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Pesquisadores do INCT Café apontam estratégias para desafios no setor
Procon apontou que 30,7% do café em MG está impróprio para o consumo
O Estado de Minas Gerais é o maior produtor de café do país, sendo o Brasil o maior produtor e exportador mundial, de acordo com o Ministério da Agricultura.
No entanto, o Procon apontou, em setembro deste ano, que 30,7% do café em Minas Gerais está impróprio para o consumo. Pesquisadores do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia do Café (INCT Café) comentam o caso e sugerem o acompanhamento durante todo o processo de produção das indústrias, a educação sobre a qualidade do café, e novas aplicações para o café impróprio.
O INCT Café tem apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) e faz parte do Programa Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT), coordenado pelo CNPq, criado para mobilizar e apoiar os melhores grupos de pesquisa em áreas de fronteira da ciência em setores estratégicos para o desenvolvimento sustentável do País.
Entre 2014 e 2015, o Procon analisou 241 mostras de café com o objetivo de instaurar procedimentos contra fornecedores que produzem café em desacordo com as normas expedidas pelos órgãos competentes. A relação dos cafés analisados está disponível aqui. A pesquisa iniciou após a percepção, em 2013, de que o café 'torrado e moído' foi o que apresentou mais denúncias e não conformidades no segmento alimentício no Estado. De acordo com a investigação, 4,2% dos cafés registraram alto índice de ocratoxina, que é uma substância tóxica e cancerígena. O levantamento também apontou que 2,1% das amostras tinham milho. Em alguns casos, 6,04% do peso total do produto correspondia a elementos estranhos ao café.
A professora tutora do Núcleo de Estudos em Qualidade, Industrialização e Consumo de Café, do INCT e bolsista de Produtividade e Pesquisa do CNPq, Rosemary Gualberto, comenta que já foram realizadas diversas pesquisas em Minas Gerais sobre os efeitos da adulteração no café. Entre elas, uma análise dos principais adulterantes como casca, palha melosa e milho. Um dos efeitos é, por exemplo, a perda da ação antioxidante do café, com o acréscimo do milho que se transforma em açúcar. A pesquisadora acredita que falta um programa de controle e gestão de qualidade dentro das indústrias mineiras e sugere: "é preciso adotar estratégias que atuem junto com as empresas. Assim, elas poderão não apenas fazer um café que se enquadre, mas incorporar e assumir a ideia de controle de qualidade, beneficiando a todos e não só para evitar a multa", comenta.
Ensinar sobre a qualidade do café é uma das estratégias indicada pelos pesquisadores do INCT Café. Sendo assim, no dia 5 de outubro, foi inaugurada a CAFESAL, uma Cafeteria Escola da Universidade Federal de Lavras (UFLA). Com ela, tem-se o objetivo de qualificar estudantes, professores, funcionários e comunidade externa no preparo e consumo de cafés de qualidade. Para saber a programação semanal, basta acessar a página da cafeteria no Facebook.
O coordenador do INCT Café e bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq, Mário Lúcio Vilela de Resende, da Universidade Federal de Lavras (UFLA), diante do cenário, sugere também: "para diminuir as irregularidades, a nossa ideia é tirar esse café ruim do mercado. É possível dar outro uso para ele, usando-o como fertilizantes de plantas, por exemplo. Estamos tentando achar outros caminhos e fazer outros produtos que tenham valor agregado e que não agrida a saúde", comenta.
Fonte: Fapemig
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