longo do ano, faremos uma série de reportagens mostrando um pouco do trabalho dos sítios e seus principais resultados.
Coordenação de Comunicação Social do CNPq
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