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Pesquisa tenta eliminar ação nociva do carrapato
Com um rebanho bovino de aproximadamente 170 milhões de cabeças, o Brasil sofre um prejuízo de mais de 2 bilhões de dólares anualmente em função da infestação do carrapato Rhipicephalus (Boophilus) microplus, que causa perda de peso do animal, menor produção de leite e enfraquecimento generalizado. Esse carrapato é o maior causador de perdas econômicas tanto para pecuária brasileira quanto uruguaia.
Para combater essa praga, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) apoia o projeto intitulado "Inibição Seletiva da Triose Fosfato Isomerase (TIM) como Estratégia para o Desenvolvimento de Fármacos para Uso Veterinário contra o Carrapato Rhipicephalus (Boophilus) microplus", coordenado pelo pesquisador brasileiro Jorge Luiz da Cunha Moraes, do Instituto de Bioquímica Médica da Universidade Federal do Rio de Janeiro. A pesquisa é parte de um projeto de cooperação internacional apoiado por uma das Chamadas Bilaterais do CNPq, no âmbito do Acordo com o Departamento de Ciência e Tecnologia do Uruguai (DICYT).
A parceria com o vizinho Uruguai se justifica porque naquele país a situação não é diferente e as perdas econômicas superam 50 milhões de dólares por ano. No norte do país, entre 60 e 70 % das fazendas estão infestadas, com mortes de bezerros em 12 % das propriedades rurais.
A proposta central deste projeto é inibir a enzima triose fosfato isomerase do carrapato R. microplus (Rm-TIM) sem afetar a enzima homóloga (Bt-TIM) de vertebrados como coelhos e humanos. Neste sentido, os resultados obtidos neste projeto de pesquisa são inéditos e inovadores, pois foram descobertos três compostos que são capazes de inibir a TIM do carrapato sem efeito nas enzimas homologas de coelho (a TIM do coelho é 98% idêntica a TIM do hospedeiro bovino) e humano. ¿Nosso grupo mostra através da técnica de ancoramento molecular, que estes compostos são capazes de ligar-se em regiões específicas da TIM do carrapato e provavelmente por isto observamos os efeitos inibitórios na enzima¿, afirma. O professor Moraes completa dizendo que, adicionalmente, tais compostos são tóxicos para células embrionárias de carrapato linhagem BME26, promovendo diminuição da viabilidade celular.
O pesquisador acredita que após a divulgação/publicação dos resultados obtidos neste projeto, o trabalho dará significativa contribuição para o avanço científico no que se refere à inibição seletiva de enzimas homólogas em ectoparasitos vetores de doenças. Além disso, segundo o relatório apresentado ao CNPq, os resultados da pesquisa deverão dar origem a um ou dois pedidos de patente junto ao INPI, no Brasil, e ao órgão competente no Uruguai.
Coordenação de Comunicação Social do CNPq
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